Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Trabalho de Graduação
2019
CDU:629.73:37
Gabriela Diniz da Silva
Marcelo Zazycki Goin
Orientador
Prof. Dr. Mauricio Andrés Varela Morales (ITA)
Coorientador
Prof. Guilherme Soares e Silva (ITA)
ENGENHARIA AERONÁUTICA
2019
Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)
Divisão de Informação e Documentação
Diniz da Silva, Gabriela
Zazycki Goin, Marcelo
Pilotagem remota de Aeromodelo para o ensino de Mecânica do Voo / Gabriela Diniz da Silva,
Marcelo Zazycki Goin.
São José dos Campos, 2019.
Número de folhas no formato 46f.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
CESSÃO DE DIREITOS
__________________________________ __________________________________
_____________________________________________
Gabriela Diniz da Silva
Autora
_____________________________________________
Marcelo Zazycki Goin
Autor
_____________________________________________
Prof. Dr. Mauricio Andrés Varela Morales (ITA)
Orientador
_____________________________________________
Prof. Guilherme Soares e Silva (ITA)
Coorientador
__________________________________________________
Prof. Dr. Mauricio Andrés Varela Morales
Coordenador do Curso de Engenharia Aeronáutica
Agradecimentos
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
vii
Resumo
Este trabalho tem como objetivo conceber, projetar, implementar e operar uma cabine de
pilotagem remota de duplo comando para a aplicação no ensino de mecânica do voo. Um
protótipo da cabine já existente foi utilizado como referência, da qual foi utilizada a manete de
potência. Realizou-se a construção de um manche e de um conjunto de pedais, ambos com
comandos duplicados e rigidez, além de fácil transportabilidade. Foram propostas ainda
aplicações práticas da cabine no ensino de Mecanica de Voo, com a abordagem de fundamentos
de pilotagem, estabilidade e estol, nas quais se sugere que os alunos possam realizar comandos
e enfrentar situações-problema em que são aplicados conceitos abordados nas disciplinas da
graduação.
ix
Abstract
This work project aims to conceive, project, implement and operate a remote...
x
Sumário
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 13
1.1 O papel da prática experimental na educação ..................................................... 13
1.2 O ensino experimental no curso de Engenharia Aeronáutica do ITA ............... 13
1.3 Mecânica e Dinâmica de Voo ...................................... Erro! Indicador não definido.
1.4 A proposta de projeto ............................................................................................. 14
1.5 Revisão Bibliográfica.............................................................................................. 14
1.6 Objetivos .................................................................................................................. 17
1.6.1 Construção de uma cabine de pilotagem remota para VANTS ................................ 17
1.6.2 Proposta pedagógica de prática experimental .......................................................... 18
2 METODOLOGIA........................................................................................................... 19
2.1 Norma de ergonomia .............................................................................................. 19
2.1.1 Alavancas.................................................................................................................. 19
2.1.2 Pedais ........................................................................................................................ 20
2.2 Construção do Manche .......................................................................................... 21
2.2.1 Construção da estrutura do manche .......................................................................... 24
2.2.2 Posicionamento e encaixe de potenciômetros .......................................................... 29
2.2.3 Ajuste de batentes ..................................................................................................... 30
2.3 Construção da Manete ........................................................................................... 33
2.4 Construção dos Pedais ........................................................................................... 34
2.4.1 Estrutura dos Pedais ................................................................................................. 34
2.4.2 Encaixe do potenciômetro aos pedais ....................................................................... 34
2.5 Integração da Cabine ............................................................................................. 35
2.5.1 Sistema eletrônico de integração .............................................................................. 37
4 CONCLUSÃO................................................................................................................. 48
4.1 Cabine de pilotagem remota em FPV ................................................................... 48
4.2 Aplicações no Ensino de Mecânica do Voo .......................................................... 49
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 50
13
1 Introdução
Tanto o discurso de Montenegro quanto a obra de Dewey sugerem que, para obter uma
construção sólida de conhecimento, o estudante deve ter um papel ativo em seu processo
educacional. O fato de se estar discutindo a respeito de uma graduação de engenharia, área em
que a teoria pura está em constante interface com o empírico e o cotidiano, reforça ainda mais
a importância de se haver uma forte prática experimental no curso.
