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FILOSOFIA DO DIREITO
2ª Edição.
Londrina/PR
2018
© Os autores e © Direitos de Publicação Editora Thoth. Londrina/PR.
www.editorathoth.com.br
contato@editorathoth.com.br
Diagramação e Capa: Editora Thoth e Nabil Slaibi
Revisão: os autores
Editor chefe: Bruno Fuga
Conselho Editorial
Prof. Me. Bruno Augusto Sampaio Fuga Prof. Me. Thiago Caversan Antunes
Prof. Dr. Clodomiro José Bannwart Junior Prof. Dr. Celso Leopoldo Pagnan
Prof. Me. Thiago Moreira de Souza Sabião Prof. Dr. Fábio Fernandes Neves Benfatti
Prof. Me. Tiago Brene Oliveira Prof. Dr. Elve Miguel Cenci
Prof. Dr. Zulmar Fachin Prof. Dr. Bianco Zalmora Garcia
Prof. Me. Anderson de Azevedo Esp. Rafaela Ghacham Desiderato
Prof. Me. Ivan Martins Tristão Profª. Dr. Rita de Cássia Resquetti Tarifa Espolador
Prof. Dr. Osmar Vieira da Silva Prof. Me. Daniel Colnago Rodrigues
Profª. Dr. Deise Marcelino da Silva Prof. Dr. Fábio Ricardo R. Brasilino
Prof. Me. Erli Henrique Garcia Me. Aniele Pissinati
Prof. Me. Smith Robert Barreni Prof. Dr. Gonçalo De Mello Bandeira (Portugal)
Profª. Dra. Marcia Cristina Xavier de Souza Prof. Me. Arhtur Bezerra de Souza Junior
Prof. Me. Thiago Ribeiro de Carvalho
HART. ANÁLISE
DA NECESSÁRIA
DISCUSSÃO SOBRE A
DISCRICIONARIEDADE
JUDICIAL
INTRODUÇÃO
1 VIDA E OBRA
8. Tercio Sampaio Ferraz Jr assegura que a vinculação do juiz à lei, base da sua neutralização,
acaba por gerar neste Estado contemporâneo, para o homem comum, um tipo de
insegurança até então insuspeitada: a insegurança do próprio direito. (FERRAZ JUNIOR,
1994, p. 21)
9. Termo criado por nós para explicar esse fenômeno, FUGA, Bruno Augusto Sampaio. O
Ordenamento Jurídico, o Poder e a Economia. Instrumentalidade a priori e racionalidade
a posteriori. Editora Thoth, 2018.
10. “Quando um sistema jurídico está inflacionado por “leis de circunstância” e por
“regulamentos de necessidade” surgidos a partir de conjunturas políticas, sociais e
econômicas muito específicas e transitórias, a velocidade e a intensidade da produção
legislativa invariavelmente levam o Estado a perder a dimensão exata do valor jurídico das
normas que edita quanto dos atos e comportamentos que disciplina”. (FARIA, 2004, p.
130)
11. Ver capítulo 5.5 com título “Programa Mais Médicos” do livro: FUGA, Bruno Augusto
Sampaio. O Ordenamento Jurídico, o Poder e a Economia. Instrumentalidade a priori e
racionalidade a posteriori. Birigui: Thoth, 2018
326 FILOSOFIA DO DIREITO
para atender essa trama do poder? Daí vem o nexo entre os estudos
de Hart com o presente contexto social, pois a racionalidade
de uma decisão judicial pode ser desenvolvida no contexto da
discricionariedade judicial.
O julgador precisa interpretar a norma, aplicar princípios,
resolver conflitos de normas, aplicar a lei vigente e também aplicar
a Constituição vigente. Nesse cenário, impossível no contexto
atual fugir disso, o julgar faz uso da discricionariedade, às vezes, de
maneira imperceptível pelo jurisdicionado.
Em diversos casos, temos para as mesmas situações decisões
diferentes. Essa diferença ocorre tanto em processos distintos com
mesma ratio decidendi, quanto em decisões colegiadas (divergência
de votos). O problema então é que as decisões são tomadas
antes da análise do texto legal e depois moldadas de acordo com
os princípios e leis vigentes. Criamos, então, com a possibilidade
de discricionariedade (e não somente com ela), a insegurança do
próprio direito.
Fazemos, contudo, uma digressão aqui. Não culpamos
a discricionariedade por essa insegurança no direito. Não é ela a
culpada pela crise15 do direito. A discricionariedade existe e deve
existir, não é possível imaginar apenas o juiz como “boca da lei”,
ocorre que é por meio dela que o protagonismo judicial age e,
agindo, é por meio dela que o poder se manifesta.
Decisões são racionalmente proferidas de acordo com o
contexto, com os interesses em jogo e, assim, por serem emanadas
por meio de ordenamento jurídico, são legais.
Faria afirma, inclusive, que no mundo Globalizado há um
enfraquecimento da ideia de Estado nação, pois há determinadas
15. “Salto Triplo Carpado Hermenêutico foi o “argumento jurídico” utilizado pelo então
Ministro do Excelso Supremo Tribunal Federal – STF, Carlos Ayres Brito, por ocasião
do julgamento do Recurso Extraordinário – RE 630147, (Lei da Ficha Limpa), com a
intenção de rechaçar questão de ordem suscitada no plenário. A questão de ordem visava
ampliar a causa petendi deduzida no recurso excepcional para conhecer e analisar eventual
inconstitucionalidade formal12 por eventual desrespeito ao devido processo legislativo
no âmbito interno de regimento do Senado Federal. Se do ponto de vista técnico-jurídico
a expressão possa parecer sui generis, do ponto de vista crítico ela ajuda entender bem a
crise pela qual passa as dimensões de validade do Direito por parte do Judiciário. BRENE,
Tiago. O Judiciário entre a interação e a fragmentação da tripartição do poder: análise
da dupla dimensão de validade do direito sob a perspectiva das competências típicas e
atípicas. IN Direito & Teoria Crítica. Organizar Clodomiro José Bannwart Júnio, Boreal,
2015, p. 65.
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19. Conclusão obtida no artigo publicado FUGA, Bruno Augusto Sampaio; CENCI, Elve
Miguel. Direito Contemporâneo – Perspectivas. Artigo Direito e Discricionariedade. A
discricionariedade do Juiz: discussão entre Dworkin e Hart. Bruno Augusto Sampaio
Fuga e Elve Miguel Cenci. Editora CRV, 2013.
20. Recomendo procurar no Youtube o vídeo premiado intitulado “A História dos Direitos
Humanos (legenda)”
21. Mas então o que deve ser levada em conta a oposição no sentido de que o Poder não
possa estar centrado apenas num órgão ou personificado em uma pessoa. BRENE, Tiago.
O Judiciário entre a interação e a fragmentação da tripartição do poder: análise da dupla
dimensão de validade do direito sob a perspectiva das competências típicas e atípicas. IN
Direito & Teoria Crítica. Organizar Clodomiro José Bannwart Júnio, Boreal, 2015, p. 65.
Hart. análise da necessária discussão sobre a discricionariedade judicial 331
REFERÊNCIAS