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A vida do velho homem

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Andrew Murray

“Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me” (Mt 16.24).

Em Mateus 16, lemos que Jesus perguntou aos seus discípulos em Cesareia de Filipe: “Quem diz o
povo ser o Filho do Homem?”. Depois de ouvir suas respostas, ele ainda lhes perguntou: “Mas vós,
quem dizeis que eu sou?”. Pedro, então, respondeu: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo” .

“Então, Jesus lhe afirmou: Bem-aventurado és, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to
revelaram, mas meu Pai, que está nos céus. Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra
edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (vv. 16,17).

Pouco depois, Jesus começou a falar aos discípulos a respeito de sua iminente morte. Imediatamente,
Pedro o repreendeu: “Tem compaixão de ti, Senhor; isso de modo algum te acontecerá. Mas Jesus,
voltando-se, disse a Pedro: Arreda, Satanás! Tu és para mim pedra de tropeço, porque não cogitas
das coisas de Deus, e sim das dos homens. Então, disse Jesus a seus discípulos: Se alguém quer vir
após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me” (vv. 22-24).

Frequentemente, ouvimos falar de cristãos que vivem conformados com o mundo, e surge a pergunta:
qual a verdadeira causa disso? O que leva tantos discípulos de Jesus a desperdiçar suas vidas,
aceitando a terrível escravidão da carne ao invés de desfrutar da liberdade, dos privilégios e da glória
dos filhos de Deus?

Outra pergunta, também, vem nos incomodar: quando enfrentamos uma coisa errada e tentamos lutar
contra ela, por que não conseguimos vencê-la? Qual seria a explicação de ainda vivermos uma vida
misturada, dividida e morna, tendo em vista que já oramos e fizemos centenas de resoluções de
abandonar a prática errada?

A essas duas perguntas há uma única resposta: é a vida do velho homem que está por trás de todos
os nossos problemas. Por isso, quando alguém me pergunta: “Como posso me livrar desta vida carnal
e contaminada?”, minha resposta não é: “Você precisa fazer isso, ou agir dessa forma ou se esforçar
mais”. A resposta só pode ser: “Uma nova vida que vem do alto, a vida de Cristo, precisa tomar o lugar
do velho homem. Só assim é que seremos vencedores”.

Considere neste texto a expressão “si mesmo”. “Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue,
tome a sua cruz e siga-me.”

Esta é a marca do discípulo. O segredo da vida cristã é negar a si mesmo, pois, ao fazer isso, todas
as demais coisas entram nos eixos. Pedro era um discípulo, uma pessoa ensinada pelo Espírito
Santo. Ele acabara de dar uma resposta que agradou a Jesus profundamente: “Tu és o Cristo, o Filho
do Deus vivo”.

Não pense que foi algo normal ou comum. Nós aprendemos a verdade dessa confissão no catecismo
ou nas aulas bíblicas; Pedro não a aprendeu em lugar nenhum. Jesus viu que o Espírito do Pai havia-
lhe ensinado e disse: “Bem-aventurado és, Simão Barjonas”.

Veja, porém, como o homem carnal em Pedro ainda era forte. Quando Jesus começou a falar de sua
cruz, Pedro continuou a pensar sobre a glória: “Tu és o Filho de Deus”. A cruz e a morte de Jesus não
penetraram em sua mente. Ele ainda persistiu em sua autoconfiança e disse: “Nunca, Senhor! Isso
jamais te sucederá. Tu não podes ser crucificado e morrer”.
Foi por isso que Jesus precisou repreendê-lo: “Arreda, Satanás! Tu és para mim pedra de tropeço,
porque não cogitas das coisas de Deus, e sim das dos homens”. Em outras palavras, Pedro estava
falando como um mero homem carnal e não como o Espírito de Deus queria lhe ensinar.

A seguir, Jesus ainda foi mais além e disse a Pedro: “Lembre-se, não sou só eu que vou morrer; você
também vai. Se alguém quiser ser meu discípulo, ele precisará negar a si mesmo, tomar sua cruz e
me seguir”.

Vamos ficar focados nesta única expressão: “si mesmo”. É só quando aprendermos a discernir o que
é a vida natural, a vida do velho homem, que entenderemos onde está a raiz de todos os nossos
fracassos e estaremos preparados para ir a Cristo em busca de libertação.

A natureza do velho homem

Vamos considerar, em primeiro lugar, a natureza do velho homem. Depois observaremos algumas de
suas obras e faremos a pergunta: “Como podemos ser libertos dele?”.

O “eu” é a força criada por Deus com a qual ele dotou cada criatura inteligente. É o próprio centro de
existência de um ser criado.

Por que Deus deu aos anjos e ao homem um “eu”? O objetivo era que cada um pudesse trazer a vida
pessoal como um recipiente vazio para que Deus o enchesse com a vida divina. Deus me deu o poder
da autodeterminação para que eu pudesse entregar-me a ele todos os dias e dizer: “Ó Deus, opera no
meu ‘eu’; ofereço-me a ti”.

Deus queria um vaso para poder enchê-lo com sua divina plenitude de beleza, sabedoria e poder. Ele
criou o mundo, o sol, a lua e as estrelas, as árvores, as flores e a grama para mostrar as riquezas de
sua bondade, sabedoria e engenhosidade. A criação cumpre esse propósito, mesmo sem saber o que
está fazendo.

Em contraste, Deus criou os anjos com personalidade e vontade próprias para ver se se renderiam
voluntariamente como recipientes vazios a serem preenchidos por ele. Infelizmente, nem todos o
fizeram. Um deles, chefe de uma grande companhia de anjos, começou a olhar para si mesmo. Viu os
maravilhosos poderes que lhe foram conferidos por Deus e começou a deleitar-se em si mesmo.
Pensou: “Será que um ser como eu terá que depender para sempre de Deus?”.

Ele se exaltou, o orgulho se autoafirmou em independência de Deus e, naquele momento, ele se


transformou de um anjo celestial em um demônio do inferno. Uma vida própria, rendida a Deus, é a
glória de permitir que o Criador se revele na criatura. Uma vida própria, independente de Deus, é a
fonte de escuridão e fogo do inferno.

Todos nós conhecemos a terrível história do que sucedeu depois. Deus criou o homem, e Satanás
veio na forma de serpente para tentar Eva com o desejo de tornar-se como Deus, tendo uma vida
independente, conhecendo o bem e o mal. Enquanto falava com ela, Satanás soprou no seu interior
suas palavras venenosas e o próprio orgulho do inferno. Com isso, seu espírito maligno, impregnado
com veneno mortífero, entrou na humanidade. É essa vida maldita que herdamos dos nossos
primeiros pais.

Foi exatamente esse “eu” independente que arruinou o mundo e trouxe destruição, pecado, trevas,
desgraça e miséria sobre a humanidade. Tudo o que permanecerá durante os séculos infindáveis da
eternidade no inferno será apenas o domínio do “eu”, da maldição da independência, separando e
afastando o homem de seu Deus e Criador. Se quisermos entender plenamente o que Cristo fará por
nós, se quisermos nos tornar participantes da salvação completa, teremos de aprender a conhecer, a
detestar e a rejeitar inteiramente esse “eu” maldito.

As obras do velho homem


Quais são, então, as obras que essa vida própria, contaminada com a natureza maligna, produz? Eu
poderia citar muitas, mas quero concentrar-me nas palavras mais simples e evidentes que descrevem
a vida do velho homem que precisa ser negada e crucificada continuamente: vontade própria,
autoconfiança e autoexaltação.

Vontade própria ou agradar a si mesmo é o grande pecado do homem. É a razão por que se faz tanta
concessão ao mundo e à carne, causando a ruína de incontáveis cristãos.

As pessoas não entendem por que não deveriam agradar a si mesmas e fazer sua própria vontade. A
maioria dos cristãos nunca conseguiu captar a ideia que um discípulo de Jesus é alguém que nunca
busca sua própria vontade, senão somente a vontade de Deus, uma pessoa em quem habita o
Espírito de Cristo. “Eis aqui estou para fazer, ó Deus, a tua vontade” (Hb 10.9). Vemos cristãos
agradando a si mesmos de mil e uma maneiras e tentando, ao mesmo tempo, ser felizes, bons e
úteis. Não entenderam que sua vontade própria lhes rouba da bênção já na raiz de suas ações. Cristo
disse a Pedro: “Negue a si mesmo”. Ao invés de fazer isso, Pedro disse: “Negarei ao meu Senhor,
mas não a mim mesmo”.

Ele nunca disse isso em palavras, evidentemente, mas Cristo o advertiu na última noite de que iria
negá-lo, e foi assim que aconteceu. Qual foi a causa de sua queda? O desejo de agradar ou proteger
a si mesmo. Ele ficou com medo quando a criada o acusou de ser um seguidor de Jesus. Três vezes,
ele disse: “Não conheço este homem, nada tenho a ver com ele”. Ele negou a Jesus.

Pense nisso! Não é de se admirar que Pedro tenha chorado amargamente depois. Foi uma escolha
entre a vida própria, aquele horrendo e maldito “eu”, e o formoso, bendito Filho de Deus. E Pedro
escolheu a vida própria. Por isso, ao cair em si, ele percebeu: “Ao invés de negar a mim mesmo,
neguei a Jesus. Que escolha horrível eu fiz!”. Não deve nos causar nenhum espanto que tenha
chorado amargamente.

Cristão, olhe para sua vida à luz das palavras de Jesus. Você encontra ali vontade própria que sempre
opta por agradar a si mesmo? Lembre: cada vez que você procura agradar a si mesmo, você nega a
Jesus. É somente um dos dois. Você precisa agradar somente a ele e negar a si mesmo; do contrário,
agradará a si mesmo e negará a ele.

Depois vêm a autoconfiança, a autossuficiência e a autodependência. O que levou Pedro a negar


Jesus? Cristo o havia advertido; por que ele não se preparou? A resposta é autoconfiança. Ele estava
muito seguro de si: “Senhor, eu te amo. Durante três anos, tenho te seguido. Estou pronto para ir à
prisão ou à morte”. Foi pura autoconfiança.

As pessoas sempre me perguntam: “Por que eu fracasso? Desejo tão intensamente e oro com tanto
fervor para viver na vontade de Deus”. Minha resposta geralmente é: “Porque você confia em si
mesmo”.

Normalmente, retrucam: “Não, não confio em mim. Sei que não sou bom. Sei que Deus está pronto
para me guardar. Estou colocando minha confiança em Jesus”.

Mas eu respondo: “Não, meu querido. Se você confiar em Deus, jamais cairá. O fracasso vem quando
confia em si mesmo”.

Precisamos acreditar: a causa de todas as falhas na vida cristã é simplesmente esta. Eu confio na vida
própria (maldita e contaminada) ao invés de confiar em Jesus. Confio na minha própria força ao invés
de confiar na força infinita de Deus. É por isso que Jesus disse: “Esta vida natural precisa ser negada”.

Temos também a autoexaltação, outra manifestação da vida natural. Ah, quanto orgulho e inveja há
entre os cristãos! Quanta preocupação com o que as pessoas dizem ou pensam de nós! Quanto
desejo de louvor humano e de agradar às pessoas no lugar de viver na presença de Deus com o único
pensamento: “Estou vivendo para agradar a ele?”.
Cristo perguntou: “Como podeis crer, vós os que aceitais glória uns dos outros?” (Jo 5.44). Receber
louvor de alguém torna a vida de fé simplesmente impossível. A vida do “eu” originou-se lá no inferno.
Separou-nos de Deus e tornou-se um terrível enganador que nos afasta de Jesus.

A troca solene

Chegamos agora ao terceiro ponto: como podemos nos livrar desta vida natural? Jesus nos responde
no texto original: “Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me”.

Note bem: preciso negar a mim mesmo e tomar o próprio Jesus como minha vida. Preciso fazer uma
escolha. Há duas vidas: a vida do “eu” e a vida de Cristo. Preciso escolher uma das duas. “Siga-me”,
diz o nosso Senhor. “Faça de mim a lei da sua existência, a regra de sua conduta. Dê-me todo o seu
coração. Siga-me e cuidarei de você.”

Ó amigo, veja a solene troca que nos foi proposta. Venha e veja o perigo da vida deste “eu” com seu
orgulho e maldade, lance-se diante do Filho de Deus e diga: “Nego a minha própria vida, tomo a tua
vida como a minha”.

A razão por que os cristãos continuam orando sem resultados para que a vida de Cristo se manifeste
neles é que não estão negando a si mesmos. Então, você perguntará: “Como posso me livrar desta
vida do velho homem?”.

Você conhece a parábola: o homem forte guardou a sua casa até que um mais forte do que ele veio e
o expulsou. Quando o lugar ficou desocupado, varrido e arrumado, ele voltou com sete outros
espíritos piores do que ele (Lc 11.21-26). É somente quando o próprio Cristo entra que o “eu” pode ser
expulso e mantido fora da casa. Este homem velho deseja permanecer conosco até o fim.

Lembre-se do apóstolo Paulo. Ele havia visto a visão celestial e, para que não se exaltasse, um
espinho na carne lhe foi enviado para humilhá-lo (2 Co 12.2-9). Havia uma tendência de se exaltar, o
que era natural, e sua carne o teria conquistado se Jesus não o tivesse libertado com seu cuidado fiel
pelo servo amado. Jesus Cristo é capaz, por sua divina graça, de impedir que o poder do velho
homem volte a se afirmar ou que ganhe a supremacia. Jesus Cristo deseja se tornar a vida da nossa
alma. Ele está disposto a ensinar-nos a segui-lo e a fixar nosso coração e nossa vida somente nele.
Ele deve ser eternamente a luz da nossa alma.

