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– FLAUTA DOCE
INSTRUMENTO MUSICALIZADOR
– FLAUTA DOCE
Batatais
Claretiano
2016
© Ação Educacional Claretiana, 2015 – Batatais (SP)
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer forma e/ou qualquer meio
(eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na web), ou o arquivamento em qualquer sistema de
banco de dados sem a permissão por escrito do autor e da Ação Educacional Claretiana.
788.36 C352i
ISBN: 978-85-8377-482-2
CDD 788.36
INFORMAÇÕES GERAIS
Cursos: Graduação
Título: Instrumento Musicalizador – Flauta Doce
Versão: ago./2016
Formato: 20x28 cm
Páginas: 126 páginas
SUMÁRIO
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
1. INTRODUÇÃO....................................................................................................................................................................9
2. GLOSSÁRIO DE CONCEITOS...............................................................................................................................................11
3. ESQUEMA DOS CONCEITOS-CHAVE..................................................................................................................................12
4. E-REFERÊNCIAS.................................................................................................................................................................13
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................................................................................................................13
Conteúdo
A flauta doce como recurso de transmissão de elementos musicais, culturais e de socialização. Os principais
autores e técnicas de musicalização utilizados por meio do instrumento nas salas de aula do Ensino Funda-
mental ao Médio. Discussão sobre os recursos pedagógicos com a utilização da flauta doce (digitação barroca
ou germânica) e suas dinâmicas em sala. Elementos técnicos e estéticos para performances.
Bibliografia Básica
AKOSCHKY, J.; VIDELA, M. A. Iniciación a la flauta dulce. Buenos Aires, Ricordi, 1980. v. 1.
MONKEMEYER, H. Metodo para tocar la flauta dulce soprano – flauta doce solo. São Paulo: Editora Ricordi, 1985.
PROSSER E. S. Vem Comigo tocar flauta doce: manual para flauta doce soprano. Brasília: Musimed, 1995. v. 1.
Bibliografia Complementar
GIESBERT, F. J. Method for the treble recorder. Mainz: Schott, 1957.
PAOLIELLO, N. O. A flauta doce e sua dupla função como instrumento artístico e de iniciação musical . UFRJ: Rio de Janeiro,
2007. (Monografia).
VIDELA, M.; AKOSCHKY, J. Iniciación a la Flauta Dulce. Buenos Aires: Ricordi Argentina, 2005. v. 2.
TIRLER, H. Vamos tocar flauta doce – 38 Canções Brasileiras. São Leopoldo: Sinodal, 1992. v. 1.
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CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
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É importante saber
Esta obra está dividida, para fins didáticos, em duas partes:
Conteúdo Básico de Referência (CBR): é o referencial teórico e prático que deverá ser assimilado para aquisição das compe-
tências, habilidades e atitudes necessárias à prática profissional. Portanto, no CBR, estão condensados os principais conceitos,
os princípios, os postulados, as teses, as regras, os procedimentos e o fundamento ontológico (o que é?) e etiológico (qual sua
origem?) referentes a um campo de saber.
Conteúdo Digital Integrador (CDI): são conteúdos preexistentes, previamente selecionados nas Bibliotecas Virtuais Univer-
sitárias conveniadas ou disponibilizados em sites acadêmicos confiáveis. É chamado "Conteúdo Digital Integrador" porque é
imprescindível para o aprofundamento do Conteúdo Básico de Referência. Juntos, não apenas privilegiam a convergência de
mídias (vídeos complementares) e a leitura de "navegação" (hipertexto), como também garantem a abrangência, a densidade e
a profundidade dos temas estudados. Portanto, são conteúdos de estudo obrigatórios, para efeito de avaliação.
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1. INTRODUÇÃO
Bem-vindo ao estudo de flauta doce!
Nesta obra, você fará uma pequena imersão no universo deste instrumento histórico,
que traz consigo tantas possibilidades. O objetivo deste material é habilitar o aluno do curso
de Licenciatura em Música do Claretiano – Centro Universitário para as inúmeras possibilida-
des que a flauta doce apresenta.
Para isso, você terá um tempo relativamente curto para um resultado expressivo na
performance de qualquer instrumento, mas adequado para reflexões de futuras abordagens
pedagógicas.
Elencamos, então, duas possibilidades (ou funções), como diz Paoliello (2007), para este
novo desafio: o pedagógico e o artístico. Ou seja, inicialmente pensamos no instrumento flau-
ta doce como suporte e ferramenta de apoio a serviço da musicalização, com propostas peda-
gógicas que acrescentem qualidades ao processo educativo. Veremos a flauta doce, também,
nas possíveis questões performáticas que poderão surgir com o conhecimento dos inúmeros,
e muitas vezes, desconhecidos recursos que ela nos apresenta e oferece.
Agora, evocamos você à missão árdua que teremos pela frente, pois, em geral, quando
se fala em flauta doce no Brasil, pensa-se, imediatamente, em um brinquedo na forma de
instrumento, um pré-instrumento ou se remete ao “som desagradável” produzido por execu-
tantes despreparados. Neste estudo, teremos, então, o dever de desmistificar esse consenso.
Para isso, serão disponibilizadas as informações básicas e necessárias que compreen-
dem, além das habilidades técnicas e pedagógicas, também a história, os tipos e as famílias
que chamamos de “consortes” no instrumento, as obras compostas, os grandes compositores
e intérpretes, que poderão ser encontrados em vídeos, filmes e materiais gráficos indicados.
Assim, será possível que este instrumento tão rico deixe de ser visto apenas como um “auxílio-
-educação”, um instrumento dedicado a amadores ou mero brinquedo.
Todos nós sabemos que a flauta é um instrumento facilitador da alfabetização musical,
ou seja, da musicalização, e isso ocorre pela pouca dificuldade que nela encontramos para
produzir ou extrair um som; também é facilitadora pela pouca complexidade na sua digitação.
A flauta doce é uma boa ferramenta porque também possui um tamanho adequado para o
público infantil, como no caso das flautas sopranos (no decorrer de nosso estudo, você verá
mais detalhes sobre a nomenclatura das flautas).
Outro facilitador da difusão deste instrumento é o baixo valor de mercado para as flautas
de séries, produzidas para estudantes. Entretanto, essa facilidade possibilita muitos equívocos
na construção da consciência musical e no comprometimento do fazer boa música, como já
citado anteriormente, mas que ainda nos debruçaremos mais à frente.
Além da mecânica, postura, respiração, sonoridade, afinação, articulação e digitação,
que são fundamentos básicos para a execução do instrumento, teremos, também, a possibi-
lidade de trabalhar os elementos da teoria musical, estabelecidos em partituras de exercícios
técnicos (rítmicos e melódicos), canções, duetos etc., bem como a interessante história da
flauta block ou doce, como é conhecida no Brasil.
Esse material também será importante para os alunos que já possuem uma noção básica
desse instrumento, pois têm igualmente o objetivo de refletir sobre alguns aspectos de edu-
cação musical, com a utilização da flauta doce em sala de aula nas diferentes problemáticas
relacionadas a seguir:
1) A falta de preparo e informação de músicos e leigos que difundem incorreta ou ina-
dequadamente, uma visão equivocada sobre o instrumento.
2) A adaptação do ensino de flauta doce à realidade de nossas instituições, visando a
apresentações performáticas nos eventos festivos do calendário escolar, priorizando
resultados imediatos.
3) A realidade dos espaços educacionais do nosso país ou falta de ambientes estimu-
lantes às práticas musicais de nossas escolas.
4) Possibilidades e impossibilidades na confecção de pequenos arranjos, usando a flau-
ta doce e instrumentos que, por ventura, existam na instituição, como violão, tecla-
do, piano, percussão, objetos da própria sala de aula e instrumentos de sucata, pois
sabemos da falta de material, especialmente relativos à música, existente em nossas
escolas.
Nesta obra, além de conhecermos o aspecto biomecânico, digitações, técnicas e leituras,
bem como a história da flauta desde seus primórdios até os dias atuais, temos, também, o
compromisso do aprender para ensinar.
É nossa intenção e objetivo que você, além de adquirir conhecimentos e habilidades
instrumentais, também trabalhe nas abordagens pedagógicas e estratégias de ensino do ins-
trumento, pois sabe-se que, por diversos motivos e equívocos existentes na educação do país,
as aulas de flauta doce, muitas vezes, são ministradas por professores de outros instrumentos
ou áreas, resultando, assim, em experiências insatisfatórias para a educação musical.
Estudaremos com o objetivo da “reflexão mais ação”, na tentativa de mudar esse cená-
rio, fazendo com que essa oportunidade gere docentes mais conscientes, positivos, aptos e
compromissados com um “educar musical” mais verdadeiro e integrador, por isso, você rece-
berá propostas de reflexão acerca de algumas problemáticas.
A proposta de reflexão para a Unidade 1 será pensarmos em como transformar os para-
digmas e conceitos equivocados existentes sobre a flauta doce.
É necessário que você tenha a sua flauta doce. Para aqueles que ainda não têm o instrumento, recomenda-se a
flauta doce soprano “barroca”.
No Brasil, há uma produção de flautas razoáveis no modelo estudante e que possuem preços acessíveis.
Oriente-se a respeito do instrumento mais adequado com seu tutor e/ou professor responsável.
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2. GLOSSÁRIO DE CONCEITOS
O Glossário de Conceitos permite uma consulta rápida e precisa das definições con-
ceituais, possibilitando um bom domínio dos termos técnico-científicos utilizados na área de
conhecimento dos temas tratados.
1) Articulação: pronúncia, distinção de notas para tornar um discurso musical mais
inteligível. Uso da boca, dentes, língua e sílabas.
2) Competências musicais: conjunto de experiências, conhecimentos e habilidades
que possibilitam a um indivíduo o exercício musical.
3) Flauta: é qualquer instrumento de sopro oco e com orifícios. É chamado de instru-
mento aerófano, ou seja, que vibra a partir da parede do seu próprio corpo, sem a
necessidade de cordas ou outros artifícios. Há registros indicando que a flauta sem-
pre esteve presente na história da humanidade, desde seus primórdios. Materiais
como ossos, argila e caniços sempre foram usados para a confecção de flautas.
4) Flautas Barrocas (inglesas)/Germânicas: sistemas de digitação da flauta doce ba-
seado na diferenciação da quarta nota da escala ou no quarto furo do instrumento.
5) Fraseado musical: conjunto de notas que formam um pequeno discurso musical.
Assim como um poema ou qualquer leitura, usamos a pontuação. Na música, não é
diferente. Usa-se unir as notas em pequenos grupos que formam uma ideia musical
completa, o que chamamos frases. A forma como as frases são dispostas ao longo
da música é chamada “fraseado”.
6) Frullato: efeito sonoro usado na música moderna e contemporânea da flauta doce.
Esse tipo de articulação diferenciada é produzida agitando-se rapidamente a ponta
da língua contra o palato duro (céu da boca). É importante que a pressão de ar seja
firme, com o meio da língua em relaxamento, a ponta da língua enrolada e os lábios
relaxados.
7) Habilidade instrumental e pedagógica: conhecimento que gera uma ação do “exe-
cutar” e “ensinar”.
8) Idade Média, Renascença e Barroco: períodos da história da música, nos quais a
flauta doce se estabeleceu como instrumento de performance. Esses três períodos
são, muitas vezes, conhecidos como Música Antiga.
9) Musicalização: é o processo para construir o conhecimento musical.
10) Luthier: é uma palavra de origem francesa, que significa “fabricante de alaúde”. Com
o tempo, a palavra passou a designar a profissão de todos aqueles que constroem
um instrumento musical, conceito não muito aceito por alguns que preferem o ter-
mo apenas para os que fabricam artesanalmente instrumentos de corda.
11) Organologia: é a disciplina que trata da descrição e da classificação de qualquer
instrumento.
12) Sonoridade: resultado da emissão de sons.
13) Técnicas de digitação: trabalho dos dedos e mãos, acionando teclas, cordas, chaves,
furos etc., para execução de um instrumento musical.
