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Doenças Microbianas

16/03 – 7ª Aula AV1

Tuberculose Bovina

É uma doença de grande importância para a saúde pública e saúde animal, principalmente dos
bovinos, porém essa doença também pode acometer todos os outros mamíferos.

O Mycobacterium bovis é o principal causador da tuberculose bovina, é uma doença de caráter


crônico, que dificilmente vai ter uma manifestação de sintomatologia clinica, o que dificulta ainda
mais o diagnostico, ela causa de uma forma geral processos inflamatórios inespecíficos em qualquer
órgão ou tecido, logo não há uma lesão especifica.

No homem geralmente a doença esta relacionada a Trato respiratório, em bovinos também, porém
no trato digestivo também é muito freqüente.

No homem o responsável pela tuberculose é o Mycobacterium tuberculosis entretanto, o


Mycobacterium bovis não é tão patogênico, ele é mais patogênico no bovino, tanto que no começo
achavam que o bovino tinha passado a tuberculose pro homem, porém foi visto que o M. bovis e o
M. tuberculosis tem características genéticas muito similares mas, os hospedeiros do M. bovis e o M.
tuberculosis são diferente.

São bactérias em forma de bastonetes ou bacilos, da família Mycobacteriaceae, do gênero


Mycobacterium, dentro desse gênero o principal causador da tuberculose bovina é o Mycobacterium
bovis, é um bacilo curto e aeróbios, são imóveis, são sem cápsula e esporos, o que facilita o combate
á essa bactéria apesar de ser uma bactéria que não é fácil de ser combatida, se ocorrer uma infecção
no homem, pode ser realizado o tratamento, já nos bovinos e animais de uma forma geral é proibido
o tratamento, é sacrificado ou levado para o abate.

São classificados gram positivo, porem a coloração utilizada para ele é a coloração de BAAR (bacilo
álcool acido resistente), também conhecida como zelnelsen, eles se coram vermelho devido a
(pesquisar).
São divididos em 2 complexos, o complexo da Mycobacterium que causa tuberculose que seriam: M.
tuberculosis que infecta o homem e bovino e vai causar a doença nos dois, M. bovis que vai infectar o
humano também e vários outros mamíferos e geralmente no homem ele não vai causar tanto

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problema , M. africanum que infecta humano porém esta mais relacionado ao território africano, M.
leprem que infecta cães e gatos e é o causador da lepra e tem como reservatório o tatu e outros que
não são de importância na região.
E o complexo da Mycobacterium não tuberculosis: M. avium ele é utilizado também na prova de
diagnóstico, fazendo um comparativo. E dentro desse complexo tem uma subespécie que é M. avium
paratubersulosis que é o causador da paratuberculose e que tem importância sanitária em outros
países. Esse complexo não é patogênico para bovinos e bubalinos, porém tem reação inespecífica á
tuberculinização e isso interfere no diagnóstico, por isso esse complexo é utilizado no confirmatório
da tuberculose por meio comparativo.
E em suínos esse complexo gera lesões granulomatosas que é observado no momento do abate.
A tuberculose na maioria das vezes só vai ser diagnosticada no pós morte, pois ela não tem
sintomatologia clinica e por isso é muito difícil o diagnóstico.

O período de resistência da bactéria é muito longo, são 2 anos nas instalações e nas fezes, 1 ano na
água, na carcaça 10 meses, ela tem um tempo de vida muito alto, então pra conseguir erradicar ela
de uma propriedade é muito difícil, apesar da incidência da tuberculose em uma propriedade hoje no
Brasil são de casos mais isolados, não é uma incidência tão alta quanto a da brucelose.
Em búfalos na Europa a incidência de tuberculose é muito alta, são animais sem sintomatologia, que
quando chegam no abate a carcaça está toda condenada.

As formas de inativação são com detergentes comuns como hipoclorito de sódio, fenol, formol,
hipoclorito de cálcio em exposição por até 3 horas, e também é sensível ao calor como a autoclave,
pasteurização tanto lenta quanto rápida e fervura.

A distribuição dela é mundial, é um problema grave principalmente na áfrica, Ásia e America latina,
geralmente em países subdesenvolvidos, na Europa foi bem controlada.
Os animais suscetíveis são o homem, ruminantes domésticos e silvestres, suínos e algumas espécies
de carnívoros silvestres são sensíveis ao M.bovis
Já os eqüinos, caprinos ovinos, carnívoros e felinos são mais resistentes. Porem todos esses animais
podem ser um reservatório da doença, por ser um portador saudável que elimina o bacilo no
ambiente.

Normalmente só se observa sintomatologia clinica em animais com tuberculose na bovinocultura de


leite, por ser uma doença de caráter crônico e na bovinocultura de leite, os animais ficam mais
tempo na propriedade, tendo tempo de manifestar os sintomas mais clássicos da doença.

