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O “ESTICAR” CONCEPTUAL REVISITADO: ADAPTANDO CATEGORIAS EM ANÁLISE
COMPARATIVA
Quando os académicos tornam os seus modelos e hipóteses mais abrangentes, de forma a
açambarcar casos adicionais, necessitam, normalmente, de adaptar as suas categorias
analíticas, de modo a que se adequem a novos contextos. O trabalho de Giovanni Sartori
relativamente aos “viajar” conceptual e “esticar” conceptual providencia uma importante
orientação para enfrentar a tarefa fundamental da análise comparativa. Porém, o
método/estrutura científica do pensamento de Sartori é baseada naquilo que se pode chamar
de categorização clássica, que vê a relação entre categorias em termos de uma hierarquia
taxonómica, cada categoria tendo fronteiras definidas e propriedades características
partilhadas por todos os membros. Examinamos o desafio colocado a este método/estrutura
científica pelos dois tipos de categorias não clássicas: parecenças familiares e categorias
radiais. Com tais categorias, a exageradamente estrita aplicação de um método/estrutura
científica clássico pode levar ao abandono da categorização prematura ou à sua alteração
inapropriada. Discutimos soluções para estes problemas, utilizando exemplos de como os
académicos têm adaptado as suas categorias na pesquisa comparativa, nas áreas da
democracia e do autoritarismo.
Conceitos estabilizados/estabelecidos e uma compreensão comum das categorias são
normalmente vistos como as fundações para qualquer comunidade científica de pesquisa. No
entanto, a ambiguidade, confusão e disputa acerca das categorias/categorização são comuns
nas ciências sociais. Uma importante causa desta dificuldade é a perpétua busca pela
generalização. Enquanto os académicos procuram adaptar os seus modelos e hipóteses a mais
casos, num esforço para atingir um conhecimento mais vasto, têm muitas vezes de adaptar as
suas categorias de modo a que abranjam novos contextos. Um das mais incisivas soluções para
este problema da adaptação das categorias é o trabalho de Giovanni Sartori acerca do viajar
conceptual (a aplicação de conceitos a novos casos) e do esticar conceptual (a distorção que
ocorre quando um conceito não se adapta a novos casos).
Este é um velho debate, e pode parecer que este problema da categorização foi suplantado
por novas abordagens analíticas e estatísticas. No entanto, não é o caso. Os académicos
acostumados à linguagem das “variáveis” reconhecerão que as questões aqui levantadas se
encontram intimamente relacionadas com os problemas relativos ao estabelecimento da
validade da observação e medição dos vários casos. Por exemplo, os analistas que
cuidadosamente derivaram e testaram um grupo de hipóteses acerca da participação política
num conjunto de casos, irão normalmente desejar sondar a generalidade das suas descobertas
através da examinação das mesmas hipóteses em casos adicionais. Para isso, têm primeiro de
estabelecer que a participação política tem um significado suficientemente similar nos novos
casos. Uma preocupação excessiva com as dificuldades em estabelecer equivalência entre
contextos de análise pode, naturalmente, levar ao abandono do esforço de comparação, de
uma vez por todas. O mérito da abordagem de Sartori reside no encorajamento da atenção
dos académicos em relação ao contexto, sem abandonar uma comparação mais vasta.
Em anos recentes, gerou‐se um novo interesse no problema da aplicação de categorias em
contextos diversos, nomeadamente, devido à ascensão de uma escola/pensamento de análise
comparativa histórica, bem como devido à literatura de política comparativa relativa ao
autoritarismo e corporativismo, nos anos 70, e à democratização, nos anos 80 e 90. A partir
destas obras académicas, é evidente que uma comparação vasta/alargada requer um uso de
categorias sensível ao contexto. Para além do mais, a profundidade histórica presente em
muitos destes estudos proporciona um alerta de que o problema do “esticar” conceptual pode
surgir, não só, do movimento entre casos mas, também, das alterações ao longo do tempo em
cada caso. Daí que seja uma preocupação bastante presente o desafio de alcançar a virtude do
“viajar” conceptual, sem cair no vício do “esticar” conceptual.
Devemos examinar como as categorias se alteram – ou deviam alterar‐se – à medida que são
aplicadas a novos casos. O método/estrutura científica original de Sartori baseia‐se nas
suposições daquilo que é por vezes apelidado de categorização clássica, na qual a relação
entre categorias é compreendida em termos de uma hierarquia taxonómica de sucessivas
categorias mais abrangentes (1970, 1038). Cada categoria possui limites definidos e
propriedades determinantes que são partilhados por todos os membros e que servem para
localizá‐la na hierarquia. Porém, a filosofia linguística do século XX e a ciência cognitiva
contemporânea apresentaram um desafio fundamental a esta compreensão das categorias,
afirmando que vários tipos de categorias não possuem estes atributos (Lakoff, 1987). Pode
parecer que este desafio põe em causa a abordagem de Sartori. Todavia, mostramos que estes
tipos alternativos de categorias podem ser tratados de um modo que é distinto da perspectiva
de Sartori, ainda que complementar.