4. E-REFERÊNCIAS
NEVES NETO, A. R. Técnicas de respiração para a redução do estresse em terapia cognitivo-comportamental. Arquivos Médicos
dos Hospitais e da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa São Paulo, São Paulo, 2011, 56 (3)m p. 158-168. Disponível
em: <http://www.fcmscsp.edu.br/files/AR09.pdf>. Acesso em: 10 nov. 2015.
PAOLIELLO, N. O. A flauta doce e sua dupla função como instrumento artístico e de iniciação musical. UFERJ, Rio de Janeiro,
Monografia. Disponível em: <http://www.domain.adm.br/dem/licenciatura/monografia/noarapaoliello.pdf>. Acesso em: 22
set. 2015.
REDEDUC.COM. O que é Musicalização? Disponível em: <http://www.rededuc.com/page_28.html>. Acesso: 10 nov. 2015.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GROUT, D. J. E.; PALSICA C. V. História da música ocidental. Lisboa: Gradiva, 1994.
PROSSER E. S. Vem comigo tocar flauta doce: manual para flauta doce soprano. Brasília: Musimed, 1995. v. 1.
VIDELA, M.; AKOSCHKY, J. Iniciación a la flauta dulce. Buenos Aires: Ricordi Argentina. 2005. v. 2.
Objetivos
• Conhecer a flauta doce nas suas amplas possibilidades.
• Conhecer as especificidades deste instrumento.
• Compreender a história, a organologia e a técnica da flauta doce.
• Trabalhar os primeiros passos para uma boa execução da flauta doce.
Conteúdos
• Flauta doce e suas nomenclaturas.
• História da flauta doce na Antiguidade e na Idade Média.
• Organologia: família das flautas doces (também chamadas de conjunto, consortes ou ensemble).
• Partes da flauta doce (corpo do instrumento).
• Digitação (posição dos dedos e das mãos).
• Emissão do som; respiração; ataque e articulação (embocadura e golpes de língua).
• Melhor postura para execução da flauta doce.
• Afinação e digitação das primeiras notas (Lá3, Dó4, Si3, Sol3, Ré4 e Mi3: ordem didática).
• Leitura e execução dos exercícios e canções iniciais na flauta doce.
1) Não se limite ao conteúdo deste estudo; busque outras informações em sites confiáveis e/ou nas referências
bibliográficas, apresentadas ao final de cada unidade. Lembre-se de que, na modalidade EAD, o engajamento
pessoal é um fator determinante para o seu crescimento intelectual.
2) Busque identificar os principais conceitos apresentados; siga a linha gradativa dos assuntos, observando a
evolução do estudo da flauta doce, inclusive no panorama brasileiro.
3) Não deixe de recorrer aos materiais complementares descritos no Conteúdo Digital Integrador.
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© INSTRUMENTO MUSICALIZADOR – FLAUTA DOCE
UNIDADE 1 – FLAUTA DOCE: HISTÓRIA E PRIMEIROS PASSOS
1. INTRODUÇÃO
A partir de agora, entraremos no universo interessante e peculiar da flauta doce, um
instrumento que é executado por todos os cantos do país, mas, ao mesmo tempo, é tão pouco
conhecido.
Faremos uma imersão neste universo de sonoridade, musicalidade e história e, para
isso, falaremos de nomes, conceitos, técnicas de execução, origem e inserção da flauta doce
na educação musical.
Atenção!–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
É fundamental que todos tenham sua flauta doce para as devidas atividades.
Àqueles que ainda não possuem o instrumento, recomendamos a flauta doce soprano barroca, com o mínimo de
qualidade possível.
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A flauta doce é também chamada de flauta de bisel, por ter um corte enviesado, abrin-
do uma janela na parte superior, a qual chamamos de cabeça. O bisel divide a coluna de ar,
quando a flauta é soprada.
Possivelmente, o nome flauta doce no Brasil veio como herança da Itália, onde o instru-
mento é chamado de flauto dolce, por causa da sonoridade aveludada que produz ao ser bem
executada. Na França, ela é chamada de flute a bec (flauta de bico); na Alemanha, blockflöte
(flauta de bloco, por ter um bloco na cabeça do instrumento, com o bisel); nos Estados Unidos,
é chamada de recorder, que podemos entender como “gorjeio”. No Brasil, além de flauta doce,
também é chamada de flauta block (de bloco).
Figura 2 Seis flautas encontradas pelo Institute of Cultural Relics and Archaeology of Henan Province em Zhengzhou, na China, e
datadas de 7000 anos.
Segundo Ilma Lira (1984), tanto as flautas de bloco como flautas doces têm sido encon-
tradas por toda parte, e elas contêm, na maioria das vezes, seis furos; a estas chamaremos de
flautas folclóricas.
“Edgar Hunt (1977) afirma que, para saber como as flautas dos séculos anteriores eram é
necessário fazer algumas investigações nas pinturas e esculturas da época” (HUNT, 1977 apud
PAOLIELLO, 2007, p. 6). Já em Gênesis 4.21 (o primeiro livro da Bíblia), consta uma citação
falando de flauta: “o nome de seu irmão era Jubal; este foi o pai de todos que tocam harpa e
flauta”.
Talvez a ilustração mais antiga de um instrumento próximo a flauta doce, esteja no The Mocking of
Jesus (posterior a 1315), um afresco da Igreja de Staro Nagoricvino, perto de Kumanova na Mace-
dônia (Yugoslavia), pintada pela casa de pintores Michael e Eutychios, no qual um músico toca uma
flauta de tubo cilíndrico, com o window/labium claramente visível, e ao pé da qual há um buraco
aberto para o dedo mindinho (LANDER, 2015).
Lander também comenta que, antes dessa gravura, há várias ilustrações de tubos pare-
cidos que podem (ou não) ser flautas doce.
Registros figurativos de flautas também são encontrados em esculturas de colunas ar-
quitetônicas, datadas por volta de 1020.
Figura 4 Symphonia da Cantiga 160, Cantigas de Santa Maria de Afonso X, o Sábio – Códice do Escorial (1221-1284).
O instrumento mais antigo, completo e próximo da flauta que hoje usamos foi encon-
trado na Holanda (com os sete furos sendo o último duplo). É a chamada flauta doce de Dor-
drecht (região que foi encontrada), datada de meados do século 13.
Outra flauta doce medieval um pouco mais completa foi achada em Göttingen, na Ale-
manha , no século 15. Foi encontrada em uma latrina no ano de 1987.
Alguns luthiers tentaram reproduzir as flautas medievais e, pelo seu “corpo cilíndrico”,
pode-se notar que os sons produzidos possuem certo tom doce e agudo, como descreve Ni-
cholas S. Lander (2015).
2.3. ORGANOLOGIA
Figura 7 Família de flauta doce em acetato – atualmente, as flautas mais usadas são as flautas doces soprano, contralto, tenor
e baixo. Esse grupo é conhecido como “quarteto de flautas doces”. Quando a flauta sopranino é inserida nesse grupo, então
temos o “quinteto de flautas doces”.
Informação–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
A flauta soprano é a mais usada para a musicalização. É uma Flauta em Dó – ou seja: quando toda fechada, ela
soa a nota Dó. Ela possui duas escalas completas, que vão do Dó3 ao Dó5, e mais quatro notas muito agudas.
Assim, podemos dizer que as flautas doces possuem duas escalas e meia.
A leitura da flauta doce soprano começa no Dó3, chamado de Dó Central, em referência à nota Dó central do piano.
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Curiosidade
Nas boas edições de métodos ou partituras da flauta soprano, sempre veremos um oito em cima
da Clave de Sol. Isso acontece porque ela soa naturalmente, uma 8ª acima. Escrever na extensão
exata demandaria leitura nas notas suplementares superiores.
Assim, para facilitar, usa-se sempre o artifício da anotação do número 8, acima da Clave de Sol,
como acontece também na da Flauta Baixo e Sopranino.
Observe, pelo quadro de tessituras a seguir, que a flauta doce, além de ter duas oitavas,
também conta com a possibilidade de soar notas mais agudas (super agudas), usando posi-
ções adicionais:
Figura 8 – Tessituras das Flautas Doce – com acréscimo das notas super-agudas.
Na maioria das vezes, a flauta doce se divide em três partes: cabeça, corpo e pé, confor-
me a figura a seguir:
• Corpo: possui seis furos, sendo que o último (do corpo) tem, na maioria das vezes, um
furo duplo. O orifício de trás fica quase na mesma direção do primeiro furo da frente.
• Pé: na maioria das flautas doces, o pé tem um furo duplo para o dedo mínimo da mão
direita e é separado do corpo. Alguns modelos possuem apenas duas partes – cabeça
e corpo unido ao pé.
Dessa forma, podemos definir a flauta doce como um instrumento cônico ou cilíndrico,
com oito furos para digitação, sendo sete furos na parte da frente (na maioria das vezes os
furos 6 e 7 são duplos), e, na parte de trás, há um furo para as mudanças de tessitura.
Para executar a flauta doce, os dedos devem estar ligeiramente flexionados, formando
uma letra “C”. Os pulsos devem estar retos a partir do antebraço. “Imagine um ovo (que não
deverá se apertado e quebrado) dentro deste espaço!”, este é um exemplo perfeito para ser
usado com nossos alunos.
A posição para flauta doce deve ser com a mão esquerda em cima e mão direita embai-
xo, conforme o exemplo a seguir:
Figura 13 Posição das mãos (esquerda na parte superior e direita na parte inferior da flauta).
Os três primeiros furos são fechados com a mão esquerda, sendo que o polegar deverá
ser usado como uma pinça (fechando naturalmente a abertura localizada atrás). Portanto, o
polegar terá a missão de fechar, abrir e, até mesmo, construir as notas agudas, com pequena
abertura do orifício de trás.
Os buracos duplos são os meios-tons da nota. Como exemplo disso, na flauta soprano,
fechando ambos, temos a nota Dó; ao escorregar o dedo mínimo e abrindo um dos buracos,
teremos Dó# ou Réb.
Observe que o dedo mínimo da mão esquerda não será usado. Já o polegar direito segu-
ra e apoia o instrumento, conforme a figura a seguir:
Figura 14 Posição das mãos: dedo mínimo da mão esquerda e polegar da mão direita.
Agora que você já sabe qual o posicionamento correto das mãos para segurar a flauta
doce, vamos conhecer um pouco mais sobre a emissão dos sons, a respiração e a articulação
adequada para tocar esse instrumento.
Dica
A conscientização de todo o processo da boa respiração é, sem dúvida, o primeiro passo para do-
minar a interpretação do instrumento.
Respiração
Sabemos que a respiração se divide em inspiração e expiração. Grosso modo, podemos
dizer que, na inspiração (quando entra o ar), o diafragma (músculo em forma de “V“ abaixo
dos pulmões) ajuda a puxar o ar; e na expiração (saída do ar) faz um movimento contrário e
expulsa o ar.
É chamado de apoio o controle e suporte dos músculos abdominais, que são usados
para os ataques e sustentação das notas.
Dica
A respiração tem de ser feita pela boca e não pelo nariz. Se for feita pela boca, a capacidade de ar
captada será maior.
Estratégias
Desde o começo da aprendizagem, é fundamental adquirir uma técnica de execução
correta. Além da digitação perfeita das notas, ter o cuidado com a sonoridade é de grande
relevância no resultado sonoro.
Para que você possa ter a noção de como é delicado o controle do ar ao tocar a flauta
doce, faça um teste: sopre uma vela acesa sem permitir que a chama se apague ou faça boli-
nhas de sabão, mantendo o máximo possível de tempo elas estourarem (divertidos exercícios
para o trabalho em sala de aula).
Recomenda-se, também, o chamado estudo das notas longas, que consiste em tocar
uma nota inicialmente em quatro tempos lentos. Depois, outra nota e mais outra, até traba-
lhar todas as notas que você domina no instrumento.
A proposta desse exercício resulta no aumento de sua capacidade respiratória, na maior
percepção da afinação para cada nota e nos intervalos e quantidade de ar necessários para
uma boa sonoridade.
Dica
Ao aplicar os exercícios sugeridos para os alunos, caso você disponha de um metrônomo, é interes-
sante usá-lo, para uma acuidade rítmica.