Na graduação de Engenharia Aeronáutica do ITA, especificamente, têm-se práticas em
que o estudante vai para o laboratório e tem contato com algo além da teoria em inúmeras
disciplinas. Já no primeiro ano do curso têm-se laboratórios na área de aerodinâmica (AED-01
14
A proposta de uma prática de laboratório mais ativa para as disciplinas de MVO, como
alternativa ao modelo atual de ensaio em voo, consiste em uma cabine de pilotagem remota de
VANTs com comando duplicado. Dessa maneira, tanto o aluno pode acompanhar os comandos
dados pelo piloto quanto pode ter a experiência de pilotar o VANT (dada a segurança conferida
pelo comando duplicado).
A cabine proporcionaria à turma a oportunidade de ver diretamente como os comandos
são realizados e, por meio do sistema FPV (first person view), entender como se refletem na
aeronave, simulando a experiência de estar no ensaio em voo. Abrem-se ainda oportunidades
de utilização da mesma cabine em outras disciplinas, o que integra a experiência de pilotagem
a mais áreas da graduação de Engenharia Aeronáutica e incita maior liberdade criativa para os
alunos para suas próprias pesquisas.
O Apêndice A apresenta um breve resumo sobre princípios de mecânica e dinâmica de
voo, cuja terminologia de ângulos de rotação e comandos do sistema de controle serão
utilizados em todo o trabalho.
O projeto da cabine foi iniciado em 2015 e conta com a existência de dois trabalhos de
graduação, além de inúmeras referências online de projetos semelhantes desenvolvidos por
entusiastas da aviação. Esse tipo de cabine de pilotagem remota é comum em centros de
15
treinamento e monitoramento de VANTs, por exemplo. Na figura 1.1 tem-se uma cabine
profissional, utilizada para o controle de um MQ-9 Reaper [2]. Trata-se, no entanto, de uma
estrutura cara demais, e o que se propõe a construir neste trabalho é uma versão funcional de
baixo custo.
FIGURA 1.1 – Estação de controle remoto de um MQ-9 Reaper na Base Aérea de Holloman,
Novo México (NBC News).
FIGURA 1.2 – Cabine de pilotagem remota desenvolvida por Brett Hays (HAYS).
17
FIGURA 1.3 – Cabine de pilotagem remota do projeto Cyclops RPV – UAV system
(YouTube).
Este projeto propõe que a estação de controle desenvolvida por Torres seja aprimorada,
de modo a se tornar uma cabine de imersão de voo, com enfoque para utilização no ensino de
mecânica de voo, dando continuidade ao projeto de Da Silva Cardoso. Os resultados de Torres
na configuração do sistema de rádio-controle para um microprocessador Arduino são essenciais
para o funcionamento da cabine, embora a estrutura física dela seja alterada. Os resultados
obtidos por Da Silva Cardoso, da utilização dos protótipos de manches construídos, direcionam
as discussões deste trabalho sobre a construção das peças para a questão da duplicidade, a qual
se mostrou um gargalo para a consolidação do projeto. As cabines em funcionamento
encontradas online servem como referência de viabilidade do projeto, mas também não
apresentam comandos duplicados.
1.5 Objetivos
2 Metodologia
A construção de protótipos e equipamentos a serem usados pelo ser humano não podem
ser feitos de forma aleatória e sem fundamentação. A engenharia de fatores humanos, também
chamada ergonomia ou engenharia humana, é ciência que trata da aplicação de informações
sobre características físicas e psicológicas ao design de dispositivos e sistemas para uso
humano. A engenharia de fatores humanos é uma coleção de dados e princípios sobre
características, capacidades e limitações humanas em relação a máquinas, tarefas e ambientes.
Como processo, refere-se ao design de máquinas, sistemas de máquinas, métodos de trabalho e
ambientes para levar em consideração a segurança, o conforto e a produtividade dos usuários e
operadores humanos.
O presente projeto se baseia, portanto, em normas pré-definidas e aceitas que aumentam
o desempenho e garantem a ergonomia dos pilotos. A norma MIL-STD-1472F, de agosto de
1999, foi publicada pelo Departamento de Defesa Norte-Americano e estabelece padrões para
projetos nas áreas de aviação.
Para a construção de um protótipo de cabine de pilotagem remota são considerados os
parâmetros descritos a seguir para cada componente.
2.1.1 Alavancas
Tanto o manche quanto a manete são consideradas, na norma, como alavancas. Nesse
projeto, convém apenas observar o requisito de deslocamento dos comandos (displacement).
