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INTRODUÇÃO

O presente trabalho traz em seu bojo à atual conjuntura de nosso país


com ênfase na temática jurídica, sendo assim, o ponto central em discussão é a
ligadura entre o meio ambiente, concernente à Floresta Amazônica e o ponto de
vista político-jurídico que vem pairando no seio social, impulsionado pelos
principais veículos de comunicação e, com isso, construindo uma retórica
importantíssima para os operadores do Direito no tocante a Direito Ambiental.
Muito se tem discutido, recentemente, acerca das queimadas e
desmatamento no Norte do país. É bem verdade, que não se fala em outro
assunto em toda nação, passando a integrar um quesito importante na atual
cojuntura político-jurídica em nosso ambiente.
Destarte, salienta-se que, a Constituição Federal de 1988 da República
Federativa do Brasil, traz em seu âmago à defesa da preservação do meio
ambiente, e com isso, promover políticas públicas que beneficem o ecossistema
em um todo, contribuindo para qualidade de vida e a manutenção da fauna e da
flora, com isso, o artigo 255 preconiza da seguinte forma:
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade
de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de
defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações.(BRASIL,1988)

Dada exposição do texto legal supracitado, vale ressaltar, que a


sociedade tem direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, sendo
assim, torna-se dever do governante mantê-lo de acordo com o que preconiza a
Carta Magna de nosso país.
Em vista da atual situação, é salutar apreciar a demanda em questão,
pois, o Brasil sempre esteve em uma posição de destaque no cenário mundial
no tocante ao meio ambiente e, que, a Floresta Amazônica sempre foi
substancial para o equílibrio que estamos versando, visto que, o mundo sempre
à tratou carinhosamente de “pulmão do mundo”, em virtude da extensa área que
ocupa e do importante papel que desempenha em pról do conservacionismo
florestal.
Levando-se em consideração o movimento ecológico que atua em todo o
planeta, é imprescindível imputar a Amazônia o compromisso global com a vida,
pois, age como um reator para estabilidade ambiental global através da
abundância em variedade de recursos.
Por conseguinte, o fator central do presente artigo visa correlacionar o
meio ambiente, em especial à Amazônia, com o fator político-jurídico que
assombra essa preservação, pois, assim como é carinhosamente entitulada
como “pulmão do mundo”, se não houver uma política pública compromissada e
atenta e combatente ao capitalismo, que sempre visa o desmatamento e
queimadas, a mesma floresta pode se tornar um verdadeiro problema,
porquanto, a cada vez que é degradada ela libera 200 milhões de toneladas de
carbono por ano, causando assim um verdadeiro desequilíbrio.
1. A LEGITIMIDADE DAS ONGs AMBIENTAIS

A Constituição Federal de 1988 nos trouxe uma ampliação do leque


ambiental, principalmente na preservação do meio ambiente, pois, de acordo
com o histórico legal que cerca o referido tema, é notório que por força do artigo
129,III, houvesse a viabilização a propositura da ação coletiva para a tutela de
“outros interesses difusos”, afastando-se da idéia que apenas o Ministério
Público, determinados agentes e instituições públicas fossem responsáveis em
resguardar o meio ambinete em nosso país.
Notabiliza-se, que segundo Daniela Garcia Giacobbo, o legislador seria o
protagonista no campo legiferante, agindo como um verdadeiro fiscalizador e,
acima de tudo protetor do meio ambiente, contudo, a doutrina não fixa uma
posição majoritária sobre o assunto, trazendo inúmeras interpretações, inclusive
pondo uma carga resolutiva sobre o Poder Judiciário.
Alguns afirmam que as ONGs e entidades civis são representantes
adequados para tutelarem em juízo de forma coletiva sobre matéria ambiental e,
que, o Judiciário não seria competente fazer essa regulação, todavia, segundo
Freddie Didier Jr., é possível e necessário o controle judicial da
“representatividade adequada”, não bastando a previsão legal da legitimação,
devendo haver um vínculo entre o legitimado e o objeto do processo que o
habilite, em determinado caso, para a condução do processo.
Sendo assim, a lição de Daniela Garcia Giacoboo é esclarecedora do
ponto de vista progressista, pois, conforme explícito pela autora, “no Brasil, salvo
melhor juízo, não se tem notícia da adesão das ONGs brasileiras que atuam em
matéria ambiental em algum código de ética ou em iniciativas de
autorregulamentação, o que seria altamente recomendável, não só para a
melhora da qualidade da defesa em juízo dos bens e recursos ambientais — a
sua legitimidade processual —, mas, também, na sua atuação mais ampla, como
influenciadoras da política ambiental brasileira — a sua potencial legitimidade
democrática. Mas, pelo visto, ainda há muito o que ser pesquisado e
revelado.”(grifo nosso)

