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1 FUNÇÕES DA CIÊNCIA JURÍDICA

A ciência jurídica, como toda ciência, tem um objeto, que é o direito,


preocupando-se em atingir não a verdade, mas a decidibilidade, por via metódica,
mediante enunciados descritivos, que propõem critérios e instrumentos, para transmitir
uma informação precisa sobre a realidade jurídica a que se referem.
Mas tais enunciados científicos são refutáveis por terem validade não absoluta,
visto que dão uma informação sujeita a verificação (FERRAZ JÚNIOR, 1977, p. 42-43;
POPPER, 1968). Com isso, o problema central da ciência do direito passou a ser a
decidibilidade, ou melhor, a oportunidade de suas decisões, e não a verdade ou falsidade
de seus enunciados. Daí o caráter tecnológico do conhecimento científico-jurídico. O
jurista, ao buscar as decisões fundamentáveis da norma jurídica, enuncia respostas que
não são verdadeiras, nem falsas, mas aptas, ou não, para demonstrar que uma dada decisão
pode ser sustentada pela norma sub examine.
Dos enunciados científico-jurídicos, por terem natureza criptonormativa,
decorrem consequências programáticas de decisões, pois devem prever que, com sua
ajuda, os problemas sociais sejam solucionáveis sem perturbações. Os enunciados da
ciência jurídica não são verificáveis ou refutáveis como os enunciados científicos, porque
sua validade depende de sua relevância prática, isto é, deve possibilitar decisões
legislativas, judiciais, administrativas e contratuais. Assim o jurista, ao expor o
ordenamento jurídico, sistematizando-o, ao interpretar normas, facilita a tarefa da
aplicação do direito.
Observa Tércio Sampaio Ferraz Júnior, que ao encarar a questão da decidibilidade
a ciência do direito se articula em diferentes modelos teóricos, que abrangem:
a) O analítico, que vê a decidibilidade como uma relação hipotética entre conflito
hipotético e uma decisão hipotética, procurando determinar as possibilidades de decisões
para um possível conflito. A ciência do direito passa a ter como escopo a sistematização
de normas para obter decisões possíveis. Daí sua função organizatória, por criar condições
para classificação, tipificação e sistematização dos fatos relevantes;
b) O hermenêutico, que encara a decidibilidade do ângulo de sua relevância
significativa. Trata-se de uma relação entre a hipótese de conflito e a hipótese de decisão,
tendo em vista o seu sentido. Caso em que a ciência jurídica assume uma atividade

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interpretativa, tendo uma função, primordialmente, avaliativa, por propiciar o encontro
de indicadores para uma compreensão parcial ou total das relações.
c) O empírico, que vislumbra na decidibilidade uma busca de condições de
possibilidade de uma decisão hipotética para um conflito hipotético. A ciência do direito
procura investigar as normas de convivência, que, por serem encaradas como um
procedimento decisório, fazem do pensamento jurídico um sistema explicativo do
comportamento humano, enquanto controlado por normas. Eis por que sobreleva a função
de previsão, que cria condições para que se possa passar do registro de certos fatos
relevantes para outros fatos, eventualmente relevantes, para os quais não há registro.
Esses modelos, que estão interrelacionados, demonstram os modos pelos quais a
ciência jurídica se exerce enquanto pensamento tecnológico, pois ao objetivarem a
solução de certo conflito, utilizam elementos de convencimento para persuadir o
destinatário do discurso, tendo sempre uma função heurística relevante, por
possibilitarem a descoberta de algo relevante, criando condições para que certos conflitos
sejam decididos com o mínimo de perturbação social.
A práxis da ciência jurídica se revela numa combinação desses modelos dando ora
primazia a um deles, subordinando os demais, ora colocando-os em pé de igualdade.
A ciência do direito coloca problemas para ensinar, propondo uma solução viável
(FERRAZ JÚNIOR, 1973, p. 95-99, 1977, p. 43-49 e 104-108, 1978, p. 90 e 119-125,),
exercendo funções relevantes para o estudo do direito e para a aplicação jurídica (DINIZ,
2014, p. 213-217).

2 SISTEMATIZAÇÃO COMO O PROBLEMA CENTRAL DA CIÊNCIA DO


DIREITO

A ciência jurídica, articulada no modelo teórico analítico, apresenta-se como


teoria da norma, visto que a norma constitui seu núcleo teórico, procurando, então
solucionar problemas ligados às fontes do direito, ao sujeito do direito, ao direito
subjetivo e a relação jurídica. A solução desses problemas levou a ciência do direito a ser
uma espécie analítica das figuras jurídicas, que teria por escopo último encadeá-las num
sistema, constituindo um saber sistemático capaz de dar um quadro coerente do direito
como conexão de normas e dos elementos típicos que o compõem. Procura sistematizar
o direito para obtenção de decisões possíveis.

