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Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3

Cadernos PDE

I
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
ATIVIDADES AVALIATIVAS PARA SEREM EMPREGADAS NO 9º ANO DO
ENSINO FUNDAMENTAL

Autor: Leonicio Curvelo


Orientadora: Jully Gabriela Retzlaf de Oliveira

Resumo: A avaliação é um conjunto de princípios, hipóteses, procedimentos e instrumentos que


contribuem para coletar e sistematizar informações necessárias para avaliar a aprendizagem dos alunos. Desta
forma, o presente artigo tem por objetivo apresentar e analisar diferentes atividades avaliativas que foram
aplicadas na disciplina de Geografia no 9° ano do Ensino Fundamental, da Escola Estadual João XXIII, localizado
no Município de São Jerônimo da Serra – PR. Para realização deste artigo foram necessários pesquisa e estudo
de referencial teórico sobre a avaliação da aprendizagem e avaliação em Geografia; elaboração de diferentes
atividades avaliativas e aplicação das atividades avaliativas aos alunos do 9º do Ensino Fundamental e
finalmente procedeu a análise dos resultados obtidos e redação do artigo final. As avaliações permitiram
estabelecer um diagnóstico correto para cada aluno e identificar as possíveis causas de seus fracassos e/ou
dificuldades visando a uma maior qualificação e não somente a uma quantificação da aprendizagem como
ocorria quando se aplicava uma avaliação com características tradicionais. Durante a realização de diferentes
atividades avaliativas verificou-se uma boa participação dos alunos, tanto nas atividades em grupo como nas
atividades individuais, estes apresentaram alto rendimento em relação às provas tradicionais.

Palavras-Chave: Prática de Ensino; Avaliação; Ensino de Geografia.

INTRODUÇÃO

Durante anos de trabalho na educação tem-se percebido dificuldades e


equívocos na escolha e preparação de atividades avaliativas na disciplina de
Geografia. Em grande parte das vezes a avaliação tem somente a função
classificatória e somatória para aprovar ou reprovar os alunos, e não
necessariamente para diagnosticar o aprendizado dos alunos e nortear o professor
em seu trabalho docente.
O processo de avaliação é fundamental para o professor diagnosticar o
aprendizado do aluno e poder corrigir os problemas detectados. Neste sentido faz-se
necessário diversificar os métodos avaliativos e não somente utilizar de um só
modelo para averiguar a aprendizagem dos alunos, pois o mesmo pode apontar um
só tipo de deficiência. Para tanto, a avaliação deve ser sistematizada, diagnóstica e
formativa, norteando o trabalho do professor ao longo do ano.
O presente artigo tem por objetivo apresentar e analisar diferentes atividades
avaliativas que foram aplicadas na disciplina de Geografia no 9° ano do Ensino
Fundamental, da Escola Estadual João XXIII, localizado no Município de São
Jerônimo da Serra – PR. As avaliações foram aplicadas durante a implementação do
projeto de intervenção pedagógica, desenvolvido através do Programa de
Desenvolvimento Educacional – PDE, da Secretaria de Educação do Estado do
Paraná (período 2014-2015).
Espera-se que as atividades apresentadas possam auxiliar os professores da
área de geografia e difundir práticas diversificadas para avaliar conteúdos
geográficos.

PROCEDIMENTO METODOLÓGICO

Para realização deste artigo foram necessários pesquisa e estudo de


referencial teórico sobre a avalição da aprendizagem e avalição em Geografia;
elaboração de diferentes atividades avaliativas e aplicação das atividades avaliativas
aos alunos do 9º do Ensino Fundamental e finalmente procedeu a análise dos
resultados obtidos e redação do artigo final.

