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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E

TECNOLOGIA DO NORTE DE MINAS GERAIS –


IFNMG

CAMPUS MONTES CLAROS


ENGENHARIA QUÍMICA

TRATAMENTO DE EFLUENTES DE INDÚSTRIA TÊXTIL

Montes Claros – Minas Gerais

Dezembro– 2019
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E
TECNOLOGIA DO NORTE DE MINAS GERAIS –
IFNMG

CAMPUS MONTES CLAROS


ENGENHARIA QUÍMICA
PROFESSOR: FERNANDA DE MENEZES

TRATAMENTO DE EFLUENTES DE INDÚSTRIA TÊXTIL

Proposta de Processo para o tratamento de efluente em indústria


têxtil

ANA OLÍVIA TIAGO BRITO


ARYANE OLIVEIRA COELHO
LUDMILLA MENDES BRANDÃO ARAÚJO
VANESSA ROSA DE SOUZA

Montes Claros – Minas Gerais

Dezembro – 2019

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 3
2. REVISÃO DE LITERATURA 4
3. FLUXOGRAMAS INERENTES AO PROCESSO 10
4. BALANÇOS DE MASSA 14
5. ANÁLISE ECONÔMICA 17
6. CONCLUSÃO 21
7. REFERÊNCIAS 23

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1. INTRODUÇÃO

Com o crescente aumento populacional, proporcionalmente ocorreu o crescimento


das demandas industriais e a exacerbação da exploração de recursos naturais. Visto de outro
aspecto, além da exploração direta dos recursos ambientais, há o impacto ambiental
causado pelo descarte de resíduos industriais. Esses aspectos atingem e modificam, em
específico, as qualidades do ar, da água e do solo.

Segundo a Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA) brasileira, estabelecida


pela Lei 6938 de 1981, o meio ambiente é definido como “o conjunto de condições, leis,
influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a
vida em todas as suas formas”. Sendo assim, é imprescindível a promoção de ações que
reforcem e protejam o sistema ambiental e que execute práticas e desenvolva normas de
modo a atenuar os efeitos decorrentes da exploração do mesmo.

Atualmente a indústria têxtil possui uma grande variedade de tecidos para milhares
de aplicações e diversas fontes de matérias primas produzidas, obtidas a partir de seda de
larvas de mariposas até refinados processos petroquímicos (NETO, 2014).

Os efluentes das indústrias têxteis possuem características variadas, pois apresentam


uma diversidade de produtos químicos e corantes em suas composições. Os corantes que
não se fixam na fibra durante o processo de tingimento são carreados no processo de
lavagem e assim, tornam-se parte do efluente. Os produtos químicos, por sua vez, provêm
de produtos auxiliares do processo de tingimento, agentes de engomagem e os tensoativos,
oriundos da lavagem. Portanto, todas essas características tornam o efluente com alto
potencial poluidor e ainda com complicado processo de tratamento. Dessa forma, há uma
necessidade demasiada de pesquisas a respeito da otimização e redução de potenciais
poluidores dos processos e de melhores alternativas de tratamentos.

De acordo com o Neto (2014), nota-se que a água é fundamental para o processo
têxtil, sendo um dos segmentos industriais que mais consomem água em seu processo, em
virtude da necessidade de diversos enxágues das matérias primas. Em geral, para cada
tonelada de algodão processado são consumidos de 170 a 750 m³ de água, já no caso do
nylon os volumes são menores, variando de 100 a 150 m³. As cargas orgânicas são

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moderadas e apresentam concentração de DBO de 200 a 1500 mg/L e 300 a 500 mg/L, para
o algodão e nylon, respectivamente.

Para tratar um efluente é necessário, antes de tudo, caracterizar e conhecer


detalhadamente o mesmo. E isso é um grande desafio para a indústria têxtil, visto que os
processos utilizados são muitos e as características dos poluentes são bastante
diversificadas. Com o devido conhecimento é possível promover melhorias nos processos,
reduções de impactos e criar parâmetros de lançamento de efluentes mais adequados e
coerentes com as particularidades de cada efluente, de acordo com normas de proteção do
meio ambiente. No entanto, a legislação vigente possui um limite aceitável de agentes
contaminantes, de forma que, muitas vezes é necessário apenas um tratamento primário no
efluente, sendo esse composto por gradeamento e equalização para neutralização e redução
da temperatura. Contudo, o mesmo é muitas vezes negligenciado.

