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Um novo paradigma de venda

para um novo paradigma de


agente de execução

I JORNADAS DE ESTUDO DOS AGENTES DE EXECUÇÃO


Dia 10 de Abril de 2010
Centro Multimeios de Espinho
Jorge Almeida
1. Simplificar e desburocratizar
2. Evitar acções judiciais desnecessárias
3. Promover a eficácia das execuções
1. Reservou-se a intervenção do juiz para as situações de
conflito efectivo ou em que a relevância da questão o
determine
2. Eliminaram-se intervenções do juiz ou da secretaria que
envolvessem uma constante troca de informação
meramente burocrática entre o advogado, o tribunal e o
agente de execução
3. Reforçou-se o papel do agente de execução
4. Reforçou-se, significativamente, o processo electrónico

3
1. Simplificar e desburocratizar

2. Evitar acções judiciais desnecessárias


3. Promover a eficácia das execuções
1. Garantiu-se maior acessibilidade e maior utilidade ao
Registo Informático de Execuções
2. Criou-se a Lista Pública de Execuções

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1. Simplificar e desburocratizar

2. Evitar acções judiciais desnecessárias


3. Promover a eficácia das execuções
1. Reforçou-se o fluxo processual electrónico (em cerca de 90%
dos casos)
2. Instituiu-se um dever de informação acrescido do agente de
execução
3. A remuneração do AE passou, inequivocamente, a ser um
dever do exequente e instituiu-se, com clareza, o
pagamento faseado dos honorários
4. Criou-se o regime transitório do Decreto-Lei n.º 226/2008,
de 20 de Novembro
5. Permitiu-se que o exequente possa substituir livremente o
agente de execução 7
6. Promoveu-se o controlo disciplinar dos agentes de execução
através de um órgão de composição plural, apto a exercer
uma efectiva fiscalização
7. Para alargar a possibilidade de escolha de quem preste o
melhor serviço e criar concorrência, alargou-se aos
advogados a possibilidade de exercer as funções de agente
de execução

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8. Permitiu-se a arbitragem institucionalizada na acção
executiva
9. Alargou-se o regime dos depósitos públicos a depósitos
equiparados
10. Definiu-se um novo paradigma de venda: a Venda em leilão
electrónico

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Artigo 907.º -B
Venda em leilão electrónico
1 — Excepto nos casos referidos nos artigos 902.º e 903.º, a venda de bens imóveis e
de bens móveis penhorados é sempre feita em leilão electrónico, nos termos a
definir por portaria do membro do Governo responsável pela área da justiça:
a) Quando, ouvidos o executado, o exequente e os credores com garantia sobre
os bens a vender, estes não se oponham no prazo de cinco dias;
b) Nos casos referidos nas alíneas d) e e) do artigo 904.º e no n.º 3 do artigo
907.º, quando o agente de execução entenda preferível a venda em leilão
electrónico à venda por negociação particular ou à venda por propostas em carta
fechada.
2 — As vendas referidas neste artigo são publicitadas, com as devidas adaptações, nos
termos dos n.os 2, 3 e 5 do artigo 890.º.
3 — À venda em leilão electrónico aplicam -se as regras relativas à venda em
estabelecimento de leilão em tudo o que não estiver especialmente regulado na
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portaria referida no n.º 1.
Excepto se houver Se tiver falhado a
Modalidade oposição do venda por carta
regra (n.º 1, art. executado, fechada, a venda em
exequente e depósito ou a venda
907.º-B) credores; em leilão.

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Venda em leilão
electrónico
Aplicação Não oposição
da a) do n.º Venda por carta
1 do artigo fechada
Oposição (por Escolha pelo AE
907.º-B todos ou (n.º 1 do artigo
fundamentada) 886.º-A) Venda por
negociação
particular

Venda em leilão

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Venda em leilão
electrónico

Aplicação da a)
Venda por carta
do n.º 1 do
fechada
artigo 907.º-B
Venda por Aplicação da a)
negociação do n.º 1 do
particular artigo 907.º-B
Aplicação da a)
Venda em leilão do n.º 1 do
artigo 907.º-B
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Elementos essenciais:
1. A regulamentação deve ser efectuada quando existirem
condições tecnológicas que permitam a introdução da venda
de bens penhorados em leilão electrónico;
2. A venda em leilão electrónico deve estar associada ao
processo electrónico para que todos os elementos sejam
registados e acessíveis a todos os intervenientes, maxime, o
juiz e, quando necessário, à CPEE;

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Tramitação no
Entrada no Distribuição e GPESE/CITIUS (os actos
sistema dos envio praticados por
Requerimento mandatário, AE,
Executivo (CITIUS)
tribunais e electrónico para Secretaria ou Juiz ficam
criação do n.º o SISAAE disponíveis
electronicamente a todos
único (GPESE) os intervenientes).

