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26 de outubro, IRI-USP
Prof. Arthur Murta (PUC-SP)
• Não há uma tradição liberal coerente e unificada
• Liberdade do indivíduo
• Com capacidades ilimitadas, obtém-se mais autonomia e
liberdade – progresso pelo bem-comum
• Estado: mal necessário e ameaça potencial
• Desconfiança em relação ao Estado
• Como o SI pode se tornar menos conflituoso e mais
cooperativo? Democracia, livre-comércio e instituições
internacionais
Liberalismo
Mudança de foco do debate clássico:
deslocamento do foco no poder político para dar ênfase na
economia.
Comércio permite analisar as relações internacionais a partir
de três enfoques:
Disponibilidade de recursos (foge do foco no poder)
Relações econômicas
Preferências individuais
Isso permite que os atores passem a ver suas relações a partir
de outros aspectos
Liberalismo
• Montesquieu: “a paz é o efeito natural do comércio”
• Kant: comércio internacional leva ao “princípio da
hospitalidade” – paz cosmopolita; intercâmbio comercial
cumpre uma “função civilizadora” nas RI; a opinião
pública apoiaria PE mais pacíficas pelos ganhos advindos
do comércio
• Stuart Mill: comércio como principal padrão de
relacionamento dos países – subst. a guerra
• Complementaridade das economias
• Crítica feroz às políticas mercantilistas/nacionalistas
Liberalismo
Proximidade com o Idealismo – crença na possibilidade
de cooperação.
Mantém visão positiva da natureza humana (não é um
projeto comum, são interesses individuais).
Indivíduos são competitivos, mas dividem com os outros
muitos interesses.
Indivíduo é capaz de progredir e há fatores que
contribuem para este progresso (democracia, educação).
Buscam colaborar para que os resultados sejam benéficos
para todos (porque isso é benéfico para si próprio).
Liberalismo
Teoria Neoliberal das RI
Teoria Neoliberal
Institucionalista
Neoliberalismo
Neo-institucionalismo
• Os Estados são os principais atores
• SI descentralizado: concorda com a anarquia
• Contudo, não é o SI pautado no caos e de iminência de
guerra – papel das instituições
• Keohane: conceitos centrais para entender o SI moderno
– descentralização e institucionalização
• O foco dos neoliberais está em “como as instituições
afetam o comportamento dos Estados”; premissas:
1) Os atores devem ter interesses em comum para poder
cooperar, ou seja, eles devem perceber os ganhos com a
cooperação
2) O grau de institucionalização exerce grande influência
sobre o comportamento dos Estados
• Neoliberalismo atrelado à relevância das instituições
• Keohane: “instituições como grupos de regras (formais e
informais) persistentemente conectadas que prescrevem o
comportamento, constrangem as atividades e definem as
expectativas”
1. Formal intergovernamental ou organizações não-governamentais
internacionais: instituições desenhadas pelos Estados (OINGs não)
com algum propósito específico, uma organização burocrática e
regras específicas; Ex: ONU, OMC, Unasul, MSF, Greenpeace etc
2. Regimes internacionais: regimes são instituições com regras
explícitas acordadas entre os governos para determinado assunto de
RI; Ex: regime monetário internacional (Bretton Woods, 1944);
Regimes ambientais etc.
3. Convenções: Instituições informais com regras e entendimentos
implícitos que incentivam a coordenação. As convenções nascem
espontaneamente, como nos casos da tradição da imunidade
diplomática e da ideia de reciprocidade na relação entre os Estados.
Formas de institucionalização
• Democracia e livre-comécio, per se, não configuram
harmonia internacional
• O comportamento pacífico pode ser estimulado por uma
economia aberta sob o regime de normas e regras – ou
seja, a cooperação vem de um processo de negociação
• O papel emergente dos atores transnacionais
Crítica de Keohane ao
pensamento liberal
• Risse-Kappen: “interações regulares por meio das fronteiras
nacionais em que ao menos um ator é um agente não-estatal
ou não opera em nome de um governo nacional ou uma
organização intergovernamental”
• Atores:
- Empresas multinacionais, OINGs, grupos terroristas,
traficantes internacionais, máfias, Igreja(s), os partidos
políticos e até as prefeituras, que, apesar de serem
microunidades dos Estados, cada vez mais estão construindo
as políticas externas próprias e independentes das políticas
externas de seus Estados.
Relações transnacionais
• Mudança de atitude: compramos carros Toyota e
mudamos nossa visão sobre os japoneses
• Pluralismo internacional: inserção do Greenpeace
aumenta nosso interesse em causas ambientais
• Dependência e interdependência: ajuda internacional;
integração econômica internacional
• Capacidade de influência dos governos: manipulação
dos interesses via MNC
• Atores não-estatais com suas próprias PE: pode levar
ao conflito com o Estado; GM fecha as fábricas nos EUA
e as leva ao México
Relação Governo x AT
Interdependência complexa
• Dependência: o estado dos Estados é determinado
largamente por forças externas
• Interdependência: situação caracterizada por efeitos
recíprocos entre os países ou entre os atores de diferentes
países ou simplesmente o estado de mútua dependência
• Interdependência não necessariamente implica em benefícios
mútuos - grandes custos envolvidos nessas relações; a
interdependência restringe a autonomia dos Estados e, assim,
não se pode saber, a priori, quão custosa ou benéfica será
essa relação
Interdependência complexa
• Interdependência assimétrica: não há uma distribuição
equitativa do conteúdo dependente entre os atores
• Em uma relação bilateral de dependência mútua de dois
Estados X e Y:
- o Estado X pode ser mais dependente de Y, do que Y de X
- o Estado Y pode tirar proveito da interdependência
assimétrica, como força de influência e barganha em relação
ao Estado X
• Nesse caso, a interdep. assim. trata-se de uma fonte de poder
Interdependência complexa
Canais de transmissão – criação de vários pontos de
contato que nem sempre são controlados.