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É uma doença que não tem predileção por raça, sexo e nem sazonalidade.

A transmissão para que ocorra tem que ter uma fonte de infecção, que geralmente podem ser outros
animais infectados assintomáticos que tenha a doença crônica e estão eliminando o bacilo, pois a
doença esta muito relacionada ao sistema imunológico do hospedeiro, se o animal que está portador
da tuberculose tiver uma baixa na imunidade, vai facilitar o aparecimento da sintomatologia clinica.

O que dificulta o controle da doença são os reservatórios que são os animais silvestres.

As vias de eliminação do bacilo de Mycobacterium uma das principais são as secreções respiratórias,
principalmente se o animal tiver infecção pulmonar, do leite e do colostro, do sêmen, da urina e das
fezes.
90% dessa transmissão é por aerossóis, pastagem, água alimentos contaminados, além do colostro e
leite.
As portas de entrada é o trato respiratório na maioria das vezes, porém também podem ser pelo
trato digestivo, mucosas e epitélios intestinais.
A transmissão transplacentária é rara mas pode acontecer, principalmente quando a vaca tiver com
tuberculose genital, mas é bem difícil de ser observado, porém não pode ser descartado.
Pode ser transmitido através da cópula dos animais de produção que pode causar uma epidimite e
metrite tuberculosa e por forma cutânea através de objetos contaminados.
A transmissão para humanos o bovino é a principal fonte de infecção. E a via de transmissão pode ser
por ingestão de leite e derivados crus contaminados, podendo causar a doença em crianças, idosa e
principalmente em imunossuprimidos, neles o M. bovis pode causar uma doença de complicada a
severa.
Pode ser transmitido também pela ingestão de carne crua, pode ser considerada de pouca
importância, pois a carne precisa estar totalmente crua, pois qualquer fervura já é o suficiente para
matar o bacilo.

Cães infectados com M. bovis podem também transmitir para o humano mesmo não sendo o mais
comum e o recomendado é o sacrifício do cão, pois só humanos podem ser tratados.

A transmissão ocupacional é pro tratador, criador, ordenhado, magarefes (profissionais que


trabalham na produção, abatedouros) e veterinário, por inalação de aerossóis.
Doença crônica de desenvolvimento progressivo de lesões nodulares denominada tubérculos.

A eliminação do M. bovis ocorre antes que se tenha sinal clinico.

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Os fatores de virulência do Mycobacterium está relacionado a capacidade de sobrevivência da
bactéria no interior do macrófago e a maior parte dessa distribuição da tuberculose é feita por uma
hipersensibilidade mediada por celular, alem disso o diagnóstico é feito através de hipersensibilidade
mediada por células.

A parede do Mycobacterium é lipídica, ácidos graxos de cadeia linear, ácidos graxos de cadeia
ramificada,lipídeos neutros, fosfolipídios, glicolipideos, sulfolipideos, lipopolisacarideos. Fazendo
uma reação celular muito grande nos tecidos, por isso para diagnóstico o padrão ouro é o teste de
hipersensibilidade celular.

Complexo primário surge com a implantação do bacilo que leva a disseminação hematogênica intra-
celular, disseminação por contigüidade e linfo-hematogenica, levando aos fenômenos patogênicos
com inflamação inespecífica e aos fenômenos patobiologicos com uma imunidade caixa e
hipersensibilidade e tudo isso ocasiona e liberar uma reação granulomatosa.
Após a formação do complexo primário, observa-se nódulos bem amarelados na carcaça (pós
mortem), após essa formação ocorre a evolução da doença, a cura clinica do homem ocorre em 90%
dos casos, ocorre a cura bacteriológica que é a eliminação da bactéria do organismo.

É uma doença progressiva nos bovinos, porém para os bovinos não se tem tratamento.
Há formação de inúmeros nódulos, chamados de tubérculos em vários órgãos e serosas e essas
lesões são macroscópicas, observadas no serviço de inspeção, essa lesão normalmente só serão
observadas no pós mortem, pois é uma doença assintomática na maioria dos casos.
No Maximo o animal tem uma caquexia progressiva, onde o animal mesmo mantendo a alimentação,
não vai engordar, não vai ganhar peso.

Outros sinais clínicos que podem ser observados com menos freqüência são tosse seca, curta e
repetitiva, hipertrofia dos linfonodos em alguns casos, pode causar mastite e infertilidade apesar de
não ser muito comum e cansaço, sem conseguir acompanhar o ritmo dos outros animais do rebanho.
Esses sintomas são comuns a muitas outras doenças, logo raramente, irá se suspeitar de tuberculose.

