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CONCEITO
Deve-se escolher a incisão que menos dano cause a essas estruturas anatômicas, com o
objetivo de favorecer uma melhor cicatrização, o que evita uma possível evisceração, hérnia
incisional, hipotrofia muscular ou debilidade da parede.
PRINCÍPIOS
Para que uma laparotomia ofereça segurança para o paciente e conforto para o cirurgião
ela deverá ser realizada em obediência a normas bem definidas. Princípios foram ditados aos
cirurgiões pela prática de cada dia na longa evolução da arte cirúrgica, mostrando a eles as
técnicas mais seguras. Nem sempre podemos obedecer a todos os princípios, sendo
necessário, em varias situações, priorizar os mais importantes para cada caso.
Abrir a cavidade abdominal é sempre um risco que obriga o cirurgião a um raciocínio seguro,
evitando uma indicação duvidosa e uma consequente laparotomia branca, isto é, a abertura
desnecessária do abdome normal. O cirurgião hoje dispõe de refinados procedimentos
propedêuticos não-invasivos, especialmente os de imagem, que lhe permitam segurança na
confirmação do diagnóstico clínico.
É exigência de todo ato cirúrgico, porém tem que ser observada com especial rigor na
abertura da cavidade abdominal, onde a ocorrência de uma infecção é muito mais grave
que em uma cirurgia de superfície, podendo levar o paciente ao óbito.
PRINCÍPIO 3 – SER REALIZADA SEMPRE QUE POSSÍVEL PRÓXIMO AO ÓRGÃO A SER OPERADO
A exploração da cavidade tem duas finalidades: permitir ao cirurgião avaliar o órgão a ser
operado e identificar outras doenças, não suspeitadas no pré-operatório e que deverão
também ser tratadas cirurgicamente.
Nas laparotomias pararretais laterais a lesão dos ramos intercostais, motores dos retos
abdominais, causa a paralisia desses músculos, criando pontos fracos que permitem o
desenvolvimento de hérnias com grandes dimensões e difícil tratamento. Estas incisões devem
ser evitadas a todo custo.
Às vezes, mesmo com planejamento bem feito, o cirurgião se depara com situações em que a
incisão tem que ser prolongada. Isto é comum nos traumas abdominais, por exemplo. Está aí
mais uma vantagem das incisões longitudinais, quando a necessidade de um prolongamento
é bem mais fácil e menos traumática que nas transversas.
A segurança do paciente e o conforto do cirurgião tem prioridade, mas sempre que possível,
em função da estética, uma incisão menor, que obedeça as linhas de força da pele, deve ser
realizada.
CLASSIFICAÇÃO
1. ELETIVA:
Cirurgião dispõe de vários dias ou semanas, a partir da indicação da cirurgia, para preparar o
paciente, ou para melhor adequar a data da operação ao interesse do paciente ou de si
próprio.
Pode ser feita com diagnóstico da doença cirúrgica já firmado ou sem diagnostico definido,
situação esta ultima que recebe a denominação de laparotomia exploradora.
2. URGÊNCIA:
Cirurgião dispõe apenas de algumas horas, minutos ou segundos, desde a indicação cirúrgica
até o momento do início da laparotomia.
A laparotomia eletiva exploradora deve ser evitada ao máximo, pois sempre é bom o
cirurgião saber previamente o que ele vai operar.
Quanto a direção:
Quanto a direção, a laparotomia pode ser: longitudinal, também conhecida por vertical,
como a mediana e a paramediana; transversal, também denominada horizontal; oblíqua e
curvilínea.
A laparotomia mediana é feita por meio da secção dos tecidos localizados, conforme seu
nome sugere, na linha mediana do abdome, possuindo extensão variável, na dependência
da cirurgia a ser realizada.
A laparotomia paramediana e paralela a linha mediana do abdome, pode localizar-se a
direita ou a esquerda, possui também extensão variável e divide-se em transretal e pararretal,
esta podendo ser medial ou lateral.
Laparotomia oblíqua é aquela incisão que forma um ângulo diferente de 90° com a linha
mediana (McBurney e Kocher).
Laparotomia curvilínea é aquela em forma de arco, por isso também denominada incisão
arciforme (Pfannenstiel).
Quanto ao umbigo:
E importante salientar que todas elas, com exceção da xifopúbica, podem ser prolongadas
de acordo com a necessidade verificada no momento da cirurgia. É claro que a xifopubica
pode também ser ampliada, mas para o tórax, constituindo, nessa eventualidade, uma
variedade de laparotomia conhecida por toracoabdominal.
Quanto a complexidade:
As simples são aquelas que se localizam apenas no abdome e que seguem o padrão
classicamente descrito para uma determinada laparoromia.
A divisão topográfica do abdome é feita pelo traçado de linhas imaginárias sobre a parede
ântero-lateral do abdome, sendo três horizontais e duas verticais.
