Você está na página 1de 12

30 Anatomia foliar de Psychotria viridi...

ANATOMIA FOLIAR DE Psychotria viridis


RUIZ & PAV. (RUBIACEAE)

MARIANA MARTINS DA COSTA QUINTEIRO1


DANIEL CABRAL TEIXEIRA1
MOEMY GOMES DE MORAES1,2
JANIE GARCIA DA SILVA1

1. Departamento de Biologia Geral, Instituto de Biologia, Universidade Federal Fluminense.


2. Caixa Postal 100.436, CEP24001-970, Niterói, RJ, Brasil (moemy@vm.uff.br).

RESUMO: Quinteiro, M.M.C.; Teixeira, D.C.; Moraes, M. G.; Silva, J. G. Anatomia foliar de Psychotria
viridis Ruiz & Pav. (Rubiaceae). Revista Universidade Rural: Série Ciências da Vida, Seropédica, RJ:
EDUR, v. 26, n2 p. 30-41, jul-dez,2007. Psychotria viridis Ruiz & Pav. é uma Rubiaceae nativa da região
Amazônica que vem sendo cultivada em outras regiões por ser constituinte da Ayahuasca, uma bebida
ritualística e com propriedades medicinais. Neste trabalho foi analisada a anatomia das folhas de P. viridis,
de plantas cultivadas na zona de amortecimento do Parque Estadual dos Três Picos, município de Nova
Friburgo (RJ). Foram observadas as seguintes características: pecíolo circular, passando a plano-convexo
na porção distal, apresenta colênquima angular, parênquima com idioblastos contendo ráfides e feixe vascular
colateral em arco com extremidades fletidas para o interior. A lâmina foliar é dorsiventral, hipostomática, com
estômatos paracíticos e paralelocíticos. Tricomas tectores foram encontrados na face abaxial. Foram obser-
vadas domácias na superfície abaxial da nervura central. Substâncias fenólicas, lipídeos e alcalóides foram
detectados nas células parenquimáticas do mesofilo, nas células ao redor da domácia e na epiderme dos
coléteres. As estruturas morfológica e anatômica das folhas de P. viridis correspondem a de plantas mesófitas,
estão em concordância com as características gerais do gênero Psychotria e da família Rubiaceae. Distin-
guem-se, entretanto, por apresentar, na face adaxial, células epidérmicas contendo uma drusa por célula e
domácias infundibuliformes diferentes das descritas até o momento para a família.
Palavras-chave: Ayahuasca, domácia, Rio de Janeiro

ABSTRACT: Quinteiro, M.M.C.; Teixeira, D.C.; Moraes, M. G.; Silva, J. G. Leaf anatomy of Psychotria
viridis Ruiz & Pav. (Rubiaceae). Revista Universidade Rural: Série Ciências da Vida, Seropédica, RJ:
EDUR, v. 26, n2 p. 30-41, jul-dez,2007. Psychotria viridis Ruiz & Pav. is a native Rubiaceae from Amazon
Region which has been cultivated abroad due its use as a component of Ayahuasca, a ritualistic drink with
medicinal properties. This work was analyzed the leaf anatomy of P. viridis plants growing in the region of
Parque Estadual dos Três Picos, Nova Friburgo, Rio de Janeiro State. The following anatomical features were
found: round petiole to plan-convex on distal portion, with angular collenchyma, parenchyma with raphide
idioblasts, colateral vascular bundle, arch-shaped whose borders are internally curved. Dorsiventral,
hypostomatic leaves, with paracytic and parallelocytic stomata. Trichomes were found on the lower epidermis.
Domatia were found on midvein from lower epidermis. Phenolic compounds, lipids and alkaloids were present
along parenchyma mesophyll cells, around domatia and colleters epidermis. P. viridis leaf morphology and
anatomy match with mesophytic plants features and are in agreement to general attributes of the genus
Psychotria and Rubiaceae family. However it distinguishes by showing upper epidermis with one druse in
each cell and infundibuliformis domatia, which are different from the ones already described for other Rubiaceae
species.
Key words: Ayahuasca, domatia, Rio de Janeiro.

INTRODUÇÃO Ayahuasca. O chá é utilizado em rituais


rel igiosos, inici almente dos pov os
Psychotria viridis Ruiz & Pav., indígenas da Região Amazônica e,
pertencente à família Rubiaceae, é uma posteriormente, em diversos outros, como
planta nativa da Amazônia que vem sendo Santo Daime, União do Vegetal e
utilizada e cultivada em diferentes regiões Barquinha. A bebida é feita da decocção
do Brasil e do mundo, por ser constituinte do caule do cipó Banisteriopsis caapi
de uma bebida ritualística e medicinal, a (Spruce) Morton. ex. Briesb.

Rev. Univ. Rural, Sér. Ci. da Vida, RJ, EDUR. v. 26, n. 2, jul-dez, p. 30-41, 2006.
Quinteiro, M.M.C.; et al. 31

