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A

Alluunnoo:: Guilherme Fernando Soares de Araújo


M
Maattrrííccuullaa:: 19412
C
Cuurrssoo::Engenharia de Saúde e Segurança
O
Orriieennttaaddoorr:: Vitor Guilherme Carneiro Figueiredo
P
Peerrííooddoo:: 8ª

V
Viiggêênncciiaa:: Março de 2013 a Fevereiro de 2014
RESUMO

Este projeto de Iniciação Científica (IC) é algo inovador na área de gestão do conhecimento. A sua
abordagem é centrada na gestão do conhecimento tácito e resiste às abordagens tradicionais de
formalização do saber prático-profissional. Os sistemas convencionais de gestão do conhecimento
formal são limitados para lidarem com o conhecimento tácito e com a transmissão do saber-fazer
entre novatos e experientes. O objetivo desta pesquisa é investigar e pontuar as estratégias
adotadas pelos operadores de uma grande companhia energética na transmissão dos saberes entre
novatos e experientes. Adotando uma extensa revisão bibliográfica e uma tipologia rigorosa de
formas de conhecimento tácito associada a visitas de campo, esse projeto pretende apresentar as
limitações e deficiências desse modelo de transmissão do saber pautado em regras formais e
seguimento restrito das tarefas prescritas. Espera-se que os resultados desse estudo possam
promover melhorias nas atividades dos operadores e, também, propiciar ações que potencialize a
transmissão do conhecimento dentro das organizações.

Palavras-chaves: Conhecimento tácito. Análise ergonômica do trabalho. Salas de controle.


Expertise.
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 3

2. OBJETIVOS PROPOSTOS NO PROJETO .......................................................... 4

3. REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................... 5

4. DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS .......................................... 12


4.1 Revisão Bibliográfica ................................................................................ 12
4.2 Questionário .............................................................................................. 12
4.3 Transcrição de entrevistas ....................................................................... 12
4.4 Visitas a campo ........................................................................................ 12

5. RESULTADOS OBTIDOS E ANÁLISE ................................................................ 13

6. METAS FUTURAS ............................................................................................... 26


6.1 Comitê de ética em pesquisa.................................................................... 26
6.2 Resultados obtidos e análises ................................................................. 26
6.3 Elaboração de artigo ................................................................................. 26

5. CONCLUSÕES .................................................................................................... 27

REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 28

APÊNDICE I .......................................................................................................... 30
1. INTRODUÇÃO

O conhecimento humano é criado por meio da interação entre o conhecimento explícito e o


conhecimento tácito (NONAKA E TAKEUCHI, 1997). Essa interação é denominada conversão do
conhecimento e ocorre de quatro formas diferentes: socialização, externalização, combinação e
internalização.
O conhecimento explícito e o tácito não são entidades totalmente separadas, e sim
mutuamente complementares (SLACK et al., 1999). O conhecimento explícito está formalizado em
diferentes meios e pode ser transmitido na linguagem formal e sistemática. Já o conhecimento tácito
é aquele adquirido durante a experiência de vida acumulada e do aprendizado, ou seja, é pessoal e
específico ao contexto (COLLINS, 2001).
A análise aprofundada das descrições apresentadas por Nonaka e Takeuchi (1997) remete-
nos a uma reflexão: será esse modelo de conversão de conhecimento nada mais é que uma
ferramenta de gestão do conhecimento explícito? A forma como são apresentadas essas
conversões em algumas empresas, exemplos são os portais do conhecimento e as tentativas
de codificação do conhecimento tácito em regras e/ou procedimentos internos, mostra como
esse modelo é passível de aprofundamento e discussões mais detalhadas.
2. OBJETIVOS PROPOSTOS NO PROJETO

- Identificar as limitações e falhas nos treinamentos da empresa para operadores novatos;


- Investigar as estratégias adotadas pelos operadores experientes para contornarem as deficiências
da prescrição; e
- Implantar diretrizes da gestão do conhecimento tácito na estruturação da atividade dos novos
operadores.
3. REFERENCIAL TEÓRICO

O conhecimento tácito se desenvolve e se constrói no desenvolver da comunicação e da


absorção de conhecimento. Segundo a teoria de POLANYI, a concepção do conhecimento se faz
pelo comprometimento pessoal (um interesse do sujeito em aprender). Ao citar que o conhecimento
é adquirido de forma pessoal, ele quer dizer que, o conhecimento “se refere a um comprometimento
intelectual, que no seu entender, é um componente individual do ser humano na busca da
compreensão” (FRADE, 2004). Esse processo de aprendizagem pessoal é extremamente ativo e
requer do indivíduo, ou seja, dos atores envolvidos, ter a habilidade para entender e adquirir
compreensão das coisas que lhe são apresentadas. Ainda segundo Polanyi, para adquirir
conhecimento é necessário a mobilização de conhecimentos e experiências passadas, como se
fossem etapas a serem cumpridas, para que desse modo, conquiste a compreensão. Polanyi (1962)
argumenta que na expressão “conhecimento pessoal”,

“[...] a palavra ‘conhecimento’ é legítima em tal expressão, pois ela significa que o
homem transcende sua própria subjetividade em função de um empenho apaixonado
de satisfazer seus comprometimentos pessoais na busca por padrões universais”
(POLANYI, 1962, apud FRADE, 2004).

Em seu livro The tacit Dimension (1983), Polanyi destaca a impossibilidade de tratar o
conhecimento humano sem partir do princípio de que os seres humanos sabem mais do que podem
dizer. Este conhecimento que não se pode dizer, ou ser exposto em forma de regras e/ou palavras,
é o conhecimento tácito (FRADE, 2004). Para o autor, esse conhecimento está por detrás de todo o
conhecimento adquirido ao longo da vida; disto ele conclui que todo conhecimento é tácito ou é
construído a partir desse. Nesta mesma obra Polanyi estrutura o conhecimento tácito em: a) O
proximal e o distal e b) O focal e o subsidiário.

a) [...] o proximal passa-nos inadvertido, isto é, não nos detemos nele, a nossa
atenção não fica presa em dados sensoriais simples e avulsos, e por isso mesmo, não
somos capazes de explicitá-lo. [...] O segundo termo, é percebido, e está mais
distante, isto é, nos o percebemos, mas como algo que está aí, mas fora de nós.
(COUTO-SOARES, 2012)

b) O focal e o subsidiário correspondem a dois estratos da consciência, um centrado


em algo que preenche a nossa atenção, outro periférico do qual não nos damos conta,
é inadvertido, implícito, oculto. [...] Qualquer conhecimento se dá necessariamente
contextualizado, ou mesmo alicerçado num horizonte que detemos tacitamente,
silenciosamente e que não saberíamos explicitar. (COUTO-SOARES, 2012).
No desenvolver de uma tarefa, um conjunto de conhecimentos e experiências são solicitados
para que consigamos atingir nossos objetivos e resultados, possibilitando a realização da mesma.
Essa mobilização de saber é utilizada como se fosse um instrumento para a concretização dos
objetivos, que seria a realização do trabalho prescrito. “Cada um desses conhecimentos que são
mobilizados para tal fim é um conhecimento tácito” (FISCHBEIN, 1989; STERNBERG, 1995, apud
FRADE, 2004). Portanto é requisitado de maneira situacional, ou seja, ele reage de forma diferente
a cada tarefa realizada (dinâmico), portanto, depende do contexto de realização da atividade e do
trabalho a ser realizado (LERMAN, 2002, apud FRADE, 2004). Esse mecanismo pode ser de
maneira consciente ou inconsciente, uma vez que não podemos explicar como o fazemos, apenas o
adquirimos ao longo da vida profissional.

