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Viiggêênncciiaa:: Março de 2013 a Fevereiro de 2014
RESUMO
Este projeto de Iniciação Científica (IC) é algo inovador na área de gestão do conhecimento. A sua
abordagem é centrada na gestão do conhecimento tácito e resiste às abordagens tradicionais de
formalização do saber prático-profissional. Os sistemas convencionais de gestão do conhecimento
formal são limitados para lidarem com o conhecimento tácito e com a transmissão do saber-fazer
entre novatos e experientes. O objetivo desta pesquisa é investigar e pontuar as estratégias
adotadas pelos operadores de uma grande companhia energética na transmissão dos saberes entre
novatos e experientes. Adotando uma extensa revisão bibliográfica e uma tipologia rigorosa de
formas de conhecimento tácito associada a visitas de campo, esse projeto pretende apresentar as
limitações e deficiências desse modelo de transmissão do saber pautado em regras formais e
seguimento restrito das tarefas prescritas. Espera-se que os resultados desse estudo possam
promover melhorias nas atividades dos operadores e, também, propiciar ações que potencialize a
transmissão do conhecimento dentro das organizações.
1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 3
5. CONCLUSÕES .................................................................................................... 27
REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 28
APÊNDICE I .......................................................................................................... 30
1. INTRODUÇÃO
“[...] a palavra ‘conhecimento’ é legítima em tal expressão, pois ela significa que o
homem transcende sua própria subjetividade em função de um empenho apaixonado
de satisfazer seus comprometimentos pessoais na busca por padrões universais”
(POLANYI, 1962, apud FRADE, 2004).
Em seu livro The tacit Dimension (1983), Polanyi destaca a impossibilidade de tratar o
conhecimento humano sem partir do princípio de que os seres humanos sabem mais do que podem
dizer. Este conhecimento que não se pode dizer, ou ser exposto em forma de regras e/ou palavras,
é o conhecimento tácito (FRADE, 2004). Para o autor, esse conhecimento está por detrás de todo o
conhecimento adquirido ao longo da vida; disto ele conclui que todo conhecimento é tácito ou é
construído a partir desse. Nesta mesma obra Polanyi estrutura o conhecimento tácito em: a) O
proximal e o distal e b) O focal e o subsidiário.
a) [...] o proximal passa-nos inadvertido, isto é, não nos detemos nele, a nossa
atenção não fica presa em dados sensoriais simples e avulsos, e por isso mesmo, não
somos capazes de explicitá-lo. [...] O segundo termo, é percebido, e está mais
distante, isto é, nos o percebemos, mas como algo que está aí, mas fora de nós.
(COUTO-SOARES, 2012)
Decisão e
compreensão
Competente Descontextualizado Escolhida Analítica desvinculadas Uso de planos
e situacional
Implicado nos
resultados
Compreensão
Implicada Reflexão sobre
Proficiente Descontextualizado Vivenciada Analítica situações intuídas
e situacional Decisão
desvinculada
Expert Descontextualizado Vivenciada Intuitiva Implicado
e situacional
Fonte: DEYFUS & DEYFUS, 1986.
“Desenvolver novas abordagens para fazer avançar as práticas preventivas dos danos
à saúde relacionados ao trabalho não é uma tarefa simples. A maioria dos estudos a
partir dos quais as normas de regulamentação das condições de trabalho são geradas
se fundam sobre o trabalho prescrito, isto é, sobre como um sistema de produção
deve funcionar, ou sobre a análise direta dos riscos, os quais, idealmente, devem ser
eliminados. Em ambos os casos, desconsideram-se as fontes de variabilidade que
ainda continuam presentes nos processos, e que são determinantes da ação dos
trabalhadores em seu trabalho cotidiano. Frequentemente, é no imprevisto das
situações de trabalho que se situa a explicação dos acidentes e incidentes – e
somente o conhecimento tácito pode, parcialmente, antecipar-se a eles, evitando-os”.
(RIBEIRO, 2010).