Articulação
A articulação é um dos recursos mais importantes para a execução/interpretação de um
instrumento. Articular significa unir, juntar, pronunciar com distinção e clareza. Disso podemos
entender que a articulação, em música, tem a função de unir ou separar os grupos rítmicos ou
melódicos para tornar o discurso musical inteligível. Por isso, articular bem resulta, certamen-
te, em um som claro, produzindo nitidez na construção do fraseado.
Em geral, os instrumentos usam diferentes tipos de articulações. O grupo das cordas
pode trabalhar a articulação, variando a pressão do arco, o uso de pontas/talão e a velocidade.
Já na percussão articula-se alterando a posição das baquetas, a velocidade e o trabalho
em regiões diferenciadas de superfícies sonoras.
2.7. POSTURA
Respiração–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Para os dois casos, a respiração deve estar livre para que a passagem do ar não seja obstruída. Assim, a sonori-
dade não sofrerá interferências.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
2.8. AFINAÇÃO
Afinamos a flauta doce sempre com outras flautas, afinadores, diapasão ou instrumen-
tos de afinação fixa como piano ou teclado. Quando há a necessidade de afinar alguma nota
imprecisa desse instrumento (escala com problemas de afinação), devemos recorrer, preferi-
velmente, a um luthier. Podemos também afinar uma nota por nuances e detalhes de digita-
ção (dedos), para acomodação da afinação do som, dentro da escala.
A altura dos sons varia ao juntar ou separar a cabeça da flauta de seu corpo, o que per-
mite afinar adequadamente o instrumento. Observamos que abrindo a flauta (entre a cabeça
e o corpo) ela ficará mais grave, pois o tubo de ar aumenta. E, ao fechar, a flauta ficará mais
aguda, pois o tubo de ar diminui.
Na imagem a seguir, temos o exemplo de duas flautas com aberturas entre cabeça e
corpo. A flauta da esquerda soará mais alta (aguda) do que a flauta da direita, estando o tubo
menor. Observamos isso pela abertura entre a cabeça e o corpo:
Depois dessa pequena imersão no universo da flauta doce, você já está preparado para
executar esse instrumento. Que tal começar?
Nota Lá3
Observe, pela imagem a seguir, que você deverá fechar os dois orifícios superiores da
flauta doce com os dedos indicador (no furo 1) e médio (no furo 2). É importante também
fechar o orifício 8 (atrás), usando o polegar como uma pinça. Veja:
Nota Do4
Para fazer a nota Dó4, é muito simples:
• faça a nota Lá3;
• levante o dedo indicador
Pronto! Você tem a nota Dó4, ou seja, a nota Do4 é feita com o dedo médio da mão es-
querda, fechando o segundo furo e o furo 8 (de trás).
Agora que você já conhece e até treinou o uso das notas Lá3 e Dó4, vamos treinar uma
nova nota.
Nota Si3
Para executar a nota Si3, utilize apenas o indicador (no furo 1) e o polegar da mão es-
querda, conforme indicado na imagem a seguir:
Nota Sol3
Para executar a nota Sol, você deverá fechar os três orifícios superiores da flauta doce
com os dedos indicador (furo 1), médio (furo 2) e anelar (furo 3) da mão esquerda.
A nota Ré4
Para executar o Ré4, você utilizará apenas o dedo médio da mão esquerda (furo 2).
A flauta, neste momento, terá somente o apoio delicado dos lábios e o polegar da mão
direita. É importante prestar atenção neste detalhe.
Agora, você já conhece as cinco notas: Sol3, Lá3, Si3, Dó4 e Ré3. Então, poderemos traba-
lhar todas elas em forma de pequenas escalas (graus conjuntos), como nos exercícios a seguir.
Lembre-se de que você deve praticar até que o som esteja saindo bem bonito! Para isso,
treine tranquilamente e com frequência. A prática garantirá uma boa execução das notas.
Para a nota MI3 (grave), começaremos a usar a mão direita juntamente com a mão es-
querda: enquanto os dedos indicador, médio e anelar da mão esquerda fecharão os furos 1,
2 e 3 (como na nota Sol) os dedos indicador e médio da mão direita fecharão os furos 4 e 5.
Importante!–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Vamos trabalhar duas pequenas canções para a fixação das notas aprendidas.
Atenção!–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Você verá que, no 6º compasso da 2ª canção “Flor do Fuji”, canção pentatônica, não há notas musicais, mas
grafia para percussões.
Então, execute-a com qualquer instrumento ou o próprio pé, fazendo o ritmo recomendado (treinando a coordena-
ção motora e a espacialidade).
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Com o conteúdo estudado até o momento, você já é capaz de refletir sobre os conceitos
equivocados em relação à flauta doce; como transformá-los (e também os paradigmas) exis-
tentes sobre ela?
Você pôde compreender que, para tocar bem qualquer instrumento, é necessário cui-
dado, compromisso com a técnica, conscientização da biomecânica e paixão. Compreendeu
também que a flauta doce não é um pré-instrumento; ela é um instrumento qualificado e
capaz de fazer boa música.
Este estudo deve ser levado ainda a professores especializados e habilitados, e que po-
derão despertar em seus alunos o bom gosto pela música, a condição técnica eficaz e bom
ouvido, ou seja, a verdadeira musicalização.
A seguir, você terá exemplos de inúmeras formações possíveis ao usar a família da flauta.
Assista e observe as muitas possibilidades timbrísticas e instrumentais da flauta doce.
• THE ROYAL WIND MUSIC. Pierre Phalèse/Bransle Gay. Disponível em: <http://www.
youtube.com/watch?v=V8ItZ4J7A-Q>. Acesso em: 10 nov. 2015.
• THE ROYAL WIND MUSIC. Anonymous (Spain, 16th cent.): Cinco diferencias sobre Las
Vacas. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=7u_ZXP0pbwc>. Acesso
em: 10 nov. 2015.
• AMSTERDAM LOEKI STARDUST QUARTET. The Jogger. Disponível em: <https://www.
youtube.com/watch?v=VhmUQ5wZfiA>. Acesso em: 10 nov. 2015.
• AMSTERDAM LOEKI STARDUST QUARTET. Fuge around the clock (Bach/Vivaldi).
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=4Lb-YWW8rGo>. Acesso em:
10 nov. 2015.
Uma das flautas mais interessantes é, sem dúvida, a subcontrabaixo, que é o maior
exemplar da família das flautas, possuindo mais de dois metros. Ela pode ser em F e também
em Bb.
A seguir, assista a um vídeo que se refere à flauta baixo subcontrabaixo e à pequena ex-
plicação de suas notas e posições para executá-la.
• YOUTUBE. Flauta doce Subcontrabaixo. Disponível em: <http://www.youtube.com/
watch?v=h-9m7Lwtyas>. Acesso em: 26 ago. 2015.
Historicamente, já vimos que a flauta doce começa a aparecer, em um modo ainda pri-
mário, entre os séculos 13 e 15 (Idade Média). A seguir, conheça a flauta doce na música
medieval:
• CARRIÓN FOLK. Cantiga I (Cantiga de Alfonso X – El Sabio). Disponível em: <https://
www.youtube.com/watch?v=Qvp412kdkfE>. Acesso em: 10 nov. 2015.
• YOUTUBE. Cantiga 100 “Santa Maria Strela do dia”. Disponível em: <http://www.
youtube.com/watch?v=GtYOx37bX6g>. Acesso em: 26 ago. 2015.
Neste estudo, trabalhamos a flauta doce nas duas possibilidades: como instrumento de
performance e como instrumento musicalizador. A seguir, você terá mais informações sobre a
flauta doce como instrumento musicalizador e instrumento de performance/histórico. Apre-
sentaremos alguns textos para que você possa aprimorar e acrescentar ao seu conhecimento
novos elementos sobre o tema. Confira:
• DAMIÃO, R. Flauta doce. Disponível em: <http://pt.scribd.com/doc/27609153/Prof-
Romero-Damiao-Flauta-Doce>. Acesso em: 26 ago. 2015.
• FLAUTADOCEBR. Flautas doces modernas. Disponível em: <http://flautadocebr.
quintaessentia.com.br/flautas-doces-modernas/>. Acesso em: 23 jun. 2014.
• JOLLY, I. Z. L.; GOHN, D.; JOLY, M. C. L. A prática da performance no curso de
Licenciatura em Música da UFSCar. In: XV ENCONTRO ANUAL DA ABEM, EDUCAÇÃO
MUSICAL: PRODUÇÃO CIENTÍFICA, FORMAÇÃO PROFISSIONAL, POLÍTICAS PÚBLICAS
E IMPACTOS NA SOCIEDADE. João Pessoa, 17 a 20 de outubro de 2006. Anais... João
Pessoa: UFPB, 2006, p. 126-134. Disponível em: <http://www.abemeducacaomusical.
org.br/anais.html>. Acesso em: 26 ago. 2015.
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para você testar o seu desem-
penho. Se encontrar dificuldades em responder às questões a seguir, você deverá revisar os
conteúdos estudados para sanar as suas dúvidas.
1) Por que a flauta doce é também chamada de flauta block?
a) Porque há um bloqueio na sua estrutura facilitada.
b) Porque é um instrumento de origem inglesa.
c) Porque há um bloco na cabeça do instrumento que forma a estrutura para passagem do ar.
d) A flauta doce não é chamada de flauta block.
2) Por que a flauta doce soprano é um ótimo instrumento para usar no processo do musicalizar?
a) Porque tem um tamanho adequado para todas as idades, especialmente para as crianças.
b) Porque sendo um instrumento de embocadura livre, tem uma resposta sonora rápida.
c) Porque é de fácil digitação.
d) Por todos os itens anteriormente citados.
4) Elenque três razões pelas quais se indica o uso da flauta doce como instrumento de musicalização.
5) Por que aparece um número “8” acima da clave de Sol e Fá em partituras para flauta soprano, sopranino e
flauta baixo?
a) Porque a partitura indica que deverá ser executada por oito vozes.
b) Porque é preciso tocar uma 8ª acima.
c) Porque, ao tocar, a nota está soando uma 8ª acima.
d) Não existe o número 8 em cima das claves.
6) Qual sua visão sobre os chamados “conceitos equivocados” existentes sobre a flauta doce?
Gabarito
Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões autoavaliativas propostas:
1) c.
2) d
3) b.
5) c.
5. CONSIDERAÇÕES
Chegamos ao final da nossa primeira unidade, que objetivou inicialmente clarear suas
ideias sobre este instrumento tão rico e, ao mesmo tempo, vitimado por conceitos equivocados.
Você pôde conhecer e trabalhar as primeiras notas musicais, algumas digitações, técni-
cas e pequenas peças para fixação; conheceu, também, a gênese do instrumento e sua posição
no início da história da Música.
Esperamos que você esteja preparado para a continuação do “aprender para ensinar”,
refletindo nas possibilidades que ele nos propõe.
6. E-REFERÊNCIAS
A FLAUTA DOCE. Homepage. Disponível em: <http://www.reocities.com/Vienna/5654/index.html>. Acesso em: 26 ago. 2015.
DISSENHA, F. Articulação. Disponível em: <http://www.dissenha.com/imprensa_art3.htm>. Acesso em: 26 ago. 2015.
ELEOTÉRIO V. M. A música na Idade Média. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=tBUbibIYaag>. Acesso em:
26 ago. 2015.
JORNAL DA GAZETA. Instrumentos antigos da Idade Média. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=SsKQrtcO5ts>.
Acesso em: 16 jun. 2014.
LANDER, 2015. A história da flauta doce. Disponível em: <http://musicaeadoracao.com.br/25185/a-historia-da-flauta-doce/>.
Acesso em: 10 nov. 2015.
LIRA, I. Rumo a um novo papel da flauta doce na educação musical brasileira. Dissertação (Mestrado em Educação Musical).
York, Universidade de York, 1984. Disponível em: <http://200.201.48.206/posgrad/ensino_fundamental/ementas_
fundamental/flauta_doce.pdf>. Acesso em: 16 jun. 2014.
