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Parafilias

Para Freud, a necessidade sexual do homem e do


animal é de cunho biológico e é tão forte que pode ser
comparada à necessidade básica de alimentação.
Entretanto, algumas pessoas estabelecem formas
particulares e até mesmo doentias de satisfação dessa
necessidade. Tais formas podem estar inseridas na
categoria das perversões sexuais.

Podem ser consideradas como perversão sexual aquelas


práticas que fogem ao que é estabelecido, socialmente,
daquilo que constitui um ato sexual normal. Conceito
bastante amplo e que pode gerar dúvidas quanto ao que
gostaria de abranger, quando se refere ao que foi
chamado de ato sexual normal. Entretanto, não é difícil,
mesmo para uma pessoa leiga, identificar algumas
anomalias no âmbito das práticas sexuais. Referindo-se a
estas práticas bizarras é possível citar, dentre muitas, a
‘coprofilia’, a ‘zoofilia’, a ‘necrofilia’ e ainda o
‘voyerismo’, o ‘fetichismo’ e também a ‘pedofilia’.

A coprofilia pode ser entendida como a estimulação por


contato sexual com fezes, enquanto na zoofilia esse
contato é realizado com animais e na necrofilia com
cadáveres. Já o voyerismo consiste na observação de
pessoas durante o ato sexual ou em comportamentos
relacionados ao sexo. Quanto ao fetichismo, seria
a substituição imprópria do objeto sexual original.
Esse substituto poderia ser uma parte do corpo como
mãos, pés ou joelhos, por exemplo, ou ainda objetos tais
como meias ou calcinhas entre outros. Tal comportamento
pode ter intensidade variável percorrendo os campos da
normalidade até a patologia de foro sexual.

A pedofilia, que também se encontra entre esses desvios,


é caracterizada pelo desejo sexual de adultos por
crianças ou adolescentes. Atualmente, tal tema, vem
preenchendo as páginas das revistas e as cenas dos
telejornais. Revelam o comportamento sexual
comprometedor de alguns indivíduos e,
surpreendentemente, de alguns membros do clero.

Alguns autores, estudiosos da sexologia, aventam a


possibilidade de que o pedófilo sofreu abuso sexual na
infância remota e tal fato teria sido apagado da memória
consciente. Entretanto, o trauma não teria sido esquecido
e o comportamento desviante do adulto de hoje poderia
significar vingança, retaliação, “vitória” sobre o agressor da
infância. O trauma, então, não estaria esquecido, mas
reprimido.

Também se fala que tal comportamento pode ser


originado de pessoas, a maioria homens, covardes,
impotentes, tímidos ou imaturos sexualmente que
vêem na criança uma forma de dar vazão à sua energia
sexual. Tais pessoas, provavelmente, são portadoras de
distúrbios do comportamento, às vezes, não somente de
âmbito sexual, seja por questões psicológicas ou até
mesmo biológicas.

O tratamento recomendado para esses casos não seria


fundamentado em apenas uma especificidade. Aconselha-
se que se faça um acompanhamento médico em que é
ministrada medicação adequada, conjuntamente com
tratamento psicológico. O acompanhamento do psicólogo
se fundamentaria, de acordo com o DSM III R (Manual de
Psiquiatria), na identificação e resolução de conflitos,
traumas, humilhações primitivas, na tentativa de remover
a ansiedade do indivíduo em relação a parceiros
adequados e capacitá-lo a abandonar as fantasias
advindas da perversão sexual.
Denise Mendonça de Melo
é psicóloga, formada pelo
Centro de Ensino Superior
de Juiz de Fora

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