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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIBRASIL

ESCOLA DE ENGENHARIAS

FERNANDO LUIZ NUNES MONTEIRO CÂNDIDO

BIM

FERRAMENTA AUXILIAR NA MITIGAÇÃO DE RISCO FINANCEIRO EM


PROJETOS AEC

CURITIBA
2018
FERNANDO LUIZ NUNES MONTEIRO CÂNDIDO

BIM

FERRAMENTA AUXILIAR NA MITIGAÇÃO DE RISCO FINANCEIRO EM


PROJETOS AEC

Trabalho de Conclusão de Curso de


graduação, apresentado ao Centro
Universitário UNIBRASIL, como requisito
parcial para a obtenção do título de
Engenheiro Civil.

Orientador: Prof. Fernando Henrique


Rodrigues Lobo

CURITIBA
2018
DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho às pessoas mais


importante e amadas de minha vida: Minha
esposa Fernanda, meus filhos João Pedro e
Maria Clara e aos meus pais Saulo e Zulma.
“A só é impossível até que alguém duvide e
acabe provando o contrário. ”

“Uma pessoa inteligente resolve um


problema, um sábio o previne. ”

Albert Einstein
RESUMO

Num cenário econômico, onde ocorra uma escassez de recursos controlados, o


mercado AEC encontrara dificuldades para financiar seus projetos com taxas
competitivas. Desta forma, encontrar soluções que viabilizem novas fontes de
financiamento são fundamentais para o desenvolvimento da atividade. Melhorar a
gestão, através da utilização de indicadores, alimentados com dados gerados a partir
do modelo BIM, tende a ser uma solução eficiente, pois é capaz de fornecer dados
precisos e confiáveis em tempo real, durante todo ciclo do projeto. Tais indicadores
quando utilizados para a criação de cenários de risco, permitem avaliar o desempenho
do empreendimento, possibilitando uma melhor gestão, com o objetivo de manter a
rentabilidade inicialmente planejada. Tais variações no IDC e no IR, afetam
negativamente todos os indicadores financeiros da empresa, gerando com isso uma
maior desconfiança por parte do mercado, nos resultados obtidos, acarretando um
maior risco para o investidor e consequentemente um aumento na taxa de
financiamento. Nesse sentido, um melhor controle sobre os indicadores apresentados,
gera um menor custo de financiamento, possibilitando um maior retorno financeiro
para todos os envolvidos no projeto.

Palavras-chave: BIM. Indicadores Financeiros. Analise de Riscos. Financiamento


mercado de construção.
ABSTRACT

In economic scenario, where there is a scarcity of controlled resources, the AEC market
will find it difficult to finance its projects with competitive rates. In this way, finding solutions
that make possible new sources of financing are fundamental for the development of the
activity. Improving management through the use of indicators fed with data generated from
the BIM model tends to be an efficient solution as it is able to provide accurate and reliable
data in real time throughout the project cycle. These indicators, when used to create risk
scenarios, allow to evaluate the performance of the enterprise, enabling a better
management, in order to maintain the profitability initially planned. Such variations in the
IDC and IR affect negatively all the financial indicators of the company, generating with it
a greater distrust on the part of the market, in the obtained results, entailing a greater risk
for the investor and consequently an increase in the rate of financing. In this sense, a
better control over the presented indicators, generates a lower cost of financing, allowing
a greater financial return for all involved in the project.

Keyword: BIM. Financial indicators. Risk analysis. Financing construction market.


LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Composição da Cadeia Produtiva da Construção ................................... 16


Gráfico 2 - PIB Brasil x PIB Construção Civil ............................................................ 17
Gráfico 3 - PIB Brasil ................................................................................................. 18
Gráfico 4 - PIB América Latina .................................................................................. 19
Gráfico 5 – FBCF / PIB .............................................................................................. 20
Gráfico 6 - Utilização Capacidade Instalada.............................................................. 21
Gráfico 7- Indicador de Custos .................................................................................. 66
Gráfico 8 – Impacto do IDR na Rentabilidade ........................................................... 71
Gráfico 9 - Avaliação de Risco (IDC = 1%) ............................................................... 78
Gráfico 10 - Avaliação de Risco (IDC = 6%) ............................................................. 79
Gráfico 11 - Avaliação de Risco (IDC = 11%) ........................................................... 80
Gráfico 12 - Avaliação de Risco (IDC = 12,51%) - Média do Projeto ........................ 81
Gráfico 13 - Avaliação de Risco (IDC = 17%) ........................................................... 82
Gráfico 14 - Avaliação de Risco (IDC = 22,02%) - Máximo do Projeto ..................... 83
Gráfico 15 - Avaliação de Risco (IDC = 25%) ........................................................... 84
Gráfico 16 - Avaliação de Risco (IDC = 30%) ........................................................... 85

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Processo Simplificado Analise Risco ........................................................ 23


Figura 2 - Matriz Risco x Impacto .............................................................................. 31
Figura 3 - Tipos de Indicadores ................................................................................. 33
Figura 4 - Indicadores de Produtividade x Qualidade................................................ 34
Figura 5 - Indicadores Financeiros ........................................................................... 37
Figura 6 - Projeto BIM ............................................................................................... 42
Figura 7 - Interoperabilidade ..................................................................................... 45
Figura 8 - Propriedades de Famílias BIM .................................................................. 48
Figura 9 - Famílias BIM ............................................................................................. 50
Figura 10 - Criação de Quantitativos ......................................................................... 51
Figura 11 - Criação de Tabelas ................................................................................. 51
Figura 12 - Extração de Dados.................................................................................. 52
Figura 13 - Extração de dados .txt ............................................................................ 52
Figura 14 - Exportação dados EXCEL ..................................................................... 53
Figura 15 - Exportação de dados EXCEL ................................................................. 53
Figura 16 - Dados EXCEL ......................................................................................... 53
Figura 17 - Importação de dados Naviswork ............................................................. 54
Figura 18 - Compatibilização no Naviswork .............................................................. 55
Figura 19 - Compatibilização Naviswork ................................................................... 55
Figura 20 - Compatibilização Naviswork ................................................................... 55
Figura 21 - Ferramenta Quatification......................................................................... 56
Figura 22 - Grupos de Itens Extraidos....................................................................... 57
Figura 23 - Projeto SANTOS (2015) .......................................................................... 57
Figura 24 - Precificação do Projeto ........................................................................... 67
Figura 25 - Questionário DELPHI .............................................................................. 72

LISTA DE QUADROS

Tabela 1 - Escala de Impacto .................................................................................... 30


Tabela 2 - Quadro de Indicadores ............................................................................. 38
Tabela 3 - Variação de Custo 1 ................................................................................. 39
Tabela 4 - Variação de Custos 2 ............................................................................... 40
Tabela 5 - Variação de Custos .................................................................................. 40
Tabela 6 - EAP Projeto SANTOS (2015)................................................................... 58
Tabela 7 - Estimativa PRAZO .................................................................................. 58
Tabela 8 - EAP Compatibilizado................................................................................ 65
Tabela 9 - Variação de Custos Máxima .................................................................... 65
Tabela 10 - Variação de Custos Média ..................................................................... 66
Tabela 11 - Quadro Áreas SANTOS (2015) .............................................................. 68
Tabela 12 - BDI Construtora...................................................................................... 69
Tabela 13 - Analise de Viabilidade ............................................................................ 70
Tabela 14 - Comparação do IDR............................................................................... 70
Tabela 15 - Classificação dos Especialistas ............................................................. 73
Tabela 16 - Percepção de Impacto no Custo ............................................................ 73
Tabela 17 - Experiência do Avaliador........................................................................ 74
Tabela 18 - Matriz Impacto ........................................................................................ 74
Tabela 19 - Ocorrência de Evento............................................................................. 75
Tabela 20 – Probabilidade de Ocorrência de Evento ................................................ 75
Tabela 21 - Matriz RISCO x IMPACTO ..................................................................... 76
Tabela 22 - Quadro IDC = 1% ................................................................................... 78
Tabela 23 - Quadro IDC = 6% ................................................................................... 79
Tabela 24 - Quadro IDC = 11% ................................................................................. 80
Tabela 25 - Quadro IDC = 12,51% ............................................................................ 81
Tabela 26 - Quadro IDC = 17% ................................................................................. 82
Tabela 27 - Quadro IDC = 22,02% ............................................................................ 83
Tabela 28 - Quadro IDC = 25% ................................................................................. 84
Tabela 29 - Quadro IDC = 30% ................................................................................. 85
LISTA DE ABREVIATURAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas


AEC – Arquitetura, Engenharia e Construção
BDS – Building Description System
BIM – Building Information Modeling
CAD – Computer-Aided Design
CAAD – Computer-Aided Architectural Design
CADD – Computer-Aided Design and Drafting
CAE – Computer-Aided Engineering
CAM – Computer-Aided Manufacturing
CDURP – Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio de Janeiro
CII – Construction Industry Institute
CR - Custo Real do Projeto
DNIT – Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes
EAP - Estrutura Analitica de Projeto
ERP – Enterprise Resource Planning-
FIEP - Federação das Indutrias do Estado do Paraná
FBCF - Formação Bruta Capital Fixo
IAI – Internacional Alliance of Interaperability
IBGE - Instituto Brasileiro Geografia e Estatística
IDA – Institute for defense Analysis
IDC - Indice Desenpenho de Custo
IDM – Information Delivery Manual
IDR - Indice de Rentabilidade
IFC – Industry Foudation Classes
IFD – Internacional Framework Dictionary
INPI – Instituto Nacional de Propriedade Industrial
ISO – International Standarts Organization
KPI - Key Performance Indicator
MIT – Massachusetts Institute of Technology
NBR - Norma Brasileira
ONU – Organização das Nações Unidas
PIB – Produto Interno Bruto
PMBOK - Project Management Body of Knowledge
SINAPI - Sistema Nacional de Preços e Indices para a Construção Civil
SPDA - Sistema de Proteção Descargas Atmosféricas
TI – Tecnologia da Informação
VA - Valor Agregado
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 12

1.1 PROBLEMA ........................................................................................................ 13

1.2 OBJETIVOS ........................................................................................................ 13


1.2.1 OBJETIVO GERAL........................................................................................... 14
1.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................ 14

1.3 JUSTIFICATIVA .................................................................................................. 14

1.4 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO ...................................................................... 14

2 CONCEITOS GERAIS E REVISÃO DA LITERATURA ......................................... 16


2.1 MERCADO DE ENGENHARIA, ARQUITETURA E CONSTRUÇÃO .................. 16
2.2 RISCO ................................................................................................................. 22
2.2.1 FERRAMENTAS DE GERENCIAMENTO DE RISCO...................................... 28
2.2.2 MATRIZ DE RISCO .......................................................................................... 29
2.3 INDICADORES ................................................................................................... 32
2.3.1 INDICADORES DE PRODUTIVIDADE ............................................................ 34
2.3.2 INDICADORES FINANCEIROS ....................................................................... 36
2.3.2.1 INDICADOR DE DESEMPENHO DE CUSTO (IDC) ..................................... 39
2.4 BIM............ .......................................................................................................... 41
2.4.1 INICIO DA MODELAGEM 3D........................................................................... 41
2.4.2 O QUE É BIM? ................................................................................................. 41
2.4.1 MODELAGEM PARAMETRICA ....................................................................... 43
2.4.2 INTEROPERABILIDADE .................................................................................. 44
2.4.3 PROPRIEDADES E ATRIBUTOS .................................................................... 47
2.4.4 EXTRAÇÃO E QUANTIFICAÇÃO DOS DADOS EM BIM ................................ 49
2.4.5 LIMITAÇÕES.................................................................................................... 59
2.4.6 CENÁRIOS....................................................................................................... 59
2.4.7 TENDÊNCIAS .................................................................................................. 61

3. METODOLOGIA ................................................................................................... 62
3.1 LEVANTAMENTO DE DADOS ........................................................................... 64

3.2 INDICADOR DE DESEMPENHO DE CUSTO (IDC) ........................................... 66

3.2 FORMAÇÃO DO VALOR DE VENDA DO EMPREENDIMENTO ....................... 67

3.3 FORMAÇÃO DO VALOR DE CUSTO DO EMPREENDIMENTO ....................... 68

3.4 INDICADOR DE RENTABILIDADE (IDR) ........................................................... 70

3.5 AVALIAÇÃO DE RISCO ...................................................................................... 71

4. ANALISE E RESULTADOS .................................................................................. 77

4.1 MATRIZ DE RISCO PARA IDC DE 1% ............................................................... 78

4.2 MATRIZ DE RISCO PARA IDC DE 6% ............................................................... 79

3.5.3 MATRIZ DE RISCO PARA IDC DE 11% .......................................................... 80

3.5.4 MATRIZ DE RISCO PARA IDC DE 12,51% (IDC MÉDIO PROJETO) ............. 81

3.5.5 MATRIZ DE RISCO PARA IDC DE 17% .......................................................... 82

3.5.6 MATRIZ DE RISCO PARA IDC DE 22,02% (IDC MÁXIMO PROJETO) .......... 83

3.5.7 MATRIZ DE RISCO PARA IDC DE 25% .......................................................... 84

3.5.8 MATRIZ DE RISCO PARA IDC DE 30% .......................................................... 85

CONCLUSÃO ........................................................................................................... 86

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 88
12

1 INTRODUÇÃO

O mercado Engenharia, Arquitetura e Construção (AEC) apresenta


características distintas quando comparado com outros mercados, devido ao seu alto
grau de envolvimento com a economia do país. Além dos problemas/dificuldades
inerentes ao mercado de construção, as variáveis macroeconômicas o afetam de maneira
amplificada. A utilização de novas tecnologias com o objetivo de minimizar tais impactos,
pode proporcionar um maior crescimento e estabilidade para o setor, tendo em vista que
uma maior previsibilidade sobre o empreendimento pode mitigar os riscos e
consequentemente maximizar os lucros.
Desta forma, encontrar soluções que viabilizem novas fontes de recursos, para
os investimentos no Mercado AEC, são de fundamental importância para o
desenvolvimento da atividade. O modelo BIM, é uma alternativa, pois apresenta
características que influenciam todo o ciclo de vida do empreendimento, fornecendo
informações confiáveis e atualizadas, que podem ser compartilhadas com todos os
intervenientes do projeto.
Num cenário econômico, onde prevaleça uma menor taxa de juros em conjunto
com uma escassez de recursos controlados, o mercado AEC encontrará
dificuldades para o financiamento de suas operações, tendo em vista que grande parte
de seus financiamentos tem como fonte esses recursos. Com a falta de investimento no
setor de construção, o país terá dificuldade de manter uma taxa de crescimento positiva
e constante, perdendo com isso competitividade no mercado global, devido aos seus
altos custos produtivos.
O objetivo da utilização do modelo BIM, como forma de mitigação do risco pode
ser uma alternativa para melhorar os indicadores de desempenho utilizados no mercado
AEC, pois apresentam dados precisos e confiáveis durante todo o ciclo de vida do
empreendimento. Utilizando dados parametrizados de modelos construtivos diferentes, é
possível elaborar cenários onde poderá se avaliar com a utilização de indicadores a
viabilidade/rentabilidade de diferentes tipos de construções.
Devido a dificuldade em se mensurar em tempo hábil, as informações
importantes sobre o empreendimento, a utilização do Modelo BIM pode apresentar dados
confiáveis e tangíveis ainda na fase de projeto. Diante de um cenário altamente
competitivo onde o crédito será escasso, a empresa que apresentar os melhores
13

indicadores de produtividade e desempenho, conseguira os melhores investimentos e


consequentemente uma maior rentabilidade.
Para o desenvolvimento do presente trabalho foram utilizadas pesquisas
bibliográficas de diversas fontes. Esta pesquisa bibliográfica é classificada como
descritiva e está baseada em publicações cientificas de diversas áreas, como engenharia,
economia e gestão de projetos. Amparada por autores consagrados, com Chuck
Eastman, conhecido como pai do BIM e em Normas Técnicas como a NBR ISO
31000:2009, procura relacionar o modelo BIM como ferramenta auxiliar na mitigação de
risco, sendo utilizada como fonte de informação para a elaboração de indicadores,
que auxiliem na análise de viabilidade de investimentos no mercado de construção civil,
num cenário onde as fontes de recurso financeiros sejam escassas.