De forma a constituir uma base/referência contra a qual perspectivas alternativas acerca de
categorias podem ser avaliadas, examinamos, antes de mais, o procedimento de Sartori para a
modificação de categorias. Seguidamente, exploramos os diversos problemas que surgem
enquanto se lida com tipos de categorias que não se enquadram no padrão clássico, que é a
base da abordagem de Sartori. Primeiro, examinamos as questões que surgem com as
categorias de “semelhança familiar”.
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Esta discussão sugere que o método de Sartori pode ser aplicado de forma estrita, levando os
analistas a abandonar uma categoria prematuramente, quando, inicialmente, parece não
conseguir abranger casos adicionais. Consideramos, de seguida, aquilo que os cientistas
cognitivos apelidam de categoria “radial”, providenciando uma análise racional para o porquê
de diferentes tipos de categorias (por exemplo, democracia, em oposição ao autoritarismo)
serem modificadas de formas distintas à medida que são adaptadas de forma a abrangerem
novos casos. Concluímos sugerindo novas directrizes para adaptar categorias no processo de
análise comparativa.
EVITANDO O “ESTICAR” CONCEPTUAL: A ESTRUTURA CIENTÍFICA/METODOLOGIA DE
SARTORI
Um elemento central na visão clássica das categorias, que constitui a base do
método/estrutura científica de Sartori, é a compreensão de extensão e intensão (Sartori, 1970,
1041; idem, 1984, 24). A extensão de uma categoria é o conjunto de entidades no mundo a
que se refere. A intensão é o conjunto de significados ou atributos que definem a categoria e
determinam a associação.
Estão em questão dois padrões complementares na relação entre extensão e intensão,
nomeadamente, a ocorrência de (1) mais características específicas com uma extensão mais
limitada e maior intensão, e (2) mais categorias gerais com maior extensão e intensão mais
limitada. Alguns filósofos defendem que estes padrões reflectem uma “lei de variação inversa”
(Angeles, 1981, 141). Numa hierarquia taxonómica, estas categorias mais específicas e mais
gerais ocupam posições subordinadas e subordinantes/dominantes, com a extensão das
categorias subordinadas contidas no interior das subordinantes. A hierarquia representada por
estes conjuntos de termos pode ser apelidada de “escada de generalidade”, segundo o rótulo
de Sartori.
Um exemplo servirá para ilustrar estes padrões. Na famosa tipologia de Max Weber, a
autoridade patrimonial é um tipo de autoridade tradicional, que é um dos seus três tipos
gerais de autoridade ou dominação legítima, que, por sua vez, é um tipo dentro da categoria
de dominação, mais abrangente (1978, 212‐15, 226, 231). Dentro de cada par de categorias
sucessivo, o primeiro é subordinado, o segundo, subordinante. Em relação a cada categoria
subordinada, a categoria subordinante correspondente contém um significado menos
específico e cobre mais casos; assim, tem maior extensão e menor intensão.
Este entendimento clássico das categorias ajuda a encarar o problema do “esticar”
conceptual”. Quando os académicos pegam numa categoria desenvolvida para um conjunto de
casos e a extendem a casos adicionais, os novos casos podem ser suficientemente/tão
diferentes que a categoria, na sua forma original, já não é apropriada. Se este problema surgir,
podem adaptar a categoria subindo a escada de generalidade, obedecendo, assim, à lei de
variação inversa. À medida que aumentam a extensão, reduzem a intensão ao grau necessário
para abranger novos contextos. Por exemplo, os académicos envolvidos num estudo
comparativo de autoridade patrimonial podem adicionar casos à sua análise que apenas
marginalmente cabem nesta/nessa categoria. De modo a evitar o “esticar” conceptual, podem
subir na escada de generalidade e referir‐se ao grupo de casos mais abrangente como
instâncias/exemplos de autoridade tradicional. Este jogo entre extensão e intensão na escada
de generalidade é ilustrado na Figura 1 (Figure 1). Com as categorias obedecendo à lei de
variação inversa, a escada de generalidade surge como a linha de inclinação negativa.6
Resumindo, este método/estrutura científica ajuda os investigadores a proceder com maior
cuidado/tacto quando se debruçam sobre uma das tarefas básicas da pesquisa comparativa: o
esforço de alcançar um conhecimento mais vasto através da análise de um leque mais amplo
de casos. O valor deste método/estrutura científica merece ênfase particularmente à luz do
cepticismo, da parte dos académicos comprometidos com uma perspectiva “interpretativa”,
acerca da possibilidade de alcançar uma ciência social comparativa viável (Geertz 1973, 1983;
MacIntyre 1971; Rabinow and Sullivan 1987, Taylor 1971; Winch 1959). O método/estrutura
científica de Sartori debruça‐se sobre algumas das importantes preocupações suscitadas por
esta perspectiva, nomeadamente, que uma comparação vasta é difícil, que a realidade política
e social é heterogénea, que aplicar uma categoria num determinado contexto requer um
conhecimento detalhado desse contexto, e que é fácil aplicar categorias erradamente (ou
falhar na aplicação das categorias). A escada de generalidade oferece um procedimento
específico para solucionar estas questões. Este procedimento serviu, merecidamente,
enquanto uma referência para os analistas que lutam contra o problema de extender
categorias a novos casos.