(Malpighiaceae) com as folhas do arbusto MAO -A, a tet rahi droharmina inibe
Psychotria viridis (Rubiaceae), sendo fracamente a recaptação de serotonina
caracterizada com o alucinógena em sítios pré-sinápticos. Juntas, ambas
(MCKEENA, 1996). as ações aumentam as at iv idades
Algumas v ariações no f ei tio serotoninérgicas central e periférica, além
convencional da bebida são comumente de facilitar a psicoatividade da DMT
encontradas. P. viridis é a espécie mais (CALLAWAY et al., 1999).
comumente utilizada, produzindo um tipo A maioria dos trabalhos sobre P.
de experiência mais alucinógena e do tipo viridis são relacionados aos seus aspectos
visionária. Outras espécies utilizadas são farmacológicos, como os de Mckeena et al.
Psychotria carthagenensis Jacq. e (1984), Callaway et al. (1994) e Mckeena
Psychotria leiocarpa Mart. (LABATE, (1996), o que deixa lacunas na literatura,
2004). Os alucinógenos são uma classe pri ncipal mente no que se ref ere à
de agentes psicof arm acognósti cos taxonomia, anatomia e conservação desta
capazes de causar profundas mudanças espécie. Estudos sobre os efeitos da
no pensamento, no humor, na emoção e bebida sugerem remissão de desordens
na percepção. Os estados experienciais psíquicas prévias, incluindo ansiedade,
produzidos por sua ingestão são depressão e dependências alcoólica e
sem elhantes aos sonhos, estados química, como a da cocaína e do “crack”
meditativos da mente e aos estados (GROB et al., 1996). Por suas
psicóticos, embora não possam ser propriedades, P. viridis e B. caapi
identificados exatamente como nenhum despertam o interesse de pessoas de
destes estados (CALLAWAY et al., 1999). diversas partes do mundo, fato que pode
A bebida, portanto, é considerada como representar um risco para as plantas,
enteógena, o que significa farmaco- devido à exploração indiscriminada deste
logicamente uma ou mais substâncias recurso.
atuando em conjunto, capazes de alterar A família Rubiaceae apresenta 637
a consciência sem provocar alucinações gêneros e aproximadamente 10.700
e que despertam aspectos religiosos nos espécies sendo, portanto, um dos maiores
indivíduos (RUCK et al., 1992). grupos entre as Angiospermas
As folhas de P. viridis contêm um (ROBBRECHT, 1988). A estrutura foliar de
potente alcalóide alucinógeno de ação suas espécies caracteriza-se pela
rápida, a N, N-dimetiltriptamina (DMT), presença de hipoderme, estômatos do
enquanto o caule de B. caapi contém os tipo paracítico e paralelocítico, epiderme
derivados beta-carbolínicos: harmina, adaxial papilosa, mesofilo geralmente
tetrahidroarmina e harmalina como dorsiventral e ocorrência freqüente de
principais alcalóides. Esses são potentes domácias (METCALFE & CHALK, 1979).
inibidores seletivos da enzima monoamina Outra característica típica é a presença
oxidase-A (MAO-A), para a qual a habitual de coléteres nas estípulas
serotonina e, provavelmente, outras (LERSTEN, 1974). Várias espécies de
triptaminas, incluindo a DMT, são os rubiáceas vêm sendo estudadas quanto
substratos preferenciais. A DMT não é a seus aspectos anatômicos, inclusive as
ativa quando ingerida oralmente, mas do gênero Psychotria, que possui cerca
pode se apresentar oralmente ativo de 1000 espécies (STEYERMARK, 1974).
quando na presença do inibidor periférico Dentre os estudos anatômicos no
da MAO e essa interação é a base da ação gênero, destacam-se os de anatomia foliar
alucinógena do chá. Enquanto a harmina de Psychotria nuda (Cham. & Schltdl)
e a harmalina inativam reversivelmente a Wawra e Psychotria leiocarpa Cham. &

Rev. Univ. Rural, Sér. Ci. da Vida, RJ, EDUR. v. 26, n. 2, jul-dez, p. 30-41, 2006.
32 Anatomia foliar de Psychotria viridi...

Schltdl (VIEIRA et al., 1992), Psychotria mat erial recém coletado f oram
stenocalyx Mül l. Arg. e Psychot ria submetidos aos testes histoquímicos
tenuinervis Müll. Arg. (VIEIRA & GOMES, Sudam III (SASS, 1951) para detecção de
1995, GOMES et al., 1995), Psychotria lipídeos e Dragendorff para alcalóides
velloziana Benth. (CUNHA & VIEIRA, (YO DER & MAHLBERG, 1976).
1993-1997) e Psychotria suterella Müll. Substâncias fenólicas foram detectadas
Arg. (BARROS et al. , 1997) todas com sulf ato f erroso em f ormol
espécies ocorrentes na Mata Atlântica. (JOHANSEN, 1940). Cristais de oxalato
O conhecimento sobre a biologia de cálci o f oram i denti f icados pela
das plantas e as variedades usadas sol ubili dade em ácido clorídrico e
constitui uma etapa importante para o insolubi lidade em ácido acét ico
melhor entendimento de características (STRASBURGER, 1986).
peculiares da bebida. Pesquisas sobre a Fragmentos da porção mediana
estrutura anatômica de folhas desta das folhas foram dissociados pelo método
espécie podem servir como subsídios de Jeffrey (JOHANSEN, 1940) e corados
para estudos taxonômicos, propiciar seu com safranina (1%) para visualização da
diagnóstico como matéria prima para epiderme. Todos os procedimentos foram
elaboração de medicamentos, além de feitos de acordo com a metodologia
contribuir para o conhecimento de sua descrita em Kraus & Arduim (1997).
relação com o ambiente no qual se As estruturas anatômicas foram
desenvolve. Neste trabalho foi descrita a analisadas através de secções trans-
anatomia foliar de P. viridis, visando obter versais, longitudinais e das epider-mes
dados para o mel hor m anej o e dissociadas da lâmina foliar, pecíolo e
conhecimento desta espécie. estípulas em microscópio óptico Olympus,
modelo CX40 e fotografadas em fotomi-
croscópio Olympus CX30. Os desenhos
MATERIAL E MÉTODOS esquemáticos foram realizados com
auxílio de câmara clara acoplada ao
Folhas completamente desenvol- microscópio estereoscópico, modelo
vidas, provenientes do terceiro nó caulinar, Olympus SZX12, seguindo o diagrama de
f oram coletadas de plantas que se Metcalfe & Chalk (1950).
desenvolvem na zona de amortecimento A classificação dos estômatos foi
do Parque Estadual dos Três Picos, feita de acordo com Metcalfe & Chalk
município de Nova Friburgo (RJ), em (1979), a do sistema vascular de acordo
altitude de 700 m, clima mesotérmico com LEAF ARCHITECTURE WORKING
sempre-úmido, com temperatura média GRO UP (1999) e a descrição das
de 17,8o C (LIMA & GUEDES-BRUNI, domácias seguiu os modelos analisados
1994). Estípulas presentes nos ápices por Barros (1959; 1961; 1962).
caulinares foram também coletadas. Um
ramo fértil foi herborizado e a exsicata RESULTADOS E DISCUSSÃO
depositada no Herbário do Jardim
Botânico do Rio de Janeiro, sob o número As folhas de Psychotria viridis
de registro RB 401.374. possuem pecíolo circular em sua parte
O material foi fixado em FAA50 proximal e plano-convexo em direção à
(JOHANSEN, 1940). Os cortes foram parte distal, t endo a part e adax ial
feitos à mão livre e corados com Azul de projeções laterais na região distal (Figura
Ast ra (1%) e Saf ranina (0, 5%) 1B). Seu limbo é do tipo lanceolado, com
(BUKATSCH, 1972). Cortes feitos em base cuneada e ápice agudo (Figura 1A),

