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ºano
Ruben A.
A Torre da Barbela (1964)
Todas as noites, surgem em torno da Torre da Barbela «primos vestidos em séculos diferentes e com bigodes
conforme a época». Mandada construir por Dom Raymundo da Barbela, este ponto turístico, decretado como
monumento nacional pela sua forma peculiar e única, serve de pano de fundo para a história da família Barbela ao
longo de oito séculos, desde a fundação da nacionalidade portuguesa até aos dias de hoje. Através desta narrativa
surreal e fantástica e de personagens estereotipadas, Ruben A. compõe um retrato irreverente e mordaz da identidade
nacional.
Paralelo – Viagens na minha terra; Os Maias; A Ilustre casa de Ramires
Jane Austen
Orgulho e Preconceito (1813)
«É uma verdade universalmente reconhecida que um homem solteiro na posse de uma grande fortuna necessita de
uma esposa». Assim se inicia a narrativa de Jane Austen, publicada em 1813, sobre o meio rural de Inglaterra no
século XIX. Destaca-se a sua fina análise, mesclada de um toque de humor, sobre educação, cultura, moral e a
relevância do casamento. O encontro de Elizabeth Bennet e de Mr. Darcy evidencia a rigidez da sociedade rural e
como o orgulho de um fundamenta os preconceitos do outro. Uma história que tem encantado várias gerações de
leitores e que se tornou num clássico de referência.
Paralelo – Romantismo; Novela romântica (independentemente da novela escolhida); Os Maias
Saul Bellow
Jerusalém – Ida e Volta (1976)
Nesta crónica de viagem, Saul Bellow visita Israel e procura compreender o conflito que divide israelitas e
palestinianos. Israel é aqui retratada como uma jovem nação, em plena crise de identidade, sendo explorados os
efeitos que a mesma poderá ter no seu futuro. Na obra, é evidente o esforço do autor em compreender o que significa
ser judeu no século XX, procurando testemunhos e opiniões de diferentes pontos de vista, nomeadamente de um editor
do maior jornal árabe em Israel, de um Rabi e de um sobrevivente de guetos polacos, imigrado em Jerusalém.
Paralelo – Viagens na minha terra
Luís Cardoso
Crónica de uma Travessia (1997)
Numa mistura entre o realismo e o fantástico, esta crónica com elementos ficcionados proporciona um relato sobre a
vida do autor, a sua infância em Timor, o seu percurso e as experiências que o marcaram, como a sua participação no
Conselho Nacional da Resistência. Ficamos a conhecer o povo maubere e a forma como o Estado Novo português
interfere no seu quotidiano: o surgimento de crenças baseadas tanto em tradições antigas como no catolicismo
introduzido pelos jesuítas; a severa estratificação social e o condicionamento no acesso ao ensino, até à relação da
administração com os chefes tribais e os abusos por ela cometidos.
Paralelo – relação através de afinidades temáticas ou através de personagens
José Craveirinha
Antologia Poética
Nesta antologia cobre-se o trabalho publicado em vida do autor – cinco livros e vários poemas editados em vários
jornais –, assim como dois trabalhos póstumos. A sua obra foi fortemente marcada pela sua consciência política,
orientada para a proteção da faixa da população mais empobrecida e desprotegida, e pela sua luta contra o racismo.
Ainda que influenciado pelo surrealismo, a obra deste autor autodidata assume uma vertente popular e tipicamente
moçambicana. Considerado como o maior poeta moçambicano, foi o primeiro autor africano a ser galardoado com o
Prémio Camões.
Paralelo – Poesia de Antero de Quental e Cesário Verde
Charles Dickens
Grandes Esperanças (1861)
Com uma forte componente dramática e apelando a uma maior identificação com as massas, Grandes Esperanças é a
história de Pip e da sua difícil infância, enquanto órfão, e a sua ascensão social graças à bondade de um
desconhecido. A recém-adquirida riqueza depressa surte os seus efeitos, seja na forma como passa a ser visto pela
sociedade, seja na relação com as pessoas que marcaram a sua infância. A contraposição entre a riqueza e a pobreza,
a prisão e a luta contra a morte, o amor e a rejeição, assim como a redenção moral, são dos principais temas de uma
obra que não deixa de apresentar algumas semelhanças com a vida do seu autor, Charles Dickens.