1.1 PROBLEMA

O Mercado AEC, apresenta características distintas quando comparado a outros


mercados. Além dos problemas/dificuldades inerentes ao mercado de construção, as
variáveis macroeconômicas o afetam de maneira amplificada.
Com a mudança do cenário econômico, onde prevaleça uma menor taxa de juros
em conjunto com uma escassez de recursos controlados, o mercado AEC encontrara
dificuldade para o financiamento de suas operações, tendo em vista que grande parte de
seus financiamentos tem como fonte esses recursos.
Com baixos indices de produtividade, e com uma dificil previsibilidade nos
resultados a serem obtidos, o mercado AEC não atrai investidores dispostos a financiar
tais atividades com taxas de retorno competitivas.

1.2 OBJETIVOS

Encontrar soluções, utilizando a metodologia BIM para obtenção de dados, que


alimentem indicadores de desempenho durante todo o ciclo do projeto, cujo objetivo
é a criação de cenários de risco estimule/viabilize o investimento no mercado AEC,
proporcionando um maior retorno de capital para o investidor e uma menor exposição
ao risco.
14

1.2.1 OBJETIVO GERAL

O presente trabalho tem como objetivo avaliar de que forma a metodologia BIM
pode auxiliar na elaboração de cenários de risco, baseados em indicadores
financeiros, gerados a partir de dados obtidos de projetos modelados em BIM, durante
todo o ciclo de construção do projeto, com o objetivo de mitigar os riscos envolvidos,
aumentando a confiabilidade do setor e consequentemente viabilizando novos
investimentos, proporcionando um maior retorno financeiros para todos os envolvidos
na operação.

1.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Apresentar os atributos do BIM, com objetivo de auxiliar na mitigação de riscos


financeiros.
 Demonstrar como estes indicadores podem interferir na elaboração de cenários
de risco e consequentemente na rentabilidade do empreendimento.

1.3 JUSTIFICATIVA

Com a mudança do cenário econômico, e a escassez de credito no mercado,


surge a necessidade de procurar novas fontes de financiamento. Para buscar novos
investidores o mercado AEC, precisa estar alinhado com as expectativas dos novos
investidores, apresentando indicadores de desempenho e rentabilidade que
expressem as vantagens de se investir no setor. Neste contesto, o modelo BIM, pode
fornecer informações precisas, confiáveis e em tempo real, sobre todas as fases do
empreendimento.

1.4 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO

Esta dissertação tem por finalidade realizar uma pesquisa aplicada, uma vez que
utilizará conhecimento de pesquisas bibliográficas para a resolução do problema.
Este trabalho de conclusão de curso, estrutura-se em 4 capítulos, apresentando-
se no primeiro com uma visão geral dos cenários onde o mercado de engenharia,
arquitetura e construção está inserido, como se relaciona com os outros mercados
15

através da sua cadeia produtiva, sua dependência da economia, além de apresentar


conceitos de PIB, poupança e FBCF, como forma compreender a relação entre todos os
membros da economia. No segundo capitulo é abordado o conceito de risco, seu
processo de avaliação, seus principais tipos e as principais ferramentas e técnicas
utilizadas na redução de exposição ao risco, utilizando como base indicadores de
desempenho. O terceiro capítulo apresenta o conceito BIM, apresentando suas principais
características, focando na sua capacidade de parametrização e interoperabilidade. Já o
quarto e último capitulo analisa um projeto desenvolvido e quantificado em BIM, aplicando
as discrepâncias encontradas no mercado referente aos custos diretos de produção,
desenvolvendo Indicadores de Variação de Custo (IDC) e aplicando-os numa Matriz de
Avaliação de Risco desenvolvida pelo método Delphi, visando analisar o impacto gerado
por essa variação no resultado final do empreendimento.
16

2 CONCEITOS GERAIS E REVISÃO DA LITERATURA

2.1 MERCADO DE ENGENHARIA, ARQUITETURA E CONSTRUÇÃO

Para compreendermos o funcionamento do Mercado AEC, é necessário


conhecer o cenário onde o mesmo está inserido. Conforme descrito por Teixeira e
Carvalho (2005 apoud SANTANA, 2016), o mercado AEC possui uma grande
importância estratégica para a economia nacional, tendo em vista que o seu
desenvolvimento provoca um grande efeito positivo na economia, devido ao
encadeamento para os demais setores da economia nacional, pois é um grande gerador
de empregos, renda e impostos.
Neste contexto, fica claro que quando existe um cenário de crescimento do
mercado AEC, a economia do pais tende a apresentar também um crescimento
semelhante. De acordo com Santana (2016), o mercado AEC é um segmento que possui
uma extensa cadeia produtiva. Podemos visualizar esta cadeia produtiva na figura
abaixo, onde existem diversos setores industriais, como: mineração, siderurgia,
metalurgia, indústria do vidro, da cerâmica, da madeira, dos plásticos, além das industrias
de equipamentos elétricos, mecânicos, fios e cabos e diversos prestadores de serviços,
que variam desde empresas de manutenção a escritórios de arquitetura e engenharia.

Gráfico 1 - Composição da Cadeia Produtiva da Construção

Fonte: Adaptado do IPEA (2018)


O mercado AEC, possui uma grande influência sobre os aspectos econômicos
gerais, tendo em vista que as obras de infraestrutura do país são na sua grande maioria
17

financiadas pelo Estado, e os empreendimentos imobiliários têm seu sucesso


diretamente vinculado ao poder de compra das famílias e às taxas de juros do mercado.
(SANTANA, 2016)
Essa forte dependência do estado, faz com que o segmento AEC, seja o primeiro
a sentir a crise econômica, quando ocorre uma oscilação negativa na economia e o último
segmento a se recuperar na volta do crescimento econômico.
Conforme explicado acima, percebe-se no gráfico abaixo, que embora o
mercado AEC acompanhe o ritmo da economia, normalmente ele está potencializado, ou
seja, quando a economia vai bem o mercado AEC apresenta um crescimento superior ao
PIB, porém quando a economia vai mal, o resultado do mercado AEC é bem inferior ao
PIB.

Gráfico 2 - PIB Brasil x PIB Construção Civil

Fonte: Adaptado do IPEA (2018)

O PIB (Produto interno Bruto) é o indicador que representa a soma, em valores


monetários, de todos os bens e serviços finais produzidos numa determinada região,
durante um determinado período. (SIGNIFICADOS, 2015)
18

Segundo o IPEA (2018), o PIB brasileiro em 2017 alcançou a marca de em 6,6


trilhões de reais, sendo o mercado AEC responsável por aproximadamente R$1,046
trilhões, ou seja 16% do PIB nacional. Segundo dados da FIEP (2018), o mercado AEC
é responsável por cerca de 13 milhões de empregos diretos e indiretos. Baseado nestes
fatos, percebe-se a importância que o setor tem sobre a economia. No gráfico 3, pode-se
verificar a variação do PIB nos últimos 17 anos, percebe-se que a partir de 2014, o PIB
apresenta crescimento negativo, retornando o PIB a índices de 2012, fator este que
demostra o cenário de crise econômica.

Gráfico 3 - PIB Brasil

Fonte: Adaptado do IPEA (2018)

No gráfico abaixo, compara-se o crescimento do PIB brasileiro com o PIB de


outras nações da América Latina. Percebe-se o quanto a crise econômica estabelecida
no pais, influenciou o crescimento econômico. O cenário só não foi pior, devido ao baixo
índice de inflação que minimizou a queda real, gerando um crescimento de
aproximadamente 1% no ano de 2017. O gráfico 4, foi elaborado considerando as
estimativas de crescimento para o ano de 2018 e como apresenta os valores em dólares,
foi utilizado uma cotação média.
19

Gráfico 4 - PIB América Latina

Fonte: Adaptado do FGV (2018)


Existe um entendimento entre os economistas de que para se obter taxas
elevadas de crescimento do PIB no longo prazo é preciso aumentar a produção de bens
e serviços da economia, estimulando os investimentos em capital fixo (máquinas,
equipamentos, infraestrutura). Não existe um consenso, mas o mercado estima que uma
taxa de investimento equivalente a 25% do PIB parece ser o mínimo necessário para
garantir que o PIB possa crescer em torno de 5% a.a. (FREITAS, 2012)
Segundo CUNHA (2012) O investimento é uma variável econômica que
compreende a somatório de gastos na Formação Bruta de Capital Fixo (CBCF). A
participação da variável CBCF no total da economia é um indicador da tendência de
crescimento da atividade econômica no médio e longo prazo. Esse indicador registra a
ampliação da capacidade produtiva futura de uma economia por meio de investimentos
correntes em ativos fixos, ou seja, bens produzidos factíveis de utilização repetida e
contínua em outros processos produtivos por tempo superior a um ano sem, no entanto,
serem efetivamente consumidos pelos mesmos. (IBGE, 2017)
Analisando o gráfico 5, percebe-se a influência do investimento (CBCF) sobre o
PIB. Avaliando os dados de 2010 até o momento, temos como média de investimento
18,5% do PIB, consequentemente a média de crescimento do PIB no mesmo período foi
de 1,3%. Percebe-se que a relação PIB x CBCF não é linear, portanto um índice CBCF
inferior a 25% do PIB, reflete num crescimento da economia inferior a 5%.
20

Gráfico 5 – FBCF / PIB

Fonte: Adaptado do FGV (2018)

Um dos conceitos básicos da economia é que a poupança deve igualar o


investimento. Se o objetivo do governo for investir 25% do PIB, é necessário que haja
uma poupança também equivalente a 25% do PIB. Por definição poupança total é a soma
da poupança doméstica (poupança das famílias e do governo) com a poupança externa.
Como a poupança doméstica brasileira tem se posicionado em torno dos 17% do PIB,
seria necessário tomar emprestado uma poupança externa de 8% do PIB para suportar
investimentos de planejados. (FREITAS, 2012)
É importante reforçar que poupança é a parte da renda gerada que não foi
utilizada no consumo. Desta forma, para elevar a poupança interna, existem duas
possibilidades de curto prazo: diminuir o consumo ou aumentando a renda. Para que
21

exista um crescimento saudável da economia é necessário que se consiga aumentar a


renda sem necessariamente restringir o consumo.
Portanto aumentar a produtividade do trabalhador é uma alternativa plausível, ou
seja, o mercado tem que criar condições para que o trabalhador produza mais riqueza
com menos recursos, surgindo um aumento real da renda, sem a geração de inflação,
pois o incremento na renda está sustentado no incremento da produtividade.
Outra forma de aumentar renda é aumentar a produtividade do capital investido
na produção pelas empresas e pelo governo. Ou seja, evitando a ociosidade da máquina
produtiva, isso permite a geração de lucros maiores, com elevação da renda, sem
inflação, pois não houve variação de preços para subsidiar os lucros maiores.
Conforme podemos observar no gráfico 6, há uma ociosidade próxima de 28%
da capacidade de produção nacional. Tal número justifica o baixo crescimento do PIB.

Gráfico 6 - Utilização Capacidade Instalada

Fonte: Adaptado do FGV (2018)

Fonte: Adaptado do FGV (2018)

Para aumentar a produtividade dos fatores de produção e conseguir mais


eficiência no processo produtivo, existem duas possibilidades: Aumentar o investimento,
incluindo novas tecnologias, mais eficientes, ao processo produtivo, dentre elas o BIM,
22

e/ou; aumentar a produtividade redirecionando os gastos (do governo e das famílias) para
uma educação de qualidade, gerando mão de obra qualificada. (FREITAS, 2012).
Segundo LIMA (2017) o cenário da economia brasileira, marcado nos últimos
anos por deterioração fiscal, incertezas políticas, baixo patamar de confiança, queda na
produção, recessão econômica, desemprego elevado e crescente e inflação superior ao
teto da meta (estagflação), resultou na desaceleração da economia e mais
especificadamente no setor da Construção Civil.