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O analítico é um procedimento que constitui uma análise que abrange de um lado
a diferenciação, consistente no fato de se partir de um todo, separando-o e especificando-
o nas suas partes, isto é, procede por distinções, classificações e sistematizações, e de
outro ligação consistente na aproximação de elementos distintos, estabelecendo entre
eles uma solidariedade, avaliando-os positiva ou negativamente, ou seja, procura
estabelecer uma cadeia de proposições, a partir de uma proposição que, por suposição,
resolva o problema posto.
Grande é a importância da analítica para a dinâmica do sistema, visto que
preocupa-se, ao estudar a norma jurídica, com as questões:
a) Da procura da norma vigente, pois compete à ciência do direito encontrá-la.
b) Da validade constitucional, fática e ideal. É mister distinguir entre validade
constitucional e fática, de um lado, e vigência e eficácia de outro. A validade
constitucional de uma norma indica que ela é conforme às prescrições constitucionais
sobre a própria validade, isto é, respeita um conteúdo superior, obedece a trâmites, faz
parte de um sistema. Já a vigência ou validade formal de uma norma indica que ela foi
elaborada por órgão competente em obediência aos procedimentos legais. A validade
fática significa que ela é efetiva, ou seja, quando ocorrem o comportamento que ela
configura (hipótese de incidência) e a consequência jurídica (sanção) que ela prevê. A
eficácia de uma norma indica que ela tem possibilidade de ser aplicada, de exercer seus
efeitos, porque se cumpriram as condições para isto exigidas. A validade ideal da norma
ocorre quando se impõe para a solução de um conflito de interesses, em virtude de uma
proposta de um autor nos quadros argumentativos de uma doutrina. Enfim, aprecia-se a
validade ideal quando se discute a questão da doutrina como fonte jurídica. A discussão
sobre legitimidade do direito, por ter relevância doutrinária, refere-se à validade ideal.
Aparece, ainda, a validade ideal nos casos de divergência interpretativa em que não houve
qualquer decisão do órgão competente, hipótese em que se recorre à doutrina dominante.
Preocupa-se também com a validade ética ou fundamentos axiológicos do direito, tendo-
se em vista que a norma jurídica objetiva atingir um certo propósito, encontrando nele
sua justificação. Sua finalidade é implantar uma ordem justa na vida social. A norma
jurídica deve ser sempre uma tentativa de realização de valores (utilidade, liberdade,
ordem, segurança, etc), visando à consecução de fins necessários ao ser humano e à
sociedade. A justiça, apesar de não se identificar com tais valores, é, diz Miguel Reale,
condição primeira de todos eles, por ser a ratio juris, ou seja, a razão de ser ou fundamento

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da norma, ante a impossibilidade de se conceber uma norma jurídica desvinculada dos
fins que legitimam sua vigência e eficácia.
c) Da estrutura hipotética da norma que é um problema lógico. Teria ela a estrutura
de um juízo hipotético condicional, disjuntivo, conjuntivo ou adversativo? A sanção seria
parte essencial da estrutura lógico-normativa, envolvendo o problema da conexão de
normas, já que há normas que não a preveem?
d) Da sistematização jurídica ou da unidade sistemática do direito. Percebe-se que o
sistema significa nexo, uma reunião de coisas ou conjunto de elementos, e método, um
instrumento de análise. De forma que o sistema não é uma realidade, é o aparelho teórico
mediante o qual se pode estudá-la. É o modo de ver, de ordenar, logicamente, a realidade,
que por sua vez, não é sistemática. Todo sistema é uma reunião de objetos e seus atributos
(repertório) relacionados entre si, conforme certas regras (estrutura) que variam de
concepção para concepção. O que dá coesão ao sistema é sua estrutura.
Do exposto pode-se concluir que o direito não é um sistema jurídico, mas uma
realidade, que pode ser estudada de modo sistemático pela ciência jurídica. É indubitável
que a tarefa mais importante do jurista consiste em apresentar o direito sob uma forma
ordenada ou sistemática, através da qual se tende a facilitar seu conhecimento, bem como
seu manejo por parte dos indivíduos que estão submetidos a ele, especialmente pelos que
o aplicam.
Parece evidente que a função do cientista do direito não é mera transcrição de
normas, já que estas não se agrupam em uma ordem, em um todo ordenamento, mas sim
na descrição, na interpretação que consiste, fundamentalmente, na determinação das
consequências que derivam de tais normas. Trata-se de uma operação lógica que procura
estabelecer um nexo entre as normas, de forma a dar-lhes uma certa unidade de sentido e
projeção normativa.1