Pode ser visto na figura 2.1 que os deslocamentos laterais estão sujeitos a um valor máximo de
97 cm, enquanto o deslocamento para frente e trás (forward) está limitado a um valor máximo
de 36 cm.
20
2.1.2 Pedais
FIGURA 2.3 – Protótipo para comando duplicado de manche proposto por Da Silva Cardoso
(DA SILVA CARDOSO, 2018).
FIGURA 2.4 – Desenho esquemático da estrutura do manche que permite os comandos dos
profundores.
FIGURA 2.5 – Desenho esquemático da estrutura do manche que permite os comandos dos
ailerons.
Nas figuras 2.4 e 2.5 tem-se a presença de dobradiças, pelo meio das quais o movimento
será transmitido ao sistema de rádio-controle. Nelas, serão posicionados coaxialmente
24
potenciômetros (em vermelho) conforme a figura 2.6. As peças de suporte para fixação, em
azul, serão dimensionadas conforme especificações das dobradiças e potenciômetro e
construídas por meio de impressora 3D, para garantir precisão e restrição de movimentos.
Com base nas figuras 2.4 e 2.5, foi realizada a compra e montagem de estrutura similar.
Optou-se por substituir as cantoneiras, de perfil aberto, por barras retangulares de metalon com
perfil retangular fechado – de modo a prezar pela resistência à torção. Nos comandas verticais,
foram soldadas barras cilíndricas por questões estéticas e funcionais, a fim de garantir maior
similaridade com manches tradicionais. As barras foram medidas e cortadas de modo a construir
uma estrutura que servisse de de base ao manche e que pudesse ser integrada à estrutura dos
pedais por meio de barras roscadas, conforme indicado na figura 2.7.
25
FIGURA 2.7 – Estruturas do manche e dos pedais, com furos permitindo integração
Conforme a figura 2.9, posicionou-se uma barra na vertical (barra A), paralela à
estrutura dos pedais, para que servisse de base para o manche. Nela foi posicionada uma barra
perpendicularmente (barra B), e cuja junção foi dada por meio de dobradiças rebitadas. A barra
B tem como função conferir um grau de liberdade ao manche, correspondente ao controle do
profundor - e sua rigidez confere naturalmente a duplicidade de comandos aos dois manches
(dado que se trata de apenas uma peça).
27
A figura 2.15, por sua vez, mostra a estrutura de batente utilizada para limitar a deflexão
das barras C e D, correspondentes aos comandos dos ailerons. O posicionamento das barras
conforme o deslocamento frontal e lateral desejado foi obtido empiricamente, realizando
medições de deslocamento das barras simultaneamente aos ajustes nas barras roscadas.
Houve dificuldades para realizar a soldagem das estruturas de batentes, uma vez que o
material das porcas que seguram as barras é ferro zincado, que possui mais resistência à
aderência da solda utilizada. Embora a solda tenha sido bem sucedida nos batentes do
profundor, as barras C e D possuíam também revestimento de tinta que dificultava a solda nas
33
porcas. Após tentativas em que foram comprometidos porcas e pedaços de barra roscada, optou-
se então por fixar essas porcas com mistura Durepoxi.
Destaca-se o fato de que o atrito estático do material faz com que o manche fique parado
na posição em que é colocado, o que é desejável e torna funcional a estrutura (dado que o motor
deve ficar com a potência constante desejada, e não voltar para uma posição inicial de equilíbrio
cada vez que a manete é solta). O deslocamento obtido com a alavanca da manete é de 18 cm,
deslocamento máximo permitido pela norma MIL-STD-1472G, mas ainda garantindo a
ergonomia da alavanca.
34
A estrutura dos pedais possui apenas um grau de liberdade e é responsável pelo controle
da deflexão do leme.
transmitir a mesma variação angular para dois deslocamentos lineares diferentes, conforme o
esquema da figura 2.18.
A cabine consiste na integração das estruturas citadas nas seções anteriores (manche,
manete e pedais) a um conjunto de dois assentos e um tripé com monitor, conforme figura 2.19.