“O principal postulado da teoria de curso de ação é que a atividade humana é um


processo semiótico caracterizado por um conjunto de aberturas (preocupações,
ações, expectativas, etc.) relacionadas às experiências anteriores do profissional, que
é atualizado a cada instante, pela seleção de uma ou mais possíveis interações com o
mundo.” (LIPP & RIA, 2012)

O domínio do conhecimento em determinado área parte da interação e somatização entre o


conhecimento tácito associado à prática e à teoria, pois, o trabalho exige especialização e
experiência dentro do campo a qual a tarefa deve ser realizada. Logo, os atores sociais de uma
empresa, devem possuir diversos tipos de experiências necessárias à realização das atividades
propostas. Como exemplo, podemos citar aulas práticas que possam simular o ambiente real de
trabalho; desenvolver o hábito da leitura de materiais, que complementem as práticas; a visualização
do trabalho e assim por diante, fazendo uma correlação direta entre a teoria e a experimentação
(RIBEIRO, 2012b).
Estudos relevantes na abordagem teórica da criação do conhecimento propiciaram uma
melhor definição e uso dos conhecimentos tácitos e explícitos (NONAKA & TAKEUCHI, 1997 apud
SILVA, 2004). Conhecimento explícito é tipo de conhecimento que pode ser articulado em linguagem
formal, expressões matemáticas, especificações, manuais (NONAKA e TAKEUCHI, 1995).
Há diversos tipos de “imersão” do conhecimento que podem ocorrer de maneira conjunta ou
de maneira independente. Um exemplo que podemos citar é o estudo de outros idiomas, onde cabe
ao indivíduo escolher se inserir no conhecimento, realizando seus trabalhos e deveres isoladamente,
com a utilização de estudos individuais (com o hábito de leituras, visualizações, práticas,
interpretação e vivências. SILVA (2004) sintetiza essa relação com a frase, “o aprendizado pessoal a
partir da consulta dos registros de conhecimentos”); ou socializar a tarefa (com a prática de estudos
coletivos e participativos, como por exemplo, fazendo o uso habitual de diálogos, brainstorming,
troca de experiências e vivências, modelos mentais via trabalho em grupo e práticas acompanhadas
por um orientador. SILVA (2004) exemplifica essa relação como, “troca de conhecimentos face a
face entre pessoas”). Na prática, entretanto, é muito difícil uma pessoa ter domínio de uma
determinada área do saber, sem que ela passe por diversos meios de imersão do conhecimento, ou
seja, se desenvolvendo, tanto individualmente, como coletivamente. Portanto, para se alcançar um
nível elevado de experiência, uma pessoa necessariamente passará, por diversas formas de
aprendizagem que contextualizem o conhecimento adquirido.
“’Estudo individual’, ‘Socialização linguística’, ‘proximidade física’, ‘imersão física’. são
considerados do ponto de vista transitivo e tratados como ' níveis de imersão '” (RIBEIRO 2007,
apud RIBEIRO, 2012b). Isso nos diz que quanto maior o nível de imersão mais experiente fica o
indivíduo, portanto maior conhecimento tácito adquirido. O objetivo a ser alcançado é o pulo ou salto
de um nível para outro com o intuito de desenvolver ou aprimorar o conhecimento tácito e a
experiência.
Dessa forma, empresas podem aplicar em treinamentos admissionais e/ou pré-operacionais
os níveis de imersão em seus futuros funcionários, com o objetivo de identificar as diferenças de
níveis, por eles sofridas e verificar a consistência dos conhecimentos esperados para a realização da
atividade de trabalho solicitada (RIBEIRO, 2012b).

FONTE: Adaptado RIBEIRO, 2012b

As etapas do conhecimento teóricas e práticas se somam. De um lado, antigamente se


pensava que o processo de entrevista com os ingressantes em uma empresa era usado para
esclarecer e entender as diferenças entre os níveis de imersão (níveis de saber). Todavia, a teoria é
usada para encontrar a ligação entre os diferentes níveis de imersão; conhecimento tácito e
‘conhecimento de rastreamento de volta’, conectando o saber teórico desenvolvido com a prática
(RIBEIRO, 2012b).

“A ideia básica [...] é que a experiência sozinha leva à aquisição de conhecimento


tácito, que por sua vez leva ao conhecimento. No entanto, como experiência exige
qualificação, o termo 'níveis de imersão' será usado em vez disso. Além do mais, dado
que a 'experiência' é um conceito muito amplo, o foco aqui será às capacidades
desenvolvidas, resultadas pela passagem por experiências distintas e pela realização
de diferentes atividades” (RIBEIRO, 2012b).
Este conceito de níveis de imersão contribuição para o desenvolvimento de algumas
habilidades e finalidades, que são três: (1) Proporcionar o refino de programas de formação, com
foco no desenvolvimento de conhecimento tácito; (2) Visualizar quais tipos de atores são experientes
o bastante para realizar determinadas atividades; e (3) Preencher a lacuna entre os estudos de
especialização e experiência (COLLINS & EVANS, 2007 apud RIBEIRO, 2012b). Não há até agora,
uma teoria que vincule a experiência, o conhecimento tácito e o conhecimento.
Deste modo, quando um novato é solicitado a identificar e considerar os elementos do
contexto de trabalho (ou seja, avaliar as similaridades e as diferenças), no desenvolver de uma
determinada ação, esse comprometimento pessoal proporciona um avanço de nível, passando de
novato à iniciante avançado. Seguindo a mesma lógica, para o trabalhador iniciante avançado
tornar-se competente, ele ou ela devem ser capazes de priorizar o saber a adquirir (habilidade de
julgar relevância e/ou irrelevância). Isto implica que o poder de intuição (visto como produto de
envolvimento profundo do trabalhador, em um contexto situacional (Dreyfus e Dreyfus 1988, apud
RIVEIRO, 2012c), incorpora todos os tipos de conhecimento tácito, sentenças e decisões dentro de
si, mas não distingue um de outro.

Os cinco níveis de conhecimento


Nível Componentes Perspectivas Decisão Implicação Observações
Novato Descontextualizado Não tem Analítica Desvinculado
Reconhecimento de
novos elementos
Aprendiz Descontextualizado Não tem Analítica Desvinculado baseado na

avançado e situacional experiência

Decisão e
compreensão
Competente Descontextualizado Escolhida Analítica desvinculadas Uso de planos
e situacional
Implicado nos
resultados
Compreensão
Implicada Reflexão sobre
Proficiente Descontextualizado Vivenciada Analítica situações intuídas
e situacional Decisão
desvinculada
Expert Descontextualizado Vivenciada Intuitiva Implicado
e situacional
Fonte: DEYFUS & DEYFUS, 1986.

O gerenciamento do conhecimento tácito é uma área ainda pouco conhecida no Brasil.


Estudar e desenvolver pesquisas, a fim de identificar, como o conhecimento é harmonizado,
conduzido e mobilizado ao longo dos anos de um profissional, são necessários (COLLINS, 1992
apud RIBEIRO, 2010). Uma das razões para se estudar o conhecimento tácito, se refere à
dificuldade da transferência desse conhecimento, partindo dos experimentadores para os
replicadores, ou seja, dos trabalhadores experientes para os novatos (COLLINS, 1974; 2001a;
2001b apud RIBEIRO, 2010).
Todavia, há dois problemas no gerenciamento do conhecimento tácito. Um deles é a
existência de um tipo de saber que não é possível de se explicar, pois é realizado de forma
inconsciente. Podemos citar a capacidade de julgamento, por um trabalhador experiente, em uma
determinada situação, ocorrida em um determinado contexto de trabalho. O outro é a habilidade de
concordar com novas regras; e/ou fazer uma melhor aplicação das regras já existentes, ou quebrá-
las quando julgar necessário. Quando não obedecemos às regras prescritas, e nada acontece de
anormal, essa situação pode ser explicada, pelo fato de que adquirimos habilidades de saber
quando e como isso pode ser feito, sem que isso implique em acidentes (RIBEIRO, 2010).
Esse pensamento nos ajuda a compreender um grande impasse na engenharia de saúde e
segurança – o erro humano –, um evento adverso complexo que começa a ser entendido pela
psicologia e pela ergonomia cognitiva/organizacional. O descumprir das normas de segurança ou a
realização do trabalho desconsiderando procedimentos e regras estabelecidas são causas
mencionadas diversas vezes em relatórios de análise de acidentes de trabalho.
Todavia, em certas situações, a utilização de regras flexíveis (que levem em consideração a
atividade de trabalho), que previnem a ocorrência e incidência de acidentes, pois os operários, não
necessitaram burlálas. Para melhorar o sistema de gestão integrado, o desafio, é compreender o
comportamento humana de maneira sistemática e global (RIBEIRO, 2010).

“Desenvolver novas abordagens para fazer avançar as práticas preventivas dos danos
à saúde relacionados ao trabalho não é uma tarefa simples. A maioria dos estudos a
partir dos quais as normas de regulamentação das condições de trabalho são geradas
se fundam sobre o trabalho prescrito, isto é, sobre como um sistema de produção
deve funcionar, ou sobre a análise direta dos riscos, os quais, idealmente, devem ser
eliminados. Em ambos os casos, desconsideram-se as fontes de variabilidade que
ainda continuam presentes nos processos, e que são determinantes da ação dos
trabalhadores em seu trabalho cotidiano. Frequentemente, é no imprevisto das
situações de trabalho que se situa a explicação dos acidentes e incidentes – e
somente o conhecimento tácito pode, parcialmente, antecipar-se a eles, evitando-os”.
(RIBEIRO, 2010).