CATEGORIAS DE SEMELHANÇA/PARECENÇA FAMILIAR
A aplicação da escada de generalidade assume limites claros e os atributos definidores das
categorias clássicas. Uma exploração das categorias de semelhança familiar mostra que, por
vezes, esta suposição deve ser afrouxada/moderada.
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A ideia de semelhança familiar de Ludwig Wittgenstein implica um princípio de associação
categórica/de categoria diferente daquele das categorias clássicas, em que pode acontecer
não existir nenhum atributo que todos os membros da categoria partilhem. O rótulo para este
tipo de categoria deriva do facto de que podemos reconhecer os membros de uma família
genética humana através da observação dos atributos que partilham em variados graus,
contrastado com membros não familiares que podem partilhar poucos deles. Os pontos em
comum são bastante evidentes, mesmo que possam não existir traços que todos os membros
da família, enquanto membros da família, tenham em comum (Wittgenstein 1968, números
65‐75; ver também Canfield 1968 e Hallett 1977, 140‐41, 147‐48).7
Um padrão similar aparece com frequência nas ciências sociais. Uma categoria, definida de um
modo particular, pode adaptar‐se/corresponder/abranger a um número de casos
razoavelmente bem, mas, numa examinação minuciosa, pode tornar‐se claro que para a
maioria dos casos a adaptação/abrangência/correspondência não é perfeita. Ainda assim, a
categoria assimila um conjunto de pontos comuns considerados como analiticamente
importantes pelo investigador. Este padrão é encontrado, por exemplo, na literatura acerca de
corporativismo, que geralmente apresenta uma séria de atributos definidores, normalmente
sem a expectativa de que o conjunto de atributos completo seja encontrado em todas as
instâncias (Malloy 1977; Schmitter 1974). Daí que, ao longo de várias décadas do século XX,
tenha sido razoável caracterizar relações laborais na Argentina, Brasil, Chile e México
enquanto corporativas, apesar da variação nas características da estruturação corporativa,
relações subsidiárias e controlo dos grupos encontrados nos quatro casos (Collier e Collier
1991).
O que aconteceria se aplicássemos o método de Sartori numa categoria de semelhança
familiar? Consideremos um exercício hipotético em análise comparativa. Suponha‐se que (1) o
analista começa com um caso de estudo produzindo uma nova categoria de interesse teórico
parecendo, inicialmente, ter cinco atributos definidores, (2) o caso inicial é um de seis que
partilha uma semelhança familiar, (3) vem a verificar‐se que esta semelhança familiar ocasiona
seis atributos partilhados, e (4) cada caso possui um combinação diferente de apenas cinco
destes. Nenhum atributo é partilhado por todos os casos.
Utilizando este exemplo (ver Figura 2), iremos examinar as consequências que surgiriam se o
analista aplicasse, de forma rígida/inflexível, a escada de generalidade. Se a pesquisa caso de
estudo original fosse feita no Caso A, a intensão da categoria inicial iria envolver os Atributos
1‐5 (1 a 5). Adicionando o Caso B à análise, outros analistas poderiam notar que o Atributo 5
estava em falta. Poderiam procurar evitar o “esticar” conceptual subindo a escada de
generalidade até uma categoria que envolvesse ambos os casos (A e B) e cuja intensão fosse
reduzida aos Atributos 1‐4. Adicionar o Caso C poderia levar a que se subisse mais um patamar
na escada, para uma categoria ainda mais geral que envolvesse apenas os Atributos 1‐3. Como
pode ser visto na figura, quando este processo repetitivo/sequencial chegasse finalmente ao
Caso F, o último patamar da escada de generalidade traria a eliminação da característica/traço
final, deixando uma categoria sem atributos. Assim, o analista talvez abandone a categoria
prematuramente. O exemplo na Figura 2 serve como um alerta de que, no decorrer do
processo de aplicação de categorias a casos adicionais, poderá ser contraprodutivo insistir em
eliminar os atributos não tidos em comum por todos os casos considerados.
Um modo de evitar este problema é o de observar o conjunto mais vasto de casos de forma
simultânea, de modo a que os pontos em comum evidentes na Figura 2 fossem reconhecidos.
