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8 direitos que os compradores de

imóveis muitas vezes não sabem


que têm

O sonho da casa própria pode se tornar um pesadelo se o comprador


não souber lidar com alguns imprevistos que podem acontecer no meio
do caminho, como atraso e defeito na obra, além de taxas e juros
abusivos.

Segundo Marco Aurélio Luz, presidente da AMSPA (Associação dos


Mutuários de São Paulo e Adjacências), apesar das informações
disponíveis, ainda falta aos consumidores mais consciência dos seus
direitos. “Antes, poucos compradores recorriam à Justiça. Agora,
muitos têm conhecimento que é essencial, para solucionar seu
problema, procurar o Poder Judiciário. Mas, infelizmente é preciso
melhorar muito a proteção aos mutuários.”

Confira abaixo oito dicas que a entidade preparou para os mutuários:


1- Atraso na obra
Caso a obra do imóvel atrase, o tempo para recorrer à Justiça é de cinco
anos. O prazo passa a contar a partir da entrega das chaves ou
expedição do “Habite-se”.

O proprietário do imóvel pode pleitear o pagamento da multa de 2% e


mais os juros de mora de 1% ao mês pelo atraso, desde o primeiro dia
do não cumprimento do que foi estabelecido em contrato para entrega
do imóvel. Além disso, cabe indenização por danos morais e materiais e
lucro cessante, ou seja, o que o prejudicado deixou de ganhar ou se
perdeu um lucro esperado.

2- Defeito na construção
No caso de vícios aparentes no imóvel, cabe ao consumidor entrar com
uma ação chamada “Obrigação de Fazer” contra a construtora. O prazo
para reclamação de portas quebradas ou paredes mal pintadas, entre
outros consertos, é de 90 dias após a entrega da chave.
Já para os defeitos ocultos, a queixa deve ser feita no prazo de um ano.
Se a incorporadora não solucionar o problema, o comprador tem até 20
anos para recorrer ao Judiciário, conforme decisão do Superior
Tribunal de Justiça. O pedido deve estar acompanhado do laudo
técnico de um engenheiro discriminando o erro.

3- Taxas abusivas
Para os consumidores lesados quanto ao Sati (Serviço de Assessoria
Técnica Imobiliária) e a comissão do corretor, o prazo para reclamar
em Juízo é de três anos e começa a contar após o seu pagamento total.
Nessa situação, cabe a devolução do dinheiro em dobro, acrescido de
correção monetária e juros.
A restituição deve acontecer de uma só vez, em até 15 dias. Após o
prazo, incide acréscimo de 10% de multa e se não for pago podem ser
penhorados os bens da imobiliária ou da construtora.

4- Juros indevidos
Para aqueles que enfrentam problemas com a cobrança de juros sobre
juros, o tempo para recorrer à Justiça é de cinco anos, a partir do
termino do contrato. Nesse caso, é essencial requisitar na esfera
judiciária, com base em jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça
e o Superior Tribunal Federal, a restituição dos encargos financeiros,
mesmo aqueles que já quitaram o pagamento do imóvel.

5- Metragem
Se na vistoria, ficar comprovado que há diferença no tamanho de
qualquer dos compartimentos do imóvel, superior a 5%, o dono do
imóvel pode exigir o complemento da área, o abatimento no valor ou
rescindir o contrato. Quando a quantia for devolvida, a restituição
deverá ser feita à vista, acrescida de multa e juros. Além disso, também
podem ser inclusos indenização, danos morais e materiais e lucro
cessante.

6- Rescisão de contrato
Ao anular o acordo por problema pessoal, inadimplência ou até mesmo
arrependimento, o dono do imóvel tem o direito de receber de volta
90% do valor já pago e de uma só vez. Já se o distrato ocorrer devido ao
atraso na obra ou irregularidade no empreendimento, o proprietário
deve receber 100% do valor com as devidas correções.

7- Cobrança do condomínio antes de receber das chaves


Quando o morador não tem a posse do imóvel, é obrigação da
construtora arcar com esse custo. O valor só poderá ser repassado aos
compradores quando esses estiverem de posse das chaves. Para
resolver o problema, o consumidor tem duas opções: a primeira é
recorrer ao Poder Judiciário, suspender o pagamento das parcelas e
depositá-las em Juízo. A outra é continuar pagando as parcelas e
depois entrar com uma ação pedindo o ressarcimento dos valores em
dobro.

8- Atualização de juros antes da entrega do imóvel


Durante a construção da propriedade pode haver apenas a atualização
do valor com base no INCC (Índice Nacional de Custo da Construção).
Os juros remuneratórios, que geralmente giram em torno de 1% ao
mês, poderão incidir em cima do saldo devedor apenas após receber as
chaves ou expedição do “Habite-se”. Se a construtora descumprir o
contrato, o consumidor tem o direito de pedir de volta o valor cobrado
a mais nas prestações.

Por Juliana Américo Lourenço da Silva

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