AVALIAÇÃO NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM

A ação avaliativa é um conjunto de instrumentos avaliativos podendo ou não


incluir as provas e testes aplicados individualmente, segundo Filizola (2009)
contempla uma série de aspectos, relacionado à escola e a prática do educador no
desenvolvimento do seu trabalho pedagógico, deve ser uma ação democrática e
com clareza, em prol de uma educação de qualidade.
O sistema avaliativo tem algumas modalidades de avaliação presentes no
processo de ensino e aprendizagem e o critério que distingue uma da outra é o lugar
que a avaliação ocupa em relação à ação docente
Segundo Stefanello (2008) as modalidades de avaliação fazem referência à
função que as avaliações assumem, sendo:
Avaliação diagnóstica (função diagnóstica): envolve descrição, classificação
e a determinação de um valor de algum aspecto do comportamento, determina o
grau em que o aluno domina os objetivos para iniciar um conteúdo, uma disciplina,
verifica o conhecimento prévio do aluno para orientar em novas aprendizagens e
constatam interesses, necessidades, possibilidades, insuficiência, dificuldades.
Servindo de base para intervenção pedagógica, isto é, a avaliação diagnóstica
permite: conhecer o aluno; fazer uma sondagem, projeção e retrospecção da
situação de desenvolvimento do aluno; ajustar o programa da disciplina às
condições do aluno; a auto-avaliação do que o aluno sabe ou não; prevenir, saber
como está para relacionar com os novos conhecimentos; investigar as causas das
dificuldades.
A avaliação diagnóstica, segundo Melchior (2003, p. 44) 'tem como
pressuposto, a dialética constante entre avaliadores e avaliados, sempre na
construção dos saberes, das habilidades e das atitudes dos educando.
Avaliação Formativa (função controle): nesta avaliação professores e aluno
asseguram o alcance dos objetivos, utiliza a informação para corrigir insuficiências
ou reforçar comportamentos bem-sucedidos, auxilia o aluno na aprendizagem e no
desenvolvimento. Essa modalidade de avaliação, além de fornecer dados sobre o
progresso da aprendizagem do aluno, contribui significativamente para o professor
adequar seus procedimentos de ensino às necessidades da classe. De um jeito ou
de outro, ela cumpre a finalidade de aperfeiçoar o processo ensino-aprendizagem.
Neste sentido, a avaliação fornece opinião, no processo de ensinar e aprender.
Melchior (2003, p. 47) recomenda:
“Se esse processo for desenvolvido de forma sistemática por todos os
professores, supõe-se que, gradativamente, os alunos comecem a entender
que não se estuda visando um determinado valor, mas para aprender e, na
medida em que vão fazendo as correções durante o processo, busquem
perder o medo de errar e de serem avaliados.”
Como o próprio nome diz, esta modalidade se situa no centro da ação de
formação, ao caracterizar-se como informativa (informa os atores do processo
educativo); corretiva (corrige a ação, modificando-a quando for necessário); e,
propositiva (conhecidas às dificuldades do aluno e das condições, trabalha-se rumo
a uma “utopia promissora”).
Avaliação Somativa (função classificação): também conhecida como
classificatória ou tradicional, consiste em um processo de descrição e julgamento
para classificar os alunos ao final do bimestre, ano etc. e requer definição de
objetivos e procedimento de medida (prova teste etc.).
A avaliação tradicional visa à reprodução do conteúdo exposto em sala de
aula, com exigência de exatidão das respostas, o erro é visto como “falta de
aprendizagem”. As notas fazem parte de um sistema muitas vezes arbitrário
atribuído em função de um teste e não da progressão da aprendizagem (CEREJA;
FERNANDES; ESTEVÊZ, 2010).
A avaliação deveria ter como objetivo detectar problemas, servir como
diagnóstico da realidade em função de uma qualidade a atingir, não sendo definitivo
nem rotulado, sem visar estagnação, mas para superar possíveis deficiências (COLL
e MARTIM (1997).
A Lei 9.394/96 de Diretrizes de Bases para educação nacional - LDB, fala
muito de avaliação, pois se coloca em destaque visto que é um dos problemas a
serem solucionados para melhorar a educação brasileira. O artigo 7º, em seu inciso