3 LIMITES EFICÁCIO-TEMPORAIS DAS NORMAS E RESTRIÇÕES AO


EFEITO IMEDIATO DA LEI NOVA

1
Consulte: FERRAZ JÚNIOR, 1977, p. 57-67, 1978b, p. 96, 1978a, p. 125-40, 1973a, p. 133-137, 1973b,
p. 3-4 e 10-11; DINIZ, 2014, p. 218-222 e p. 427; REALE, 1976, p. 115, 116, 371-372, 1969, p. 514 e s.;
BOBBIO, 1977, p. 123 e s.; ALCHOURRÕN; BULYGIN, 1974, p. 111-3; PALASI, 1975, p. 59;
CAMPOS JUNIOR, 1963, p. 34-5.

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Ao sistematizar, o jurista pode deparar-se com a questão: qual seria a norma
aplicável? A nova ou a velha, diante de certas situações, para que haja preservação da
segurança jurídica?
Tal indagação se levanta, porque uma lei, com sua publicação passa a existir,
projetando-se numa dupla dimensão: a espacial, concernente ao território onde é
aplicável, e a temporal, atinente à sua eficácia no tempo, abrangendo seu termo inicial e
o final.
Como revogar é cessar o curso da vigência da norma, não implicando
necessariamente eliminar totalmente a eficácia, quando a nova norma vem modificar ou
regular, de forma diferente, a matéria versada pela anterior, no todo (ab-rogação) ou em
parte (derrogação), podem surgir conflitos entre as novas disposições e as relações
jurídicas já definidas sob a vigência da velha norma revogada. A revogação pode ser
ainda: expressa, quando o elaborador da norma declarar a lei velha extinta em todos os
seus dispositivos ou apontar os artigos que pretende retirar, ou tácita, se houver
incompatibilidade entre a lei nova e a antiga pelo fato de a nova regular inteiramente a
matéria tratada pela anterior (LINDB, art. 2º, §1º). Por tal razão louvável é a revogação
expressa, por ser o melhor meio de evitar dúvidas sobre qual seria a norma vigente. Por
isso, a Lei Complementar n. 95/98, com alteração da Lei Complementar n. 107/2001,
prescreve no art. 9º: “a cláusula de revogação deverá enumerar expressamente, as leis ou
disposições legais revogadas”.
A norma mais recente só teria vigor para o futuro ou regularia situações
anteriormente constituídas? A nova norma repercutiria sobre a antiga, atingindo os fatos
pretéritos já consumados sob a égide da norma revogada, afetando os efeitos produzidos
de situações já passadas ou incidindo sobre os efeitos presentes ou futuros de situações
pretéritas?
Pode, até mesmo, ocorrer que, ao surgir a novel lei, a anterior tenha criado relações
jurídicas, cuja permanência se impõe após a entrada em vigor daquela norma. E, também,
pode acontecer que o interesse social leve a lei a determinar que aquelas relações, a partir
da recente norma, sejam disciplinadas por esta e não aquela em cuja égide se deram, ou
ainda, que desapareçam, caso em que se aplicará a nova lei ao passado (FRANÇA, 1968,
p. 2-3; DINIZ, 2014, p. 422).
A norma posterior pode gerar, como se vê, zonas imprecisas ou cinzentas de
incertezas, que requerem precisão na aplicação da norma e um equilíbrio entre a dimensão
temporal normativa e a realidade fática.