2. O DESMONTE DE LEIS QUE PROTEGEM A AMAZÔNIA E A


CONIVÊNCIA DO PODER EXECUTIVO

Como já dizia Vitor Hugo, “primeiro foi necessário civilizar o homem em


relação ao próprio homem. Agora é necessário civilizar o homem em relação à
natureza e aos animais.”
É dessa forma que assitismos os demontes de políticas públicas voltadas
a preservação do meio ambiente. É fácil de identificar os interesses dos
poderosos em aparelhar o sistema público em todas as esferas, para que assim,
possam interferir diretamente no processo de preservação ambiental.
Em um passado não muito distante vimos à perda de 93% da Mata
Atlântica para a exploração de madeira e para o avanço de monoculturas da
cana-de-açúcar e o café. Desta forma, o grupo político que ascendeu ao poder
recentemente, desconhece qualquer tipo de avanço através do meio ambiente
ou de sua preservação, acreditam que a exploração da Floresta Amazônica seja
a verdadeira saída para os grandes latifundiários abastecer o mercado
econômico.
Salienta-se que, grande parte desses fazendeiros são financiadores de
políticos profissionais, com isso, acabam imitando indiretamente o modelo
político norte-americano que se comporta como engrenagem de troca de
favores, tornando os eleitos em verdadeiros intercessores das causas mais
imorais no parlamento e no executivo.
O Judiciário também não fica de fora nesse contexto, pois não é novidade
que, os processos se arrastam no campo jurisdicional diante da morosidade em
solucionar esse tipo de lide. Segundo a página “guia do estudante”, são mais de
2500 processos acerca do tema desmatamento, só na região Norte, imagine em
todo o Brasil.
É assutadora a velocidade que à Amazônia vem sendo desmatada;
segundo estudiosos o desmatamento vendo sendo 170 vezes mais rápido que o
da Mata Atlântica. Destarte, vale ressaltar que, o governo anterior sancionou a
Lei de Proteção a Vegetação Nativa, derrubando o Código Florestal de 1965,
sendo uma legislação mais abragente sobre preservação florestal. Embora tenha
levado 10 anos de tramitação até sua aprovação, o projeto obteve 12 vetos da
Presidenta Dilma Roussef e 32 propostas de alteração, todavia, por uma ironia
do destino, a base política que mais comemorou sua aprovação foi justamente a
bancada rural, uma vez que, os proprietários rurais foram anistiados em face do
desmatamento de áreas protegidas até a lei entrar em vigor, posto isto, houve
descontentamento pela parcela ambientalista do Congresso e do mundo.
Na atual conjuntura nacional e mundial, a ONG que possui maior
ingerência sobre a questão em tela é o Greenpeace, logo, vem cumprindo seu
papel com total maestria, informando sobre o desamatamento acelerado desde
que à lei foi aprovada.
O fato é que o Governo vem se comportando de forma adversa as
entidades protetoras, inclusive cortando recursos que auxiliavam na tomada de
medidas em pról da preservação. O comportamento do atual Presidente Jair
Messias Bolsonaro é típico de um amador à frente de uma nação; segundo o
mesmo à causa para as queimadas seriam o corte de verbas para os “ongueiros”
que se locupletavam dessa verba como meio de vida.
Talvez o fato mais inusitado que um Chefe de Estado já possa ter
cometido, foi ignorar a pesquisa feita pelo Instituto de Pesquisas Espaciais
(INPE), que apontou a ocorrência de 78.883 focos de incêndio. Na época o
diretor do Instituto era Ricardo Galvão, que ao divulgar os dados em cadeia
nacional para que a sociedade civil fosse informada do que estava acontecendo,
o mesmo foi demitido por Bolsonaro, pois, segundo ele, os dados não deveriam
vir à tona.
A NASA se posicionou acerca da atitude do Presidente, sendo advertido
por Douglas Morton, diretor Laboratório de Ciências Biosféricas no Centro de
Voos Espaciais da Nasa, enfatizando que o INPE sempre atuou de forma técnica
e cuidadosa”; e no tocante a demissão do diretor classificando como “alarmante”.
Desta maneira, vemos explicitamente o ataque que o meio ambiente,
especialmente à Amazônia vem sofrendo, visto que, o Executivo vem
desrespeitando e sancionando leis imorais e anti-democráticas. No campo
legiferante o comportamento é ainda pior, à exemplo da Lei 13.465/2017,
aprovada em Julho de 2017, a lei diz respeito a regularização fundiária urbana e
rural e foi criticada por movimentos sociais e ongs. Segundo essas organizações,
as mudanças da lei facilitam a grilagem — falsificação de documentos para tomar
posse de terras do Estado ou particulares — por estender os prazos para
regularização das terras tomadas e isentar de multas. A prática de grilagem está
fortemente associada ao avanço dos pastos e desmatamento.
Deste modo, o Ministério do Meio Ambiente vem perdendo forças no atual
governo e na atual conjuntura política, sendo tratado como uma pasta de
segundo escalão e consequentemente não obtendo o devido respeito
governamental. O Judiciário tenta se desvencilhar desta responabilidade,
mantendo-se inerte acerca dessas questões, apenas cumprindo a lei da forma
que está escrita, atuando mais como concliador do que propriamente jus
puniendi.
REFERÊNCIAS

A legitimidade de atuação de ONGs ambientais na tutela coletiva de direitos;


Ana Garcia Giacobbo; 2016. (sítio: www.consultorjuridico.com.br

Análise Gestão Ambiental. Anuário 2009. O perfil das ONGs ambientais. Disponível
em: www.analise.com. Acesso em: 20.mar.2018.

Constituição Federal da República Federativa do Brasil, 1988.

DIDIER Jr., Fredie. Direito Processual Civil - Tutela Jurisdicional Individual e Coletiva.
Vol. I. 5ª ed. Salvador: Juspodivm. 2005. pp 195-196.

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