2. REVISÃO DE LITERATURA

Essa revisão tem como foco descrever os processos a serem utilizados neste projeto
de processo de tratamento de efluente.

2.1. Peneiramento

De acordo (Gomide, 1980) o peneiramento é um método de separação de partículas


que leva em consideração apenas o tamanho. No peneiramento industrial, os sólidos são
colocados sobre uma superfície com um determinado tamanho de abertura. As partículas
menores, ou finas, passam através das aberturas da peneira; as partículas maiores não.

O Princípio do Peneiramento é que o sólido alimentado (A) é movimentado sobre a


peneira; as partículas que passam pelas aberturas constituem os finos (F) e as que ficam
retidas são os grossos (G) (Figura 1).

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Figura 1. Frações sólidas obtidas em um peneiramento. Fonte: (Gomide, 1980)

No tratamento de efluente, o peneiramento é incluído no tratamento preliminar a


fim de separar sólidos grosseiros que possam a vim danificar os equipamentos das etapas
posteriores.

2.2. Tanque de equalização

As principais funções dos tanques de equalização são, de acordo AgE tecnologias,

i. Equalizar a vazão – evita que haja picos de vazão muito altos ou


muito baixos, facilitando o dimensionamento dos equipamentos a jusante.
ii. Estabilizar o pH – com o pH mais estável, facilita-se a correção e
reduz-se a utilização de produtos químicos, gerando economia na operação.

Figura 2. Tanque de Equalização. Fonte: (AgE, 2019)

iii. Homogeneizar a carga – uma carga mais homogênea durante o


processo facilita a regulagem da dosagem de produtos químicos, possibilita vazões
constantes, economia de produtos químicos, equipamentos menores a jusante.
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2.3. Aeração prolongada

A aeração é um processo biológico aeróbio. No tanque, a aeração tem por


finalidade proporcionar oxigênio aos microrganismos (biomassa) e evitar a deposição dos
flocos bacterianos, a fim de misturá-los homogeneamente com o efluente. O oxigênio a ser
introduzido pode vim na forma de oxigênio puro. (Portal Tratamento de Água, 2019).

O processo descrito pelo Portal de Tratamento de Água (2019) fala que após passar
pelo tanque de aeração, o efluente é enviado continuamente a um decantador secundário,
cuja função é separar o efluente tratado do lodo. O lodo depositado no fundo do decantador
secundário é recirculado ao tanque de aeração a fim de aumentar a concentração de
microrganismos para estabilizar a matéria orgânica. O sobrenadante do decantador
(efluente tratado) é então descartado para o corpo receptor.

O excesso de lodo, decorrente do crescimento biológico, é extraído do sistema


sempre que a concentração da biomassa do tanque de aeração ultrapassa os valores de
projeto. O lodo, normalmente, passa por uma etapa de adensamento e desaguamento.

O sistema de lodos ativados possui duas modalidades: Aeração convencional; e


Aeração prolongada.

A diferença deste sistema para o sistema convencional é que a biomassa permanece


mais tempo no reator (18 a 30 dias), porém continua recebendo a mesma carga de DBO.
Com isso o reator terá que possuir maiores dimensões e consequentemente existirá menor
concentração de matéria orgânica por unidade de volume e menor disponibilidade de
alimento. Para sobreviver, as bactérias passam a consumir a matéria orgânica existente em
suas células em seus metabolismos. (Portal Tratamento de Água, 2019).

Neste tipo de sistema não há a presença do decantador primário, pois, como não há
a necessidade de se estabilizar o lodo biológico excedente, não há a necessidade de
estabilização adicional do lodo, por processos anaeróbios ou aeróbios. A estabilização da
matéria orgânica é feita no próprio reator (devido à idade de lodo). Não havendo a
necessidade de um biodigestor. (Metcalf e Eddy, 1980)

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Principais características:

i. Idade do lodo: 18 a 30 dias;


ii. Tempo de detenção hidráulico: 16 a 24 horas; e
iii. Relação A/M: 0,07 a 0,15.