PAOLIELLO, N. O. A flauta doce e sua dupla função como instrumento artístico e de iniciação musical. UFERJ, Rio de Janeiro,
2007. Monografia. Disponível em: <http://www.domain.adm.br/dem/licenciatura/monografia/noarapaoliello.pdf>. Acesso
em: 22 set. 2015.
SOUZA, Z. A, BELLOCHIO, C. R. O pensamento de professores de música e suas recordações - referências 163 para ensinar
flauta doce. Revista Eletrônica da ANPPOM – Associaçao Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Música, v. 19, n. 1, 2013,
versão online. Disponível em: <http://www.anppom.com.br/revista/index.php/opus/article/view/155>. Acesso em: 10 nov.
2015.
WEICHSELBAUM, A. S. Flauta doce em um curso de licenciatura em música: entre as demandas da prática musical e das
propostas pedagógicas do instrumento voltadas ao Ensino Básico. Tese (Doutorado em Música) – Instituto de Artes, Programa
de Pós-Graduação em Música, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2013 – Disponível em: <http://www.eca.usp.br/
mobile/portal/publicacoes/VILLAVICENCIO_A_Flauta_Doce_Ouvirouver_2011.pdf>. Acesso em: 26 ago. 2015.
Lista de figuras
Figura 1 Flauta pré-histórica feita de osso de pássaro. Disponível em: <http://musica.uol.com.br/ultnot/reuters/2009/06/24/
encontradas-flautas-pre-historicas-feitas-de-ossos-de-passaros.jhtm>. Acesso em: 21 ago. 2015.
Figura 2 Figura 2 Seis flautas encontradas pelo Institute of Cultural Relics and Archaeology of Henan Province, Zhengzhou,
China e datadas de 7000 anos. Disponível em: <http://www.bnl.gov/bnlweb/pubaf/pr/1999/bnlpr092299.html>. Acesso em:
21 ago. 2015.
Figura 3 The Mocking of Jesus. Disponível em: <http://www.qiyanskrets.se/instruments.htm>. Acesso em: 21 ago. 2015.
Figura 4 Symphonia da Cantiga 160, Cantigas de Santa Maria de Afonso X, o Sábio - Códice do Escorial (1221-1284). Disponível
em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Trovadorismo>. Acesso em: 21 ago. 2015.
Figura 5 Flauta doce de Dordrecht. Disponível em: <http://www.aflauta.com.br/recorder/histdoce02.html>. Acesso em: 21
ago. 2015.
Figura 6 Flauta Doce de Göttingen. Disponível em: <http://www.aflauta.com.br/recorder/histdoce02.html>. Acesso em: 21
ago. 2015.
Figura 9 Flauta doce sub-contrabaixo de Adriana Breuking. Disponível em: <http://www.aflauta.com.br/recorder/histdoce02.
html>. Acesso em: 21 ago. 2015.
Figura 15 Esquema: mecânica da inspiração e da expiração. Disponível em: <http://educacao.globo.com/biologia/assunto/
fisiologia-humana/respiracao.html>. Acesso em: 21 ago. 2015.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARROS, D. C. A flauta doce no século XX: o exemplo do Brasil. Recife: Universitária da UFPE, 2010.
GROUT, D. J. E.; PALSICA C. V. História da música ocidental. Lisboa: Gradiva, 1994.
PROSSER E. S. Vem comigo tocar flauta doce: manual para flauta doce soprano. Brasília: Musimed, 2005. v. 1.
SADIE, S. Dicionário Grove de Música – Edição Concisa. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1994.
VIDELA, M.; AKOSCHKY, J. A. Iniciación A La Flauta Dulce – Tomo l. Ricordi. Buenos Aires, 2005. v. 2.
Objetivos
• Aprender sobre passagem da flauta doce pela história da música.
• Destacar a flauta doce na Renascença e o seu auge no Barroco.
• Conhecer novas digitações.
• Executar pequenas canções.
Conteúdos
• A flauta doce na Renascença e no Barroco.
• O apogeu desse instrumento e os grandes compositores.
• Estratégias de ensino.
• Digitação das notas Dó3 e Ré3 e revisão das notas estudadas.
• Técnicas, exercícios, imitação, pequenos duetos e canções.
• Reflexão: quais as maneiras de adaptar a flauta doce em eventos festivos e de calendários que acontecem
nas nossas escolas?
1) Para compreender as notas mais graves da flauta soprano (Dó3 e Ré3), é importante você trabalhar cada nota
atentando-se para a sonoridade. Para isso, continue fazendo a técnica das notas longas.
2) Siga as reflexões propostas, traçando um paralelo com a sua realidade, dentro da sala de aula. Isso apenas
contribuirá para o seu crescimento profissional.
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© INSTRUMENTO MUSICALIZADOR – FLAUTA DOCE
UNIDADE 2 – HISTÓRIA DA FLAUTA DOCE, NOVAS DIGITAÇÕES, TÉCNICAS E CANÇÕES
1. INTRODUÇÃO
Vamos continuar nosso trabalho de imersão no caminho que a flauta doce traçou para
chegar aos nossos dias. Falaremos, então, do trajeto desse instrumento entre o final do século
15 (Renascença) e do século 17 (Barroco), momento em que ele atingiu seu auge.
Trataremos, também, de algumas estratégias de ensino que estarão presentes nos pró-
prios exercícios técnicos, com a inserção de novas notas e posições. Pronto para continuar?
A flauta doce teve sua origem como instrumento artístico provavelmente na Itália, no
século 16, com o primeiro método publicado em Veneza, em 1535, por Silvestro Ganassi dal
Fontego (1492-?), músico de Veneza que publicou um tratado de nome Fontegara, no qual
discorre sobre a técnica da flauta doce e a arte da diminuição.
Nesse período, vários fabricantes começam a desenvolver conjuntos de Flautas com di-
versos tamanhos, os chamados consortes (consorts).
Diferentes das flautas medievais, que eram cilíndricas, as flautas renascentistas pas-
sam a ter um leve afilamento para o pé. Elas eram feitas para o acompanhamento da música
vocal, que, na época, ainda era o que mais preponderava, pois sabemos que a Renascença foi
o auge das obras vocais polifônicas.
Edgard Hunt (1977) comenta que os documentos e manuscritos da época, as flautas que
figuram hoje em museus e em posse de colecionadores, as pinturas e as esculturas, são fontes
de informação sobre o uso da flauta doce nas cortes da Europa.
Há registros de que, na Renascença, a flauta doce começou a ser usada nas cortes da
Europa e os instrumentos de sopro predominavam, por exemplo, nas bandas de corte na
Alemanha.
Da Inglaterra, sabemos que Henrique VIII, além de ser um homem das armas, era tam-
bém um musicista. Muitos atribuem a ele a famosa canção inglesa Greensleeves; porém, é
sabido que esta balada era um tema bastante recorrente na época. Esta melodia está presente
em várias fontes entre os séculos 16 e 17 e nos manuscritos encontrados na Biblioteca His-
tórica Seeley da Universidade de Cambridge. Analisando, minuciosamente, Greensleeves foi
escrita em um estilo italiano de composição que só chegou à costa inglesa algum momento
depois da morte do monarca.
Veja, a seguir, uma imagem de uma extraordinária coleção de músicas que é mantida
hoje na British Library, em Londres; o chamado cancioneiro de Henry VIII. Esse livro contém
mais de 100 composições seculares de compositores contemporâneos, 33 dos quais foram
escritos pelo próprio rei.
No inventário do rei Henrique VIII (de 1547) estão registradas 76 flautas doces, entre ou-
tros instrumentos. O nobre inglês da Casa de Tudor possuía flautas doces de madeira, marfim
e algumas ornadas em prata e em ouro que, infelizmente, nunca foram encontradas.
Figura 4 Martius AGRICOLA (1486-1556): Musica instrumentalis deudsch (Wittenberg, 1528 e 1545).
Sabemos que o período Barroco (séculos 16-17) foi o ápice do desenvolvimento tonal
em certa oposição aos períodos anteriores, regidos pelo sistema modal. Os compositores usa-
ram harmonias e ornamentações musicais mais elaboradas para se expressar. Houve mudan-
ças na notação musical, e diferentes técnicas instrumentais surgiram graças ao aparecimento
de novos instrumentos.
Enquanto na Idade Média e na Renascença predominava a música vocal, no Barroco
houve grande desenvolvimento dos instrumentos. Assim, a música instrumental e a vocal co-
meçaram a caminhar juntas, pois, por volta do século 17, a primeira ópera foi criada. Esta
ópera L’Orfeo foi composta pelo italiano Cláudio Monteverdi, em 1607.
Com o desenvolvimento dos grupos instrumentais, foram se estabelecendo as formas
musicais; surgiram, então, os concertos grossos, sonatas, tocatas, fugas etc.
É importante destacar que foi no Barroco que surgiu o baixo contínuo – que pode ser
um instrumento mais grave, fazendo uma linha melódica de baixo cantante ou, também, uma
técnica de notação musical. Essa notação possui números inseridos em cima da nota do baixo,
indicando o tipo de acorde a ser tocado sobre ele. É, possivelmente, o primeiro tipo de cifra-
gem de acordes na história da música, tornando-se conhecido como baixo cifrado.
Foi nesse momento que surgiu, também, a figura do “virtuose”, ou seja, um músico com
grande destreza e habilidade na performance do instrumento.
Com isso, podemos entender que, no Barroco, a música vocal e a instrumental estão em
igualdade e harmonia.
Com a flauta doce não foi diferente. Ela foi completamente redesenhada para ser uti-
lizada como instrumento solista. Enquanto na Renascença a flauta era feita, na maioria das
vezes, de apenas um bloco (Figura 5), no Barroco, sua estrutura interna foi desenvolvida pelos
luthiers da época, passando a ser cônica e dividida em cabeça, corpo e pé.
Essa modificação resultou em melhor sonoridade, permitindo, assim, à flauta doce com-
petir com tantos outros instrumentos que tinham se desenvolvido.
Curiosidade
Desde o final da Renascença, vários foram os teóricos pela Europa que se debruçaram
sobre maneiras de aprimoramento da flauta doce.
Como exemplo, temos Michael Praetorius, compositor alemão que escreveu o tratado
Syntagma musicum (Wittenberg, 1615-1619). Trata-se de uma das obras mais importantes
da literatura teórico-musical. É um documento com três volumes, contendo informações va-
liosas para o estudo da evolução histórica do instrumento musical e retratando a constru-
ção de instrumentos estabilizados, que são instrumentos com pequenos ajustes para melhor
performance.
Na figura a seguir, podemos observar um grande grupo de flautas doces, possuindo 21
exemplares diferenciados. Confira:
No Barroco, a flauta doce passou, então, a ser solista, mas era possível encontrá-la tam-
bém em duos/duetos, concertos, sonatas e trio, podendo estar junto aos oboés, violinos, tra-
versos, violas, violas da gamba, fagotes etc.
A flauta está presente nas obras de grandes compositores da época como:
• óperas de Lully, Charpentier, Purcell e Handel (aqui aparecendo em sonatas e trio
sonatas).
• cantatas de Bach e nos concertos de Brandenburgo, números 2 e 4.
• concertos de Vivaldi.
• a exemplo do virtuosismo da flauta doce no barroco, G. P. Telemann, que, além de
tocar outros instrumentos, tocava e compunha para flauta doce, como bem descreve
Noara Paoliello (2007).
Músico francês, flautista e professor. Além de ser um compositor profícuo, escreveu também métodos nos quais
tratou de especificidades de instrumentos como o oboé, o traverso (instrumento anterior à atual flauta transversa)
e a flauta doce. Assim, em 1707, Hotteterre publicou o famoso tratado (método) “Principes de la flûte traversiere ou
flûte d’Allemagne, de la flûte à bec ou flûte douce, et du hautbois”. Seu método L’Art de préluder sur la flûte traver-
sière foi publicado em 1719. Nesses manuais, podemos encontrar diretrizes sobre: posição, embocadura, ataques
de língua, dedilhados e dedilhados para trinados e flattements (vibração de dedos) e ornamentação.
