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AGENTES CULTURAIS
ESTRATÉGIAS DE CULTURA E ARTE PARA O FUTURO
U I TA
G R AT L I C AÇ
ÃO
P U B
E S SA SER
PODE
N ÃO Z A DA
M E R CIALI
CO
2 MÓDULO 1
GESTÃO DE
PROJETOS CULTURAIS
18
Fundação Demócrito Rocha
Universidade Aberta do Nordeste
1
APRESENTAÇÃO
Olá, cursista!
E
ste fascículo se dedica a pensar sobre a gestão de pro-
jetos culturais e para isso vamos discutir um pouco
sobre algumas etapas importante, como o (a) plane-
jamento, (b) finanças e (c) avaliação de projetos ou
programas culturais.
Se você é um gestor de projetos culturais, é importante você
ter em mente que apesar de serem etapas operacionais, elas fa-
zem parte das grandes decisões que definirão o sucesso de seu
projeto/programa. Para isso, devem ser levadas em conta ainda
antes da elaboração e da escrita de seu projeto, e continuar até
o fim dessa jornada.
E quem é e o que faz um(a) gestor(a) de projetos culturais?
É aquele que busca viabilizar a realização do projeto, desenvol-
vendo as ideias e concretizando-as em ações.
Ao longo desse percurso, ele(a) deve conjugar interesses das
partes, aplicar conhecimentos técnicos e ter sempre um compro-
misso ético-social, nunca se esquecendo das mudanças que esse
projeto busca gerar no mundo.
Você, se está com a gente, pode vir a ser um(a) novo(a)
gestor(a) de projetos culturais. É o que desejamos.
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GESTÃO DE
PROJETOS CULTURAIS
2
PLANEJAMENTO
N
o universo da produção e gestão Agora que você já sabe quais são as dades e as dificuldades que o contexto
cultural, planejamento é quase etapas, vamos explicar um pouco mais apresenta para a linguagem específica
uma palavra mágica. E por quê? sobre elas: que você deseja trabalhar.
Porque ele é o exercício de prever Contudo, considerando o meio interno,
e organizar todas as tarefas e etapas que 2.1. O Diagnóstico se faz naturalmente necessário um “olhar
compõe o processo. Como sabemos, todo O conhecido termo “diagnóstico” é mui- para dentro”, com a elaboração de uma
projeto tem início, meio e fim. Além disso, to usado na Medicina, mas a partir de ago- análise interna do gestor ou da organiza-
planejar significa: combinar ideias e realida- ra você também aprenderá a diagnosticar. ção gestora. Será necessário identificar na
des, identificar e otimizar recursos humanos, Como é isso? Vamos descobrir juntos!. equipe que executará o projeto os níveis:
financeiros e físicos para tornar mais eficien- Na verdade, o diagnóstico, em nos- (a) conceitual, (b) intelectual, (c) operacio-
tes as ações que você se propõe a realizar, seja so caso, diz respeito ao objetivo fim da nal e (d) de gestão. Além disso, analisar a
em seus programas, projetos e/ou ações. etapa de planejamento. Ele é a síntese sua trajetória, a estrutura e o funcionamen-
Você agora já entendeu que planejar final das informações coletadas a partir to da organização, assim como os recursos
nada mais é que se posicionar em rela- de uma análise. Pois bem, quando você disponíveis para a sua adequada atuação.
ção ao futuro de forma estratégica, ana- decide criar e executar um projeto em
lisando cenários e prevendo problemas, determinada região, é fundamental que
buscando fazer uma avaliação global dos você a conheça bem. Para isso, deve fa-
recursos disponíveis e dos resultados espe- zer o reconhecimento desse território
rados. Importante, não é? e, ao mesmo tempo, reconhecer as suas
Em linhas gerais, podemos identificar habilidades internas enquanto gestor,
4 etapas principais do planejamento: grupo ou organização.