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Com isso surge a necessidade de delinear a obrigatoriedade da lei no tempo e a
limitação da eficácia da nova norma em conflito com a anterior.
O direito intertemporal soluciona o conflito de leis no tempo, apontando critérios
para aquelas questões, disciplinando fatos em transição temporal, passando da égide de
uma lei a outra, ou que se desenvolvem entre normas temporalmente diversas. Visa, como
ensina Paul Roubier (1929, 1960), à proteção de fato aquisitivo, cuja eficácia jurídica não
pode ser eliminada por uma lei diversa daquela sob a qual ocorreu (BATALHA, 1959, p.
15; DINIZ, 1998, p. 41-43; PORCHAT, 1909, p. 22, 69, 46 e 47; RÁO, 1952, p. 452-459;
SILVA, 1977, p. 55-76; VALLADÃO, 1977).
Para solucionar tais questões, os critérios utilizados são:
a) O das disposições transitórias, chamadas direito intertemporal, que são elaboradas
pelo legislador no próprio texto normativo para conciliar a nova norma com as relações
já definidas pela anterior. São disposições que têm vigência temporária, com o objetivo
de resolver e evitar os conflitos ou lesões que emergem da nova lei em confronto com a
antiga. São normas de transição, propondo a superação de leis, aparentemente,
inconciliáveis no tempo.
b) O dos princípios da retroatividade e da irretroatividade das normas, construções
doutrinárias para solucionar conflitos entre a norma mais recente e as relações jurídicas
definidas sob a égide da norma anterior, na ausência de norma transitória. Em regra, a
norma só diz respeito a comportamento futuros, embora possa referir-se a condutas
passadas, tendo, então, força retroativa. É retroativa a norma que atinge os efeitos de atos
jurídicos praticados sob o império da revogada, e irretroativa a que não se aplica a
qualquer situação jurídica constituída anteriormente. Não se pode aceitar a retroatividade
e a irretroatividade como princípios absolutos. O ideal será que a lei nova retroaja em
alguns casos, e em outros não. Foi o que fez o direito pátrio ao prescrever que a nova
norma em vigor tem efeito imediato e geral, respeitando sempre o ato jurídico perfeito, o
direito adquirido e a coisa julgada (CF/88, art. 5º. XXXVI; LINDB, art. 6º, §§1º ao 3º,
com redação da Lei n. 3.238/57).
Além disso, será preciso lembrar que o problema da irretroatividade é irrelevante
na seara jurisprudencial e consuetudinária. Isto é assim porque o Judiciário resolve as
questões de direito intertemporal caso por caso, fundado às vezes sobre o interesse geral,
a ordem pública, as exigências fático-axiológicas do sistema jurídico etc (CARDOZO,
1995; SENTO-SÉ, 1992). A irretroatividade das leis é somente um princípio de utilidade
social, daí não ser absoluto, por sofrer exceções, pois, em certos casos, uma nova lei

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poderá atingir situações passadas ou efeitos de determinados atos (Revista de Direito, 97:
465, 86:415 e 98:180; AJ, 1:4; 2:48, 3: 112 e 419 e 8:481; RF, 1:12, 8:501, 25:432 e
26:160 e 356; RT, 684:111).
Assim sendo, no que atina à extensão do tempo de sua obrigatoriedade, a lei
poderá ser retroativa, se estender sua eficácia ao passado, ou irretroativa, se alcançar
somente o futuro. Há, portanto, normas que podem dispor para o passado e para o futuro;
outras, só para o futuro ou para o passado. Não poderia ser outro o entendimento ante a
teoria dogmática da incidência normativa, pela qual a incidência consistiria na
configuração atual de situações subjetivas e produção de efeitos em sucessão. Isto é assim
porque, para que um fato tenha juridicidade, será preciso que a norma incida sobre ele,
tornando-o jurídico, determinando-lhe os efeitos. A norma recai sobre todos os casos a
que seu conteúdo se referir. Eis o alcance da incidência normativa.
Convém, ainda, esclarecer que a lei, desde que existe, é lei, mas raramente começa
a incidir desde sua existência. Incidência é eficácia. A norma incide quando o suporte
fático suficiente ocorrer.
A norma vigente pode ter eficácia, isto é, possibilidade de produção de efeitos.
Quando ocorre a produção de efeitos, configurando uma situação subjetiva, tem-se a
incidência da norma. Incidência diz respeito aos efeitos já produzidos. A norma revogada
por outra não mais produzirá efeitos, mas sua incidência, isto é, a configuração de situação
subjetiva efetuada, permanece. Embora revogada, seus efeitos permanecem. A norma
precedente não se mantém viva; perderá sua eficácia apenas ex nunc, porque persistem as
relações já constituídas sob seu império (FERRAZ JÚNIOR, 1988, p. 225-226).
Será preciso não olvidar que uma norma não mais vigente, por ter sido revogada,
poderá continuar vinculante, tendo vigor para os casos anteriores à sua revogação,
produzindo seus efeitos, ante o fato de que se devem respeitar o ato jurídico perfeito, o
direito adquirido e a coisa julgada. A norma poderá ser eficaz mesmo já revogada, ou
depois de cessada a sua vigência. Percebe-se que a norma revogada continuará a produzir
efeitos apenas porque outra, que a revogou, assim o estabeleceu, ordenando que se
respeitem situações jurídicas já constituídas, ou aperfeiçoadas sob a égide do preceito
anterior; mas se poderia dizer também, como Miguel Reale (1968, p. 218), que, para tanto,
não seria necessário outro comando normativo, obrigando a aplicação da norma vigente
numa época, para dirimir conflito que nela se configure, por ser isso uma questão
subjacente ou uma decorrência lógica da historicidade da vigência. A permanência da
eficácia da norma em determinadas hipóteses que lhe sejam pertinentes, após sua