I, é o primeiro que menciona a avaliação. Analisando a LDB, a avaliação aparece
como instrumento para diagnosticar deficiências a serem sanadas e não como
recurso classificatório. Não é bem definitiva, mas impõe uma nova avaliação apenas
para verificar mudanças implantadas (LDB. LEI nº. 9.394/96).
A própria LDB, já apresenta uma idéia de avaliação que os educadores
deveriam utilizar os resultados da verificação do rendimento do aluno como um
material importante para contextualização do professor e do próprio aluno, e não
como dado para simples classificação do aluno, facilitando assim as estratégias
didáticas pedagógicas das aulas posteriores, facilitando na escolha de conteúdos a
serem trabalhados na seqüência e conteúdos a serem revisados. Pensando assim,
pode-se dizer que a avaliação é retrospectiva, mais voltada para o futuro, e não para
definir o passado (HOFFMANN, 2002).
A avaliação é uma ação necessária para que aconteça um
ensino/aprendizagem de qualidade, satisfatória na educação dos alunos. O processo
avaliativo só tem importância de ser quando é conduzido de forma, que todos os
envolvidos estejam comprometidos com atos e práticas educativas: educadores,
educando, gestores das atividades educativas públicas e particulares,
administradores da educação, todos, trabalhando em busca do mesmo objetivo,
engajados com esse fenômeno. Avaliar para promover uma educação digna e direita
de todos os seres humanos (HOFFMANN, 2002).
A avaliação da aprendizagem é uma ferramenta pedagógica que auxilia e
direciona a prática docente na construção de uma formação educacional que
proporcione o sucesso pleno do aluno, o que não é, e não pode continuar sendo a
tirana da prática educativa, que ameaça e submete a todos. Com aplicação de
provas ou exames classificatórios que puni e excluir através dos resultados obtidos,
muitos alunos são punidos por meio da promoção ou retenção, o professor age
como aplicador e juiz na sua forma de conduzir seus trabalhos pedagógicos
deixando de exercer a função de educador de uma forma pedagógica que acolha o
aluno e ajude a superar suas dificuldades de aprendizagem. E preciso entender as
funções da avaliação que é vista por muitos de forma contraditória entre os
envolvidos no sistema educacional (KRASILCHIR, 2013).
De acordo com Krasilchik:
A discussão sobre as funções da avaliação é em geral polarizada em dois
extremos. Em um deles então os seus defensores que a consideram
instrumento essencial na manutenção e aprimoramento do sistema
educacional. No outro estão os que a consideram instrumento de coerção e
controle exercido por professores, escolas e sistemas educacionais que
representam o poder. (KRASILCHIK, 2013, P. 169).
Percebe-se o uso da avaliação com funções diferentes, alguns os defendem
como instrumento de manutenção e de aprimoramento educacional, outros se
preocupam apenas, com o controle e obrigações burocráticas do comprimento de
regras e normas sem a preocupação e o resgate de direito de bem-estar de uma
educação que promova o indivíduo com autonomia, capaz de agir no meio local com
consciência do global, com senso crítico que saiba exigir seus direitos e seja, justo
em suas ações, educação de qualidade, proporciona dignidade. É preciso se trilhar
um caminho bem claro em que todos os envolvidos estejam comprometidos e
conscientes do seu papel em prol da educação com ensino que atenda as
necessidades de um aprendizado que permita a inclusão do educando, com respeito
e conhecimentos de total plenitude no exercício de cidadania. HOFFMANN (2002),
fala como deve ocorrer o processo avaliativo do ensino, na busca pela
aprendizagem que promove o aluno a desejada cidadania.
Avaliar para promover significa, assim, compreender a finalidade dessa
prática a serviço da aprendizagem, da ação pedagógica visando promoção
moral e intelectual dos alunos. O professor assume o papel de investigador,
de esclarecedor, de organizador de experiência significativa de
aprendizagem. (HOFMANNN, 2002, p.22).
As funções práticas da avaliação é muito ampla, útil e necessária para
conduzir na busca e na superação de dificuldades de aprendizado, possibilitando o
professor planejar e replanejar seu trabalho, auxiliando o professor em suas
