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EBOOK PARA PIANISTA 

LIVRE
PARA CRIAR
INTRODUÇÃO
Mesmo para interpretar peças que são
QUEM escritas, precisamos de criatividade para
a interpretação. Portanto precisamos
NUNCA ser encorajados a sermos criativos.

PENSOU Às vezes o aprendizado de piano se


resume a ler notas e aprendermos os
EM acordes, isso quando aprendemos.

SENTAR
Na música, diferente da
AO PIANO
pintura, passamos grande
E CRIAR parte do tempo tocando
SUA obras escritas e
interpretando da maneira
PRÓPRIA
mais precisa possível. Fazer
MÚSICA? a mesma coisa com a arte
Improvisar pode soar como plástica soaria ridículo –
algo intimidador para a
grande maioria, mas não
Recriar a pintura de outro
deveria ser assim. Aliás, o artista está longe do
ensino de piano não precisa
objetivo de um estudante
ser enfadonho e deveria
incluir esses momentos onde que está querendo
criamos e deixamos a música encontrar sua própria
interior fluir por nossos
personalidade artística.
dedos.

04 LIVRE PARA CRIAR, EDER GIARETTA


VOCÊ JÁ SE
QUESTIONOU POR
QUE AGIMOS ASSIM
NA MÚSICA?

Precisamos, sim, estudar as obras


de grandes compositores, mas
isso não deveria nos distanciar
do desejo de criar nossa própria
música, afinal de contas, a
performance de uma obra escrita
também é um ato criativo e
estamos fazendo escolhas o
tempo todo. O pianista deve ser
capaz de entender uma obra a
ponto de saber o que está
acontecendo harmonicamente,
fazer reduções, simplificar, criar
e até mesmo encontrar maneiras
de estudar mais efetivamente,
criando exercícios e até mesmo
improvisando sobre a obra.

03 LIVRE PARA CRIAR, EDER GIARETTA


CAPITULO

Improvisação
não é exclusiva
do Jazz
APESAR DE OUTROS ESTILOS ENVOLVEREM
IMPROVISO, TAL COMO O ROCK, A MÚSICA
INDIANA, MÚSICA CELTA E NEW AGE, NÓS
PODEMOS IMPROVISAR SOBRE MÚSICAS
POPULARES OU CLÁSSICAS, DE IGUAL MODO.

Observe que mesmo no jazz há uma estrutura pré-


determinada ou forma. De qualquer maneira o
intérprete tem de improvisar dentro de uma estilística e
pressupomos que ele tenha prévio conhecimento dos
materiais a serem utilizados, tais como: escalas, notas
de tensão, acordes, frases e rítmicas.

VOCÊ JÁ TENTOU IMPROVISAR ALGUMA


VEZ?
Há músicos eruditos que nem sequer tentam
improvisar, pois ficou convencionado que improviso é
próprio do Jazz, no entanto é possível improvisar em
qualquer estilo. Hoje, caiu em desuso, mas as
cadências que lemos em partituras eram um momento
de improviso.Talvez você não saiba por onde começar
e pense que aquilo que você está criando não é
sofisticado o bastante e tampouco digno de ser
executado.
Felizmente há um caminho a ser trilhado e isso requer
apenas um verbo, que é imperativo aqui.

05 LIVRE PARA CRIAR, EDER GIARETTA


PERMITA-SE
sentar ao piano e tenha a coragem de começar.

VOCÊ PODE Pode parecer


ACHAR QUE O paradoxal, mas a
MAIOR
habilidade de
PROBLEMA É
TÉCNICO, MAS improvisar aumenta à
NA MAIORIA DAS medida que você
VEZES TRATA-SE desiste de ter o
DE ATITUDE. controle. Precisamos de
VOCÊ PRECISA
técnica? Sim, claro.
ESTAR ABERTO E
PERMITIR QUE A Precisamos conhecer os
MÚSICA LHE DIGA acordes e escalas? Sim.
PARA ONDE IR. Então, após isso,
Um dos segredos de ser esqueça e toque o
criativo é nos livrarmos piano. Essa é uma
de expectativas e maneira de estarmos
julgamentos e nos em um lugar onde não
focarmos no processo.
estamos pensando, mas
Então podemos relaxar
sentindo. Essa é a
e desfrutar da música
natureza da expressão
que podemos oferecer.
artística e pode ser
Improvisar não tem a
alcançada por qualquer
ver com virtuosidade,
um que abandona o
mas antes com estar
aberto e receptivo às julgamento e se foca no
ideias que vêm à mente. processo de criação.

06 LIVRE PARA CRIAR, EDER GIARETTA


CAPITULO

Técnicas
composicionais
utilizadas pelos
grandes
compositores
VAMOS A UM EXEMPLO PRÁTICO.

Suponhamos que você esteja fazendo a leitura do


prelúdio n° 1 de Bach em C maior.