Rev. Univ. Rural, Sér. Ci. da Vida, RJ, EDUR. v. 26, n. 2, jul-dez, p. 30-41, 2006.
Quinteiro, M.M.C.; et al. 33

é flexível e apresenta coloração verde- fenólicas. Idioblastos contendo ráfides


escura. Estas últimas características são estão dispersos no parênquima em volta
típicas de espécies encontradas em do feixe vascular (Figura 2B).
ambientes úm idos e som breados
(DI CKINSON, 2000). O padrão de
v enação é do tipo broqui dódromo,
caracterizado pela união das nervuras
laterais, formando arcos proeminentes
próximos à margem (Figura 1A). As
nervuras secundárias são levemente
ascendentes, algumas opostas, outras
alternas, formando arcos que não atingem
as margens (Figura 1A). Estas
características são similares as de P. nuda
e P. leiocarpa (VIEIRA et al., 1992). 10µm

b
Figura 2. (A) Sec ção transversal do pecíolo,
evidenciando a epiderme (ep) unisseriada e o
colênquima angular. Barra = 50µm. (ST). (B)
Pecíolo evidenciando o sistema vascular do feixe
10µm

principal, idioblastos contendo ráfides (’!); feixes


c
vasculares secundários (*). Barra = 200µm (ST).
(C) Pecíolo mostrando os elementos condutores
de xilema, floema e fibras. Barra = 50µm (ST). (D)
Lâmina foliar com padrão anatômico dorsiventral;
1 cm

1 mm

feixe vascular de menor calibre. ( ’! ). Barra = 50µm


(ST). (f = floema; x = xilema; fi = fibras; c.s. =
câmara subestomática)
a d
O sistema vascular é composto
Figura 1. (A) Aspecto geral da folha de P. viridis,
evidenc iando padrão de venaç ão do tipo por um feixe principal do tipo colateral
broquidódromo. (B) Parte dis tal do pec íolo, disposto em arco, com as extremidades
evidenciando o sistema vascular (ST). (C) Terço fletidas para o centro na parte adaxial
médio da lâmina foliar, evidenc iando sistema
(Figuras 1B-2B), que progressivamente se
vascular (ST). (D) Terço médio da parte abaxial da
nervura principal, evidenc iando o as pecto aproximam na porção mais distal do
morfológico das domácias. pecíolo. Na parte interna do feixe as
extremidades sofrem f ragmentação,
O pecíol o possui epiderme originando pequenos grupos de xilema e
unisseriada e coberta por cutícula delgada elementos de floema que se distribuem
(Figura 2A), com flanges cuticulares. O na região mais interna. Foram
colênquima é do tipo angular (Figura 2A) encont rados 3 a 4 f eixes m enores
e envolve todo o pecíolo, com 5 a 9 acompanhando lateralmente a nervura
camadas de células. Entre o colênquima central na parte distal do pecíolo. Os
e o f eix e v ascular, as células elementos condutores do xilema estão
parenquimáticas possuem conspícuos dispostos em séries radiais, separados
espaços intercelulares. Nessas células por células parenquimáticas (Fig 2C). Há
foram detectados alcalóides e substâncias presença de parênquima envolvendo o

Rev. Univ. Rural, Sér. Ci. da Vida, RJ, EDUR. v. 26, n. 2, jul-dez, p. 30-41, 2006.
34 Anatomia foliar de Psychotria viridi...