2.2 RISCO

Risco é a possibilidade da influência de fatores internos ou externos agirem e


produzirem efeitos sobre qualquer organização. Todas as atividades envolvem riscos,
que devem ser gerenciados. Analisar riscos é procurar determinar as causas, efeitos e
potenciais danos para as atividades, substancias e processos, com o objetivo de mitiga-
los. (NBR ISO 31000:2009)
Conceitualmente podemos definir risco, como uma probabilidade de ocorrer um
evento e sua consequência seja indesejada para uma determinada atividade. Perigo, por
sua vez, é a propriedade de algo, alguém ou tarefa capaz de causas dano as pessoas,
propriedades ou ao meio ambiente.
A norma ABNT NBR ISO 31000:2009 descreve o processo de análise e
gerenciamento do risco, determinando os procedimentos e princípios que devem ser
seguidos para que esse objetivo seja atingido. Mesmo que a estrutura de uma
organização possua várias ramificações de áreas, níveis, funções e atividades, a base
do gerenciamento de risco poderá ser aplicada à todas elas. A base genérica da norma
também é aplicável a qualquer forma de gestão de risco. O estabelecimento do contexto
como uma atividade no início do processo genérico da gestão de riscos é a característica-
chave da norma, que captura os objetivos da organização, o ambiente em que ela
persegue esses objetivos, suas partes interessadas e a diversidade de critérios de risco.
Essa análise permite avaliar a natureza e a complexidade dos riscos avaliados.
23

Figura 1 - Processo Simplificado Analise Risco

Fonte: Adaptado do PMBOK (2004)

O objetivo da análise de risco é permitir que a organização, em linhas gerais,


previna riscos, melhore o desempenho, atinja objetivos, melhore os controles, seja
eficiente, minimize perdas, e mantenha uma estrutura sólida para atender às exigências
do mercado e das demais partes interessadas. Por se tratar de uma regra genérica, é
aplicável a toda e qualquer empresa, pública ou privada, independentemente do tipo de
constituição ou tamanho. Também pode ser aplicada a qualquer tipo de risco.
Aplicando a regra geral definida na NBR 31000, e levando em consideração as
variantes da organização em que está inserida e será aplicada, contextualizando-a nos
objetivos, estrutura e processos, é possível utilizar os parâmetros generalistas na
situação específica de gerenciamento de risco, pois a norma não prevê um procedimento
uniformizado para a gestão, sendo passível de ser aplicada a qualquer risco e a qualquer
organização.
Para uma gestão de riscos eficiente, é necessário haver um compromisso por
parte da administração, bem como planejamento e acompanhamento, com o objetivo de
obter um comprometimento em todos os níveis da organização e em todas as fases da
gestão. Para isso é importante que seja aprovada a política de gestão de riscos e que
esta esteja alinhada com a cultura, a organização e com os objetivos e estratégias, bem
como seja definido indicadores de acompanhamento e desempenho, dentro de uma
conformidade legal e regulatória, com recursos apropriados, percepção de benefícios e
acompanhamento da estrutura para que ela esteja adequada e permanentemente.
O contexto interno e externo deve ser avaliado para determinar a implantação
da estrutura de gerenciamento de riscos da organização. Após a análise desses
contextos, a política de gestão de riscos deverá estabelecer objetivos claros em relação
à gestão de riscos, definindo as justificativas para o gerenciamento de riscos, ligações
entre objetivos e políticas da organização com a política de gestão de riscos,
24

responsabilidade, resolução de conflitos, medição de desempenho, comunicação e


acompanhamento da política de gestão de riscos da organização.
A responsabilização deverá ser definida pela administração, determinando
competências, controle, instâncias, e garantindo a suficiência e eficácia do processo de
gestão de riscos. Convêm que a gestão de risco seja incorporada em todas as práticas e
processos da organização, tornando-a eficiente e atuante, e parte integrante de todos os
planos organizacionais.
A organização deverá manter recursos apropriados para a gestão de riscos, bem
como seja desenvolvido um meio eficiente de comunicação interna que dissemine a
cultura de gestão de riscos, incentivando a responsabilidade e a propriedade dos riscos
e demonstrando o resultado e eficácia dessa gestão para todos os interessados.
A implementação da gestão de riscos deverá ser precedida da definição da
estratégia e do momento de implementação da estrutura, desde que atendido os
requisitos legais e regulatórios, haja treinamento, comunicação e alinhamento com os
resultados dos processos de gestão de riscos, atualização da estrutura para que se
mantenha apropriada.
Para assegurar que a gestão de riscos seja eficaz, deverá ser medida,
acompanhada e adequada caso necessário, buscando a melhoria continua dos
processos. O processo de gestão de riscos deve ser parte integrante da gestão da
empresa, incorporado na cultura e adaptado aos processos e negócios da administração.
As partes interessadas devem compreender os fundamentos sobre os quais são
tomadas as decisões do processo de gestão de riscos, com o detalhamento das causas,
consequências e medidas que estão sendo tomadas para tratar os riscos. Essa
comunicação deverá ser eficaz para que o conhecimento seja internalizado. A opinião
das partes é importante para a definição de decisões e estratégias do plano de gestão de
riscos.
Estabelecendo o contexto a organização define os limites, objetivos, parâmetros
que serão considerados para a implementação da gestão dos riscos dentro da estrutura
a ser considerada para a definição da gestão de riscos. O contexto externo é aquele
ambiente externo no qual a organização buscar atingir seus objetivos. Já o contexto
interno é o ambiente interno no qual a organização busca atingir seus objetivos, é algo
dentro da organização que pode influencia a maneira pela qual uma organização
25

gerenciará os riscos. O contexto irá variar de acordo com as necessidades da


organização.
Definir os critérios de risco é considerar os valores, objetivos, recursos
disponíveis e também os requisitos legais e regulatórios que são aplicáveis à atividade
da organização. Segundo a NBR ISO 31000:2009 é possível definir os critérios de risco
que serão considerados, as formas de medição, suas consequências, os níveis tolerados,
considerando os interesses da organização.
1) Processo de avaliação de riscos: é um processo de identificação, análise,
avaliação e tratamento.
2) Identificação de riscos: é a verificação da incidência, causas e
consequências de certos tipos de riscos e de que forma eles podem
influenciar positiva ou negativamente no atingimento dos objetivos. Todos
os riscos devem ser considerados. O método de identificação de riscos
deve ser acompanhado por pessoas com conhecimentos adequados.
3) Análise de riscos: é a compreensão dos riscos, as possibilidades de
impacto e a tomada de decisões sobre a condução dos riscos
identificados. Implica em verificação das causas e análise das
consequências e a possibilidade de ocorrência e em que frequência e
abrangência.
4) Avaliação de riscos: a avaliação das consequências e impactos é
determinante para a tomada de decisões e planejamento da política de
gestão de riscos da organização. Compreende em analisar o nível de risco
encontrado na análise com os critérios de risco estabelecidos quando o
contexto foi considerado, determinando dessa forma como deve ser o
tratamento. Pode ser que a partir da análise seja necessário um
aprofundamento do estudo, bem como é possível que seja observado que
o risco não necessita de novas formas de controle além das já existentes.
5) Tratamento de riscos: o tratamento será o caminho para alterar o impacto
do risco existente. Basicamente é o ciclo de avaliação do tratamento do
risco já existentes, decisão da necessidade ou não da tolerância do nível
de risco apresentado e caso necessário, a definição de um tratamento
para o risco, juntamente com a avaliação dos resultados desse
tratamento.
26

Dentre as opções para o tratamento de riscos, a mais adequada é aquela que


alia custos e benefícios, adequada às normas legais vigentes. Caso a opção de
tratamento impacte todos os setores da organização, faz-se necessário que os envolvidos
participem da decisão.
Também deve ser estabelecida as prioridades no tratamento dos riscos, e
principalmente deve se ter uma atenção especial no acompanhamento, já que o próprio
tratamento pode introduzir novos riscos ou riscos secundários, sendo o monitoramento
uma medida essencial para o sucesso de um tratamento de riscos.
A preparação e a implementação de planos para o tratamento de riscos servem
para manter a documentação das ações já colocadas em prática, registrar as
justificativas, os responsáveis pelo plano, recursos, definições, cronogramas, medidas, e
dessa forma, permitindo que seja acompanhado, monitorado e avaliado. O objetivo é
mantê-lo adequado e atualizado.
1) Monitoramento e análise crítica: devem ser efetuados periodicamente para
obterem efeitos permanentes. As responsabilidades devem ser definidas,
o acompanhamento deve analisar vários eventos, inclusive acompanhar
mudanças, tendências, sucesso e fracasso, e permitir a revisão de seus
procedimentos e tratamentos. Esses resultados devem ser partilhados
externa e internamente conforme seja ou não apropriado.
2) Registros do processo de gestão de riscos: os registros desse processo
de gestão de riscos são importantes para melhoria dos procedimentos e
do processo. Devem levar em consideração as necessidades da
administração, benefícios, custos, necessidades legais, recuperação e
armazenamento de informações, o período de retenção e a sensibilidade
das informações.
Segundo os Regimentos internos do Banco do Brasil (2017), os principais riscos
a que empresas/instituições estão expostas em suas atividades são:
1) Risco de Mercado: Surge quando existe a possibilidade de ocorrerem
perdas que possam ser ocasionadas por mudanças no comportamento
das taxas de juros, do câmbio, dos preços das ações e dos preços de
commodities. Também pode ser definido como a probabilidade de que
ocorram resultados indesejados devido a alteração de parâmetros de
27

mercado. Este risco é muito comum no mercado AEC, devido a


necessidade do mesmo em relação as políticas governamentais.
2) Risco de Liquidez: Existem dois tipos de Risco de Liquidez; o de mercado
e o de fluxo de caixa. O risco de liquidez de mercado é quando existe a
probabilidade que ocorra um prejuízo devido a incapacidade de efetuar
determinada operação em tempo hábil. O risco de liquidez de fluxo de
caixa (funding) é relacionado com a possibilidade de falta de recursos
para cumprir as obrigações assumidas com os credores, devido ao
descasamento entre receitas e despesas. O risco de liquidez também é
muito comum no mercado AEC, devido ao longo ciclo operacional da
atividade, uma vez que a venda ou recebimento do recurso, ocorre
posteriormente ao início das atividades ou conclusão da obra.
3) Risco de Crédito: Pode ser definido como a possibilidade de prejuízo,
associado a incerteza do cumprimento do acordo entre os tomadores de
credito e os investidores, conforme contratos pactuados. Este risco é
comum a maioria das empresas, e normalmente é decorrente de falhas
no processo de avaliação dos intervenientes do processo, sejam eles
clientes ou parceiros.
4) Risco Operacional: é definido como a probabilidade de ocorrer prejuízo
resultantes de falha operacional, seja ela na fase de projeto, execução ou
manutenção do empreendimento decorrente da deficiência ou
inadequação de processos internos, pessoas e sistemas, ou de eventos
externos. Possivelmente o risco mais comum no mercado AEC, devido à
dificuldade de executar o planejado, em virtude das alterações no projeto.
5) Risco Legal: Podemos definido risco legal como a probabilidade de
prejuízo decorrentes de multas, penalidades ou indenizações, devido a de
ações/fiscalizações de órgãos de supervisão e controle, bem como perdas
decorrentes de decisão desfavorável em processos judiciais ou
administrativos. Ocorre quando não são analisados todos os parâmetros
legais, com o objetivo de atender a legislação vigente.
6) Risco de Conjuntura: Ocorre quando existe a possibilidade de prejuízo
decorrentes de variações verificadas nas condições políticas, culturais,
sociais, econômicas ou financeiras do Brasil ou de outros países. Num
28

mundo globalizado, onde todos se relacionam economicamente, este tipo


de risco pode gerar grandes prejuízos econômicos, tanto para empresas,
quanto para o estado.
7) Risco Estratégico – Pode ser definido do a probabilidade de fracasso,
decorrente do insucesso das estratégias adotadas, considerando a
variação dos negócios e da concorrência, as alterações políticas no País
e fora dele e as mudanças na economia nacional e mundial. A avaliação
do cenário e a definição da estratégia correta é a melhor maneira de se
evitar esse tipo de risco. Se a empresa possuir indicadores que
demonstrem os resultados operacionais e financeiros de maneira
fidedigna, e sua diretoria for capaz de compreende-los em tempo hábil, a
probabilidade que ocorra esse tipo de rico é minimizada.

Muitos dos riscos citados, não podem ser avaliados no âmbito do mercado AEC,
pois são causados por fatores externos. Alguns, embora não estejam diretamente
relacionados com o setor de construção, podem ser identificados, avaliados e mitigados
e seus resultados podem trazer benefícios para os envolvidos. O restante, tem relação
direta com o mercado AEC, e com o auxílio de ferramentas tecnológicas podem
possibilitar uma melhor avaliação dos investimentos sob análise.

2.2.1 FERRAMENTAS DE GERENCIAMENTO DE RISCO

De acordo com o PMBOK (2004), existem diversas ferramentas gerencias que


auxiliam os gestores no processo de identificação, avaliação e controle dos riscos, entre
elas pode-se citar:
1) FMEA (Failure Mode and Effectve Analysis) – Utilizada na identificação
dos riscos utilizando como base os indicadores de SEVERIDADE,
OCORRÊNCIA e DETECÇÃO.
2) APR (Analise Preliminar de Riscos) – Tem como principal objetivo evitar
a ocorrência de eventos que possam prejudicar o andamento da
operação.
29

3) What If (E se) – Tem como base, criar cenários que contemplem todas as
situações de risco, definindo o que pode ocorrer e o que pode causar cada
uma dessas situações.
4) MATRIZ DE RISCO – Representa a combinação de resultados entre a
probabilidade de um evento ocorrer como o impacto que o mesmo pode
causar no projeto.

