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FACULDADE DE EDUCAÇÃO
Departamento de Psicologia
RELATÓRIO DE ESTÁGIO-Coaching 1
Supervisores: Estagiário
Dra. Ana Ibanez RuiMbatsana
Dra.LucenaMuianga
1. Introdução
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1.1. A motivação da escolha da área de intervenção e do localdo estágio surge das
exigências impostas pela natureza do próprio curso. Este requer o desenvolvimento de
habilidades com base na realização de actividades práticas nos domínios de terapia
familiar e comunitária.
Assim, a selecção dos locais de estágio, quer na AMODEFA, quer na CÁ-PAZ, o maior
interesse dos estudantes foi de poder lidar com Casos de terapia de família e também
ao nível comunitário. Assim, sendo a AMODEFA uma Associação dedicada ao
desenvolvimento da família, a maior esperança foi de encontrar pacientes na esfera da
família e de casal. Na CÁ-PAZ, porque lida-se com a problemática da violência
doméstica e desenvolve muito trabalho com a comunidade, a esperança foi também
de encontrar condições favoráveis para o desenvolvimento de habilidades nos campos
de terapia familiar e comunitária.
Foram apresentados alguns casos por algumas enfermeiras que no final da primeira
sessão não tiveram mais continuidade porque os pacientes não retornavam às
consultas.
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Por esse motivo os estagiários, num acordo com as supervisoras e autorizados pela direcção do
curso decidiram pela mudança do local de estágio.
Assim, os estagiários foram subdivididos em dois subgrupo, tendo o nosso subgrupos sido
enviado à CAPAZ, onde iniciou o estágio no dia 01 de Outubrode 2013, com a apresentação à
Directora Executiva.
A CÁ-PAZ pelos objectivos que persegue, granjeou muita simpatia nas comunidades e na
população em geral, tendo assim, se tornado numa referência nos campos de violência
doméstica, empoderamento da mulher e no apoio psico-social das famílias e comunidade.
2. Metodologia
Visão
“Por uma Sociedade moçambicana onde todas as pessoas tenham acesso a serviços de
saúde e gozem dos seus direitos sexuais e reprodutivos e vivam livres do HIV/SIDA e de
qualquer discriminação”.
Missão
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“Promover e defender os direitos sexuais e reprodutivos das pessoas, através da informação,
educação e prestação de serviços de qualidade em parceria com os sectores público e
privado e a sociedade civil”.
Para sua correcta gestão a AMODEFA possui Órgãos sociais eleitos em Assembleia Geral,
nomeadamente, Assembleia Geral, Conselho de Direcção, Conselho Fiscal.
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ESTRUTURA ORGÂNICA DA AMODEFA
ASSEMBLEIA GERAL
CONSELHO DE DIRECÇÃO
DIRECÇÃO EXECUTIVA
2o. Nível
Coord.deProgramas
ÁreaProgramas
ÁreaFinanceira
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Localiza-se no Posto Administrativo da Machava e foi criada sob o despachoNo.133 de
30 de Outubro 2007. Este criou um Centro de atendimento das vítimas de violência, composto
por diferentes instituições Públicas (Acção Social, polícia, Saúde), estruturas locais (Secretários
dos bairros e chefes dos quarteirões, régulos e AMETRAMO) e pelos "Bons Vizinhos" (agentes
da comunidade).
OBJECTIVO GERAL:
Dar apoio psicossocial às vítimas de violência doméstica.
OBJECTIVOS ESPECÍFICOS:
Aconselhar e organizar a assistência psicológica, social, médica e legal das vítimas de
violência doméstica;
Realização de visitas domiciliárias pelos ”Bons Vizinhos” para a promoção da saúde
e informação a comunidade sobre as actividades do Centro;
Aconselhamento dos parceiros, perpetradores e membros das famílias sobre as
consequências de violência, direitos básicos, legislação aplicável à violência
doméstica;
Criar Fóruns de protecção de crianças nas comunidades;
Criar e organizar actividades do grupo de auto-ajuda;
Fortalecer o papel das estruturas locais e líderes comunitários na gestão dos
problemas de violência doméstica nas comunidades;
Iniciar e participar em campanhas locais e nacionais contra a violência doméstica.
Criar e capacitar as redes dos ”Bons Vizinhos”,
Criar fórunsde protecção da criança em cada comunidade (bairro);
Prover as estruturas da comunidade de capacidades e habilidades básicas de apoio
psicossocial e a identificação de sintomas e sinais das vítimas de violências
domésticas;
Estabelecer ligação com instituições governamentais e organizações não
governamentais que trabalham com vítimas de violência doméstica;
Desenhar e assinar memorandos de entendimento ou contratos-programa sobre a
colaboração com as instituições governamentais e organizações não governamentais,
interessadas em colaborar no modelo psicossocial.