Todavia, atendendo a que todos em todos os casos se encontra em falta pelo menos um
atributo, um investigador acostumado a pensar em termos de categorias clássicas poderá,
ainda assim, concluir que se trata de uma categoria fraca/pouco importante que deverá ser
abandonada. Uma resposta possível seria a de enfatizar que a categoria é uma consequência
analítica que o investigador não deveria esperar que fosse uma descrição perfeita de cada
caso. Um exemplo conhecido deste tipo de resultados é o ‘tipo ideal’, do qual cada se espera
que cada caso específico seja apenas uma aproximação parcial.8
Algumas das abordagens criativas à clarificação/aperfeiçoamento das categorias no campo das
políticas comparativas podem ser vistas como tentativas de lidar com a semelhança familiar.
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Przeworski e Teune argumentam que, em pesquisa comparativa, a conceptualização e a
medição requerem, por vezes, uma abordagem de “sistema específico/sistemicamente
específica”. Sugerem, com efeito, que, em contextos diversos, diferentes atributos podem ser
utilizados enquanto propriedades definidoras, de uma mesma categoria.9 Nie, Poell e Prewitt
empregam uma perspectiva semelhante quando comparam a participação política nos Estados
Unidos e em quatro outros países (1969, 377). Para todos os países, a sua análise focaliza‐se
em quatro atributos da participação que são relativamente standard. Contudo, na análise de
um quinto atributo – associação a um partido político – observam que, enquanto em quatro
dos países tem um significado quase equivalente, a associação político‐partidária nos Estados
Unidos tem uma forma e significado significativamente diferentes. Os autores concluem que,
nos Estados Unidos, o envolvimento em campanhas eleitorais reflecte uma forma equivalente
de participação política. Assim, para esse país, analisam a participação em campanhas ao invés
da associação partidária.
Como neste último exemplo, é evidente que a semelhança familiar pode, por vezes, ser
avaliada através da identificação de atributos que estão presentes a variados graus em casos
particulares, para além de simplesmente presentes ou ausentes. Isto pode ser alcançado
através da aplicação de algum tipo de escala/escalamento multidimensional que especifica
dimensões subjacentes para comparação entre casos. Ainda assim, é importante lembrarmo‐
nos de que o escalamento multidimensional não elimina o problema original da formação do
conceito. No espírito da máxima de Sartori, “a formação do conceito permanece/é anterior à
quantificação” (1970, 1038), temos de reconhecer que um pré‐requisito para tal escalamento
é estabelecer‐se aquilo que está a ser escalado/sujeito a alterações de escala.10
Quando o analista encontra um padrão de semelhança familiar, duas prioridades devem ser
correspondidas. Primeiro, na avaliação empírica dos atributos, devemos evitar uma aplicação
da escada de generalidade que seja tão estrita que resulte na rejeição inapropriada de uma
categoria potencialmente útil. Segundo, é essencial explorar a relação analítica subjacente
entre os atributos que constituem a semelhança familiar, estabelecendo a justificação para
manter uma categoria. Uma preocupação com esta relação analítica é central para a discussão
das categorias radiais, para a qual nos voltamos agora.
CATEGORIAS RADIAIS
Um outro tipo de categoria que não cabe no padrão clássico é o da categoria radial, analisada
por cientistas de ciência cognitiva como Lakoff (1978, capítulo 6). Como com a semelhança
familiar, com as categoriais radiais é possível que dois membros da categoria não partilhem
tudo do que podem ser vistos como os atributos definidores. Em contraste com o padrão de
semelhança familiar, com as categorias radiais o significado global de uma categoria é
ancorado numa “subcategoria central”, que corresponde ao “melhor” caso, ou protótipo, da
categoria.11 No processo de (re)conhecimento, a subcategoria central funciona como um
padrão/fórmula, que é constituída por um conjunto de traços que são aprendidos todos
juntos, compreendidos/assimilados todos juntos, e mais facilmente reconhecidos quando
encontrados todos juntos. As “subcategorias não centrais” são variantes de uma categoria
central. Não têm necessariamente de partilhar atributos definidores entre si, mas apenas com
a subcategoria central – daí o termo radial, que se refere a esta estrutura/estruturação
interna.
Um dos exemplos de Lakoff, em linguagem comum, de uma categoria radial é “mãe” (1987,
83‐84). Nesse caso, a subcategoria central corresponde a um indivíduo que, no contexto das
relações de género convencionais nos Estados Unidos, é muitas vezes considerado uma
“verdadeira” mãe – isto é, um que (1) é uma mulher, (2) contribui para metade da
‘maquiagem’ genética da criança, (3) dá à luz a criança, (4) é a mulher do pai, e (5)
sustenta/toma conta da criança. As subcategorias não centrais surgem quando os elementos
componentes são recolhidos/tratados/encarados individualmente, ou em grupos de dois ou
mais. Neste exemplo, os tipos familiares/de família surgem se estes papéis são encarados
individualmente: “mãe genérica”, “mãe de nascença/mãe biológica”, “madrasta” e “ama‐de‐
leite/mãe de sustento”.