2.4. Clarificação ou Decantação

O efluente do tanque de aeração é submetido à decantação, onde o lodo ativado é


separado, voltando para o tanque de aeração. O retorno do lodo é necessário para suprir o
tanque de aeração com uma quantidade suficiente de microrganismos e manter uma relação
alimento/microrganismo capaz de decompor com maior eficiência o material orgânico.

Figura 3. Decantador – ETE Montes Claros. Fonte: Próprio Autor

O efluente líquido oriundo do decantador secundário pode ser descartado


diretamente para o corpo receptor, pode ser oferecido ao mercado para usos menos nobres,
como lavagem de ruas e rega de jardins, ou passar por tratamento para que possa ser
reutilizado internamente. (Kurita do Brasil Ltda.)

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2.5. Filtração

A filtração é considerada uma das técnicas mais comuns de escoamento de fluidos


através de leitos compactos. A operação unitária está relacionada a quantidade de
movimento (Cremasco, 2012).

Figura 4. Filtro com meio poroso polimérico – ETE Montes Claros. Fonte: Próprio
Autor

Figura 5. Meio poroso polimérico – ETE Montes Claros. Fonte: Próprio Autor

Devido a sua importância científica e industrial, o processo de filtração durante o


deslocamento de fluidos e transporte de partículas em meio porosos tem sido
extensivamente estudado. Aplicações podem ser encontradas em diversos ramos indústria,
engenharia química e engenharia ambiental. Dentre elas estão o tratamento de águas

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residuais na engenharia química e o transporte de contaminantes em meios porosos na
engenharia ambiental. (Cremasco, 2012).

2.6. Adsorção

A adsorção é um fenômeno físico-químico onde o componente em uma fase


gasosa ou líquida é transferido para a superfície de uma fase sólida. Os componentes que
se unem à superfície são chamados adsorvatos, enquanto que a fase sólida que retém o
adsorvato é chamada adsorvente. A remoção das moléculas a partir da superfície é
chamada dessorção (MASEL, 1996).

Nas técnicas de adsorção, para remoção do corante, são empregados inúmeros


materiais sendo o carvão ativado o mais utilizado comercialmente neste método, porém seu
uso é limitado devido ao seu alto custo. Materiais alternativos e de baixo custo vêm sendo
estudados em substituição ao carvão ativado. (Freire, 2018)

2.7. Ozonização

Tratamentos utilizando poderosos oxidantes estão cada vez mais sendo


incorporados nas estações de tratamento de águas. Os POAs possibilitam que o composto
não seja apenas transferido de fase, mas destruído e transformado em dióxido de carbono,
água e ânions inorgânicos (não tóxicos ou de potencial tóxico inferior), através de reações
de degradações que envolvem espécies transitórias oxidantes, principalmente os radicais
hidroxila (TEIXEIRA; JARDIM, 2004).

A eficiência de remoção de carga orgânica pelo processo de ozonização é


influenciada por diversos fatores, tais como tempo de tratamento, dose de ozônio aplicada,
tipo de substrato e principalmente, pH. Por estar relacionado com a concentração dos íons
hidroxila (OH-), o pH influencia diretamente na decomposição do ozônio molecular.
(Almeida, 2004).

Os benefícios técnicos se juntam aos benefícios econômicos. Uma vez


implementado, o tratamento utilizando ozônio, se mostra mais barato para se operar do que
o método com cloro. Porém, o processo de substituição de uma estação já utilizando cloro,
para uma nova utilizando ozônio, tem um custo elevado. Esse custo de implantação, no
entanto, é pontual, sendo dissolvido ao longo da operação da estação de tratamento. Logo,

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em longo prazo, o ozônio se posiciona também como uma alternativa mais barata. (BISPO;
FLAIBAM, 2016)

3. FLUXOGRAMAS INERENTES AO PROCESSO

Na Figura 1 está descrito todas as etapas do processo de tratamento do efluente, em


forma de fluxograma de blocos indicando as etapas preliminar, primária, secundária e
terciária do tratamento.