Esse saber adquirido pelo operador faz com que ele desenvolva micro-regulações e
estratégias tácitas, estabelecendo e requisitando seus saberes cognitivos e práticos. Podemos
compreender e identificar três objetivos, mais ou menos contraditórios conforme o contexto,

1) A segurança (sua própria segurança e a do sistema); 2) o desempenho (imposto


pela organização, mas também desejado pela equipe e pelo operador
individualmente); 3) e a minoração das consequências fisiológicas e mentais deste
desempenho (fadiga, estresse, esgotamento).(RIBEIRO, 2010)

O que é relevante nesse ponto de vista, não são os eventos adversos e situações que fogem
ao nosso controle e domínio, mas sim proporcionar que os acidentes e incidentes não ocorram, com
mais frequentemente, graças às estratégias de regulações, que os operários desenvolvem e que
estão presentes em qualquer atividade produtiva. “O operador humano possui uma verdadeira arte
para regular esse compromisso de modo dinâmico, em função das exigências da situação e de uma
visão reflexiva de suas próprias capacidades no momento” (AMALBERTI, 1996, apud RIBEIRO,
2010).
A alguns modelos de gestão atuais, que revalorizam os atores envolvidos no sistema, tanto
trabalhadores quanto gerentes, devem possuir espaços apropriados, que possibilitem a participação
e reconhecimento de competências variadas e diversas, na realidade dos sistemas de gestão. A
experiência e o conhecimento tácito, não são considerados e aproveitados nos projetos e na gestão
de um sistema de trabalho (WISNER, 1994, apud RIBEIRO, 2010).
Mesmo em situações de trabalho, onde há muita tecnologia, como os sistemas de aviação,
em que o retorno de experiência, desenvolvidos em análise é rigidamente previsto em caso de
incidentes. Esse reconhecimento da importância de se incorporar a experiência e o conhecimento
tácito, aos sistemas sociotécnicos e organizacionais, é necessário que haja a criação de situações
adequadas e ambientes apropriados, para haver uma socialização de experiências individuais e
coletivas, que possam desenvolver instrumentos e ferramentas que sirvam de mediadores na
disseminação e saber tácito coletivo (COLLINS, 2007, apud RIBEIRO, 2010), relativo às situações
inseguras.
Não basta criar normas e reconhecer o direito de recusa do trabalhador diante de uma
situação de risco iminente; é necessário, antes, compreender como se percebe um risco e como se
avalia sua importância, sobretudo em situações onde diferentes experiências produzem julgamentos
diferentes.
A falta de conhecimento do modo como o saber tácito é transmitido, não implica
necessariamente, a sua falta de importância. Entretanto, nos indica uma inevitabilidade e
necessidade de compreensão do trabalho e do trabalhador. Devido à relevância de se estudar, em
paralelo, o desenvolvimento do conhecimento tácito dos atores envolvidos e das condições e
situações de seu reconhecimento. Esse aspecto aplicado não exclusivamente à segurança no
trabalho, mas a todas as atividades que produzam, e que considerem a eficiência operacional; a
qualidade dos produtos finais e melhorias incrementais e inovações. Para este fim, é necessário o
desenvolvimento de pesquisas que possibilitem a criação de uma estrutura teórica conceitual sólida,
da gestão do conhecimento tácito. Essa é uma área de pouca pesquisa acadêmica no mundo e que
pode implicar em impactos concretos nas áreas de trabalho e em ambientes empresariais, motivo
pelo qual, se defende a relevância e importância de se saber como se desenvolve e se compartilha o
conhecimento tácito e as experiências profissionais.
4. DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

4.1 Revisões Bibliográficas


Durante o período de desenvolvimento da iniciação cientifica, primeiramente realizou-se um
grande levantamento bibliográfico acerca dos assuntos mais recentes sobre o tema proposto, com a
inclusão de artigos, teses e livros atualizados. Através desses levantamentos, foi elaborado um
referencial teórico robusto sobre as questões a serem analisadas e verificadas no desenvolvimento
da pesquisa.
Os materiais analisados abordam o conhecimento tácito, trazendo os seus fundamentos e
suas evoluções, apresentado conceitos, pensamentos e aplicações do mesmo, e levantam as
principais características relativas às diferenças entre o conhecimento explicito e o tácito, e sua
forma de transmissão.

4.2 Questionário
Através da literatura referente ao tema foi elaborado um questionário semiestruturado, que se
adequaria com a realidade de trabalho analisada. Esse questionário (Apêndice I) tem por objetivo
levantar características ambientais, epidemiológicas e ocupacionais, relevantes à atividade
analisada. Todo o questionário já foi tabulado em uma planilha do Excel, fator esse que acelera a
análise e discussão dos resultados obtidos a posteriori.

4.3 Transcrições de entrevistas


Foi realizado em campo entrevistas com os trabalhadores. Essas entrevistas foram gravadas
para posterior transcrição, análise e investigação. Elas nos auxiliaram na compreensão de
especificidades presentes da atividade de trabalho e na elaboração do artigo final.

4.4 Visitas a campo


Foi realizado até o momento uma visita a campo para ambientação, visualização e coleta de
informações através de análises visuais, observações, diálogos e entrevistas.
5. RESULTADOS OBTIDOS E ANÁLISE

Os resultados obtidos até o momento não foram tabulados, visto que nem todos os
trabalhadores da sala de controle foram entrevistados. Como opção metodológica, é apresentada
abaixo todos os relatos e coleta de informações efetuadas na visita a campo.