Nos 4 primeiros compassos temos os seguintes acordes

08 LIVRE PARA CRIAR, EDER GIARETTA


Gounod já fez sua parte e compôs a linda melodia, à qual
conhecemos como Ave Maria.

Repare que ele utilizou notas longas, uma melodia muito


expressiva e tornou esse prelúdio mais conhecido do que
jamais poderia ser.

QUE TAL UTILIZAR ESSES ACORDES E


CRIAR ALGO QUE LHE VENHA À MENTE?
POR QUE NÃO CRIAR SUA PRÓPRIA
“MEDITAÇÃO” SOBRE O PRELÚDIO N° 1
DE BACH?
Os compositores dispõem de vários recursos para
despertar maior interesse no ouvinte. Entre esses
recursos, apresento alguns, deixando um passo a passo
para começarmos a desenvolver uma ideia nessa
jornada criativa.

09 LIVRE PARA CRIAR, EDER GIARETTA


Q
uando um pintor está preparado
para pintar, ele primeiramente
define sua paleta de cores.
Por exemplo: se for pintar uma floresta
escolherá tons de verde, marrom e azul
para o céu. Uma vez que a paleta seja
escolhida é mais fácil criar a obra.
Por que? Porque as decisões de que
cores escolher já estão fora de questão.

NA MÚSICA PODEMOS APLICAR TAMBÉM ESSE CONCEITO.

Particularmente, nesse exemplo, temos


quatro acordes e agora precisamos de
sua habilidade para criar algo a partir
dessa progressão harmônica.
Feita a decisão dos acordes, vamos definir
então COMO tocá-los. Começamos então
pelo ACOMPANHAMENTO.
1
CONSTRUA UM

ACOMPANHAMENTO

Pode ser bem confuso para o iniciante, pois há muitas


escolhas a serem feitas, contudo, estaremos limitando
tais escolhas para uma melhor compreensão do material
proposto.

Faremos arpejos abertos na mão esquerda, e


construiremos uma melodia com a mão direita.

Agora que a decisão de QUAIS ACORDES tocar e COMO


tocar foram feitas, você pode focar em fazer música,
começando a criar uma melodia.

11 LIVRE PARA CRIAR, EDER GIARETTA


2
CRIE UMA

MELODIA

Aqui temos um exemplo feito apenas com as notas do


acorde.

É possível criar melodias com uma infinidade de


possibilidades, tais como: notas da escala, notas de
tensão e aproximações cromáticas, mas o objetivo aqui
é ser o mais simples possível, de modo que possamos
enxergar com maior facilidade o processo de criação.

Obs: Você pode continuar o restante da peça aplicando


o mesmo princípio nos acordes que seguem, no entanto,
nos concentraremos nos quatro primeiros compassos.

12 LIVRE PARA CRIAR, EDER GIARETTA


3
DECORE SUA FRASE

(DECORAÇÃO)

Vamos apresentar a melodia e acrescentar algumas


notas extras, ou ornamentos para diversifica-la.
4
FAÇA A MELODIA AO CONTRÁRIO

(INVERSÃO)

Uma melodia pode ser invertida, transformando os


intervalos ascendentes da versão original em intervalos
descendentes, e vice-versa.

Nesse caso, manteremos a tonalidade, portanto


pensaremos mais na direção das notas do que nos
intervalos de cada uma das notas.

Ex: quando uma nota subir de altura, nós a desceremos


preservando a tonalidade.

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5
ALARGUE O MOTIVO (1)

(ALARGAMENTO)

A melodia pode ser alargada por meio do emprego de


notas de valores mais longos. A isso damos o nome de
“alargamento”.

Nesse exemplo, fizemos exatamente o dobro do valor


de cada nota. Por essa razão, também teremos o dobro
de número de compassos.
Da mesma maneira que aumentamos, também podemos
diminuir os motivos.

1 - Por motivo, compreendemos o conjunto de notas que produzem unidade, relação, coerência,
lógica, compreensibilidade e fluência.

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6
DIMINUA O MOTIVO

(DIMINUIÇÃO)

Podemos também construir a ideia com notas de


valores mais curtos, como no exemplo abaixo.

Vale lembrar que, uma vez que diminuímos o valor das


notas, também reduziremos o número de compassos.
CAPITULO

Exercícios
Práticos
BY TIMOTHY GORDON
Exercício 1

Ouça e toque esta melodia extraída do refrão de

Hallelujah do compositor Leonard Cohen.

Exercício 2

Em cada um dos exemplos dados, identifique o

recurso utilizado para tratar a melodia.

a.

Obs: A mudança harmônica é apenas uma sugestão aplicada ao exemplo. Observe como
damos origem a uma nova melodia.

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b.

c.

Exercício 3

Agora é o momento de você colocar sua

capacidade à prova, usando você mesmo alguns

desses recursos musicais.