A seguir, veja a figura da mão de Hotteterre, indicando como seria uma boa postura para a execução da flauta
doce:
Figura 6 A) Cabeça e embocadura; B) Pé do instrumento; C) Mão esquerda em cima; D) Mão direita embaixo.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Estratégias de aprendizagem
Nota Ré3
Após os exercícios da Unidade 1 com a nota Mi3, vamos trabalhar a nota Ré3. Você está
pronto?
Para fazer essa nota, você deverá adicionar o dedo anelar da mão direita (furo 6) com o
indicador e o médio; além da mão esquerda, conforme demonstrado na figura a seguir:
Dica
É importante que você seja cuidadoso no ataque da nota, usando menos ar e menos som. Para isso,
recomendamos que você use a articulação “Gu”. O “Gu” permite que a glote se abra e o som saia
sem impedimentos. Soprando com menos intensidade nas notas graves, não haverá o risco de se
sobressaírem os harmônicos da flauta doce, ou seja, você não corre o risco de “apitar”. Experimente!
Pronto! Você conseguiu fazer a nota Ré3? Caso não tenha conseguido, não se preocupe.
Repita o exercício a partir da nota Mi3 até que esteja seguro e o som esteja bom. Para isso, é
importante que os dedos estejam vedando por completo os furos indicados.
Nota Dó3
Para fazer a nota Dó3, toda a flauta deverá ser fechada, de modo que sua mão esquerda
fique na parte de cima e a direita na debaixo. Você também deverá continuar usando a arti-
culação “Gu”.
Para compreender melhor, analise a figura a seguir:
Na imagem a seguir, você verá a proposta de alguns exercícios que contemplam as téc-
nicas estudadas até o momento.
É importante que você continue usando as articulações “Tu” e “Du” e, para notas graves,
lembre-se de fazer a articulação “Gu” para abrir a glote e facilitar a passagem do ar.
Trabalhe as células rítmicas com os ritornelos (signos musicais, indicados por dois pontos
nas barras duplas no início e término de compassos, para designar que os trechos entre eles
deverão ser repetidos).
Lembre-se: repetições bem feitas trarão sempre bons resultados.
Para as crianças, também é possível utilizar os exemplos da Figura 10, como imitação,
na qual o professor toca e os alunos trabalham os exercícios como repetição/eco. Vamos lá!
Viu como não é difícil? Um pouco de treino tudo e sairá perfeito. O segredo está em
praticar.
Sabemos que, na maioria das vezes, o professor de música, em uma escola regular, fica a
serviço de alguns eventos do calendário da instituição. Assim, Dia das Mães, Dia dos Pais, Pás-
coa, Natal etc. são acontecimentos que criam grandes expectativas e precisam de resultados
imediatos; e a maioria das escolas espera isso tudo do professor de música, com performances
que possam agradar e comover os pais e as famílias de seus alunos.
Precisamos tentar mudar esse consenso de esperar que o professor de música da escola
resolva todas essas questões e de maneira tão repentina, buscando reflexões com as direções
escolares, na tentativa de transformação dessa realidade. Temos o dever de esclarecer à co-
munidade de que esses eventos, quando não preparados com a devida atenção que merecem,
não musicalizam e apenas mascaram uma realidade, resultando, muitas vezes, em pequenos
espetáculos aquém do que se espera.
O professor de música deve cumprir seu papel em sua função e não ser responsável
apenas pelo calendário festivo da escola.
Caso seja impossível a mudança, é aconselhável escolher uma ou duas músicas da even-
tual apresentação, montando um arranjo para flauta doce e dividindo os alunos que farão o
acompanhamento na flauta e os demais, que farão as vozes e tocarão os demais instrumentos.
A seguir, ouça uma peça para flauta doce de Telemann, que foi um dos maiores compo-
sitores do final do barroco.
• BELLUGI, D. Telemann - Suite in A Minor TWV55:a2 (excerpts). Disponível em: <http://
www.youtube.com/watch?v=cl3ocdopidI&index=10&list=RDQkWijll4xJ4>. Acesso
em: 3 set. 2015.
Agora, ouça uma peça de Vivaldi, que, embora tenha sido escrita para flauto (traverso),
é muitas vezes interpretada pela flauta doce:
• SPINOSI, J. C. Spinosi: “La notte”, Vivaldi; 2000. Disponível em: <http://www.youtube.
com/watch?v=qnIB_BDPU_w>. Acesso em: 03 set. 2015.
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
1) Na Idade Média, onde as flautas eram mais presentes?
a) Na igreja.
b) Nos palácios.
c) Nas escolas.
d) Com menestréis, saltimbancos e trovadores.
2) Em qual período da História da Música, as flautas doces como família (consortes) apareceram?
a) na Antiguidade.
b) na Idade Média.
c) na Renascença.
d) no Barroco.
Gabarito
Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões autoavaliativas propostas:
1) d.
2) c.
3) d.
4) c.
5) c.
5. CONSIDERAÇÕES
Chegamos ao final de mais uma unidade. Esperamos que você tenha aproveitado as
informações e que já esteja executando bem alguns exercícios e peças para a flauta doce.
Caso você já trabalhe em uma escola e tenha a flauta doce como disciplina, como agente
de informação, seja um agente transformador dos conceitos equivocados em relação a esse
instrumento.
6. E-REFERÊNCIAS
Sites pesquisados
BOULLAN. Quadros de Henrique VIII. Disponível em: <http://boullan.org/2011/07/14/quadros-de-henrique-viii/>. Acesso em:
15 set. 2015.
CALLEGARI, P. A. A produção científica brasileira sobre a flauta doce e a tradução para o português de tratados históricos. In:
XXIII CONGRESSO DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM MÚSICA. Anais eletrônicos... Natal, 2013.
Disponível em: <http://www.anppom.com.br/congressos/index.php/23anppom/Natal2013/paper/viewFile/2385/481>.
Acesso em: 3 set. 2015.
GROSSMANN, C. M. V. A flauta doce historicamente informada. Ribeirão Preto: USP, 2011. Disponível em: <http://www.eca.
usp.br/mobile/portal/publicacoes/VILLAVICENCIO_A_Flauta_Doce_Ouvirouver_2011.pdf>. Acesso em: 3 set. 2015.
NÚCLEO VILLA LOBOS DE EDUCAÇÃO MUSICAL. Você sabe por que a flauta doce tem esse nome? Disponível em: <http://www.
nucleovillalobos.com.br/blog/voce-sabe-porque-a-flauta-doce-tem-esse-nome-conheca-a-historia-deste-instrumento/>.
Acesso em: 8 set. 2015.
PAOLIELLO, N. O. A flauta doce e sua dupla função como instrumento artístico e de iniciação musical. UFERJ, Rio de Janeiro,
2007. Monografia. Disponível em: < http://www.domain.adm.br/dem/licenciatura/monografia/noarapaoliello.pdf>. Acesso
em: 22 set. 2015.
RECORDER HOMEPAGE. Medieval Period. Disponível em: <http://www.recorderhomepage.net/history/the-medieval-
period/>. Acesso em: 8 set. 2015.
WIKIPÉDIA. Flauto dolce. Disponível em: <http://it.wikipedia.org/wiki/Flauto_dolce>. Acesso em: 8 set. 2015.
YOU TUBE. A História da Música – Da Grécia antiga ao Barroco – Parte 1. Disponível em: <http://www.youtube.com/
watch?v=7qS8w943JI0>. Acesso em: 24 jun. 2014.
YOU TUBE. Estudo de flauta doce. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=4ANKs4FFBlQ>. Acesso em: 24 jun.
2014.
YOU TUBE. Música no Renascimento. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=AzCvnVzXP8I>. Acesso em: 24 jun.
2014.
Lista de Figuras
Figura 1 Ritratto di giovane uomo con flauto (1525). Disponível em: <https://it.wikipedia.org/wiki/Giovanni_Gerolamo_
Savoldo>. Acesso em: 26 ago. 2015.
Figura 2 Henrique VIII, por Hans Holbein, o Jovem, século 16. Disponível em: <http://boullan.org/2011/07/14/quadros-de-
henrique-viii/>. Acesso em: 27 ago. 2015.
Figura 3 Henry VIII Songbook. Disponível em: <http://www.musicteachershelper.com/blog/king-henry-the-viii-musician-and-
composer/>. Acesso em: 27 ago. 2015.
Figura 4 Martius AGRICOLA (1486-1556): Musica instrumentalis deudsch (Wittenberg, 1528 e 1545). Disponível em: <http://
www.helciomuller.mus.br/historico.html>. Acesso em: 27 ago. 2015.
Figura 5 Michael PRAETORIUS (c.1571-1.621): Syntagma musicum (Wittenberg, 1615-19). Disponível em: <www.helciomuller.
mus.br/historico.html>. Acesso em: 28 ago. 2015.
Figura 6 A) Cabeça e embocadura; B) Pé do instrumento; C) Mão esquerda em cima; D) Mão direita embaixo. Disponível em:
<http://www.helciomuller.mus.br/>. Acesso em: 28 ago. 2015.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
HUNT, E. The recorder and its music. London: Ernst Eulenburg, 1977.
PROSSER E. S. Vem comigo tocar flauta doce: manual para flauta doce soprano. Brasília: Musimed, 1995. v. 1.
SADIE, S. Dicionário Grove de Música – Edição Concisa. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1994.
VIDELA M., AKOSCHKY J. A. Iniciación a la flauta dulce. Tomo l. Buenos Aires: Ricordi, 2005.
Objetivos
• Compreender o período de ostracismo da flauta doce dentro da história da Música.
• Estudar novos métodos, notas e digitações (posições).
• O surgimento da flauta germânica.
• Assimilar as diferenças da nota Fá entre as flautas doces barroca e germânica.
• Conhecer a escala de Dó Maior, arpejos e tabela completa de posições na 1ª oitava.
Conteúdos
• O ostracismo da flauta doce em determinado momento da história da Música.
• A diferença entre as flautas doces barrocas (também chamadas de inglesas) e as flautas doces germâni-
cas: o equívoco da quarta nota.
• Digitação, técnicas e canções com a nota Fá.
• Escala de Dó Maior: arpejos e técnicas.
• Canções folclóricas e canções populares.
• Os agudos nas notas Mi e Fá.
• Bons métodos para aprofundamento.
• Reflexão: como contornar e gerir espaços inadequados das salas de aula de nossas instituições, para uma
prática satisfatória da flauta doce?
2) Observe atentamente a diferença entre as flautas barrocas e as flautas germânicas e procure descobrir a qual
sistema pertence a sua flauta.
3) Faça todos os exercícios propostos com calma, observando a técnica de digitação, sonoridade e articulação.
4) Caso você já toque a flauta doce, execute também todas as melodias de segunda voz que aparecem no de-
correr do material.
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© INSTRUMENTO MUSICALIZADOR – FLAUTA DOCE
UNIDADE 3 – FLAUTA DOCE NA HISTÓRIA; SISTEMAS BARROCO E GERMÂNICO; MÉTODOS E TÉCNICAS
1. INTRODUÇÃO
Além de navegarmos um pouco mais pela história da Música, tendo como fio condutor
a flauta doce, elucidaremos a razão da ausência desse instrumento em determinada época da
história.
Nesta unidade, você aprenderá as diferenças, igualdades, facilidades e dificuldades dos
dois sistemas de digitação: barroco e germânico. Aprenderá, também, o que ocasionou essas
duas possibilidades.
Como você já tem o conhecimento de todas as notas da Escala de Dó Maior, passaremos
a usá-la para novos exercícios e técnicas.
Se analisarmos a história da flauta doce, perceberemos que não há, efetivamente, com-
posições para o instrumento entre o final do Classicismo (século 18) e o final do Romantis-
mo (século 19). Isso se dá porque, inicialmente, as apresentações musicais eram feitas em
residências particulares, salas e espaços menores como os quartos, chamados de câmara ou
chambre; daí o nome “música de câmara”.
