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7ºano

Ficha formativa
GRUPO I
A. Lê o texto que se segue:

O miúdo (talvez eu)


Quando estava a escrever este livro, um amigo perguntou-me se era uma história. Não
soube responder-lhe. Mas fiquei a pensar na pergunta. E agora acho que sim, é a história
de um miúdo que pregava pregos numa tábua e depois começou a contar as sílabas
pelos dedos.
É difícil escrever um livro. Não se sabe por onde começar nem por onde seguir. Não se
sabe sequer quem é quem. Por exemplo: este miúdo sentado no pátio de uma casa na
Rua Duque da Terceira, no Porto, a pregar pregos muito direitos numa tábua. Quem me
garante ao certo que sou eu? Agora há um avô recostado numa poltrona com uma
guitarra adormecida no colo.
E eis que minha mãe e minha avó pegam em mim muito aflitas e me levam a correr
para uma farmácia depois de eu (provavelmente o miúdo que pregava pregos numa
tábua) ter engolido uns comprimidos granulados de um remédio do avô (talvez o mesmo
recostado numa poltrona). Vá lá saber-se quem é o miúdo que sobe ao andar de cima e
vê a mãe numa grande cama entre lençóis muito brancos a mostrar-lhe um embrulho
pequenino de onde sai uma cabeça cheia de pelos negros.
- É a tua irmã - diz a mãe.
Ao que o miúdo (talvez eu) responde com (dirão mais tarde) uma inconveniência.
Sim, é difícil escrever um livro. Como contar a aflição do miúdo (talvez o da tábua,
possivelmente o mesmo dos comprimidos, se calhar eu) quando lhe vestem uma camisola
azul de mangas curtas. Sente-se completamente despido, tão nu como se estivesse de
pirilau ao léu, e assim passará o dia todo, mesmo em Aveiro, diante da família que foram
visitar, depois do avô (o da guitarra) que tudo lhe perdoa, lhe ter dado uma palmada
para ver se o cala. Mas quem cala quem? Parece que este (mas possivelmente estou a
presumir) não é de se calar.
Eis senão quando o tal que não suporta mangas curtas está na varanda de uma casa
na Costa Nova e vê passar num barco a motor um homem, digamos um cavalheiro, de
pé, com um boné azul, a dizer-lhe adeus. Apetece-me escrever, mas como ter a certeza,
que é o meu avô paterno (não o da guitarra), esse que passa de pé no meio do barco,
ainda agora sinto um nó na garganta, porque tenho a impressão de que aquele aceno de
mão foi mesmo um adeus, nunca mais o vi, supondo que o miúdo que está na varanda é
o mesmo que pregava pregos, engoliu os comprimidos, fez uma fita por causa das
mangas curtas e agora, passados tantos anos, está a ponto de acreditar que é este que
escreve e já não é capaz, nunca mais foi, de pregar um prego.

Manuel Alegre, O Miúdo que Pregava Pregos numa Tábua,


Lisboa, Publicações Dom Quixote, 2010

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B. Completa cada uma destas cinco afirmações com a alínea que te pareça mais de acordo
com o sentido do texto.

1. "É difícil escrever um livro"- É uma afirmação do narrador. A primeira dificuldade a que faz
referência prende-se com
a) a falta de inspiração no início de qualquer obra.
b) o bloqueio da folha em branco.
c) a organização das sequências da obra.
d) a tipologia de texto.

2. As personagens intervenientes nesta história do "miúdo que pregava pregos" são, além do
próprio miúdo,
a) um avô que tocava guitarra e tinha um barco a motor, a mãe e uma avó.
b) um avô materno, um avô paterno, uma avó e a mãe.
c) um avô materno, um avô paterno, uma avó, a mãe e uma irmã recém-nascida.
d) dois avôs, a mãe e uma irmã recém-nascida.

3. O disparate mais significativo feito pelo "miúdo", e que é relatado neste excerto, foi
a) o de ter tomado um medicamento do avô.
b) o de pregar pregos numa tábua.
c) o de não querer vestir uma camisola de manga curta.
d) o de não querer ver a irmã.