Chegaremos, assim, à realidade do que Paulo descreveu: “Já não sou eu quem vive, mas Cristo vive
em mim” (Gl 2.20). As duas verdades precisam andar juntas. Primeiro é “não sou eu”; depois vem
“mas Cristo vive em mim”.

Veja Pedro outra vez. Jesus lhe disse: “Negue a si mesmo e siga-me”. Para onde ele teria de seguir?
Jesus continuou guiando Pedro, mesmo quando ele falhou. Para onde o levou? Jesus o conduziu até
o Getsêmani, e foi lá que Pedro falhou. Primeiro, dormiu quando deveria ter ficado acordado, vigiando
e orando. Depois, Jesus o levou em direção ao Calvário, ao lugar onde Pedro o negou.

Era Jesus que o estava guiando? Louvado seja Deus, era direção de Jesus. O Espírito Santo ainda
não fora derramado em poder. Pedro ainda era um homem carnal. Seu espírito estava disposto, porém
incapaz de conquistar a natureza pecaminosa.

O que Jesus fez, então? Ele continuou a guiar Pedro para um lugar de quebrantamento e total
abatimento e humilhação, da mais profunda tristeza. Jesus o conduziu, para além da sepultura e da
ressurreição, até o dia de Pentecostes. Então o Espírito Santo veio, trazendo o próprio Cristo para
viver nele com sua vida divina. Daí em diante era: “Cristo vive em mim”.

Só existe uma forma de se libertar desta vida do “eu”. Teremos de seguir a Cristo, fixar nosso coração
nele, ouvir seus ensinamentos, entregar-nos a ele cada dia para que ele seja tudo para nós. Pelo
poder de Cristo, negar a si mesmo será uma realidade bendita e contínua. Nunca, por um instante,
espero que um cristão chegue ao ponto de dizer: “Não tenho mais nada do ‘eu’ a ser negado”. Nunca,
por um segundo, poderemos dizer: “Não preciso mais negar a mim mesmo”.

Não, essa comunhão com a cruz de Cristo será um processo incessante de negar a si mesmo, a cada
hora e a cada momento pela graça de Deus. Não existe um lugar de plena libertação do poder deste
velho homem pecaminoso. Precisamos manter a posição de estar crucificado com Cristo Jesus.
Devemos viver com ele como aqueles que foram batizados em sua morte.

Pense nisso! Cristo não tinha um “eu” pecaminoso, mas tinha um “eu”, uma vida e uma consciência
humana. Ele realmente entregou sua própria vida até a morte. No Getsêmani, ele disse: “Pai, não seja
feita minha vontade”. Ele entregou sua vida própria, sem pecado, até a morte, para poder recebê-la de
volta, da sepultura, devolvida por Deus, ressuscitada e glorificada. Podemos ter expectativa de entrar
na vida eterna de forma diferente?

Tome cuidado! Lembre que Cristo desceu à morte e à sepultura e que é na morte do “eu”, seguindo a
Jesus até a última instância, que a libertação e a vida nos serão dadas.

Humilhe-se diante do Senhor

Finalmente, que aplicação faremos desta lição do Mestre ?

A primeira lição é que devemos tomar tempo para nos humilhar diante de Deus. Pense em tudo o que
o velho homem é de fato; coloque na conta dele cada pecado, cada defeito, cada falha e tudo o que
tem desonrado a Deus. Depois, diga: “Senhor, é exatamente isso o que sou”. Finalmente, deixe o
bendito Cristo Jesus tomar todo o controle de sua vida, crendo que a vida dele pode ser sua.

Não pense que é tarefa fácil se livrar do seu “eu”. Num culto de consagração e entrega, é
relativamente fácil fazer um voto, oferecer uma oração e fazer um ato de rendição; no entanto, tão
solene e grave quanto foi a morte de Cristo no Calvário – quando entregou sua vida e vontade
imaculadas a Deus – a entrega do “eu” à morte precisa ser uma transação igualmente solene entre
nós e Deus. O poder da morte de Cristo precisa operar em nós todos os dias.

Pense no imenso contraste entre o voluntarioso Pedro e Jesus, quando cada um rendeu sua vontade
a Deus! Que abismo havia entre aquela autoexaltação de Pedro e a profunda humildade do Cordeiro
de Deus, manso e quebrantado de coração diante de Deus e do homem! Que contraste havia entre a
autoconfiança de Pedro e a total dependência de Jesus no Pai quando ele disse: “Nada posso fazer
por mim mesmo”.

Fomos chamados para viver a vida de Cristo, e para permitir que Cristo venha viver sua vida em nós.
Entretanto, uma coisa precisa acontecer antes: aprender a odiar e a negar o velho homem. Como
Pedro disse, quando negou a Jesus: “Nada tenho a ver com ele”, assim nós precisamos dizer: “Nada
tenho a ver com o velho homem”, para que Cristo Jesus possa ser tudo em todos.

Vamos humilhar-nos ao pensar naquilo que o nosso “eu” tem feito a nós mesmos e como tem
desonrado a Jesus. Oremos com muito fervor: “Senhor, por tua luz, desnuda o meu velho homem.
Suplico que o reveles totalmente a mim. Abre os meus olhos para que veja o que tem feito e como tem
me impedido de viver a tua vontade”.

Oremos assim com muita intensidade e esperemos em Deus até que sejamos afastados de todos os
nossos exercícios, experiências e bênçãos religiosos, até que consigamos nos aproximar de Deus
com apenas uma oração: “Senhor Deus, a exaltação do ‘eu’ transformou um arcanjo num demônio e
arruinou os pais de toda a humanidade. Foi a preservação do ‘eu’ que os expulsou do Paraíso para
trevas e miséria, e esse velho homem tem sido a ruína da minha própria vida e a causa de todos os
meus fracassos. Manifesta-o totalmente para mim”.

Só então virá a bendita troca quando somos capacitados e preparados para dizer: “Outra pessoa
viverá por mim”. Nada mais nos satisfará. Negue a si mesmo, tome a cruz para morrer com Jesus,
siga somente a ele.
Que ele nos dê graça para entender, receber e viver a vida de Cristo.

Extraído de “The Master’s Indwelling” (A Habitação Interior do Mestre), por Andrew Murray.
A VIDEIRA
VERDADEIRA

Meditações para
um Mês
em João 15:1-6
por
Dr. Andrew
Murray

Prefácio
Tenho me sentido atraído para tentar escrever o que
os jovens Cristãos podem facilmente aprender, como
uma ajuda para eles tomarem aquela posição na qual a
vida Cristã deve ser bem sucedida. É como se não
houvesse nenhuma das principais tentações e falhas da
vida Cristã não encontrada aqui. A proximidade, a total-
suficiência, a fidelidade do Senhor Jesus, a naturalidade,
a fertilidade de uma vida de fé, são também reveladas,
de forma que alguém pode com segurança dizer:
Permita a parábola entrar no coração, e tudo dará certo.

Possa o bendito Senhor conceder Sua benção. Possa


Ele nos ensinar a estudar o mistério da Videira no
espírito de adoração, esperando pelo ensinamento do
próprio Deus.

Andrew Murray

Capítulo 1

A VIDEIRA

"Eu sou a videira verdadeira” (João 15:1).


Todas coisas terrestres são sombras das realidades
celestiais - a expressão, em formas criadas e visíveis, da
glória invisível de Deus. A Vida e a Verdade estão no
Céu; na terra temos figuras e sombras das verdades
celestiais. Quando Jesus disse: "Eu sou a videira
verdadeira”, Ele nos ensina que todas as videiras da
terra são figuras e emblemas dEle. Ele é a realidade
divina, da qual elas são expressões criadas. Todas elas
apontam para Ele, pregam-NO, revelam-NO. Se você
quiser conhecer Jesus, estude a videira. Quantos olhos
têm observado e admirado uma grande videira com
seu belo fruto! Venha e observe na Videira celestial até
que seus olhos se voltem de tudo mais para admirá-LO.
Quantos, em um clima ensolarado, sentam e
descansam sob a sombra de uma videira. Venha e
permaneça sob a sombra da Videira verdadeira, e
descanse nela do calor do dia. Que regozijo incalculável
no fruto da videira! Venha, e tome, e coma do fruto
celestial da Videira verdadeira, e deixe sua alma dizer:
"Sentei-me sob Sua sombra com grande deleite, e Seu
fruto era doce ao meu paladar.

"Eu sou a videira verdadeira” - Este é um mistério


celestial. A videira terrestre pode ensinar-te muito
sobre esta Videira do Céu. Muitos pontos interessantes
e belos de comparação sugerem-se, e nos ajudam a
adquirir concepções do que Cristo significa. Mas tais
pensamentos não nos ensinam a conhecer o que a
Videira celestial realmente é, em sua sombra
refrescante, e em seu fruto doador de vida. A
experiência disto é parte do mistério oculto, que
ninguém senão o próprio Jesus, pelo Seu Espírito Santo,
pode desvelar e transmitir. Eu sou a Videira verdadeira
- A videira é o Senhor vivo, que fala, e dá, e obra tudo
que Ele tem para nós. Se você quer conhecer o
significado e o poder desta palavra, não pense
encontrá-la pelo pensamento ou estudo; estes podem
ajudar-te para mostrar o que deves receber dEle para
despertar desejo e esperança e oração, mas eles não
podem te mostrar a Videira. Somente Jesus pode
revelar a Si mesmo. Ele dá Seu Espírito Santo para abrir
os olhos para vê-LO, e para abrir o coração para
recebê-LO. Ele mesmo deve falar a palavra para você e
para mim.

"Eu sou a videira verdadeira” - E o que devo fazer, se


quiser o mistério, em toda sua beleza e benção
celestiais, aberto para mim? Com o que você já sabe da
parábola, curve-se e fique quieto, adore e espere, até
que a Palavra divina entre em seu coração, e você sinta
Sua santa presença com você, e em você. A sombra de
Seu santo amor dar-lhe-á a perfeita calma e descanso
de saber que a Videira fará tudo. Eu sou a Videira
verdadeira - Aquele que fala é Deus, em Seu infinito
poder capaz de entrar em nós. Ele é homem, um
conosco. Ele é o crucificado, que conseguiu uma
perfeita justiça e uma vida divina para nós através de
Sua morte. Ele é o glorificado, que do trono dá Seu
Espírito para fazer Sua presença real e verdadeira. Ele
fala - oh, prestem atenção, não somente às Suas
palavras, mas a Ele mesmo, como Ele sussurra
secretamente dia a dia: "Eu sou a Videira verdadeira!"
Tudo que a Videira pode ser para seu ramo, "Eu serei
para ti". Santo Senhor Jesus, a Videira celestial da
própria plantação de Deus, eu Te suplico, revela a Ti
mesmo para minha alma. Permita que o Espírito Santo,
não somente em pensamento, mas em experiência,
faça-me saber totalmente que Tu, oh Filho de Deus, és
para mim a Videira verdadeira.
Capítulo II

O LAVRADOR

"E meu Pai é o Lavrador” (João 15:1).

Uma videira deve ter um lavrador para plantá-la e


protegê-la, para receber seu fruto e regozijar nele.
Jesus diz: "Meu Pai é o Lavrador”. Ele foi "a videira da
plantação de Deus". Tudo que Ele foi e fez, devia ao Pai;
em tudo Ele procurou somente a vontade e a glória do
Pai.

Ele se tornou homem para nos mostrar o que uma


criatura deve ser para seu Criador. Ele tomou nosso
lugar, e o espírito de Sua vida diante do Pai foi sempre
o que Ele procurou que seja nosso também: "dEle, e
por Ele, e para Ele, são todas as coisas". Ele tornou-se a
Videira verdadeira, para que pudéssemos ser
verdadeiros ramos. Tanto com respeito à Cristo como à
nós mesmos, as palavras nos ensinam duas lições de
absoluta dependência e perfeita confidência.

Meu Pai é o Lavrador - Cristo sempre viveu naquele


espírito, em que certa vez disse: "O Filho de si mesmo
nada pode fazer". Tão dependente quanto uma videira
é do lavrador pelo lugar onde deva crescer, pelo seu
cercado, irrigação e poda; assim, também se sentia
Cristo inteira e diariamente dependente do Pai na
sabedoria e força para fazer a vontade do Pai. Assim
como Ele disse no capítulo anterior (14:10): "As palavras
que eu vos digo, não as digo por mim mesmo; mas o
Pai, que permanece em mim, é quem faz as suas obras".
Esta absoluta dependência teve como sua bendita
contraparte a mais abençoada confidência que Ele não
teria nada para temer: o Pai não podia desapontá-LO.
Com tal Lavrador como Pai, Ele poderia enfrentar a
morte e o túmulo. Ele poderia confiar em Deus para
ressuscitá-LO. Tudo que Cristo é e tem, Ele tem, não
em Si mesmo, mas a partir do Pai.