feixe central. Em direção à parte distal e família em questão. Os estômatos


do pecíolo, encontram-se fibras que encontram-se no m esmo nív el ou
progressivamente envolvem o feixes levemente acima das demais células
vascular principal e os de pequeno porte. epidérmicas (Figura 3C). Tricomas
Estes refletem a mesma organização do tectores unisseriados com 1 a 11 células
f ei xe princi pal, com exceção das est ão presentes (Figura 3D),
extremidades fletidas para o centro. principalmente na região das nervuras
A forma do feixe principal do principal e secundárias, onde ocorrem
pecíolo observada é comum em outras domácias.
rubiáceas. P. nuda (VIEIRA, 1986-1988), As características encontradas na
Coussarea graciliflora Benth. & Hook epiderme de P. viridis são comuns em
(TAVARES & VIEIRA, 1994), Rudgea Rubiaceaase, iniciando pelos tios de
macrophylla Benth. (MANTOVANI et al., estômatos, sendo o paracítico o mais
1995) e Tocoyena bullata (Vell.) Mart. comum na família (KOCSIS et al., 2004).
(VIEIRA, 1986-1988) igualmente possuem Os tricomas presentes apresentam
feixe central em forma de arco, com pequena div ersidade est rutural,
extremidades fortemente encurvadas. Em constituindo outro atributo comum em
T. bullata (VIEIRA, 1986-1988) ocorre
ainda o mesmo padrão de aproximação
progressiva de suas extremidades. Em R.
macrophylla (MANTOVANI et al., 1995) foi
também observado que as extremidades
do feixe principal sofrem fragmentação na
região da medula, originando pequenos
grupos de xi lema e f loema sem
organização definida.
A lâmina foliar de P. viridis possui
mesofilo dorsiventral (Figura 2D). A
epiderme é unisseriada, contendo parede
periclinal externa convexa. A parede
periclinal interna é reta, assim como as
paredes anticlinai s. As células
epi dérmicas, em v ista f rontal, são
poligonais (Figuras 3A-B). Na face adaxial,
as células apresentam 4-7 lados e
distingue-se por apresentar uma drusa por
célula (Figura 3A), além de cristais
Figura 3. (A) Vista frontal da face adaxial da
prismáticos. Na face abaxial, as células
epiderme da lâmina foliar dissociada evidenciando
possuem 3-6 l ados, são menores, uma drusa (’!) por célula. Barra = 50µm. (B) Vista
possuem formato mais variado (Figura frontal da face abaxial da epiderme da lâmina foliar
3B). A cutícula aparece estriada em dissociada demonstrando estômatos paracíticos e
paralelocíticos. Barra = 50µm. (C) Lâmina foliar com
ambas as faces, sendo mais espessa na
estômatos levemente ac ima das c élulas
face adaxial. epidérmicas (*). Barra = 50µm (ST). (D) Nervura
A folha é hipostomática com principal evidenciando tricomas tectores. Barra =
estômatos são do tipo paracítico e 50µm (ST). (E) Estípulas mostrando coléteres do
tipo padrão; idioblastos contendo ráfides (*). Barra
paralelocítico (Figura 3B). De acordo com
= 50µm (ST). (F) Detalhe do coléter. Barra = 200µm
Metcalf e & Chalk (1979) estas são (ST). (t = tricomas tectores; fv = feixe vascular das
características gerais comuns ao gênero estípulas)

Rev. Univ. Rural, Sér. Ci. da Vida, RJ, EDUR. v. 26, n. 2, jul-dez, p. 30-41, 2006.
Quinteiro, M.M.C.; et al. 35

Rubiaceae (ROBBRECHT, 1988). A forma subfamília Rubioideae, a qual pertence o


poligonal das cél ulas epidérmicas, gênero Psychotria e que a presença de
estruturada por paredes anticlinais retas drusas é freqüente em espécies Sul-
a levemente curvas, foi verificada em americanas. Entretanto, não f oram
outras espécies do mesmo gênero que encontrados relatos sobre a ocorrência de
vivem no interior da mata, como P. nuda uma drusa por célula epidérmica no
e P. leipocarpa (VIEIRA et al., 1992), P. gênero Psychotria, como observado nesta
velloziana (CUNHA & VIEIRA, 1993/ espécie. O papel da ocorrência de cristais
1997), ou em espécies de outros gêneros de oxal ato de cál cio nos v egetais
e habitats semelhantes, como Rudgea permanece por ser esclarecido. Na
decipens Müll. Arg e Rudgea macrophylla revisão feita por Nakata (2003) foi relatado
Benth. (MANTOVANI et al., 1995) e que, enquanto a formação de feixes de
espécies de Bathysa (GOMES et al., ráfides tem duas funções prováveis,
2000). regulação de cálcio intracelular e defesa
O mesofilo possui uma camada da planta contra herbivoria, a formação de
de parênquima paliçádico composto por drusas está estritamente envolvida na
cél ulas justapostas (Figura 2D), primeira função. Webb (1999) discute que
portadoras de lipídeos, substâncias pouco se sabe a respeito dos mecanismos
fenólicas e alcalóides. O parênquima em que as células controlam a morfologia
lacunoso possui 3-5 estratos de células dos cristais, sendo consenso, entretanto,
(Figura 2D). Os feixes vasculares de que estas formas estão sobre controle
pequeno port e possuem bai nha genético, sendo os tipos e padrões
parenquimática sem projeções. Foram suficientemente estáveis para serem
observados idioblastos com feixes de empregados com fins taxonômicos, o que
ráfides no mesofilo. O arranjo do mesofilo corrobora a afirmação de Lersten (1974)
é típico de mesófitas, encontrado em sobre a utilização da distribuição dos
outras espécies de Rubiaceae (VIEIRA et cristais com tal finalidade no gênero
al., 1992, CUNHA & VIEIRA, 1993/1997, Psychotria.
GOMES et al., 2000, KOCSIS et al., 2004). As estípulas de P. viridis são
Este arranjo com uma proporção de interpeciolares, o que é uma característica
parênquima paliçádico signif icativ a da família Rubiaceae e caem depois da
possibilita resulta em maior condutividade emergência da nova folha. Seu mesofilo
do dióxido de carbono, principalmente em é homogêneo, possui epiderme com
plantas de sombra (IVANOVA & tricomas uni e pluricelulares, portadores
P’YANKOV, 2002). de lipídeos e papilas na face abaxial.
A organização do sist ema Na superf ície adaxial das
vascular da nervura principal reflete a do estípulas, em meio aos tricomas ocorrem
pecíolo nos terços basal, mediano e apical coléteres com formato cônico a deltóide
da folha. O mesmo padrão de aproxima- (Figuras 3E-F), compostos por um eixo
ção progressiva das extremidades do fei- celular parenquimático rodeado por uma
xe principal pode ser observado (Figura 1C). camada de células epidérmicas em forma
As três categorias de cristais de de paliçada (Figura 3F). Foi verificada uma
oxalato de cálcio encontrados em P. viridis leve constrição na base dos coléteres.
(cristais prismáticos, ráfides e drusas) são Foram detectados alcalóides, lipídeos e
freqüentes em outras Rubiaceae. Ráfides substâncias f enól icas nas células
e drusas são mais comumente referidas epidérmicas e nas células parenqui-
no gênero Psychotria. Lersten (1974) cita máticas do eixo, sendo nestas, verificada
que a ocorrência de ráfides é típica da