No século 18, devido ao aumento das orquestras e audições, as salas de concerto co-
meçaram a ficar maiores e mais lucrativas segundo Hunt (1977). Como a flauta doce possui
um som delicado e de volume diminuto, ela é ideal para lugares menores, pois é incapaz de
trabalhar grandes dinâmicas. Por isso, os compositores da época deixaram de escrever para
esse instrumento. O que podemos perceber é que os instrumentos de maior volume foram
priorizados, pois eram capazes de encher sonoramente espaços mais amplos como as novas
salas de concertos, por exemplo.
Curiosidade
A flauta doce é um instrumento de pouca dinâmica, ou seja, não há grande mudança na sua in-
tensidade sonora. Devido à sua estrutura, ela não comporta sons muito “fortes” ou muito “fracos”,
“crescendos” e “diminuendos”. Assim, a dinâmica é conquistada muito mais pelas articulações e
intensões, do que pela grande variação de intensidades do ar.
A flauta doce foi desenvolvida antes do grande uso do vibrato pela história da Música e, por isso,
vibrar ao executar flauta doce, como é o vibrato na flauta transversal, evidencia pouco conhecimento
de técnica e pouco bom gosto. O vibrato consiste no efeito resultante da oscilação do som e deve
ser usado apenas nas notas de final frase.
Já os grandes vibratos poderão ser usados apenas nas técnicas contemporâneas desse instrumen-
to.
Figura 1 J. Haydn.
Você já percebeu que não encontramos flautas doces em uma orquestra sinfônica? Isso
ocorre porque, por volta de 1750, ela praticamente desapareceu do repertório de qualquer
compositor (HUNT, 1977 apud PAOLIELLO, p. 17). Como vimos anteriormente, a pouca sonori-
dade desse instrumento foi um dos maiores fatores para que ele sumisse do cenário musical,
pois não pôde concorrer com a potência sonora dos que estavam surgindo.
Agora que você já compreendeu o porquê do ostracismo da flauta doce em composições
entre o final do Classicismo e o final do Romantismo, já está preparado para conhecer dois
importantes conceitos a respeito desse instrumento. Vamos lá!
Você já deve ter escutado, em algum momento, a nomenclatura usada para diferenciar
as flautas como flautas doces “barrocas” e “germânicas”. Veja o porquê desse desdobramento.
Desde a sua concepção, e por questões de afinação, a flauta doce tem uma digitação
para a quarta nota em forma de forquilha, ou seja, apenas o dedo médio levantado. Assim,
uma forquilha é formada pelo dedo indicador, dedo anular e o dedo mínimo.
A flauta doce começa a retornar ao cenário musical no final do século 19. Segundo
Lander, quando aconteceu o ressurgimento desse instrumento, na Alemanha, houve um mo-
vimento musical, alinhado ao da juventude alemã, chamado “Movimento alemão da flauta
doce”; e foi Peter Harlan (1898-1966) que, acreditando num instrumento descomplicado e
satisfatório para se fazer música sem compromissos maiores, apostou na flauta doce.
Em determinado momento, aconteceu um problema porque, sem conhecer a técnica
e as digitações do instrumento barroco, Harlan cometeu um equívoco; ao tentar tocar com o
dedilhado da quarta nota sem forquilha (como na Figura 4), ele se deparou com uma afinação
diferente. Possivelmente, fez a mesma posição usada para a 4ª nota em instrumentos como
oboés, clarinetes, saxofones etc. (usando apenas o dedo indicador).
Para tentar “corrigir” equivocadamente a afinação, Peter Harlan modificou a furação,
apenas utilizando o dedo indicador da mão direita. Nasceu, então, a famigerada flauta doce
germânica.
Segundo Hunt (1977, p. 131), “este erro estúpido foi o começo das flautas ‘com dedilha-
do germânico’, que são ainda fabricadas em grande escala e podem ser encontradas em lojas
de todo o mundo. Exceto, felizmente, na Inglaterra”.
Assim, as flautas germânicas não são bem vistas entre os verdadeiros flautistas; “elas
possuem um grande problema de afinação, pois, ao tentar “facilitar” a passagem da quarta
nota, as outras ficaram desreguladas” (PAOLIELLO, 2007, p. 20). As demais escalas do instru-
mento, os dedilhados e afinações foram também comprometidos.
Essas flautas, especialmente no Brasil, infelizmente, são muito utilizadas por professores
e instituições educacionais que desconhecem o fato.
Agora você já sabe como é a digitação da nota Fá3 para flautas doces barrocas e flautas
germânicas. Caso não haja planos de trocá-las em tempo oportuno, é importante que você
tome consciência desse instrumento equivocado.
Procure conscientizar seus alunos sobre esse erro histórico que envolve a flauta doce e,
se possível, trabalhe sempre com a flauta doce barroca.
A figura a seguir mostra a diferença na furação do sistema barroco e do germânico. Os
furos acima dos duplos na flauta barroca são Maior e menor sucessivamente, diferente da
germânica que são menor e Maior.
Curiosidade
É possível encontrar, na maioria das flautas, especialmente, nas que são feitas em acetato, uma
letra identificadora do sistema que fica acima do furo de trás. Por exemplo, para indicar o sistema
barroco, ela vem identificada com a letra B e para indicar o sistema germânico, a letra G. Veja os
exemplos na figura a seguir:
Figura 6 Letra B (flauta da esquerda) e letra G (flauta da direita) para identificar o sistema correspondente, em
cima dos furos de trás das flautas.
Estratégia
• Dó3= feche toda a flauta;
• Fá3 barroco = levante o dedo médio da mão direita;
• Fá3 germânica = levante os dedos médio, indicador e mínimo da mão direita
Você conseguiu? Vamos realizar um exercício para praticar.
Exercício 1
Na figura a seguir, veja quatro exercícios extraídos do livro Iniciación a la flauta dulce, de
Videla/Akoschky, com os quais você treinará efetivamente a nota Fá.
Estratégia
• Faça a nota Dó3, fechando toda a flauta;
• Na flauta barroca, levante o dedo médio da mão direita;
• Na flauta germânica, levante os dedos médio, anular e mínimo da mão direita.
Pronto! Aí está a nota Fá. Você está tendo dificuldade? A seguir, trabalhe mais um exer-
cício para consolidar sua prática.
Exercício 2
Elisabeth Prosser, no seu livro Vem comigo tocar flauta doce (1995), propõe um exercício
entre as notas Fá3 e Dó3. Veja na Figura 9 como fica fácil conseguir a nota Fá3 a partir da nota
Dó3, especialmente para as flautas barrocas (primeira voz).
A seguir, pratique mais alguns exercícios que priorizam a nota Fá3, juntamente com ou-
tras notas. Observe como eles usam a estratégia de diálogos entre as vozes (professor-aluno
ou aluno-aluno); observe, também, como podem ser usadas as flautas, as vozes e as pequenas
percussões, formando, assim, um conjunto. Esse tipo de exercício é ótimo para se trabalhar
em sala de aula.
Exercício 3
Exercício 4
Para maior apreensão da técnica das notas Dó3 e Fá3, siga um novo grupo de exercícios,
entre Dó3 e Sol3.
Exercício 5
Na canção folclórica a seguir, Pirulito que bate-bate, treine todas as notas já estudadas,
inclusive o Fá3. Aproveite!
Exercício 6
Estratégia
Caso você tenha um metrônomo, inicialmente, toque 4 tempos para cada nota da escala.
Exercício 7
Exercício 8
Exercício 9
Exercício 10
Canções Folclóricas
Para que você possa treinar ainda mais a execução da flauta, selecionamos algumas can-
ções bem conhecidas do folclore nacional que poderão ser tocadas nas notas da 1ª escala da
flauta doce, bem como as células rítmicas já vistas. Aproveite!
Figura 18 O pião.
Estratégia
Para conseguir um bom agudo na flauta doce, você precisará fazer uma abertura mínima
de polegar no furo de trás, associada a um ataque mais preciso e vigoroso (soprando/atacando
um pouco mais), conforme exemplificado na figura a seguir.
Dica
As unhas curtas facilitam a técnica dos agudos. Procure sempre usar um pouco da unha do polegar
para fazer a pequena abertura no furo de trás da flauta doce e perceba a diferença!
Estratégia
Treine as notas agudas a partir da mesma nota grave. Por exemplo, para o Mi4, faça o
Mi3 e flexione o Polegar abrindo pequena fenda no orifício de trás.
A seguir, a partir do “Metodo completo para flauta dulce contralto” (VIDELA, 1974), va-
mos caminhar do Dó4 ao Mi4. Comece bem devagar, priorizando a sonoridade.
A canção folclórica “Escravos de Jó” é ótima para treinar a nota Mi4. Aproveite!
Já para a nota Fá4 da flauta germânica, faça a mesma posição do Fá3 (grave), mas com
uma pequena abertura do furo de trás, conforme o exemplo a seguir.
A próxima estratégia será para alguns exercícios com as notas Fá3 (grave) e Fá4 (agudo)
e para trabalhar, também, as 8ªs.
Estratégia
Repita várias vezes a técnica apresentada a seguir para aprimorar sua prática e se prepa-
rar melhor para os novos exercícios.
Exercícios
Estratégia
• Toque lentamente nas primeiras vezes.
• Aumente, progressivamente, a velocidade.
• Caso tenha um metrônomo, use-o para seus estudos.
Na canção Edelweiss, você poderá usar o Fá4 – agudo.
Figura 33 Edelweiss.
Estratégia
Assim como você fez nos exercícios anteriores, faça o Sol4 a partir de sua 8ª abaixo
(Sol3); somente o seu polegar se moverá na pequena abertura do furo de trás.
Neste momento, provavelmente, você já está apto a tocar as três notas agudas apresen-
tadas. Caso ainda não se sinta apto, não hesite: pratique. Retome os exercícios indicados até o
momento para que sua execução seja perfeita.
Na canção a seguir, você poderá trabalhar as notas Mi4, Fa4 e Sol4. Aproveite, também,
para trabalhar a escala de Dó Maior e as notas Ré4, Mi4 e Sol4. Vamos lá?
Como contornar e gerir os espaços inadequados das salas de aula de nossas instituições
para uma prática satisfatória de um instrumento?
A realidade atual da maioria de nossas escolas, sob todos os aspectos, é muito preocu-
pante. Há tempos a educação no nosso país já não é mais tratada com a merecida prioridade.
É possível sentir, nos dias atuais, os resultados disso, pois vemos que a maioria das instituições
não possui suporte para as aulas de música.
No entanto, podemos ser agentes transformadores nas nossas “células” educacionais.
Você deve estar se perguntando: “Mas como posso ser um agente transformador?”
Pode ser mais simples do que você imagina. Trabalhar a flauta doce em grandes grupos
em uma sala inadequada, como na maioria das vezes acontece, é desfavorecedor. Entretanto,
ao trabalhar com turmas grandes, por exemplo, você pode separá-las em grupos, nos quais
alguns alunos toquem a flauta, outros cantem, outros usem percussões e outros instrumentos
adicionais que a escola possua.
Outra ideia é confeccionar instrumentos de sucata, que são ótimas opções para os tra-
balhos didáticos.
Os rodízios também são uma boa opção, pois garantem que todos os alunos possam
participar de todos os grupos; assim, o trabalho torna-se mais dinâmico, eficiente e prazeroso,
trazendo resultados satisfatórios, capazes de despertar alegria de executar uma música bem
feita. Para que tudo isso seja uma realidade, lembre-se sempre de afinar as flautas no início
da aula. Não se esqueça também de trabalhar “notas longas” no início de cada atividade. Essa
estratégia certamente resultará em boa sonoridade, equilíbrio de afinação, aumento da capa-
cidade respiratória e percepção holística.
Assim, para as notas longas a proposta seria: para cada nota, conte 4 tempos, com semí-
nima em 60’. Experimente!
2.8. COMO USAR A FLAUTA DOCE COM OUTROS INSTRUMENTOS – USO DA FLAUTA EM
GRUPOS
A flauta doce é um instrumento de som delicado, e, por isso, é importante ter atenção
para sua execução com outros instrumentos. Violinos, oboés, flautas transversais e baixos con-
tínuos sempre fizeram bons acompanhamentos para a flauta.