ENTREVISTA 1

HSPH007- gravação 007_________________________________________________


Fazer o estágio aqui tudo. Aqui tudo demora um pouco para começar a fazer as atividades,
justamente por isso, por ser um trabalho um pouco diferente que não é só teoria, então há a
necessidade dessa pratica dele estar do lado de um profissional mais antigo no trabalho e com isso
é passado parte do conhecimento desse profissional.
PERGUNTA: Como é que, por exemplo, você já vai sair daqui a duas semanas, mais até agora não
tem ninguém treinando com você, outros que iram passar para eles?
Aqui nós já fizemos. E aqui funciona da seguinte forma. Essa mesa aqui e da supervisão, e ali eu
tenho duas mesas que trabalham com transmissão de energia, e aqui duas mesas que trabalham na
geração, que cuida das usinas e ali cuida das subestações e linhas de transmissão tudo né.
PERGUNTA: E aqui ?
Aqui é a supervisão das 4 mesas. Então é o seguinte. Já esta programado aproximadamente daqui
a 3 anos, aposentar tantas pessoas né. Então foi feito treinamento para 4 profissionais que
trabalham ali na frente para trabalhar aqui. Então estas pessoas estão prontas para trabalhar aqui.
Então estão saindo 2 (Joel e eu), ai estes que já estão treinados vão assumir aqui e dos 4 que já
estão treinados, certamente a CEMIG, a chefia vai escolher 2 para substituir definitivo. Mas eles já
tem um conhecimento para a função.
PERGUNTA: Então sempre os que vem pra cá, nessa profissão, já sai experiente de lá ?
Já o caso de quem trabalha ali na frente, já tem uma prática, vem de outros locais. Até nos tivemos 2
casos de concursos externos, que vieram para cá sem conhecimento desse trabalho. Aí treinaram
aqui e se deram muito bem e fizeram o trabalho normalmente. Hoje os 2 já não estão mais na
CEMIG. Fizeram treinamento aqui, trabalharam comigo aqui e fizeram concurso externo e foram
para outra área.
PERGUNTA: Mas parece que agora irão vir mais 2 novatos, que iram passar pelo treinamento. O
treinamento primeiro e por alguns meses teóricos, como é que é? Todo mundo que vem pra cá
quando novato tem que passar por essa teoria?
Mesmo que, não sei se você conhece, mas geralmente o profissional que vem pra cá é aquele que
já trabalha de turno, na usina, ou em subestação. Preferencialmente são esses profissionais que já
conhecem parte do sistema elétrico. Então eles vem pra cá, ai sim começa o processo que fica de 3
a 4 meses fazendo leituras de como funciona, as instruções de cada subestação. E então ai eles
tem que ler aquilo ali tudo, tirar duvidas com a gente aqui, deves em quando vem aqui e fica
trabalhando conosco. Mas continua nesse processo de treinamento direto teórico. A partir daí eles
fazem cursos, muitas vezes em Sete Lagoas, tem uma escola da CEMIG, lá. Então eles fazem
alguns cursos lá, fazem visitas nas usinas e subestações pra conhecer no campo, como funciona
tudo. O que tá fazendo aquela leitura, aquele fundamento teórico, ai fica imaginando, vamos dizer,
os casos do que vem em concurso externo que ainda não conhece nada. Poxa eu estou lendo aqui,
o que é isso? Não conhece o que é uma máquina geradora de energia, então é uma oportunidade
que eles tem de ir a campo fazer essas visitas. Durante esse período também eles fazem um estágio
em uma usina. Ficam lá 2 semanas, acompanhando o pessoal de turno, para ver as dificuldades, de
como funciona para ligar uma máquina geradora no sistema elétrico, ou desliga lá. E então tudo isso
faz parte desse treinamento para o profissional que trabalha aqui.
PERGUNTA: Ai depois desse treinamento que ai eles vem ficar direto, aqui. Ai ficam com um outro
mais experiente, ou já pode...?
Justamente, aqui ele começa normalmente. Passa uns dias conosco aqui da supervisão. Ai a gente
faz uma geral, em cada tela desta que a gente trabalha. Passa pra ele como que funciona. Ele
acompanha a gente, passa alguns dias aqui, a partir daí, ai ele já passa a acompanhar o pessoal ai
da frente. Depois de algum tempo que ele passa só observando, alguns telefones já pode atender,
algumas anotações que tem que fazer a gente já vai passando pra eles iram já praticando, essas
coisas tudo. Ai depois pra atuar mesmo fazendo tele controle, aí já é um tempo maior, depois que
ele já tá algum tempo aqui acompanhando é que a gente libera pra fazer.
PERGUNTA: Eles ficam acompanhando, vocês fazerem esse tele controle e procedimentos que tem
que fazer?
Exatamente. Ai é aonde que ele pega a vai ver na prática, o que ele estudou na teoria. Então aquele
treinamento, que ele fez teórico, ai ele vai confrontar. Ai ele vai dizer assim, “eu ligo essa máquina
primeiro, por causa do meio ambiente, por problemas de peixe, esses negocio tudo”, então ai ele
vem confrontando isso na parte prática.
PERGUNTA: E como a experiência que você já tem, você acha que na pratica da para aplicar o que
tem na teoria? Ou nem sempre exatamente tudo que esta na teoria e aplicado? Vocês tem que dar
um jeitinho? Ou fazer alguma outra manobra de outra forma pra coisa funcionar?
Olha, realmente. A coisa que a teoria foi feita para um ambiente e muitas vezes esse ambiente, por
que o sistema elétrico é muito dinâmico, então numa ocorrência, por exemplo, vai um equipamento
ai é simulado aquilo ali, mas muitas vezes sai teoria. Realmente a gente tem que fazer algo que esta
um pouco diferente da teoria.
PERGUNTA: E você acha que somente com a experiência que se vai vendo, “se eu fizer o que esta
mandando a teoria, aqui não vai dar certo”, o que por exemplo assim?
Olha, é um pouco difícil de falar pra você e da gente lembrar. São coisas que acontece em tempo
real, na hora que deu a ocorrência a teoria me diz pra fazer assim, mas já aconteceu de experiência,
que não se conseguiu fazer o sincronismo, por exemplo, de uma linha com um barramento, ai tem
que mudar a posição, sentido de energização então tem que fazer.
PERGUNTA: Atualmente você usa mais o que tem na sua prática mesmo, na sua experiência ou o
que esta na teoria?
Não. Hoje nos somos muito amarrados em instruções, então você tem que fazer de tudo pra seguir
as instruções. Então só aquilo que não deu certo é que você tem que “sair de lado”. Fizemos vários
testes aqui que não conseguimos, e tivemos que partir pra um outro rumo, Ai é quando você vai
fazendo. Vamos citar um exemplo, nos temos aqui.... esse aqui é um mapa da malha da região norte
nossa. A CEMIG é dividida em vários regionais, então tem norte, leste, oeste, sul e central. A central
e a área metropolitana... aqui é uma, o triangulo é uma usina, aqui é uma subestação, chamada
“Arasuai” , ai houve um desarme de disjuntor, ligado no transformador. Ela estava nova, essa
subestação, não conseguia se fechar, dava o controle e não fechava, ia no local e não conseguia. Ai
foi feito algumas experiências, do por que não fechava. Foi verificado o volume de carga, fazer
redução da geração das usinas mais próximas de um lado e elevar do outro, você entendeu? Até
conseguir fazer o fechamento. Então são coisas assim que fogem muitas vezes das instruções.
PERGUNTA: Alguns termos eu já conheço, que eu fiz uma AET lá no OS..lá e de baixa e média
tensão. O trabalho como o seu aqui. O que você tem que ficar monitorando? O que acontece às
vezes de emergência ? Tem alguma sazonalidade quando chove, ou não chove. Nesse período
assim diferente só pra eu entender?
Olha então. Primeiramente aquela tela maior ali, são esses riscos que tem e os quadradinhos
significam que cada um é uma subestação. Você já chegou a ir aum alguma subestação.... [sim],
então aquele emaranhado de fios e torres, e essas coisas todas, são esses quadradinhos. Então
cada quadradinho daquele ali significa uma subestação, as linhas que interligam elas ali. Então nós
monitoramos isso ali tudo. Toda vez que sai um alinha dessa... Aqui por exemplo eu tenho uma
subestação de Neves e de Mesquita, ela é ligada por uma linha, para nós aqui esse verdinho é 500
mil volts então se saem linhas dessas daqui, essas duas subestações vão ficar piscando, vai dar um
alarme sonoro pra mim e um alarme visual que vai piscar e me mostrar que houve alguma
ocorrência, e que eu preciso fazer intervenção. Então, além disso, aqui, eu tenho essa tela que trata
o que ocorreu em cada ocorrência... Desarmou um disjuntor ela mostra... Automaticamente apitou
ela já mostra, disjuntor tal de tal linha. Aqui constantemente tenho que estar monitorando o que esta
acontecendo, por que tem alarmes sonoros e os que só vêm visuais. Aquela bolinha que esta ali
agora é um alarme que aconteceu que preciso fazer uma intervenção lá no local. Então ai eu tenho
que reconhecer e fazer o acionamento da pessoa para ir até o local e fazer aquela intervenção OK.
Então aqui é a parti da transmissão, essa outra tela aqui já é a parte das usinas, essas telas são as
grandes usinas. Nós temos aqui ó... da esquerda para a direita... tenho aqui Usina Embarcação, é
uma usina da CEMIG, Nova Ponte, Miranda, Armador Aguiar, São Simão (São Simão é a maior
usina da CEMIG), é....e aqui vai. Então aqui tem um detalhe por exemplo...
PERGUNTA: E como é que vc sabe o nome delas?
Assim, aqui tá vendo. Então é só contar justamente com o passar do tempo né... a gente vai
trabalhando. Então aqui a UHE (Usina Hidroelétrica de embarcação); então todas elas é UH (Usina
Hidroelétrica).... UHNP (Usina Hidroelétrica Nova Ponte).
Atendeu ao telefone...
É uma situação que está acontecendo que está atípica, por que nós estamos conversando. Essa
usina aqui é a Usina de Camargos tá...(nesse momento ele passa a conversar com outra pessoa)....
O Reservatório lá esta bastante cheio e esta chegando uma fluência que precisamos reparar, então