Meu Pai é o Lavrador - Esta é uma bendita verdade


tanto para nós como para Cristo. Cristo está ensinando
Seus discípulos sobre serem ramos. Ele nunca tinha
usado antes a palavra, ou falado de alguma maneira
sobre permanecer nEle ou produzir frutos; Ele voltou os
olhos deles para o céu, para o Pai que lhes estava
observando e tudo trabalhando neles. Na própria raiz
de toda vida Cristã descansa o pensamento de que
Deus está fazendo tudo, que nossa parte é dar e
entregarmo-nos às Suas mãos, em confissão de
absoluto desamparo e dependência, com uma firme
confidência de que Ele dá tudo que necessitamos. A
grande carência da vida Cristã é que, até quanto
confiamos em Cristo , deixamos Deus fora de
consideração. Cristo veio para nos trazer à Deus. Cristo
viveu a vida de um homem exatamente como temos
que vivê-la. Cristo, a Videira, aponta para Deus, o
Lavrador. Como Ele confiou em Deus, confiemos nós
em Deus, e tudo que devemos e temos que ser, como
aqueles que pertencem à Videira, nos será dado de
cima. Isaías disse: "Naquele dia haverá uma vinha de
vinho tinto; cantai-lhe. Eu, o Senhor, a guardo, e a cada
momento a regarei; para que ninguém lhe faça dano,
de noite e de dia a guardarei". Antes de começarmos a
pensar sobre os frutos ou ramos, tenhamos nossos
corações cheios de fé: como a Videira é gloriosa, assim
também é o Lavrador. Como é digna e santa nossa
chamada, assim também é poderoso e amável o Deus
que obrará tudo isto. Tão certamente como o Lavrador
fez da Videira o que ela deveria ser, assim Ele também
fará de cada ramos o que ele deve ser. Nosso Pai é o
nosso Lavrador, e a Garantia de nosso crescimento e
frutificação.

Bendito Pai, nós somos Tua lavoura. Oh, que Tu possas


ter honra das obras de Tuas mãos! Oh meu Pai, eu
desejo abrir meu coração para a alegria desta
maravilhosa verdade: Meu Pai é o Lavrador. Ensina-me
a conhecer e confiar em Ti, e a ver que o mesmo
profundo interesse com que Tu cuidas da Videira e Se
deleita nela, estende-se a cada ramo, a mim também.
Capítulo III

A VARA

"Toda a vara em mim, que não dá fruto, [Ele] a tira”


(João 15:2).

Aqui temos uma das principais palavras da parábola -


vara. Uma videira necessita de varas: sem varas ela não
pode fazer nada, não pode produzir nenhum fruto. Tão
importante como é saber sobre a Videira e o Lavrador,
é entender o que a vara é. Antes de aprendermos o
que Cristo tem para dizer sobre Ele, vamos
primeiramente captar o que uma vara é e o que nos é
ensinado de nossa vida em Cristo. Uma vara é
simplesmente um pedaço de madeira, nascida pela
videira para um único propósito de servi-lá produzindo
seus frutos. Ela é da mesma natureza da videira, e tem
uma vida e um espírto com ela. Pense um momento
sobre as lições que isto sugere. Há uma lição de inteira
consagração. A vara tem somente um objetivo pelo
qual ela existe, um propósito para o qual ela é
totalmente determinada. Isto é, produzir o fruto que a
videira deseja que seja produzido. E assim, o crente
tem somente uma razão para ser uma vara - apenas
uma razão de sua existência na terra - que a Videira
celestial possa através dele produzir Seu fruto. Feliz a
alma que sabe isto, que nisto consente e que diz: Eu fui
redimido e vivo por uma coisa - tão exclusivamente
como a vara natural existe somente para produzir fruto,
eu também; tão exclusivamente como a Videira celestial
existe para produzir fruto, eu também. Visto que tenho
sido plantado por Deus em Cristo, eu me entrego
completamente à produzir o fruto que a Videira deseja
que seja produzido.

Há a lição de perfeita conformidade. A vara é


exatamente como a videira em todos aspectos - a
mesma natureza, a mesma vida, o mesmo lugar, o
mesmo trabalho. Em tudo isto elas são
inseparavelmente uma. E assim o crente necessita saber
que ele é participante da natureza divina, e tem a
mesma natureza e espírito de Cristo nele, e que sua
única chamada é render-se à uma perfeita
conformidade com Cristo. A vara é uma perfeita
semelhança da videira; a única diferença é: uma é
grande e forte e a origem da força; a outra pequena e
fraca, sempre necessitando e recebendo força. Da
mesma forma o crente é e é para ser, a perfeita
semelhança de Cristo.

Há a lição de absoluta dependência. A videira tem seu


depósito de vida e vigor e força, não para si mesma,
mas para as varas. As varas não têm nada, exceto o que
a videira providencia e nelas implanta. O crente é
chamado para, e esta é sua mais alta bem-aventurança,
uma vida de inteira e incessante dependência de Cristo.
Dia e noite, cada momento, Cristo está para operar
neles tudo que eles necessitam. E então, a lição de
indubitável confidência. A vara não tem
restabelecimento próprio; a videira providencia tudo;
ela tem porém que se render e receber. É a percepção
desta verdade que conduz ao bendito descanso da fé,
o verdadeiro segredo do crescimento e do
fortalecimento: "Eu posso todas as coisas através de
Cristo que me fortalece".

Que vida nos advirá se tão somente consentirmos


sermos varas! Queridos filhos de Deus, aprendam a
lição. Vocês têm apenas uma coisa a fazer: Somente ser
uma vara - nada mais, nada menos! Simplesmente uma
vara; Cristo será a Videira que dá tudo. E o Lavrador, o
poderoso Deus, que fez da Videira o que ela é,
certamente fará da vara o que ela deve ser. Senhor
Jesus, eu oro a Ti, revela-me o mistério celestial da vara,
na sua viva união com a Videira, em sua súplica por
plenitude completa. E que Tua omni-suficiência,
sustentando e enchendo Tuas varas, conduza-me ao
descanso da fé que sabe que Tu operas tudo.

Capítulo IV

O FRUTO

"Toda a vara em mim, que não dá fruto, Ele a tira”, João


15:2.

Fruto – Esta é a próxima grande palavra que temos: a


Videira, a vara, o fruto. O que tem nosso Senhor para
nos dizer sobre o fruto? Simplesmente isto – que o
fruto é uma coisa que a vara deve produzir e que se ela
não produzir, o lavrador a arrancará. A videira é a glória
do lavrador; a vara é a glória da videira; o fruto é a
glória da vara; se a vara não produzir fruto, não haverá
glória ou valor nela; isto é uma ofensa e um obstáculo
à própria glória da Videira; por isso o lavrador a tira. A
única razão para a existência de uma vara, o único sinal
de ser uma vara verdadeira da Videira celestial, a única
condição em que o divino Lavrador permite que a vida
na Videira seja compartilhada é – produzir frutos. E o
que é fruto? Algo que a vara produz, não para si
mesma, mas para seu proprietário; algo que é para ser
colhido e retirado dela. A vara, sem dúvida, recebe a
sua seiva da videira para manter a própria vida, seiva
através da qual ela cresce para ser tornada vigorosa e
forte. Mas este suprimento à sua própria manutenção é
inteiramente subordinada (subjugada) à realização do
propósito de toda a sua existência – produzir frutos.
Porque os Cristãos não entendem ou não aceitam esta
verdade, fracassam em seus esforços e orações para
poder viver a vida de vara. Eles com relativa frequência
desejam ardentemente ter essa vida; lêem, meditam e
oram; todavia fracassam e assombrados ainda
perguntam: por quê? A razão é muito simples: eles não
sabem que produzir frutos é uma coisa para a qual eles
foram salvos. Da mesma forma que Cristo se tornou a
Videira verdadeira com um único objectivo, você tem
que se tornar uma vara também, com o único objectivo
de produzir frutos para a salvação dos homens. A
Videira e a vara estão igualmente sob a inalterável lei
de produzir frutos como a única razão de sua existência.
Cristo e o crente, a Videira celestial e a vara, têm
igualmente seu lugar no mundo exclusivamente para
um propósito: o de transmitir o amor salvador de Deus
aos homens. Portanto, uma palavra solene: “Toda a
vara em mim, que não dá fruto, Ele a tira”. Acautelemo-
nos especialmente de um grande erro. Muitos Cristãos
pensam que sua própria salvação é a primeira coisa;
sua vida temporal e prosperidade, com o cuidado de
sua família, a segunda; e que o tempo e interesse
devotado e gasto a produzir frutos, à salvação dos
homens, pode ser posto de lado levianamente. Nada
disto nos assombra mais e que na maioria dos casos
pouquíssimo tempo ou interesse se dão na salvação de
todos os homens. Não, Cristão! O único objectivo
solene pelo o qual você foi feito um membro do Corpo
de Cristo, é que a Cabeça possa ter você como vara
para cumprir Sua obra salvadora. O único objectivo que
Deus teve ao torná-lo uma vara, é que Cristo possa
transmitir Sua própria seiva e vida aos homens através
de si. Sua salvação pessoal, seu emprego e cuidados
familiares, devem inteiramente subordinados a isto. Seu
principal alvo na vida, seu principal alvo todos os dias,
deve ser o saber como Cristo deseja cumprir Seu
propósito por si. Comecemos a pensar como Deus
pensa. Aceitemos o ensino de Cristo e correspondamos
a Seus próprios anseios também.

O único objectivo de me haver tornado uma vara, o


único sinal de eu estar a ser uma verdadeira vara, a
única condição para minha permanência e
desenvolvimento vigoroso na Videira, é que eu produza
o fruto da Videira celestial para que os homens mortos
comam e vivam por eles também. E a única coisa da
qual eu posso ter a mais perfeita segurança é que, com
Cristo como minha Videira e o Pai como meu Lavrador,
eu posso realmente ser uma vara frutífera a qualquer
momento.

Nosso Pai, Tu vens até nós buscando do fruto que


produzimos. Ensina-nos, oramos, a entender quão
excelso e real é o único objectivo de toda a nossa
existência e de nossa união com Cristo. Faz com que o
único desejo de nossos corações seja sermos
unicamente varas tão cheias do Espírito da Videira, ao
ponto de produzir fruto abundantemente.

Resto de tradução ainda em curso - lamentamos.