decisões de ação didáticas e métodos, que ajude no norteamento de sua prática
pedagógica, que lhe de subsídios para intervir superar as defasagens de
aprendizagens coletivas e individuais dos alunos. A avaliação só está a serviço da
aprendizagem e da promoção do ser humanos, quando ela é pensada e feita como
um instrumento pedagógico, democrático, livre das práticas tradicionais, que visa
medir o conhecimento memorizado, utilizado para aprovar o reprovar. Dando uma
satisfação burocrática à família do aluno, a equipe pedagógica e direção da escola,
direção e equipe pedagógica que muitas vezes também agem e colaboram para tal
prática danosa e errônea de se avaliar para cumprir uma burocracia formal e
cultural. Todos os envolvidos precisão refletir e mudar velhas práticas de avaliação
no processo de ensino/aprendizagem. O professor a secretária escolar estão
integrado a um sistema de nota, bimestral ou semestral que tem um fechamento
anual, a onde o professor fecha seu livro aprovando ou reprovando pelo sistema de
nota adotado pela escola, no fim é o que conta, é quantos foram aprovados e
quantos foram reprovados, para a série ou ano seguintes. O professor tem que usar
o processo avaliativo não só para fazer uma análise em torno do rendimento do
aluno, mas, sim. Assumimos que não basta avaliar as aprendizagens realizadas por
nossos alunos e alunas, mas que também é necessário avaliar nossa própria
atuação como professora e as atividades que planejamos e desenvolvemos com
eles (COLL; MARTIM, 1997).
Portanto, cabe ao professor se autoavaliar, refletir e ter a humildade de rever
suas práticas de ensino. O caminho é ardo, mas necessário, mudanças são
edificais, principalmente na forma pedagógica e convicções que o professor
incorporou ao longo dos anos. Essa abertura a mudança da maneira do professor
conduzir suas práticas de ensino e uso da avaliação de forma adequada. O
educador precisa fazer cursos, participar, mas interagir com outros colegas,
pesquisar e ler muito sobre o tema avaliação, para que o professor não cometa
ainda um erro maior, criando novos métodos sem base de pesquisas referenciadas,
sem saber a que resultados podem obter, com riscos para si, e para sua prática
pedagógica. Temos que está bem atento e consciente das nossas atitudes.
De acordo com Coll e Martim (1997).
A primeira é que a tentativa de potencializar e promover procedimentos e
técnicas de avaliação que possam captar o desenvolvimento e/ou
aprendizagem das capacidades dos alunos deve partir, assim como
qualquer tentativa de inovação educativa daquilo que já existe, daquilo que
já está sendo feito. E não, necessariamente para abandoná-lo e
redimensioná-lo em função do resultado dessa análise e das exigências de
modificação ou mudança que dela podem derivar. (COLL). C (1997, p. 202)
Para que possa entender sua importância e valor na construção do saber que
liberta e não excluir as pessoas do direito de aprender com igualdade e qualidade
para que tenha utilidade na sua vida. Para Krasilchik (2013) discutir e analisar a
avaliação são uma das melhores formas de entender o que acontece na escola. A
partir dessa discussão e interação dos envolvidos no processo de ensino e
aprendizagem da escola, desenvolver um sistema de avaliação que acrescente e
vise sempre o melhor para o educando, proporcionando-lhe, as condições
necessárias para que possa exercer com desempenho suas habilidades intelectuais
e funções políticas e sociais. Krasilchik faz uma alerta.
Os resultados insatisfatórios na avaliação podem significar desconsideração
pelas aspirações das crianças e jovens e rejeições da escola perdem assim
a possibilidade de entender melhor o mundo em que vivem (Krasilchik,
2013, p. 167).
Entende-se na fala da autora que a avaliação pode ter resultados diferentes
na vida do aluno, por isso, é uma prática que deve ser pensada e refletida
continuamente, para que esteja sempre para o bem do aluno, e nunca para inibir ou
mesmo o excluir do direito de estudar, de permanecer com avanços lineares
satisfatório na vida escolar. Uma educação que venha interferir deforma positiva,
harmoniosa em toda sua trajetória de vida.