Mesa da Assembleia
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Gestora de Casos:
RecursosHumanos LizeteTembe Coord.eesquis
a e Estágio
Pessoal de apoio
Cood. Projecto de
Crianças
Cada estudante elaborou o seu plano de actividades a realizar durante o estágio. O meu plano
em ANEXO 2, apresenta-se preenchido de actividades realizadas a partir do dia 30 de Agosto de
2013, com a frequência de duas sessões semanais das 8 as 12 horas, com pequenas variações
na prática, tendo como conteúdos o acompanhamento e a condução de casos de terapia
familiar.
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A passagem para CÁ-PAZ produziu uma pequena alteração no plano quanto aos dias de semana.
Ou seja, no lugar das 3ª’s e 5ª’s feiras, passou a ser nas 2ª’s e 5ª’s feiras, com início as 8h30,
mantendo o mesmo tempo de duração da jornada de 4 horas.
Terminado o estágio na sua primeira fase “Coaching 1”, podemos afirmar que os resultados
foram positivo e satisfeitas as expectativas.
3. Apresentação do Caso
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respectivamente. Nessa altura ela vivia numa casa alugada no Bairro de Chamanculo, onde o
Senhor Muzila quando se conheceram passou a viver na companhia dela. A Emeldina,
recordando desse tempo afirmou que o marido lhe batia muito e, numa dessas vezeslhe
mandou embora de casa, tendo se refugiado na casa do avô em Boquisso em 2005, o qual deu
lhe um terreno onde ela construiu uma casa de 7 chapas de zinco. Passado algum tempo o
Senhor Muzila apareceu por lá e apresentou um pedido de desculpas à família dela que foram
aceites facto que lhe permitiu retomar a vida conjugal. Depois disso os dois adquiriram um
terreno, onde em conjunto organizaram material (blocos), e o filho dela construiu uma casa de
blocos onde actualmente vivem os dois. Entretanto, e segundo a esposa, durante estes anos
todos o marido continua a tratar-lhe mal, expulsa muitas vezes de casa e dormindo no mato até
ao dia seguinte.
Face ao impasse sobre este assunto, porque para deixar de frequentar aquela Igreja é preciso
deslocar-se à África do Sul para entregar as roupas daquela congregação, a esposa propõe que
viajassem juntos,o que foi rejeitado pelo marido.Sobre esta polémica à volta da Igreja a esposa
explicou que ela tem espíritos da família, mas que na família dela não existe ninguém para trata-
los, e esta a Igreja Pentecostal é a única que pode os afugentar, mas porque gosta do marido
prefere deixar de rezar nela.
Outro facto por ela revelado, é o maridonum certo dia, estando todos sentados na sala, ele ter
mantido relações sexuais com sua sobrinha, que na altura tinha 17 anos, na presença dela e das
crianças que ai estavam. Quando ele lhe pediu explicações sobre o que pretendia fazer com ela,
o marido afirmou que queria casar-se com ela. A seguir questionou-lhe como queria casar com
a sobrinha se mesmo a ela não consegue LOBOLAR.
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A esposa ao referenciar o Lobolo, e porque muitas vezes disse que o marido não lhe respeita e
não lhe valoriza, deixou claro que para ela seria importante que fosse lobolada como forma de
valorizá-la perante a sociedade.
Ela acrescentou que neste momento vivem com dois sobrinhos de 18 e 20 anos de idade, que o
marido foi traze-los de Gaza, numa casa de um quarto e uma sala, com agravante de não ter
nenhuma porta que separe os dois compartimentos, e ele lhe obriga a manterem relações
sexuais no momento em que os jovens estão acordados e a assistir programas de televisão.
Segundo a esposa, para além dos episódios acima mencionados, o que ela sente é que o marido
já não lhe quer ver, e julga que ele está fazendo esforço para que ela se vá embora para ficar
sozinho com a casa. Concluiu dizendo que, é a razão porque frequentemente briga com ela, de
tal modo que ao nível da estrutura local não se consegue resolver o problema e, é dai que o
chefe de quarteirão lhes remeteu à CAPAZ (Sede clínica).
Entretanto, tendo em consideração a história desta família pode se constatar que o problema
reside no comportamento problemático do Senhor Muzila, que se manifesta na prática de
violência doméstica (física e psicológica) e falta de respeito e consideraçãopara com a esposa.
Segundo a OMS, o alcoolismo é uma doença progressiva, que se manifesta lentamente ao longo
dos anos até atingir o seu auge. É também considerada reflexiva por se reflectir nas pessoas que
convivem com um alcoólatra.
Pirlot, G. Pedinielli, J-L (2006), definem sexualidade perversa como sendo “um comportamento
sexual que se caracteriza em ser:
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a) Inabitual, por romper com práticas sexuais socialmente aceites;
b) Parcial, por se limitar à satisfação parcial sem se importar com o parceiro;
c) Exclusivo, porque só daquele jeito consegue atingir o prazer sexual;
d) Instrumentalização, reduzindo o parceiro a um objecto”.