Dentro das salas de aula, dificilmente você terá de trabalhar com instrumentos de or-
questra, mas poderá trabalhar uma orquestra dentro da própria família da flauta, como duos,
trios, quartetos etc. Soa bem com vozes humanas, violão, piano e percussões delicadas, per-
cussão corporal, sem se esquecer dos instrumentos de sucata que poderá construir com seus
alunos, conforme mencionado anteriormente.
Observe, a seguir, alguns exercícios do livro ”Iniciación a la flauta dulce” (VIDELA, 2005).
Há sempre uma linha para flauta doce, uma canção (letra), que pode ser a mesma da
flauta e percussões leves diversas. Os instrumentos harmônicos, como violão, teclado/piano,
acordeons etc. são bem-vindos neste grupo.
Você já tem uma boa noção da flauta doce até o momento. Que tal conhecer mais a
fundo sobre alguns métodos para flautas doces soprano e contralto que poderão auxiliar nos
seus estudos?
Alguns dos métodos indicados a seguir inclusive fizeram parte de seus estudos até aqui,
mas é necessário que você pesquise mais sobre eles, a fim de aprofundar seus conhecimentos
e praticar ainda mais. Aproveite!
• GIESBERT, F. J. Method for the recorder. London, 1975 (trata-se de um método para
flauta contralto).
• MONKEMEYER, H. Metodo para tocar flauta doce soprano. São Paulo: Editora Ricordi
Brasileria, 1976. (Livro usado para alunos com maior conhecimento da técnica. Embo-
ra muito usado, não tem boa graduação didática).
• PROSSER E. S. Vem comigo tocar flauta doce: manual para flauta doce soprano. Bra-
sília: Musimed, 1995. v. 1. (Este é um método de iniciação, especialmente para crian-
ças, podendo ser usado, também, para adultos iniciantes).
• VIDELA, M.; AKOSCHKY, J. Iniciación a la Flauta Dulce. Buenos Aires: Ricordi, 2005.
Tomo I. (Embora esteja em espanhol, é um método que apresenta didática coerente,
com treinamentos que usam repetições, ecos, diálogos etc. Neste método há, tam-
bém, a possibilidade de se trabalhar a flauta doce com o canto e a percussão).
As três obras indicadas a seguir não apresentam técnicas, mas pequenas canções com
duetos para treino. Desfrute!
• FRANK, I. M. Método para flauta doce soprano. São Paulo: Ricordi do Brasil, 2004.
• MAHLE, M. A. Primeiro caderno de flauta-block. Rio de Janeiro: Irmãos Vitale, 1959.
• TIRLER, H. Vamos tocar flauta doce – 38 Canções Brasileiras. São Leopoldo: Sinodal,
1992. v. 1.
Nos links indicados a seguir, você poderá ver algumas performances memoráveis, tendo
a flauta doce como instrumento principal. Aproveite!
• CHRISTINA CONCOURS. Lucie Horsch Nationale Finale 2012 Prinses Christina Concours.
Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=Pci9-ypf7oM>. Acesso em: 18
set. 2015.
• EDUCASOCI. Classicismo. Disponível em: <http://www.youtube.com/
watch?v=Mk9ZXH4MgDg>. Acesso em: 18 set. 2015.
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
1) Por que, em certo momento da história, os compositores não escreveram mais para a flauta doce?
a) Por exclusiva falta de interesse pelo instrumento.
b) Pela fase pouco inspiradora.
c) Porque a flauta doce nunca foi considerada instrumento.
d) Porque, com a criação da sinfonia e dos instrumentos mais sonoros, o som aveludado do instrumento
desaparecia com a nova massa sonora.
Gabarito
Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões autoavaliativas propostas:
1) d.
2) c.
3) c.
4) b.
5) c.
5. CONSIDERAÇÕES
Chegamos ao final da Unidade 3. Agora, você já é capaz de tocar a escala de Dó Maior e
algumas notas agudas. Com isso, já tem condições de tocar várias canções do repertório musi-
cal em geral, além de conhecer, também, a diferença entre as flautas barrocas e as germânicas.
É importante que você faça uma pequena reflexão sobre o uso equivocado das germânicas nas
nossas escolas.
Contamos com o seu comprometimento em relação às diretrizes oferecidas, para que
possa haver um bom desenvolvimento e habilidades satisfatórias.
6. E-REFERÊNCIAS
DAMIÃO, R. flauta doce. Disponível em: <http://pt.scribd.com/doc/27609153/Prof-Romero-Damiao-Flauta-Doce>. Acesso
em: 21 set. 2015.
GROSSMANN, C. M. V. A flauta doce historicamente informada. Ribeirão Preto: USP, 2011. Disponível em: <http://www.eca.
usp.br/mobile/portal/publicacoes/VILLAVICENCIO_A_Flauta_Doce_Ouvirouver_2011.pdf>. Acesso em: 21 set. 2015.
LANDER, S. N. A História da flauta doce. Disponível em: <http://www.aflauta.com.br/recorder/histdoce02.html>. Acesso em:
21 set. 2015.
PAOLIELLO, N. O. A flauta doce e sua dupla função como instrumento artístico e de iniciação musical. UFERJ, Rio de Janeiro,
2007. Monografia. Disponível em: <http://www.domain.adm.br/dem/licenciatura/monografia/noarapaoliello.pdf>. Acesso
em: 22 set. 2015.
WEICHSELBAUM, A. S. Flauta doce em um curso de licenciatura em música: entre as demandas da prática musical e das
propostas pedagógicas do instrumento voltadas ao Ensino Básico. Porto Algre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul,
Instituto de Artes, Programa de Pós-Graduação em Música, 2013. (Tese de Doutorado em Música). Disponível em: <http://
www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/71789/000879780.pdf?sequence=1>. Acesso em: 21 set. 2015.
Lista de Figuras
Figura 1 J. Haydn. Disponível em: <http://www.classical.net/music/comp.lst/haydnfj.php>. Acesso em: 9 set. 2015.
Figura 2 Orquestra sinfônica. Disponível em: <http://tvcultura.cmais.com.br/classicos/home/orquestra-sinfonica-da-bbc-1>.
Acesso em: 9 set. 2015.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SADIE, S. Dicionário Grove de Música. Tradução: Eduardo Francisco Alves. Rio de Janeiro: Zahar, 1994.
GROUT, D. J. E.; PALSICA, C. V. História da Música Ocidental. Lisboa: Gradiva, 1994.
HUNT, E. The recorder and its music. London: Ernst Eulenburg, 1977.
MONKEMEYER, H. Metodo para tocar la flauta dulce soprano – flauta doce solo. São Paulo: Editora Ricordi, 1985.
VIDELA, M.; AKOSCHKY, J. Iniciación a la flauta dulce. Buenos Aires: Ricordi Argentina, 2005. v. 2.
PROSSER, E. S. Vem comigo tocar flauta doce: manual para flauta doce soprano. Brasília: Musimed, 1995. v. 1.
VIDELA, M. A. Metodo completo para flauta dulce contralto. Ricordi. Tomo I, Buenos Aires, 1974
Objetivos
• Compreender a flauta doce nos dias atuais, após séculos de transformações e performances.
• Conhecer as flautas modernas.
• Conhecer a história da flauta doce no Brasil.
• Trabalhar novas escalas com seus acidentes e associá-las aos conteúdos já vistos.
Conteúdos
• O ressurgimento da flauta doce no final século 19 e sua nova função: como instrumento musicalizador – a
chegada do instrumento no Brasil.
• A escala de G – a nota Fá# grave e Fá# agudo
• A escala de F – a nota Si bemol
• A escala de D – as notas Dó# e Fá#
• Tabela completa de digitação.
• Flautas doces modernas e compositores contemporâneos.
• Peças para estudo.
• Reflexão: como trabalhar e criar pequenos arranjos para flauta doce e instrumentos convencionais/não
convencionais?
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© INSTRUMENTO MUSICALIZADOR – FLAUTA DOCE
UNIDADE 4 – O RESSURGIMENTO DA FLAUTA DOCE NO FINAL DO SÉCULO 19: NOVAS TÉCNICAS
1. INTRODUÇÃO
Você está preparado para iniciar sua última unidade de estudo?
Finalizaremos esta breve incursão pelo mundo da flauta doce conhecendo as digitações
para novas escalas, os sustenidos (#) e bemóis (b).
Falaremos, também, do ressurgimento desse instrumento e sua nova função: como ins-
trumento musicalizador, além de performático. Da mesma forma, trataremos das flautas
modernas e seus compositores contemporâneos.
Vamos lá?
Após a ausência da flauta doce no cenário musical entre o final do Classicismo e todo o
Romantismo, ocorrido pelas transformações das salas de concerto e instrumentos de poten-
cialidades sonoras maiores, Lander (2000) informa-nos que o ressurgimento da flauta acon-
tece no final do século 19, quando foram reunidas coleções de instrumentos musicais antigos
de museus e o interesse pela música pré-clássica. Assim, no final do século 19, um grupo do
Conservatório de Bruxelas apresenta uma Sinfonia Pastorale do Eurydice de Jacopo Peri execu-
tada com flauti dolci numa exposição de instrumentos. Na Inglaterra, pesquisas e conferências
já chamavam a atenção para a flauta doce nos círculos musicais.
Com algumas divergências, atribui-se o ressurgimento da flauta doce ao francês Arnold
Dolmetsch (1858-1940), um fabricante de instrumentos. Dolmetsch estudou música no Con-
servatório de Bruxelas e lá teria entrado em contato com instrumentos musicais antigos. Mu-
dou-se para a Inglaterra com a família para avançar nos estudos da música antiga.
Como tinha adquirido, em 1905, uma flauta Bressan original, ele possivelmente fez algu-
mas modificações, criando, assim, uma flauta moderna de sonoridade diferenciada. A partir
disso, fez cópias do instrumento para sua família e integrantes do seu círculo musical. Muitas
dessas pessoas, personalidades conhecidas da época.
Dessa forma, a flauta doce teria voltado com efetividade ao cenário da música e foi dado
início à fabricação das réplicas de flautas doces.
ras, quadro com pautas, instrumentos de apoio e cadeiras apropriadas, por exemplo. Fatores
como esses tornam, muitas vezes, o ensino da flauta doce desestimulante para nossos alunos.
Além disso, podemos perceber que a flauta doce, por ser um instrumento que pode ser
facilmente manipulado e com emissão sonora facilitada, tem a probabilidade maior de ser mal
executada. Pela característica facilitadora, há muita gente que, tocando mal, acredita que es-
teja executando o instrumento em todas as suas possibilidades. Isso pode criar a impressão de
que a qualidade musical é desnecessária para a flauta doce, gerando conceitos equivocados.
Por isso, este estudo tem o objetivo de desmistificar essa opinião quase geral, trazendo
informações, reflexões e opções para um trabalho de qualidade.
Agora que você estudou um breve histórico do ressurgimento da flauta doce e seu uso
como instrumento musicalizador, sua história no Brasil, e já tem uma boa bagagem de estudo
de técnicas nas unidades anteriores, você já está apto a aprender novas técnicas. Vamos lá?
Escala de sol maior (G) – Fá# grave e agudo para flautas barroca e germânica
Na escala de G, temos o Fá#. Aqui você pode começar a observar os primeiros problemas
da flauta germânica; perceba como as notas Fá# agudo e grave são mais complexas.
Importante!–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Percebeu como acaba se tornando mais difícil este exercício na germânica? Daí a importância de tudo o que dis-
cutimos até agora, sobre o uso da flauta doce barroca com os alunos.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Treino do Fá#
Como se sentiu neste treino? Foi difícil? Não tenha pressa. Pratique bastante até atingir
o som ideal. Somente quando se sentir preparado, dê continuidade nas próximas escalas desta
unidade. Não se esqueça de usar as articulações TU e DU!
Treino do Bb
Fique atento!–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Observe que no Dó# grave, o dedo mínimo fechará apenas um dos buracos.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Para facilitar a observação e aprofundar o seu treino da digitação das notas, acesse o link:
• A FLAUTA. Tabela de digitação Yamaha. Disponível em: <http://www.aflauta.com.br/recorder/fingeryamaha.
jpg>. Acesso em: 23 set. 2015.