A AVALIAÇÃO NO ENSINO DE GEOGRAFIA

A avaliação de Geografia deve ser traçada de acordo com os objetivos do


planejamento de uma forma clara e objetiva evitando, assim interpretações
equivocadas. Os exercícios devem explorar o senso crítico, permitindo que os
estudantes possam resolver situações problemas, compreender, comparar e
interpretar os fenômenos. Também é importante que o educador considere o meio
sociocultural e as habilidades dos alunos, tornando a prova significativa e
enriquecedora para o conhecimento. Apesar disso a prova não deve ser o único
método de avaliação, pois outros aspectos contribuem para o processo de ensino e
aprendizagem, tais como observações, participação, entrevistas, atividades, etc.
(COLL e MARTIM, 1997).
Segundo Filizola, as práticas avaliativas devem ser.
Práticas avaliativas que permitam demonstrar o caráter diagnóstico e
continuo da avaliação. Assim, o que avaliar considerando desenvolvimento
do raciocínio geográfico? Como avaliar fazendo uso de instrumentos
variados, que não restrinjam tão somente a teste e provas (FILIZOLA. 2009,
p. 85).
No decorrer do processo ensino/aprendizagem, a avaliação deve ter a função,
tanto como meio de diagnosticar a aprendizagem dos alunos, como de instrumento
de investigação da prática pedagógica do professor sobre suas ações e práticas
docente. A avaliação tem que ter uma dimensão formadora, tendo como finalidade a
aprendizagem, avaliação permitir a verificação da aprendizagem dos alunos e
orienta o procedimento do trabalho do professor. A avaliação também deve
possibilitar o trabalho com o novo, contextualizando o conteúdo em uma dimensão
criadora e criativa na construção do conhecimento da aprendizagem (FILIZOLA,
2009).
Ainda de acordo com Filizola. As práticas avaliativas contextualizadas podem:
“significar avanços em diversas direções a começar pela relação professor-
aluno. Nesse aspecto, duas considerações são merecedoras de atenção. A
primeira diz respeito à motivação (ou ausência) dos alunos. Afinal,
salientamos que os temas e conteúdos trabalhados em sala de aula devem
possibilitar o desenvolvimento da inteligência. Nesse caso a aula deve
mostrar a relevância daquilo que se ensina e aprende. A avaliação deve
mostrar-se no mínimo desafiadora, capaz de mobilizar o interesse dos
avaliados. Por mais que o processo avaliativo comportamentos de
ansiedade e nervosismo possa gerar desconforto no aluno, os instrumentos
dos quais servimos para avaliar não podem ser motivo de desmotivação.
Isso equivale dizer que a avaliação deve suscitar no aluno uma postura de
superação das dificuldades. (FILIZOLA, 2009, p. 83 e 84)
Segundo a Lei nº 9. 394/96 - LDBEN, de 20 de dezembro de 1996 do
Ministério da Educação no cotidiano escolar, a avaliação é parte do trabalho dos
professores. Tem por objetivo proporcionar-lhes subsídios para as decisões a serem
tomadas a respeito do processo educativo que envolve professor e aluno no acesso
ao conhecimento. É importante ressaltar que a avaliação se concretiza de acordo
com o que se estabelece nos documentos escolares como o Projeto Político
Pedagógico e, mais especificamente, a Proposta Pedagógica Curricular e o Plano de
Trabalho Docente, documentos necessariamente fundamentados nas Diretrizes
Curriculares. Nas Diretrizes Curriculares para a Educação Básica, propõe-se formar
sujeitos que construam sentidos para o mundo, que compreendam criticamente o
contexto social e histórico de que são frutos e que, pelo acesso ao conhecimento,
sejam capazes de uma inserção cidadã e transformadora na sociedade. A avaliação,
nesta perspectiva, visa contribuir para a compreensão das dificuldades de
aprendizagem dos alunos, com vistas às mudanças necessárias para que essa
aprendizagem se concretize e a escola se faça mais próxima da comunidade, da
sociedade como um todo, no atual contexto histórico e no espaço onde os alunos
estão inseridos.
É fundamental no seu planejamento do Plano de Trabalho Docente, ter a
definição e o conhecimento bem claro de quais critérios utiliza-se para avaliar e
como usar esses critérios de forma democrática, que auxilia e oriente o professor na
articulação do seu trabalho pedagógico.
As Diretrizes Curriculares da Educação Básica do Paraná – DCE estabelecem
como devem ser definidos os critérios de avaliação:
“Os critérios de avaliação devem ser definidos pela intenção que orienta o
ensino e explicitar os propósitos e a dimensão da aprendizagem. Assim, os
critérios são um elemento de grande importância no processo avaliativo,
pois articulam todas as etapas da ação pedagógica, os enunciados de
atividades avaliativas devem ser claros e objetivos. Uma resposta
insatisfatória do aluno em muitos casos, não revela, em princípio, que o
estudante não aprendeu o conteúdo, mas simplesmente que ele não
entendeu o que lhe foi perguntado. Nesta circunstância, o difícil não é
desempenhar a tarefa solicitada, mas sim compreender o que se pede
(PARANÁ, 2008).
No entender de Filizola, o professor de geografia pode pautar-se nos
seguintes critérios:
As demandas de cunho social que um país como o Brasil reclama. Por
exemplo, inclusão social e compreensão crítica do mundo do trabalho; A
concepção que se tem de ciência geográfica e de Geografia Escolar,
particularmente em relação aquilo que as une e as distingue, tendo e mente
as finalidades e os objetivos específicos de seu ensino no âmbito escolar
(FILIZOLA, 2009, p, 58 e 59).
O autor deixa bem claro a função do processo avaliativo e do ensino na
disciplina de Geografia, que está voltada para a organização espacial. Portanto o
ensino de Geografia, como todos os critérios de planejar as aulas e de avaliar os
alunos deve está pautado dento de um contexto social, que deve contemplar todo o
entorno envolvido no processo como o Projeto Político Pedagógico da escola,
sempre buscando um ensino de qualidade a possibilidade de democratização da
educação, o crescimento e desenvolvimento dos alunos. Nesse contexto, é
necessária a clareza em relação à relevância do ensino de Geografia. Para a
formação de um indivíduo que seja autônomo.
Segundo Filizola,
Quanto ao uso dos instrumentos de avaliação, isto é, ao como avaliar, é
partidário da articulação proposição metodológica prática avaliativa.
Portanto, a aula de campo, o manuseio do Atlas, o trabalho com jornal, a
entrevista, podem ser colocados a serviço da viabilidade metodológica dos
objetivos da disciplina e dos critérios de avaliação. Assim a produção de
textos, a organização de painéis, a participação em debates, à interpretação
de uma letra de música deve ser tomada como elaboração e reelaborarão
dos saberes dos alunos em suas atividades escolares cotidianas.
(FILIZOLA, 2009: p 86 e 87).
Portanto, os usos dos instrumentos de avaliação devem estar em sintonia,
com o desenvolvimento do aluno, ampliando seus conhecimentos geográficos, de
mundo, que possibilite um crescimento intelectual e de ação positiva na sociedade,
interagindo e buscando transformação, socioambiental, socioeconômica, política e
outras, no seu agir cotidiano.