Rev. Univ. Rural, Sér. Ci. da Vida, RJ, EDUR. v. 26, n. 2, jul-dez, p. 30-41, 2006.
36 Anatomia foliar de Psychotria viridi...

a presença de idioblastos contendo ráfides secretada é essencial ao desenvolvimento


(Figura 3F). das colônias de bactérias para posterior
A estrut ura anatômica dos infecção e formação dos nódulos em
coléteres está de acordo com a descrita Psychotria kirkii Hiern. Posteriormente,
por Lersten (1974), podendo ser Van Oevelen et al. (2003) ressaltaram para
classificados como padrão, sendo este o a mesma espécie, que a manutenção das
tipo mais comum, segundo Thomas colônias de bactérias, garantida pela
(1991). A ocorrência de coléteres é mucilagem secretada pelos coléteres, é
freqüente em Rubiaceae, como discute essenci al para o desenv ol v imento
Vieira (1986). Metcalf & Chalk (1979) adequado e, conseqüentemente para a
descrev em essas estruturas como sobrevivência de P. kirkii. Klein et al.
multicelulares, glandulares, compostas (2004) relataram a presença de
por eixo de suporte ovalado/alongado e microrganismos embebidos em secreção
células epidérmicas glandulares muito próximo à parede exterior das células dos
alongadas, que secretam mucilagem coléteres em Simira glaziovii (K. Schum.)
entre as estípulas fundidas e o primórdio Steyerm, e Simira rubra (Mart.) Steyerm.
f ol iar. Além do tipo padrão, são (Rubiaceae).
encontrados também coléteres den- Além de otimizarem as condições
dróides e do tipo pincel (LERSTEN, 1974; para o desenvolvimento das gemas
THOMAS, 1991), sendo estes encon- caulinares, as substâncias produzidas
trados em espécies de Rubiaceae que pelos coléteres são importantes para
possuem nódulos bacterianos nas folhas. garantir a interação com microrganismos,
Em P. viridis, que possui coléteres do tipo que por sua vez, podem induzir e/ou
padrão, não foi encontrado nenhum otimizar a produção de metabólitos
nódulo foliar. secundários (BENNET T &
Coléteres padrão também foram WALLSGROVE, 1994; SCHULZ et al.,
encontrados na superfície adaxial das 2002), o que pode influenciar na qualidade
estípulas de Simira glazovii, Simira pikia da Ayahuasca.
e Simira rubra (Rubiaceae), todas Outra característica comum em
apresentando constrição na base do Rubiaceae é a presença de domácias
coléter (KLEIN et al., 2004). Em P. viridis, f ol iares (BARROS, 1959, 1962;
os colét eres ocorrem em meio ao METCALFE & CHALK, 1979). Em P. viridis
indument o f ormado por tricomas Foram observ adas domácias na
pluricelulares, assemelhando-se aos superfície abaxial da folha (Figura 1A).
col éteres de Oxypetalum sp. Não foram encontradas informações
(Apocynaceae) analisados por Swartz & prévias sobre sua observação em P.
Furlan (2002). viridis, mesmo em trabalhos como os de
Além de lubrificarem as gemas, a Barros (1959, 1962) que relatam a
mucilagem secretada pelos coléteres tem ocorrência e classificação das domácias
sido relacionada ao desenvolvimento de em mais de 600 espécies da família
microrganismos associados aos vegetais. Rubiaceae. Em P. viridis, estas estruturas
Lersten & Horner (1967) relataram a são popularmente conhecidas como
presença de bactérias na mucilagem “v elas”, sendo utili zadas em seu
secretada pelos coléteres de Psychotria reconhecimento no campo. As domácias
bacteriophila Val. que, posteriormente, ocorrem, principalmente, na metade distal
causariam nódulos na região dos das folhas e seu tamanho varia com a
estômatos das folhas adultas. Miller et al. dimensão da folha. Foi observ ado,
1983 enf atizaram que m ucilagem entretanto, que em indivíduos muito

Rev. Univ. Rural, Sér. Ci. da Vida, RJ, EDUR. v. 26, n. 2, jul-dez, p. 30-41, 2006.
Quinteiro, M.M.C.; et al. 37

