ESPECIALIZAÇÃO EM DIREITO DO TRABALHO E PREVIDENCIÁRIO
DISCIPLINA: DIREITO DO TRABALHO NA CF/88
TEXTO OPINATIVO – REFORMA TRABALHISTA E SEUS
REFLEXOS
É sabido que, a tão temida Reforma Trabalhista, foi um divisor de
águas na relação de trabalho que conhecíamos até a entrada em vigência da das mudanças. Esta que tinha como objetivos anunciados por seus defensores o fortalecimento da representação sindical, geração de emprego, segurança jurídica, modernização das leis trabalhistas, etc. Já a mais de um ano em vigência, alguns destes objetivos eram questionáveis mesmo antes da promulgação. Como podia se falar em fortalecimento da representação sindical? Se um dos pontos da reforma mais discutidos era justamente a desobrigação do pagamento da contribuição sindical. Como podia se falar em segurança jurídica? Se das novas formas de contratação, a “Pejotização”, ou seja, a possibilidade de contratar uma pessoa física por meio de uma pessoa jurídica, acaba por descaracterizar a relação Empregado-Empregador, dificultando assim a comprovação de que aquela pessoa era empregada, com o intuito de reduzir as despesas e verbas trabalhistas. Sobre a geração de emprego, em abril de 2019 foi verificado que a taxa de desocupação passou de 12,2% para 12,4%, já o índice de pessoas que desistiram de procurar uma ocupação, pulou de 3,9% para 4,3%. Os números descrevem bem melhor que as palavras que, se o objetivo da reforma trabalhista era geração de emprego, este ainda não foi alcançado. Importante salientar que, apesar dos pontos negativos, também existiram alterações que beneficiam o trabalhador, e que muitas vezes não são citados em debates relacionados ao assunto. No caso concreto podemos exemplificar com a trabalhadora que acaba de ser mãe, e após o fim de seu salário maternidade, se vê obrigada a pedir demissão para ficar em casa cuidando de seu filho. E é aí que entra o home office, a possibilidade de trabalhar em casa, conseguir dividir seu tempo entre os afazeres domésticos, a criação de um filho, e se dedicar ao trabalho. Esse exemplo não precisamos buscar tão longe, pelo contrário, na capital do Piauí por exemplo, a modalidade de contratação é utilizada inclusive em escritórios de Advocacia. Outro ponto também positivo é a possibilidade de dividir o tempo das férias em até três vezes, a depender da aceitação do empregador, a divisão é bastante benéfica ao empregado. Outra alteração importante a ser comentada, é a distribuição de ações trabalhistas após a reforma. Segundo levantamento do Tribunal Superior do Trabalho – TST, o volume de ações que foram ajuizadas em 2018 caiu 34% em relação a 2017. É uma queda demasiada e temerária, e que para muitos está atribuída à cobrança dos honorários de sucumbência introduzida pela reforma. Para algumas pessoas essa alteração é vista como um bloqueio do acesso à justiça, pois, se o trabalhador ajuíza muitas vezes a ação por não receber suas verbas rescisórias, trabalhava sem carteira assinada, dentre outras irregularidades, como poderá arcar com os honorários caso seu pedido seja improcedente. Em verdade, esta inclusão, veio para tão somente apavorar o desempregado, quando da sua intenção de demandar contra o ex-empregador. A condenação do empregado em honorários de sucumbência é um atentado contra os direitos do trabalhador, visto que, o Direito do Trabalho é um sistema protetivo da parte menos favorecida, ou hipossuficiente da relação de trabalho. A CLT fora criada com o objetivo de trazer equilíbrio e igualdade a uma relação que desde os primórdios da humanidade era desigual, abusiva. Conforma discutido, a reforma trabalhista veio recheada de pontos negativos e positivos, mas, o grande beneficiado foi o empregador, pois os pontos negativos da reforma para o trabalhador, sobrepesam os positivos. Ademais, os dados mostram que a reforma ainda não alcançou seus objetivos, como a geração de empregos, afinal, seria cedo ainda para tirar conclusões, ou a reforma trabalhista conclusivamente veio com o objetivo real de suprimir os direitos do trabalhador.