ANÁLISE DAS ATIVIDADES AVALIATIVAS EM GEOGRAFIA

Neste capítulo serão apresentadas e analisadas as atividades avaliativas que


foram desenvolvidas e aplicadas aos alunos de 9º do Ensino Fundamental da Escola
Estadual João XXIII, vinculado ao programa PDE turma 2014/15, vinculado à fase de
implementação do projeto na escola.
Em fevereiro de 2015 o projeto de implementação foi a apresentado para toda
a comunidade escolar, direção e equipe pedagógica na semana pedagógica da
escola.
O projeto foi implementado no primeiro semestre do ano letivo de 2015,
sofreu algumas alterações nas datas iniciais em função das greves ocorridas
durante o período de implementação. A primeira atividade foi a apresentação do
projeto aos alunos, na quarta semana do mês de março, a segunda atividade
ocorreu no mês de abril, na aplicação dessa atividade avaliativa, foram utilizadas
charges, gráficos, e mapas para avaliar o conteúdo; na terceira atividades avaliativa
foi realizada no mês de junho, com dinâmica em grupo, na avaliação do conteúdo;
na quarta atividade avaliativa que ocorreu na primeira semana do mês de julho, o
conteúdo foi avaliado através da confecção de historinhas em quadrinhos; na quinta
atividade avaliativa foi realizada na quarta semana do mês de julho, a avaliação do
conteúdo foi através de cruzadinhas elaboradas pelos próprios alunos; a sexta
atividade avaliativa foi realizada na quarta semana do mês de agosto, o conteúdo foi
avaliado através da produção de um vídeo documentário e debate sobre o conteúdo;
na sétima atividade avaliativa, ocorreu no mês de agosto, com a utilização de um júri
simulado para avaliar o conteúdo; a oitava atividade avaliativa foi realizada na quarta
semana do mês de setembro, todo o conteúdo de trabalho no primeiro semestre
foram avaliado através de uma avaliação com questões objetivas e subjetivas,
analisando imagens, mapas, charges, gráficos etc..
Atividade 01 – Apresentação de Intervenção Pedagógica aos alunos. A
primeira ação foi a exposição do projeto aos alunos, detalhando como seria os
procedimentos e objetivos, enfatizando a importância que cada aluno teria na
realização desse projeto, após a explicação do projeto, os alunos aceitaram bem a
proposta.
Atividade 02 – Utilização de Charge, gráfico e mapa para avaliação do
conteúdo: Os países desenvolvidos e os países subdesenvolvidos. Após trabalhar o
conteúdo em sala de aula, os alunos foram avaliados com uma atividade que exigia
a análise de charge, mapa e gráfico com a finalidade verificar como os alunos
realizam a leitura destas imagens e interpretam os conteúdos geográficos contidos
nas mesmas. Na realização dessa atividade alguns alunos tiveram dificuldade em
fazer a leitura das imagens e responder as questões em função de serem
acostumados com atividades avaliativas tradicionais, que utilizam estes recursos
para análise dos dados. O ponto positivo foi as analise e interpretação das
diferenças entre a qualidade de vida entre da maioria da população de um país
desenvolvido para um país subdesenvolvido.
Atividade 03 – Dinâmica em grupo para avaliação do
conteúdo. Os Blocos Econômicos. Após o conteúdo ser trabalhado em sala de aula
e pesquisado em laboratório de informática, os alunos foram divididos em grupos de
quatro alunos, cada grupo pesquisou um bloco econômico e apresentou para os
demais com o uso de mapas, tabelas e exposição oral. Foram avaliados a
capacidade de cada aluno em expressar a opinião sobre diversos aspectos do
assunto.
Nessa atividade observa-se pontos positivos e negativos. No que se refere a
compreensão e expressão do assunto foi positivo, com trocas de informações,
questionamentos e colocações, com a intermediação do professor, porém, houve
dificuldade na montagem dos grupos, alguns alunos não gostam de desenvolver
atividades em grupo ou não se sentiram bem acolhidos pelos demais colegas.
Atividade 04 – Confecção de História em Quadrinho para avaliar as fases
da Revolução Industrial. Na quarta atividade avaliativa, após trabalhar o conteúdo:
As Fases da Revolução Industrial em aula expositiva, os alunos foram orientados a
formar trio e confeccionar uma história em quadrinhos utilizando um tema pré
estabelecido anteriormente. Nesta atividade foi avaliado a capacidade do aluno em
expressar um assunto geográfico em forma de desenho (fig. 01).
Figura 1 – História em Quadrinho confeccionado por um aluno do 9º da Escola
Estadual João XXIII.