jovens elas não estão presentes ou mesofilo e ao número e tamanho das


aparecem em pequena quantidade. células epiteliais da cavidade. Estes
Martinez-Solis et al. (1993), relataram que autores verificaram também a associação
domácias de espécies de Rhamnaceae entre a ocupação dos diferentes tipos de
ocorrem independente-mente do tamanho domácia e o hábito alimentar de diferentes
ou idade da folha. taxa de ácaros.
As domácias encontradas em P.
viridis apresentam-se como pequenas
saliências alongadas, distribuídas ao
longo da nervura principal sendo, portanto,
nervais (Figuras 1D-4). Assemelham-se,
parcialmente, às domácias em forma “de
bolsa” descritas em Barros (1961). Essas
são relatadas como estruturas que se
insinuam sob a nervura principal, na
junção com as nervuras secundárias, sob
forma de pequenas bolsas de reentrância
no tecido da folha, podendo ser pilosa ou
não (BARROS, 1961). Em P. viridis, no
entanto, estas estruturas aparecem
elevadas e não como reentrâncias (Figura Figura 4. Terço médio da nervura c entral
evidenc iando o padrão anatômico da região
4), assemelhando-se às encontradas em mediana da domácia; células epiteliais (’! );
um gênero de Rhamnaceae por Martinez- cavidade da domácia (*). Barra = 200µm (ST).
Solis et al. (1993), que descreveram-nas
como estruturas inf undibulif ormes, A presença de domácias em
abertas, com nume-rosos tricomas, plantas tem sido objeto de inúmeros
maiores do que os encontrados em outras estudos com enfoque ecológico, pois sua
partes da folha. Algumas espécies, como presença nos órgãos dos vegetais tem
Cinnamomum camphora (L.) J. Presl, sido associada às relações com
podem apresentar até quatro tipos artrópodes, principalmente ácaros e
diferentes de domácia (NISHIDA et al., formigas (WALTER, 1996; AGRAWAL &
2006). Estes autores discutem que KARBAN, 1997). Folhas que possuem
domácias com cara-cterísticas inter- domácias têm maior concentração de
mediárias ou mistas têm sido relatadas, ácaros predadores e, portanto, estas
entretanto são escassos os estudos que estruturas atuam como defesa constitutiva
contemplam a anatomia e ontogênese contra outros artrópodes herbívoros
dessas estruturas. (WALTER, 1996). Agrawal & Karban
As domácias de P. viridis (1997) relataram que, quando domácias
apresentam células epiteliais justapostas, artificiais são acrescentadas em plantas
não lignificadas, cobertas por cutícula, que de algodão, diversas espécies de ácaros
revestem a parte interna da cavidade (Fig predadores aumentaram em abundância,
4). Foram detectados alcalóides e enquanto a população de ácaros
substâncias fenólicas nas camadas de herbívoros decresceu e a produtividade
células parenquimáticas ao redor desta das plantas aumentou, quando
cavidade. C. camphora, Nishida et al. comparados aos controles. As domácias
(2006), verificaram que a diferença entre são essenciais ao mirmecofitismo por
as diferentes formas de domácias estava proverem, além do alimento, espaço para
associada às diferenças na estrutura do oviposição (FIALA & MASCHWITZ, 1992;

Rev. Univ. Rural, Sér. Ci. da Vida, RJ, EDUR. v. 26, n. 2, jul-dez, p. 30-41, 2006.
38 Anatomia foliar de Psychotria viridi...

ROMERO & BENSON, 2004; TILLBERG, AGRADECIMENTOS


2004; TEPE et al., 2007).
Não foram observados ácaros ou Agradecemos aos dirigentes das igrejas
qualquer outro animal no interior das do Santo Daime, Caparelli e Carlos, pelo
domácias de P. viridis para se estabelecer fornecimento de material necessário para
algum vínculo entre estes organismos, esse trabalho.
contudo seria recomendado um estudo
com este obj etiv o. Ent retanto, f oi REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
verificada a visita freqüente de formigas
nos indivíduos P. viridis. Metcalfe & Chalk AGRAWAL, A.A.; KARBAN R. Domatia
(1979), ressaltam que a maioria dos mediate plant-arthropod mutualism.
autores acredita que as domácias são Nature, v.387, p.562-563, 1997.
estruturas que surgem independente-
mente da presença de hóspedes, sendo BARROS, M.A. A. Ocorrência das
utilizadas por eles quando já estão Domácias na Família Rubiaceae. Anais da
f ormadas. Essas características as Escola Superior de Agricultura Luiz de
diferenciam das galhas, que possuem um Queiroz, v.16, p.331-337, 1959.
número muito grande de células, sendo
estas maiores que as adjacentes, e são BARROS, M.A. A. Ocorrência das
desenv olv idas após contato com o domácias nas Angiospermas. Anais da
hospedeiro. Escola Superior de Agricultura Luiz de
P. viridis apresenta características Queiroz, v.18, p.113 –146, 1961.
anatômicas relacionadas às espécies
mesófitas, como: mesofilo dorsiventral BARROS, M.A. A. Ocorrência das
com uma camada de parênquima domácias nas Rubiáceas. Anais da Escola
paliçádico, estômatos no mesmo nível ou Superior de Agricultura Luiz de Queiroz,
levemente acima das demais células v.19 p.1- 21, 1962.
epidérmicas. As estruturas morfológica e
anatômica estão em concordância com as BARROS, C.F.; CALLADO, C.H.; CUNHA,
característi cas gerais do gênero M.; COSTA, C.G.; PUGIALLI, H.R.L.;
Psychotria e da f amília Rubiaceae. MARQUETE, O.; MACHADO, R.D.
Ent retanto, disti ngue-se de out ras Anatomia ecológica e micromorfologia
espécies de Psychotria por apresentar foliar de espécies de floresta montana na
epiderme da face adaxial contendo uma reserva ecológica de Macaé de cima. In:
drusa por célula e domácias inf un- Serra de Macaé de Cima: Diversidade
dibuliformes. Essas características são Florística e Conservação em Mata
úteis para a determinação da espécie, Atlântica. LIMA, H.C.; GUEDES-BRUNI,
auxiliando na análise farmacognóstica, R.R. (eds.). Rio de Janeiro : Editora Jardim
garantindo a obtenção de drogas para Botânico do Rio de Janeiro, 1997. p.226 -
medicamentos e a qualidade da bebida. 236.
Não são encontradas, até o momento,
referências sobre a anatomia dessa BENNETT, R.N.; WALLSGROVE, R.M.
espécie em seu bi oma original. Secondary metabolites in plant defence
Observações de indivíduos crescentes na mechanisms. New Phytologist, v.127,
Floresta Amazônica podem ser úteis para p.617-633, 1994.
verificação de modificações anatômicas
em plantas ocorrentes na Mata Atlântica. BUKATSCH, F. Bem erkungen zur
Doppelf ärbung Ast rabl au-Saf ranin.