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revogação, é um canon jurídico. A eficácia residual da norma extinta cerceará a da
vigente, repelindo-a para tutelar relações jurídicas constituídas (DINIZ, 2003, p. 1-8;
LACERDA, 1918, p. 80). Poder-se-ia dizer que, axiologicamente, a irretroatividade da
nova lei em situações ou atos pendentes, por exemplo, teria por objetivo a segurança
jurídica, que exige que fatos criados sob o amparo de uma lei não sejam alterados por
outra posterior.
A nova lei só deverá incidir sobre os fatos que ocorrerem durante sua vigência,
pois não haverá como compreender que possa atingir efeitos já produzidos por relações
jurídicas resultantes de fatos anteriores à sua entrada em vigor. Apesar de ter eficácia
imediata, a nova lei só poderá alcançar situações futuras, não podendo abarcar as que se
consolidaram em épocas pretéritas. Deveras, a aplicação imediata de uma lei recém-
promulgada a relações jurídicas consolidadas e as em andamento ou pendentes não levará
a bons resultados, visto que se deve observar o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e
a coisa julgada, por serem restrições ao efeito imediato da lei nova por força de comando
contido na Constituição Federal.

4 CRITÉRIOS PARA APLICABILIDADE DOS PRINCÍPIOS DA


RETROATIVIDADE E DA IRRETROATIVIDADE NOS CONFLITOS DE LEIS
NO TEMPO

Da análise do art. 6º da Lei de Introdução às Normas de Direito Brasileiro, a doutrina e a


jurisprudência têm apresentado os seguintes critérios norteadores da questão da
aplicabilidade dos princípios da retroatividade e da irretroatividade (AMARAL NETO,
1977, p. 248; BATALHA, 1959, p. 22; DINIZ, 2003, p. 24-29; FRANÇA, 1968, p. 539-
540, 543 e 544; FROÉS, 1947, p. 345-346; PEIXOTO, 2007; ROUBIER, 1929, v. 1, p.
186; ROQUE, 2016; SILVA, 1977, p. 55-75; TUCCI, 1977, p. 248-251), que, desde que
não haja norma de direito intertemporal, em sentido contrário, tendo por base questão
de ordem pública, poderão ser aplicados nos conflitos intertemporais entre surgidos
entre a lei nova e a antiga.

a) A irretroatividade das leis é um princípio constitucional, apesar de não ser


absoluto, já que as normas poderão retroagir, desde que não ofendam ato jurídico
perfeito, direito adquirido e coisa julgada. A lei nova estatui para o futuro; não pode
ela, em regra, alterar condições de constituição ou extinção de situação jurídica

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anteriormente criada ou extinta, nem modificar os efeitos produzidos por uma dada
situação jurídica ao tempo em que vigorava a norma precedente. O direito adquirido,
o ato jurídico perfeito e a coisa julgada marcam a segurança e a certeza das relações
que, na sociedade, os indivíduos, por um imperativo da própria convivência social,
estabelecem, e que seriam mera ficção. Por isso Matos Peixoto chega a afirmar que o
ato jurídico perfeito e a coisa julgada são modalidades do direito adquirido; logo, não
haveria necessidade de destacá-los para que sejam protegidos. Todavia, a lei houve
por bem assegurá-los expressamente, evitando qualquer dúvida, pois fazer retroagir as
normas em qualquer caso seria um ato contrário ao fim do direito, que é a realização
da harmonia e do progresso social, e não há harmonia sem estabilidade, assim como
não é possível progresso algum sem a certeza de quais serão as conseqüências dos
atos jurídicos. Não poderá, portanto, a lei posterior à ocorrência do fato, sob pena
de inconstitucionalidade, retroagir, atingindo o ato jurídico perfeito, o direito adquirido
e a coisa julgada. É princípio fundamental de direito que as leis sejam aplicáveis a
atos anteriores à sua promulgação, contanto que tais atos não tenham sido objeto de
demandas, que não estejam sob o domínio da coisa julgada (RF, 6:129), nem configurem
ato jurídico perfeito ou direito adquirido. Fácil é perceber que entre a retroatividade e
a irretroatividade existe uma situação intermediária, a da aplicação imediata da nova
norma às relações nascidas sob a vigência da anterior e que ainda não se aperfeiçoaram.
O requisito sine qua non para a imediata aplicação é o respeito ao direito adquirido,
ao ato jurídico perfeito e à coisa julgada (A], 116:289 , 112:124 e 103:143; RT,
168:544).
b) O princípio da irretroatividade obriga tanto o legislador como o órgão
judicante. Como a Constituição não se dirige ao cidadão, mas ao Poder Público, que
fica sujeito não só a ela, mas também às modificações reclamadas pela conveniência
da vida social, o juiz não pode aplicar a nova lei às relações jurídicas já consumadas
na vigência da norma anterior, e o legislador, por sua vez, quando uma situação
especial exigir revisão de certas relações jurídicas, não pode promulgar lei retroativa,
pois deve, constitucionalmente , resguardar o direito adquirido, o ato jurídico perfeito
e a coisa julgada.
c) A retroatividade poderá submeter-se a uma classificação quanto: 1) aos efeitos:
máxima, se destruir ato jurídico perfeito, ou se atingir relações já acabadas; média, se
ocorrer quando a norma nova alcançar efeitos pendentes do ato jurídico perfeito
verificado antes dela (CTN, art. 105); mínima, se afetar somente os efeitos dos atos