Figura 6. Diagrama de blocos do processo indicando etapas principais do


tratamento de efluentes. Fonte: Próprio Autor

Já na Figura 2 temos o fluxograma completo com descrição de cada uma das etapas
a serem projetadas. O peneiramento é responsável por reter os sólidos mais grosseiros
(como fibras de tecido, coágulos de tinta, etc). A etapa de equalização será responsável por
homogeneizar o efluente e fazer a correção do pH com cal ou com algum ácido, que
dependerá do valor medido do pH. Logo após, o efluente irá para o processo de lodo
ativado: tanque de aeração e clarificação, em seguida irá para o decantador, onde haverá a
coagulação utilizando sulfato de alumínio (165 mg/L), e posterior sedimentação por
determinado tempo. Após, passará pelo processo de lodo ativado: tanque de aeração,
decantador secundário (clarificação) e reciclo. O sobrenadante do decantador secundário irá
para o filtro em seguida o efluente tratado segue para o processo terciário para remoção de
corantes e substâncias mais resistentes a processos comuns. A adsorção promove quase a
total eliminação dos corantes.

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Figura 7. Fluxograma do processo de tratamento de efluente de indústria têxtil
Fonte: Próprio Autor

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3.1. Fluxograma P&ID

Figura 8: Fluxograma P&ID.


Fonte: Próprio Autor

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O controle e a instrumentação de processos são essenciais para a indústria. Em
todos os processos industriais é preciso controlar e manter variáveis, como: pressão, vazão,
temperatura, nível, velocidade, umidade, dentre outras. Os instrumentos de medição e
controle permitem manter e controlar essas variáveis em condições mais adequadas e/ou
precisas do que se fossem operadas manualmente por um operador, permitindo portanto
manter constantes as variáveis do processo, tornando assim o processo mais seguro e
também uma melhoria na qualidade e um aumento no rendimento do produto
(GONÇALVES, 2003).

Os diagramas de instrumentação são desenhos esquemáticos, que mostram


equipamentos, acessórios e a rede de tubulação de uma unidade industrial e tem como
objetivo mostrar o funcionamento de um determinado sistema. Representam a classe de
desenhos mais importantes da instalação industrial (BOJORGE).

No tratamento de efluente se faz necessário o controle das variáveis presentes no


mesmo, como vazão e nível do efluente. Estas variáveis são controladas através de
instrumentos específicos. O fluxograma do processo é apresentado na figura 8.

No processo foi possível fazer o controle de vazão no tanque de equalização e o


controle de nível no decantador.

Na equalização as vazões internas de líquido variam de acordo com a entrada e tem


a função de manter a mesma vazão de saída para garantir o funcionamento adequado do
sistema de tratamento.

Na etapa de decantação a fase sólida insolúvel é separada da fase líquida pela ação
da gravidade. As estruturas internas do equipamento proporcionam maior “efeito de
parede”, diminuindo a inércia das partículas sólidas de acompanharem o fluxo do líquido.

Os parâmetros físico-químicos que serão utilizados nas próximas fases do projeto e


a proposta de etapas do projeto foram estipulados baseando-se nos trabalhos de Zanith
(2016), Zanasi (2009) e Couto Junior (2011).

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4. BALANÇOS DE MASSA

Devido ao alto volume de água que geralmente é requerido para o tratamento


adequado dos resíduos têxteis, há um alto volume de efluentes resultante desse processo,
efluente este que apresenta elevada carga poluidora com composições bastante distintas.

O tratamento adequado do despejo é de suma importância, visto que seu descarte de


forma inapropriada pode resultar em desequilíbrios na flora e fauna do corpo hídrico ao
qual foi destinado.

De acordo com Donaire (1999) apud Zagonel (2009), o balanço de massa é uma
conjectura do balanço ambiental que considera as entradas e saídas do processamento
produtivo, bem como as referências ambientais estabelecidas de modo a buscar o
cumprimento de tais normas.

Cajazeira (1998) apud Zagonel (2009) afirma que o balanço de massa de um


processo é de grande relevância para a tomada de decisões ao se buscar otimizar a operação
no quesito ambiental.

