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Texto de Apoio 09

Peregrinação pelo Deserto

Toda a narração da peregrinação pelo deserto em que o processo de


aumento e de combinação de vários séculos atingiu a sua forma definitiva,
é um hino épico em que a epopéia e a geografia, as tradições tribais e os
esforços para conseguir a unidade de culto, o orgulho nacional e a gratidão
para com Javé fundem-se numa unidade indivisível. Não se trata duma enumeração de
acontecimentos históricos, mas duma confissão profundamente religiosa de Javé, o Senhor da
história e o Deus da aliança. Todos os acontecimentos por que passaram as tribos israelitas são
registrados como graça ou como castigo. Passando por cima das cusas segundas naturais, o
pensamento e a oração dirigem-se continuamente a Deus, cusa primeira de todo o ser e de
todo o dom. tudo o que de miraculoso, maravilhoso, incompreensível sucedeu no deserto, - a
água de Mara (Ex 15, 22 – ss), as codornizes (Ex 16, 11-13), o maná (Ex 16, 13 – ss), - deve
ser considerado em relação com a história da salvação: Javé é verdadeiramente o Presente, o
Agente e o Operante e manifesta a sua presença e poder tanto nas leis da natureza como na
ultrapassagem e violação delas.
Será interessante conhecer o que escreve acerca dos prodígios que acompanharam a
peregrinação pelo deserto G. Ernest Wright, um conhecido estudioso de arqueologia bíblica,
baseando-se na sua longa experiência no Próximo Oriente. Assim, por exemplo, a propósito
do maná, este autor refere “que é ainda hoje produzido pela tamargueira no centro da
península sinaítica. No fim da “estação” pode-se apanhar até um quilo por dia. Trata-se duma
substância adocicada de grandeza variável desde a cabeça dum alfinete até ua ervilha. É
produzido por duas espécie de cochinilha, que devem sugar grandes quantidades de linfa para
buscarem o azoto de que precisam para viver e depois deitam fora o supérfluo sob forma de
secreção adocicada. A rápida evaporação solidifica as gotas em bolinhas viscosas, que podem
ser apanhadas. É evidente que os israelitas não se deviam só alimentar de maná, mas este
fornecia-lhes o açúcar necessário e, encontrá-lo no deserto, deveria ser uma experiência
excitante”.
Acerca do milagre das codornizes (Ex 16,13; Nm 11,31), escreve o mesmo autor:
Todos anos em setembro e em outubro, grandes bandos de codornizes provenientes a Europa
sobrevoam o Mar Vermelho para hibernarem na Arábia e na África. Depois de voarem sobre o
mar chegam de tal modo exausta às costas da península sinaítica que é fácil apanhá-las”.
A propósito da água brotada da rocha (Ex 17,6; Nm 20,11) G. Ernest Wright refere: “O
major C. S. Jarvis, ex governante da península do Sinai, conta ter visto coisa parecida.
Durante uma paragem o grupo dos cameleiros do Sinai procurava água, escavando as encostas
rochosas dum vale, onde saía apenas um fio de água. Durante as escavações um golpe,
destinado ao granito, caiu sobre a superfície lisa e dura do calcário que se quebrou e da pedra
mole, porosa, brotou com grande maravilha de todos um forte jorro de água pura. Antes do
êxodo, Moisés tinha vivido muito tempo na península sinaítica e, portanto, é provável que
conhecesse a qualidade das formações calcárias dalgumas partes delas...

BIBLIOGRAFIA:

 Mensagem Bíblica para o nosso Tempo: Alfred Laple, Edições Pulistas, págs 260-261

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