Esse saber adquirido pelo operador faz com que ele desenvolva micro-regulações e
estratégias tácitas, estabelecendo e requisitando seus saberes cognitivos e práticos. Podemos
compreender e identificar três objetivos, mais ou menos contraditórios conforme o contexto,
O que é relevante nesse ponto de vista, não são os eventos adversos e situações que fogem
ao nosso controle e domínio, mas sim proporcionar que os acidentes e incidentes não ocorram, com
mais frequentemente, graças às estratégias de regulações, que os operários desenvolvem e que
estão presentes em qualquer atividade produtiva. “O operador humano possui uma verdadeira arte
para regular esse compromisso de modo dinâmico, em função das exigências da situação e de uma
visão reflexiva de suas próprias capacidades no momento” (AMALBERTI, 1996, apud RIBEIRO,
2010).
A alguns modelos de gestão atuais, que revalorizam os atores envolvidos no sistema, tanto
trabalhadores quanto gerentes, devem possuir espaços apropriados, que possibilitem a participação
e reconhecimento de competências variadas e diversas, na realidade dos sistemas de gestão. A
experiência e o conhecimento tácito, não são considerados e aproveitados nos projetos e na gestão
de um sistema de trabalho (WISNER, 1994, apud RIBEIRO, 2010).
Mesmo em situações de trabalho, onde há muita tecnologia, como os sistemas de aviação,
em que o retorno de experiência, desenvolvidos em análise é rigidamente previsto em caso de
incidentes. Esse reconhecimento da importância de se incorporar a experiência e o conhecimento
tácito, aos sistemas sociotécnicos e organizacionais, é necessário que haja a criação de situações
adequadas e ambientes apropriados, para haver uma socialização de experiências individuais e
coletivas, que possam desenvolver instrumentos e ferramentas que sirvam de mediadores na
disseminação e saber tácito coletivo (COLLINS, 2007, apud RIBEIRO, 2010), relativo às situações
inseguras.
Não basta criar normas e reconhecer o direito de recusa do trabalhador diante de uma
situação de risco iminente; é necessário, antes, compreender como se percebe um risco e como se
avalia sua importância, sobretudo em situações onde diferentes experiências produzem julgamentos
diferentes.
A falta de conhecimento do modo como o saber tácito é transmitido, não implica
necessariamente, a sua falta de importância. Entretanto, nos indica uma inevitabilidade e
necessidade de compreensão do trabalho e do trabalhador. Devido à relevância de se estudar, em
paralelo, o desenvolvimento do conhecimento tácito dos atores envolvidos e das condições e
situações de seu reconhecimento. Esse aspecto aplicado não exclusivamente à segurança no
trabalho, mas a todas as atividades que produzam, e que considerem a eficiência operacional; a
qualidade dos produtos finais e melhorias incrementais e inovações. Para este fim, é necessário o
desenvolvimento de pesquisas que possibilitem a criação de uma estrutura teórica conceitual sólida,
da gestão do conhecimento tácito. Essa é uma área de pouca pesquisa acadêmica no mundo e que
pode implicar em impactos concretos nas áreas de trabalho e em ambientes empresariais, motivo
pelo qual, se defende a relevância e importância de se saber como se desenvolve e se compartilha o
conhecimento tácito e as experiências profissionais.
4. DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
4.2 Questionário
Através da literatura referente ao tema foi elaborado um questionário semiestruturado, que se
adequaria com a realidade de trabalho analisada. Esse questionário (Apêndice I) tem por objetivo
levantar características ambientais, epidemiológicas e ocupacionais, relevantes à atividade
analisada. Todo o questionário já foi tabulado em uma planilha do Excel, fator esse que acelera a
análise e discussão dos resultados obtidos a posteriori.
Os resultados obtidos até o momento não foram tabulados, visto que nem todos os
trabalhadores da sala de controle foram entrevistados. Como opção metodológica, é apresentada
abaixo todos os relatos e coleta de informações efetuadas na visita a campo.
ENTREVISTA 1
LIPP, A. & RIA, L. La transmission des savoirs en formation professionnelle initiale: Analyse de
l’activité d’enseignants en lycées agricoles. Activités, Volume 9, Numéro 2. 2012.
