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Escola Estadual Parada Angélica Nota: 2,0/______

Duque de Caxias, ________ de novembro de 2013

Nomes: __________________________________________________________ Turma: 2001

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Exercícios Avaliativos – Literatura Pré-Modernista

I. Augusto dos Anjos (1884 – 1914)

Poeta brasileiro pertencente ao Pré-Modernismo devido característica expressionista de seus poemas. É considerado
um dos poetas brasileiros mais críticos e ainda hoje leigos e críticos literários admiram sua obra. Suas poesias têm influências
evolucionistas de Darwin, biológicas e ideias pessimistas. O pessimismo provém de uma obsessão pela temática da morte e os
fenômenos causados pela mesma: a decomposição do corpo e os vermes que o corroem. Assim, sua poesia aponta para a morte
como destruidora da vida. Há um contraste entre o materialismo e a postura espiritualista do poeta: matéria e espírito são duas
forças que estarão presentes em sua obra.
O deus-verme
 O título aponta sobre quem o eu-lírico falará na poesia;
já no primeiro verso, o verme é apontado como filho
Factor universal do transformismo. da teológica matéria, isto é, que fala das causas finais;
Filho da teleológica matéria, a causa final da matéria é a podridão e o pó.
Na superabundância ou na miséria,  No segundo quarteto, o eu-lírico afirma que o verme é
Verme — é o seu nome obscuro de batismo. auxiliado pela bactéria em seu trabalho de fazer
apodrecer o corpo; percebe-se que o poeta procura
Jamais emprega o acérrimo exorcismo impactar o leitor pela expressão do horror.
Em sua diária ocupação funérea,  No primeiro terceto, o eu-lírico continua impactando o
E vive em contubérnio com a bactéria, leitor por imagens altamente desagradáveis; o poeta
Livre das roupas do antropomorfismo. demonstra conhecer a biologia (hidrópicos, vísceras e o
inchar da mão dos novos defuntos). Assim, o poeta une
Almoça a podridão das drupas agras, a ciência com o lirismo (subjetivismo) causando
Janta hidrópicos, rói vísceras magras estranheza no leitor.
E dos defuntos novos incha a mão...  Num total pessimismo, o eu-lírico afirma que de toda
uma vida, o que resta é uma carne podre para o verme
e seus descendentes comerem.
Ah! Para ele é que a carne podre fica,
E no inventário da matéria rica
Cabe aos seus filhos a maior porção!

1) Leia o poema de Augusto dos Anjos abaixo:

Budismo Moderno

Tome, Dr., esta tesoura, e... corte


Minha singularíssima pessoa.
Que importaria a mim que a bicharia roa
Todo o meu coração, depois da morte?!

Ah! Um urubu pousou na minha sorte!


Também, das diatomáceas da lagoa
A criptógama cápsula se esbroa
Ao contato de bronca destra forte!

Dissolva-se, portanto, minha vida


Igualmente a uma célula caída
Na aberração de um óvulo infecundo;

Mas o agregado abstrato das saudades


Fique batendo nas perpétuas grades
Do último verso que eu fizer no mundo!

Vocabulário:
Singularíssma: pessoa: meu seu por inteiro.
Bicharia: os vermes.
Diatomáceas: algas unicelulares.
Criptógrama cápsula: algas com órgãos reprodutores.
Esbroa: reduzir-se ao pó; se desfaz.
Destra: mão direita.

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