INSERIR FIGURA CABINE COM ASSENTOS
Figura 2.19. Configuração final da montagem da cabine de pilotagem remota
36
A cabine é então ligada a um aeromodelo, conforme figura 2.20, que possui uma câmera
em sua fuselagem, por meio de um sistema de intergração eletrônico a ser comentado na seção
2.5.1. O aeromodelo em questão (Aeronave Anne) foi desenvolvido em 2015 pelos alunos do
curso de graduação de Engenharia Aeronáutica na disciplina de PRJ-30. Trata-se, portanto, de
um exemplo claro da aplicação da cabine, uma vez que novas turmas poderiam associar suas
aeronaves da disciplina de PRJ-30 à cabine e ter a oportunidade de pilotá-las em uma
experiência FPV por meio da câmera instalada em sua fuselagem.
O sistema é composto por uma caixa preta contendo um Arduino configurado e 4 ponteiras
terminadas em 4 potenciômetros (que representam os 4 graus de liberdade explorados pela
cabine), além de uma ponteira com um conector com cabo Trainer, a ser plugado no rádio-
controle Futaba, conforme figura 2.22.
38
Durante os testes do trabalho, após a finalização da cabine, notou-se que o sistema não
apresentou resposta, mesmo após configuração do rádio controle e substituição dos antigos
potenciômetros por novas unidades. Dessa forma, não foi possível realizar um teste complet da
integração do sistema mecânico da cabine ao aeromodelo, nem mesmo a calibração dos batentes
dos potenciômetros.
39
Ainda que se trate de um tópico básico, muitos alunos passam pela graduação sem fixar
com clareza os princípios básicos de navegabilidade das aeronaves. O primeiro passo com a
cabine, primeiramente com o VANT em solo e posteriormente em voo, é reconhecer os
comandos acionados, suas respectivas respostas nas superfícies de controle da aeronave e quais
são as implicações de cada deflexão da dinâmica do voo.
A seguir, são listados casos que são as noções fundamentais para entender o controle da
aeronave. A construção dos diagramas das figuras 3.1, 3.2 e 3.3 (todas com o comando visto a
partir da posição do piloto) com os alunos é um primeiro passo para garantir a segurança de
utilização da cabine em que eles terão controle do VANT.
Na figura 3.1, indica-se que uma inclinação do manche à esquerda faz com que o aileron
esquerdo seja defletido para cima enquanto o aileron direito é defletido para baixo, o que resulta
em um rolamento da aeronave em sentido anti-horário (o princípio para se realizar uma curva
à esqueda – tópico a ser discutido na próxima seção).
40
Com relação aos demais comandos (ailerons e leme), o aluno poderá perceber na prática
que não há um efeito isolado, e que nesses casos é necessário pensar em estabilidade látero-
direcional. As discussões realizadas na disciplina de MVO-32 se dá muito a respeito das
características da aeronave que aumentam ou diminuem as estabilidades lateral e direcional –
o que não convém a ser discutido para aplicações da cabine.
O que convém ser discutido com relação às aplicações é a interrelação que essas
estabilidades possuem. Em resumo, os movimentos de uma aeronave são tais que um
movimento de rolamento causa um movimento de guinada, e vice-versa. Isso faz com que, em
uma curva para a direita, por exemplo, não baste apenas acionar o manche ou os pedais
isoladamente, mas sim fazer um movimento coordenado. Dessa forma, sugere-se que essa seja
uma atividade proposta ao aluno: entender as interrelações entre rolamento e guinada e concluir,
por mais intuitivo que pareça, que uma curva à direita exige inclinação do manche à direita e
acionamento do pedal direito simultaneamente.
Esses acoplamentos originam três importantes movimentos: divergência direcional,
divergência espiral e Dutch Roll. A sugestão é que os alunos entendam o que causa cada um
43
O Dutch Roll, por sua vez, reúne características tanto de divergência espiral quanto
direcional. Basicamente, enquanto o avião derrapa em uma direção, ele sofre rolamento na
direção contrária, o que resulta em algo como uma “espiral em torno do eixo da asa” com a
cauda balançando de um lado para o outro, como se pode notar na figura 3.7. Embora nas
divergências espiral e direcional não fique tão claro no monitor o que está ocorrendo, sendo útil
que também se observe a aeronave a partir do solo, no Dutch Roll a perturbação tende a ficar
clara em FPV. Os alunos podem realizar a perturbação da aeronave a fim de gerar entrar em
Dutch Roll realizando uma perturbação coordenada nos pedais: acionamento de um dos pedais
até o batente rapidamente seguido do acionamento do outro pedal até o batente – o que fará
com o que leme balance a cauda do avião.