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anteriores, mas produzidos após a data em que entrou em vigor; e 2) ao alcance: justa,
quando não se depara na aplicação do texto uma ofensa ao ato jurídico perfeito, direito
adquirido ou coisa julgada; injusta, quando qualquer dessas situações vier a ser lesada
com a aplicação da nova norma.
d) A irretroatividade é a regra, no silêncio da lei, mas poderá haver retroatividade,
se expressa, e não ofender direito adquirido, ato jurídico perfeito e coisa julgada. A
retroatividade é, portanto, temperada no seu efeito.
e) A lei antiga poderá aplicar- se a todos os efeitos futuros de fatos anteriores à
nova norma. Ter-se-á, então: 1) survie de la loi ancienne, ou seja, a sobrevivência da
velha lei; 2) media tempora non nocet, ou melhor, se um fato começa a se formar sob
a égide de uma lei, uma segunda norma vem a modificá-la, e depois uma terceira
retorna aos princípios formados pela primeira; para Roubier, a lei do tempo intermédio
não terá qualquer influência sobre aquele fato; logo, na situação jurídica de formação
sucessiva, devem-se considerar as normas vigentes no início e no final daquela, pouco
importando as alterações ocorridas no interregno; consequentemente, a disposição
normativa advinda em segundo lugar não existirá, não devendo ser, portanto,
considerada pelo intérprete-aplicador. A lei nova produz efeito imediato sobre situação
jurídica em curso de formação, pois não há direito adquirido. Logo, não terá, em
princípio, efeito sobre contrato em curso de execução.
f) As leis interpretativas são retroativas (R.F, 3:407, 4:74 e 5:38) por serem
consideradas vigentes desde a promulgação da lei interpretada; mas já se julgou
(Revista de Direito, 42:504) que a lei interpretativa, por ser nova lei que altera a antiga,
cria direito novo, não podendo ter, por isso, efeito retroativo. "Leis interpretativas são
aplicáveis a fatos ocorridos a partir de sua entrada em vigor, não a situações sujeitas
ao domínio temporal exclusivo das normas interpretadas" (STF, 2 ª Turma, RE 120.446-
PB, rel. Min. Carlos Velloso, j. 1-10-1996, deram provimento, v. u., DJU, 13 dez. 1996).
g) Os direitos adquiridos devem ceder ao interesse da ordem pública (Revista de
Direito, 97:465, 86:415 e 98:180; A], 1:4, 2:48, 3:112 e 419 e 8:481; RF, 8:501, 25:432 e
26:160 e 356); logo, as normas de ordem pública serão retroativas, desde que se tenham
normas de direito intertemporal expressas nesse sentido e sem que haja desequilíbrio
jurídico social. O STF tem entendido que não há direito adquirido quando o intérprete
se defronta com matéria de ordem pública (RE 86.924/RJ, j. em 13-11-79, rel. Min.
Decio Miranda), ou prevista na Constituição (STF, RE 93.290, rel. Min. Moreira Alves,
j . em 28-8-1981; STF, ADin 248/RJ, rel. Min. Celso de Mello, j. em 18-11- 1993; STF,