4. "Sim, é difícil escrever um livro. Como contar a aflição do miúdo (...) quando lhe vestem
uma camisola azul de mangas curtas."
O obstáculo a que o narrador agora faz referência prende-se com
a) a dificuldade de recordar e transmitir sentimentos e emoções.
b) a dificuldade de recordar momentos da infância.
c) a dificuldade de construir uma personagem.
d) a dificuldade de recordar o que se sentiu.

5. A história que este excerto nos conta situa-se


a) em vários espaços, mas só um deles está explícito.
b) numa casa situada na Rua Duque da Terceira, no Porto.
c) numa casa situada na Costa Nova.
d) em vários espaços, mas dois deles evidenciam-se: o pátio da Rua Duque da Terceira,
no Porto e a varanda duma casa na Costa Nova.

GRUPO II
A. Lê o texto que se segue:

O mágico
Havia em certa terra um homem entendido em artes mágicas, que nunca queria tomar
criado que soubesse ler para não lhe apanhar o segredo dos seus cartapácios. Foi um
moço oferecer-se, dizendo que não sabia ler e assim ficou a servi-lo; Leu todos os livros
da livraria do mágico, e quando já podia competir com ele, fugiu com todos os livros. Um
dia o discípulo achou-se mestre e quis viver das suas artimanhas; disse a um criado que
fosse à feira vender um lindo cavalo que devia estar na estrebaria, marcou-lhe o preço, e
ordenou que assim que o vendesse lhe tirasse logo o freio. À hora da feira o criado foi à
estrebaria e lá achou o lindo cavalo e partiu com ele para o mercado. Estava na feira o
mágico que tinha sido roubado, e conheceu logo debaixo da forma de cavalo o seu
antigo discípulo; foi ajustar o preço, pagou a quantia tão depressa, que o criado se
esqueceu de tirar o freio ao cavalo. Quando o quis fazer já não foi possível, porque o
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mágico disse que o contrato estava fechado desde que lhe entregara o dinheiro. O
mágico levou o cavalo para casa, muito contente por se poder vingar à vontade do seu
inimigo que lhe havia roubado toda a sua sabedoria. De uma vez disse ao criado que
fosse à ribeira levar o cavalo a beber, mas que não lhe tirasse o freio. O cavalo andava
muito triste, cheirava a água mas não bebia; o criado lembrou-se de lhe tirar o freio,
pensando que ele assim beberia. De repente o cavalo transforma-se numa rã, e some-se
pela água. O mágico que estava à janela de sua casa viu aquilo, e transformou-se num
sapo, para ir apanhar a rã. O discípulo, que sabia a sorte que o esperava se tornasse a
cair em poder do mestre, transformou-se numa pomba, e voou, voou por esses ares; o
mágico transformou-se num milhafre, e correu atrás da pomba para trazê-la. Já ia muito
cansada a pomba, e quase a ser agarrada, quando viu uma princesa que estava num
terraço, e foi-lhe cair ao colo, transformando-se num anel de grande preço. A princesa
pasmada com o que viu, e com a lindeza da joia meteu-a no dedo; o mágico viu que
nada podia fazer, e como ainda estava na forma de milhafre entra pelo quarto do rei
adentro e põe-lhe um cabelo no copo do leite que ele ia beber. O rei, já se sabe, teve
uma grave doença, foram chamados todos os médicos, mas nenhum era capaz de o
curar; o mágico apareceu sob a figura de um médico e prometeu dar saúde ao rei, mas
só se lhe desse o anel que a princesa trazia no dedo. O rei disse que sim; então o anel
transformando-se num lindo rapaz pediu à princesa que quando o rei lhe mandasse
entregar o anel ao mágico, que não lho desse na mão, mas que o atirasse ao chão para
ele o apanhar. O rei passados dias ficou bom, e assim que o médico veio à corte, pediu o
anel. A princesa mostrou-se triste mas obedeceu; tirou o anel e deitou-o ao chão, como
se estivesse zangada. O anel transformou-se numa romã que toda se esbagoou pela
sala; mas o mágico transformou-se em galinha, e num instante foi engolir todos os
grãos. Ficou um único grãozinho por trás de uma porta, e transformou-se numa raposa,
que se atirou à galinha e a comeu num instante. A princesa ficou muito pasmada com
aquilo, e pediu à raposa que se transformasse em príncipe que casaria com ele. E ele
assim fez e foram muito felizes.
(Algarve) Teófilo Braga, Contos Tradicionais do Povo Português,