Paralelo – O Romantismo (romance histórico); Novela romântica (independentemente da novela escolhida); Os Maias;
Poesia de Antero de Quental e Cesário Verde
Alexandre Dumas
Os Três Mosqueteiros (1844)
«Todos por um e um por todos» é o lema imortalizado pelos mosqueteiros Athos, Porthos, Aramis e pelo jovem fidalgo
D’Artagnan. Mais do que um romance histórico, é uma história de intrigas e de aventuras, de companheirismo, de
lealdade e de luta contra as injustiças e abusos do Antigo Regime. Baseada em factos e personagens reais – o Rei
Luís XIII, o Cardeal Richelieu e Alexandre Dumas, pai, general aventureiro do exército de Napoleão –, é a história de
D’Artagnan e do seu sonho de se tornar num dos mosqueteiros ao serviço do rei, assim como das façanhas vividas
com os seus novos companheiros.
Paralelo – O Romantismo (romance histórico); Novela romântica (independentemente da novela escolhida)
Luis de Góngora
Antologia Poética
Considerado nos dias de hoje como um dos maiores marcos da poesia espanhola, Luís de Góngora é tido como o
expoente máximo da literatura barroca, sendo a sua obra recordada pela riqueza expressiva e linguística que sempre a
pautou. Com uma forte consciência da importância da cronologia na produção poética, nesta antologia transparece a
visão do autor relativamente a temas como o desengano, a fugacidade do tempo e o cântico das ruínas como um
símbolo de um passado glorioso do qual pouco mais resta do que a evidência de que tudo é transitório e que a
permanência é uma mera aparência.
Paralelo – Sermão de Santo António aos peixes (contexto histórico-cultural – Barroco); Poesia de Antero de Quental e
Cesário Verde (género literário – poesia)
Victor Hugo
Nossa Senhora de Paris (1831)
Inicialmente publicado com o intuito de apelar à preservação da Catedral de Notre-Dame, Nossa Senhora de Paris
tornou-se num dos clássicos da literatura francesa, não só pelo emblemático pano de fundo, mas também pelas suas
personagens. Os destinos de três homens – o capitão Pheobus, o arquidiácono Frollo e Quasimodo – cruzam-se como
consequência dos sentimentos que nutrem pela bela bailarina cigana Esmeralda. É precisamente o desejo que esta
desperta que irá despoletar uma cadeia de eventos dramáticos que levarão à sua aproximação a Quasimodo e que a
ligarão à Catedral de Nossa Senhora de Paris.
Paralelo – Romantismo (romance histórico); Novela romântica (independentemente da escolhida)
Guy de Maupassant
Contos Escolhidos
Considerado um dos mestres da literatura fantástica, Guy de Maupassant é possuidor de uma vasta e diversificada
obra literária, tendo escrito mais de 300 contos, 6 romances, poesia, teatro, crítica literária, etc. Contador realista,
Maupassant apresenta uma visão pessimista do mundo, que lhe advém da sua lucidez de artista. Nos seus contos,
retrata com sobriedade e simplicidade os ambientes que melhor conhece: o mundo rural da Normandia, onde cresceu,
a vida citadina com as suas contradições sociais, a brutalidade e a violência dos campos de batalha. As suas histórias
de medo e de angústia, inspirados nos seus próprios distúrbios nervosos, prenunciam os estudos sobre o inconsciente
de Sigmund Freud, alguns anos mais tarde.
Paralelo – Os Maias; Poesia de Cesário Verde
Molière
O Burguês Gentil-homem (1670)
Comédia-ballet de Molière, Le Bourgeois Gentilhomme (no original) concilia um texto em prosa com a música e a
dança. Representada pela primeira vez em 1670, perante o Rei Luís XIV e a Corte, a peça satiriza as tentativas de
ascensão social do filho de um sapateiro, o Sr. Jourdain, cuja fortuna permite a realização do sonho de frequentar os
meios sociais mais elevados. As suas tentativas de imitar as modas da aristocracia tornam-no ridículo. Através desta e
de outras personagens, Molière satiriza a classe burguesa pretensiosa e ambiciosa, mas também a aristocracia fútil e
vaidosa. O próprio título da peça é irónico, dado que apenas os nobres podiam ser apelidados de «gentis-homens».
Paralelo – Sermão de Santo António aos peixes (Barroco; tipos sociais); Frei Luís de Sousa (género literário – teatro);
Viagens na minha terra (crítica aos Barões); Os Maias (aproximação a Dâmaso)
Pepetela
Crónicas com Fundo de Guerra
Compilação das crónicas de Pepetela publicadas entre 1993 e 1995 no jornal Público. Sem qualquer cunho político,
procuram dar a conhecer a realidade de Angola após a guerra civil e em pleno período de pacificação. Temas como a
corrupção, a falta de infraestruturas e serviços essenciais, a guerra civil e o seu impacto nas famílias são abordados
pelo autor, proporcionando relatos realistas e enriquecedores do quotidiano de famílias angolanas e da luta por
melhores condições de vida.