José Mateus
zemateus@msn.com
AJUDAS PARA INTERCESSÃO
por
Dr. Andrew Murray
PREFÁCIO
ORAR SEM CESSAR
ORAR SEM CESSAR - Quem pode fazer isto? Como pode alguém que é
cercado pelos cuidados da vida fazer isto? Como pode uma mãe amar
seu filho sem cessar? Como pode a pálpebra permanecer ela mesma
pronta para proteger o olho sem cessar? Como eu posso respirar e
sentir e ouvir sem cessar? Porque todas estas são as funções de uma
vida saudável, natural. E então, se a vida espiritual for saudável,
sob o completo poder do Espírito Santo, orar sem cessar será natural.
Orar Sem Cessar - Isto se refere a contínuos actos de oração, nos
quais estamos perseverando até obtermos, ou se refere ao espírito de
completa oração que nos anima todo o dia? Isto inclui ambos. O
exemplo de nosso Senhor Jesus nos mostra isto. Nós temos que entrar
em nosso quarto fechado para secções especiais de oração; nós
estamos de vez em quando perseverando ali em oração importuna. Nós
estamos também todo o dia andando na presença de Deus, com todo o
coração posto nas coisas celestiais. Sem fixar períodos de oração, o
espírito de oração se tornará embotado e débil. Sem a contínua
completa oração, o fixar períodos não será benéfico.
ORAR SEM CESSAR - Isto se refere à oração por nós mesmos ou pelos
outros? Para ambos. É porque muitos a confinam para si mesmos que
eles falham tanto em praticá-la. É somente quando os ramos dão a si
mesmos para produzir fruto, mais fruto, muito fruto, que ele pode
viver uma vida saudável, e esperar um rico fluxo de seiva. A morte
de Cristo trouxe-LHE para o lugar de eterna intercessão. Sua morte
com Ele para o pecado e para si mesmo, o põe livre do cuidado
próprio, e te eleva à dignidade de intercessor - um que possa dar
vida e bênção de Deus para outros. Conheça seu chamado; faça disto
seu trabalho. Dê a si mesmo completamente a isto, e antes de você
conhecer isto, você será encontrado descobrindo algo deste "Orando
sempre" sem você.
ORAR SEM CESSAR - Como posso aprender isto? O melhor caminho para
aprender fazer uma coisa - de fato, o único caminho - é fazendo-o.
Comece tirando algum tempo todo dia, fale dez ou quinze minutos, nos
quais você dirá para Deus e para si mesmo, que você vem a Ele agora
como um intercessor por outros. Deixe isto para depois de sua oração
matutina ou nocturna, ou qualquer outro tempo. Se você não pode
assegurar o mesmo tempo todo dia, não se preocupe. Somente veja se
você está fazendo seu trabalho. Cristo te escolheu e te nomeou para
orar por outros. Se no início você não sentir qualquer urgência
especial ou fé ou poder em suas orações, não deixe que isto impeça
você. Em silêncio conte ao Senhor Jesus de sua debilidade; creia que
o Espírito Santo está em você para te ensinar a orar, e esteja
seguro que se você começar, Deus te ajudará. Deus não pode te ajudar,
a menos que você comece e continue.
ORAR SEM CESSAR - Como posso saber para o que orar? Se você somente
começar, e pensar em todas as necessidades ao redor de você, logo
você encontrará o suficiente. Mas para te ajudar, este pequeno livro
é editado com assuntos e dicas para oração por um mês. Isto
significa que nós o usaremos mês a mês, até que conheçamos mais
completamente como seguir a direcção do Espírito, e tendo aprendido,
se for necessário, fazermos nossa própria lista de assuntos, e então
podermos dispensar esta. Com respeito ao uso destas ajudas, umas
poucas palavras podem ser necessárias.
1. Como Orar. Você notará cada dia dois cabeçalhos - um 'Para o que
Como Orar?'; e outro, 'Como Orar'. Se somente os assuntos fossem
dados, alguém poderia cair na rotina de apenas mencionar nomes e
coisas diante de Deus e o ato se tornaria um fardo. As dicas sob o
cabeçalho Como Orar, são tencionadas a te lembrar da natureza
espiritual do ato, da necessidade de Divina ajuda, e para encorajar
a fé na certeza de que Deus, através do Espírito, nos dará graça
para orar correctamente e também para ouvir nossa oração.
2. Para o que Orar. As Escrituras nos convida à orar por muitas
coisas: por todos os santos, por todos os homens , por todos os reis
e governadores; por todos que estão em adversidade; para o envio de
trabalhadores; por aqueles que labutam no evangelho; por todos
convertidos; pelos crentes que caem em pecado; por um ou outro
círculo imediato. A Igreja é agora muito maior do que quando o Novo
Testamento foi escrito; o número de formas de trabalho e
trabalhadores é também muito maior; as necessidades da Igreja e do
mundo são também muito mais conhecidas, que necessitamos de tomar
tempo e pensamento para ver aonde a oração é necessária e para o que
nossos corações devem ser mais atraídos. As Escrituras nos convida
para orar e exige de nós um coração grande, absorvido em todos os
santos, todos os homens e em todas as suas necessidades. Uma
tentativa tem sido feita nestas ajudas para indicar qual o principal
assunto para o qual necessitamos orar e que deve interessar todo
Cristão.
Seria difícil para muitos orar por tantas esferas amplas como às
vezes mencionamos. Permita-me deixar entendido que em cada caso nós
podemos fazer especial intercessão por nosso próprio círculo de
interesse, à partir da dica do cabeçalho. E dificilmente será
necessário dizer que, além disto, onde alguns assuntos parecem de
maior interesse ou urgência do que outro, estamos livres por um
tempo, dia a dia, à tomar aquele assunto em nossas orações. Se
somente tempo for realmente dado à intercessão e o espírito de
confiança for cultivado, o objectivo será alcançado. Enquanto que,
por um lado, o coração deva ser alargado de vez em quando para tomar
tudo, quanto mais a nossa oração possa ser directa e clara, melhor.
Com este objectivo, é deixado em branco uma parte na qual podemos
escrever em baixo as petições especiais que desejamos apresentar
diante de Deus.
3. Respostas à Oração. Tem se publicado mais do que somente um
pequeno livro nos quais os Cristãos possam fazer um registro de suas
petições e anotar quando elas foram respondidas. Tem sido deixado
lugar em cada página para isto, para poder registrar petições mais
definidas com respeito à almas individuais ou esferas de trabalho e
a resposta esperada. Quando oramos por todos os santos, ou por
missões em geral, é difícil saber quando ou como nossa oração é
respondida, ou se nossa oração tem tido qualquer participação no
trazer da resposta. É de extrema importância que provemos se Deus
nos ouve e para este fim tome nota das respostas que pediu e quando
elas vieram. No dia da oração por todos os santos, tome os santos de
sua congregação ou de sua reunião de oração e peça por um
reavivamento entre eles. Tome, em relação com missões, alguma
associação especial ou missionário para o qual você esteja
interessado, ou mais de um, e rogue pela bênção. E espere e procure
sua vinda, para que você possa louvar a Deus.
4. Círculos de Oração. Na publicação deste convite à intercessão,
não há nenhum desejo de adicionar outra à muitas existentes uniões
ou grupos de oração. O primeiro objectivo é comover muitos Cristão
que praticamente, apesar de ignorar sua chamada ou não acreditar que
suas oração valham muito, tomam apenas uma pequena parte na obra da
intercessão e então ajudar aqueles que oram para alguma maior
compreensão da grandeza do trabalho e a necessidade de dar toda sua
força à ele. Há um círculo de oração que pede em oração no primeiro
dia de cada mês pela plena manifestação do poder do Espírito Santo
por toda a Igreja. Eu dei as palavras deste convite como assunto
para o primeiro dia e tomei o mesmo pensamento como ideia central
durante todo o livro. Quanto mais alguém pensa na necessidade e na
promessa da oração, e na grandeza dos obstáculos a serem superados
na oração, mais este alguém sentirá que este deve ser o trabalho de
toda sua vida, dia a dia, para o qual todo outro interesse se
sujeite.
Mesmo que nunca se formem grandes grupos de oração, é de todo
aconselhável que se achem pessoas unidas em oração em círculos de
menor dimensão durante o período de um mês com algum objectivo
especial introduzido diariamente entre eles, ou mesmo durante um ano
inteiro ou mais, tendo como objectivo supremo o fortalecimento mútuo
em ajuda na graça da intercessão. Caso se dê que um ministro do
evangelho convide alguns de seus irmãos vizinhos para se unir à
alguns pedidos especiais entre os impressos nos assuntos para
súplica, ou mesmo se um número dos mais sérios membros de sua
congregação se unirem em oração por reavivamento, alguns podem ser
treinados para tomar seu lugar na grande obra da intercessão, os
quais poderão estar ociosos por ninguém os haver requerido.
5. Quem é Suficiente para Estas Coisas?. Quanto mais estudamos ou
tentamos praticar esta graça de intercessão, mais ficamos
estupefactos pela sua grandeza e nossa fraqueza. Que tais impressões
nos conduzam à aprender: Minha graça é suficiente para ti e para
responder realmente: Nossa suficiência é Deus. Tome coragem; é na
intercessão de Cristo que você é chamado para fazer parte. O fardo e
a agonia, o triunfo e a vitória são todos d'Ele. Aprenda d'Ele,
entregue-se ao Seu Espírito dentro de você, para saber como orar.
Ele Se deu a Si mesmo como sacrifício a Deus pelos homens para que
Ele pudesse ter o direito e o poder da intercessão. "Ele levou sobre
si o pecado de muitos, e pelos transgressores faz intercessão".
Permita que sua fé descanse corajosamente em Sua obra consumada.
Permita que seu coração se identifique completamente com Ele em Sua
morte e em Sua vida. Como Ele, dê a si mesmo à Deus como um
sacrifício pelos homens; é sua mais alta nobreza; é sua verdadeira e
completa união com Ele; será para você, em relação a Ele, seu poder
de intercessão. Amado Cristão! venha e dê todo o seu coração e vida
à intercessão, e você conhecerá sua bem-aventurança e poder. Deus
não pede nada menos; o mundo necessita de nada menos; Cristo não
pede nada menos; ofereçamos a Deus nada menos do que isto.
PRIMEIRO DIA
PARA O QUE ORAR - Pelo Poder do Espírito Santo.
Por causa disto me ponho de joelhos perante o Pai de nosso Senhor
Jesus Cristo, Do qual toda a família nos céus e na terra toma o nome,
Para que, segundo as riquezas da sua glória, vos conceda que sejais
corroborados com poder pelo seu Espírito no homem interior. -
(Efésios 3:14-16).
mas que esperassem a promessa do Pai. - (Actos 1:4).
"a completa manifestação da graça e força do bendito Espírito de
Deus, na remoção de tudo que é contrário a vontade revelada de Deus,
de forma que não entristeçamos o Espírito Santo, mas que Ele possa
trabalhar com eficaz poder na Igreja, para a exaltação de Cristo e
bênção das almas." Deus tem uma promessa para e através de Seu
exaltado Filho; nosso Senhor tem um dom para Sua Igreja; a Igreja
tem uma necessidade; todas orações unidas em uma petição - o poder
do Espírito Santo. Faça disto sua única oração.
COMO ORAR - Assim como um Filho Pede ao Pai.
E qual o pai de entre vós que, se o filho lhe pedir pão, lhe dará
uma pedra? Quanto mais dará o Pai celestial o Espírito Santo àqueles
que lho pedirem? - (Lucas 11:11,13).
Peça com simplicidade e confiança assim como um filho pede pão. Você
pode fazer isto porque "Deus enviou aos vossos corações o Espírito
de seu Filho, que clama: Aba, Pai". Este Espírito está em você para
te dar a confiança infantil. Na fé de Sua oração em você, peça pelo
poder do Espírito Santo em qualquer lugar. Mencione lugares ou
círculos onde você especialmente peça para isto ser visto.
Petições Especiais.
SEGUNDO DIA
PARA O QUE ORAR - Pelo Espírito de Súplica.
O mesmo Espírito intercede por nós. - (Romanos 8:26). Derramarei o
Espírito de graça e de súplicas. - (Zacarias 12:10).
"A evangelização do mundo depende, em primeiro lugar, de um
reavivamento de oração. Mais profunda do que a necessidade dos
homens - sim, mais profunda do que nossa abatida vida - é a
necessidade do esquecido segredo da prevalecente, universal oração."
Cada filho de Deus tem o Espírito Santo nele para orar. Deus espera
dar o Espírito em medida completa. Peça para você mesmo, e para
todos que estão unidos, o derramamento do Espírito de Súplica. Peça-
O para seu próprio círculo de oração.
COMO ORAR - No Espírito.
Mas vós, amados, edificando-vos a vós mesmos sobre a vossa
santíssima fé, orando no Espírito Santo. - (Judas 20).
Nosso Senhor deu a Seus discípulos no dia de Sua ressurreição o
Espírito Santo, para capacita-los a esperar pelo completo
derramamento no dia de Pentecostes. É somente no poder do Espírito
já em nós, reconhecido e em ação, que podemos orar por Sua completa
manifestação. Diga ao Pai; isto é o Espírito de Seu Filho em você
encorajando-lhe para implorar Sua promessa.
Petições Especiais.
TERCEIRO DIA
PARA O QUE ORAR - Por Todos os Santos.
Orando em todo o tempo com toda a oração e súplica no Espírito, e
vigiando nisto com toda a perseverança e súplica por todos os santos.
- (Efésios 6:18).
Cada membro de um corpo é interessado no bem-estar do todo, e
existem para ajudar e completar os outros. Os crentes são um corpo,
e devem orar, não tanto pelo bem-estar de sua própria igreja ou
sociedade, mas, em primeiro lugar, por todos os santos. Este amplo,
altruísta amor é a prova que o Espírito e o Amor de Cristo estão
lhes ensinando a orar. Ore primeiro por todos e então pelos crentes
ao redor de você.
COMO ORAR - No Amor do Espírito.
Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns
aos outros. - (João 13:35).
Para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu em ti;
que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me
enviaste. - (João 17:21).
E rogo-vos, irmãos, por nosso Senhor Jesus Cristo e pelo amor do
Espírito, que combatais comigo nas vossas orações por mim a Deus. -
(Romanos 15:30).
Mas, sobretudo, tende ardente amor uns para com os outros; porque o
amor cobrirá a multidão de pecados.- (1 Pedro 4:8).
Se formos orar, devemos amar. Digamos a Deus que amamos todos Seus
santos; digamos que amamos especialmente cada filho d'Ele que
conhecemos. Oremos com fervente amor, em amor do Espírito.
Petições Especiais.

Tradução ainda em curso - lamentamos !!


Andrew Murray - Entrar no Descanso http://www.reavivamentos.com/pt/livros/Andrew_Murray/entrar_no_descanso.html

Como entrar no
descanso
ANDREW
MURRAY

"Temamos, portanto, que, sendo-nos deixada a promessa de entrar no descanso de Deus, suceda
parecer que algum de nós tenha falhado", Heb.4.1.
"Esforcemo-nos, pois, para entrar naquele descanso, a fim de que ninguém caia, segundo o
mesmo exemplo de desobediência", Heb.4.11. E como é que podemos entrar nesse descanso? Há
passos que temos de dar nesse sentido, todos eles muito simples, compreendidos dentro de um
único acto de fé e rendição pessoal a Deus.
O primeiro passo é fazer a seguinte afirmação: "Acredito firmemente que a vida de fé
oferece descanso". O povo de Israel, em sua libertação, passou por duas experiências
básicas, explicadas em Deut 5: ele nos tirou, para que pudéssemos entrar. São os dois lados
da obra de redenção operada por Deus. Tirou-nos do Egipto para que pudéssemos entrar em
Canaã. Essa mesma realidade se aplica à vida do crente. Quando se deu nossa conversão, Deus
nos tirou do Egipto; agora, o mesmo Deus todo-poderoso está desejoso de nos introduzir na
vida de Canaã.
Sabemos como Deus tirou os israelitas do cativeiro. Mas eles impediram que o Senhor os
conduzisse à terra prometida e por isso tiveram que vaguear pelo deserto durante quarenta
anos – o que tipifica a vida de muitos crentes. Pela conversão, Deus os retira do
cativeiro, mas eles próprios impedem que o Senhor lhes proporcione tudo que está preparado
para o crente. Então, como entrar nesse descanso? Primeiramente é preciso conseguir fazer a
seguinte afirmação: "Creio que existe realmente um descanso, ao qual Jesus, que é nosso
Josué, pode conduzir aquele que crê". E quem quiser conhecer a diferença que existe entre
esses dois modos de vida – o modo como tem vivido até agora e o que deseja ter - basta ver
o contraste entre o deserto e Canaã.
No deserto há um vaguear constante, para diante e para trás, durante quarenta anos; em
Canaã, o descanso perfeito, na terra dada por Deus. Vê-se a mesma diferença entre a pessoa
que já entrou em Canaã e a que ainda não deu esse passo. A vida no deserto é cheia de altos
e baixos, de muitos avanços e inúmeros retrocessos; de busca do mundo e de arrependimento e
volta; de desvios por causa das tentações, e retornos, com novo desvio depois. Em Canaã
não. Ali há uma vida de descanso porque o crente já aprendeu a confiar em Deus: "Deus me
preserva em todos os momentos, com seu grande poder".
Mas existe ainda outra diferença. A vida no deserto é caracterizada pela pobreza, enquanto
em Canaã há fartura. No deserto não havia nada para se comer, e muitas vezes faltava água.
Mas Deus, em sua graça, supriu as necessidades do povo dando-lhe o maná e tirando água da
rocha. Mas, infelizmente, eles não se contentaram com isso, e levaram uma vida de
privações, murmurando o tempo todo. Em Canaã, porém, Deus lhes deu vinhas que não haviam
plantado. Os cereais já estavam lá, à espera deles. Era uma terra que manava leite e mel,
regada pelas chuvas do céu, cuidada pelo próprio Deus.
Faça esta afirmação hoje mesmo. Diga: "Eu creio que existe a possibilidade dessa mudança,
que posso deixar esta vida de morte espiritual, de trevas, tristeza e lamúrias que tenho
levado até agora, e entrar numa existência em que todas as minhas necessidades são
supridas, em que a graça de Cristo me basta em todos os momentos". Faça essa afirmação
hoje: "Creio que posso viver nessa terra".
A terceira diferença: no deserto não havia vitórias. Depois que o povo de Israel pecou, em
Cades, tentaram lutar contra os inimigos e foram derrotados. Mas assim que entraram na
terra, derrotaram a todos eles. Começando em Jericó, foram avançando de vitória em vitória.