Considerando o meio externo, com
a) Diagnóstico: da análise do contexto in- uma boa análise territorial e setorial,
terno da organização proponente e do você será capaz de reconhecer as singu- PARA Proponente
seu ambiente externo; Pessoa física
laridades e identidades de seu territó- OS CURIOSOS com atuação na
b) Conceituação: da definição do projeto, rio e da sociedade nos quais seu projeto Recomendamos área cultural ou
o que caracteriza seu produto e qual sua visa intervir. E como fazer isso? Por meio que assista ao pessoa jurídica de
de consultas a censos e pesquisas seto- vídeo Planejamento direito público ou
razão de ser/objetivo;
estratégico criativo, privado, com ou
riais, com o estudo de publicações, com com Rômulo Avelar.
c) Implementação: plano de sem fins lucrativos,
enquetes, entrevistas e até mesmo com
ação/execução, e ACESSE: www. responsável por
a simples observação. Também é impor- youtube.com/ apresentar, realizar
d) Controle (acompanhamentos tante conhecer os hábitos e os agentes watch?v=pNL e responder por
e avaliações). culturais dessa população, as oportuni- whZyoHdk> projeto cultural.
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Um método muito útil e popular, que reúne essas duas análises seja, a partir de um olhar cuidadoso sobre a realidade (reconhe-
(interna e externa) é o FOFA (em inglês, SWOT), sigla dos quatro as- cimento de território falado acima), você e/ou a sua organização
pectos analisados: Forças, Oportunidades, Fraquezas e Ameaças. formulará a solução para um problema identificado.
A grande virtude dessa ferramenta é sua simplicidade e mane- Se a motivação do projeto surgir a partir de uma reação a
jo fácil. Basta você apontar as variáveis pesquisadas e observadas uma necessidade detectada no contexto ou como resposta a
para cada item em um quadro, conforme modelo a seguir: uma demanda cidadã, investigue esse problema - necessidade
- demanda, entenda quais são os impactos e as consequências
FATORES FATORES que ele traz para aquele território-comunidade, e encontre as
POSITIVOS NEGATIVOS causas desse problema - necessidade – demanda para desen-
volver um projeto que as resolva.
Ambiente Há também projetos que surgem a partir de uma encomen-
Interno da institucional ou como resultado de uma política cultural já
Forças Fraquezas
(características definida. Nesse caso, descubra a motivação e o problema que
da organização) impulsionou essa instituição e política. Mas cuidado com a ten-
tação de planejar um projeto simplesmente pela existência
de um recurso financeiro disponível, pois um planejamento às
Ambiente avessas pode dificultar a coerência e pertinência de seu projeto.
externo Uma técnica comumente utilizada para reconhecer o pro-
Oportunidades Ameaças
(características blema central do contexto (e não as suas causas ou efeitos) é
do mercado) a árvore de problemas.
Brainstorming Essa técnica consiste em dispor os proble- gestão. Nesse sentido, as tecnologias
(“tempestado mas que nos vêm à mente, por meio de um
de ideias” ou
da informação e da comunicação (TIC)
“tempestade
brainstorming, por exemplo, de forma hie- podem ajudar você.
cerebral”) rárquica. Assim, poderemos distinguir qual Entre as ferramentas de planejamen-
É uma técnica simples o problema central que nosso projeto pre- to mais populares e mais cobradas por
de troca livre de cisa e/ou quer sanar, daqueles que dele apoiadores e mesmo em editais, por
ideias, de estímulo são apenas a causa ou o efeito. exemplo, é o Cronograma.
ao pensamento A disposição gráfica (desenho) dos Cronograma é simplesmente uma re-
criativo de um problemas do projeto nos permite não
grupo, favorecendo
presentação gráfica que relaciona tarefas
o seu engajamento,
só priorizar aquilo que já sabemos, como a realizar com o tempo/período dispo-
valorização e também visualizar aspectos que só se re- nível e necessário para essa realização.