O aeromodelo integrado à cabine, conforme figura 2.20, possui fios de lã por toda a asa
e a câmera está posicionada na fuselagem atrás da asa. Dessa maneira, é possível realizar
atividades com os alunos abordando o estol da aeronave. Diversos motivos podem causar estol
da asa, mas em termos práticos o mais fácil de obter seria acionar o profundor de modo a
aumentar o ângulo de ataque o suficiente para observar os fios de lã entrando em estol. A partir
dessa situação, espera-se que o aluno entre em ação para tirar a aeronave dessa condição, e o
que se faz é intuitivo: empurrar o manche para a frente, de modo a gerar um momento picador
e diminuir o ângulo de ataque.
O que se espera que o aluno perceba com essa atividade é que, como na condição de
estol o avião tente a picar, intuitivamente o aluno poderia aplicar um momento cabrador a fim
de interromper o estol. No entanto, nessa condição os fios de lã ainda continuariam indicando
46
estol na asa, dado que se estaria aumentando ainda mais o ângulo de ataque. Para normalizar a
situação, é necessário picar a aeronave abaixo de seu ângulo de ataque crítico, até que os fios
de lã demonstrem um escoamento laminar, indicando que a asa está voando novamente. Vale
ressaltar que o aluno poderia utilizar a manete também para adicionar potência e ajudar a reduzir
o ângulo de ataque.
curva vermelha que representam os pontos reais do voo, registrados por um GPS durante o
ensaio.
4 Conclusão
Foi obtida uma cabine com componentes consideravelmente mais robustos do que os
anteriores e, embora ainda haja aprimoramentos a serem feitos, já se tem os componentes
fundamentais para um possível voo teste.
O grande avanço deste projeto se dá na construção do novo manche, com materiais
rígidos e com movimentos restritos, de modo que a duplicidade de movimentos foi de fato
garantida. O manche apresentou boa manuseabilidade, mesmo tendo sido construído com
materiais mais pesados do que se esperava (isso porque o braço longo dos manches faz com
que não seja necessária uma grande força dos pilotos). Além disso, os dois graus de liberdade
do manche funcionam bem e de forma independente, sem que a deflexão em uma das direções
comprometa o movimenta na outra direção. Essa versão do manche falha, no entanto, ao não
garantir uma posição de equilíbrio para os comandos – apenas os batentes restringem os
movimentos do manche, todas as outras posições precisam ser mantidas manualmente pelo
operador. Idealmente, os comandos do manche deveriam retornar à posição central de equilíbrio
cada vez que fossem soltos.
Com relação à manete, utilizou-se o modelo produzido por Da Silva Cardoso que
funciona com sucesso, inclusive de forma a garantir que o atrito estático da estrutura mantenha
a alavanca na posição em que é deixada, de maneira como deve funcionar uma manete de
potência.
Os pedais, por sua vez, apresentaram boa estrutura no que tange à duplicação de
comandos. As folgas nos trilhos, por sua vez, podem causar imprecisão quando da transmissão
dos movimentos do potenciômetro para os rádio-controle (não se testou na prática por conta do
não funcionamento do sistema eletrônico de integração).
De modo geral, a cabine apresenta boa manuseabilidade. No entanto, além das questões
de posição de equilíbrio já apontadas, deve-se notar que o sistema de transmissão é dado por
meio de potenciômetros ligados a um microprocessador Arduino que transmite o sinal ao rádio-
controle. Trata-se de uma transmissão puramente matemática e unidirecional – não há sistema
de feedback de forças aerodinâmicas ao piloto.
Em suas próximas versões, os esforços deveriam ser focados em:
49
Como próximos passos, convém a proposta de atividades que envolvam não somente a
observação da aplicação de comandos e comportamento em voo, mas também aquisição de
dados em voo para realização de atividades mais próximas do que se realiza nos ensaios em
voo que são atualmente realizados na graduação. Com a utilização de sensores no aeromodelo,
os alunos poderiam ser capazes de participar ativamente tanto do processo de realização das
manobras quanto ser responsáveis pela calibração de aparelhos e monitoramento da aquisição
de dados para uso posterior, dado que, atualmente nos ensaios em voo os alunos possuem
apenas o papel passivo de participar do voo, mas sem participar ativamente do controle da
aeronave ou da aquisição de dados (que são repassados aos alunos após o voo apenas).
50
Referências
[1] ALVES PEREIRA, E. et al, A Contribuição de John Dewey para a Educação. Revista
Eletrônica de Educação, v. 3, n. 1, mai. 2009. Grandes Autores e a Educação.