2.2.2 MATRIZ DE RISCO

Neste trabalho a MATRIZ DE RISCO, será utilizada para análise dos dados
coletados. A Matriz de Risco é uma ferramenta usual na análise do risco. Por definição,
a matriz de risco representa uma combinação de resultados obtidos da probabilidade de
ocorrer um evento com o impacto que o mesmo pode causar no projeto avaliado.
Segundo o PMBOK (2004), os riscos devem ser priorizados de acordo com o
impacto gerado pelo mesmo no atingimento do objetivo. As definições dos níveis de
impacto e probabilidade devem ser adequadas individualmente a cada projeto analisado.
A avaliação da Probabilidade investiga a probabilidade de ocorrência do evento,
enquanto que a avaliação do Impacto avalia o efeito potencial sobre o objetivo.
A escala de impacto, demonstra o quanto um evento pode afetar a viabilidade de
um empreendimento e pode variar dependendo objetivo esperado. Normalmente essa
escala varia entre SEM IMPACTO, BAIXO IMPACTO, MÉDIO IMPACTO e ALTO
IMPACTO, obedecendo uma escala linear (ex. 1, 2 ,3, 4, 5)
A Tabela 01, apresenta um modelo de Matriz de Risco. Percebe-se que o objetivo
pode ser variado, dependendo da prioridade do projeto.
30

Tabela 1 - Escala de Impacto

Fonte: Adaptado do NBR ISSO 3100 (2018)

Já a escala de probabilidade, demonstra qual é a chance de o evento analisado


ocorrer durante a execução do projeto. Essa probabilidade poder ser definida como
RARA, BAIXA, MÉDIA, ALTA e QUASE CERTO e também pode ser atribuída a uma
escala linear variando de 1 para um evento definido como “RARO” e 5 para um evento
definido como “QUASE CERTO”.
Matrizes de risco classificadas como semi-quantitativas são construídas
atribuindo pesos às classes de probabilidade e de consequência e definindo as classes
de risco a partir da combinação da classe de probabilidade com a de consequência,
atribuindo valores a estas combinações. Geralmente encontramos matrizes cujos valores
são obtidos através da multiplicação do “peso” atribuído à classe de probabilidade pelo
“peso” atribuído à classe de consequência.
31

Figura 2 - Matriz Risco x Impacto

Fonte: Adaptado do NBR ISSO 3100 (2018)

É possível analisar separadamente os riscos em um projeto, utilizando a mesma


matriz de riscos definida. A pontuação do risco orienta os gestores a tomar decisões
baseadas nos dados apresentados e consequentemente executar respostas que
minimizem esses eventos.
Uma boa análise de riscos exige que os dados sejam confiáveis e tempestivos.
Para isso é necessário utilizar técnicas de coleta de dados, que possam satisfazer essas
exigências. Um exemplo de técnica de coleta de dados é o MÉTODO DELPHI.
Segundo o PMBOK o Método Delphi é um método de encontrar um consenso
entre os especialistas. Neste método é utilizado um questionário onde se solicita que o
especialista informe, baseado em suas experiências o efeito esperado de determinado
evento sobre um objetivo e a probabilidade do mesmo ocorrer. Os dados são ordenados
e redistribuídos entre os outros avaliadores, para considerações. Isso é repetido até que
exista um consenso entre os entrevistados. Está técnica permite a redução da
parcialidade no levantamento dos dados e impede que alguém possas influenciar no
resultado.
32

2.3 INDICADORES

O Mercado AEC, além de apresentar os riscos inerentes do segmento de


construção, ele é muito sensível os riscos macroeconômicos, pois está diretamente ligado
a economia. Outro problema comum ao mercado de construção é o seu longo ciclo
operacional fator este que favorece o risco de Liquidez, gerando o descasamento entre a
receita e a despesa. Uma forma de identificar esses riscos, antes que se tornem um
perigo a operação é através de indicadores.
Utilizando ferramentas adequadas de gestão, alimentadas por dados confiáveis
e atualizados, é possível identificar, mensurar e corrigir, falhas operacionais que ocorram
no projeto desenvolvido, seja na fase de análise de viabilidade, execução ou manutenção
do empreendimento, buscando a mitigação dos riscos envolvidos e consequentemente
evitando prejuízos.
Segundo Souza (1994), os indicadores podem ser definidos como expressões
quantitativas que representam uma informação concebida a partir da medição e da
avaliação de uma estrutura de produção, dos processos que a compõem e dos produtos
resultantes. Desta forma, os indicadores constituem instrumentos de apoio à tomada de
decisão relativa a uma determinada estrutura, processo ou produto (LIMA, 2005 apud
GOSCH, 2012).
Um indicador é definido como útil, quando permiti uma explicação simples das
razões das mudanças em seu valor ao longo do tempo. Deste modo, um indicador de
desempenho representa um resultado atingido em determinado processo ou
característica do produto final resultante. Refere-se ao comportamento do processo ou
produto em relação a determinadas variáveis. Indicadores caracterizam condições como
o custo de determinado processo, o lucro e a conformidade dos produtos (SOUZA, 1994
apud GOSCH, 2012).
33

Figura 3 - Tipos de Indicadores

Fonte: Adaptado de Indicadores Financeiros (2018)

Conforme Souza (1994 apud GOSCH, 2012), os indicadores de desempenho


podem ser divididos em indicadores de qualidade e de produtividade. Esse mesmo
pesquisador coloca que os indicadores de qualidade “são os que medem o desempenho
de um produto ou serviço, relativos às necessidades dos clientes internos ou externos”.
Já os indicadores de produtividade “são os que medem o desempenho dos processos,
através de relações elaboradas a partir dos recursos utilizados e respectivos resultados
atingidos”. Uma das grandes dificuldades das empresas de construção civil é a falta de
dados e informações que possam orientar a tomada de decisão. Na figura 3, observa-se
alguns tipos de indicadores que podem ser utilizados no processo de análise e avaliação.
Na figura 4, abaixo estabelece as principais diferenças entre indicadores de Produtividade
e Qualidade.
34

Figura 4 - Indicadores de Produtividade x Qualidade

INDICADORES PRODUTIVIDADE QUALIDADE

Dizem respeito a O modo de utilizar os recursos Satisfação dos clientes


Medem Eficiência Eficácia
Tem Foco No Esforço Nos Resultados
Indicam Como Fazer O que fazer
Ensinam Fazer certo as coisas Fazer as coisas certas
Tem no denominador o fator a Expressam o grau de aceitação de
Seus Índices
ser avaliado uma característica

Fonte: Adaptado de Indicadores Financeiros (2018)

Para o mercado AEC, os indicadores com maior relevância são os indicadores


relacionados a produtividade e qualidade da obra. Porem indicadores financeiros, quando
alimentados com dados precisos e confiáveis, podem ser extremamente relevantes na
análise de viabilidade dos empreendimentos.

2.3.1 INDICADORES DE PRODUTIVIDADE

Os indicadores de produtividade, normalmente apresentam a relação entre a


tarefa realizada por homem-hora ou hora máquina, definindo a produtividade como uma
relação entre as entradas e saídas do processo produtivo, seus indicadores estão ligados
à eficiência dos processos internos, permitindo comparar o produto gerado com a
quantidade de recursos empregados. As entradas do processo produtivo são, para a
indústria da construção, a mão de obra, os materiais e os equipamentos, que ao
interagirem entre si levam à materialização do produto.
Os indicadores de produtividade possibilitam a análise de tendências, com o
objetivo de desenvolver ações para melhorar o desempenho da equipe e garantir o prazo
de entrega e a rentabilidade do empreendimento. As informações, obtidas através dos
indicadores, devem ser analisadas de forma contínua, com o objetivo de melhorar a
tomada de decisão.
Os indicadores de produtividade são ferramentas indispensáveis para uma
gestão eficiente e rentável na indústria da construção. Com eles é possível efetuar a
35

compilação de dados de forma sistêmica, contendo informações sobre o andamento da


obra e comparar seus resultados com dados pré-estabelecidos ou com outros
empreendimentos, estimulando melhorias, incentivando a produtividade e a motivação
da equipe e promovendo um melhor uso dos equipamentos.
O controle de produtividade traz vários benefícios para o andamento geral da
obra. Podemos citar como benefícios:
Controle de tendências: Os indicadores de produtividade proporcionam uma
integração entre sistemas de informações estruturados, cujo objetivo é auxiliar a tomada
de decisão. O controle e a verificação de dados de produtividade de um empreendimento,
permitem controlar todos os serviços executados e utilizar estas informações para
mensurar tendências como o aumento dos custos ou atrasos na execução. O controle
sobre estas informações é fundamental para que se previna possíveis problemas e
comparar o desempenho da obra com suas metas iniciais permitindo avaliar alterações
no orçamento, prever despesas futuras e verificar o cronograma.
Gerenciamento de equipes: A análise dos dados de produtividade, de quanto
demonstrando o desempenho da equipe de obras em determinado período de tempo,
auxilia no desenvolvimento da equipe, pois permiti identificar as atividades nas quais os
colaboradores apresentam melhor desempenho.
Cronograma de obra: O cronograma de uma obra é normalmente é definido na
fase de planejamento e tem como base parâmetros definidos entre contratante e
contratado. O acompanhamento deste cronograma junto aos indicadores de
produtividade permite identificar possíveis atrasos e evitar seus prejuízos. Além disso, os
apontamentos permitem sinalizar imprevistos como condições climáticas negativas, falta
de material ou de equipamento e até mesmo de frentes de trabalho, de forma a identificar
e eliminar possíveis “gargalos” na produção.
Entender o que são os indicadores de produtividade é fundamental para se
estabelecer um procedimento de controle dos mesmos. A maneira mais pratica para se
medir a produtividade no canteiro é quantificar o quanto dela é necessária como entrada
para se produzir determinada saída. A quantificação da produtividade, expressa em
homens-hora ou hora-máquina, é então relacionada a determinado serviço a ser
executado. Assim, os indicadores de produtividade consistem em uma relação entre duas
unidades de medida diferentes: uma que quantifica os recursos utilizados e outra, as
saídas produzidas ao longo de determinado período de tempo.
36

Estabelecer parâmetros de produtividade é uma maneira de se verificar se o


serviço executado está de acordo com o que é esperado. Neste sentido a definição de
KPIs (Key Performance Indicator) é um recurso relevante. Os KPIs são medidas
quantificáveis que permitem a uma organização compreender se seus objetivos estão
sendo atingidos e determinar quais as atitudes necessárias para melhorar seus
resultados. Estes parâmetros permitem entender se os diferentes processos e serviços
estão sendo executados de acordo com o cronograma da obra e com o seu orçamento.
Os KPIs devem servir como base para a padronização dos procedimentos de
mensuração de entradas e saídas em uma obra, de forma que ofereçam valores que
permitam avaliar sua eficiência e entender com clareza o desempenho da construção.
O levantamento de indicadores de produtividade é fundamental às empresas que
desejam se manter competitivas no mercado e enfrentar a concorrência e possíveis
instabilidades na economia. Através destes indicadores, a organização é capaz de não
somente controlar seu processo produtivo de forma detalhada, mas também verificar a
necessidade de realizar melhorias neste. Os dados gerados dão às empresas uma série
de vantagens, tornando assim extremamente flexível a forma de análise e ações a serem
realizadas, dentro da realidade de cada empreendimento.

2.3.2 INDICADORES FINANCEIROS

Outra maneira de se avaliar o desempenho de uma empresa ou empreendimento


no setor da construção civil é por meio de indicadores econômicos e financeiros (Figura
05). Para se analisar a situação econômica e financeira de empresas ou empreendimento
é necessário o uso de técnicas de análise de demonstrações contábeis, normalmente
efetuado por meio levantamento de indicadores ou quocientes, fornecendo uma visão
holística sobre a situação patrimonial, financeira e econômica das empresas ou
empreendimentos (ASSAF NETO, 2007).
37

Figura 5 - Indicadores Financeiros

Fonte: Adaptado de Indicadores Financeiros (2018)

Matarazzo (2008) define que “índice é a relação entre contas ou grupo de contas
das Demonstrações Financeiras, que visa evidenciar determinado aspecto da situação
econômica ou financeira de uma empresa. ” O autor define ainda que os índices são
divididos conforme seus aspectos, em índices financeiros (índices de estrutura de capitais
e índices de liquidez) e econômicos (índice de rentabilidade).
Esse entendimento é compartilhado por Marion (2010) ao destacar que, para se
ter condições de conhecer a situação econômico-financeiro de uma empresa é
imprescindível a utilização dos três pontos fundamentais de análise, Liquidez (Situação
Financeira), Rentabilidade (Situação Econômica) e Endividamento (Estrutura de Capital).
No entanto, para Silva (2014), Martins, Miranda e Diniz (2014) e Assaf Neto
(2012), os índices econômico-financeiros devem ser classificados em quatro grupos, que
são: os índices de atividade, índices de liquidez, índices de estrutura de capital ou
endividamento e índices de rentabilidade, conforme Tabela 02.
38

Tabela 2 - Quadro de Indicadores


39

2.3.2.1 INDICADOR DE DESEMPENHO DE CUSTO (IDC)

Segundo o PMBOK (2004) um indicador muito utilizado na construção civil, é o


Indicador de desempenho de custo (IDC), que demostra a discrepância entre o valor
Valor Agregado (VA) e o Custo Real do Projeto (CR). O IDC representa a taxa entre o
valor real consumido e o valor agregado no mesmo período, e pode ser calcula do pela
formula apresentada a seguir. Quando o IDC é positivo, indica que o custo real da obra
foi menor que o valor agregado, portando o desempenho do projeto agrega mais valor do
que gera custos. Se o IDC é nulo, indica que o custo real foi igual ao valor agregado, ou
seja gastou-se o que foi planejado. Caso o IDC for negativo, o custo real superou o valor
agregado, gerando mais custos do que agregando valor.

SOARES (2016), em sua dissertação avaliou a variação de custos entre o


orçamento proposto e o custo real do projeto, em diversas empreendimentos imobiliários
que tivessem o mesmo padrão construtivo, conforme apresentado nas tabelas 3, 4 e 5.

Tabela 3 - Variação de Custo 1


40

Tabela 4 - Variação de Custos 2

Tabela 5 - Variação de Custos


41

2.4 BIM

2.4.1 INICIO DA MODELAGEM 3D

A modelagem 3D teve início na década de 60 com o objetivo de representar um


grupo de formas poliédricas. Essas formas geométricas poderiam ser usadas para
compor imagens, mas ainda não conseguiam representar formas mais complexas. Só no
início da década de 80 surgiram as primeiras modelagens de edifícios baseadas em
sólidos 3D.
Utilizando sistemas CAD para a modelagem de sólidos, conseguia-se resultados
satisfatórios, porem limitados pela capacidade computacional disponível. Essa
incapacidade computacional, aliada ao alto custo financeiro do sistema e a resistência
dos projetistas com a nova tecnologia, afastaram a princípio a indústria AEC da
modelagem 3D, consolidando a utilização de editores de desenho tradicionais em 2D.
(EASTMAN,2014)
Na década de 90, a empresa Parametric Techonologies Corporation (PTC)
ampliou os conceitos antes utilizados na modelagem CAD 3D (Computer Aided Design
ou Desenho Assistido por Computador), são elas: a Boundary Representation (B-rep) ou
Representação por Fronteira e a Constructive Solide Geometry (CSG) ou Geometria
Sólida Construtiva. Com base no B-rep e na GSC, a PTC desenvolveu o conceito de
modelagem paramétrica com a inclusão de parâmetros que o próprio usuário ou o
programa podem definir, o software é composto de famílias que possuem informações
dos elementos, portanto, carregam várias informações (EASTMAN et al., 2014).
Atualmente como o desenvolvimento da capacidade computacional, este não é
mais um gargalo para a modelagem BIM. Com os sistemas atuais é possível utilizar todas
as vantagens do uso da modelagem que vão muito além da criação de maquetes
eletrônicas e agilização do processo de produção de documentações projetuais.