motivação em velam numa ordenação lógica de todos Ou seja, em uma planilha ou quadro, por
equipe. Este grupo, os elementos, assim como também as exemplo, você destaca as suas operações
composto por suas possíveis soluções. e/ou ações de seu projeto em relação aos
qualquer número de
Lembram-se daquelas breves indaga- prazos e limites de cada etapa. Podemos
pessoas contribuem
com a sugestão de ções? Pois bem, a análise do contexto e dizer que é a sintetização e representa-
ideias para resolver a definição do problema nos fazem res- ção gráfica do plano de ação.
algum problema ponder o “porquê” do projeto; os objetivos Há algumas formas de apresentar um
ou para criar um respondem à questão “o quê”; já o “como” cronograma, mas a mais popular é na forma
trabalho criativo. será respondido pelo seu plano de ação.
Neste momento, é
de um diagrama de barras, também conhe-
anotado tudo, seja em
E o que é esse plano de ação? É a “elabo- cido como diagrama ou gráfico de Gantt.
post-its ou em folhas ração de meios realistas, articulados entre si
de caderno (pois e programados no tempo, em vista de reali- São 5 os passos para a elaboração
exige agilidade). É zar um objetivo.” (Oliveira, 1996, p. 80). de um cronograma:
importante não haver Essa elaboração deve resultar em um
nenhuma crítica ou 1º. Ações: detalhar o projeto em ações
documento escrito que especifica o que vai
rejeição de qualquer
uma dessas ideias, ser feito, quem vai fazer, quais os recursos ou atividades gerenciáveis; PARA OS
pois elas têm que fluir humanos, materiais e financeiros necessá- 2º. Linhas de duração: estabelecer CURIOSOS
espontaneamente. O rio para que você faça, quando deve estar uma medida de duração (início e finaliza- Você já pensou sobre
debate e análise pode pronto e de que maneira será feito. É o mapa ção) para cada ação; a ACESSIBILIDADE e
acontecer em um 3º. Prioridade: estabelecer grau de a MOBILIDADE de um
que vai conduzir você no caminho do êxito
segundo momento. projeto cultural?
de seu projeto. Não o perca de vista! prioridade para cada ação;
4º. Tabela: inserir no gráfico as ações e Convido você a fazer
essa reflexão apoiada
2.3. Implementação suas durações na ordem de acontecimentos; e em um material
A terceira etapa do planejamento refe- 5º. Marcos: usados para marcar ações bem interessante
re-se à execução e à produção do projeto. com importância especial. produzido por quatro
produtoras culturais
Aqui, já foram tomadas todas as gran-
para o Instituto
des decisões de conteúdo que definem o E quais as vantagens de se Goethe (2015): é o
projeto e agora virão as decisões opera- trabalhar com o Cronograma? e-book Inspirador: dá
cionais que permitem desenvolvê-lo de Por ser um sistema muito visual que re- para fazer produção
acordo com o que foi estabelecido nas úne uma grande quantidade de informa- cultural de outro jeito.
etapas anteriores. ções em um único quadro, é de fácil com- Vamos conhecer?
O que apresentaremos a seguir são preensão, de maneira que é possível ajustar www.goethe.de/ins/
br/pt/kul/sup/
os elementos e as ferramentas básicas o tempo às necessidades do projeto, além de
nsp.html
necessárias para a boa gestão de um facilitar a elaboração de datas-limite, permi-
(HÖLZL, Isabel;
projeto, contudo é importante destacar tir a tomada de decisões com antecedência e CASTRO, Jonaya;
que hoje em dia há uma grande quanti- um acompanhamento e controle do projeto SOBRAL, Laura;
dade de ferramentas disponíveis para a por todos da equipe ao mesmo tempo. VICINI, Lorena)
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FINANÇAS BÁSICA
PARA NÃO FINANCEIROS
A
responsabilidade pela gestão fi- -lo, coerente com as necessidades do Valores de
nanceira de um projeto cultural projeto e, importante, com os valores de Mercado
é sempre do produtor executi- mercado. Não se esqueça que um orça- É muito comum
recebermos projetos
vo ou do gestor deste projeto. mento mal elaborado comprometerá a
que têm suas planilhas
Neste tópico, você verá um conjunto aceitação e até mesmo a execução do orçamentárias
de informações e ferramentas básicas seu projeto. desorganizadas,
sobre gestão econômica e financeira per- Para elaborar um orçamento, siga es- de maneira não ser
tinentes à gestão de um projeto cultural. ses passos: possível fazer uma boa
Atentando que a gestão financeira análise da proposta.
