Ele está no compartimento de carga, eu posso ouvi-lo respirando
O lugar mais profundo da USS Odissey... Todos estão mortos...de certa forma...
Quando criança, eu sentia calafrios ao entrar em meu quarto escuro;
estremecia mais do que outros ao apagar as luzes e me cobrir com o cobertor; sempre pareci sentir náuseas e repulsa quando a noite caia, após um ensolarado e quente dia ameno de outono. Ao conseguir um trabalho no programa de astronautas, eu me mudei da pensão em que eu vivia devido às limitações de meu dinheiro. Pude deixar as baratas, bugigangas e um quarto de lembranças ruins para trás. Quando embarquei rumo as estrelas, voltei a sentir o calafrio, vindo até mim como uma força surreal, que empurrava garganta a dentro a escuridão iminente, mesmo o sol estando a pino; provavelmente a variação do G ajudou a sensação, mas, era aquela velha sensação em encarar o escuro novamente, como se ele sempre estivesse lá de cima a me observar. Encontro-me falando e escrevendo agora para mim mesmo, de dentro de minha cabine, porque os ditos senhores do saber científico se recusaram a seguir meu conselho, desconsiderando como a escuridão pode ser pestilenta e contagiosa. Sempre fora contra a minha vontade manter qualquer contato com aquilo que desconhecíamos, principalmente uma frequência misteriosa emanada sabe-se lá de onde – que prontamente respondera há um sinal enviado a Terra de nossa aparelhagem. A dúvida paira o quão verossímil poderá parecer revelar tais desconcertantes fatos sobre o que se passa dentro deste jazigo de metal flutuante, da forma como irei revelá-los, é inevitável não duvidar; no entanto, se eu poupasse aquilo que surgiu aterrorizante e fantástico, toda narrativa seria em vão. Os arquivos em áudio visual estão espalhados por todo o sistema de vigilância para os incrédulos averiguarem, pois tudo é assustadoramente visceral, explícito, e, exceto para aqueles fora de nossa plácida ilha de arrogante compreensão, nada será esclarecedor. As imagens digitais, nunca definharam ou se desgastarão, mas aconselho que as vejam e independentemente da dúvida fiquem longe dos áudios. No fim, me resta apenas confiar que encontrarão minhas anotações – feitas de maneira arcaica, a tinta e papel, que naturalmente, serão alvo de alguma degradação que já não se sabe como combater nos dias de hoje e, serão consideradas impróprias para corroborar qualquer ato que ocorrera aqui. Como engenheiro eletrônico, meu objetivo ao fazer parte da Expedição da USS Odissey era inteiramente o de coletar espécimes de rocha e solo de nível profundo do planetoide J-524, auxiliado pela notável perfuratriz desenvolvida pela COSMOS X.