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Gestão Escolar Estratégica: desafios e perspectivas

Adilson de Souza Santos

17.12.2019.

A gestão escolar vive um momento crítico em razão de diversas mudanças


sociais, culturais, políticas e econômicas que estão ocorrendo, simultaneamente, no
Brasil e no mundo. Intolerância, desigualdade, exclusão, populismo, ufanismo
declarado às práticas vividas no período de Ditadura Militar e/ou doutrinação
constituem uma conjuntura social perigosa em termos de formação e construção da
nova sociedade.

Vê-se os ideais, pressupostos e conquistas alcançadas com a


redemocratização do país e o advento da Constituição Federal de 1988, entre outras
vitórias, abarcadas até então, serem deixadas a margem por uma sociedade acrítica
que, embora, relativamente, possua acesso a muita informação e conhecimento,
mantém-se alienada e incapaz de promover transformações significativas em suas
vidas, no âmbito familiar, comunitário e na sociedade em que se insere.

É notório que existam casos particulares de gestores escolares que têm


transformado a realidade de suas escolas e, consequentemente, a realidade local
onde estas escolas estão inseridas. A LDB, o PNE, os Parâmetros Curriculares
Nacionais, diversos acordos internacionais, entre outras propostas e ações
governamentais, não governamentais e/ou originadas no âmbito privado têm o
objetivo de promover uma educação democrática, inclusiva e metamórfica, porém, as
realidades particulares de diversas escolas, municípios e estados não corroboram
para a efetividade do que é proposto.

O que fazer? Tem-se normativos, documentos, declarações, manifestos,


políticas públicas diversas que buscam promover uma educação para todos, contudo,
não se vê ações sistêmicas capazes de fazer com que as partes se tornem maior que
o todo e/ou pelo menos igual ao todo. Verifica-se na educação as partes funcionando
de forma aleatória e o todo como uma colmeia perturbada, pois, todos saíram em
busca das razões da perturbação e esqueceram a rainha desprotegida.

Falta estratégia para proteger a rainha “Educação”, e, são os gestores


escolares os responsáveis pela elaboração do planejamento estratégico local, assim
como os coordenadores são responsáveis pelo planejamento tático, os professores
pelo processo de transformação das informações contidas no PPP em conhecimento
e práticas efetivas, devendo estes receber o apoio das famílias e demais componentes
da comunidade escolar, inclusive, como está previsto em normativos diversos, o apoio
da iniciativa privada, que pode participar da educação como investidores, promovendo
ações que compreendam empreendedorismo e apoio a pesquisa científica em todos
os níveis escolares.

Tratemos a educação como um jogo de xadrez onde a estratégia é coadunar


os ideais das minorias com o mercado, dentro de uma perspectiva de sustentabilidade,
ou seja, considerando os âmbitos econômico, ambiental e sociopolítico. As mudanças
na constituição de família, a compreensão dos problemas decorrentes das questões
de gênero, a aceitação do refugiado e/ou de outras culturas como parte de uma nova
estrutura social, o convívio constante com questões raciais e a preparação para o
recebimento de pessoas com deficiência fazem parte dos diversos desafios presentes
nesse jogo de xadrez. Faz-se necessário, portanto, o desenvolvimento da visão 360
graus, para vencer essa partida.

Dentro dessa perspectiva, a pesquisa científica e o empreendedorismo surgem


como armas fundamentais para o desenvolvimento do trabalho dos gestores,
principalmente, porque, faz-se necessário compreender que inovação não está
diretamente ligado com tecnologias avançadas, computadorizadas e/ou às
inteligências artificiais, mas, sim, que inovar é, na verdade, saber que no âmbito
escolar, assim, como em qualquer outro meio, a melhor estratégia é mesclar
tecnologias apropriadas (sociais) e tecnologias convencionais, dessa forma é possível
realizar um processo que não seja excludente e que considere os saberes e
tecnologias locais, menos elaboradas, porém, capazes de atender as necessidades
de seus usuários.

A gestão escolar estratégica está extremamente ligada a capacidade de a


escola absorver todas as contribuições externas, utilizar as potencialidades internas e
promover discussões no âmbito local, estendendo tais discussões para o seu
derredor, inclusive, rompendo as fronteiras de suas regiões e estados, a partir do uso
das tecnologias convencionais. Contudo, a escola não pode negligenciar as
tecnologias sociais, os saberes e cultura local, evitando a desvalorização das raízes
comunitárias.
Pesquisa, inovação, empreendedorismo, sustentabilidade, acessibilidade,
inclusão, compartilhamento e respeito ao diverso devem ser as fontes de orientação
dos gestores escolares. A Constituição Federal e a própria LDB afirmam que a
educação é responsabilidade do Estado, da Família e da Sociedade, dentro dessa
perspectiva precisamos compreender que a construção de um processo ensino
aprendizagem transformador deve ocorrer de forma sistêmica, reconhecendo-se os
valores de cada parte (pequena ou grande), priorizando-se o diálogo, o
desenvolvimento do comportamento empreendedor e a valorização da pesquisa em
todo o processo educativo, pois, uma nação sem pesquisadores e empreendedores
está fadada a sofrer com males como ditadura, doutrinação, desigualdade, exclusão
e intolerância.

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