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Área Temática: Direito, Constituição e Democracia

BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA: aspectos jurídicos


constitucionais da PEC 06/2019

Igor Costa Gressler1; Leonardo Argenta Dutra2; Fabiano Fabrício Ehrhardt3


Orientador: Prof. Me. Guilherme Volpato de Souza

Resumo:
Este estudo tem por objetivo analisar a (in)constitucionalidade das alterações sugeridas na
Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 06/2019, para o Benefício de Prestação Continuada (BPC),
em relação aos idosos.
Introdução:
O direito à Assistência Social está previsto no art. 203 da Carta Magna, garantindo, dentre
outros objetivos, o pagamento de um benefício no valor de um salário mínimo às pessoas com
deficiência e aos idosos com 65 anos ou mais que não possam prover seu sustento ou tê-lo provido
por sua família. Entretanto, a PEC 06/2019 pretende alterar os atuais requisitos para concessão do
referido benefício aos idosos, uma vez que, propõe a inserção do inciso VI sobre dois aspectos:
aumento para a idade mínima de acesso para 70 anos, e desvinculação do valor do benefício
assistencial ao salário mínimo.
A garantia de concessão de benefício assistencial à pessoa idosa, no ínfimo valor de um salário
mínimo, é o reconhecimento da necessidade de tratar uma população que tem maiores dificuldades
de acesso ao mercado de trabalho a ter garantido seu mínimo existencial.
Metodologia:
Para fins de abordagem o presente estudo utilizar-se-á da metodologia dedutiva, vez que parte
da análise da proposta de redução do valor do benefício assistencial exarada da PEC 06/2019, para,
ao final, verificar sua compatibilidade com o texto constitucional. Quanto ao procedimento, será
usado o método monográfico.
Resultados e discussões:
A inserção da redação do inciso VI no art. 203 da Carta Magna afasta a garantia constitucional
de que o benefício assistencial, seja de valor de um salário mínimo. Na regra proposta, há duas faixas
de benefícios para idosos carentes — a partir dos 60 anos, com valor de R$ 400,00 (quatrocentos
reais), e a partir dos 70 anos, no valor de um salário mínimo, que atualmente corresponde a R$ 998,00
(novecentos e noventa e oito reais). Assim, idosos sem meios de se sustentar teriam de aguardar até
os 70 anos para perceber integralmente o BPC.
No entanto, os direitos sociais previstos na Constituição não podem ser reduzidos ou
suprimidos, em razão do princípio da vedação ao retrocesso social, que indubitavelmente tal medida
acarretaria. De outro lado, o BPC é um direito social fundamental, razão pela qual não pode ser

1
Estudante do Curso de Direito, da Antonio Meneghetti Faculdade. E-mail: igorgressler55@gmail.com
2
Estudante do Curso de Direito, da Antonio Meneghetti Faculdade. E-mail: leonardoargentadutra@gmail.com
3
Estudante do Curso de Direito, da Antonio Meneghetti Faculdade. E-mail: fabianofabricio1797@gmail.com
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reduzido ou alterado por Emenda Constitucional, mormente constituir cláusula pétrea, na forma do
artigo 60, §4º, IV, da Constituição.
Conclusões:
Conforme as considerações acima elucidadas, verifica-se que a redução do BPC para valores
inferiores ao salário mínimo é inconstitucional. Isso porque, sua concretização implicaria em
retrocesso social, além de violar um direito social fundamental que garante o mínimo existencial dos
idosos. Logo, se aprovadas, as medidas tendem a reduzir a cobertura do sistema de assistência e,
ampliar a vulnerabilidade de renda desta população no país.

Palavras-chave: Benefício de Prestação Continuada; Inconstitucionalidade; Idoso; Salário mínimo.

Referências:
BRASIL. Proposta de Emenda à Constituição. Modifica o sistema de previdência social, estabelece
regras de transição e disposições transitórias, e dá outras providências. Disponível em:
https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=1712459&filename=PE
C+6/2019. Acesso em: 09 jun. 2019.
COUTO, Berenice Rojas. O Direito Social e a Assistência Social na Sociedade Brasileira: uma
equação possível?. 4ª. Ed. São Paulo: Cortez Editora, 2010.
IBRAHIM, Fábio Zambitte. Curso de direito previdenciário. 20. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2015.

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