As categorias radiais merecem atenção neste ponto porque têm um importante papel na
linguagem da ciência social. Por exemplo, acompanhando Ostiguy (1993), podemos ver
“democracia” enquanto uma categoria radial. Obviamente, o problema de identificar as
componentes da democracia tem sido, há muito, matéria de debate. Para propósitos
ilustrativos, a seguinte definição parcial será suficiente.12 Podemos dizer que a subcategoria
central “democracia” é constituída por elementos como (1) participação abrangente e efectiva
no processo legislativo/de legislar, (2) limitação do poder do estado e protecção dos direitos
individuais, e (3) de acordo com algumas opiniões/relatos, relações económicas e sociais
igualitárias (ou, pelo menos, relativamente igualitárias). A primeira componente seleccionada
individualmente pode ser vista enquanto constituindo a subcategoria não central “democracia
participativa”, a primeira e a segunda combinadas enquanto constituindo “democracia liberal”,
e a primeira e a terceira combinadas enquanto constituindo aquilo que se pode chamar de
“democracia popular”.
Comparando as categorias Radial e Clássica
A forma interna das categorias radiais varia daquela das categorias clássicas. As variantes que
se ramificam no interior de uma categoria radial como “mãe” ou “democracia” podem ser
vistas como subconjuntos da categoria geral. Porém, não partilham a totalidade dos atributos
pelos quais poderíamos reconhecer a categoria geral, como partilham no caso das categorias
clássicas. Pelo contrário, elas dividem‐nas. A diferença tem importantes implicações no modo
como estes dois tipos de categorias são usadas em análise comparativa.
Antes de compararmos as categorias radiais e clássicas mais além, uma questão de rotulação
(pôr rótulo/nomear) deve ser clarificada. Referimo‐nos aos elementos componentes das
categorias clássicas enquanto subordinantes e subordinados, enquanto, para categorias
radiais, nos referimos a subcategorias centrais e não centrais. Em prol de uma comparação,
podemos aplicar rótulos mais genéricos (ver Figura 3). O termo categoria primária será
utilizado para referir uma categoria geral, enquanto categoria secundária será utilizado para
referir uma categoria cujo significado deriva da categoria primária. Deste modo, “mãe” e
“democracia” são categorias primárias, e “mãe biológica” e “democracia liberal” são as
categorias secundárias correspondentes. No domínio da categorização clássica,
"autoritarismo" é uma categoria primária, e “autoritarismo burocrático” é a categoria
secundária correspondente.
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O contraste entre categorias clássicas e radiais pode, agora, ser examinado, primeiro utilizando
os exemplos de Lakoff de “cão”, uma categoria clássica no esquema da taxonomia tradicional,
e “mãe”, uma categoria radial (1987, 46, 74‐76). Como se pode ver na Figura 4, no caso da
categoria tradicional de “cão” os atributos diferenciadores das categorias secundárias ocorrem
em adição/para além daqueles da categoria primária. Em contraste, com a categoria radial de
“mãe” os atributos diferenciadores das categorias secundárias encontram‐se contidos no
interior da categoria primária.
Os exemplos de “autoritarismo”, compreendido como uma categoria clássica,13 e
“democracia”, compreendido como uma categoria radial, possuem o mesmo contraste (Figura
5). Em relação ao autoritarismo, os atributos diferenciadores das categorias secundárias
“populista” e “burocrático” ocorrem para além/em adição àquelas da categoria primária. No
caso de “democracia”, os atributos diferenciadores associados com democracia
“participativa”, “liberal” e “popular” encontram‐se contidos no interior da categoria primária.
Este contraste entre os dois tipos de categorias tem uma importante consequência prática em
termos de como encaramos o problema do “esticar” conceptual: a extensão da categoria
secundária na categorização radial pode exceder aquela da categoria primária.
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Consideremos um exemplo: uma mulher que é a mãe biológica pode não parecer
corresponder à categoria geral daquilo que é visto/compreendido como uma mãe
“verdadeira”.14 Todas as mães que cabem na categoria primária (por exemplo, todas as mães
“verdadeiras”) são mães biológicas, mas o inverso não é o caso. Assim, existem no mundo mais
mães biológicas do que mães “verdadeiras”.
O mesmo padrão aparece com a democracia. Se apenas a extensa participação política
associada com democracia está presente num determinado país (sem protecção dos direitos
daqueles que, em qualquer altura, possam encontrar‐se em minoria), muitos investigadores
concluirão que não é aquilo que eles consideram ser uma democracia “verdadeira”.
Novamente, a extensão da categoria secundária irá exceder a da categoria primária,
envolvendo a mesma já discutida relação inversa entre extensão e intensão.