Rev. Univ. Rural, Sér. Ci. da Vida, RJ, EDUR. v. 26, n. 2, jul-dez, p. 30-41, 2006.
Quinteiro, M.M.C.; et al. 39

Mikrokosmos, v.61, n.8, p.225, 1972. in Brazil. The Journal of Nervous & Mental
CALLAWAY, J.C.; AIRAKSINEN, M.M.; Disease, v.184, p.86-94, 1996.
MCKEENA, D.J.; BRITO, G.S.; GROB,
C.S. Platelet serotonin uptake sites IVANOVA, L.A., P´YANKOV, V.I. Structural
increased in drinkers of ayahuasca. adaptation of the leaf mesophyll to
Psychopharmacology, v.116, p.385-387, shading. Russian Journal of Plant
1994. Physiology, v.49, n.3, p.419–431, 2002.

CALLAWAY, J.C.; MCKENNA, D.J.; JOHANSEN, D.A. Plant Microtechnique.


BRITO, G.S.; GROB, G.S.; RAYMON, L.P.; New York : Mac Graw-Hill Book Inc, 1940,
POLAND, R.E.; ANDRADE, E.N.; MASH, 523p.
D.C. Pharmacokinet ics of Hoasca
alkaloids in healthy humans. Journal KLEIN, D.E.; GOMES, V.M.; SILVA NETO
Ethnopharmacology, v.65, n.3, p.243-246, S.J.; CUNHA, M. The structure of colleters
1999. in several species of Simira (Rubiacee).
Annals of Botany, v.94, p.733-740, 2004.
CUNHA, M.; VIEIRA; R.C. Anatomia foliar
de Psychotria velloziana Benth. KOCSIS, M.; DARÓK J.; BORHIDI, A.
Rodriguesia, v.45-49, n.71-75, p.39-50, Com parativ e leaf anat omy and
1993-1997. morphology of som e neotropi cal
Rondeletia (Rubiaceae) species. Plant
DICKINSON, W. C.. Integrative Plant Systematics and Evolution, v.248, p.205–
Anatomy. San Diego : Hartcourt Academic 218, 2004.
Press, 2000, 533 p.
KRAUS, J.E.; ARDUIM, M. Manual básico
FIALA, B.; MASCHWITZ, U. Domatia as de métodos em morfologia vegetal.
most important adaptations in the evolution Seropédica: Editora Universidade Rural,
of myrmecophytes in the paleotropical tree 1997, 198p.
genus Maracanga (Euphorbiaceae). Plant
Systematics and Evolution, v.180, p.53-64, LABATE, B.C. A reinvenção do uso da
1992. ayahuasca nos centros urbanos, São
Paulo: Mercado de Letras/Fapesp, 2004.
GOMES, D.M.S.; MANTOVANI, A.; 533 p.
VIEIRA, R. C. Anatom ia f oliar de
Psychotria tenuinervis Muell. Arg. e LEAF ARCHITECTURE W ORKING
Psychotria stenocalix Muell. Arg. GROUP. Manual of Leaf Architecture –
(Rubiaceae). Arquivos de Biologia e Morphological descript ion and
Tecnologia, v.38, n.1, p.15–33, 1995. categorization of dicotyledonous and net-
veined monocotyledonous angiosperms.
GRO B, C. S.; MCKEENA, D. J.; Washington DC: Smithsonian Institution,
CALLAWAY, J.C.; BRITO, G.S.; NEVES, 1999, 65p.
E.S.; OBERLANDER, G.; SAIDE, O.L.;
LABIGALINI, E.; TALCA, C.; MIRANDA,
C.T.; STRASSMAN, R.J.; BOONE, K.B. LERSTEN, N.R.; HORNER, H.T.
Human psychopharmacology of hoasca, Development and structure of bacterial
a plant hallucinogen used in ritual context leaf nodules in Psychotria bacteriophila

Rev. Univ. Rural, Sér. Ci. da Vida, RJ, EDUR. v. 26, n. 2, jul-dez, p. 30-41, 2006.
40 Anatomia foliar de Psychotria viridi...

