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Desembargadores e juízes são alvos

de operação contra venda de


sentenças na Bahia
STJ autorizou 4 prisões e 40 mandados de busca e apreensão e afastou 6 magistrados, dentre eles o
presidente do TJ-BA. Em nota, o TJ-BA informou que foi surpreendido com a ação e que ainda não teve
acesso ao conteúdo do processo.
Por G1 BA

19/11/2019 07h25 Atualizado há 4 minutos

Polícia Federal deflagra operação e cumpre mandatos nas cidades da


Bahia

A Polícia Federal deflagrou uma operação contra juízes e


desembargadores do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) na manhã
desta terça-feira (19). A ação tem como objetivo combater um suposto
esquema de venda de decisões judiciais, além de corrupção ativa e
passiva, lavagem de ativos, evasão de divisas, organização criminosa
e tráfico influência.
Durante a operação, quatro desembargadores e dois juízes foram
afastado dos cargos por 90 dias. Os magistrados afastados são:
 Gesivaldo Britto, que é desembargador e presidente do TJ-BA

 José Olegário Monção, que é desembargador

 Maria da Graça Osório, que é desembargadora

 Maria do Socorro Barreto Santiago, que é desembargadora


 Marivalda Moutinho, que é juíza

 Sérgio Humberto Sampaio, que é juiz


Em nota, o TJ-BA informou que foi surpreendido com a ação e que
ainda não teve acesso ao conteúdo do processo. Segundo o
comunicado, a investigação está em andamento, mas todas as
informações dos integrantes do TJ-BA serão prestadas,
posteriormente, com base nos Princípios Constitucionais. Ainda na
nota, o órgão informou que o 1º vice-presidente, Desembargador
Augusto de Lima Bispo, assumirá a presidência da Casa
temporariamente, seguindo o regimento interno. [Confira nota na
íntegra no final da reportagem]
 Ação cumpriu 4 mandados de prisão e 40 de busca e apreensão em
quatro cidades da Bahia

 Quatro desembargadores e dois juízes foram afastados do cargo por 90


dias após decisão do STF

 Esquema envolvia uso de laranjas e empresas para venda de decisões


para legitimar terras no oeste baiano

 STF determinou o bloqueio de bens de alguns dos envolvidos, no total de


R$ 581 milhões
Além da suspensão, os seis magistrados estão proibidos de entrar no
prédio do TJ-BA, se comunicar com funcionários e utilizar serviços do
órgão.

PF deflagra operação contra suposto esquema para venda de decisões


judiciais na BA — Foto: Cid Vaz/TV Bahia

A ação, que foi batizada de "Operação Faroeste", teve participação de


mais de 200 policiais federais. Quatro mandados de prisão e 40
mandados de busca e apreensão foram cumpridos em Salvador,
Barreiras, Formosa do Rio Preto e Santa Rita de Cássia, que ficam na
Bahia, além de Brasília.
Os mandados foram expedidos pelo Superior Tribunal de Justiça
(STJ) e, de acordo com a PF, têm por objetivo localizar e apreender
provas complementares dos crimes praticados.
A assessoria informou ainda que, com relação à eleição da corte que
estava marcada para quarta-feira (20), não há confirmação se ainda
vai acontecer.
Esquema
Conforme o Ministério Público Federal (MPF), investigações apontam
que, além dos desembargadores e juízes, integram a organização
criminosa advogados e produtores rurais que, juntos, atuavam na
venda de decisões para legitimar terras no oeste baiano.
O esquema envolve ainda o uso de laranjas e empresas para
dissimular os benefícios obtidos ilicitamente. A suspeita é de que a
área objeto de grilagem supere 360 mil hectares e que o grupo
envolvido na dinâmica ilícita movimentou quantias bilionárias.
Para impedir que o patrimônio obtido de forma ilícita seja colocado
fora do alcance da Justiça, o STF determinou os mandados também
acolheu o pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) e
determinou o bloqueio de bens de alguns dos envolvidos, no total de
R$ 581 milhões.

Nota do TJ-BA na íntegra


O TJBA foi surpreendido com esta ação da Polícia Federal desencadeada na
manhã desta terça-feira (19/11/19). Ainda não tivemos acesso ao conteúdo
do processo. O Superior Tribunal de Justiça é o mais recomendável neste
atual momento para prestar os devidos esclarecimentos. A investigação
está em andamento, mas todas as informações dos integrantes do TJBA
serão prestadas, posteriormente, com base nos Princípios Constitucionais.
Pelo princípio do contraditório tem-se a proteção ao direito de defesa, de
natureza constitucional, conforme consagrado no artigo 5º, inciso LV: “aos
litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral
são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a
ele inerentes."
Ambos são Princípios Constitucionais e, também, podem ser encontrados
sob a ótica dos direitos humanos e fundamentais. Logo, devem sempre ser
observados onde devam ser exercidos e, de forma plena, evitando prejuízos
a quem, efetivamente, precisa defender-se.
Quanto à vacância temporária do cargo de presidente, o Regimento Interno
deste Tribunal traz a solução aplicada ao caso concreto. O 1º Vice
Presidente, Desembargador Augusto de Lima Bispo, é o substituto natural.

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