1º. A partir de seu plano de ação, lis- Algumas, pior, não
pode ser entendida como a administração batem com o escopo do
te todos os recursos necessários para a
financeira de recursos, seja de um projeto projeto, provavelmente
execução do projeto que demandem re-
ou de uma empresa. É a organização do construídas no
cursos financeiro: relacione os profissio-
fluxo de recursos presentes e futuros. hábito de “copiar”
nais envolvidos, a locação/aquisição de e “colar”, causando
Neste fascículo, compreenderemos 3 gran-
bens e materiais, a locação de espaço s, descrédito em quem
des momentos dessa gestão: (a) a elabora-
os transportes, a hospedagem e alimen- analisa o projeto.
ção do orçamento e dos custos do projeto;
tação, os materiais de divulgação, servi- Encontramos também
(b) a gestão dos recursos; e (3) a prestação – considerando que
ços indispensáveis etc.
SE LIGA! de contas dos recursos. a maior parte dos
Qual a diferença 2º. Liste também as despesas necessá- pareceristas/analistas
entre CUSTO e
3.1. Orçamento rias para sua organização gerir este pro- reconhecem o meio em
DESPESA? jeto pelo tempo pré-determinado (água, que atuam – projetos
O orçamento, que é um dos pontos
Custos são os valores luz, telefone, aluguel, internet etc.). com orçamentos
gastos diretamente
que as pessoas têm mais dificulda- superfaturados (preços
na execução de de de elaboração, é uma previsão do 3º. Momento de tomada de preços: muito além dos
serviços e/ou na aspecto econômico e financeiro do pro- aqui você irá solicitar propostas financei- praticados no mercado)
aquisição/elaboração jeto com uma relação detalhada dos ras (orçamentos) a fornecedores e pres- ou, ao contrário,
do produto. Estão custos e das despesas necessários. Os que percebemos
tadores de serviço, e adquirir o valor mo-
relacionados à ser inexequível (por
custos do projeto devem estar em con- netário de cada atividade. O ideal (muitas
atividade-fim. serem muito abaixo
sonância com o plano de ação e de co- vezes exigido por apoiadores/financiado- do valor de mercado,
As despesas são os
valores gastos na municação estabelecidos, e não podem res) seria, no mínimo, 3 propostas para não permitirão que o
comercialização de esquecer de prever a remuneração da cada linha de atividade ou rubrica. Caso projeto seja concluído).
produtos/serviços equipe, as despesas administrativas e os não seja possível obter todas as propos- Todos esses fatores
e administração referidos impostos e taxas. tas, realize uma pesquisa de preços com inabilitam e/ou
das atividades desqualificam seu
É fundamental, quando de sua ela- colegas e profissionais da área. Relacio-
empresariais. Estão projeto, mesmo quando
relacionadas às boração, que o orçamento siga uma ne também aqueles serviços ou bens que no geral a ideia é boa e
atividades-meio, de estrutura lógica, compreensível para o apenas um fornecedor pode dispor, em as ações necessárias.
suporte ao projeto. examinador/parecerista que vai analisá- casos de exclusividade. Pense nisso!