Além disso, você também poderá treinar a digitação das notas na flauta doce barroca no link:
• YAMAHA. Digitação de notas. Disponível em: <http://br.yamaha.com/pt/music_education/flutes/institucional/
notes/>. Acesso em: 23 set. 2015.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Vários construtores têm criado flautas modernas com maior sonoridade e alcance. Al-
gumas delas são até mesmo eletrificadas. A seguir, você poderá conferir alguns modelos de
flauta doce modernos.
Figura 12 Flautas Quadradas ou Square Recorders (a flauta baixo de corpo quadrado de Herbert Paetzold).
Flauta Eagle
É uma flauta contralto, com uma chave para alcançar a nota Mi grave. Este modelo tem
um som muito potente.
A seguir, você terá um pequeno exercício e alguns exemplos de canções que já está apto
a executar. Aproveite este momento para pôr em prática todo o conteúdo estudado.
Lembre-se de que a prática constante garantirá a emissão do som ideal. Caso tenha di-
ficuldade, reveja os conteúdos estudados até o momento. Comece devagar e se possível, use
um metrônomo. E use sempre as articulações!
Nos exercícios indicados a seguir, do livro “Minha Doce Flauta Doce”, de Mário Mascare-
nhas (1977), você poderá trabalhar dentro do campo harmônico das tonalidades de C, F, G e D.
Fique atento!–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Preste sempre atenção às novas notas com sustenidos e bemóis.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Agora que você já conquistou habilidades necessárias para tocar a canção “Asa Branca”
por completo, treine novamente. E não esqueça das articulações.
Figura 19 Greensleeves.
Para esta Unidade 4, fica a seguinte reflexão: Como usar a flauta doce com outros instru-
mentos (em grupos)?
No método ”Iniciación a la Flauta Dulce“ (AKOSCHKY; M. VIDELA, 2005), uma das obras
indicadas neste estudo para seu aprofundamento, há vários exemplos de pequenas peças e
jogos musicais, nos quais a flauta é trabalhada com voz, outras flautas e percussões. Veja al-
guns exemplos deste método:
Que tal usarmos uma canção folclórica brasileira para criar um pequeno arranjo musical
com duas flautas e instrumentos afins? Use a sua imaginação e a faça soar bem dentro de um
grupo musical. Agora é a sua vez de trabalhar com seus alunos!
A seguir, leia o relato de uma experiência pessoal da autora Professora Marialba Matos
de Castro sobre a criação de um grupo musical de flautas doces e outros instrumentos, ini-
cialmente com o intuito de ser um grupo de estudos, mas que, com o tempo, tornou-se um
sucesso nos palcos do país, inclusive no exterior. Confira!
Relato da autora
Em 1992, criei em Minas Gerais um grupo de flautas doces, atendendo, assim, a um elenco comprometido de alu-
nos que queriam trabalhar a performance do instrumento. A proposta inicial era apenas didática, ou seja, fazer um
repertório de música antiga (música medieval, renascentista, barroca), para a imersão nessa sonoridade exótica.
Eram, no início, cerca de seis integrantes. Assim que foi criado, ele já teve um nome – LEBIZARRE ECCENTRIX
– grupo para flautas doces e instrumentos afins. O grupo foi tomando fôlego, apresentando-se e chamando a
atenção por onde passava. Com isso, flautistas e outros instrumentistas que se tornaram admiradores do trabalho,
somaram-se ao grupo.
Muito tempo depois, já estamos na 11ª geração, tendo passado pelo LEBIZARRE mais de 250 alunos, entre flau-
tistas, cantores, cravistas, violistas, violinistas, percussionistas, pianistas, violonistas, bailarinos, poetas e tantos
outros. Muitos desses integrantes, seguiram uma carreira de sucesso no Brasil e Europa. O repertório se estendeu,
e hoje, além de trabalharmos a música antiga, caminhamos sob a estética da música negra e música modal.
Atualmente, tratado apenas como LEBIZARRE, o grupo tem uma rica história, registrada em DVD, CDs, trilhas de
filmes, festivais etc., e se apresenta em salas de concerto, teatros, escolas e bibliotecas, levando a sonoridade rica
da música antiga, étnica e negra, pelos lugares por onde passa.
Sinto que o mais importante disso, é observar que o grupo LEBIZARRE consegue seu objetivo a cada geração ou
seja, musicalizar usando a flauta doce amalgamada a outros instrumentos, gerando uma sonoridade diferenciada,
mudando paradigmas e encantando espectadores.
Para conhecer mais sobre esse trabalho, visite o LEBIZARRE, acessando o link disponível em: <http://www.
facebook.com/grupolebizarre>. Acesso em: 12 nov. 2015.
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Você aprendeu nesta unidade que alguns construtores criaram flautas modernas com
muita potência sonora e de tipos variados, inclusive, elétricas. Para se aprofundar mais sobre
esse assunto, acesse os links indicados a seguir:
• ADRIANA BREUKINK. Homepage. Disponível em: <http://www.adrianabreukink.com/
Home.html>. Acesso em: 23 set. 2015.
3.2. FRULLATO
Você viu neste estudo o frullato, um tipo de articulação diferenciada que é usada na in-
terpretação da música moderna e contemporânea da flauta doce. Observe, a seguir, Michala
Petri (uma das maiores dulcistas da atualidade) tocando uma flauta doce sopranino e utilizan-
do esse efeito.
• MICHALA PETRI. Mads Doss. Disponível em: <http://www.youtube.com/
watch?v=GlF7dJLt1PY>. Acesso em: 26 ago. 2015.
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
1) Quando surgiu a primeira flauta soprano de acetato?
a) No auge do instrumento, ou seja, no Barroco.
b) No Romantismo.
c) No final do século 19, quando houve o ressurgimento do instrumento.
d) Após a 2ª Guerra Mundial, pois houve escassez de matéria prima para flautas de madeira e, assim, criaram
as de plástico-acetato.
Gabarito
Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões autoavaliativas propostas:
1) d.
2) d.
3) c.
4) d.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Caro aluno, chegamos ao final de nosso estudo, no qual você pôde se aprofundar um
pouco mais na história da flauta doce e nas suas funções como instrumento performático e
musicalizador. Você aprendeu, também, novas digitações de # (sustenidos) e b (bemóis), au-
mentando, assim, as possibilidades de seu repertório. Empenhe-se na confecção de arranjos,
exercícios e canções e faça registros para as suas aulas.
É muito pouco tempo para falarmos de tantas possibilidades performáticas e musica-
lizadoras que a flauta doce pode nos oferecer; mas esperamos que as reflexões propostas
neste estudo modifiquem sua visão da flauta para melhor e que você possa passar essas in-
formações adiante, criando novos conceitos, quebrando velhos paradigmas e acreditando na
responsabilidade do educar consciente.
A sistematização dos conhecimentos e habilidades músico-pedagógicas é muito impor-
tante. Temos subsídios históricos e técnicos que fundamentam nossas reflexões, conforme
você viu no decorrer do estudo. Ainda assim, acreditamos que nada é tão importante como
a paixão e a generosidade. Paixão pela música, pelo instrumento e generosidade ao repassar
aquilo que sabemos.
Segundo La Taille (1992), Piaget diz que a afetividade impulsiona a ação necessária à
construção da inteligência.
Então, que este seja nosso lema ao ensinar! Que nossos afetos possam proporcionar a
muitos, o legado da música ideal – aquela que brota de nossas almas.
Muito sucesso para você!
6. E-REFERÊNCIAS
ADRIANA BREUKINK. Homepage. Disponível em: <http://www.adrianabreukink.com/Home.html>. Acesso em: 23 set. 2015.
BENASSI C. A. A flauta doce: a história do percurso desse instrumento na música contemporânea. Revista Eletrônica Discente
História.com, Cachoeira-BA: UFRB, ano 1, n. 1, 2013. Disponível em: <http://www.ufrb.edu.br/seer/index.php/historiacom/
article/view/3>. Acesso em: 23 set. 2015.
Lista de figuras
Figura 1 A família Dolmetsch (The Dolmetsch family). Disponível em: <http://www.culture24.org.uk/history-and-heritage/
art28184>. Acesso em: 22 set. 2015.
Figura 2 Esquerda: Fá#3 barroca. Direita: Fá#4 barroca. Adaptado de: <http://br.yamaha.com/pt/music_education/flutes/
institucional/notes/>. Acesso em: 05 out. 2015.
Figura 3 Esquerda: Fá#4 germânica. Direita: Fá#3 germânica. Adaptado de: <http://flautadoce-soprano.blogspot.com.br/>.
Acesso em: 05 out. 2015.
Figura 6 Sib – digitações. Adaptado de: <http://flautadoce-soprano.blogspot.com.br/>. Acesso em: 05 out. 2015.
Figura 9 Esquerda: Do#4. Direita: Do#3. Adaptado de: <http://flautadoce-soprano.blogspot.com.br/>. Acesso em: 05 out.
2015.
Figura 12 Flautas Quadradas ou Square Recorders (a flauta baixo de corpo quadrado de Herbert Paetzold). Disponível em:
<http://musicaeadoracao.com.br/25185/a-historia-da-flauta-doce/>. Acesso: 23 set. 2015.
Figura 13 Flauta Eagle. Disponível em: <http://www.ecosdaserra.com/artigo.php?id=19211&cat_id=11>. Acesso em: 23 set.
2015.
Figura 14 Flauta doce eletroacústica. Disponível em: <http://musicaeadoracao.com.br/25185/a-historia-da-flauta-doce/>.
Acesso em: 23 set. 2015.
Figura 17 Partitura de Asa Branca. Disponível em: <http://2.bp.blogspot.com/-TG4Fy9zWZ5U/USV70pYDMDI/AAAAAAAAACo/
w9_fmqNw3f8/s1600/Asa+Branca.jpg>. Acesso em: 23 set. 2015.
Figura 18 O son do ar (de Luar Na Lubre). Disponível em: <http://musicaelpla.blogspot.com.br/2010/10/o-son-do-ar.html>.
Acesso em: 23 set. 2015.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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AUGUSTIN, K. Um olhar sobre a música antiga: 50 anos de história no Brasil. Rio de Janeiro: K. Augustin, 1999.
GROUT D.; PALISCA C. História da Música Ocidental, Gradiva.
GROVE, Dicionário de Música – edição concisa. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1994.
GUIA, R. L. M. Tocando flauta doce - pré-leitura. Belo horizonte: Catedral das Letras, 2004.
HARNONCOURT, N. O discurso dos sons. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1988.
HUNT, E. The recorder and its music. London: Ernst Eulenburg, 1977.
LA TAILLE, Y. et al. Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. São Paulo: Summus, 1992.
LIMA, S. A. O modelo de ensino artístico musical do homem contemporâneo. In: GAINZA, Educadores Musicais de São Paulo
– Encontros e Reflexões. São Paulo: Editora Nacional, 1998.
LIRA, I. Rumo a um novo papel da flauta doce na educação musical brasileira. Iork: Departamento de Música da Universidade
de Iork, Inglaterra, 1984. (Dissertação de Mestrado).
MASCARENHAS, M. Minha doce flauta doce. São Paulo: Irmãos Vitale, 1977. v. 2.
PAZ, E. A. Pedagogia musical brasileira. Brasília: Musimed, 2000.
PROSSER, E. S. Vem comigo tocar flauta doce. Brasília: Musimed, 1995.
TETTAMANTI, G. Silvestro Ganassi: obra intitulada Fontegara: um estudo sistemático do tratado abordando aspectos da
técnica da flauta doce e da música instrumental do Século XVI. Campinas: Instituto de Artes da Universidade Estadual de
Campinas, 2010. (Dissertação de Mestrado).
TIRLER, H. Vamos tocar flauta doce. vol 1 – 38 Canções Brasileiras. São Leopoldo: Sinodal. 1992.
WANDERLEY, R. Informações históricas sobre a flauta doce. Apostila nº 1 para os cursos de flauta doce. Rio de Janeiro: PUC/
RJ [s.d.].
WOLLITZ, K. The recorder book. New York: Alfred a Knopf, 1982.