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D A LÍNGUA A O D I S C U R S O
Introdução
Para tratar dessa questão, a Semiótica passa por mais duas fases. A
primeira examina as modalizações do ser (Barros, 1995, p.88-91). Foi
mostrado acima que, para a Semiótica, existem dois tipos de enuncia-
dos elementares: o de estado e o de fazer. O exame das modalidades do
fazer levou ao estudo das condições modais necessárias para a realiza-
ção da ação. No entanto, é preciso verificar que o sujeito de estado (um
2 Todos os exemplos desta parte foram tirados do corpus do projeto do Dicionário de usos do portu-
guês, coordenado por Francisco da Silva Borba.
3 Evidentemente, o uso do subjuntivo merece um estudo mais detalhado, que não pode ser feito nos
limites deste trabalho. A afirmação de que o subjuntivo não é categórico, mas opcional, precisa ser
comprovada com mais exemplos reais.
O poeta começa por declarar que tem o que não quer e não t e m o
que quer. É u m sujeito modalizado, portanto, pelo não querer ser e não
pelo querer ser. Mais ainda está - modalizado não pelo querer ser, mas
pelo dever ser, pela necessidade, e não deseja essa modalização (Não
quero óculos nem tosse/Nem obrigação de voto). O que deseja é o i m -
possível, o que não pode ser: a solidão dos píncaros, a água da fonte es-
condida, a rosa que floresceu sobre a escarpa inacessível, a luz da
primeira estrela, piscando no lusco-fusco, dar a volta ao mundo só n u m
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Alfa, São Paulo, 44:171-192, 2000
R e f e r ê n c i a s bibliográficas