O AE passou a ter o
dever de praticar os
actos no SISSAE
(GPESE)
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Injunções
electrónicas
BNI

Novo fluxo do processo electrónico


Distribuição electrónica

Magistrado
Advogados e Portal
judicial Consulta
Solicitadores CITIUS
Secção Secção de CITIUS-MJ Secção de pelos
CITIUS –
central processos processos advogados e
Entrega de
H@bilus H@bilus Ministério H@bilus solicitadores Dar
peças
processuais Público no CITIUS Informação
CITIUS-MP ao
cidadão

Outros sistemas
Ex: SISAAE –
Agentes de Execução
Elementos essenciais:
3. A regulamentação deve definir:
1. Elementos essenciais a publicitar;
2. Período mínimo e máximo do leilão;
3. Condições de registo dos licitantes;
4. Impossibilidade de alteração das condições do
leilão durante o seu decurso;

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Elementos essenciais:
3. A regulamentação deve definir:
5. Publicitação imediata das licitações e do
resultado do leilão;
6. Condições e regras de pagamento;
7. Condições e regras de anulação das licitações
caso não sejam concretizadas;
8. Condições de substituição da licitação vencedora.

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Alargou-se aos advogados a possibilidade
de exercer as funções de agente de
execução

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Actualmente:
Um Agente de Execução não é um advogado.
Um Agente de Execução não é um solicitador.

Um Agente de Execução é, hoje, sem qualquer dúvida, uma função


diferente da de advogado ou solicitador, munido de poderes
públicos e, por isso, sujeito a um regime de deveres
deontológicos, incompatibilidades, impedimentos e suspeições
diferente.

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Efeito:
Os advogados e os solicitadores que escolherem livremente
iniciar a formação de agente de execução e a ela forem
admitidos aceitam, com esse acto de vontade, porque têm
obrigação de conhecer a lei, que vão passar a exercer funções
diferentes das de advogado ou de solicitador, mais exigentes
a nível ético e deontológico, sindicadas por um órgão
independente, com composição plural e democrática, de
modo a garantir o correcto exercício das funções públicas de
autoridade que lhe são confiadas.

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Natureza jurídica do contrato entre exequente/AE:
Mandato sui generis face aos artigos 1157.º e ss. do CC
(em especial mandato sem representação - art.
1180.º e ss.).
Característica especial:
A livre revogabilidade do mandato é exclusiva do
exequente.

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Fundamentos da especialidade:
O agente de execução exerce poderes de autoridade pelo
que:
a) Está sujeito a um regime de impedimentos e suspeições
especial (art. 121.º do Estatuto da C. Sol.) que lhe
permite, por exemplo, pedir a declaração por
incompatibilidade (impedimento relativo) quando não
tiver uma relação com o “cliente” que não lhe permita o
cabal exercício da sua profissão (artigo 78.º EOA por
remissão do n.º 4 do artigo 121.º do ECS);

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b) Deveres específicos do agente de execução (art. 123.º do
ECS);
c) Exercício do poder disciplinar pela Comissão para a
Eficácia das Execuções (CPEE) – art. 69.º-C/al. f) do ECS,
com vista à garantia de um exercício homogéneo e
transparente desse poder disciplinar.

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A remuneração do AE passou, inequivocamente, a ser um dever do
exequente e instituiu-se, com clareza, o pagamento faseado dos
honorários (artigos. 11.º ss. Portaria n.º 311-B/2009)

Consequências:
a) (Hipótese 1) Possibilidade inequívoca de analogia entre pagamento
de taxa de justiça e pagamento de honorários na primeira fase o que
permite a recusa do requerimento (alínea c) do n.º 1 do artigo 811.º, alínea f) do n.º 1 do
artigo 474.º, artigo 13.º e alínea a) do n.º 2 do artigo 15.º da Portaria n.º 331-B/2009, de 30 de Março):

• Finalidades semelhantes (o AE desempenha funções públicas);