Nonaka, I., & Takeuchi, H. (1995). The knowledge-creating company. Oxford: Oxford University
Press.
RIBEIRO, R. Tacit knowledge management. Springer Science + Business Media B.V. 2012a.
THOMAS, J.R.; NELSON, J.K.; SILVERMAN, S.J. Métodos de pesquisa em atividade física. 5. ed.
Porto Alegre,RS: Artmed, 2007.
APÊNDICE I
As opiniões e sugestões dos trabalhadores são fundamentais tanto no processo de diagnóstico dos
riscos ergonômicos como na indicação das medidas corretivas. A opção do questionário é uma das
metodologias utilizadas nos levantamentos ergonômicos.
Você deve responder às perguntas da forma que achar conveniente e não precisa se identificar, pois
o nosso objetivo é conhecer a realidade deste setor para podermos sugerir as medidas necessárias
à melhoria das condições de trabalho.
Solicitamos a gentileza de responder sem economizar palavras, ou seja, relatando tudo o que julgar
importante. Se faltar espaço para a resposta utilize o verso da folha.
II – Questionário
1- Gênero: ( ) Masculino ( ) Feminino.
2- Qual sua altura?
3- Qual seu peso?
4-Qual sua idade?
5- Qual o seu grau de escolaridade?
6- Há quanto tempo trabalha na empresa?
7- Qual é sua função?
8- Qual o seu setor?
9- Há quanto tempo trabalha na função atual?
10- Qual seu horário de trabalho? Equipe:
11- Quantas pessoas trabalham na equipe?
12-Apresenta algum problema de saúde?
13- Você recebeu treinamento para ocupar este cargo?
Sim Não
14- Você ingressou na empresa por:
Concurso Externo Concurso Interno
15- Existem cobranças de serviços com pequeno tempo para sua execução? Em caso positivo faça
um breve relato.
Sim Não
16- Você sente cansaço mental por motivo que, segundo seu entendimento possa estar relacionado
ao trabalho? Em caso positivo faça um breve relato.
Sim Não
17- Você tem alguma queixa em relação à sua atividade e posto de trabalho (cadeira, bancada,
mesa de trabalho, ferramentas, instrumentos de trabalho, relacionamento interpessoal, ruídos, calor,
etc.). Em caso positivo relate o que lhe incomoda e se possível dê alguma sugestão para sua
melhoria.
Sim Não
18- Você acha seu ambiente de trabalho barulhento?
Sim Não
19- Você acha boa a iluminação do seu posto de trabalho?
Sim Não
20- Você acha seu ambiente de trabalho:
Quente Frio Temperatura Agradável
21- Você sente dores em alguma parte do corpo? Em caso positivo qual a parte do corpo?
Sim Não
22- Você julga que estas dores podem estar relacionadas com as atividades do seu trabalho? Em
caso positivo detalhar a resposta.
Sim Não
23-Você já teve sintomas caracterizados por ardor e dolorimento dos olhos, vermelhidão dos olhos,
visão dupla, sensação de desconforto, vertigens ou cefaleia devido a sua atividade no trabalho? Em
caso positivo faça um breve relato.
Sim Não
24- Caso já tenha sentido algum dos sintomas acima, eles acontecem durante qual período?
( ) No início da jornada
( ) No meio da jornada
( ) No final da jornada
25- Você já se afastou do trabalho por problemas de saúde? Quando?
Sim Não
26-O sistema e comandos utilizados durante sua atividade atendem às necessidades?
Sim Não
27-As tabelas disponíveis no sistema são legíveis e de fácil visualização?
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
33- Você tem alguma sugestão a fazer em relação à sua atividade e ao seu posto de trabalho?
34- Caso não se sinta à vontade para responder algum questionamento e necessite de uma
conversa individualizada com o ergonomista, marque o item: ( ) sim.
35- Caso exista algum comentário não contemplado nas questões acima, gentileza descrevê-lo.