Paralelo – relação através de afinidades temáticas ou através de personagens
Moacyr Scliar
O Centauro no Jardim (1980)
A vida de uma pacata família de imigrantes judeus no Brasil muda completamente no dia do nascimento do seu quarto
filho – um centauro. Anos mais tarde, durante a celebração do seu 38º aniversário, Guedali recorda o seu percurso, a
solidão durante a sua infância, a juventude atribulada e o seu posterior casamento com Tita, também uma centauro.
Num romance que parece cruzar-se com a fábula, o autor recorre à figura mitológica do centauro para explorar a
ambiguidade da identidade individual e a consideração dos judeus como um povo errante em plena crise de identidade.
Paralelo – relação através de afinidades temáticas (amor, solidão, preconceitos, problemas sociais) ou através de
personagens (figuras femininas ou masculinas).
Stendhal
O Vermelho e o Negro (1830)
Com o subtítulo de Crónica do século XIX, o romance histórico e psicológico Le Rouge et le Noir (no original) conta a
história de Julien Sorel, filho de um carpinteiro, que ambiciona subir na escala social, pelo seu trabalho, cultura e
talento. Envolve-se romanticamente com duas mulheres, Madame de Rênan e Mathilde de La Mole, amores que o
conduzem à prisão e à morte. Como romance histórico, retrata a França em plena Restauração napoleónica, época de
crise de valores em que a ascensão social se torna mais difícil aos nascidos da plebe. Considerado um romance de
características mais realistas do que românticas, O Vermelho e o Negro é um modelo de análise psicológica e uma
obra fundamental da literatura francesa.
Paralelo – Romantismo; Novela romântica (independentemente da escolhida); Os Maias
Lev Tolstoi
Anna Karénina (1877)
Publicada durante a segunda metade do século XIX, a obra foca-se no romance entre Anna Karénina e o Conde
Vronski. Apesar de a obra ser considerada como uma das maiores histórias de amor da literatura, Lev Tolstoi foi mais
além, proporcionando um retrato da sociedade russa nos finais do século XIX e abordando as questões sociopolíticas
que dominaram a época. São explorados temas como a fidelidade, a fé, a vida familiar, o papel central da mulher na
família, a dualidade da perceção da sociedade face ao divórcio e o adultério, inseridos na dinâmica social do último
quartel do século.
Paralelo – Os Maias
Tomas Tranströmer
50 poemas
Considerado como um dos poetas escandinavos de maior destaque após a 2ª grande Guerra Mundial, a obra de
Tomas Tranströmer destaca-se igualmente pela sua acessibilidade. Nos textos incluídos nesta obra, é evidente a
tendência para a associação do mistério e divagação a momentos do quotidiano, conferindo-lhes uma dimensão quase
religiosa. É igualmente frequente a ligação com a Natureza, a referência aos invernos suecos e ao ritmo das estações,
transformadas em verdadeiras imagens vividas graças ao recurso a um estilo metafórico. Também a efemeridade da
vida e os efeitos das recordações são temas frequentemente tratados na sua produção poética.
Paralelo – Poesia de Antero de Quental e Cesário Verde
Voltaire
Cândido ou O Optimismo (1759)
Neste conto filosófico, publicado em 1759, Voltaire mostra a sua intenção polémica contra Rousseau e os filósofos
otimistas como Leibnitz e Wolf. Cada capítulo começa com uma nova manifestação do mal: os naufrágios, os
terramotos (o de Lisboa, em 1755, que tanto impressionou os seus contemporâneos), a violência da guerra, o
fanatismo e a escravatura. Para Voltaire, a reflexão metafísica não irá pôr fim aos males do mundo. No final, o filósofo
iluminista aconselha-nos a cultivar o nosso jardim, isto é, o mundo. Recheado de personagens inesquecíveis –
Cândido, Pangloss e outros –, o conto é uma obra-prima da ironia voltairiana, uma forma subtil de comunicar com o
leitor, pela inteligência.
Paralelo – Viagens na minha terra (o tema da viagem).
Oscar Wilde
O Retrato de Dorian Gray (1890)
Recém-chegado a Londres, o jovem Dorian Gray é rapidamente iniciado num estilo de vida que promove o culto da
vaidade e da luxúria. A procura constante pela beleza e por novas sensações levam-no a fazer um pacto e a vender a
sua alma em troca de uma vida e juventude eternas, sendo apenas o seu retrato a sofrer os efeitos do seu estilo de
vida leviano. Publicada em 1890, a obra foi inicialmente alvo de censura e sofreu um corte significativo no seu
conteúdo, considerado como indecente e moralmente sensível para a época. Nela, predomina a ênfase na estética, na
arte, e não no seu valor educativo, nomeadamente a nível político-social, destacando-se assim a máxima de que a vida
deve ser vivida de forma intensa e segundo um ideal da beleza.
Paralelo – Os Maias (género literário; época; diletantismo).