O balanço de massa é o passo inicial para as demais análises justamente pelo fato de
dimensionar materiais e resíduos do processo.

O tratamento do efluente de uma indústria têxtil segue todo um procedimento de


operações em diferentes equipamentos, cada um deles buscando a remoção de determinada
categoria de resíduo.

Foram estabelecidas estimativas de valores para três parâmetros específicos a serem


tratados no efluente bruto, são eles a demanda biológica de oxigênio (DBO) (mg/L), a
demanda química de oxigênio (DQO) (mg/L) e a cor (mgPt/L), tal como apresentado na
tabela a seguir.

As faixas de remoção para cada equipamento foram definidas com base no Roteiro
Complementar de Licenciamento e Fiscalização para a Tipologia Têxtil fornecido pela
Companhia Pernambucana do Meio Ambiente (CPRH) e, a partir disso, realizou-se o
balanço de massa de entrada e saída em cada operação. Os dados estão expostos na Tabela
2.

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Tabela 1: Estimativas para parâmetros do efluente bruto

Parâmetro Valor

DBO (mg/L) 1800,00

DQO (mg/L) 3000,00

Cor (mgPt/L) 2200,00


Fonte: Próprio autor

Tabela 2: Balanço de massa das operações

Entrada Saída
Operação
DBO DQO Cor DBO DQO Cor
(mg/L) (mg/L) (mgPt/L) (mg/L) (mg/L) (mgPt/L)

Peneiramen
1800,00 3000,00 2200,00 1755,00 3000,00 2200,00
to

Tanque de
1755,00 3000,00 2200,00 1579,50 3000,00 2200,00
equalização

Aeração
prolongada
1579,50 3000,00 2200,00 315,90 1200,00 2200,00
+
clarificador

Decantador 315,90 1200,00 2200,00 78,98 540,00 2200,00

Filtração
em meio 78,98 540,00 2200,00 51,33 351,00 2200,00
misto

Adsorção 51,33 351,00 2200,00 33,37 193,05 330,00

Ozonização 33,37 193,05 330,00 33,37 125,48 66,00


Fonte: Próprio autor

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A partir dos dados da Tabela 2 é possível definir a eficiência de cada operação
fazendo uso da seguinte correlação:

𝑋𝑓 × 100
𝜀 = 100 −
𝑋𝑖

Onde

𝜀 = eficiência global de retirada de determinado poluente

𝑋𝑓 = valor final do poluente 𝑋

𝑋𝑖 = valor inicial do poluente 𝑋


Deste modo, tem-se como eficiência global de remoção de cada poluente os valores
exibidos na Tabela 3.
Tabela 3: Eficiências globais de remoção
Eficiência Global de remoção (%)
DBO (mg/L) 98,15
DQO (mg/L) 95,82
Cor (mgPt/L) 97,00
Fonte: Próprio autor

A Tabela 4 seguinte apresenta os valores percentuais de remoção de cada operação.

Segundo os dados disponíveis na resolução nº 20 do CONAMA (Conselho Nacional


do Meio Ambiente), os limites para a cor é de no máximo 75 mg Pt/L. A legislação do
estado de São Paulo decreta que o percentual de redução de DBO deve ser de 80%, já
quanto a DQO, o estado do Rio de Janeiro estabelece como limite 200 mg/L.

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Tabela 4: Percentual de remoção de poluentes

Percentual de remoção (%)


Operação
DBO (mg/L) DQO (mg/L) Cor (mgPt/L)

Peneiramento 25 0 0

Tanque de equalização 10 0 0

Aeração prolongada + clarificador 80 60 0

Decantador 75 55 0

Filtração em meio misto 35 35 0

Adsorção 35 45 85

Ozonização 0 35 80
Fonte: Próprio autor

5. ANÁLISE ECONÔMICA

A análise de custo-benefício é fundamental para decisão de investimento em


qualquer projeto. Do ponto de vista econômico, o investimento num projeto depende do
retorno esperado. No entanto, para projetos relacionados ao tratamento de águas
residuárias, os ganhos futuros aparecem de forma indireta, sendo benefícios ambientais
associados significativos, o que torna a decisão ainda mais complexa.