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RE 153.523/RS, rel. Min. Paulo Brossard, j. em 11-10-1994; STF, RE 140.248/GO, rel.
Min. Moreira Alves, j. em 11-4-1995; STF, RE 216.484/SC rel. Min. Moreira Alves, j.
em 13-3-2001; RT], 71:461).
h) As normas constitucionais, políticas, administrativas, as processuais e de
competência retroagem, alcançando os atos que estão sob seu domínio, ainda que
iniciados sob o império da lei anterior. Estabelecem uma ordem jurídica, que será
inflexível, se as disposições transitórias não lhes atenuar seus efeitos.
i) O princípio tempus regit actum faz com que os atos processuais realizados sob
a vigência da lei anterior sejam válidos e que as normas processuais tenham
aplicabilidade imediata, regendo o desenvolvimento restante do processo. Adotada está
a teoria do isolamento dos atos processuais (CPC, art. 1046), que são considerados
aperfeiçoados no momento em que forem praticados (CPC, art. 200), respeitando-se
situações jurídicas já consolidadas e as normas sobre prova somente (CPC, art. 14; CF,
art. 5º, XXXVI) deverão ser aplicadas àquelas que forem requeridas ou determinadas ex
officio durante a vigência da nova lei processual (art. 1047 do CPC). A formação de coisa
julgada sobre questões prejudiciais dar-se-á apenas relativamente aos processos iniciados
sob a égide da lei nova (CPC, art. 1054). Prazos processuais serão os da antiga norma se
tiverem início antes da vigência da lei nova. O termo inicial de prazo da prescrição
intercorrente, mesmo para execução em curso, será o da entrada em vigor da novel norma
processual (CPC, art. 1056).
j) As normas sobre estado e capacidade das pessoas aplicam-se aos que estiverem
nas condições a que se referem. Por exemplo, a lei nova concernente ao estado da
pessoa não poderá atuar sobre casos já existentes.
k) As leis sobre direito de família são irretroativas, exceto as alusivas aos direitos
pessoais (puros ou creditórios). Assim, os atos jurídicos a ele pertinentes completados,
sob o império da lei anterior, continuam válidos na vigência de norma posterior
contrária.
l) As execuções de sentenças proferidas no domínio da lei anterior são retroativas
(RF, 21:206).
m) As condições· de validade, as formas dos atos e os meios de prova dos
negócios jurídicos deverão ser apreciados de conformidade com a lei em vigor, no
tempo em que eles se realizaram.
n) Os direitos realizados ou apenas dependentes de prazo para seu exercício não

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poderão ser prejudicados por uma nova norma, que lhes modifique as condições de
existência.
o) O direito subordinado a uma condição não alterável a arbítrio de terceiro terá
o mesmo respeito que o já ef etivado.
p) O direito adquirido, que a norma deve respeitar, é vantagem individual, mesmo se
ligada ao exercício de alguma função pública. Assim, funcionário público não pode ser
privado de seus vencimentos , por ter havido alteração ou extinção de seu cargo.
q) A lei nova que modificar o caráter de um bem jurídico será aplicada .
r) A nova lei sobre prazo aplica-se desde logo se o aumentar, embora deva ser
computado o lapso temporal já decorrido na vigência da norma revogada. Se o
encurtar, o novo prazo começará a correr por inteiro a partir da lei revogadora, salvo
disposição transitória em sentido contrário. A lei antiga poderá, sob alguma condição,
ser mantid a se possibilitar que o prazo se escoe antes. Se o prazo prescricional já se
ultimou, a nova lei que o alterar não o atingirá.

s) As normas extintivas de institutos jurídicos vigoram de imediato, sem qualquer


atenuação.
t) A lei nova só alcança o direito de suceder se vigente ao tempo da abertura de
sucessão.
u) O vínculo obrigacional é regulado pela norma em cujo domínio foi constituído,
respeitando-se os direitos dele oriundos. Somente em hipóteses excepcionais, previstas
em norma especial ou de direito intertemporal, a novel lei o atingirá.
v) Aos direitos reais aplicar-se- á quanto: ao seu conteúdo, a norma que lhe for
atinente; à sua aquisição, a lei do tempo em que se verificou; ao gozo, uso,
conservação, exercício e modo de execução e, ainda, defesa, a lei atual; aos seus efeitos,
a nova norma; e à sua extinção, a norma imperante por ocasião da causa que a acarretou .
w) Os direitos de aquisição complexa dependem, para serem adquiridos, da perfeição
de elementos separados ou sucessivos.
x) A novel lei só pode ter efeito retroativo por decisão expressa de seu elaborador.
Em suma, preservar-se-ão situações, atos ou negócios jurídicos, e direitos preexistentes
à lei nova, tornando-os eficazes diante das novas disposições, que só podem retroagir, em
casos excepcionais, por força de disposição transitória, para trazer benefícios e jamais
para lesar direitos formalizados. A retroação expressa pode dar-se, portanto, nas
disposições transitórias, que são normas de aplicação simultânea do direito novo e do