2.4.2 O QUE É BIM?

Não podemos definir BIM apenas transcrevendo suas siglas (Building


Information) ou traduzindo as mesmas para o português (Modelagem da Informação da
Construção). Embora a sigla seja de tradução simples a sua definição é um tanto
complexa. Não existe apenas uma definição sui generis. Para definirmos o BIM, é melhor
42

primeiramente definirmos o que ele não é: BIM não é um software; BIM também não é
uma ferramenta, BIM não é um Equipamento.
BIM é um conceito, um novo modelo. É uma nova forma de interligar todos os
ciclos de vida de uma edificação, contemplando desde o projeto à sua manutenção.
Eastman (2014), define BIM como uma tecnologia de modelagem associada a
um aglomerado de procedimentos para executar, comunicar e investigar construções.
Jernigan (2008, apud MELO, 2014), afirma que os sistemas BIM trabalham com um
modelo único paramétrico. Neste modelo de processo o projeto não é sequencial e não
existem etapas separadas, todas as alterações efetuadas estão interligadas, de maneira
a promover a simplicidade e agilidade nas diversas fases da edificação.
De acordo com a Mello (2012), o MODELO BIM (Figura 06) possui de diferentes
características físicas e funcionais durante todo o ciclo de vida do projeto, desde a sua
concepção inicial até a operação e manutenção do empreendimento. Devido a isso, cada
fase deve conter o máximo de dados, com o objetivo de informar e orientar os
intervenientes do processo. O modelo BIM precisa estar presente de forma ativa em todas
as etapas da construção e operação, mas para que exista um melhor desempenho pode-
se adapta-lo, conforme as necessidades específicas de cada interveniente, processos e
tecnologia envolvidos no projeto. A continuidade de uma etapa para outra propõe a
redução de erros e intensifica ganhos para todos os elos da cadeia.

Figura 6 - Projeto BIM

Fonte: Projeto BIM


43

2.4.1 MODELAGEM PARAMETRICA

A conceito básico da modelagem paramétrica é a atribuição de propriedades


definidas por parâmetros, pré-definidos por valores fixos ou determinados pelo usuário, e
controladas de forma hierárquica, obedecendo os níveis de conjunto e subconjunto.
No projeto paramétrico, ao invés de projetar um elemento que represente algo,
o projetista define uma família de modelos ou uma classe de elementos formada por um
conjunto de relações e parâmetros, variando o elemento conforme o contexto. Os objetos
são definidos utilizando parâmetros como distancia, ângulos, vinculações e relações. Isto
permite que cada parte do elemento varie de acordo com seus parâmetros e suas
relações textuais, obedecendo as exigências definidas pelo projeto, permitindo ao
projetista fazer variações desde que respeite as regras pré-definidas do projeto.
(EASTMAN, 2014)
Num sistema CAD 3D, cada parte da geometria de um elemento deve ser editado
manualmente, já em um modelador paramétrico a geometria do objeto se ajusta
automaticamente, respeitando seus parâmetros pré-definidos.
Segundo Eastman (2014) para perceber as vantagens da modelagem
paramétrica em relação a geometria 3D tradicional, deve ser observar a composição de
uma família de paredes, analisando seus atributos e relações. O termo família é utilizado
porque ele é capaz de gerar diferentes objetos de seu tipo, em diferentes localizações e
com parâmetros variados. Pode-se definir uma parede como um volume restringido por
múltiplas faces interligadas, definidas pelo contexto onde são aplicadas ou por valores
expressos diretamente.
Num projeto tradicional uma parede é definida como dois afastamentos
paralelos, a partir de uma linha de controle, baseada numa espessura pré-definida,
dependendo do tipo de construção. A altura de elevação da parede normalmente é
definida pelos planos de PISO-TETO. Suas extremidades podem ser definidas pela
interseção com outras paredes ou por objetos que a delimitam, tendo um ponto inicial e
final fixo e está associada a todos esses elementos e também aos múltiplos espaços que
ela separa.
Num modelo paramétrico, os objetos inseridos na parede possuem pontos de
inserção definidos por um comprimento ao longo da parede através de um de seus pontos
extremos até o centro do objeto com seus parâmetros requeridos. Tais aberturas estão
44

posicionadas no sistema de coordenadas da parede, logo podem se mover como uma


unidade, ajustando automaticamente seus limites à medida que o layout do projeto é
alterado. Sempre que um ou mais planos delimitadores da parede mudam, toda a parede
atualiza-se automaticamente com o objetivo de manter o layout original. (EASTMAN,
2014)
Devido a esta atualização automática, é necessária uma atenção especial no
momento de definir uma parede genérica, que normalmente possui uma centena de
regras de atributos com suas definições.
Para cada software de elaboração de projetos BIM, existe um conjunto de
famílias de “objetos base” paramétricos pré-definidos, que normalmente atendem
topologias de construção mais padronizadas. As famílias de objeto base representam a
pratica padrão. A pratica padrão representa as práticas da indústria que não
necessariamente são as mesmas dos projetistas. Cada projetista deve adotar sua melhor
pratica, que reflete os detalhes que o mesmo julga importante, baseado em experiências
anteriores com projetos bem-sucedidos e no perfil de trabalho de sua equipe.
Segundo Eastman (2014) qualquer empresa que se considere especialista em
modelagem BIM deve possuir a competência de definir e elaborar suas próprias
bibliotecas de família de objetos paramétricos, com o objetivo de adaptar sua metodologia
construtiva com os parâmetros do projeto.
Todo software de elaboração de projetos BIM, permitem a elaboração de famílias
de objetos personalizados. Caso uma família de objetos paramétricos não esteja
disponível no software utilizado, a equipe de projeto tem a opção de criar uma nova
família que contemple os requisitos pretendidos e incorpore todas as regras do projeto.

2.4.2 INTEROPERABILIDADE

Interoperabilidade (Figura 07) pode ser definida como a capacidade de transferir


informação entre diversos sistemas sem que a mesma perda confiabilidade.
Segundo o dicionário Aurélio (2018) interoperabilidade é: “Ação de interoperar,
de trabalhar em conjunto; Capacidade de trabalhar em conjunto que possibilita a
interação entre pessoas, sistemas de operação ou organizações, buscando uma troca de
informações mais eficiente e produtiva; Capacidade de um sistema informático de
interagir ou de se comunicar com outro”
45

No mundo da construção nenhuma ferramenta sozinha pode atender todas as


etapas associadas ao projeto e execução de uma construção. A interoperabilidade
representa a necessidade de transferência de dados entre todos os intervenientes
envolvidos no projeto, permitindo que diversos profissionais, cada um em sua plataforma,
possam contribuir com a realização do mesmo.

Figura 7 - Interoperabilidade

Fonte: Interoperabilidade

O modelo de informação normalmente utilizado na metodologia BIM é o IFC


(Industry Foudantion Classes), utilizado para o planejamento, projeto, construção e
gerenciamento de empreendimento de edificações. O modelo IFC, tem a capacidade de
representar a geometria, relações, processos e materiais, desempenho, fabricação e as
mais diversas propriedades necessárias para a elaboração e construção da edificação,
podendo ser frequentemente ampliados, com base na necessidade de cada projeto.
(EASTMAN, 2014)
Num ambiente globalizado, onde não existe mais a necessidade da presença
física de um profissional, cada vez é mais comum a elaboração de projetos por
profissionais que não estejam no mesmo ambiente físico. Como projeto e construção de
um empreendimento é uma atividade de equipe multidisciplinar, onde cada profissional é
46

responsável por uma parte especifica do projeto, e cada parte desse projeto é
desenvolvida numa plataforma diferente das outras, a necessidade de integração e
comunicação das plataformas é fundamental para o sucesso da edificação.
Segundo EASTMAN (2014), a interoperabilidade verifica a necessidade de
transferir os dados entre as aplicações com o objetivo de contribuir com a coletividade do
projeto, mantendo a confiabilidade da informação, eliminando a necessidade de replicar
a entrada de dados que já foram gerados facilitando o fluxo de trabalho e sua automação.
Atualmente existem várias maneiras de transferir informação entre softwares
distintos, abaixo listamos algumas delas:
Ligações diretas e proprietárias entre ferramentas BIM especificas.
1) Formatos de arquivos de intercambio proprietários, com foco principal na
geometria.
2) Formatos públicos de intercambio de modelos de dados.
Ligações diretas possibilitam uma conexão entre aplicativos diferentes,
geralmente com a mesma interface de usuário. A interface faz parte do modelo de
construção do software sendo possível a criação, exportação, modificação ou deleção.
Já o formato de arquivo de intercambio proprietário é aquele formato que foi desenvolvido
por uma empresa para interfacear as informações entre aplicativos do mesmo fabricante.
Enquanto uma ligação direta é uma interface binaria em tempo de execução, o formato
de intercambio é executado como um arquivo de texto em formato de texto. (EASTMAN,
2014)
Os formatos de intercambio públicos utilização um padrão aberto para o modelo
de construção, no qual o IFC (Industry Foundation Classes) é a principal opção. É
importante reforçar que o formato, deve possuir informações sobre as propriedades dos
objetos e materiais em conjunto com as relações entre eles e a sua geometria.
As empresas responsáveis pelo desenvolvimento dos softwares de construção,
geralmente optam pelo desenvolvimento de formato de arquivos proprietários, alegando
que possuem uma maior capacidade de suporte nesse tipo de arquivo. Outro motivo que
também pode ser responsável por esse tipo de formato, é o fato das empresas poderem
evitar que seus clientes utilizem software de concorrentes, uma vez que seus arquivos só
podem ser interpretados pelos seus aplicativos.
O mercado da construção, por outro lado, deseja combinar aplicações para
possibilitar outras possibilidades de conexão, que transcendem os aplicativos de AEC.
47

A integração entre os aplicativos é essencial para projetos que envolvam grandes


equipes, que trabalham com diferentes aplicativos, pois é mais fácil comunicar todas as
informações do projeto, do que fazer todos os membros das equipes utilizarem o mesmo
software.

2.4.3 PROPRIEDADES E ATRIBUTOS

A modelagem paramétrica além de tratar da geometria dos objetos, precisa


conter as informações sobre suas características e propriedades, principalmente se
objetos tiverem que ser interpretados por outras aplicações.
Segundo EASTMAN (2014) as propriedades possuem especificações básicas
de cada objeto, como material necessário para a fabricação, sua resistência,
especificações, desempenho, entre outras.
Essas propriedades normalmente são utilizadas de maneira conjunta, na
elaboração do projeto. Elas são organizadas de forma apropriada em conjuntos e
associadas com algumas funções especificas de cada objeto. As bibliotecas de conjunto
de propriedade contendo diferentes objetos e materiais são parte essencial de uma
ferramenta de geração de modelos BIM. (EASTMAN, 2014)
Os softwares de modelagem BIM, tem contemplam um conjunto mínimo de
propriedades para a maioria dos objetos e fornecem a possibilidade de acrescentar
propriedades adicionais para cada estrutura, ficando a critério do projetista sua
complementação. Tal complementação de propriedades (Figura 08) tem como objetivo
aumentar o número de informações relevantes sobre o projeto, aumentando a
capacidade de analises e simulações, facilitando a tomada de decisão.
48

Figura 8 - Propriedades de Famílias BIM

Segundo EASTMAN (2014), o gerenciamento dos conjuntos de objetos, onde


existe um grande número de propriedades, torna-se complicado, uma vez que diferentes
aplicações para a mesma função podem utilizar propriedades e unidades divergentes.
Pode-se citar três alternativas para o gerenciamento das propriedades em um conjunto
de aplicações:
1) As propriedades são pré-definidas em bibliotecas de objeto, de forma que
são incluídas ao modelo no memento em que o objeto é criado. Essa é
uma boa alternativa para um conjunto padrão de objetos, como por
exemple estruturas pré-moldadas.
2) As propriedades são criadas pelo usuário, sendo incluídas conforme a
necessidade de cada aplicação, a partir de um conjunto de bibliotecas de
propriedades armazenadas. Essa alternativa permite que o projetista
defina um conjunto de objetos semelhantes ou conjunto de propriedades
para exportar para outra aplicação.
3) As propriedades podem ser automaticamente atribuídas, no momento em
que são exportadas para aplicações de analise ou simulação. Esta
maneira mantem o projeto leve, porem requer o desenvolvimento de uma
49

rotulagem de materiais compreensiva e que possa ser usada em diversas


aplicações. Porém ainda não existe um padrão de rotulagem bem
desenvolvido, cabendo a cada adotar o padrão que mais se encaixa nas
suas aplicações.