Atividade 05 – Cruzadinha da Globalização. Na quinta atividade avaliativa,


após o trabalhar o conteúdo: A dinâmica do espaço da Globalização. Foi solicitado
aos alunos, depois da leitura do texto: "Por uma globalização mais humana", texto
do geógrafo Milton Santos da Folha Online, a confecção de uma cruzadinha com
dez questões, cinco na vertical e cinco na horizontal (fig. 02), a fim de verificar a
capacidade dos alunos em formular e responder questões. Após a formulação da
cruzadinha os alunos trocaram as cruzadinhas entre si e depois devolveram para
correção, desta forma os alunos tiveram uma maior interação e complementação
sobre o conteúdo trabalhado.
Figura 2 – Cruzadinha elaborada por um aluno do 9º da Escola Estadual João XXIII.
Atividade 06 – Produção de um Vídeo Documentário. Na sexta atividade
avaliativa, após trabalhar em sala o conteúdo: O Capitalismo e a Sociedade de
Consumo, Consumo e Meio Ambiente, foi apresentado aos alunos um roteiro para
produzir um vídeo documentário sobre desenvolvimento sustentável e o tratamento
que é dado ao lixo urbano da cidade de São Jerônimo da Serra pela comunidade e
pelo poder público. Esta atividade deu muito trabalho e levou mais tempo do que o
previsto, mas o resultado foi excelente, além de estudarem, pesquisarem e
exploraram uma questão local, foi descoberto alguns talentos na turma, alunos que
sabem editar as filmagem, alunos que gostam de se expressar na frente da câmera,
a produção do material foi muito boa. O fechamento da atividade foi com
apresentação do documentário e uma discussão da realidade local a respeito do
destino que é dado e como é tratado o lixo urbano, a coleta seletiva, o aterro
sanitário, os entulhos e a limpeza da cidade. Nesta atividade buscou-se avaliar a
capacidade dos alunos em estudar um problema e apresentar os resultados em
forma de vídeo, também foi analisado a participação em grupo e individual. Segue o
link do vídeo produzido pelos alunos:
https://www.youtube.com/watch?v=YzpPMu6vtWw&feature=youtu.be
Atividade 7 – Júri Simulado: Desenvolvimento Sustentável x Sociedade
de Consumo. Na sétima atividade avaliativa, após o conteúdo desenvolvimento
sustentável x sociedade de consumo ser abordado em aula expositiva, os alunos
foram divididos em três grupos de oito alunos: o grupo 1 defendeu a importância do
Desenvolvimento Sustentável; o grupo 2 defendeu o consumismo como
fundamental para o desenvolvimento da sociedade e o grupo 3 conduziu ou Júri
através de um formulário pré- elaborado pelo professor, analisaram o desempenho
de cada grupo e atividade finalizou com debate coordenado pelo professor. Essa
atividade atendeu muito bem o resultado esperado, os alunos participaram de forma
positiva, preparam o material, pesquisaram, trouxeram novas informações e
questionamentos para o debate, o corpo de jurado também teve uma participação
muito consciente e coerente, os alunos fizeram vários apontamentos em relação ao
desenvolvimento sustentável e do consumismo, expondo os pontos negativos e os
positivos para sociedade.
Atividade 8 – Prova. A oitava atividade avaliativa foi realizada ao final da
implementação do projeto e consistiu em uma “prova tradicional”, com a finalidade de
diagnosticar o aprendizado dos alunos em relação a todo conteúdo estudado, com questões
objetivas e subjetivas de todo o conteúdo trabalhado: Os conteúdos específicos que vão ser
trabalhado são: Os países desenvolvidos e países subdesenvolvidos; Os blocos
econômicos; As fases da Revolução Industrial; A dinâmica do espaço da Globalização; O
capitalismo e a sociedade de consumo; consumo, meio ambiente e a questão demográfica;
Em busca do desenvolvimento sustentável. Nesta atividade os alunos tiveram que analisar
imagens, gráficos, mapas, tabelas leitura e interpretação de texto, para responder as
questões elaboradas de todo o conteúdo trabalho no primeiro semestre.
O resultado dessa atividade avaliativa foi bastante significante, os alunos
obtiveram um ótimo resultado, mantendo um alto rendimento. Os alunos não tiveram
dificuldade em fazer a prova contendo novas atividades avaliativas que levassem à
reflexão crítica sobre o assunto estudado. Vale destacar que nas provas que eram
compostas de perguntas que exigiam memorização do conteúdo os alunos não
conseguiam responder os questionamentos de forma satisfatória.
Considerações Finais