foi solicitado que gere lotado, vc pode pedir lá pra lotar a Usina e automaticamente repassar em
Itutinga...Sim, nossa conveniência o controle de nível....sim senhor....tá.
Vamos entender o que nós conversamos aqui, quer ver... essa tela aqui é uma tela das usinas que
estão uma atrás das outras no mesmo rio. Então vamos entender aqui ó... Essa e o Camargos, que
acabei de repassar pra ele, essa usina tem 2 unidades geradoras, no momento ela esta gerando um
total de 18kW e ela pode gerar até 45 kW, Blz. Então ai o reservatório dela esta cheio, nessa época,
geralmente, por que já é passado o período chuvoso, então a gente vem subindo o reservatório pra
estar nessa época com reservatório 100% e daí soltando a água devagar durante o ano, para que
fique o rio perenizado e vc consiga fazer o programa de geração, pra ficar tranquilo... Mas só que
com essas chuvinhas que deram agora recentemente. Então lá na cabeceira do rio choveu mais um
pouquinho e esta chegando uma fluência maior e nos precisamos repassar isso pra não precisar
abrir o vertedouro, pra jogar água fora. Já que vamos ter que passar água vamos ganhar dinheiro. Aí
gera energia ali e automaticamente...se o Camargos gerou uma quantidade, jogou um pouco de
água ais aqui....essa usina também se o reservatório dela não suportar vc tem que repassar pra
outra...então tem que gerar ali também...e assim por diante, então aqui vai a cascata...então essa
cascata aqui é a cascata do Rio Grande, então vem passando aqui Camargos, Itutinga, Usina de
formigas, depois tem uma usina de furnas (chamada furnas), Mascaria de Morais, Luiz Carlos
Barreto, ai depois vem da CEMIG de novo. Essas aqui não são da CEMIG. Igarapava é da CEMIG,
volta grande...e ai continua o rio...depois de volta grande vai Porto colombe que não pertence a
CEMIG, Marimbondo, ilha solteira...
PERGUNTA: E essas que não pertencem a CEMIG, vocês também tem ligação. Na hora de mandar
água, vc’s não mandam pra essas que não pertencem a CEMIG?
Manda. Aqui é o leito do rio, se soltou água vai. Não tem jeito de desviar, não tem. A única maneira
que poderia ter é que antigamente as empresas eram separadas, então cada uma puxava a
sardinha pra ela só. Então eu não vou gerar energia agora vou deixar gerar na hora da ponta, por
que a energia era mais cara. Entendeu. Mas agora que tem o ANS, que ele que controla todo o
sistema brasileiro. Então a que acontece a CEMIG faz um plano de geração pra cada usina e manda
pra ANS. Assim como a CEMIG mandam todas as empresas que tem usinas, mandam esse plano
pra lá, ai ele faz uma central lá, verificando a quantidade de água que vc esta enviando se a outra
também suporta, então faz esse plano de geração pra cada usina, pra não gerar demais a outra
gerar de menos e depois precisar jogar água fora. Então é feito dessa forma, esse é o nosso
trabalho, de ficar controlando isso.
PERGUNTA: Igual agora que vc recebeu aqui, quem te enviou? De onde veio o aviso de que os
canais estavam cheios?
Nós temos o controle. Cada usina dessas na instrução fala: “ olha vc tem que manter o nível do
reservatório em tanto e uma ou outra ferramenta...”. Essa ferramenta aqui...nos estamos falando de
Camargos...nos vamos...essa ferramenta aqui primeiro. Nos temos os dados básicos: me fala qual é
o nome da usina; qual a bacia que esta o rio; qual o volume máximo, a cota que eu tenho que
manter. Esse aqui em números, por exemplo: cora operativa de nível mínimo e máximo. Então eu
tenho aqui uma cota, então vamos fazer uma suposição, entre 0 e 100%. Então eu tenho que manter
nessa época do ano em 100% blz. Ai e vou pra cá...Isso está medindo 24 h/dia o nível, então ele
esta enviando pra cá...Então de hora em hora vem esses valores. Olha o nível começou a 0 hora
912,93. Esse é o nível montante. Por que a usina tem: reservatório, tem as máquinas e o leito do rio
continua aqui. Então essa água que esta chegando aqui. Aqui seria como a caixa d’água lá da sua
casa. Tem a água que a COPASA está enviando pra vc, e tem aquela boia que mantém a caixa
sempre cheia. A medida que vc vai usando, ela vai caindo, depois ela completa. Assim é o
reservatório. A COPASA aqui é a água da chuva, a água que esta vindo das minas, etc’s. E nós
estamos pegando essa água e gerando. Passa através do gerador, e jogando fora. Ai, como eu
tenho uma barragem, eu preciso manter ela num certo valor. Por que se eu deixar vai passar por
cima.
Então nós temos que controlar essa água, por que eu não posso deixar passar por cima. Por que
você vê ai na época de chuvas, água tem muita força, quando chega com um volume de água muito
grande, ela sai destruindo. Então essa barragem, que ela é construída, ela tem uma força, então eu
tenho que controlar essa força da água pra não destruir. Então esse é o nosso serviço daqui em
relação as usinas. Fazendo um controle da quantidade de água que esta chegando, tem que
repassar essa água. Na época que o reservatório esta vazio, eu tenho que gerar menos, pra não
esvaziar demais, pra não secar o reservatório e essas coisas todas. Então esse monitoramento é
constante. Nós trabalhamos aqui em tempo real, mas existe uma equipe da CEMIG também que
meche só com as águas, só com as usinas. Então eles fazem esse plano de geração que é feito de
cada usina, é essa equipe que faz manda pra ANS. A ANS da o aval OK, pode executar. Aí esse
plano de geração vem pra nós, e é executado em cada usina. Quase que de meia em meia hora,
tem algumas usinas que fazem modificações de meia em meia hora, vc tem que modificar. Olha ta
gerando 100MW, agora vc tem que passar pra 200 MW, depois vc tem que voltar pra 150.
PERGUNTA: São vc’s que fazem essas modificações?
Sim. Através de tele controle.
PERGUNTA: E tem de modificar por que? Justamente por isso, se está alto ou baixo?
Então vamos entender também. Esse gráfico aqui é um gráfico de carga prevista para o dia. Através
de serie de estudos e comportamento da carga residencial, ai tem um montante gerando para
atender esse residencial. O comercio já é contrato. Quando vc for abrir uma padaria, por exemplo, vc
faz um contrato com a CEMIG, ao seu consumo. Então vc vai fazer um consumo médio. E assim as
indústrias tudo tem esse contrato. Olha eu tenho a Usiminas que gasta 200MW/h (não sei se é esse
valor), entendeu. Então eu tenho que gerar pra atender só a Usiminas 200MW. Então tenho que ter
uma usina que gere essa quantidade de energia durante o dia pra atender a Usiminas e assim vai.
Outra empresa, outro comércio a residência. Então somando esse montante todo se cria essa curva
azul. Que hora a hora vc tem que estar gerando tal. Fica assim pra vc entender melhor. Aqui começa
a 0 hora até 24 horas, que é natural o pessoal começar a dormir, desligar sua televisão, desligar
chuveiro, etc’s. então há uma tendência de cair esse consumo de energia. A partir das 4 e 5 horas o
pessoal começa a levantar, trabalhar, vai tomar seu banho pra sair, acende luz e tal. Então há uma
tendência de começar a subir. Aí vem 7 e 8 horas a abrir o comércio, vai só subindo carga. Chega
na hora do almoço por volta de 11 até 14 horas ela da uma quedinha, por que alguns comércios
fecham. Algumas empresas param as maquinas para almoçar, essas coisas todas. Então aquela
queda depois volta a subir de novo, e ai vai. As vezes conforme o dia ela não da essa queda, ai só
da essa queda por volta de 16 e 17 horas que também é feito um acordo com as empresas maiores,
as industrias, que elas tiram carga nesse horário pra entrar a carga residencial. Que é horário de
pico.
Então, ai quando isso acontece cai nesse vale aqui está vendo? Ai depois começa o horário de pico,
e depois a tendência é só cai e começa de novo.
PERGUNTA: E aqui, por exemplo, passou do previsto?
Então essa é a informação que eu te passei que está previsto. A curvinha vermelha é o que foi feito
em tempo real. É o que aconteceu. Se saísse tudo direitinho do jeito que previa e tudo, ficaria tudo
ótimo. Mas pode ocorrer de sair o previsto. Aqui por exemplo a carga foi menor que a prevista. Nós
tivemos de recolher geração, desligar máquinas, essas coisas todas....consequentemente vc tem
que monitorar seu reservatório. Se vc desligou uma máquina, que deveria estar gerando, a água que
esta no reservatório vai encher. Então depois que vc volta a ligar ai vc tem que gerar uma
quantidade maior pra recuperar aquilo ali que ficou garrado lá...E aqui é ao contrario a carga foi
maior do que a prevista, então vc tem que fazer algo desse tipo aqui ó... Aqui esta tudo no
programa. Vamos pegar uma aqui...Embarcação, o que esta acontecendo lá... Sincronizado 2
máquinas geradoras, que dá uma capacidade geradora de 510 MW de geração. Mas eu estou
gerando apenas 146 MW. O meu programa de geração pra essa usina agora é 145 MW, então eu
estou atendendo ao programa. Não mecho nada aqui...Aqui por exemplo, essa aqui, Porto estrela
né... capacidade de 112 MW, está gerando 55 MW, mas o programa dela é só de 35 MW, por que
esta acontecendo isso. Poe que esta recebendo uma quantidade maior de água e precisa repassar,
pois o reservatório de lá é pequeno.. são chamadas Usinas fio d’água, não tem capacidade grande
de armazenamento, então ela simplesmente represa a água lá... a água que chega ela tem que sair.
Então ela ta gerando 21 MW acima do que esta programado que é esse valor aqui ó... o programa é
35 MW e eu estou gerando 56 MW, então da uma diferença de 21 MW.
PERGUNTA: Isso é por que está chegando muita água lá e tem que repassar? E o controle de água
que chega dos rios, pode vir mais ou menos, por isso que vc’s tem que ficar fazendo esse controle
aqui? A água que chega não da pré adivinhar, né?
Nós temos alguns pontos de monitoramento. Quando vc vai instalar uma usina em um rio, esse rio já