Na análise econômica, os fatores menos prontamente identificáveis produzem


custos que podem ser omitidos da análise convencional. Alguns custos geralmente são
incluídos nas contas de despesas gerais, enquanto outros são completamente ignorados,
devido às incertezas envolvidas (Andreia et. al, 2018).

Assim sendo, para a obtenção de resultados mais precisos na avaliação econômica


de geração de efluentes, é necessário considerar os seguintes custos:

i. Custos diretos: são identificados em uma análise financeira convencional,


sendo por capital investido, matéria-prima, mão de obra e custos de operação;

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ii. Custos indiretos: são aqueles que não podem ser diretamente associados aos
produtos, processos, ou instalações no geral, reservados como despesas gerais, tais como os
custos de monitoração, custos de projeto e de descomissionamento;
iii. Custos duvidosos: custos que podem, ou não, tornarem-se reais no futuro.
Esses podem ser descritos qualitativamente ou quantificados em termos da expectativa de
sua magnitude, freqüência e duração. Como exemplo, é possível incluir dentro desses
custos fatores como indenizações ou multas resultantes de atividades que possam
comprometer o meio ambiente e a saúde da população;
iv. Custos intangíveis: são aqueles que requerem interpretação subjetiva para a
sua quantificação. Esses incluem uma ampla gama de considerações alterações na
rentabilidade. Os exemplos mais comuns referem-se aos custos originados em função da
mudança da imagem corporativa da empresa, relação com os consumidores, moral dos
empregados e relação com os órgãos de controle ambiental.

Além disso, é necessário desenvolver uma abordagem que permita conhecer os


custos detalhados que relacionam cada sistema de tratamento, certamente será útil para o
processo de planejamento e seleção do sistema de tratamento, especialmente para cidades
pequenas, que geralmente trabalham com recursos escassos. Dessa forma, no artigo como
base, foi conduzida uma aplicação numérica de análise econômica, considerando os dados
de custo com relação à população de uma cidade localizada no sul do Paraná. No entanto,
essa metodologia foi aplicada a qualquer grupo populacional, a fim de estimar os valores de
cada ETE e proporcionar um melhor entendimento das opções de tecnologias de água
residual para qualquer tamanho ou densidade populacional da cidade

A Figura 9 apresenta uma tabela com dados de etapas do tratamento de efluente,


com a sua respectiva eficiência de remoção de determinados componentes, investimento
necessário para implantação da etapa no processo de tratamento, e o investimento para a
manutenção dos mesmos.

Os critérios utilizados para a análise de viabilidade econômica são Valor Presente


Líquido (VPL), relação custo benefício (BCR) e taxa interna de retorno (TIR). A Tabela X
abaixo apresentou as variáveis utilizadas para determinar a viabilidade econômica inicial
análise que consiste em elementos para análise de custos e benefícios.

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Figura 9. Relação de equipamentos do processo de tratamento de efluente e custos. Fonte:
ANDREIA et. al 2018.

Uma concessão de 20 anos foi tomado como exemplo como um tempo considerável
para um projeto obter lucro. O projeto é tipicamente inviável da perspectiva de setores
privados, uma vez que tende a envolver a participação da comunidade.

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Quadro 1: Custos Gerais - Montante das Variáveis (IDR)

Custos:

A aquisição de terrenos 202.500.000

Custos de construção 8.274.038.800

Custos de O&M (taxas por ano 7%) 224.450.645

Receitas:

Número de usuários 2.500.000 (IDR), unidade 463

Tarifas baseadas na WTP (alternativa 1) 40.000 IDR

Tarifas baseadas em ATP (alternativa 2) 125.000 IDR

Taxa de juros 7%

Tempo de Concessão 20 anos

Fonte: Andrade et. al, 2015.

Embora os resultados pautados anteriormente sejam bons indicadores da viabilidade


econômica do sistema de tratamento, é importante salientar que a análise de custos foi
baseada em algumas suposições, levando em conta valores relativos médios, pois valores
exatos de equipamentos e reagentes, no geral, para tratamento de efluentes têxteis não
foram possível serem pautados. Além disso, outras variáveis devem ser incluídas em uma
avaliação econômica sistemática antes da decisão sobre a real implementação do sistema.