2.4.4 EXTRAÇÃO E QUANTIFICAÇÃO DOS DADOS EM BIM

A extração e a quantificação de dados num projeto desenvolvido em BIM, facilita


muito o processo de precificação e quantificação dos itens do projeto e facilita a criação
de cenários, possibilitando com isso uma maior previsibilidade e segurança sobre as
variáveis analisadas.
O orçamento de uma obra pode ser definido como uma estimativa ou previsão
expressa em termos quantitativos físicos ou monetários que visa auxiliar o gerenciamento
e a tomada de decisões. Os quantitativos físicos referem-se, por exemplo, à: quantidades
de materiais de construção, horas de mão-de-obra, horas de equipamentos. Já os
quantitativos monetários referem-se à: receitas, despesas, custos, recebimentos e
desembolsos
Segundo MATIPA (2008 apud SAKAMOTO, 2015) O levantamento correto nos
quantitativos de materiais e serviços, de um projeto, fornece o ponto de partida para a
avaliação global do papel da gestão de custos dentro uma equipe do projeto. A extração
de quantitativos nos projetos modelados em BIM geram estimativas de orçamentos em
diferentes fases da obra. O modelo permite a contagem de componentes com rapidez e
precisão. Também é possível quantificar volumes e áreas, com o BIM fornecendo a maior
parte dos dados necessários para a orçamentação do empreendimento.
Um projeto para ser modelado em BIM, necessita de parâmetros e
especificações para cada um dos objetos nele presentes. Alguns parâmetros como altura,
comprimento, e espessura podem ser definidos como padrões. Já parâmetros como
custo, tempo, podem ser definidos pelo projetista. Atualmente, aplicações BIM já
permitem efetuar listagens por elementos, por parâmetros e por quantidades. Deste
modo, é possível extrair automaticamente quantidades do modelo. Mediante a
capacidade de interoperabilidade, as quantidades podem depois ser aproveitadas por
outras aplicações para executar operações de orçamentação, planejamento e gestão da
construção.
50

SAKAMORI (2015), demostra em sua tese o processo de extração e


quantificação de dados, de um projeto arquitetônico elaborado em BIM 5D e
compatibilizado com os projetos complementares, onde as famílias de elementos
construtivos são criadas de acordo com as especificações definidas em projeto e
compatíveis com sistemas de consulta como o SINAPI, tornando o processo de extração
de dados confiável e consistente. Para isso, uma ampla e organizada família de objetos
é um elemento fundamental na modelagem paramétrica, uma vez que cada objeto possui
suas características próprias e os mesmo podem ser customizados, criando-se sub-itens,
de acordo com a necessidade do projetista, conforme verificado na Figura 9.

Figura 9 - Famílias BIM

Com o objetivo de unificar a nomenclatura em todo o processo de modelagem,


foi incluído o CÓDIGO da composição de custo definido pela tabela SINAPI, no campo
“keynote” ou nota chave. Isso se fez necessário para que o objeto fosse reconhecido
como um único elemento durante todo o processo de modelagem 3D, 4D e 5D. Este
processo foi expandido para todos os objetos do projeto.
Considerando que o projeto arquitetônico já estava compatibilizado com os
projetos complementares, foi iniciado a extração dos dados com o recurso do Autodesk®
Revit Schedules/Quantities. Tal ferramenta permitiu a criação automática de tabelas
51

contendo as especificações de cada objeto contido no projeto, com suas respectivas


quantidades. Caso os objetos tivessem sido cadastrados com seu custo, essa informação
também poderia ser quantificada, gerando com isso um orçamento prévio no momento
do término do projeto. A figura 10 demonstra o processo de criação das tabelas e dos
quantitativos.

Figura 10 - Criação de Quantitativos

A figura 11, detalha a tabela criada contendo os itens selecionados com


seu respectivo código EAP, keynote e a quantidade de itens a serem executados. Como
o custo não foi incluído na criação do objeto, a tabela foi exportada para uma planilha de
cálculo EXCEL, onde todos os itens receberão seus valores monetários.

Figura 11 - Criação de Tabelas


52

Para uma correta interoperabilidade de dados, SAKAMORI (2015) indica que o


arquivo extraído do Autodesk® Revit, seja no formato “txt”, pois o mesmo é aceito por
ambos os softwares. O processo de extração do arquivo foi demonstrado nas figuras 12
e 13.

Figura 12 - Extração de Dados

Figura 13 - Extração de dados .txt

Tendo sido gerado o arquivo “txt”, o próximo passo é importa-lo para a planilha
EXCEL, conforme procedimento da figura 14 e 15.
53

Figura 14 - Exportação dados EXCEL

Figura 15 - Exportação de dados EXCEL

O processo de importação para a planilha de cálculo, dispensa serviços manuais


de quantificação e digitação dos dados gerados a partir do modelo 3D, ficando o
profissional responsável apenas pela inclusão dos valores monetários de cada objeto,
conforme observado na figura 16.

Figura 16 - Dados EXCEL


54

Os passos listados descritos por SAKAMORI (2015), deverão ser realizados para
cada um dos itens relacionados no EAP do projeto. A exportação de dados do modelo
3D, para uma planilha de cálculo externa, possibilita a atualização de custo dos materiais
de forma mais automatizada, do que a inclusão manual de do valor a cada atualização
dento dos parâmetros do objeto analisado. Porém esse método gera uma defasagem no
modelo 3D, uma vez que a variável custo não pode ser obtida diretamente do modelo.
Para projetos desenvolvidos em BIM, que ainda não foram compatibilizados, é
possível utilizar a ferramenta NAVISWORKS, para compatibilizar todos os projetos e
extrair seus quantitativos.
ANDERLE (2017) em sua dissertação apresenta a compatibilização e a extração
de dados de um projeto desenvolvido em BIM 5D. Para isso foi necessária importação
do modelo 3D elaborado no REVIT, para o NAVISWORK. Como ambos os softwares são
do mesmo fornecedor a interoperabilidade entre eles é. Dentro do NAVISWORK, a
importação do arquivo foi feita pela ferramenta “append” conforme figura abaixo.

Figura 17 - Importação de dados Naviswork

O NAVISWORKS, é o software responsável pela compatibilização do projeto


arquitetônico com os projetos complementares. Para isso fez-se uso da ferramenta
“CLASH DETECTIV”, responsável por detectar elementos ocupando o mesmo espaço
físico.

Para a compatibilização dentro do “ CLASH DETECTIV” foi necessário:


1) Selecionar o botão “ADD TEST”
55

2) Definir as regras de test, como Type:Hard, cujo objetivo é identificar as


interferências geométricas, conforme demostrado a figura 18.

Figura 18 - Compatibilização no Naviswork

3) Selecionar os projetos arquitetônico e complementares a serem avaliados,


conforme figura 19.

Figura 19 - Compatibilização Naviswork

4) Visualizar os resultados ou não das interferências e avaliar as soluções


possíveis, conforme figura 20.

Figura 20 - Compatibilização Naviswork


56

Após todos os projetos estarem compatibilizados e suas possíveis interferências


tiverem sido corrigidas, iniciou-se a etapa de quantificação do modelo 3D. Para isso
utiliza-se dentro do NAVISWORKS, a ferramenta “QUANTIFICATION” para foi utilizada
para a extração de dados do modelo, conforme figura 21. Tal ferramenta permite a
criação de grupos e de diversos item, com o objetivo de organizar os materiais levantados
a partir do modelo 3D. Para facilitar o processo de orçamento, ANDERLE (2017) indica
agrupar os itens extraídos de acordo com os grupos utilizados na planilha orçamentária,
conforme figura 22. Após esse passo foi necessário selecionar os itens desejado e
solicitar a extração dos quantitativos. O mesmo procedimento foi repetido para todos os
itens em que se desejava obter os quantitativos e ao final, os dados foram exportados
para uma planilha excel através da opção export catologs da ferramenta quantification.

Figura 21 - Ferramenta Quatification


57

Figura 22 - Grupos de Itens Extraidos

SANTOS (2015), em sua dissertação modelou em BIM 5D, um empreendimento


multi-residencial localizado em Salvador – BA, composto por 1 Torre de apartamentos
com 26 pavimentos tipo, com 4 apartamentos por andar, com área construída de
15.507,37 m², conforme figura abaixo.

Figura 23 - Projeto SANTOS (2015)

Após a compatibilização entre os projetos, o quantitativo foi gerado a partir do


NAVISWORK, para compor a planilha orçamentária dos Custos Diretos da Obra. Devido
a lista itens ser muito extensa, Santos (2015) compilou os levantamentos e os ordenou
do maior para o menor custo, conforme apresentado na tabela 06.
58

Tabela 6 - EAP Projeto SANTOS (2015)

A obra foi orçada em R$20.409.888,80 (vinte milhões, quatrocentos e nove mil,


oitocentos e oitenta e oito reais e oitenta centavos), com previsão de duração de 735 dias
(inicio em 01/10/2014 à 05/10/2016), conforme tabela 7 apresentada abaixo:

Tabela 7 - Estimativa PRAZO


59

2.4.5 LIMITAÇÕES

Embora existam inúmeras vantagens em se projetar em BIM, também existem


inúmeros obstáculos para a implementação de forma ampla dessa tecnologia. Podemos
incluir como obstáculo as barreiras técnicas, questões de responsabilidade legal e
regulatória, resistência a mudanças na forma de contratação, mas certamente a maior
dificuldade é a falta de profissionais qualificados em BIM.
Como BIM, o projeto poderá ser construído de forma colaborativa, permitindo
que equipes trabalhem em conjunto, mesmo estando em outros países. Isso exigira que
o fluxo de trabalho e os relacionamentos comerciais suportem o compartilhamento das
responsabilidades, pois um engenheiro estrangeiro, poderá ser responsável técnico por
um projeto sem estar devidamente habilitado para isso.
Segundo EASTMAN (2014), os diferentes interesses econômicos entre
projetistas e empreiteiros também podem ser considerado uma barreira para o
desenvolvimento da tecnologia, uma vez que, nos modelos atuais de negócio no mercado
de construção, apenas uma pequena parte dos benéficos econômicos do BIM, ficam para
quem projeta. Os maiores lucros irão para os empreiteiros e proprietários. Porem os
elevados investimentos em software e em capacitação profissional ficam com que projeta.
Tecnicamente a maior barreira para a implementação do BIM de forma ampla e
colaborativa, é a dificuldade na interoperabilidade entre as ferramentas, principalmente
se as mesmas forem de fabricantes diferentes.

2.4.6 CENÁRIOS

Vários órgãos internacionais e governos têm incentivado pesquisas em BIM nos


últimos anos. As principais organizações internacionais que trabalham para o
desenvolvimento da tecnologia e sua implementação, são: International Alliance of
Interoperability (IAI), National Institute of Building Sciences (NIBS), Associated General
Contractors of America (AGC), Construction to Operations Building Information Exchange
(COBIE), General Service Administration (GSA), International Council for Research and
Innovation in Building and Construction (CIB), Erabuild Funding Organizations, VTT,
Eurostep, Rambøll, Virtual Construction (VIRCON). Além dessas organizações, muitos
governos têm incentivado o uso maciço do BIM, seja por meio de investimentos em
agencias de pesquisa (como é o caso do GSA, nos Estados Unidos, da Senate Properties
60

na Finlândia e da INNOVA na Europa), seja por meio de regulamentações para a


construção, ou por meio de fóruns de discussões sobre o uso da tecnologia BIM.
(ANDRADE, 2011) ASSAF NETO
Embora a aplicação do BIM venha sendo tema de workshops, conferências e
publicações em todo o mundo, apresentando os benefícios e desafios do uso do BIM por
projetistas, construtores e outros, para o processo de projeto, construção do edifício e
acompanhamento ao longo da vida da edificação, o que se verifica de fato é que ainda
se utiliza muito pouco da capacidade do BIM nos processos de projeto.
Segundo ANDRADE (2009) No Brasil as pesquisas e o desenvolvimento de
projetos em BIM são muito recentes. Pesquisas que abordam objetos paramétricos, IFC,
Interoperabilidade e colaboração digital embora estejam presentes em diversos
congressos e publicações nacionais a mais de uma década, a abordagem da
metodologia BIM é bem recente.
Conforme pesquisa sobre o BIM demonstra que a maioria dos artigos e
publicação nacionais possuem como foco principal o BIM no processo de projeto. Estes
artigos ainda são muito superficiais, não demostram todas as possibilidades de
implementação do BIM. Ainda não foram estudados e publicados os benefícios do uso
do BIM em casos concretos de projetos e construções. Os relatos do uso do BIM ainda
se limitam à escritórios de projeto de arquitetura. As vantagens e desafios do uso do BIM
em fábricas de componentes para a construção e construtoras ainda não foram discutidos
em publicações nacionais.
Com relação ao uso do BIM em projetos de arquitetura o que Souza et al. (2009)
observou é que os principais motivos para adoção do BIM em escritórios de projeto de
arquitetura são: melhoria da qualidade de projeto, menos erros; facilidade de modificação
de projeto; diminuição do prazo de entrega de projeto; redução da carga horária de
projeto; maior facilidade na apresentação de projetos; e complexidade dos projetos
trabalhados. Os resultados desta pesquisa mostram que colaboração, interoperabilidade,
avaliação automática e mudanças no processo de projeto de arquitetura não aparecem
como preocupação dos escritórios de projeto de arquitetura que implantaram o BIM, aqui
no Brasil. (ANDRADE, 2009)
Estes fatos demonstram que o uso do BIM no Brasil coincide com a geração BIM
1.0. Para que mudanças ocorram é importante aprofundar as pesquisas do BIM na prática
de projeto, e o incentivo de órgãos governamentais e da comunidade acadêmica é vital
61

para que novas pesquisas abordem mais profundamente as principais mudanças no


processo de projeto com o BIM, seja na redefinição das metodologias projetuais, seja na
colaboração e integração com outros profissionais de projeto. (ANDRADE, 2009)

2.4.7 TENDÊNCIAS

Com a evolução da tecnologia e a necessidade da humanidade em querer


construir cada vez mais utilizando cada vez menos recursos, com o objetivo de maximizar
seus lucros, a modelagem BIM torna-se o tripé fundamental da elaboração de projetos,
pois envolve processos, pessoas e tecnologia na concepção da solução final.
A modelagem BIM não é uma tecnologia imutável, é um sistema em evolução.
Conforme ela se desenvolve e o seu uso se dissemina, a forma como se constroem
empreendimentos e o modo como o mesmo é avaliado também evolui. O BIM contribuirá
para um grau mais alto de pré-fabricação, flexibilidade e variação nos métodos
construtivos e tipologias, redução da quantidade de documentos, redução dos erros de
projeto, menor desperdício e consequentemente maior produtividade e redução do risco.
(EASTMAN, 2014)
A velocidade de adoção da modelagem BIM, depende de vários fatores sociais,
técnicos e econômicos, mas de maneira geral a tecnologia BIM facilitará a integração de
equipes de projeto, possibilitando uma colaboração mais próxima, tornando o processo
de desenvolvimento do projeto mais rápido, menos custoso e mais confiável. (EASTMAN,
2014)
Com o ganho de velocidade na elaboração de projetos, na fase de
documentação estrutural, os clientes sejam esses públicos ou privados, estão
começando a exigir que os projetos sejam modelados em BIM, pois possuem uma melhor
visualização do que o modelo 2D, e sua orçamentação é de forma automática,
possibilitando a criação de vários cenários construtivos, onde pode ser avaliado mais
facilmente qual modelo apresenta o melhor custo-benefício.
Segundo EASTMAN (2014), empresas de construção, estão implementando
sofisticados sistemas de ERP, com o objetivo de integrar sistemas comum em outras
industrias, como sistemas de compras, contabilidade, estoque e gerenciamento de
projeto. Esses sistemas integrados com suas ferramentas BIM, poderão gerar analises e
estudos de viabilidade de maneira mais rápida e precisa.
62