é estudado durante uns 30 anos antes de vc colocar essa usina... Vê a quantidade de água que
passa ali dia a dia... qual o horário que passa mais água, qual horário que passa menos água... E ai
o que faz? Vc monitora essa água no reservatório da usina e te alguns quilômetros acima, mais
alguns pontos. Nós temos esse controle justamente para não ter impactos nas cidades. Por que
algumas cidades o povo vai construindo vai pegando o leito do rio. Quando eu morava em
Governador Valadares...Governador Valadares é uma cidade muito plana... O leito do rio está longe,
aonde que eu morei ficava longe. Mas chegou uma época lá que veio muita água e entrou na minha
casa, fiquei com água dentro da minha casa 1m durante 5 dias. Então isso acontece nas cidades.
Vai crescendo a população e o pessoal vai empurrando ali...vai jogando entulho no leito do rio. E ai
quando vem essa água, a água tem que espalhar. Pra evitar uma das funções que a gente tem aqui
é justamente controlar através de instruções... A medida que vai acontecendo...Olha esse ano
aconteceu algo diferente de anos passados, a água o bairro tal, então na instrução daquela usina é
colocado essa observação, por que se vc soltar tantos metros de água, vc vai atingir as casas de tal
bairro. Aí a gente faz esse controle também.
PERGUNTA: Até pra vc’s não soltarem essa quantidade de água e inundar!
Então nós fazemos esse monitoramento. Tem esses pontos que ficam em outros locais que manda
essas informações pra gente. E através de um programa ele faz os cálculos de quanto esta
chegando na usina. Por exemplo na suína de Camargos, que a gente estava conversando... eu
estou lá com uma afluência de aproximadamente 89 m³ e estou turbinando também esse valor,
então a água que esta chegando esta sendo repassada. Então é feito esses cálculos que nos dá
suporte aqui pra tomar uma ação. Então eu vejo que de repente, aqui que esta chegando uma
quantidade de água, que daqui a 2 h vai atingir o máximo do reservatório, então eu tenho que tomar
uma ação, para que este nível não chegue máximo.
PERGUNTA: Então vc toma antecipadamente uma ação pra não deixar que aquele reservatório...
Então é feito dessa forma... Aí a gente procura atender aquele programa que foi feito, já
programado, mas vc monitora isso durante o dia que algo vem acontecendo diferente, e vc toma
ação pra não sair fora.
(ATENDEU AO TELEFONE)
Esse é um serviço que a gente também faz... Toda máquina aqui... essa máquina aqui ela veio de
intervenção aí ela vai retornar pro sistema e a ANS ela pede, pra quando isso ocorrer eu tenho que
sincronizar á máquina e elevar a geração dela pro máximo durante 4 h pra ver se a máquina esta
perfeita. Então se eu ficar durante as 4 h gerando o máximo, aí ela da o teste por encerrado, ela da
o OK e vc pode reduzir e atender ao programa que for necessário.
Então é o que agente faz aqui agora. Nesse caso nós vamos sincronizar essa máquina e vamos
parar outra se não nós vamos gerar muito acima do programado.
PERGUNTA: Por que vc vai por essa no máximo!
Exatamente. Então é feito esse controle de todas as usinas maiores. Aqui tem todas elas. Nós temos
também algumas usinas de outros agentes, que esta no sistema CEMIG. Então esse ai, a gente tem
aqui uma supervisão, mas não temos controle sobre essas usinas. Então eles lá que fazem o
controle, o programa de geração e tudo né... e temos também as pequenas usinas. Aquelas
usininhas, que tem em algumas cidades, onde o leito do rio que gera pouca coisa, pouca água.
Então nós temos elas também ai. E essas usinas que dão mais trabalho.
PERGUNTA: É. E por quê?
Justamente por isso. Qualquer chuva que dá ela gera muito. Chega muita água. Só que essas
usinas, normalmente, elas tem uma característica onde o reservatório dela lá é feito justamente pra
isso, pra passar por cima mesmo. Então ela chega, ai vc gera o máximo e tudo, mas não dá, e a
água passa por cima e vai embora.
PERGUNTA: Então qualquer coisinha ela fica derramando e vc’s ficam o tempo todo monitorando
elas?
E acontece o contrario também. Ela seca. Essas 2 aqui ó... estão desligadas justamente por falta de
água.
PERGUNTA: O que não acontece com as grandes. Sempre tem água.
Geralmente é o leito de um rio grande, né. Vc tem que manter aquele leito com água. Por isso é feito
também um programa de geração. É pra atender isso o ano todo. Por que vc pega uma usina aqui.
Essa usina eu vou gerar demais, ai seca o reservatório e depois não tem água. Por isso é feito esse
controle e o programa de geração pra manter o leito do rio mais perene possível. Então quem mora
nas proximidades do rio, vão observar que esse rio durante o ano, ele tem pouca variação. Ele tem
mais variação quando é período de chuvoso, que ai não tem jeito. Chegou água ai vc tem que gerar
ou abrir comportas por que seu reservatório não suporta essa água toda.
PERGUNTA: E no período chuvoso a demanda é maior?
È maior com certeza. Tem que verificar aonde que esta chovendo. Ai o pessoal lá de cima, já faz um
programa de geração prevendo essa chuva que já esta chegando. Aonde tem que gerar mais, aonde
tem que gerar menos. E a gente faz somente aqueles casos que veio e sai do previsto.
PERGUNTA: Mas vc’s tem que ficar controlando meteorologia ou não?
Também. Nós não entendemos nada de meteorologia, mas agora temos até uma ferramenta que
esta fora do ar agora. O pessoal que meche com meteorologia, eles disponibilizam pra gente aqui
uma ferramenta que nos da um suporte aonde que esta chovendo, aí a gente vê. Olha esta
chovendo no norte de minas. Aí ficamos mais atentos ali naquela região. Caindo muita descarga
atmosférica, provocando desligamento das linhas e essas coisas.
PERGUNTA: Aí já entre, quando acontece isso, o pessoal da transmissão?
Exatamente.
PERGUNTA: Vc’s atual em média e baixa tensão. Postes e tudo isso?
Não. Aqui nos trabalhamos com geração e transmissão de energia, até as subestações. A partir daí,
a gente entrega para o COD, que é Centro de distribuição da CEMIG. A partir daí já são
subestações menores que a gente atende e manda energia pra eles e de lá faz a transformação pra
uma tensão menor que é 13,8 que saí nos postes.
PERGUNTA: Subestações menores seriam aquelas como tem uma na via expressa. Essas
pequeninas locais dentro da cidade?
Aqui em BH tem várias. Tem Barro preto, tem na Pampulha, no Taquaril, tem em vários bairros.
Normalmente recebem 138 mil volts e transformam para 13,8 mil volts nos postes, onde passa
através de transformadores nos postes. E os fios que vão do lado do poste são tensão de 110 V,
127 V e 220 V.
PERGUNTA: Aí esses não são de sua responsabilidade? Caí poste, cai arvore e derruba fio.
Não ai são os regionais.
HPSH008- gravação 008_________________________________________________
Aqui eu tenho um reservatório. Ele não é um grande reservatório. Ele é chamado assim de
“reservatório mais nervoso”, pois é aquele que chega uma quantidade de água e você tem que
soltar. É a usina de Jáguar.
Então, você vai observar aquilo que (...) no período de zero horas até agora, esse reservatório, ele
teve uma fluência média de 352 m³/s e nós defluimos, nós geramos e soltamos 584 m³/s. Então a
tendência desse reservatório é esvaziar. É o que esta acontecendo aqui. Estava com 557,93 e agora
esta com 557,43. Isso quer dizer que caiu 50 cm. E 50 cm de reservatório é muita água. Por que são
km e mais km de água, então é bastante água.
Então são esses controles que a gente faz. Por que a gente precisa esta fazendo esses controles. A
água que esta chegando esta pouco, nos geramos bastante, portanto temos de reduzir. Então temos
de perceber isso e fazer essa equação ai e fazer essas contas pra diminuir essa queda, que pode
cair muito rápido e dar problemas também o reservatório.
PERGUNTA: Então também não pode deixar cair muito rápido. Se tiver caindo muito rápido, você
tem que começar a gerar menos.
Sim. Gerar menos para diminuir essa queda
PERGUNTA: E isso é o tempo todo?
O tempo todo.
PERGUNTA: E são quantas hidroelétricas?
São várias, que até hoje eu não sei de cabeça.
PERGUNTA: O número mais ou menos?
Parece que são 25 grandes usinas e mais ou menos 15 usinas pequenas. Ou seja, próximo de 40
usinas que a gente tem que monitorar. Subestação parece que são 68.
HPSH 009- gravação 009_________________________________________________
PERGUNTA: Quantos funcionários aqui na sala?
São 6 equipes de 5 pessoas cada uma, pra rodar, contando com o supervisor. Sempre a mesma
equipe que roda. Éramos 32 e agora que estamos saindo, vai ficar 25. Então essa turma só esta
caindo.
PERGUNTA: Qual o seu cargo?
Técnico de supervisão de sistemas elétricos.
PERGUNTA: Tá caindo. Então vai ter que repor né, por que faz falta?
Com certeza agor anão vai ter mais jeito, vai ter que vir. Falaram ai que vão vir 2 do concurso
externo pra vim trabalhar aqui.
PERGUNTA: É mais complicado quando vem de concurso ou não é?
É sim por que ele vem cru. Tem que passar por esse processo todo. Essa parte teórica pra esse
profissional é mais demorada.
PERGUNTA: Todos que chegam aqui tem que passar, mesmo que, igual vc que veio do centro de
operação você teve que passar por essa parte teórica daqui?
Tem sim. Tem por que são instruções de subestações e usinas diferentes da onde que eu
trabalhava. Lá eu trabalhava com usinas pequenininhas. Na época que eu trabalhava no COD, aqui
não trabalhava com pequenas usinas, aqui era só com grandes usinas. Hj é que estão vindo as
pequenas usinas pra cá. Por que está tirando essa função de quem trabalha lá no COD. Não vai
mexer mais com usinas. Então na época, eu trabalhava com pequenas usinas e subestações
menores. Vinham pra cá a extra e alta tensão. Subestações de 230 mil volts pra cima. 230 KV, 345