O diagnóstico pode ser clinico mas ele é muito inespecífico e o diagnóstico anatomopatológico feito
na inspeção da carcaça, onde se observam as lesões.
O diagnóstico pela presença do agente etiológico que pode ser feito pelo isolamento do agente em
meio de stonebrink e identificação bioquímica, onde se observa o crescimento da bactéria e é uma
característica da bactéria Mycobacterium tuberculosis ter o crescimento em forma de couve flor, é o
método de diagnóstico muito utilizado para o humanos.

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E a resposta do animal ao agente etiológico que é a tuberculinização, onde se vê a hipersensibilidade
mediada por células, que é a hipersensibilidade do tipo 4.
Também pode ser feito o diagnóstico por ELISA, porém o esse é um teste muito mais caro.
É uma característica muito marcante a calcificação do cáseo na tuberculose, no momento do abate,
quando o magarefe vai cortar o órgão a faca range como se tivesse areia, isso diferencia a lesão de
tuberculose com a lesão de linfadenite.

São feitos no curral testes de diagnóstico que são o teste cervical simples, o teste cervical
comparativo e o teste da prega da calda.

Tanto o teste cervical simples quando o teste da prega da calda, são considerados testes de triagem,
pode ser utilizado na pecuária de corte e de leite. O local da inoculação usa-se um tricotomo,
lembrando que quando for fazer a tricotomia não deve ferir nem fazer nenhuma escara com o
tricotomo, pois é um local onde vai ser inoculado e observado uma reação de hipersensibilidade, se
houver alguma ferida pode reagira e inflamar dando um diagnóstico errado. É feita a tricotomia e
deve-se medir antes de fazer o nódulo, nesse teste inocula-se apenas a PPPD bovina 0,1ml, após 72
horas observa-se o nódulo e fazer a leitura na tabela e anota, aguarda mais horas e faz a observação
final do nódulo sempre acompanhando com a tabela.

Pode ser feito também o teste de Tuberculinização intradérmica somente por Medico veterinário
habilitado, pode ser realizado em bovinos e bubalinos a partir de 6 semanas de idade.
A tuberculina é uma proteína do Mycobacterium que é purificada em meio de cultura e é utilizada
uma parte para o teste. Vai inocular 1,0mg/ml da PPD Bovina e 0,5mg/ml da PPD Aviária e vai fazer a
comparação por meio da tabela de interpretação para fazer o diagnóstico da mesma forma que o
teste anterior, no mesmo espaço de tempo, a diferença desse teste para o teste anterior é que te da
a certeza de qual Mycobacterium o animal foi infectado, pois o processo é muito semelhante, porém
nesse teste se faz um comparativo com a reação do Mycobacterium bovis com o Mycobacterium
avium.

Se o resultado for inconclusivo deve-se fazer um novo teste, se o novo teste também der
inconclusivo o animal vai para o abate.

O teste da prega caudal é um teste também de triagem, porem só é utilizado para bovinos de corte,
também é feita a leitura em 72 horas e a interpretação é pela avaliação visual e palpação então é um
teste muito subjetivo. Inocula na prega caudal do animal e observa, vai ver um aumento na região,

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um edema, pode ser refeito o teste após três meses, pois é o tempo suficiente para a janela
imunológica, para que não aja alteração pelos antígenos que foram inoculados no 1º teste.
Por ser um teste de triagem, se der negativo é liberado, se der positivo ou inconclusivo, faz o
comparativo. O comparativo é o teste de ouro, porém é um teste caro.

O controle e a Profilaxia para humanos têm a vacinação BCG, em humanos é feito o tratamento com
antibióticos em no mínimo seis meses, é uma zoonose.

O controle a doença nos animais é feito pelo programa nacional de controle e erradicação da
brucelose e da tuberculose animal, é proibido o tratamento em animais, o teste de diagnóstico é
feito no rebanho e quando é reagente o animal vai para o sacrifício ou abate, é uma doença de
notificação obrigatória.

No abate é feita uma avaliação de metástase bacteriana, se houver granulomas disseminados pelo
corpo do animal a carcaça inteira é descartada, caso não tenha a disseminação, é feito o
aproveitamento condicional da carcaça, que é utilizado em embutidos e etc. onde é feito o
tratamento por temperatura e mandado para o consumo.
É feita a inspeção sanitária do leite e do derivado dos bovinos, que são descartados ou feto o
tratamento térmico.

O controle da saúde do funcionário e magarefes, a limpeza e desinfecções das instalações dos


animais, pois quanto maior a limpeza, melhor a qualidade de vida e saúde dos animais, deve-se ter
instalações adequadas e boa ventilação, por isso animais de criações extensivas são menos
propensos a desenvolver essa doença, por não ter um numero grande de animais aglomerados.

Educação em saúde que é a informação para as pessoas, para que tenham hábitos onde evitem a
contaminação, isso é trabalho do medico veterinário, conscientizar e ensinar a população da
importância das doenças zoonoticas.

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