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AVALIAÇÃO
A
essência do processo de avalia- Avaliar um projeto cultural de forma • Os patrocínios e parcerias;
ção consiste em julgar o mérito e pormenorizada não é ainda uma práti- • A equipe envolvida;
a relevância do objeto apreciado, ca habitual e tão valorizada por parte dos • A geração de empregos e renda;
com vistas a melhorar o processo produtores, infelizmente. Eles não enten-
da sua qualidade. A avaliação não deve ser • Os possíveis desdobramentos
deram ainda que com a realização de um
considerada como uma etapa específica do e continuidade.
processo de avaliação completo e exigente,
projeto, mas ela está presente de forma podemos apreciar a relevância, a eficiên- É possível compreender os itens des-
transversal na maioria das etapas, e mui- cia, o impacto e a sustentabilidade das in- critos a partir de 3 critérios que devem ser
tas vezes é exigida nos formulários de elabo- tervenções realizadas em seu projeto. Tam- observados: a eficácia, a eficiência e a efe-
ração de projetos propostos a organizações bém é possível saber se estamos fazendo tividade (ou impacto) do projeto.
governamentais. as coisas corretamente, e se a maneira que • A eficácia é a medida do grau em que
Uma definição completa de avalia- estamos fazendo é a mais apropriada para o projeto atinge os seus objetivos e metas,
ção pode ser: alcançar os resultados estabelecidos. Em por meio de indicadores quantitativos e
A avaliação é um processo sistemático outras palavras, um processo de avaliação qualitativos.
através do qual se obtém a informação de um projeto cultural serve para:
• A eficiência diz respeito ao processo,
necessária sobre os resultados, previstos
• Conferir a quantidade de metas do pro- ao bom funcionamento, à melhor relação
ou não, e o funcionamento de um proje-
jeto que foram ou não alcançadas; custo/benefício possível para o alcance
to cultural para saber em que medida se
• Medir os efeitos de um projeto sobre dos resultados desejados;
atingiram os objetivos e como se desen-
volveu a produção, e para poder tomar as seu público-alvo e comunidade, e em • Por fim, a efetividade indica o impacto
decisões oportunas para relançar o proje- que medidas essas mudanças caminha- do projeto, a repercussão a longo prazo,
to através da modificação de qualquer de ram para o resultado desejado; observando se o projeto tem efeitos (positi-
seus aspectos. (CEREZUELA, 2015, p. 204) • Projetar a continuidade da ação, se for vos) no ambiente externo em que ele inter-
o caso; veio, em termos técnicos, econômicos, so-
O processo da avaliação começa no
• Demonstrar resultados às partes inte- cioculturais, institucionais e ambientais.
planejamento inicial, ainda antes da im-
plementação do projeto, buscando respon- ressadas, como parte do processo de res-
der, por meio de um diagnóstico, a viabili- ponsabilização. 4.2. Quando se realiza a avaliação?
dade, a coerência e a sua relevância. Essa Como já mencionado, a avaliação do
avaliação prévia é chamada por alguns 4.1 O que avaliar? projeto é feita ao longo de todas suas fases:
autores de avaliação ex ante, e compreen- Alguns tópicos são fundamentais de (1) planejamento, (2) execução e (3) conclu-
de a análise do contexto já mencionada no serem mensurados e analisados, como: são. Para isso, há dois focos diferentes que
tópico “Planejamento”. podem ser aplicados simultaneamente:
• Os impactos gerados (sempre de acor-
O que será visto neste tópico serão os do com os objetivos propostos); • Monitoramento ou avaliação contínua:
momentos seguintes: (a) avaliação de avalição realizada constantemente, ao lon-
• O público atendido;
processo que também pode ser enten- go do projeto. Permite verificar se estamos
dida como monitoramento, e (b) avalia- • A realização financeira; no caminho dos objetivos propostos, e serve
ção final, também chamada de ex post. • A comunicação; para indicar disfunções, mudanças de per-
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curso, o que pode significar melhor aprovei- dos para coletar dados. Você verá que
tamento dos recursos (humanos, físicos etc.), esses são mais fáceis de serem mensu-
economia e necessidade de readequações. rados e, portanto, quantificados. Por
exemplo: número de visitantes numa
• Avaliação final: É efetuada no final do exposição; número de livros vendidos;
projeto e avalia-se a sua globalidade (visão números de menções do projeto na
macro, panorâmica e geral). Serve para me- mídia, número de eventos realizados,
dir a eficácia (em que medida os objetivos percentual de municípios atendidos ou
foram alcançados) e o impacto do projeto. percentual de crescimento de público
Serve para apontar mudanças para as futu- para determinada ação etc.
ras edições e para justificar novas propos-
tas que continuem, ampliem e completem a b) Indicadores de ordem qualitativa ou
PARA OS existente. Normalmente se materializa num indicadores subjetivos: refletem resulta-
CURIOSOS relatório ou balanço final. dos mais dificilmente mensuráveis, sen-
Para uma reflexão do na maioria das vezes algo de ordem
mais aprofundada
4.3. Indicadores “sensitiva”, mais relacionado à percep-
sobre indicadores ção dos beneficiários daquele projeto,
para a cultura, Indicador, parece lógico, é algo que
indica ou que serve para indicar. Pois bem, expresso mais por opiniões e atitudes
recomenda-se a
leitura dos textos “O os indicadores ou índices são usados na do que pelos números. Podemos dizer
valor da cultura”, de economia, na demografia e na sociologia. que, enquanto os indicadores quantita-
Geoffrey Crossick Já no processo de avaliação de projetos eles tivos trazem os resultados concretos,
e “Quanto vale a
podem ser entendidos como instrumentos os qualitativos se ocupam mais com os
cultura?”, de Enrique impactos que esses resultados trazem
Avogadro (páginas de medidas ou parâmetros que verificam
29 a 45 e 46 a 54). se os resultados propostos foram efetiva- para o seu público estratégico. Por exem-
ACESSE: issuu.com/ mente alcançados. Eles, além de nos forne- plo: satisfação do público, sensibilização
itaucultural/docs/ cer informações relevantes para os proces- aos temas expostos, geração de bem-es-
obs23_book_af_
sos de execução de políticas e de programas tar (que poderão ser coletados por meio
issuu/1?ff de depoimentos, entrevistas, questioná-
culturais, são também fatores de transpa-
rência, pois, por meio deles, todos os agen- rios, pesquisas de reação etc.)
tes envolvidos nas ações, assim qualquer O indicador buscará uma informação
cidadão, poderão ter acesso aos resultados sobre uma situação ou resultado, mas será
dos investimentos dos órgãos públicos em necessário comparar com algum valor de
projetos culturais por eles financiados. referência (por exemplo, o desejado, o do
Mas, IMPORTANTE, é necessário ano passado, ou de outro projeto), assim
elaborar indicadores específicos para ele conseguirá fornecer informações sobre
cada projeto, pois eles variam em função a evolução do seu projeto.
da natureza dos objetivos propostos. Para planejar e elaborar indicadores para
SE LIGA! Entre os vários tipos de indicadores é qualquer projeto, algumas características
É impossível possível realizar uma classificação geral são desejáveis. Os indicadores devem ser:
medir tudo. em: (a) quantitativos e (b) qualitativos.
Responder bem No setor cultural, em que se trabalha a) relacionados aos objetivos específicos
poucas perguntas frequentemente com sensibilidades, per- e aos conteúdos descritos no projeto;
é melhor do que
responder mal a
cepções, gostos, hábitos etc., convém saber b) determinados antes do início da
muitas. Lembre-se das combinar indicadores dos dois tipos: produção;
palavras de Einstein: c) objetivos, neutros (não interpretáveis –
a) Indicadores de ordem quantitativa
“Nem tudo o que pode evite termos como “pior”, “melhor”, “per-
ser contado conta, e ou indicadores objetivos: medem os re-
nem tudo o que conta sultados de forma numérica, utilizan- feito”); medíveis de maneira simples; e
pode ser contado.” do métodos padronizados e estrutura- d) confiáveis.