KV, 500 KV. E lá no COD nós trabalhávamos com 138 KV pra baixo. Era 138 KV, 69 KV, 34,5 KV,
13,8 KV.
PERGUNTA: Então todo mundo passou por esse treinamento. Vc é o mais antigo aqui de tempo de
casa? De serviço aqui dentro do COS?
Não. O Joel que esta saindo também ele é mais antigo que eu.
PERGUNTA: Ele tem quanto anos?
Olha eu já estou com 33 anos de empresa, aqui 14 pra 15 anos e o Joel me parece que com 16
anos.
PERGUNTA: E a média de todo mundo aqui é de mais ou menos quantos? Vc tem uma ideia só por
alto assim?
Essa turma que esta aqui esta na faixa 6, 10 e 12 anos de COS.
PERGUNTA: Vc acha que essas experiências anteriores ajudam aqui ou não? Ou chegam aqui e
são complementes diferentes do que vc’s estiveram?
Na realidade ela ajuda sim. Ela ajuda por quê? Por que aqui ele tem que trabalhar no controle da
usina, então ele trabalhou na usina e sabe as dificuldades que o operador tem que fazer, como:
Colocar uma máquina no sistema, desligar... Na hora dele falar com o operador lá. – Olha eu quero
que vc faça isso!...-Essa usina é assim, assim, assim. Já sabe argumentar. Então ajuda nesse
sentido E é a mesma coisa em subestações. Mais ou menos a distantes que tem em caso de
controle até o local. Se a pessoa pode ir lá ou se não pode. Então isso ajuda. Mas aqui a gente vê
um lado maior do sistema inteiro. Eu não vejo só uma subestação. Então nos temos um olhar mais
amplo pra tudo.
PERGUNTA: E a média de todo mundo, mesmo das outras equipes são mais ou menos essas?
Mais ou menos essas. Os mais novatos são 3 anos.
PERGUNTA: E eles entraram nesse tempo por que outros saíram ou aposentaram?
Olha. Aposentadoria teve. Teve aposentadoria de 4 pra 5 anos passados, Teve 4 aposentadorias.
Nessa leva que o pessoal aposentou o grupo aqui estava pequeno, por que estava chegando mais
subestações e mais usinas telecontroladas. Então nos estávamos recebendo mais responsabilidade.
Então houve-se um estudo, um plano pra aumentar as mesas, por que aqui a gente trabalhava com
1 supervisor e 2 pessoas na frente, uma de transmissão e outra na geração. Então de 10 anos pra
cá o sistema cresceu muito, entrou muitas linhas de transmissão, mais subestações e usinas. Essas
pequenas usinas começaram a vir pra cá. Com isso foi feito um plano pra aumentar a quantidade de
pessoas trabalhando aqui. De 10 anos pra cá, aí é que foi fazendo concurso interno, trazendo essas
pessoas que estavam em subestações telecontroladas por aqui. Aí trouxemos alguns profissionais
pra cá pra fazer esse treinamento e trabalhar aqui.
PERGUNTA: É a primeira vez que vai chegar novato de concurso externo?
Não. É a segunda vez. Já vieram 2 que foram os que saíram.
PERGUNTA: E vc notou maior dificuldade deles com relação aos que vieram já com uma
experiência prévia?
Até que a equipe aqui teve muita sorte desses 2 profissionais de concurso externo. Eram bem
capacitados, então eles tinham uma boa leitura e com isso captaram e foi fácil o treinamento. Então
eles conseguiram começar a atuar em um tempo bastante rápido. Eu não sei te dizer o tempo exato,
mas me parece que em torno de 1 ano e meio.
PERGUNTA: 1 ano e meio que é mais ou menos pra pegar as funções e poder ficar sozinho ali na
mesa.
É... Com essa turma de mais novatos. Nós fizemos um tipo de treinamento mais especifico.
Liberando o pessoal primeiro para usinas. Que tem uma ação, que não precisa ser tão rápida,
quanto na transmissão.
PERGUNTA: Eles vieram pra geração. E na geração não precisa ser tão rápido quanto na
transmissão! Por quê?
Então vamos entender o porquê. A usina esta aqui... São as máquinas que estão gerando e jogando
na subestação, que é isso tudo. Saí uma máquina aqui. É ela sozinha, não tem outras, então se tem
outra desligada, o que eu faço. Eu vou simplesmente interligar essa aqui, em substituição a essa
que saiu. Essa ação não precisa ser tão rápida, quanto a transmissão por que ela deixou de gerar
aqui. Mas tem uma outra que está gerando e eu posso gerar um pouco nela.
HPSH 010- gravação 010_________________________________________________
Aí o que acontece. Lá eu tenho 4 unidades geradoras. Se sair uma, ai faz uma ação pra interligar
outra em substituição dela. Agora na transmissão saiu um alinha, por exemplo, a linha que vai pra
Nova Ponte, essa linha eu tenho que ligar ela. Tem outra linha tem. Tem outros caminhos.
Embarcação eu tenho 2 linhas que vai pra Nova Ponte. Se sair uma, a outra fica alimentando. Alem
dessas linhas, eu tenho uma linha que passa por São Gotarque e vem pra Nova Ponte. Então tem
varias linhas pra reforçar. Mas tem um detalhe. Essa linha quando ela fica desligada a CEMIG paga
multa. A cada 1 mim que ela fiar desligada, tem um valor estipulado pra cada linha. Se vc não ligar
esta pagando multa.
PERGUNTA: Está pagando multa por quê?
Isso ai e a ANS, pra parte de quem mexe com isso. Por que na realidade essas linhas de
transmissões, a CEMIG constrói e ganha pra fazer esse serviço. Se vc deixa de fazer esse serviço
vc tem que perder. Vc não esta fazendo o serviço.
Alem de vc não receber, vc ainda paga multa. Então tem que ligar o mais rápido. Eu tenho que
verificar, se uma linha dessa saiu, como eu vou ligar. Pela instrução tem umas regrinhas que a gente
tem que seguir. Se aquelas regras estão todas seguidas, aí eu posso ligar. Se tem alguma coisa que
não esta OK. Aí eu tenho que fazer um acionamento de uma equipe. Fiz um teste e a linha não
aceitou, se manteve desligada, então eu tenho que chamar uma equipe pra fazer inspeção na linha,
pra reestabelecer a linha.
PERGUNTA: E ás vezes precisa fazer alguma coisa fora das regras pra conseguir ligar a linha? As
vezes o que esta prescrito ali não deu nada, e vc sabe que tem uma outra cois que vc tem que fazer
pra ligar ou não, ou sempre tem que se fazer o que esta na regra?
Normalmente é só o que esta na regra.
PERGUNTA: Não tem outra opção fora?
Outra opção, aí nós temos de consultar aí se pode aos universitários. RSRSRS
PERGUNTA: Vc’s podem agir nessa situação?
Não.
PERGUNTA: Mesmo vc sabendo, se fizer isso e isso, conseguiria religar! Vc não pode?
Não deve. Por que se der errado e atingir, mais parte do sistema, vc está no castigo.
PERGUNTA: Aí vai falar que deu errado por que vc não seguiu!
Exatamente. Então tem que ser evitado.
PERGUNTA: Nunca aconteceu de arriscar em ultimo caso ou não?
Olha! Algumas vezes sim. Quando vc não conseguiu mesmo e já fez todos os testes de acordo com
a instrução, aí vamos partir pra outra possibilidade que às vezes da certo. Mas isso é raro. Por que o
sistema elétrico, ele é um sistema que vc não pode brincar muito. Então vc tem que seguir mesmo
aquilo que está estudado mesmo.
PERGUNTA: Então o treinamento do pessoal que vai entrar pra geração é um pouco diferente dos
que são pra transmissão?
Aqui todos atuam nos 2 sistemas.
PERGUNTA: Então na hora do treinamento eles atuam primeiro...?
Primeiro na geração. Começa a atuar. Por que quando usava o programa de treinamento antigo, era
vc fazer os 2 ao mesmo tempo, então isso leva pro profissional começar a trabalhar de 1 ano e meio
até 2 anos, pra estar apto pras funções.
PERGUNTA: Por que era junto!
Era Junto. Muita cois para vc pegar e começar a praticar. Aí fizemos essa experiência e foi boa,
satisfatória. Treinando o profissional somente na geração e com 6 meses depois da parte teórica, ai
ele já começa a atuar e deixa ele ali mais aproximadamente de 3 a 4 meses pra depois começar a
fazer o treinamento na transmissão.
PERGUNTA: Vc’s notaram que se ele tiver um conhecimento da geração fica mais fácil dele
entender a transmissão?
Sim. Por que na realidade na geração ele tem que pegar um pouquinho da transmissão, entendeu.
Por que na onde tem uma usina tem uma subestação. Então ele pega alguma coisa. Então aqui na
geração é justamente pra ele desenvolver o que ele aprendeu. A partir de quando ele começa a
desenvolver automaticamente ele está trabalhando ao lado do profissional que está na transmissão,
aqui a gente tem essa mania de ficar ligado na outra mesa. De qualquer forma vc esta trabalhando
aqui, mas vc sabe o que seu cole esta fazendo. Por que em caso de precisar substituir, tem que
fazer. Então os 2 da geração, um pode substituir o outro a qualquer momento. Da mesma forma a
transmissão. Agora a equipe aqui, normalmente é completa. Se um profissional machucou, adoeceu
aqui e precisou sair aciona outro em casa pra vir substituir.
PERGUNTA: Ele tem que avisar que esta de atestado pra vc’s poderem chamar outro pra substituir?
Exatamente. Se ele passar mal aqui agora, aí não vai ter jeito é urgência, precisou ir pro médico ele
é liberado. Mas automaticamente nos temos de chamar outro. O que vai trabalhar às 23:00 horas ele
tem que trabalhar mais cedo.
PERGUNTA: Então não pode trabalhar faltando 1?
Não. Estando tudo normal não tem problemas, mas na hora da ocorrência os 5 aqui é pouco!
PERGUNTA: Já aconteceu alguma coisa fora do normal assim?
Eu graças DEUS, nunca assim... esses 14 pra 15 anos que eu estou aqui blackout geral, eu nunca
peguei não. Em parte do sistema já atuei. Esse jovens igual o Geraldo lá, primeiro dia de serviço
dele aqui foi um blackout. RSRSRS
PERGUNTA: Acontece o blackout por que?
É uma seria de coisas. Desligamento de linhas por falhas, vamos dizer que caiu uma tempestade no
local e derrubou torres, aí essa linha saiu e outras entraram em sobrecarga, ela entrou em
sobrecarga ela sai também. Aí vai sobrecarregando outros equipamentos.
PERGUNTA: Como tudo é interligado, uma vai tentando repor o outro ai vai todo mundo!
Vai saindo fora. Aí é essa hora que a gente sofre. A adrenalina sobe, e agora o que eu faço? Qual
que eu faço primeiro.
6. METAS FUTURAS