• Prazos semelhantes;
• Conhecimento prévio legalmente definido (n.º 2 do artigo 18.º da
Portaria n.º 331-B/2009, de 30 de Março). 27
Consequências:
b) (Hipótese 2) Possibilidade de, sendo notificado o mandatário do
exequente e, se não responder atempadamente, o mandatário e o
exequente, se poder presumir a desistência da instância:
• Artigo 918.º do CPC é um artigo especial face aos artigos da parte geral do
CPC;
• Possibilidade de presunção judicial da vontade do exequente (artigos 349.º e
351.º CC)
• O artigo 293.º CPC apenas se aplica nos casos de desistência do pedido;
• O artigo 296.º CPC apenas fala em requerimento após o oferecimento da
“contestação” (o que pressupõe a citação do exequente).
• A desistência da instância apenas extingue a instância e não afecta o direito
material (consequência prática = perda da taxa de justiça inicial (25,5€ ou 51€))
(cf. a contrario, o artigo 323.º CC). 28
Consequências:
c) (Hipótese 3) Possibilidade de, sendo notificado o mandatário do
exequente e, se não responder atempadamente, o mandatário e o
exequente, se poder extinguir a instância por inutilidade
superveniente da lide:
• Se das notificações resultar que o silêncio do exequente equivale ao facto de ter
desaparecido o interesse do exequente em agir;
• A alínea c) do n.º 1 do artigo 919.º não exclui outras causas de inutilidade;
• Possibilidade de presunção judicial da vontade do exequente (artigos 349.º e
351.º CC)
• A extinção da instância não afecta o direito material (consequência prática =
perda da taxa de justiça inicial (25,5€ ou 51€)) (cf. a contrario, o artigo 323.º CC).

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Regime transitório do Decreto-Lei n.º 226/2008, de
20 de Novembro (n.º 5 do artigo 20.º e n.º 1 do artigo 22.º).
• Extinção e renovação da execução: aplicáveis aos processos
pendentes ou entrados até 31 de Março de 2009 (n.º 6 do artigo 833.º-
B, na alínea c) do n.º 1 do artigo 919.º e no n.º 5 do artigo 920.º CPC).

• Primeiro caso:
• Execuções que já estivessem suspensas ao abrigo do antigo art.
833.º/6:
Extinguem-se, excepto se, no prazo de 30 dias contados a
partir de 31 de Março de 2009 se o exequente tiver declarado
que o processo se mantém suspenso.

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Regime transitório do Decreto-Lei n.º 226/2008, de
20 de Novembro (n.º 5 do artigo 20.º e n.º 1 do artigo 22.º).
• Extinção e renovação da execução: aplicáveis aos processos
pendentes (n.º 6 do artigo 833.º-B, na alínea c) do n.º 1 do artigo 919.º
e no n.º 5 do artigo 920.º CPC).

• Segundo caso:
• Processos que se venham a suspender por inexistência de bens.
• Extinguem-se, excepto se, no prazo de 30 dias contados a partir
da notificação da suspensão o exequente declarar que o processo
se mantém suspenso.

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Aplicação do processo linear do artigo 833.º e da consequência do
n.º 6 do artigo 833.º-B aos processos antigos:

Inserção na Lista
Pública de
Se nenhum bem for Execuções
indicado =
1. Suspensão do
Citação do processo;
executado para
pagar ou indicar 2. Notificação da
bens em 10 dias suspensão ;
10 dias do 3. Prazo 30 dias
exequente para (artigo 20.º n.º 5)
indicar bens 4. Extinção da
execução

Notificação
do exequente
quanto ao
resultado
negativo das
buscas
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Aplicação do processo linear do artigo 833.º e da consequência do
n.º 6 do artigo 833.º-B aos processos antigos:

Estes procedimentos
Se nenhum bem for
Inserção na Lista
Pública de
Execuções
devem ser efectuados
ex novo em todos os
indicado = extinção
da execução
Citação do
executado para
pagar ou indicar
bens em 10 dias
10 dias do

Notificação
do exequente
exequente para
indicar bens
processos que estão
parados por falta de
quanto ao
resultado
negativo das
buscas

impulso processual do
exequente
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A Lista Pública de Execuções (16.º-A ss. DL n.º 201/2003):

Aplicação no tempo:

A Lista aplica-se
 Aos processos extintos nos termos dos n.ºs 5 e 6
do artigo 20.º do Decreto -Lei n.º 226/2008, de 20
de Novembro;
 Aos processos entrados a partir da data da sua
entrada em vigor.
 Cf. Artigo 20.º, n.º 5 (ver slides 30 e ss)

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Artigo 812.º -C
“Sem prejuízo do disposto no artigo seguinte”…, logo o artigo 812.º-D
não pode ser considerado como contendo um elenco taxativo
(interpretação sistemática e teleológica).

Alínea d) do artigo 812.º-C


Não. Não falta a palavra “imóveis”. Há apenas um “s” a mais em “eles” (cf.
n.º 3 do artigo 9.º do CC).
Um novo paradigma de venda
para um novo paradigma de
agente de execução

I JORNADAS DE ESTUDO DOS AGENTES DE EXECUÇÃO


Dia 10 de Abril de 2010
Centro Multimeios de Espinho
Jorge Almeida

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