As atividades avaliativas utilizadas durante a implementação do projeto foram


bem diversificadas e tiveram caráter diagnóstico, formativo e contínuo. As avalições
permitiram estabelecer um diagnóstico correto para cada aluno e identificar as
possíveis causas de seus fracassos e/ou dificuldades visando a uma maior
qualificação e não somente a uma quantificação da aprendizagem como ocorria
quando se aplicava uma avaliação com características tradicionais onde somente se
exigia memorização de dados sem uma reflexão crítica do conteúdo estudado.
Durante a realização de diferentes atividades avaliativas verificou-se uma boa
participação dos alunos, tanto nas atividades em grupo como nas atividades
individuais, com aprendizagem satisfatória. Em algumas atividades o resultado
esperado foi melhor do que em outras atividades, como por exemplo, o júri simulado
teve um excelente aproveitamento e na analise de charges eles apresentaram mais
dificuldades em interpretar as informações. Essas dificuldades iniciais em analisar e
interpretar imagens, gráficos e tabelas se dá em função do pouco trabalho com
estes recursos nas aulas de Geografia. Observou-se também que alunos
apresentaram maior rendimento escolar em relação às provas “tradicionais”
carregadas de questões de memorização.
Portanto, conclui-se que avaliação não deve ser realizada ao acaso, ela
precisa ser pensada e discutida previamente, e ter objetivos bem delineados. O
professor deverá fazer diagnósticos contínuos, permitindo a si mesmo analisar e
entender o processo e não somente o produto.
Quando se diversifica os instrumentos de avaliação, está possibilitando que
os alunos tenham mais acesso a novas ferramentas de ensino que estimulem os
alunos a buscarem o conhecimento e aprendam com qualidade e autonomia,
criando o hábito de refletir, analisar e interpretar e a agir, relacionado o conteúdo ao
espaço geográfico inserido no seu cotidiano, em escala local, regional e global.
A avaliação da aprendizagem do ensino é um tema muito discutido, no meio
acadêmico e escolar, mas nunca se definiu um método de avaliar padronizado que
realmente funciona para todas as situações e realidades, o que existem são estudos
e possibilidades, cabe cada professor está buscando inovar sua metodologias de
ensino e avaliação adequado ao seu público e realidade. Com a utilização de
atividades avaliativas diferenciadas e criativas que proporciona a avaliação um
momento que ás vezes é visto, pelos alunos como um momento de medo e punição,
é possível tornar a avaliação um momento de aprendizagem, de forma prazerosa e
harmônica.

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