6.1 Comitê de ética e pesquisa


O projeto será submetido à Plataforma Brasil, para o encaminhamento e análise do Comitê
Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP).

6.2 Resultados obtidos e análises


Após a aplicação dos questionários e posterior tabulação, serão feitos análises, discussões e
confrontações dos dados obtidos, em conjunto com o orientador da pesquisa.

6.3 Elaboração de artigo


Posteriormente à análise dos dados, será elaborado um artigo final, trazendo os resultados
alcançado e obtidos e os diagnósticos que a pesquisa nos mostrou.
7. CONCLUSÕES

A pesquisa evidencia a importância de novos estudos sobre a transmissão do conhecimento


tácito, mostrando a necessidade de soluções organizacionais que propicie esse aprendizado. As
análises obtidas em diversos estudos sobre essa questão ainda são pouco aplicáveis e incipientes,
isso ocorre porque há pouco estudo em relação a este tema em especial.
Espera-se com essa pesquisa revelar resultados que possam indicar como a transmissão do
conhecimento tácito se faz, indicando caminhos que melhor se adeque a essa transmissão
(aplicabilidade) e, também, propiciar ações preventivas em saúde do trabalhador.
REFERÊNCIAS

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eliminação da nocividade do trabalho In: MENDES, R. Patologia do Trabalho. 2 ed. Rio de Janeiro:
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COUTO-SOARES, M. L. A estrutura do conhecimento tácito em polanyi; um paradigma pós-crítico


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F. Guérin, A. Laville, F. Daniellou, J. Duraffourg and A. Kerguelen. Comprendre le travail pour


le transformer: la pratique de l'ergonomie, in: ANACT, Lyon, 1997.

FRADE, C. A valorização de um conhecimento matemático principalmente tácito nas atuais


orientações curriculares para o ensino da disciplina. Capítulo 1: Alguns aspectos da teoria de Polanyi
sobre conhecimento tácito. Tese. UFMG. 2004.

LIMA, F.P.A. A formação em ergonomia: reflexões sobre algumas experiências de ensino da


metodologia de análise ergonômica do trabalho. In: Kiefer, C.; Fagá, I., Sampaio, M.R. Trabalho,
educação e saúde. Vitória, Fundacentro, 2000.

LIPP, A. & RIA, L. La transmission des savoirs en formation professionnelle initiale: Analyse de
l’activité d’enseignants en lycées agricoles. Activités, Volume 9, Numéro 2. 2012.

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humana no projeto de situações produtivas. 2009.

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de uma cabine de ponte rolante em uma refinaria de petróleo. 2011.

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Otimização de Resultados em Projetos Industriais. UFMG. 2010.

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THOMAS, J.R.; NELSON, J.K.; SILVERMAN, S.J. Métodos de pesquisa em atividade física. 5. ed.
Porto Alegre,RS: Artmed, 2007.
APÊNDICE I

QUESTIONÁRIO – ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO


DATA: HORA:
I – Informações Gerais:

As opiniões e sugestões dos trabalhadores são fundamentais tanto no processo de diagnóstico dos
riscos ergonômicos como na indicação das medidas corretivas. A opção do questionário é uma das
metodologias utilizadas nos levantamentos ergonômicos.
Você deve responder às perguntas da forma que achar conveniente e não precisa se identificar, pois
o nosso objetivo é conhecer a realidade deste setor para podermos sugerir as medidas necessárias
à melhoria das condições de trabalho.
Solicitamos a gentileza de responder sem economizar palavras, ou seja, relatando tudo o que julgar
importante. Se faltar espaço para a resposta utilize o verso da folha.

II – Questionário
1- Gênero: ( ) Masculino ( ) Feminino.
2- Qual sua altura?
3- Qual seu peso?
4-Qual sua idade?
5- Qual o seu grau de escolaridade?
6- Há quanto tempo trabalha na empresa?
7- Qual é sua função?
8- Qual o seu setor?
9- Há quanto tempo trabalha na função atual?
10- Qual seu horário de trabalho? Equipe:
11- Quantas pessoas trabalham na equipe?
12-Apresenta algum problema de saúde?
13- Você recebeu treinamento para ocupar este cargo?
Sim Não
14- Você ingressou na empresa por:
Concurso Externo Concurso Interno
15- Existem cobranças de serviços com pequeno tempo para sua execução? Em caso positivo faça
um breve relato.
Sim Não

16- Você sente cansaço mental por motivo que, segundo seu entendimento possa estar relacionado
ao trabalho? Em caso positivo faça um breve relato.
Sim Não
17- Você tem alguma queixa em relação à sua atividade e posto de trabalho (cadeira, bancada,
mesa de trabalho, ferramentas, instrumentos de trabalho, relacionamento interpessoal, ruídos, calor,
etc.). Em caso positivo relate o que lhe incomoda e se possível dê alguma sugestão para sua
melhoria.
Sim Não
18- Você acha seu ambiente de trabalho barulhento?
Sim Não
19- Você acha boa a iluminação do seu posto de trabalho?
Sim Não
20- Você acha seu ambiente de trabalho:
Quente Frio Temperatura Agradável
21- Você sente dores em alguma parte do corpo? Em caso positivo qual a parte do corpo?
Sim Não
22- Você julga que estas dores podem estar relacionadas com as atividades do seu trabalho? Em
caso positivo detalhar a resposta.
Sim Não
23-Você já teve sintomas caracterizados por ardor e dolorimento dos olhos, vermelhidão dos olhos,
visão dupla, sensação de desconforto, vertigens ou cefaleia devido a sua atividade no trabalho? Em
caso positivo faça um breve relato.
Sim Não
24- Caso já tenha sentido algum dos sintomas acima, eles acontecem durante qual período?
( ) No início da jornada
( ) No meio da jornada
( ) No final da jornada
25- Você já se afastou do trabalho por problemas de saúde? Quando?
Sim Não
26-O sistema e comandos utilizados durante sua atividade atendem às necessidades?
Sim Não
27-As tabelas disponíveis no sistema são legíveis e de fácil visualização?
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

28-Os símbolos, cores e esquemas são de fácil interpretação?


0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

29-As mensagens de erro lhe auxiliam de forma adequada?


0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
30-Os alarmes visuais lhe auxiliam de forma adequada?
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

31-Os alarmes sonoros lhe auxiliam de forma adequada?


0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

32-Qual é o grau de satisfação que você atribui ao design da interface do sistema?

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

33- Você tem alguma sugestão a fazer em relação à sua atividade e ao seu posto de trabalho?

34- Caso não se sinta à vontade para responder algum questionamento e necessite de uma
conversa individualizada com o ergonomista, marque o item: ( ) sim.

35- Caso exista algum comentário não contemplado nas questões acima, gentileza descrevê-lo.

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