Autoritarismo Versus Democracia: Padrões Contrastantes de Alteração de
Categoria/Alteração Categórica
Apliquemos estas ideias em dois exemplos de viagem/viajar conceptual. Durante um período
inicial de grande interesse pelo autoritarismo burocrático, essa categoria era por vezes
extendida a casos que apenas marginalmente cabiam no significado original (Collier 1979,
1993). Utilizando a escada de generalidade, os académicos por vezes evitavam este problema
de “esticar” conceptual alternando/voltando‐se para a categoria mais vasta do autoritarismo.
Um problema paralelo surgiu com os esforços recentes para aplicar a categoria “democracia” a
novos regimes na América Central, Europa de Leste, e na antiga União Soviética. Em alguns
destes casos, nos quais os líderes são eleitos/seleccionados em eleições competitivas mas
onde muitas das instituições e práticas associadas à democracia se encontram ausentes, o
problema do “esticar” conceptual pode ser encarado fazendo uma afirmação, mais modesta,
de que estas são, por exemplo, “democracias eleitorais”, abandonando assim a implicação de
que são democracias “verdadeiras”.
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O contraste que emerge neste caso deve ser relembrado, enquanto os académicos procuram
evitar o “esticar” conceptual em pesquisa comparativa. No caso do autoritarismo burocrático,
este resultado indesejado é evitado subindo a escada da generalidade, de uma categoria
secundária para uma categoria primária. No caso da democracia, é evitado movendo‐nos para
longe da categoria primária para aplicarmos uma categoria secundária.
A Figura 6 sumariza o contraste entre as categorias clássicas e radiais na estrutura científica de
um diagrama de extensão e intensão como a Figura 1. Como se pode ver na Figura 6, com
categorias clássicas, para evitar o “esticar” conceptual, movemo‐nos da categoria secundária,
S, para a categoria primária, P, levantando uma linha de inclinação negativa como a da Figura
1. Com categorias radiais, por contraste, para evitar o “esticar” conceptual subimos numa linha
paralela, mas da categoria primária, P, para a categoria secundária, S.
Outros dois contrastes entre categorias radiais e clássicas podem ser denotados. Primeiro,
uma importante diferença é evidente no modo como o rótulo formal é modificado enquanto
vamos de um nível/patamar/degrau de generalidade para outro. Com ambos os tipos de
categorias, ocorre normalmente (ainda que nem sempre) que as categorias primárias são
tornadas categorias secundárias através da adição de um adjectivo. Deste modo,
“autoritarismo burocrático” é uma categoria secundária em relação a “autoritarismo”, e
“democracia eleitoral” é uma categoria secundária em relação a “democracia”. Esta
similaridade ajuda a sublinhar um contraste crucial na forma como nos movemos/dirigimos
para um conjunto mais vasto de casos com as categorias clássicas, em oposição às categorias
radiais. No exemplo da categoria clássica “autoritarismo burocrático”, isto é levado a cabo
através da eliminação de um adjectivo. Em contraste, com a categoria radial “democracia”, é
levado a cabo através da colocação/adição de um adjectivo. Posto isto, o analista que procura
evitar o “esticar” conceptual irá utilizar adjectivos de modos/formas opostas, dependendo do
tipo de categoria em questão.
Segundo, no caso de categorias radiais, a possibilidade de englobar mais casos através da
elaboração de categorias secundárias pode permitir uma flexibilidade considerável em relação
ao significado e aplicação da categoria. Apesar de esta flexibilidade ser muitas vezes desejável,
pode ser a fonte de importantes debates académicos. Por exemplo, à medida que os
académicos procuram identificar novos subtipos de democracia, podem facilmente surgir
disputas sobre se é apropriado considerar estes casos que cabem nestes subtipos enquanto
“verdadeiramente” democráticos.15 Contrastando, nas análises de uma categoria clássica como
“autoritarismo burocrático”, não surgiu nenhum debate paralelo sobre se os casos de
autoritarismo burocrático eram exemplos de “verdadeiro” autoritarismo.16
Mais Ilustrações/Exemplos de Estrutura Radial em Discussões Recentes de Democracia
As recentes análises de Terry Karl e Philippe Schmitter ilustram alguns casos correntes da
estrutura radial nesta categoria (Karl 1990, 2; Schmitter and Karl 1991, 76‐82; idem 1992, 52).