[2] In the virtual cockpit: What it takes to fly a drone, NBC News. Disponível em
<https://www.nbcnews.com/technolog/virtual-cockpit-what-it-takes-fly-drone-1C9319684>.
Acesso em 29/04/2019.
[3] TORRES, João Paulo Amorim. Remotely Operated Immersion Laboratory. 2015. 27f.
Trabalho de Conclusão de curso. (Graduação) – Instituto Tecnológico de Aeronáutica, São José
dos Campos
[5] FPV "FULL SCALE" COCKPIT GROUND STATION W/42'' TV, Brett Hays.
Disponível em <https://www.flitetest.com/articles/fpv-full-scale-cockpit-ground-station-w-42-
tv>. Acesso em 29/04/2019.
[6] Cyclops RPV - UAV Homemade Drone Cockpit Enclosure FPV 1992 - 1993, YouTube.
Disponível em <https://www.youtube.com/watch?v=fL8rIUkXAco>. Acesso em 29/04/2019.
[9] TAYLEY, T.A., Introduction do the Aerodynamics of Flight. NASA Report SP-367,
1975.
51
Para que haja pleno entendimento dos objetivos do presente trabalho, é importante um
breve resumo sobre a dinâmica de voo de aeronaves de asa fixa pois é através do estudo dessa
ciência que podemos entender e controlar a orientação de uma aeronave em três dimensões.
Os três parâmetros em que se baseia essa área de estudo são os ângulos de rotação em
três dimensões sobre o centro de massa do veículo:
• Pitch ou arfagem: movimento em torno do eixo horizontal, perpendicular ao eixo
longitudinal.
• Roll ou rolagem: movimento em torno do eixo horizontal, paralelo ao eixo longitudinal.
• Yaw ou guinada: movimento em torno do eixo vertical, perpendicular ao eixo
longitudinal.
como comandos de voo. Toda vez que uma aeronave modifica sua atitude de voo – realizando
uma curva ou subida – ela o faz em torno de um eixo.
O simulador será composto de três componentes principais, com comando duplicado
para que o aluno consiga acompanhar os comandos dados por um piloto ao mesmo tempo que
consegue ter a sensação de pilotagem.
FIGURA A.2 – Esquema ilustrativo dos comandos do manche e dos pedais [9]
Os componentes descritos a seguir compõem o sistema primário de controle de voo:
• A Manete de empuxo ou manete de aceleração é uma alavanca utilizada para controlar
o empuxo dos motores e possui apenas um grau de liberdade.
• O manche possui dois graus de liberdade e é responsável pelo controle do profundor e
dos ailerons, conforme duas primeiras ilustrações da figura A.2.
o O manche é utilizado para erguer (cabrar) ou baixar (picar) a aeronave. Quando
cabrado, a lâmina de ar que escoa para cauda provoca uma pressão aerodinâmica
sobre o profundor (que devera estar defletido para cima), baixando a cauda do
53
TC
5.
TÍTULO E SUBTÍTULO:
1. Pilotagem Remota. 2. Aeromodelo. 3. Mecânica do Voo. 4. Cabine. 5. FPV. 6. Manche. 7. Manete. 8. Pedal.
9. Ensino Experimental. 10. Profundor. 11. Aileron. 12. Leme. 13. Navegabilidade. 14. Estabilidade. 15.
Controle
9.PALAVRAS-CHAVE RESULTANTES DE INDEXAÇÃO:
10.
APRESENTAÇÃO: X Nacional Internacional
ITA, São José dos Campos. Curso de Graduação em Engenharia Aeronáutica. Orientador: Prof. Dr. Mauricio
Andrés Varela Morales; co-orientador: Prof. Guilherme Soares e Silva. Publicado em 2019.
11.
RESUMO:
Este trabalho tem como objetivo, conceber, projetar, implementar e operar uma cabine de pilotagem
remota de duplo comando para a aplicação no ensino de mecânica do voo. Um protótipo da cabine já existente
será melhorado nos aspectos de rigidez, transportabilidade e montagem. Com isso espera-se finalmente realizar
os primeiros voos com uma cabine comando duplo e voo em primeira pessoa. O trabalho também envolverá o
planejamento de aulas para o ensino de mecânica do voo, abordando tópicos como por exemplo, velocidades de
planeio, estóis e parafusos
12.
GRAU DE SIGILO: