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TÉCNICAS DE MELODIA

O DISCURSO MUSICAL: ANTECEDENTE E CONSEQÜENTE MELÓDICO.

Como se compõe uma melodia? Ela é composta por frases e membros de


frases, ligados entre si com lógica. Utilizando um paralelo com a linguagem
verbal, analisamos a frase “Era uma vez um rei”. Podemos perceber que esta
frase pode ser dividida em dois membros de frase:

“Era uma vez” ----> (o quê? quem?) ----> “Um rei”

O primeiro membro de frase constitui o antecedente, que prepara o que vem


depois (conseqüente). Na música acontece algo semelhante. A análise de
melodias famosas da literatura erudita ajudará a explicar o conceito:

Exemplo 1, Mozart: Sinfonia n°40:

Note como o tema se baseia na seguinte célula rítmica:

Exemplo 2

A junção da célula rítmica com as notas da melodia forma a célula rítmico-


melódica primária, a partir da qual o compositor desenvolverá o tema:

Exemplo 3

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Essa célula se torna o ponto de partida do compositor. Tal célula compõe um


membro de frase, o “antecedente melódico”. A essa se segue outra frase como
resposta.
O membro de frase conseqüente, apresentado pelo compositor como resposta,
é uma possível conseqüência da célula rítmico-melódica inicial (veja a primiera
linha do exemplo 4); ele constitui um “conseqüente melódico”. O discurso
evoluiu, mas ainda não está completo. Agora, estes dois membros de frase -
antecedente e conseqüente - constituem, juntos, um novo antecedente de algo
que virá depois. Também a nova frase se articula em duas partes. Veja, para
tudo isso, o exemplo 4:

Exemplo 4

Equilíbrio entre frases ascendentes e descendentes na melodia

Para o equilírbio da melodia, é importante a alternância entre movimentos


ascendentes e descendentes. O exemplo 5 (Bach, Minueto em Sol) mostra o
equilíbrio de frases. A primeira frase sobe, e leva do Ré4 até o Sol4. Essa subida
gera uma tensão, compensada na segunda frase, em que, descendendo, o Dó4
leva até a tônica Sol3.

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Exemplo 5

Podem-se notar as frases antecedentes e conseqüentes. O Exemplo 6 mostra a


célula rítmica usada por Bach:

Exemplo 6

Os exemplos 7 mostra algumas possíveis transformações da melodia, mantendo


inalteradas as notas importantes. Jà o exemplo 8 mostra como a alteração de algumas
notas importantes torna a melodia bem mais diferente e menos reconhecível.

Exemplo 7

Exemplo 8

Concluindo: as notas que caem nos acentos são mais importantes do que as
outras.

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É interessante analisar qualquer melodia em termos de “antecedente” e


“conseqüente”. Com um pouco de prática, se desenvolve facilmente a
capacidade de detectar as frases e seus componentes. Quando usamos esses
conceitos em nossas melodias (sejam elas escritas ou improvisadas) estaremos
facilmente criando algo com “sentido musical”.

TURI COLLURA é pianista e compositor, professor da


EM&T de Vitória. É autor do método “Improvisação:
Práticas Criativas para a Composição Melódica na
Música Popular”. Gravou recentemente seu CD
“Interferências”, com composições e arranjos próprios.
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