1 de 4 24/08/2014 18:53
Andrew Murray - Entrar no Descanso http://www.reavivamentos.com/pt/livros/Andrew_Murray/entrar_no_descanso.html

E da mesma forma nós podemos ter vitórias todos os dias já que Deus, Cristo e o Espírito
Santo estão desejosos de dar-nos essa bênção. Isso não significa que não teremos mais
tentações; não é assim. Mas teremos um poder que nos advirá de nossa união com Cristo, pelo
qual podemos dizer: "Tudo posso naquele que me fortalece", Fil. 4.13. "Somos mais que
vencedores por meio daquele que nos amou", Rom 8.37.
Segundo passo. Depois de afirmar: "Creio que esse tipo de vida existe", vamos dizer também:
"Mas ainda não a alcancei". Alguns talvez digam: "Já tentei viver assim". E outros dirão:
"Nunca ouvi falar disso". E ainda outros talvez confessem: "Houve momentos em que acreditei
ter chegado a essa existência; mas depois a perdi". Cada um tem que se colocar diante de
Deus com toda sinceridade. Então, os que ainda não gozam dessa experiência devem começar a
dizer: "Senhor, ainda não tenho essa bênção".
Por que é tão importante que se faça tal confissão? É que alguns gostariam de entrar nessa
existência de descanso aos poucos, mansa e silenciosamente, mas não foi assim que Deus
dispôs as coisas. Enquanto essas pessoas estavam no deserto, elas tinham uma vida de pecado
que não apenas trazia tristeza a elas próprias, mas que também desonrava a Deus. E para que
avancem mais na rota da salvação é necessário convicção de pecado, e a confissão dele.
Portanto, todo crente tem que estar disposto a reconhecer em si tal condição. Terá que
confessar: "Errei, pois não vivi da maneira certa, e desonrei o nome de Deus. Agi como o
povo de Israel. Com minha incredulidade e desobediência, provoquei a ira de Deus. Que o
Senhor tenha misericórdia de mim". E cada um faça a Deus a seguinte confissão: "Senhor,
ainda não desfruto dessa vida. Não tenho te glorificado, pois não entrei na terra do
descanso".
Terceiro passo. Façamos o seguinte reconhecimento: "Graças a Deus, posso gozar dessa vida".
Algumas pessoas pensam da seguinte maneira: "Eu creio que essa bênção existe, mas não é
para mim". Outros ficam constantemente a dizer: "Eu tenho um temperamento muito instável.
Minha vontade já é fraca por natureza; sou muito nervoso, irascível. Não conseguiria viver,
sempre descansando em Deus, sem me preocupar". Não diga isso. Você só fala assim por uma
razão: porque desconhece tudo que Deus pode fazer por você. Pare de olhar só para si mesmo
e fixe os olhos em Deus. Aproprie-se dessa maravilhosa verdade: "Tirou-nos do Egipto para
que pudéssemos entrar em Canaã".
O mesmo Deus que fez o povo atravessar o mar Vermelho, fê-lo atravessar o Jordão para
entrar em Canaã. O mesmo Deus que operou a conversão em você pode proporcionar-lhe essa
vida abençoada todos os dias. Exercite sua fé, mesmo que ela seja pequena, e antes mesmo de
reivindicar para si essa bênção comece a afirmar: "Eu também posso entrar nesse descanso.
Creio nisso. Deus não deserda nenhum de seus filhos. Tudo que dá a um, dá a todos.
Acredito que essa bendita vida de descanso está à minha disposição. Foi criada para que eu
também me beneficiasse dela. Deus está pronto a concedê-la a mim, e a efectuar essa obra em
meu ser. Glória ao seu nome!" Pense nessa pequenina palavra "mim", olhe bem para a face de
Deus e diga firmemente: "Posso receber esse tesouro inestimável, sim; apesar de ser a
pessoa mais fraca e mais indigna da terra".
O quarto passo consiste em fazer o seguinte reconhecimento: "Por esforço próprio não
poderei obter a bênção. Deus é quem terá de conceder-me o descanso". É preciso afirmar com
ousadia: "Essa bênção se destina a mim também". Mas logo em seguida terá que, humildemente,
reconhecer: "Não posso obtê-la por mim mesmo; não posso pegá-la para mim". Então, como
conseguir a bênção? Se Deus já o levou a uma consciência plena de que em si mesmo você não
tem poder algum, glória a ele, pois agora pode chegar-se para você e indagar: "Quer confiar
em seu Deus, e crer que ele operará isso em seu coração?" Reconheça isso de todo o coração,
e diga: "Mesmo que lance mão de todas as minhas forças, nunca poderei arrancar de Deus esta
bênção. Ele terá de concedê-la a mim".
Mas valorizemos essa nossa incapacidade. Foi Deus quem nos tirou do Egipto; será ele quem
terá de introduzir-nos na terra. O fato de sermos incapazes de fazê-lo constitui grande
bênção para nós. Ore pedindo que Deus, pelo Espírito Santo, lhe revele o quanto é incapaz,
e essa revelação abrirá o caminho para que, pela fé, possa dizer: "Senhor, será preciso que
tu mesmo operes isso em minha vida, senão nunca receberei a bênção". E Deus o fará.
Algumas pessoas estão sempre ouvindo mensagens sobre a fé, sobre crer, bem como apelos
insistentes para que creiam, e não entendem por que não conseguem crer. Só existe uma

2 de 4 24/08/2014 18:53
Andrew Murray - Entrar no Descanso http://www.reavivamentos.com/pt/livros/Andrew_Murray/entrar_no_descanso.html

resposta para isso: o ego. O ego se esforça, luta, tenta tudo, mas acaba sempre
fracassando. Mas quando chegamos ao fim de nossa forças, e não podemos fazer mais nada a
não ser clamar: "Senhor, socorre-me", então nossa libertação está próxima. Creia nisso. Foi
Deus quem introduziu o povo na terra. Será ele quem nos introduzirá nessa bênção.
Temos que estar dispostos a renunciar tudo para obter esse descanso. A graça de Deus é
gratuita; ela nos é concedida sem dinheiro e sem preço. Entretanto, por outro lado, Jesus
afirmou também que quem quiser a pérola de grande preço tem que sacrificar tudo para
obtê-la; tem que vender tudo que possui. Não basta ver a beleza, o encanto e a glória desta
vida que nos é apresentada, nem quase provar o gozo e a alegria inerentes a ela. Temos que
nos tornar proprietários, donos do campo. Tanto o homem que encontrou o campo onde havia um
tesouro escondido, como o que achou a pérola de grande preço ficaram muito contentes, mas
ainda não eram donos delas. Só se tornaram proprietários depois que abriram mão de tudo, e
compraram um o terreno e o outro a pérola.
São muitas as coisas que temos de renunciar: o mundo, seus prazeres, seu aplauso, sua
opinião a nosso respeito. Nosso relacionamento com ele terá de ser igual ao que Jesus
manteve. O mundo rejeitou a Cristo e o expulsou de seu meio. E nós temos que assumir a
mesma posição tomada pelo Senhor a quem pertencemos, e seguir o Cristo rejeitado pelo
mundo. Temos que renunciar a todas as nossas qualidades e virtudes pessoais, e nos humilhar
até o pó. E isso ainda não é tudo. Temos que renunciar também às nossas experiências
religiosas de antes. Temos que vir a ser nada, para que só Deus receba toda a glória.
Quando você se converteu, Deus o tirou do Egipto; deu-lhe a própria vida divina. Mas com
sua desobediência e incredulidade, você a maculou. Renuncie a tudo isso. Renuncie à sua
própria sabedoria, às idéias que tem acerca da obra de Deus. Como é difícil para um
pregador do evangelho renunciar à sua própria sabedoria, depositá-la inteiramente aos pés
de Jesus, tornando-se um indouto, e dizer: "Senhor, na verdade não sei nada do que deveria
saber. Tenho pregado o evangelho, mas como conheço mal a glória desta bendita terra, desta
maravilhosa vida".
Por que será que o Espírito Santo não pode ensinar-nos com mais eficácia as coisas de Deus?
Só existe uma razão: a sabedoria humana impede. A sabedoria do homem impede que a luz de
Deus brilhe sobre ele. Renunciemos a tudo.
Alguns talvez tenham que renunciar a um pecado. Pode ser que um crente esteja com raiva de
um irmão, ou uma irmã tenha brigado com a vizinha. Ou talvez pessoas amigas não estejam
vivendo como deveriam. Ou é possível também que alguém esteja mantendo uma prática ou
atitude duvidosa, sem querer renunciar a ela e às concupiscências próprias do deserto. Dê
este passo e diga: "Estou disposto a renunciar a tudo para obter esta pérola de grande
preço; vou renunciar ao meu negócio, ao controle do meu tempo, às coisas que dou atenção.
Tudo isso ficará subordinado ao descanso de Deus, que ocupará o primeiro lugar em minha
vida. Renuncio a tudo, em troca de uma comunhão perfeita com Deus".
Não podemos entrar nesse descanso, que é caracterizado por uma comunhão perfeita com Deus
diariamente, sem dedicar tempo ao Senhor. Dedicamos tempo a tudo. E será que achamos que a
religião é algo menor, e que podemos gozar de uma íntima comunhão com Deus sem dedicar
tempo a ele? Não, não podemos, mas a pérola de grande preço vale tudo. Deus vale qualquer
sacrifício. Cristo é merecedor de tudo. Resolva-se ainda hoje a tomar essa decisão:
"Senhor, quero ter essa vida. Ajude-me, custe o que custar". Mas se tiver dificuldade em
dizer isso, sentindo que seu coração está em luta, não se preocupe. Diga a Deus: "Senhor,
pensei que estava disposto a tomar a decisão, mas agora vejo que ainda tenho certa
relutância. Vem revelar o mal que ainda se encontra em meu coração". E você pode ter
certeza de que, se assentar aos pés do Senhor e confiar nele, pela sua graça, receberá a
libertação.
O quinto passo consiste em afirmar: "Entrego-me agora ao santo e eterno Deus, para que ele
me guie ao perfeito descanso". Temos que aprender a encontrar-nos com Deus face a face. Os
pecados que cometemos são contra Deus. Quando David pecou, reconheceu isso e disse: "Pequei
contra ti, contra ti somente" (Sl 51.4). A pessoa com quem vamos ter que nos haver
pessoalmente, no dia do juízo final, será Deus. E foi o próprio Deus, em pessoa, quem
perdoou nossos pecados. Então, coloque-se nas mãos do Deus vivo hoje mesmo. Ele é amor, e
está perto de nós. Está esperando para dar-lhe essa bênção. O coração de Deus está ansioso
para abençoá-lo. O coração de Deus anseia por você. E diz: "Meu filho, você acha que está