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Quadro 2: Custos Gerais.

Item Valor
Custo unitário inicial R $ 5.000.000,00
Salário mensal de uma engenharia profissional R $ 4.500,00
Salário mensal de um técnico profissional R $ 2.500,00

Eliminação de lamas R $ 7,72 / m3

Taxa de eletricidade (custo médio diário por kW) R $ 11,86 / kW


R $ 0,20507 /
Taxa de eletricidade (custo médio diário por kWh)
kWh
Taxa de água tratada R $ 6.881 / m3

Eliminação de águas residuais em esgotos públicos taxa do sistema R $ 6.193 / m3


Fator de multiplicação K para o taxa de disposição de águas
3,34
residuais do cenário 1
Fator de multiplicação K para o taxa de disposição de águas
1,00
residuais do cenário 2
Valor adicionado ambiental R $ 0,06 / m3

Manutenção 5% da inicial
Agentes químicos para membrana limpeza 2% da inicial

Substituição da membrana de microfiltração R $ 280 / m2

Substituição da membrana de nanofiltração R $ 400 / m2


Fonte: Andrade et. al, 2015.

6. CONCLUSÃO

O projeto de uma ETE pela sua complexidade e variabilidade é muito complexo


porém de extrema importância principalmente nos dias atuais em que se busca novas
medidas de tratamento para redução dos impactos ambientais.

O tratamento considerado neste trabalho buscou a máxima remoção dos parâmetros


DBO, DQO e cor que são considerados uns do principais focos de remoção em tratamento
de efluentes além de por exemplos sólidos sedimentáveis, turbidez, odor entre outras. A
escolha desses parâmetros se deu pelo fato de terem sido os encontrados na literatura, visto
que este é um trabalho de revisão não experimental.

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A alta complexidade de um efluente como o de uma indústria têxtil, devido a
presença de diversos corantes e depende do tipo de tecido a ser produzido, impacta no custo
de implementação de uma ETE com alta eficiência de remoção, porém neste trabalho
buscou-se as alternativas mais viáveis e considerou-se soluções de projeto como descartar a
necessidade de bombas considerando que o fluxo será movido por diferença de pressão e
gravidade.

O projeto elaborado é viável considerando que no momento de tomada de decisão


não deve ser analisado somente os gastos diretos, mas também o valor agregado na entrega
de um efluente limpo a sociedade pela empresa.

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7. REFERÊNCIAS
AgE Tecnologias. Tanques de Equalização. 2019. <https://agetec.com.br/meio-
ambiente/tanques-de-equalizacao/> Acesso em Dezembro, 2019.

ALMEIDA, Edna et al. Tratamento de efluentes industriais por processos oxidativos na


presença de ozônio. Química Nova, 2004.

BELTRAME, L. T. C. Caracterização de efluente têxtil e proposta de tratamento.


Dissertação (Mestrado em Engenharia Química) - Centro de Tecnologia da Universidade
Federal do Rio Grande no Norte. Natal, 2000.

BISPO V., FLAIBAM S. Sanasa estuda uso de ozônio para tratamento de água.
Disponível em: http://www.agsolve.com.br/noticia.php?cod=6560 Acessado em: Dezembro
de 2019.

BOJORGE, n. Simbologia e Nomenclatura de Instrumentação e Controle.


Departamento de Engenharia Química e de Petróleo. UFF.

CREMASCO, Marco Aurélio. Fundamentos de transferência de massa. Editora Blucher,


2012.

COUTO JUNIOR, Osório Moreira. Tratamento de efluentes da indústria têxtil por


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Engenharia Química) - Universidade Estadual de Maringá, Programa de Pós-Graduação em
Engenharia Química, área de concentração: Desenvolvimento de Processos, 2011.

FREIRE, Layla FA et al. Avaliação da Adsorção de Efluente Têxtil por Compósitos de


Quitosana. Revista Processos Químicos, v. 12, n. 24, p. 9-17, 2018.

GONÇALVES, M. G. Monitoramento e controle de processos. Rio de Janeiro; Brasília:


Petrobras; SENAI/ DN. 2003

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