Competição – a tendência é aumentar a
interdependência para não ficar isolado.
Reciprocidade difusa – busca por regulação
institucional para garantir a reciprocidade.
Negociação – reduzir a assimetria de recursos no
momento da barganha.
Interdependência complexa
• Interdependência vulnerável e Interdependência
sensível
Interdependência complexa
• Sensibilidade: indicador do impacto, medido em custo; grau
de resposta (ou reação) a uma política; quanto maior a
interdep. maior será a sensibilidade
- Ex: aumento internacional do preço do petróleo
- Brasil sensível ao aumento dos preços
• Vulnerabilidade: diz respeito à disponibilidade e ao custo
das alternativas diante da situação de interdependência;
quanto maior for o custo para frear o impacto gerado pela
interdep., maior será a vunerabilidade.
- o Brasil diminuiu a vulnerabilidade a partir do incentivo ao
consumo de etanol e da produção nacional de petróleo
Interdependência complexa
• Por que a vulnerabilidade é mais importante do que a
sensibilidade?
• Ex: se dois países dependem de forma idêntica da importação
de petróleo, isso significaria que eles possuem uma
sensibilidade idêntica. No entanto, se um deles tiver uma
fonte alternativa de energia a custos moderados, será menos
vulnerável que aquele que não possui alternativas
• Os tomadores de decisão sempre devem, portanto, pautar as
alterações políticas a partir do mapeamento da
interdependência vulnerável e não da sensível
Interdependência complexa
1) Canais múltiplos: relações ganharam n possibilidades de
canais – empresas, bancos, indivíduos etc; AT afetam a
sensibilidade dos Estados
2) Agenda múltipla (com ausência de hierarquia entre os
assuntos): o tema central nas RI varia de país para país; um
mesmo país tem distintas prioridades em relação a outros
países; fronteira difusa entre doméstico e internacional
3) Papel reduzido da força militar: distintas formas de poder
– inclusive “fora” dos Estados; crescente papel das disputas
econômicas e ecológicas
Interdependência complexa
• Ordem de Westfália de 1648: baseada na ideia da igualdade na
política doméstica e anarquia no campo internacional
• Século XIX: expansão de acordos internacionais pela via da
cooperação; Ex: União Postal Universal em 1874
• Um acordo internacional implica em certa diminuição da
soberania nacional
• A cooperação entre os países pode não se limitar a uma função ou
outra
• Nesse caso, pode ocorrer um processo de integração (uma
sobreposição da soberania nacional em várias funções)
Funcionalismo
David Mitrany. The Progress of International Government
(1933)
Derivado da perspectiva liberal das RI.
Possibilidade de cooperação entre atores que convivem
próximos num contexto de interdependência econômica.
Aproximação de interesses entre os atores econômicos.
Ênfase em pontos da “baixa política” (comércio, intercâmbio
econômico)
Segurança – questão secundária
Solução técnica para os problemas comuns.
Funcionalismo
• Cooperação internacional pautada em funções
• form follows functions (a forma segue a função): a forma como
se dá a cooperação deve ser determinada pela função em
questão
• Não existe fórmula para uma cooperação funcional; ex: sistema
de correios global sem instituições vs. SMC regulado por uma
organização internacional
• Gradualmente, os Estados cedem suas “soberanias” nessas
funções: “paz em partes”
• CECA (1952) e CEE (1956): garantir, por meio da integração
de uma função econômica, a paz em termos políticos
Funcionalismo
Ernst B. Haas. Beyond the Nation-State: Functionalism
and International Organization (1964)
Não é possível excluir os aspectos politicos.
Buscam explicar a integração regional (experiência UE)
Foco nas elites econômicas (empresariais)
A cooperação é facilitada quando as elites econômicas
percebem que têm interesses comuns – complementaridade
econômica.
“Ilhas de cooperação”
Neofuncionalismo
• Haas: “instituições têm um papel fundamental na formação de
um sentido de comunidade entre os Estados que buscam se
integrar”
• A institucionalização é que leva os cidadãos a reforçar sua
lealdade para um nível supranacional
• Spillover: a integração de determinada função conduziria à
integração de outras funções em um processo de intensificação
da integração
• Quanto mais setores são institucionalizados, cada vez se torna
maior a necessidade de novas institucionalizações; se os
governos nacionais falharem em se mover para a frente, há
também riscos enormes do custo da interrupção desse processo
Neofuncionalismo
Interesses econômicos aproximação das elites
regulamentação das relações (para ampliar a
interdependência)
spill over (com envolvimento de outros
atores sociais e governamentais)
integração política instituições
supranacionais.
Spillover
Década de 1980
Contraposição à ideia da TEH – pouca
sustentabilidade.
Aplicação das teorias dos jogos nas RI.
Visõesdiferentes sobre as OI = cooperação ou
coordenação de posições?
Debate neoclássico
Problema = ampliação do número de atores
Aumento do custo de controle, prevalência de
determinados temas, dificuldade do envolvimento de
temas de segurança
Neoinstitucionalismo