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Andrew Murray - Entrar no Descanso http://www.reavivamentos.com/pt/livros/Andrew_Murray/entrar_no_descanso.html

desejando esse descanso. Na verdade, sou eu quem está desejando ter você comigo, pois quero
descansar em seu coração, habitar nele, fazer dele o meu templo".
Você precisa de Deus, é fato. Mas Deus precisa de você também, para gozar toda a satisfação
que pode ter seu coração paterno. Então decida-se hoje e diga: "Entrego-me agora a Cristo.
Já tomei a decisão, e afirmo de livre e espontânea vontade: Senhor Deus, quero comprar a
pérola de grande preço. Renuncio a tudo por ela. Em nome de Jesus, aceito essa vida de
perfeito descanso".
E aqui o último ponto. Depois de apropriar-se da bênção, diga o seguinte: "Agora confio em
que Deus realizará tudo isso na prática. Viva eu mais um ano ou outros trinta, hoje
tornou-se novamente real para mim essa grande verdade: “Deus é Jeová, o grande Eu Sou de
eterno futuro, o eterno Deus único. E daqui a trinta anos tudo será para ele como se fosse
agora”. E creio que esse Deus se dá a mim também, não porque haja em mim algum poder, mas
em virtude da capacidade de seu imensurável amor de preservar consigo".
Confie em Deus agora também com relação ao seu futuro. Olhe para ele mais uma vez, por
intermédio de Jesus. Quantas vezes já reafirmamos ou ouvimos alguém repetir essa
maravilhosa verdade: "Deus nos deu seu Filho". Por que não reafirmar agora a conclusão do
pensamento bíblico: "Como não nos dará com ele todas as coisas, em todos os momentos, todos
os dias de nossa vida?" Pela fé diga: "Por que Deus não desejaria manter-me sempre na luz
de sua presença? Não foi ele mesmo quem criou o sol que brilha tão intensamente? E a luz
não está sempre penetrando em todos os lugares? Assim sendo, será que nosso Deus, que é
amor, não estaria desejoso de brilhar constantemente, de manhã até a noite, de uma ano a
outro, no meu coração?" Deus é amor e está ansioso para se dar a nós.
Até aqui você tem vivido por suas próprias forças. Não quer começar hoje uma vida
diferente? Não prefere ter uma existência em que Deus seja tudo, confiando nele com relação
a todas as coisas? Não prefere poder dizer ao Senhor: "Ó Deus, peço-te essa vida; espero
tê-la; creio que me darás essa bênção. Hoje decido entrar nesse descanso – deixar que
cuides de mim daqui por diante, o tempo todo. Entro hoje no descanso de Deus". Tenha ânimo;
não tema nada; pode confiar em Deus. Ele o introduzirá nesse descanso.
Vejamos mais uma vez a palavra que Deus nos envia através de seu profeta: "Acautela-te e
aquieta-te; não temas, nem se desanime o teu coração". Josué conduziu o povo na sua entrada
na terra de Canaã; ou melhor, Deus o fez por intermédio dele. E Jesus, aquele que os
purificou com seu sangue e que aprendemos a conhecer como nosso precioso Salvador é o nosso
Josué. Confie nele hoje mais uma vez e diga-lhe: "Ó meu Josué, toma minha vida; introduz-me
na terra, e confiarei em ti, e no Pai". E pode estar certo de que ele o fará. Ele o
aceitará e realizará essa obra na sua vida.
José Mateus
zemateus@msn.com

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Cristo vive em mim (Andrew Murray)
camposdeboaz.com.br /cristo-vive-em-mim-andrew-murray

Como Cristo nos capacita a viver da maneira que Deus quer que vivamos?
Quase sempre pensamos em Cristo como uma Pessoa separada de nós mesmos que nos ouve e nos ajuda. O
próprio Jesus, entretanto, na parábola da Videira e dos Ramos fala sobre a vida que Cristo vive em nós. “Eu sou a
videira e vós sois os ramos”, Ele diz em João 15:5.

O que pode ser mais íntimo do que a união entre a videira e o ramo? Há muitos tipos de uva, mas em todas elas a
seiva que está na videira é exatamente a mesma que está no ramo. Assim sendo, a mesma vida e Espírito que
estão em Cristo têm de estar em nós.

Muitos vêem a Cristo como um Salvador que é separado e externo. Tais pessoas nunca poderão desfrutar da Sua
salvação totalmente. Eu preciso crer no Salvador que vive dentro de mim. Eu preciso saber que da mesma maneira
que Cristo está no Céu, Ele está dentro de mim, Seu ramo. Ele está no mais íntimo da minha vida. Ele vive em mim,
e por viver ali capacita-me a viver como filho de Deus.

Alguns acham que quando Cristo habita dentro de nós Ele vive em algum lugar na região do coração. Eles pensam
em uma pessoa separada dentro deles, que de vez em quando atua ali.

Esta não é a verdade. Cristo vive dentro de mim e se torna a minha própria vida! Ele entra na própria raiz do meu
coração e do meu ser. Ele entra na minha vontade, pensamento, sentimento e viver, e vive em mim no poder que
somente o Deus onipresente pode exercer.

Quando entendo isto, minha alma se prostra em adoração e confiança em Deus. Eu vivo na carne a vida de carne
e sangue, mas Cristo habitando em mim é a verdadeira Vida da minha vida.

As Escrituras dizem isto de uma maneira muito bonita: “Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem
vive, mas Cristo vive em mim” (Gl 2:19- 20).

Agora, o ponto crucial é este: se Cristo vive em mim, Ele não vive em mim à força, nem sem que eu saiba disto.

Ele me convida a chegar e ver o que é a Sua vida. Se eu desejo a Sua vida, eu preciso desistir da minha.

Eu também preciso desistir de todas as idéias errôneas sobre o que é a verdadeira vida de Cristo. Eu não posso ter
a vida de Cristo em mim com poder, a menos que eu procure conhecer realmente que tipo de vida Ele viveu.

Ah, venha e deixe o Cristo vivo viver em você! Para este fim, procure conhecer a vida que Ele colocou diante de
você pelo Seu exemplo. Não que seremos capazes de imitar a Cristo. Mas Cristo viveu Sua vida por nós e agora
implanta em nós e por esta razão podemos compartilhar a Sua vida.

Que tolice seria para uma criança de três anos dizer: ‘Tudo o que meu pai pode fazer, eu também posso.” Como,
então, posso dizer: “Eu posso viver como viveu o poderoso Cristo”?

Porém, a Bíblia me diz que devo fazê-lo. A Bíblia também me diz que posso fazê-lo, não por mim mesmo, mas
porque “Cristo vive em mim”. Se eu permitir que o Cristo vivo tome conta da minha vontade e de meus desejos,
poderei andar como Ele andou.

Vamos, portanto, examinar a vida que Ele viveu na terra com Seu Pai. Não há dois Cristos, somente um; o Cristo
que viveu na terra. Ele é o Cristo que vive no coração de acordo com João 15 e Gálatas 2:19-20.

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Olhe atentamente para a vida de Cristo como está registrada nas Escrituras e
você verá que a grande marca daquela vida é que Ele a viveu na mais profunda
humildade e dependência do Pai Celestial. Ele disse: “Eu não posso fazer nada
por Mim mesmo.” Em tudo Ele derivava Sua vida de Deus.

Note cinco pontos na Sua vida: Seu nascimento, Sua vida e caminhar na terra. Sua morte, Sua ressurreição e Sua
ascensão. Em cada um dos aspectos havia uma parceria com o Deus Santo no Céu.

Do início ao fim do ministério de Cristo na terra, Deus, o Pai, era tudo. Se eu entendo isto, que o Cristo que vai viver
em mim é o Cristo que honrou a Deus em tudo, Ele trabalhará para implantar a mesma disposição em mim.

Esta será a beleza, a bem- aventurança e a força da minha vida, quando eu aprender, como Cristo, a saber que em
tudo Deus é tudo. O lema da Sua vida se tornará o meu: “Por Deus, para Deus e através de Deus são todas as
coisas.”

Seu Nascimento

Olhe para o nascimento de Cristo. Deus operou o poder do Espírito Santo na virgem Maria. Foi pelo tremendo
poder de Deus que Cristo nasceu como um bebê em Belém. Ele foi a obra-prima de Deus.

Cristo sempre se lembrou disto. Ele sempre disse às pessoas que Seu Pai O tinha enviado. Ele sempre
reconheceu que Sua vida viera de Deus. “O Pai entregou todas as coisas nas mãos do Filho,” Ele disse. Depois
acrescentou: “Por isso Ele concedeu ao Filho ter vida em Si mesmo.”
Este foi o seu ponto de partida. “Minha vida vem de Deus. Eu venho de Deus. Não tenho nada em Mim mesmo, e
tudo que preciso, devo procurar em Deus.”

Se Cristo seguiu este padrão, devemos fazer o mesmo. Devemos dizer em profunda sinceridade: “Esta nova vida é
a vida que tenho de Deus. Ele a deu para mim. Deus está iniciando uma obra no meu coração, pelo Espírito Santo,
em regeneração. Eu tenho uma nova vida que veio de Deus.”
E quanto a esta vida que Deus deu? Quem vai sustentá-la? Somente Deus pode terminar o que Ele começou. Ele
a levará até ao fim. Ele deve aperfeiçoá-la.

Para mim, a maior tolice seria pensar que posso mantê-la sozinho. Eu recebi do Deus vivo o Cristo vivo em mim, e
não posso viver fora desta vida. Devo entregá-la a Deus e reconhecer: “Meu Deus, Tu a plantaste em mim; Tu,
somente, podes mantê-la.”

Faça isto se você quer compreender como Cristo vive toda Sua vida na dependência da vontade, força e poder de
Deus. Ele disse, com relação à questão de força: “O Filho não pode fazer nada de si mesmo” (Jo 5.19).

Isto era verdade? Sim. Ele disse: “As palavras que falo, não as falo de Mim mesmo, mas como o Pai as deu. O Pai
mostrou as obras. Eu as faço.” (Ver João 14.10).

Ele disse a respeito do que fez: “Não vim para fazer a Minha vontade. Espero inteiramente no Pai, para que Ele
possa realizar o que é certo.” Se Cristo, o Santo, precisou dizer isto, você não acha que você e eu temos que dizer
a mesma coisa dez mil vezes mais? Para isto queremos que Cristo entre em nós: para soprar em nós exatamente
esta disposição.

A maior virtude de qualquer vida cristã é deixar Deus fazer a Sua vontade. Precisamos dar a Deus a oportunidade
de fazer Sua obra em nós. Precisamos vir dia após dia, hora após hora, ao lugar de absoluta dependência de Deus.
Precisamos aprender uma lição: “Oh, Deus, não tenho nada! Não sei nada, não sou nada, e só posso fazer o que
Tu me capacitares a fazer.”

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E como é que Cristo me leva para perto de Deus? Ele não pode me levar para perto de Deus de outra maneira a
não ser daquela em que Ele mesmo andou. Como foi isto? O caminho da mais profunda abnegação; o caminho de
completa entrega a Deus.

Ele estava sempre esperando Deus, o Pai, trabalhar nEle. Ele buscava em Deus a Sua força. Ele orava a Deus
pedindo direção. Ele clamava a Deus quando estava em apuros, Deus era tudo, tudo para Ele e Cristo estava
contente em não ser nada.

Eu não posso deixar isto mais claro. A grande razão pela qual nossa vida cristã não avança mais é que tentamos
demais fazer as coisas por nós mesmos. Temos muita energia própria e somos muito auto-confiantes. Nunca
aprendemos a lição elementar que a única posição para nós diante de Deus é a de ser nada. Então Deus operará
em nós.

Pense nos anjos do Céu, os serafins e querubins. Por que eles são chamas tão brilhantes diante do trono de Deus?
Porque não são nada; não há nada neles para obstruir a Deus, e dessa forma Ele pode deixar a glória da Sua
presença brilhar através deles.

Por que Cristo era tão perfeito, e por que Cristo alcançou tamanha vitória, e por que Cristo satisfez a Deus, o Pai?
Por uma razão: Ele permitia que Deus trabalhasse Nele de manhã até a noite. Cada passo era em dependência de
Deus, o Pai.

“Pai, guia-Me”, Ele dizia. “Pai, espero em Ti,” e “Pai, opera em Mim.”

Quando Cristo vem viver em nós, a primeira e principal coisa que Ele quer
operar em nós é dependência absoluta Dele. Você, cristão não terá de confessar:
“Eu nunca percebi isto. Eu não tenho posto isto em prática. Eu não entendi que,
de manhã até a noite, eu devo deixar Deus trabalhar em mim. Não posso fazer
nada.”

“Como vamos então fazer o nosso trabalho?”, você pode perguntar. Você acha que Cristo também foi inativo? O
grande apóstolo era inativo? Com um propósito intenso ele viajou pelo mundo, e contudo, o tempo todo ele dizia:
“Não sou nada.” Esperar em Deus não nos tornará inativos. Pelo contrário, gerará em nós muita atividade.

Ore a Deus para nos ensinar que se quisermos conhecer o poder de Cristo em nós, precisaremos de uma vida de
dependência total e absoluta de Deus.

A Morte de Cristo
O que a morte de Cristo nos mostra com relação à nossa dependência de Deus? Mostra que a vida que Deus deu
ao Seu Filho foi por Ele entregue inteiramente a Deus. “Eu não considero a Minha vida como Minha,” Ele disse. “Se
o Pai a quer, apesar de tanto sofrimento, tanta vergonha, e de tanta agonia pelo sofrimento da morte, Eu a dou
novamente a Ele.”

Isto é justo. Isto é certo. Se tudo o que tenho é de Deus, então tudo deve retornar a Ele.

Foi assim com Jesus. Quando Ele tinha doze anos, lembre-se que Ele disse a Maria: “Você não sabe que devo
cuidar dos negócios de Meu Pai?” Mais tarde Ele disse: “A minha comida consiste em fazer a vontade daquele que
Me enviou e terminar Sua obra.”