31
antigo, fazendo, se o quiser, sobreviver, em certos casos, ao máximo a norma precedente.2

5 CASOS DE PERDA DA “VALIDADE” DA NORMA POR INEFICÁCIA

A norma jurídica perde sua “validade” por ineficácia em três casos (FERRAZ
JÚNIOR, 1978, p. 147):
a) Caducidade, que se dá quando houver superveniência de uma situação cuja
ocorrência torna ineficaz a norma sem que ela precise ser revogada. Por exemplo, norma
que regulamentou, no Brasil, atividades durante a Copa do Mundo, caducou com o
término desse evento;
b) Desuso, que ocorre havendo não aplicação da norma pelo seu destinatário. Por
exemplo, a norma alusiva ao regime matrimonial dotal, previsto no CC de 1916. A norma
é formalmente vigente, eficaz, mas regularmente desobedecida, daí perder sua “validade
fática” visto que seus destinatários, em regra, descumprem seu comando. Havendo
desuso, ter-se-á tão somente a desobediência a uma lei, sem que haja criação de outra em
sentido contrário;
c) Costume negativo ou “desuetudo”, oriundo de desobediência da norma, gerada
por comportamento contrário ao seu comando. Por exemplo, norma proibindo ligar
celular em sala de aula, mas a maioria dos alunos o deixa ligado no vibracall.
Consequentemente a norma é ineficaz e regularmente desobedecida, mas continua
vigente, pois só perderá sua validade, por meio de revogação de outra lei.

6 CONCLUSÃO

Na dinâmica do sistema, o jurista deverá ficar atento para que possa apontar
soluções, para os seguintes problemas:
a) Do início da obrigatoriedade da novel lei;
b) Da questão da vacatio legis;

2
Interessantes são as seguintes regras apresentadas por Vareilles-Sommières (1893, p. 444): “a) uma lei é
retroativa quando apaga no passado os efeitos já produzidos de um ato ou de um fato anterior; b) se a lei
nova ou modifica para o futuro algum direito, em razão de um fato passado, é retroativa; c) se a nova
norma arrebatar expectativas e interesses em virtude de fatos pretéritos, os subtrai à apreciação da lei
precedente; d) se a lei suprime ou modifica para o futuro um direito, em virtude não de um fato passado,
mas desse direito em si mesmo considerado, ou seja, dos inconvenientes que ofereceria ou em razão do
estado atual; e) a lei que transforme, restrinja, aumente ou diminua um direito pode causar frustração, que
advirá do fato de que o futuro foi usurpado pelas suas previsões e não o passado pela lei nova. Pode ela 32
modificar in futurum os direitos atuais”.
c) Da revogação das leis precedentes, ou seja, da permanência ou não da norma
anterior. A revogação de uma norma pela superveniência de outra, regendo a mesma
matéria, causa tríplice repercussão na antiga lei, pois poderá atingir as situações já
consumadas sob seu império, afetar os efeitos pretéritos produzidos ou incidir sobre os
efeitos presentes ou futuros de situações passadas ocorridas na vigência da norma
revogada; os que dizem respeito à aplicação da lei nova ou da antiga já revogada aos
efeitos decorrentes de relação jurídica pretérita.
d) Da vigência temporal;
e) Do problema da retroatividade ou irretroatividade e do respeito ao ato jurídico
perfeito, direito adquirido e coisa julgada;
f) Da garantia da eficácia ao determinar, em sua interpretação sistemática, a lei
aplicável;
g) Dos critérios determinativos da aplicabilidade e da incidência das normas,
assinalando-lhes suas dimensões temporais;
h) Dos conflitos de leis no tempo, já que com a positivação cresce a disponibilidade
temporal do direito, pois sua validade e eficácia tornam-se maleáveis, podendo ser
limitada no tempo;
i) Da excepcionalidade da norma com eficácia residual ou com eficácia suspensa e
seus efeitos no plano hermenêutico (FRANÇA, 1968, p. 422 e s.; REALE, 1981, p. 149-
57; BATALHA, 1959, v.2, t.1, p. 16 e s.; CHAVES, 1977, p. 197-200).

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