Dos três atributos da democracia que discutimos, Karl e Schmitter colocam, deliberadamente,
de parte as questões de equidade suscitadas anteriormente, focalizando‐se nas questões
associadas às democracias participativa e liberal. Sumarizando, de forma esquemática,
podemos dizer que estão envolvidas com quatro elementos: “(1) contestação acerca de
políticas e competição política para cargos políticos; (2) participação da cidadania através de
partidos, associações ou outras formas de acção colectiva; (3) responsabilidade dos
governantes aos governados através de mecanismos de representação e do Estado de Direito”
(Karl 1990, 2); e (4) protecção de direitos essencial para uma contestação com significado,
participação e responsabilização.17
Karl faz notar, de forma explícita, aquilo que vemos como um componente essencial da
estrutura radial desta categoria. Numa discussão de subtipos de democracia (a que chamamos
de categorias secundárias), ela observa que eles “são caracterizados por diferentes misturas e
graus variados das principais dimensões de democracia: contestação, participação, [e]
responsabilidade/responsabilização” (1990, 2). Assim, ela reconhece o ponto essencial
evidente nas Figuras 4 e 5: as categorias secundárias tendem a dividir os elementos
componentes da categoria principal, e podem variar consideravelmente no quão
proximamente se assemelham à subcategoria central.
Este padrão também surge nos subtipos desenvolvidos por Schmitter e Karl (1992, 56‐58). Eles
identificam a democracia “corporativa” e a democracia “populista” em parte pelo atributo
partilhado que é o facto de que o centro de poder dominante se localizar dentro do estado
(*presumo que se trate do estado geográfico, como os estados federais do EUA). Claramente,
este atributo ameniza o peso de outras componentes da sua compreensão de democracia,
como a participação dos cidadãos e a responsabilização dos governantes. Desta forma, na sua
estrutura/metodologia científica, estes subtipos são menos democráticos do que aquilo que
poderiam consideradas democracias “verdadeiras”. O facto de que estes subtipos são vistos
como menos democráticos tem destaque na análise empírica que Schmitter e Karl fazem de 24
casos recentes de democratização.
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Dos oito países que atribuem aos subtipos de democracia “populista” e “eleitoralista”, tratam
seis como casos marginais, seja porque ainda “não cruzaram o limiar mínimo da democracia”
ou porque ainda “não estão consolidados num tipo reconhecível de democracia” (página 68).
A análise de Schmitter e Karl traz‐nos de volta ao nosso argumento inicial acerca do viajar
conceptual. Pareceria que um dos seus objectivos é introduzir um vasto leque de casos
empíricos no debate da democratização, mas sem esticar o conceito. Na mesma linha que a
nossa discussão, eles tentam fazê‐lo através da criação de categorias secundárias (por
exemplo, democracia “corporativa” e “populista”), referindo‐se a casos que os
observadores/investigadores podem hesitar em chamar de democracias “verdadeiras”. Estas
categorias secundárias servem para aumentar a extensão da categoria geral, sem distorcê‐la.
Desta forma, os autores trazem estes casos para a estrutura científica de uma discussão geral
da democracia, sem ter de afirmar que são todos verdadeiramente democráticos.
Esta formulação da categoria de Schmitter e Karl pode ser colocada em perspectiva quando
comparada com uma inovação proposta há algum tempo por Robert Dahl (1956, 1963, 1971).
Dahl defende que, para a análise de casos concretos, é mais produtivo empregar o termo
poliarquia, ao invés de democracia. Ele utiliza democracia para se referir a “um ideal não
atingido e talvez não atingível”, enquanto que poliarquia se refere a sistemas políticos
existentes que poderiam ser vistos como “relativamente (mas incompletamente)
democratizados” (Dahl 1963, 73; idem 1973, 8). Para evitar o “esticar” conceptual, Dahl usa
rótulos distintos para a versão idealizada da categoria e para a versão que se refere a casos
reais. A metodologia de Schmitter e Karl difere da de Dahl em dois aspectos: (1) na abordagem
deles, o termo democracia refere‐se a pelo menos alguns casos, ao invés de a um ideal
hipotético, e (2) ao invés de utilizarem rótulos distintos para extender a categoria a mais casos,
estes evitam o “esticar” conceptual atribuindo adjectivos a um rótulo existente. Porém, estas
abordagens são semelhantes na medida em que Dahl, como Schmitter e Karl, cria uma
categoria secundária (por exemplo, um subcategoria não central), seguindo um padrão radial.
O termo de Dahl, poliarquia, pode ser visto como uma categoria secundária abrangente em
comparação com a democracia de categoria primária; isto é o mesmo que dizer que, utilizando
poliarquia para nos referirmos a sistemas relativamente democratizados é o equivalente
funcional a adicionar um adjectivo para criar a categoria secundária “democracia parcial” ou
“democracia incompleta” de modo a capturar um maior número de casos parciais.
Para sumarizar, a categoria radial “democracia” tem uma estrutura que, através da elaboração
de categorias secundárias, permite uma variação mais alargada em significado e aplicação
dentro de uma área de discussão estabilizada (*na qual não existe muita discórdia/debate).
Ainda assim, se estas variações em significado e aplicação são aceites ou contestadas dentro
da comunidade académica permanece uma questão duradoura.