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GESTÃO DE
PROJETOS CULTURAIS
serão úteis e quando a sua coleta será mais oportuna. Ele fun- Para o relatório final, a matriz pode aparecer da seguinte forma:
ciona melhor quando se selecionam focos: aspectos ou partes
específicas do projeto. De forma geral, os modelos lógicos tra- Objetivo Meta Indicadores Instrumentos Valor
balham com os pontos abaixo: Específico de Avaliação obtido /
resultados
1. Foco (determinar o que avaliar)
2. Pergunta 3. 4. Timing 5. Coleta
(determinar Indicadores (saber de dados
as perguntas (saber quais quando (decidir sobre Fonte: disponibilizado pela autora, 2020.
adequadas à informações coletar os as fontes,
avaliação) coletar para dados) métodos, c) FOFA adaptada: uma sugestão simplificada é uma adaptação
responder amostras e dessa ferramenta de planejamento, vista no tópico 2 deste fas-
a todas as instrumentos cículo. Nela se apresentam os aspectos positivos e negativos
perguntas) de coleta de do projeto, tanto relativos aos objetivos, quanto ao processo
dados) de gestão. Sua aplicação é simples e deve ser realizada ao fi-
nal do projeto com os resultados em mãos, e, se possível, de
Fonte: diagrama extraído de UNESCO, 2009, p.46. forma colaborativa.
Exemplo I (quantitativo):
• Objetivo específico: ampliar o público presente nessa edi-
ção do projeto.
• Meta: conseguir um aumento de 20% do público presente em
relação ao ano anterior (que foi de 1.000 pessoas).
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GESTÃO DE
PROJETOS CULTURAIS
Guabiras (Ilustrador)
É cartunista, autor de histórias em quadrinhos e de muitos personagens. Publicou mais de
5 mil tirinhas em veículos como jornais, fanzines, livros (antologias), revistas (MAD-SP, Gibi
Quântico-SP, Tarja Preta-RJ, entre outras) e na web, entre eles, no jornal EXTRA de Nova York
(EUA) e na obra Marcatti 40 (Ugra/SP). Recebeu, em parceria, 3 troféus HQMIX e o Troféu Ângelo
Agostini de “Melhor Cartunista de 2016”, as maiores comendas de quadrinhos do país.
Este fascículo é parte integrante do projeto Estratégias de Cultura e Arte para o futuro: capacitação de agentes culturais, em decorrência do Termo de Fomento celebrado entre a Fundação
Demócrito Rocha (FDR) e a Secretaria Municipal de Cultura de Fortaleza (SecultFOR), sob o nº 02/2020.
Todos os direitos desta edição reservados à: FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA (FDR) Presidente: João Dummar Neto Diretor Administrativo-Financeiro: André
Avelino de Azevedo Gerente Geral: Marcos Tardin Gerente Editorial e de Projetos: Raymundo Netto Gerente TV O
Fundação Demócrito Rocha POVO: Chico Marinho Analistas de Projetos: Aurelino Freitas, Emanuela Fernandes e Fabrícia Góis | UNIVERSIDADE
Av. Aguanambi, 282/A - Joaquim Távora ABERTA DO NORDESTE (UANE) Gerente Pedagógica: Viviane Pereira Coordenadora de Cursos: Marisa Ferreira
CEP: 60.055-402 - Fortaleza-Ceará Designer Educacional: Joel Bruno | CURSO CAPACITAÇÃO DE AGENTES CULTURAIS Coordenador Geral, Editorial e
Tel.: (85) 3255.6037 - 3255.6148 Estabelecimento de Texto: Raymundo Netto Coordenadora de Conteúdo: Daniele Torres Assistente Editorial
fdr.org.br Emanuela Fernandes Projeto Gráfico e Edição de Arte: Andrea Araujo Designer Gráfico: Carlos Weiber Ilustrador:
fundacao@fdr.org.br Guabiras Roteirista, Locutora e Mediadora (radioaulas): Lílian Martins Produtora: Luísa Duavy
ISBN: 978-65-86094-49-7 (Coleção)
ISBN: 978-65-86094-45-9 (Fascículo 2)
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