B. Vamos analisemos o texto seguindo as “categorias da narrativa” abordadas nas últimas


aulas:

1. Começa por numerar de 1 a 5 as sequências da narrativa de acordo com a leitura que


fizeste do texto.
«De uma vez disse ao criado que fosse à ribeira (...) transforma-se numa rã, e some-
se pela água.»
«Estava na feira o mágico que tinha sido roubado, e (...) havia roubado toda a sua
sabedoria.»
«O mágico que estava à janela de sua casa (...) E ele assim fez e foram muito
felizes.»
«Havia em certa terra um homem (...), fugiu com todos os livros.»
«Um dia o discípulo achou-se mestre e (...) com ele para o mercado.»

1.1. Como se organizam as sequências da narrativa neste conto?

2. Centra-te nas personagens do texto.


2.1. Quem são os protagonistas?
2.2. Dá o exemplo de uma personagem figurante.
2.3. Caracteriza física e psicologicamente o mágico.
2.4. Diz quais os processos de caracterização usados pelo narrador e transcreve um
exemplo para cada um.
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3. Debruça-te agora sobre o narrador.
3.1. Faz o levantamento das marcas que te permitem classificá-lo relativamente à
presença.
3.2. Classifica-o quanto à posição justificando com elementos textuais.

4. Atenta no tempo e no espaço em que decorre a ação.


1.1. Faz o levantamento das marcas temporais e espaciais presentes.
1.2. Consideras que as marcas encontradas são suficientes para caracterizar com
clareza o tempo e o espaço? Justifica a tua resposta.

GRUPO III
C. Lê o texto que se segue:

14 de dezembro, quinta-feira
Já não posso ouvir a minha mãe! Passa o tempo todo a puxar o assunto das
arrumações. Hoje, ao pequeno-almoço, passei-me. Decidi arrumar o meu quarto e calá-la
de uma vez por todas, para não ter de a ouvir reclamar durante o tempo de férias que
me resta!
O pior é que tenho de dar o braço a torcer e admitir que tinha montanhas de papel de
que não preciso. As gavetas da minha secretária pareciam um aterro sanitário, onde se
deixa todo o tipo de coisas. Neste caso eram papéis, canetas, bilhetes trocados nas
aulas... Não fazia ideia de que tinha tanta coisa — mesmo depois da primeira arrumação
que fiz, logo no início das férias. Parece que o papel nasce nas minhas gavetas!
Encontrei bilhetes que troquei nas aulas com a Joana e a Rita. A maior parte deles não
faz sentido nenhum. Mas eu lembro-me de todas as conversas que estávamos a ter ou
de todas as situações que originaram aqueles comentários! Já te aconteceu a mesma
coisa?!
De repente senti umas saudades incríveis da Joana! Peguei no telefone e liguei-lhe. O
telefone tocou, tocou, tocou... (...)
Sofia Afonso, O Décimo Segundo Livro do Diário de Sofia,
Editorial Presença

1. Identifica o tipo de texto.


2. De acordo com o estudo que efetuámos na aula, indica cinco características
fundamentando.

GRUPO IV
A. Responde às questões que se seguem sobre o conhecimento explícito da língua, de acordo
com as orientações que te são dadas:
1. Classifica quanto ao tipo e à forma as seguintes frases:
a) Não soube responder-lhe.
b) É difícil escrever um livro!
c) Quem me garante ao certo que sou eu?

2. Analise sintaticamente as frases:


a) O avô acena ao miúdo.
b) Um miúdo pregava pregos.