Abona ainda mais para este prognósticos alguns sinais de natureza física e comportamental que
caracterizam o PI, nomeadamente, a aparência de degradação física devido ao abuso de álcool e
prática de relações sexuais com a esposa, sem se importar com a sua protecção, sabendo que
ela é seropositiva, ignorando a chamada de atenção desta.
Estes aspectos afectam a dinâmica familiar, provocando a falta de harmonia conjugal no casal,
bem como a disfunção nas redes de relações já estabelecidas.
Feita a avaliação após diagnóstico do caso em estudo, julgamos ser adequada a aplicação das
seguintes teorias:
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Dado ao facto de o PI pertencer a uma família de 8 irmãos, dois dos quais são homens (ele e
o irmão falecido), seria importante aprofundar a história da família, para melhor conhecer a
origem da violência contra as mulheres e do comportamento com relação à sexualidade.
3.2.1. Finalidades:
Modificaro comportamento negativo do Senhor Muzila e restabelecer a
confiança mútua entre o casal;
Apelar à consciência do Muzila com vista a abandonar os maus hábitos,
nomeadamente, o alcoolismo, o amantismo e agressão à sua esposa;
Empoderar a esposa com vista a conseguir resgatar a auto-estima,
desenvolvendo actividades que permitem o seu auto sustento.
3.2.2. Meta/Objectivo
Meta 1:Restabelecer as relações conjugais que garantam confiança e proporciona uma boa
convivência e harmonia na vida casal;
Meta 2:Implantar uma forma de estar que se identifica com respeito mútuo entre os cônjuges,
favorecendo um bom clima na família;
Meta 3:Incentivar o Muzila a fazer o LOBOLO da Emeldina junto à família dela, como forma
de cumprir com as normas sociais estabelecidas, valorizando desse modo, a sua esposa perante a
sociedade.O Lobolo para os moçambicanos da zona Sul é uma forma de reconhecimento pela
sociedade de que os dois constituem uma família.
3.2.3.Estratégias:
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Segundo Morris, C.G. &Maisto, A.A. (2004), “as terapias cognitivas se baseiam na crença de
que, se as pessoas conseguirem mudar ideias distorcidas sobre si mesmas e sobre o mundo,
poderão mudar também os seus comportamentos-problema e tornar suas vidas mais agradáveis.
A tarefa que os terapeutas cognitivistas enfrentam é identificar essas maneiras incorrectas de
pensar e corrigi-las”.
Feita a avaliação após diagnóstico do caso em estudo, julgamos ser adequada a aplicação do
modelo de Terapia Cognitiva Comportamental, tendo em consideração a finalidade e as duas
primeiras metas definidas e a serem alcançadas.
Verificando-se que para além do aspecto cognitivo comportamental evidenciado neste caso em
análise, é notória a existência da falta de cumprimento de deveres sociais por parte do Muzila,
facto que resulta na falta de reconhecimento da sociedade de que eles constituem uma família.
Este aspecto leva a esposa a um sentimento de falta de prestígio, bem como também não se sente
valorizada pelo próprio marido.
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a) Técnicas para terapia de casal
Técnicas de Empatia, treinar os parceiros para cada um saber partilhar os sentimentos
íntimos com outro, bem como ouvir e compreender os sentimentos do outro antes de
reagir;
Técnicas comportamentais, que consistem em ajudar o casal a desenvolver um esquema
para troca de acções específicas e de interesse comum, por exemplo, como ajudar nos
afazeres de casa; organizar uma refeição especial juntos; lembrar ocasiões especiais com
um presente etc.
Entretanto, tendo em consideração o último cenário de violência praticado pelo Muzila contra
sua esposa (Domingo 24/11/13), facto que levou a mulher a apresentar queixa à esquadra da
polícia local, o grupo de terapeutas decidiu encaminhar o presente caso, para área jurídica que
funciona na Sede Clínica.
Por esse facto,a fase do processo terapêutica não foi executada. O Plano de Intervenção aqui
proposto, poderá ser executado logo que o PI reconhecer a necessidade e manifeste interesse de
estabelecer uma Aliança Terapêutica que permite dar continuidade ao processo.
4. Considerações Finais
Como é lógico, as dificuldades não tardaramsurgir sobretudo na condução dos casos, derivados
de alguns aspectos de natureza prática, nomeadamente:
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Ao longo do estágio sentimos algumas limitações técnicas e teóricas, nomeadamente:
Pela importância que o estágio assume no processo de formação técnico-prático dos futuros
terapeutas, recomendamos o seguinte:
5. Referências Bibliográficas
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Morris, C.G. &Maisto, A.A. (2004),. Introdução à Psicologia. São Paulo, prentice Hall, 6ª
edição;
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