Val. (Rubiaceae). Journal of Bacteriology, METCALF, C.R.; CHALK, L. Anatomy of


v.94, n.6, p.2027-2036, 1967. Dicotyledons, 2nd ed., Oxford: Oxford
University Press, v. 1, 1979. 288p.
LERSTEN, N.R. Morphol ogy and
distribution of colleters and crystals in NAKATA, P.A. Adv ances in our
relation to the taxonomy and bacterial leaf understanding of calcium oxalate crystal
nodule symbiosis of Psychot ria formation and function in plants. Plant
(Rubiaceae). American Journal of Botany, Science, v.164, p.901-909, 2003.
v.61, n.9, p.973-981, 1974.
NISHIDA, S.; TSUKAYA, H.; NAGAMASU,
LIMA, M.P.M.; GUEDES-BRUNI, R. R. H.; NOZAKI; M. A comparative study on
Reserva Ecológica de Macé de Cima, the anatomy and development of different
Nova Friburgo, RJ: Aspectos florísticos shapes of domatia in Cinnamomum
das espécies vasculares, Editora Jardim camphora (Lauraceae). Annals of Botany,
Botânico do Rio de Janeiro: Rio de v.97, p.601-610, 2006.
Janeiro, 1994. v.1, p.17-27.
ROBBRECHT, E. Tropical woody
MANTOVANI A.; GOMES, M.; GOMES, Rubiaceae. Opera Botanica Belgica, v.1,
D.M.S.; VIEIRA, R.C. Anatomia foliar de p.272-277, 1988.
Rudgea decipiens Müll.Arg. e R.
Macrophylla Benth. (Rubiaceae). Acta ROMERO, G.Q.; BENSON, W.W. Leaf
Botanica Brasilica, v.9, n.2, p.247-261, domatia mediate mutualism between
1995. mites and a tropical tree. Oecologia, v.140,
p.609–616, 2004.
MARTINEZ–SOLIS, I.; IRANZO, J.;
ESTRELLES, E.; IBARS, A. M. Leaf
domatia in the section Alaternus (Miller) RUCK, C.; WASSON, R.G.; KRAMRISCH,
DC. of the genus Rhamnus S.; OTT, J. Persephone’s Quest. New Haven
(Rhamnaceae). Botanical Journal of the : Yale University Press, 1992, 257 p.
Linnean Society, v.112, p.311-318, 1993.
SASS, J.E. Botanical Microtechnique. 2nd
MCKEENA, D.J.; TOW ERS, G.H.N.; ed., Ames : Iowa State College Press,
ABBOT, F. Monoamine oxidase inhibitors 1951, 391 p.
in South American hallucinogenic plants:
tryptamine and carboline constituents of SCHULZ, B.; BOYLE, C.; DRAEGER, S.;
ayahuasca. Journal of RÖMMERT, K.; KROHN, K. Endophytic
Ethnopharmacology, v.11, p.189-206, fungi: a novel source of novel biologically
1984. active secondary metabolites. Mycological
Research, v.106, p.996-1004, 2002.
MCKEENA, D.J. Plant hallucinogens:
springboards for psychotherapeutic drug STEYERMARK, J.A. Rubiaceae. In: Flora
discovery. Behavioural Brain Research, de Venezuela. LASSER, T. (ed). Caracas:
v.73, p.109-116, 1996. Edition Especial del Instituto Botânico,
1974, 2070p.
METCALF, C.R.; CHALK, L. Anatomy of
Dicotyledons. Oxford : Clarendon Press, STRASBURGER, E. Tratado de botânica.
1950, 1500p. 7th ed. Barcelona: Marin, 1986, 1098p.

Rev. Univ. Rural, Sér. Ci. da Vida, RJ, EDUR. v. 26, n. 2, jul-dez, p. 30-41, 2006.
Quinteiro, M.M.C.; et al. 41

SWARTZ, E.A.; FURLAN, A. Coléteres e P. tenuinervis Müll Arg. (Rubiaceae).


f ol iares de Oxypetalum R. Br. Acta Botanica Brasilica, v.92, n.2, p.263-
(Asclepioideae, Apocynaceae) – aspectos 270, 1995.
ultraestruturais e anatômicos úteis à
taxonomia das espécies do Paraná VIEIRA, R.C.; GOMES, D.M.S.; FERRAZ,
(Brasil). Acta Biologica Paraaense, v.31, C.L.A. Anatomia foliar de Psychotria nuda
n.1,2,3,4, p.79-97, 2002. Wawra e Psychotria leiocarpa Mart.
(Rubiaceae). Hoehnea, v.19, n.1/2, p.185-
TAVARES, E.S.; VIEIRA, R.C. Anatomia 195, 1992.
foliar de Coussarea meridionalis (Vell.)
Muell. Arg. e Coussarea graciliflora Benth. WALTER, D.E. Living on leaves: mites,
& Hook (Rubiaceae). Bradea, v.6, n.39, tomenta, and leaf domatia. Annual Review
p.320-330, 1994. of Entomology, v.41, p.101-114, 1996.

WEBB, M.A. Cell-Mediated Crystallization


TEPE, E, J.; VINCENT, M.A.; WATSON, of Calcium Oxalate in Plants. The Plant
L. E. Stem diversity, cauline domatia, and Cell, v.11, p.751-761, 1999.
the evolution of ant–plant associations in
Piper sect. Macrostachys (Piperaceae). YODER, L.R.; MAHLBERG, P.G.
American Journal of Botany, v.94, p.1-11, Reactions of Alkaloid and histochemical
2007. indicators in Laticifers and specialized
Parenchyma cells of Catharanthus roseus
THOMAS, V. Structural, functional and (Apocynaceae). American Journal of
phylogenetic aspects of the colleter. Botany, v.63, n.9, p. 1167-1173, 1976.
Annals of Botany, v.68, p.287-305, 1991.

TILLBERG, C.T. Cordia gerascanthus


(Boraginaceae) produces stem domatia.
Jounal of Tropical Ecology, v.20, p.355-
357, 2004.

VAN OEVELEN, S.; DE WACHTER, R.;


ROBBRECHT, E.; PRINSEN, E. Induction
of a crippled phenotype in Psychotria
(Rubiaceae) upon loss of the bacterial
endophyte. Bulgarian Journal of Plant
Physiology, Special issue, p.242–247,
2003.

VIEIRA, R.C. Tocoyena bullata (Vell.) Mart.


(Rubiaceae). Anatomia foliar. Rodriguesia,
v.64/66, n.38/40, p.33-39, 1986/1988.

VIEIRA, R.C.; GOMES, D.M.S. Superfície


da lâmina foliar de Psychotria nuda
(Cham. & Schltdl.) Wawra, P. leiocarpa
Cham. & Schldtl., P. stenocalyx müll. Arg.

Rev. Univ. Rural, Sér. Ci. da Vida, RJ, EDUR. v. 26, n. 2, jul-dez, p. 30-41, 2006.

Você também pode gostar