3. METODOLOGIA

Segundo Demo (2000), a Pesquisa pode ser definida tanto como um


procedimento de construção do conhecimento, quanto um método de aprendizagem
utilizando o princípio científico e educativo, sendo estes, partes integrantes de todo
processo reconstrutivo de conhecimento.
O objetivo da pesquisa é “resolver problemas e solucionar dúvidas, mediante a
utilização de procedimentos científicos” (BARROS; LEHFELD, 2000a, p. 14) e a partir de
questionamentos formulados, encontrar respostas conclusivas para os problemas
estudados.
A pesquisa básica tem como objetivo produzir novos conhecimentos úteis para
o avanço da ciência sem aplicação prática prevista. Envolve verdades e interesses
universais. (Prodanov, 2013). Devido aos objetivos deste trabalho, o modelo adotado na
elaboração do mesmo foi o modelo de natureza de pesquisa básica.
A Pesquisa exploratória, tem como finalidade proporcionar mais informações
sobre o assunto que será investigado, possibilitando sua definição e seu delineamento.
(Prodanov, 2013). Já a pesquisa descritiva, tem como objetivo descrever os fatos
observados sem que exista interferência, visando o estabelecimento de relações entre as
variáveis analisadas. (Prodanov, 2013).
A pesquisa foi desenvolvida e classificada de forma que fosse possível atingir o
objetivo proposto de forma mais eficiente. Para um melhor entendimento desta pesquisa,
verificou-se que ela pode ser classificada como pesquisa Exploratória e Descritiva, uma
vez que, utilizou-se fontes bibliográficas e descritivas, além de projetos e planilhas
eletrônicas que possibilitassem a aplicação dos dados, para que fosse possível descrever
todo o processo.
Numa pesquisa quantitativa é considerado que tudo pode ser quantificável, e que
é possível traduzir em números opiniões e informações para classificá-las e
analisá-las. (Prodanov, 2013). Já a pesquisa qualitativa, prevê que a interpretação dos
dados e as suas definições são básicas durante o processo e não requerem o uso de
métodos e técnicas estatísticas. O processo e seu significado são os focos principais de
abordagem. (Prodanov, 2013).
Devido ao uso de uma revisão de literatura com base artigos, livros, teses e
análise documental de projetos reais, será utilizado a abordagem qualitativa para
63

tratamento dos dados devido a interpretação que se fará acerca das fontes bibliográficas
e projetos explorados. Nesse sentido, devido a base da pesquisa ser um problema, tem-
se o tipo de raciocínio hipotético-dedutivo empregado, para que a partir de uma hipótese
possa chegar a uma base de solução viável para o problema. Conforme citado acima a
abordagem qualitativa possibilita uma análise de todo o processo de mitigação de risco,
baseando-se em suas definições e no processo de obtenção de dados, sem se preocupar
com a quantificação destes dados gerados a partir do modelo proposto.
Gil (1999), por sua vez, salienta que: "...a pesquisa bibliográfica é desenvolvida
a partir de material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos
científicos...".
Devido ao uso de projetos, cronogramas físico-financeiros, além de extensa
bibliografia tanto de análise de risco quanto do modelo BIM, notou-se que a pesquisa será
documental, dessa forma será possível realizar o levantamento de dados reais para a
verificação das hipóteses levantadas. Avaliando com isso o uso de indicadores de
desempenho, alimentados por dados gerados a partir do modelo BIM, com o objetivo de
mitigação do risco durante a elaboração e execução do projeto.
Como instrumento de coleta de dados utilizou-se projetos e cronogramas físico-
financeiros de diversas obas, devido à dificuldade de encontrar um projeto que
contemplasse todos os níveis de BIM e que seguissem as normas indicadas para
gerenciamento de projetos. Tendo como base os livros de maior relevância sobre o
assunto, a fim de se obter uma melhor apreciação do conteúdo apresentado no trabalho.
Desta forma foi possível levantar as informações mais importantes sobre o tema que
servirá como fonte de dados para a revisão de literatura.

Rampazzo (2005), assim conceitua:

"Toda pesquisa implica o levantamento de dados de variadas fontes.


Quando o levantamento ocorre no próprio local onde os fenômenos
acontecem, temos uma documentação direta (por exemplo, na entrevista). E,
quando o pesquisador procura o levantamento que outros já fizeram temos
a documentação indireta. A documentação indireta, por sua vez, pode ser
encontrada nas fontes primárias, ou na bibliografia (livros e artigos). No
primeiro caso, a pesquisa é documental; no segundo, bibliográfica."

Para realização desta pesquisa utilizou-se fontes secundárias, visto que o


objetivo desta pesquisa não é avaliar os projetos em si, e sim avaliar a possibilidade de
64

obtenção de dados de formar eficaz, com o objetivo de mitigação do risco em projetos de


engenharia.
Para avaliar um projeto, é fundamental definirmos quais os parâmetros serão
analisados e qual a influência de cada um sobre o resultado final do empreendimento. Na
concepção de um projeto os parâmetros que mais influenciam o resultado são: CUSTO,
PRAZO e QUALIDADE. Portanto para solucionar o problema e atender aos objetivos
propostos, deverá ser extraído do modelo BIM dados que alimentem indicadores de
custo, prazo e qualidade. Embora seja possível extrair dados de prazo e qualidade, os
mesmos não serão analisados neste trabalho.
Neste trabalho os dados serão compilados e utilizados na elaboração de
indicadores de desempenho. Consequentemente esses indicadores fornecerão
parâmetros para a criação de uma matriz PROBABILIDADE X IMPACTO, cujo objetivo é
verificar o risco financeiro em cada etapa do projeto e analisando o impacto do mesmo
sobre a rentabilidade do projeto e consequentemente sua viabilidade.

3.1 LEVANTAMENTO DE DADOS

Para o levantamento de dados utilizou-se como base o projeto desenvolvido em


BIM proposto por SANTOS (2015), onde foi extraído os CUSTOS DIRETOS do
empreendimento. Como o projeto não mencionava a variação de custo observada entre
o orçamento e a execução da obra, utilizou-se nessa pesquisa as VARIAÇÕES DE
CUSTO obtidas por SOARES (2016).
Como os projetos de SANTOS (2015) e SOARES (2016), não compartilhavam
do mesmo EAP, foi necessário elaborar um EAP, que se compatibiliza os dois projetos.
Segundo XAVIER (2006), cada elemento do EAP deve representar um resultado tangível
e verificável. A estrutura de uma EAP basicamente é definida por projeto, subprojetos,
fases e pacotes de trabalho que constituem o seu nível mais operacional (VARGAS,
2005).
Com o objetivo de facilitar o entendimento, os projetos foram compatibilizados
utilizando um EAP macro, que comtempla toda as fases dos projetos, conforme
demostrado na Tabela 8.
65

Tabela 8 - EAP Compatibilizado

Com base nesse EAP, foi possível compatibilizar os projetos de modo que cada
item do EAP representasse a variação de custo máxima (Tabela 09) e média (Tabela 10)
entre o projeto orçado e o projeto executado. Para obtenção das VARIAÇÕES DE
CUSTO MAXIMO, considerou-se as máximas variações obtidas por SOARES (2016),
desconsiderando se as mesmas foram positivas ou negativas. A VARIAÇÕES DE
CUSTO MÉDIO, foram obtidas através do cálculo da média aritmética das variações
informadas.

Tabela 9 - Variação de Custos Máxima


66

Tabela 10 - Variação de Custos Média

3.2 INDICADOR DE DESEMPENHO DE CUSTO (IDC)

Tendo o valor orçado e o valor executado é possível estabelecer um indicador


denominado de IDC (Indicador de Desempenho de Custo), indicando a variação do custo,
com relação ao previsto, no decorrer do projeto. O IDC tanto pode representar a variação
do custo por EAP, quanto do projeto como todo, conforme figura abaixo:

Gráfico 7- Indicador de Custos


67

Caso não existisse variação nos custos, esse indicador seria nulo. Analisando a
VARIAÇÃO MÁXIMA DE CUSTOS obtida, obteve-se um IDC de projeto de 22%, ou seja,
o custo superou em 22% o valor previsto no orçamento. Se considerarmos a VARIAÇÃO
MEDIA DE CUSTOS, obteve-se um IDC de projeto de 12,51%.

3.2 FORMAÇÃO DO VALOR DE VENDA DO EMPREENDIMENTO

Para a elaboração de novos indicadores, foi necessário atribuir um valor de


venda ao projeto proposto por SANTOS (2015). Como o valor de venda, é definido pelo
MERCADO e não pela empresa, foi preciso atribuir um valor coerente com a realidade
do mercado local.
Após pesquisa em sites especializados, estimou-se que o valor do metro
quadrado na região do empreendimento avaliado é de R$4.858 (quatro mil, oitocentos e
cinquenta e oito reais), conforme figura 24. Utilizando o quadro de áreas, disponibilizado
por SANTOS (2015), considerando a área privativa de cada apartamento como sendo de
89,44 m², estimou-se que cada imóvel deverá custar R$434.499,52 (quatrocentos e trinta
e quatro mil, quatrocentos e noventa e nove reais e cinquenta e dois centavos).
Como o empreendimento possui 104 unidades, considerando que todos os
apartamentos tenham o mesmo valor, o empreendimento é avaliado em
R$45.187.950,08 (quarenta e cinco milhões, cento e oitenta e sete mil, novecentos e
cinquenta reais e oito centavos).

Figura 24 - Precificação do Projeto

Fonte: Valor do Imóvel


68

Tabela 11 - Quadro Áreas SANTOS (2015)

3.3 FORMAÇÃO DO VALOR DE CUSTO DO EMPREENDIMENTO

Para essa análise foi considerado a seguinte hipótese:

5) O empreendimento foi desenvolvido por uma incorporadora e sua


construção foi terceirizada para uma construtora.
6) O terreno é de propriedade da Incorporadora, e tem valor estimado em
R$1.700.000,00 (um milhão e setecentos mil reais)
7) O valor referente a construção do empreendimento foi financiado por um
INVESTIDOR externo, que solicitou uma taxa de retorno de 18%, sobre o
projeto.
Considerando que os custo extraídos do empreendimento proposto por SANTOS
(2015), representam os CUSTOS DIRETOS, foi preciso estimar um BDI para a obra,
atribuindo com isso uma remuneração para construtora. Posteriormente foi elaborado
uma PLANILHA DE ANALISE DEVIABILIDADE, para definir a margem de lucro da
incorporadora.
69

Embora o empreendimento seja privado, para a definição do BDI, utilizou-se o


valor de 25%, definido pelo TCU (Tribunal de Contas da União), como um valor aceitável,
para empreendimento que compreenda a construção de Edifícios. Conforme
demonstrado na Tabela12:

Tabela 12 - BDI Construtora

Do ponto de vista da Incorporadora, o valor de R$25.518.465,90 (vinte e cinco


milhões, quinhentos e dezoito mil, quatrocentos e sessenta e cinco reais e noventa
centavos), seria o valor necessário para que o empreendimento fosse construído.
Portanto o valor de custo do metro quadrado do empreendimento será R$2.743,40 (dois
mil, setecentos e quarenta e três reais e quarenta centavos). A Tabela 13 apresenta o
resultado da análise de viabilidade do empreendimento.
70

Tabela 13 - Analise de Viabilidade

3.4 INDICADOR DE RENTABILIDADE (IDR)

Com o projeto já precificado, é possível determinar o IDR (Indicador de


Rentabilidade), que avalia a relação da margem de lucro prevista como o preço venda
total do projeto. Nessa análise, para percebermos o impacto da variação do custo na
margem de lucro prevista, no projeto analisado, foi mantido o mesmo preço de venda,
variando o custo entre: CUSTO ORÇADO, o CUSTO MÉDIO e o CUSTO MÁXIMO,
conforme demonstrado na Tabela 14 e tabulado no Gráfico 8.

Tabela 14 - Comparação do IDR


71

Gráfico 8 – Impacto do IDR na Rentabilidade

Os indicadores apresentados podem ser definidos como INDICADORES


DIRETOS, pois podem ser retirados diretamente do modelo BIM, quando forem
conhecidos o custo executado e o valor de venda do empreendimento. Os indicadores
diretos, contém informações que influenciam diretamente os indicadores indiretos.
Indicadores indiretos são aqueles que, para serem mensurados, necessitam de
variáveis que não são obtidas pelo projeto analisado, como por exemplo, MARGEM
EBITA, RETORNO SOBRE O PATRIMONIO LIQUIDO, LIQUIDEZ CORRENTE, entre
outros indicadores avaliados pelo mercado Financeiro e fundamentais para a avaliação
do risco em se investir na empresa.

3.5 AVALIAÇÃO DE RISCO

Tendo obtido os Indicadores de Desempenho de Custo (IDC) e os Indicadores


de Rentabilidade (IDR), é preciso avaliar quais itens do projeto apresentam maior risco
de impacto para os indicadores diretos e consequentemente para os indicadores
indiretos.
Para isso foi definido uma matriz de risco, utilizando uma variação do METODO
DELPHI. O método tradicional consiste na previsão de especialistas sobre a
probabilidade de ocorrer um evento, durante a construção do empreendimento, que
resulte num impacto negativo para o projeto. Essa previsão é debatida entre todos os
especialistas até que exista um consenso. Já o impacto financeiro, gerado pela variação
72

desse evento, pode ser definido pela empresa ou novamente por especialistas utilizando
o método Delphi.
Neste trabalho, tanto o levantamento da probabilidade, quanto o de impacto, foi
estabelecido com base no método DELPHI. Cada etapa do EAP proposto, foi
considerado um evento a ser analisado. E para evitar o debate entre os especialistas, foi
utilizado a média ponderada, para chegar ao consenso de Probabilidade e de Impacto.
Para esse levantamento foram consultados diversos profissionais relacionados
ao mercado AEC, com os questionamentos constantes na figura 25.