CONCLUSÃO
O objectivo desta discussão foi o de apresentar novas directrizes para os analistas
comparativos/analistas de comparação que se encontram preocupados com os problemas da
viagem/viajar conceptual e do “esticar” conceptual. Concluímos que a estrutura/metodologia
científica de Sartori para a abordagem destes problemas permanece uma referência para os
académicos das políticas comparativas. Porém, são necessários cuidado e clarificação.
A análise das semelhanças familiares lembra‐nos de que uma aplicação demasiado estrita dos
princípios clássicos de categorização pode levar ao abandono prematuro de categorias
potencialmente úteis. Este problema pode ser evitado através de um pensamento consciente
em termos de tipos ideais, pela utilização de uma abordagem sistematicamente
específica/específica de sistema na aplicação de categorias em contextos peculiares, ou
adoptando outras técnicas que não dependem da suposição de que membros de uma
categoria partilham um conjunto completo de atributos definidores.
O esforço para evitar o “esticar” conceptual tem, igualmente, de assumir uma forma distinta
quanto estamos a lidar com categorias radiais. Assim é porque, com estas categorias, aquilo
que chamámos de categoria secundária (por exemplo, “democracia eleitoral”) tende a dividir
os elementos constituintes da categoria primária (“democracia”). Em contraste, com as
categorias clássicas, a categoria secundária (por exemplo, “autoritarismo burocrático”) tende a
conter elementos adicionais para além daqueles da categoria primária (“autoritarismo”).
Como consequência, com as categorias radiais, a categoria secundária pode ter maior
extensão, enquanto que com as categorias clássicas, a categoria primária tem maior extensão.
Em relação com o anterior, com as categorias clássicas podemos normalmente evitar o
“esticar” conceptual removendo um adjectivo, enquanto que, com categorias radiais,
podemos normalmente evitar o “esticar” conceptual adicionando um adjectivo.
Argumentamos também que, uma vez que as categorias secundárias tendem a dividir
elementos de uma categoria radial como “democracia”, a formação de categorias secundárias
cria, tanto uma oportunidade, quanto um problema. Cria uma oportunidade para uma
aplicação mais vasta e flexível através do aumento da extensão da categoria. Mas esta
flexibilidade pode levar a grandes disputas académicas sobre se a categoria se aplica aos casos
em estudo.
Uma observação final poderá ser feita acerca desta questão central da aplicabilidade entre
categorias e casos. O conhecimento/noção da estrutura das categorias não nos diz tudo o que
precisamos de saber acerca de como aplicá‐las em pesquisa. Pelo contrário, esta aplicação
depende de um conhecimento substancial em relação aos casos em análise. Sugerimos o
exemplo de um debate sobre se um determinado caso deveria ser chamado uma instância de
autoridade patrimonial, em oposição a autoridade tradicional. Ainda que a nossa compreensão
metodológica possa proporcionar tal debate, a sua resolução requer conhecimento dos casos.
Neste sentido, os argumentos acerca de categorias, que foram o nosso foco aqui, têm o
importante papel de nos trazer de volta à nossa detalhada compreensão dos contextos
políticos que estudamos.
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Olhando para lá destas directrizes, reconhecemos que várias das questões aqui levantadas
requerem uma examinação mais aprofundada. É necessária mais análise relativamente à
relação entre as categorias clássicas e radiais. Enquanto algumas categorias correspondem,
sem ambiguidade, a um destes tipos, outras podem conter elementos de ambos. Para além
disso, na demanda de objectivos analíticos específicos, os cientistas sociais modificam
deliberadamente as categorias, muitas vezes procurando impor uma estrutura clássica a
categorias radiais.17
Estas tentativas de modificação de categorias levantam a questão de maior acerca da relação
entre as linguagens comum/corrente e técnica. Quando os académicos criam uma linguagem
técnica, podem conseguir atingir maior clareza e consistência, ou sublinhar aquilo que
percepcionam enquanto aspectos importantes do fenómeno que estudam. Por outro lado, é
possível que esta nova linguagem não se encontre ancorada nos protótipos linguísticos
familiares que têm um tão importante papel em tornar as categorias interessantes e
fulgurantes. As categorias modificadas podem falhar na sua procura por se tornarem correntes
(*nos meios científicos, etc.), talvez sendo desalojadas/deslocadas por usos mais comuns.
Esta tensão entre as vantagens e armadilhas da modificação de categorias levanta a questão
da tarefa efectiva da metodologia. A esse respeito, deve um conhecimento acerca de como
temos tendência em utilizar categorias informar a nossa consciência/discernimento acerca de
como deveríamos utilizá‐las? Deveria a análise metodológica das categorias dar ênfase à
descrição (que poderia encorajar o realismo acerca dos constrangimentos impostos pela
linguagem comum na actividade técnica) ou à prescrição; qual poderá recomendar um meio de
ultrapassar estas restrições? Tentámos, neste âmbito, dar razões para atender a ambas.