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3. Identifica as classes das palavras seguintes:
a) uns livros b) aflição c) vestem d) mangas curtas

4. Indica as subclasses a que pertencem os nomes seguintes:


a) Costa Nova b) cardume c) irmã d) inconveniência

5. Qual o plural de ...?


a) Álbum b) Atum c) Bênção d) Corrimão
e) Fóssil f) Júnior g) Lilás h) Néctar

6. Qual o feminino de ...?


a) bode b) czar c) órfão d) vítima
e) pigmeu f) sabichão g) Veado h) Zangão

7. Completa os espaços em branco com hipónimos dos hiperónimos apresentados.


a) Sobremesa: ____________,____________, ____________
b) Bebida: ____________,____________, ____________
c) Lacticínio: ____________,____________, ____________
d) Leguminosa: ____________,____________, ____________
e) Massa: ____________,____________, ____________

8. Refere os hiperónimos de “rádio, televisão, telefone”, “algodão, seda, veludo” e “vivenda,


apartamento, caravana”.

9. Classifica os pares de palavras indicadas:


9.1 Cela/Sela 9.2. ópera/ opera 9.3. lente/lente 9.4. moral/mural

10. Indica a “voz” destes animais:


a) boi b) camelo c) canário d) cisne

10.1 Que nome têm estas palavras?

10.2 Indica quem:


a) bale b) sibila c) pipia d) zumbe

11. Nas frases seguintes distingue os adjetivos qualicativos e os adjetivos numerais.


a) Quando os primeiros raios de sol surdiram, ele sentia-se bem desperto.
b) A minha mãe tem uns belíssimos olhos azuis.
c) A festa da centésima aula de Português foi interessante e divertida.

12. Indica o grau normal dos superlativos absolutos sintéticos seguintes:


Paupérrimo Amaríssimo dulcíssimo Crudelíssimo
sapientíssimo nobilíssimo amicíssimo

13. Identifica os adjetivos nas frases abaixo e indica o respetivo grau:


1. A China é o país mais populoso do mundo.
2. Os brasileiros são mais simpáticos do que os portugueses.
3. Vinha hoje no jornal um artigo interessantíssimo sobre o número de horas que as crianças
gastam a ver televisão.
4. Descobriram esta semana no México umas peças de cerâmica antiquíssimas.
5. Dom Quixote é a personagem mais célebre das figuras da literatura do mundo inteiro.

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6. Quando entrei para o exame estava muito nervosa mas depois acalmei.
7. A bandeira do Brasil é verde e amarela.
8. Não sei como é que eles se foram desentender; eles eram amicíssimos!

14. Identifica a subclasse das palavras sublinhadas:


14.1. D. Afonso usou um belo capacete bélico.
14.2. Era um rei de carácter bélico.

15. Sublinha as preposições presentes nas expressões seguintes:


Casa entre montanhas; Prancha de surf; Papel de embrulho;
Fogão a gás; Campo de futebol

16. Atenta nas frases e classifica morfologicamente as palavras sublinhadas:


1. Esta oliveira é grande, mas aquela é maior.
2. Não há nenhuns ramos mais bonitos que os seus.
3. Está alguém a espreitar a nossa árvore.
4. A avó disse-lhe para ficar.
5. Estes berlindes são maiores do que os meus.

17. Depois de identificares o sujeito e o complemento direto nas frases seguintes, passa-as para a
passiva.
1. A Mariana estuda a lição.
2. Ambos comeram febras com batatas fritas.
3. O Paulo e o Alfredo compraram os livros.
4. Todos escutavam o professor.

18. Agora treina passar da voz passiva para a ativa:


1. O campo de futebol foi invadido pela alegria.
2. Ele será interrogado por mim.
3. O Presidente era aclamado pela multidão.
4. A árvore foi derrubada pelo lenhador.
5. Ações humanitárias são praticadas.

19. Identifica os constituintes da frase sublinhados:


1. Este rapaz e os seus cães não têm medo.
2. O rapaz viu as árvores muito floridas.
3. A avó deu uma prenda aos netos.
4. Nós regressámos ontem.
5. A luz do sol espalhou-se pelos montes.
6. Amanhã vamos à praia.
7. Ele chegou muito depressa a casa.

20. Assinala e classifica os sujeitos das frases seguintes:


1. Trovejou muito ontem.
2. Achei as cerejas muito saborosas.
3. Há muito tempo que não o via.
4. Diz-se que a Ângela e a Rita são primas.
5. Corria serenamente, entre arbustos muito verdes, o rio…
6. O Luís e a namorada apanharam um susto com o fantasma no meio da noite.

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