Figura 25 - Questionário DELPHI


73

Após o levantamento de informações, 10 especialistas se propuseram a


responder a pesquisa, e suas especialidades estão descritas na Tabela 15.

Tabela 15 - Classificação dos Especialistas

Os dados referentes a percepção de impacto sobre a variação de custo, estão


demonstrados na Tabela 16.

Tabela 16 - Percepção de Impacto no Custo

A percepção de cada avaliador, foi maximizada pela sua experiência profissional


(Tabela 17). Tabulando os dados e atribuindo pesos distintos em escala linear (1 a 5),
relacionados com a experiência pessoal de cada avaliador, obteve-se a seguinte Tabela
18.
74

Tabela 17 - Experiência do Avaliador

Tabela 18 - Matriz Impacto

Calculando a média ponderada de cada avaliação obteve-se que:


 A variação de custo é considerada como “SEM IMPACTO” se variar até 6%.
 A variação de custo é considerada como “LEVE IMPACTO” se variar de 6,01%
até 11%.
 A variação de custo é considerada como “MÉDIO IMPACTO” se variar de 11,01%
até 17%.
 A variação de custo é considerada como “GRANDE IMPACTO” se variar de
17,01% até 25%.
 A variação de custo é considerada como “GRAVE IMPACTO” se variar acima
de 25%.

Com relação a “PROBABILIDADE” de ocorrência de evento que resulte em


impacto financeiro nas etapas do EAP proposto, foi obtido os dados demonstrados na
Tabela 19. Atribuindo pesos distintos em escala linear (1 a 5), sendo peso 01 para um
75

evento considerado como “Raro”, e peso 05 para um evento considerado como “QUASE
CERTO”, obteve-se a Tabela 19 e 20.

Tabela 19 - Ocorrência de Evento

Tabela 20 – Probabilidade de Ocorrência de Evento

Calculando a média ponderada de cada ocorrência obteve-se que:


1) A probabilidade de ocorrer um evento que resulte em impacto financeiro na
etapa de FUNDAÇÃO é considerada “MÉDIA” (Peso 3).
2) A probabilidade de ocorrer um evento que resulte em impacto financeiro na
etapa de SUPRA ESTRUTURA é considerada “ALTA” (Peso 4).
3) A probabilidade de ocorrer um evento que resulte em impacto financeiro na
etapa de ALVENARIA é considerada “MÉDIA” (Peso 3).
4) A probabilidade de ocorrer um evento que resulte em impacto financeiro na
etapa de INST. ELETRICAS é considerada “BAIXA” (Peso 2).
5) A probabilidade de ocorrer um evento que resulte em impacto financeiro na
etapa de INST. HIDRAULICAS é considerada “BAIXA” (Peso 2).
76

6) A probabilidade de ocorrer um evento que resulte em impacto financeiro na


etapa de REVESTIMENTO é considerada “QUASE CERTA” (Peso 5).
7) A probabilidade de ocorrer um evento que resulte em impacto financeiro na
etapa de ESQUADRIAS é considerada “BAIXA” (Peso 2).
8) A probabilidade de ocorrer um evento que resulte em impacto financeiro na
etapa de COBERTURA é considerada “BAIXA” (Peso 2).
9) A probabilidade de ocorrer um evento que resulte em impacto financeiro na
etapa de PINTURA é considerada “MÉDIA” (Peso 3).

Compilando os dados obtemos a matriz de RISCO X IMPACTO, definida pelos


especialistas demostrada Tabela 21:

Tabela 21 - Matriz RISCO x IMPACTO


77

4. ANALISE E RESULTADOS

Aplicando a matriz de risco da Tabela 21, no empreendimento analisado, pode-


se avaliar o risco em cada etapa do projeto separadamente. Com isso obtém-se uma
visão holística de todo o projeto. Neste estudo foi simulado o risco, utilizando o IDC
definido pelos especialistas como SEM IMPACTO, LEVE IMPACTO, MÉDIO IMPACTO,
GRANDE e GRAVE IMPACTO, além do IDC de referência, médio e máximo obtido pelo
projeto e comparado com o impacto do mesmo sobre o lucro do empreendimento.
78

4.1 MATRIZ DE RISCO PARA IDC DE 1%

Num cenário onde o IDC varia 1% (Gráfico 9) com relação ao planejado, observa-
se que cada etapa do EAP, se altera de maneira diferente. Isso se deve ao fato do IDC
estar vinculado a matriz de risco elaborada. Em cada etapa o IDC é multiplicado pelo
Risco definido pelos especialistas.
Observando o TABELA 22, percebe-se que para uma variação de 1% no IDC,
proporciona uma redução de 8% no Indicador de Rentabilidade, gerando uma nova
rentabilidade de 9,24%.

Gráfico 9 - Avaliação de Risco (IDC = 1%)

Tabela 22 - Quadro IDC = 1%


79

4.2 MATRIZ DE RISCO PARA IDC DE 6%

Num cenário onde o IDC varia 6% (Gráfico 10) com relação ao planejado,
observa-se que cada etapa do EAP, se altera de maneira diferente. Observando o
TABELA 23, percebe-se que para uma variação de 6% no IDC, classificada pelos
especialistas como SEM IMPACTO, proporciona uma redução de 46% no Indicador de
Rentabilidade, gerando uma nova rentabilidade de 5,42%. Com uma variação de apenas
6% no IDC, a etapa de revestimento já sinaliza um problema eminente.

Gráfico 10 - Avaliação de Risco (IDC = 6%)

Tabela 23 - Quadro IDC = 6%


80

3.5.3 MATRIZ DE RISCO PARA IDC DE 11%

Num cenário onde o IDC varia 11% (Gráfico 11) com relação ao planejado,
observa-se que cada etapa do EAP, se altera de maneira diferente. Observando o
TABELA 24, percebe-se que para uma variação de 11% no IDC, classificada pelos
especialistas como LEVE IMPACTO, proporciona uma redução de 84% no Indicador de
Rentabilidade, gerando uma nova rentabilidade de 1,6%. Com uma variação de apenas
11% no IDC, a etapa de revestimento já está comprometida, e outras etapas sinalizam
varios problemas eminentes.

Gráfico 11 - Avaliação de Risco (IDC = 11%)

Tabela 24 - Quadro IDC = 11%


81

3.5.4 MATRIZ DE RISCO PARA IDC DE 12,51% (IDC MÉDIO PROJETO)

Num cenário onde o IDC varia 12,51% (Gráfico 12) com relação ao planejado,
observa-se que cada etapa do EAP, se altera de maneira diferente. Observando o
TABELA 25, percebe-se que para uma variação de 12,51% no IDC, definida como IDC
médio de projeto, proporciona uma redução de 96% no Indicador de Rentabilidade,
gerando uma nova rentabilidade de 0,45%. Com uma variação de 12,51% no IDC, a
etapa de revestimento e fundação já estão comprometidas, e outras etapas sinalizam
varios problemas eminentes, afetando todo o projeto.

Gráfico 12 - Avaliação de Risco (IDC = 12,51%) - Média do Projeto

Tabela 25 - Quadro IDC = 12,51%


82

3.5.5 MATRIZ DE RISCO PARA IDC DE 17%

Num cenário onde o IDC varia 17% (Gráfico 13) com relação ao planejado,
observa-se que cada etapa do EAP, se altera de maneira diferente. Observando o
TABELA 26, percebe-se que para uma variação de 17% no IDC, classificada pelos
especialistas como MÉDIO IMPACTO, proporciona uma redução de 130% no Indicador
de Rentabilidade, gerando uma nova rentabilidade de -2,98%. Resultado esse que gera
prejuiso, comprometendo toda a viabilidade do projeto.

Gráfico 13 - Avaliação de Risco (IDC = 17%)

Tabela 26 - Quadro IDC = 17%


83

3.5.6 MATRIZ DE RISCO PARA IDC DE 22,02% (IDC MÁXIMO PROJETO)

Num cenário onde o IDC varia 22,02% (Gráfico 14) com relação ao planejado,
observa-se que cada etapa do EAP, se altera de maneira diferente. Observando o
TABELA 27, percebe-se que para uma variação de 22,02% no IDC, definida como IDC
máximo de projeto, proporciona uma redução de 168% no Indicador de Rentabilidade,
gerando uma nova rentabilidade de -6,78%. Resultado esse que gera prejuiso,
comprometendo toda a viabilidade do projeto.

Gráfico 14 - Avaliação de Risco (IDC = 22,02%) - Máximo do Projeto

Tabela 27 - Quadro IDC = 22,02%


84

3.5.7 MATRIZ DE RISCO PARA IDC DE 25%

Num cenário onde o IDC varia 25% (Gráfico 15) com relação ao planejado,
observa-se que cada etapa do EAP, se altera de maneira diferente. Observando o
TABELA 28, percebe-se que para uma variação de 25% no IDC, classificada pelos
especialistas como ALTO IMPACTO, proporciona uma redução de 191% no Indicador de
Rentabilidade, gerando uma nova rentabilidade de -9,09%. Resultado esse que gera
prejuiso, comprometendo toda a viabilidade do projeto.

Gráfico 15 - Avaliação de Risco (IDC = 25%)

Tabela 28 - Quadro IDC = 25%


85

3.5.8 MATRIZ DE RISCO PARA IDC DE 30%

Num cenário onde o IDC varia 30% (Gráfico 16) com relação ao planejado,
observa-se que cada etapa do EAP, se altera de maneira diferente. Observando o
TABELA 29, percebe-se que para uma variação de 30% no IDC, classificada pelos
especialistas como GRAVE IMPACTO, proporciona uma redução de 229% no Indicador
de Rentabilidade, gerando uma nova rentabilidade de -12,91%. Resultado esse que gera
prejuiso, comprometendo toda a viabilidade do projeto.

Gráfico 16 - Avaliação de Risco (IDC = 30%)

Tabela 29 - Quadro IDC = 30%


86

CONCLUSÃO

O desenvolvimento do presente estudo possibilitou uma análise de como o


modelo BIM, pode auxiliar na mitigação do Risco Financeiro em Projetos de Arquitetura,
Engenharia e Construção. Pôde-se verificar que a utilização de Indicadores de
Desempenho, alimentados com dados gerados a partir do modelo BIM, fornecem
importantes parâmetros para a mitigação do risco. Compreendendo o impacto que a
variação do custo causa no desempenho de um projeto, e consequentemente em sua
rentabilidade, é possível elaborar ferramentas que possibilitem um melhor controle dessa
variável, viabilizando com isso o sucesso do empreendimento.
De um modo geral, o modelo BIM é capaz de gerar dados precisos e confiáveis
durante todo o ciclo de vida do projeto, porém é preciso que o mesmo esteja desenvolvido
para esse objetivo. A adoção desse modelo, otimiza o processo de levantamento de
custos, pois todos os quantitativos são extraídos diretamente do projeto, diminuindo o
grau de incerteza de todo o processo. A extração de dados do modelo BIM, embora tenha
sido extraída de forma semiautomática, pois foi preciso a manipulação dos dados com
intervenção humana, poderá ser extraída de forma automática, desde que, sejam
desenvolvidos algoritmos de extração e captura de dados, direto do modelo BIM. A
utilização desses dados na formação do Indicador de Desempenho de Custos (IDC), de
forma automática e em tempo real, possibilita uma melhor visualização do projeto por
todos os stakeholders envolvidos na operação.
A análise de dados do projeto por EAP, possibilitou verificar quais etapas do
projeto representam maior probabilidade de ocorrência de evento impactante no
resultado do empreendimento. O IDC é um indicador que demostra de forma clara e
objetiva, o desempenho da execução do projeto. Com ele é possível verificar
discrepâncias entre o orçado e o realizado, avaliando com isso a necessidade de
interferência/alteração na execução do projeto. O IDC é fundamental na elaboração do
IR (Indicador de Rentabilidade), uma vez que ele o divisor da fração da fórmula que gera
o a rentabilidade do empreendimento.
A utilização da Matriz de Probabilidade x Impacto, dimensionada pelo método
Delphi, possibilitou perceber a diferença de percepção de impacto entre a equipe
operacional, que executa a obra, e a equipe de gestão, responsável pelos resultados
financeiros do empreendimento.
87

Partindo do pressuposto que o mercado é que define o valor monetário do


empreendimento, uma variação de custo onde o IDC seja igual a 6%, e que a equipe
operacional considera como sem impacto, gera uma redução na margem de lucro de
41%, quando comparada com a prevista no projeto. Resultado esse considerado grave,
se utilizado os mesmos parâmetros levantados no método Delphi.
Quando analisado o IDC médio de 12,51% do projeto avaliado, percebe-se que
a Indicador de Rentabilidade reduziu em 96% o anteriormente previsto. Resultado esse
que gera uma margem de lucro de apenas 0,45%. Se utilizarmos na analise o IDC máx,
o empreendimento do ponto de vista financeiro gerou prejuízo de - 6,78%.
Dada à importância do tema, torna se necessário o desenvolvimento de métodos
de gestão/mitigação dos riscos, que possibilitem um maior controle do IDC e
consequentemente uma melhor rentabilidade para o empreendedor/investidor. Variações
consideráveis no IDC e no IR, afetam todos os indicadores financeiros da empresa,
gerando com isso uma desconfiança por parte do mercado, nos resultados operacionais
que podem ser alcançados. Desconfiança essa, que gera um maior risco para quem
investe na empresa e consequentemente gera aumento na taxa de financiamento de
novos projetos.
Nesse sentido, um melhor controle sobre os indicadores apresentados, gera um
menor custo de financiamento, possibilitando um maior retorno financeiro para todos os
envolvidos no projeto, sem gerar no mercado de construção “surtos” inflacionários
responsáveis pela disparada nos custos diretos dos projetos e consequentemente no
valor dos imóveis.
88

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