O abdome fica dividido em três andares - superior, médio e inferior - sendo cada um deles
subdividido em três regiões: uma central e duas laterais.
Uma incisão longitudinal, que passe pela borda lateral do reto, como na laparotomia
paramediana pararretal externa, desnervará o músculo; uma realizada entre as bordas lateral
e medial do reto, como na laparotomia paramediana transretal, desnervará a parte medial
do músculo.
FISIOPATOLOGIA
A parede abdominal exerce papel de prensa sobre o conteúdo visceral do abdome e auxilia
na defecação, micção, tosse, vômito, respiração e trabalho de parto.
A ação coordenada da parede abdominal e torácica permite o fluxo sanguíneo nas vísceras
e a progressão das fezes, além de proteger e restringir as vísceras abdominais e a musculatura
da parede abdominal, agindo indiretamente na flexão da coluna vertebral.
INDICAÇÕES
Uma laparotomia está indicada toda vez que houver necessidade de uma via de acesso a
determinado órgão ou estrutura anatômica, desde que não seja possível acesso menos
invasivo, como o videolaparoscópico.
LAPAROTOMIA MEDIANA
É de rápida execução, tanto em relação à diérese quanto ao seu fechamento, e por isso tem
sido muito utilizada, principalmente nos serviços de pronto-socorro.
INCISÃO DE MCBURNEY
Também conhecida por incisão estrelada ou alternante, porque a abertura dos planos
musculares é feita em direções onde se cruzam.
INCISÃO DE PFANNENSTIEL
É aquela em que o cirurgião intervém rompendo a continuidade dos tecidos. Tem como
sinonímia exploração cruenta. Realizada quando se deseja uma avaliação real de uma
estrutura fixa ou situada no retroperitônio.
Os principais órgãos ou estruturas que necessitam dessa exploração são o fígado, bolsa
omental, baço, duodeno, pâncreas, rins, ureteres e grandes vasos.
A exploração invasiva deve ter indicação precisa e ser feita de maneira dirigida, ou seja, o
cirurgião concentrará sua atenção apenas naquela(s) estrutura(s) suspeita(s).
E importante salientar que as manobras a seguir citadas como exploratórias podem também
fazer parte de vários procedimentos cirúrgicos específicos.
MANOBRA DE CATTEL
Permite expor a veia cava infra-renal e as veias ilíacas comuns, além de parte do ureter direito
e face posterior do colo ascendente.
Consiste na incisão, com tesoura, do peritônio parietal, que é muito pouco vascularizado,
próximo da borda externa do intestino grosso, desde o ceco ate a flexura direita do colo.
MANOBRA DE KOCHER
A mobilização do bloco duodenopancreático pode ser necessária: para identificar uma lesão
traumática, para visualização da parte infra-hepática da veia cava inferior, para exploração
da via biliar principal, para o exame da cabeça do pâncreas, para permitir que o duodeno se
aproxime mais de um coto gástrico quando da realização de uma gastrectomia.
Consiste na secção, com tesoura, do peritônio parietal, que é muito pouco vascularizado,
próximo da borda convexa do arco duodenal, o que permite expor a segunda parte
duodenal e a região proximal terceira, além da cabeça do pâncreas. Assim, essa manobra
oferece ao cirurgião a oportunidade de visualizar e palpar o bloco anatômico constituído por
parte do arco duodenal e cabeça do pâncreas.
MANOBRA DE MATTOX
Consiste na incisão, com tesoura, do peritônio parietal, que é muito pouco vascularizado,
próximo da borda externa do intestino grosso, desde a flexura esquerda do colo, inclusive, ate
o colo sigmóide.
A manobra de Mattox é muito semelhante a de Cattel, mas com a diferença que é feita à
esquerda.
Permite acessar os vasos ilíacos comuns esquerdos; a aorta até tronco celíaco, incluindo a
origem das artérias mesentéricas inferior e superior; a veia renal esquerda, a veia supra-renal
esquerda e a glândula supra-renal esquerda; os vasos gonadais esquerdo; os dois terços
superiores do ureter esquerdo; e a face anterior do rim esquerdo.
COMPLICAÇÕES - EVISCERAÇÃO
É a saída de vísceras do abdome para o meio externo, após a deiscência completa de todos
os planos anatômicos, inclusive a pele. Situação dramática para o doente, a família e o
cirurgião, que normalmente é pego de surpresa. Ocorre com maior frequência em pacientes
desnutridos ou tossidores crônicos pelo uso de cigarro.
A hérnia incisional, cuja sinonímia é eventração, tem como causas principais o fechamento
deficiente, tecnicamente, da laparotomia, e a infecção de parede abdominal.
Uma vez instalada a hérnia incisional, deve-se aguardar até que o tecido fibroso local sofra
maturação completa e programar a correção cirúrgica.