Novamente Ele disse: “Eu desci do céu não para fazer a Minha própria vontade, mas a vontade daquele que Me

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enviou.” No Getsêmani, naquelas últimas horas de angústia antes de Sua morte, Ele disse ao Pai: “Não se faça a
Minha vontade, e sim, a Tua.”

Nós, como crentes, nunca reconhecemos os direitos que Deus tem.

Nós nunca sequer entendemos que todo o poder que temos vem de Deus.

Minha vida toda vem dEle, e cada momento da minha vida deve ser entregue de volta a Ele. Toda força que recebo
na vida espiritual vem de Deus, assim como a luz do sol vem do sol, cada coisa deve voltar a Deus para que toda
ação seja para a glória de Deus.

Um cristão que tem Cristo vivendo nele será verdadeiramente santo, uma pessoa dedicada totalmente a Deus. Isto
não é fácil. Por que? Porque o nosso eu é muito forte. O pecado nos colocou nesta condição terrível. Ao invés de
considerar uma honra e um privilégio não ser nada e fazer a vontade de Deus, na verdade nós a consideramos
difícil.

Temos pensado na submissão do ego como uma alta realização, algo fora de
alcance. Porém, se uma pessoa desistir de si mesma, e render-se a Deus, ela
pode experimentar a vida de Cristo nela.

O companheiro de Paulo, Epafras, orou pelos crentes colossenses, para que eles permanecessem perfeitos e
plenamente convictos em toda vontade de Deus (Cl 4:12). Pense nisso! Paulo esperava que isto fosse verdade em
cada cristão.

Cristo viveu somente para a vontade de Deus. E você, quer este Cristo em seu coração ou quer tentar viver um
pouco por sua própria vontade? Você quer o Cristo vivo, o Cristo que revela Deus, que entregou tudo?

Se já houve alguém que teve o direito de dizer: “Eu viverei por mim mesmo,” este alguém foi Cristo. Mas Ele não
agiu assim. Este é o Cristo que eu quero que viva em mim, um Cristo que me capacitará a viver na dependência de
Deus.

Deus te dará este Cristo se, de coração, você entregar a sua vida, o seu tempo, e a sua vontade para que Ele faça
exatamente isto em você.
Pense na bela e perfeita vida de Cristo, uma vida sem pecado algum! Foi necessário entregar a Sua própria vida?
Sim!

Agora Cristo diz: “Se você quer que Eu viva em você, você deve fazer o que Eu fiz. Você deve entregar a sua vida
própria até a morte, e morte de cruz, para ser crucificado.” Nós devemos ser verdadeiros participantes da morte de
Cristo.

Por isso, a Palavra de Deus diz: “Porque se fomos unidos com ele na semelhança da sua morte, certamente o
seremos também na semelhança da sua ressurreição” (Rm 6:5).

Portanto, eu como cristão devo dizer para Deus: “Eu quero perder a minha vida. Eu quero morrer para mim
mesmo. Eu quero que Cristo entre em mim com Sua morte, e me envolva de tal maneira que Ele possa viver em
mim.”

A Ressurreição de Cristo
O próximo passo é a ressurreição. Quando Cristo entregou Sua vida, Deus a deu de volta para Ele de uma maneira
muito mais gloriosa. Depois que Cristo desceu à sepultura, Deus O exaltou dando-Lhe uma nova vida, infinitamente
4/6
maior e melhor do que aquela que entregara.

A ressurreição de Cristo me traz este ensinamento: que se eu estiver disposto a negar minha vida pecaminosa,
minha vontade perversa, meu coração e suas afeições, todo o meu poder neste mundo, para entregar tudo isto a
Deus, Ele trará a nova vida ressurreta de Cristo ao meu coração aqui na terra. Cristo, o Deus Vivo, que foi
levantado da morte, virá e morará em meu coração.

Estude o túmulo de Jesus. O que significa? Cristo se entregou até a morte, completamente desamparado, para não
ser nada diante de Deus. Lá Ele ficou, apenas permitindo que Deus tomasse o tempo necessário para fazer a Sua
obra.

O que Deus fez? Ele cumpriu Sua promessa e deu-Lhe uma vida milhares de vezes mais gloriosa do que Sua vida
antes do Calvário. Se você quer que Cristo realmente viva em seu coração, então você quer aquele Cristo que
desceu à sepultura. Você quer que o Cristo com a vida ressurreta entre em você e seja um com você, o Cristo que
foi morto e está vivo para sempre.

Ele é aquele que vem e traz o poder da Sua morte para dentro de mim, para que tudo morra para si mesmo e para
o pecado, e traz o poder da Sua vida, para que tudo em mim possa viver com a nova vida de Deus.

Não se contente com meros pensamentos a respeito da presença de Jesus. Deixe Sua vinda ser uma realidade.
Deixe-0 ser uma presença viva.
Quem é este Cristo que vive em mim? Ele é um Homem que recebeu Sua vida de Deus, que viveu uma vida de
íntima dependência de Deus, um Homem que entregou a Sua vida inteira e a Sua vontade para Deus, o Homem
levantado da morte pelo poderoso poder de Deus. Este é o Cristo que quer viver em você.

Ele é o Deus-Homem que foi concebido pelo poder do Espírito Santo, que viveu na terra em íntima dependência do
Pai no Céu, o Deus encarnado que entregou a Sua vida inteira e a Sua vontade para o Pai, o Deus levantado da
morte pelo grande poder daquele que é Eterno. Este é o Cristo que quer viver em você.

Ascensão de Cristo
Após a ressurreição de Cristo, Ele ascendeu aos Céus. Deus levou-0 para um lugar de poder, para compartilhar
Seu trono de glória, fazendo dEle o parceiro do poder Divino. Ele enviou o Espírito Santo.

Muitos perguntam: “Como eu posso ser uma bênção para os meus companheiros?” Como Cristo se tornou uma
bênção para o mundo? Ele entregou a Si mesmo para Deus, morreu para Si mesmo e para Sua vida natural e
esperou que Deus O exaltasse.

Porque Ele agiu assim, Deus O exaltou para o lugar de bênção. Por causa de Sua morte e ressurreição Ele pôde
nos enviar o Espírito Santo.

Você quer a Cristo mas não pode tê-Lo até que aprenda a lição da dependência de Deus. Você deve morrer, e
então aprender pela fé a tomar posse de Cristo na sua ressurreição e ascensão.

Portanto, quando Jesus Cristo vive em você em sua vida terrena, você passa a partilhar da glória do Seu amor
celestial. A vida de Cristo na sua totalidade em você, a dependência de Cristo em Deus, o Cristo entregue a Deus, o
Cristo levantado por Deus e o Cristo exaltado acima com Deus, este Cristo quer viver em você.

Para Cristo me levar para perto de Deus, Ele não pode ficar do lado de fora da minha vida. Ele deve viver dentro de
mim, unido (comigo) em harmonia e obediência no serviço de Deus. Este é um mistério espiritual mas Deus é um
Ser Santo e Espiritual e eu não posso ser atraído a Ele pelo meu pensamento ou por pensar em uma certa
localização do Céu.

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Ser levado para Deus significa que Cristo entra em mim e vive Sua vida em mim. Ele me introduz a um
relacionamento pessoal com o Deus vivo. A grande pergunta que mexe com a igreja é: “Por que os cristãos são tão
frágeis?” E a grande pergunta em muitos é: “O que podemos fazer para conseguir a vida plena de Cristo, e viver
como Deus promete que podemos viver? 0 que podemos fazer para nos tornarmos aqueles filhos de Deus que o
Pai é capaz de gerar, galhos da Videira Verdadeira?”

O que temos que fazer? Primeiro, devemos contemplar este Cristo e nos perguntar: “Será que quero entregar tudo
para que este Cristo viva em mim?” Você sabe como Cristo viveu em Paulo. Era como se Cristo tivesse se
encarnado em Seu apóstolo, o mesmo zelo por Deus, o mesmo amor pelas almas, a mesma prontidão para
sacrificar tudo. Tudo de notável em Paulo era a completa vida de Cristo nele. Você deseja ter este Cristo em você?

Suponha que você fosse tão pobre quanto Cristo, tão perseguido quanto Ele foi, e suponha que Deus dissesse:
“Meus filhos, Eu darei a maior glória ao homem que permitir que Cristo venha e viva nele para viver a vida de
sofrimento que Ele viveu.” Quantos diriam: “Sim, Senhor, eu daria tudo para que Cristo pudesse se apossar de
mim”?

Quantos diriam: “Aqui, onde vivo, custaria muito caro deixá-Lo viver em mim desta maneira”?

Amigo, Deus vem a nós com esta pergunta: “Você deseja ter o Meu Filho Jesus, da maneira como você O encontra
na Palavra, em Sua humildade, Sua dependência, Sua submissão e obediência, Sua renúncia até a morte e
sepultura, e na Sua espera até que Eu 0 ressuscitasse? Você deseja que este Cristo viva em seu coração?”

Você deseja? Se você não deseja, você quer passar a desejar? Se sua resposta é sim, diga-Lhe: “Eu quero que
Cristo viva Sua vida em mim e me faça exatamente como Ele é.” Ele está pronto a fazê-lo.

Não se contente mais com um cristianismo de meio coração, dizendo: “Eu estou salvo e perdoado. Eu tenho um
pouco de Cristo. Eu dou o melhor de mim.”

Venha para a vida completa que Cristo oferece! Deixe Cristo tomar conta de tudo. Deixe Cristo entrar, o Humilde, o
Obediente, o Sofredor, o Agonizante, Aquele que viveu na dependência de Deus, e diga: “Esta será a minha vida,
se Cristo vivê-la em mim.”

(Fonte)

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Cura Divina
Uma Série de Discursos e um Testemunho Pessoal
por
Dr. Andrew Murray

Capítulo I
Perdão e Cura
"Ora, para que saibais que o Filho do homem tem sobre a terra
autoridade para perdoar pecados (disse então ao paralítico):
Levanta-te, toma o teu leito, e vai para tua casa” (Mateus 9:6).
No homem duas naturezas estão combinadas. Ele é ao mesmo tempo
espírito e matéria, céu e terra, alma e corpo. Por esta razão, por
um lado ele é um filho de Deus, e por outro lado, ele é condenado à
destruição por causa da Queda; pecado em sua alma e enfermidade em
seu corpo testemunham o direito que a morte tem sobre ele. É a dupla
natureza que tem sido redimida pela graça divina. Quando o Salmista
convida tudo que há dentro dele para bendizer ao Senhor por Seus
benefícios, ele clama: “Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e não te
esqueças de nenhum dos seus benefícios. É ele quem perdoa todas as
tuas iniqüidades, quem sara todas as tuas enfermidades” (Salmos
103:2-3). Quando Isaías profetizou a libertação de seu povo, ele
acrescentou: “E morador nenhum dirá: Enfermo estou; o povo que nela
habitar será perdoado da sua iniqüidade” (Isaías 33:24).
A predição foi realizada além de toda de toda expectativa quando
Jesus, o Redentor, desceu a esta terra. Quão numerosas foram as
curas operadas por Ele, que veio para estabelecer sob a terra o
reino do céu! Seja por Seus próprios atos ou mais tarde pelos
mandamentos que Ele deixou aos Seus discípulos, não nos mostra
claramente que a pregação do Evangelho e a cura dos enfermos andaram
juntas na salvação que Ele veio trazer? Ambas foram provas evidentes
de Sua missão como o Messias: “Os cegos vêem, e os coxos andam; os
leprosos são purificados, e os surdos ouvem; os mortos são
ressuscitados, e aos pobres é anunciado o evangelho” (Mateus 11:5).
Jesus, que tomou sob Si a alma e o corpo do homem, liberta ambas em
igual medida das conseqüências do pecado.
Esta verdade não é em nenhuma parte mais evidente ou melhor
demonstrada do que na história do paralítico. O Senhor Jesus começa
lhe dizendo: “Perdoados são os teus pecados” (Mateus 9:5), ao que
depois acrescenta: “Levanta-te, toma o teu leito, e vai para tua
casa”. O perdão do pecado e a cura da enfermidade completa ou ao
outro, porque aos olhos de Deus, que vê nossa natureza completa,
pecado e enfermidade estão intimamente unidos como o corpo e a alma.
De acordo com as Escrituras, nosso Senhor Jesus considerou o pecado
e a enfermidade em outra luz da que temos. Conosco, o pecado
pertence ao domínio espiritual; nós reconhecemos que ele está sob o
justo desprazer de Deus, justamente condenado por Ele, enquanto que
a enfermidade, pelo contrário, vemos somente como uma parte da
presente condição de nossa natureza, e não tendo nada a ver com a
condenação de Deus e Sua justiça. Alguns vão mais longe ao dizer que
a enfermidade é uma prova do amor e graça de Deus.
Mas nem as Escrituras e nem ainda o próprio Jesus Cristo jamais
falaram de enfermidade nesta luz, nem jamais apresentaram a
enfermidade como uma benção, como uma prova do amor de Deus que deve
ser suportada com paciência. O Senhor falou aos discípulos de
diversos sofrimentos que eles deveriam suportar, mas quando Ele fala
de enfermidade, sempre é como um mal causado pelo pecado e Satanás,
e do qual devemos ser libertos. Mui solenemente Ele declarou que
cada discípulo dEle deveria carregar sua cruz (Mateus 16:24), mas
Ele nunca ensinou uma pessoa doente a aceitar ser doente. Por toda
parte que Jesus curou o enfermo, sempre tratou da cura como uma das
graças pertencentes ao reino dos céus. Tanto o pecado na alma, como
a enfermidade no corpo testemunham o poder de Satanás, e "o Filho de
Deus se manifestou: para destruir as obras do Diabo” (1 João 3:8).
Jesus veio para libertar os homens do pecado e da enfermidade para
que Ele pudesse fazer conhecido o amor do Pai. Em Suas ações, em
Seus ensinos aos discípulos, nos atos dos apóstolos, perdão e cura
são sempre encontrados juntos. Um ou outro pode aparecer, sem
dúvidas, em um maior realce, de acordo com o desenvolvimento ou fé
daqueles para quem eles falaram. Às vezes foi a cura que preparou o
caminho para a aceitação do perdão; algumas vezes foi o perdão que
precedeu a cura, que, vindo mais tarde, tornou-se um selo para o
perdão. Na parte inicial de Seu ministério, Jesus curou muitos dos
enfermos, encontrando-lhes prontos para crer na possibilidade da
cura deles. Deste modo, procurou influenciar corações para receber-
LHE como Aquele que era capaz de perdoar pecado. Quando Ele viu que
o paralítico podia receber perdão imediatamente, Ele começou por
aquilo que era de maior importância; depois veio a cura, que pôs um
selo no perdão que tinha sido concedido a ele.
Nós vemos, pelos relatos dados nos Evangelhos, que era mais difícil
para os Judeus daquele tempo crer no perdão dos pecados do que na
cura divina. Hoje, isto é justamente o contrário. A Igreja Cristã
tem ouvido tanto da pregação do perdão dos pecados que a alma
sedenta facilmente recebe esta mensagem da graça; mas, não é o mesmo
com a cura divina; que é raramente falada; não são muitos os crentes
que têm-na experimentado. É verdade que a cura divina não é dada
hoje como naqueles tempos, às multidões que Cristo curou sem
qualquer conversão precedente. Para recebê-la, é necessário começar
pela confissão de pecado e o propósito de viver uma vida santa. Esta
é sem dúvida a razão porque as pessoas encontram maior dificuldade
em crer na cura do que no perdão; e esta é também a causa pela qual
aqueles que recebem a cura ao mesmo tempo que a nova benção
espiritual, sentem-se mais intimamente unidos ao Senhor Jesus, e
aprendem a amá-LO e servi-LO melhor. A incredulidade pode tentar
separar estes dois dons, mas eles sempre estão unidos em Cristo. Ele
é sempre o mesmo Salvador, tanto da alma como do corpo, igualmente
pronto para conceder perdão e cura. O redimido pode sempre clamar:
“Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e não te esqueças de nenhum dos
seus benefícios. É ele quem perdoa todas as tuas iniqüidades, quem
sara todas as tuas enfermidades” (Salmos 103:2-3).