Aplique os recursos rítmicos e melódicos no hino

Holy Holy Holy, do compositor John Dykes.

Respostas: Exercício 2a - Inversão | 2b - Alargamento | 2c - Diminuição

19 LIVRE PARA CRIAR, EDER GIARETTA


Essa melodia será seu material
básico para ser tratado com o
emprego dos seguintes recursos:
Alargamento
Diminuição
Inversão
Decoração
Essas são apenas algumas das
ferramentas que os grandes
compositores usam e você pode
acrescentá-las facilmente à
improvisação, arranjo e até mesmo
composição.

Precisamos reconhecer que, a


menos que aprendamos e
dominemos determinadas
técnicas, não seremos livres para
criar e tampouco estabelecer
nossos próprios limites.

Logo tenhamos o conhecimento,


estamos livres para permitir que
a música flua através de nós.
Improvisar não tem a ver com
virtuosismo, de maneira alguma,
mas antes significa estar aberto e
receptivo à música que está sendo
criada em um dado momento.

20 LIVRE PARA CRIAR, EDER GIARETTA


CAPITULO

Conclusão:
O segredo da
improvisação
O segredo é
abrir mão do
controle e
permitir que a
música diga
para onde ela
quer ir.

A razão pela qual é


Vamos direto ao assunto. extremamente
O ponto principal, falando de improvisação importante

NÃO É TÉCNICA
Haja vista o inúmero número de
permitir
instrumentistas que tocam frases lindas e
compõem lindas melodias sem ao menos
terem domínio do instrumento e tampouco
que a
uma técnica apurada. De fato, a sonoridade de
músicos de técnica mais avançada é muito
mais sofisticada. As escalas perfeitas, passagens
música o
rápidas executadas com perfeição e arpejos
muito precisos podem até encher os olhos,
mas se faltar “emoção”, o fazer musical fica em
guie
segundo plano.
é o reconhecimento
De igual modo, o segredo da improvisação de que você está
utilizando
NÃO É TEORIA de uma fonte que é
Saber como criar um contraponto ou a muito maior que
harmonia mais avançada não o tornará um bom você.
improvisador ao piano. Não tem nada a ver com
isso, de maneira alguma.

22 LIVRE PARA CRIAR, EDER GIARETTA


RESPEITE SUA INSPIRAÇÃO
Certa vez perguntaram a Beethoven ouviu algo e
Bach como era possível ele escreveu. Ele não estava
compor tantas obras. Ele preocupado com aspectos
respondeu o seguinte: técnicos. Ele estava
“Meu caro senhor, eu respeitando sua inspiração
tenho que tomar o e fazendo isso você
cuidado de não me colocar descobrirá coisas que O objetivo e
acima da música logo jamais descobriria de outra
finalidade maior de
quando me levanto da maneira. Da próxima vez
cama, pela manhã”. que for ao piano, abra mão toda música não
Há também uma história do controle, então sua
interessante sobre música autêntica surgirá
deveria ser nenhum
Beethoven. Certa vez um na superfície. Sinta-se livre outro além da glória
violinista reclamou que para criar e não duvide de
não poderia tocar uma sua música. Busque o de Deus e
determinada passagem refinamento de sua renovação da alma.
porque era personalidade artística,
demasiadamente difícil. bem como a autenticidade
Então Beethoven no seu fazer musical.Não
respondeu:“Você acha que julgue aquilo que você está J. S. BACH
eu me preocupo com seu criando, mas busque se
arco preguiçoso quando o focar no processo de
espírito da música me criatividade que é
move?” gradativo e tende a
Esse é um exemplo melhorar com a
perfeito de respeitar sua frequência dos estudos.
inspiração.
23 LIVRE PARA CRIAR, EDER GIARETTA
EDER
GIARETTA
Mestre em música pela UNESP com bolsa de estudos
concedida pela CAPES. O pianista começou sua
carreira aos seis anos. Formou-se em Piano Erudito,
Piano Popular e Regência Instrumental pelo
Conservatório de Tatuí. Foi aluno de Eduardo
Monteiro, Miriam Braga e Nahim Marun, além de ter
se aperfeiçoado com Fany Solter na Alemanha, Jeff
Cohen e Christian Ivaldi na França. Apresentou-se na
Alemanha, Uruguai, Estados Unidos e em diversas
cidades da França. Em 2016 foi selecionado para ser
dublê das mãos do Maestro João Carlos Martins no
filme “João, o maestro”. No mesmo ano foi solista na
Sala São Paulo.  Em 2018 Participou de dois concertos
no Uruguai, frente à Banda Sinfônica de Montevideo.
A despeito de sua dedicação à música brasileira e o
Jazz, a música erudita é parte integrante de sua arte
atribuindo o brilhantismo e energia que são
peculiaridades de sua música.

@edergiaretta @giarettaeder @edergiaretta

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