Capítulo II
Por Causa da Vossa Pouca Fé
"Depois os discípulos, aproximando-se de Jesus em particular,
perguntaram-lhe: Por que não pudemos nós expulsá-lo? Disse-lhes ele:
Por causa da vossa pouca fé; pois em verdade vos digo que, se
tiverdes fé como um grão de mostarda direis a este monte: Passa
daqui para acolá, e ele há de passar; e nada vos será impossível”
(Mateus 17:19-20).
Quando o Senhor Jesus enviou Seus discípulos para diferentes partes
da Palestina, Ele lhes revestiu com um duplo poder: o de expulsar os
espíritos imundos e o de curar todas doenças e enfermidades (Mateus
10:1). Ele fez o mesmo com os setentas que voltaram para Ele com
alegria, dizendo: "Senhor, em teu nome, até os demônios se nos
submetem" (Lucas 10:17). No dia da Transfiguração, enquanto o Senhor
ainda estava sob o monte, um pai trouxe seu filho que era possesso
de demônio, para Seus discípulos, rogando-lhes que expulsasse o
espírito mal, mas eles não puderam. Quando, depois de Jesus ter
curado o menino, os discípulos perguntaram-LHE porque não puderam
expulsá-lo como nos outros casos, Ele respondeu-lhes: "Por causa da
vossa pouca fé". Foi, então, a incredulidade deles, e não a vontade
de Deus que tinha sido a causa do fracasso deles.
Em nosso dias, a cura divina é pouquíssima acreditada, porque ela
tem quase desaparecido inteiramente da Igreja Cristã. Alguém pode
pedir a razão, e aqui são duas as respostas que devem ser dadas. A
grande maioria pensa que os milagres, incluindo o dom de cura, foram
limitados ao tempo da Igreja primitiva, que seu objetivo era
estabelecer o primeiro fundamento do Cristianismo, mas daquele para
este tempo as circunstâncias foram alteradas. Outros crentes dizem
sem hesitação que se a Igreja perdeu este dons, isto foi por sua
própria falta; é porque ela tem se tornada mundana que o Espírito
age debilmente nela; é porque ele não tem permanecido em direta e
habitual relação com o poder do mundo invisível; mas que, se ela
fosse vista novamente cheia de homens e mulheres que vivam a vida da
fé e do Espírito Santo, inteiramente consagrados a Deus, ela veria
novamente a manifestação dos mesmo dons como nos tempos antigos.
Quais destas duas opiniões coincide mais com a Palavra de Deus? É
pela vontade de Deus que os "dons de cura" [1 Coríntios 12:9] têm
sido suprimidos, ou é o homem quem é responsável por isto? É a
vontade de Deus que os milagres não aconteçam? Em conseqüência disto,
não mais dará Ele a fé que produz tais milagres? Ou novamente é a
Igreja que tem sido culpada de falta de fé?
O que as Escrituras dizem?
A Bíblia não nos autoriza, pelas palavras do Senhor nem dos Seus
apóstolos, a crer que os dons de cura foram concedidos somente aos
tempos primitivos da Igreja; pelo contrário, as promessas que Jesus
fez aos apóstolos quando Ele deu-lhes instruções concernentes a
missão deles, imediatamente antes de Sua ascensão, se mostram-nos
aplicáveis a todos os tempos (Mateus 16:15-18).
Marcos 16
15 E disse-lhes: Ide por todo o mundo, e pregai o evangelho a toda
criatura.
16 Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será
condenado.
17 E estes sinais acompanharão aos que crerem: em meu nome
expulsarão demônios; falarão novas línguas;
18 pegarão em serpentes; e se beberem alguma coisa mortífera, não
lhes fará dano algum; e porão as mãos sobre os enfermos, e estes
serão curados.
Paulo coloca o dom de cura entre as operações do Espírito Santo.
[1 Coríntios 12
9 A outro, pelo mesmo Espírito, a fé; a outro, pelo mesmo Espírito,
os dons de curar;]
Tiago dá um mandamento preciso sobre este assunto sem qualquer
restrição de tempo.
[Tiago 5
13 Está aflito alguém entre vós? Ore. Está alguém contente? Cante
louvores.
14 Está doente algum de vós? Chame os anciãos da igreja, e estes
orem sobre ele, ungido-o com óleo em nome do Senhor;
15 e a oração da fé salvará o doente, e o Senhor o levantará; e, se
houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados.
16 Confessai, portanto, os vossos pecados uns aos outros, e orai uns
pelos outros, para serdes curados. A súplica de um justo pode muito
na sua atuação. ]
Toda as Escrituras declaram que estas graças serão concedidas de
acordo com a medida do Espírito e da fé.
É também alegado que no início de cada nova dispensação Deus opera
milagres, que este é Seu curso ordinário de ação; mas isto não tem
nada a ver. Pensem no povo de Deus da dispensação anterior, no tempo
de Abraão, durante toda a vida de Moisés, no êxodo do Egito, sob
Josué, no tempo dos Juízes e de Samuel, sob o reinado de Davi e de
outros reis piedosos do tempo de Daniel; durante mais de mil anos os
milagres aconteceram.
Mas, é dito, os milagres foram mais necessários nos dias do
Cristianismo primitivo do que mais tarde. Mas, o que dizer sobre o
poder do paganismo mesmo nestes dias, onde quer que o Evangelho
procure o combater? É impossível admitir que os milagres tenham sido
mais necessários para os pagãos de Éfeso (Atos 19:11,12) do que para
os pagãos da África nos dias de hoje.
Atos 19
11 E Deus pelas mãos de Paulo fazia milagres extraordinários,
12 de sorte que lenços e aventais eram levados do seu corpo aos
enfermos, e as doenças os deixavam e saíam deles os espíritos
malignos.
E se pensarmos sobre a ignorância e incredulidade que reina mesmo no
meio das nações Cristãs, não seremos induzidos a concluir que há uma
necessidade de manifestar atos do poder de Deus para sustentar o
testemunho dos crentes e para provar que Deus está com eles? Além do
mais, entre os próprios crentes, quanta dúvida há, quanta fraqueza!
Como a fé deles necessita ser despertada e estimulada por algumas
provas evidentes da presença do Senhor no meio deles! Uma parte de
nosso ser consiste de carne e sangue; então, é na carne e no sangue
que Deus quer manifestar Sua presença.
A fim de provar que é a incredulidade da Igreja que tem feito o dom
de cura desaparecer, vejamos o que a Bíblia diz sobre ele. Não deve
isto nos colocar freqüentemente em prevenção contra a incredulidade,
contra tudo que possa nos afastar ou desviar de nosso Deus? Não nos
mostra a história da Igreja, a necessidade dessas advertências ? Não
nos fornece com numerosos exemplos de progressos retrógrados, de
prazeres mundanos, nos quais a fé enfraqueceu na exata medida em que
o espírito do mundo tomou supremacia? Tal fé é somente possível para
quem vive no mundo invisível.

[2 Coríntios 5
7 (Porque andamos por fé, e não por vista)]

Até o terceiro século as curas pela fé em Cristo eram numerosas, mas


nos séculos seguintes eles tornaram-se mais infreqüentes. Não
sabemos pela Bíblia que sempre é a incredulidade que impede os
poderosos feitos de Deus?
Oh, que possamos aprender a crer nas promessas de Deus! Deus não
voltou atrás de Suas promessas; Jesus ainda é Aquele que cura tanto
a alma como o corpo; a salvação nos oferece mesmo agora, cura e
santidade, e o Espírito Santo está sempre pronto para nos dar
algumas manifestações de Seu poder. Até quando perguntamos porque
este divino poder não é mais freqüentemente visto, Ele nos responde:
"Por causa da vossa pouca fé". Quanto mais dermo-nos a nós mesmos
para experimentar pessoalmente a santificação pela fé, mais
experimentaremos também a cura pela fé. Essas duas doutrinas andam
lado a lado. Quanto mais o Espírito de Deus vive e atua na alma dos
crentes, mais os milagres se multiplicarão pelos quais Ele obra no
corpo. Através disso, o mundo pode reconhecer o que a redenção
significa.

Capítulo III
Jesus e os Doutores

"Ora, certa mulher, que havia doze anos padecia de uma hemorragia, e
que tinha sofrido bastante às mãos de muitos médicos, e despendido
tudo quanto possuía sem nada aproveitar, antes indo a pior,
tendo ouvido falar a respeito de Jesus, veio por detrás, entre a
multidão, e tocou-lhe o manto;porque dizia: Se tão-somente tocar-lhe
as vestes, ficaria curada. E imediatamente cessou a sua hemorragia;
e sentiu no corpo estar já curada do seu mal. E logo Jesus,
percebendo em si mesmo que saíra dele poder, virou-se no meio da
multidão e perguntou: Quem me tocou as vestes? Responderam-lhe os
seus discípulos: Vês que a multidão te aperta, e perguntas: Quem me
tocou? Mas ele olhava em redor para ver a que isto fizera. Então a
mulher, atemorizada e trêmula, cônscia do que nela se havia operado,
veio e prostrou-se diante dele, e declarou-lhe toda a verdade.
Disse-lhe ele: Filha, a tua fé te salvou; vai-te em paz, e fica
livre desse teu mal” (Marcos 5:25-34).
Podemos ser gratos a Deus por nos ter dado doutores. A vocação deles
é uma das mais nobres porque um grande número deles procuram
verdadeiramente fazer, com amor e compaixão, tudo que eles sejam
capazes para aliviar os males e sofrimentos que afligem a humanidade
como resultado do pecado. Há até alguns que são zelosos servos de
Jesus Cristo, e que procuram também o bem da alma de seus pacientes.
No entanto, é o Próprio Jesus que é sempre o principal, o melhor, o
maior Médico.
Jesus cura doenças que os médicos terrestres não podem curar, porque
o Pai LHE deu este poder quando Ele O carregou com a obra de nossa
redenção. Jesus, tomando sob Si nosso corpo humano, libertou-o do
domínio do pecado e de Satanás; Ele fez de nossos corpos templos do
Espírito Santo e membros de Seu próprio corpo (1 Coríntios 6:15,19),
e até em nossos dias, quantos dos casos que têm sido determinados
pelos doutores como incuráveis - quantos casos de tuberculose, de
gangrena, de paralisia, de edema, de cegueira e de surdez - têm sido
curados por Ele! Não é surpreendente então que um tão pequeno número
de doentes se achegue a Ele?
O método de Jesus é totalmente diferente do que aquele dos médicos
terrestres. Eles procuram servir a Deus fazendo uso de remédios que
são encontrados no mundo natural, e Deus faz uso desses remédios de
acordo com a lei natural, de acordo com as propriedades naturais de
cada um, enquanto a cura que procede de Jesus é de uma ordem
totalmente diferente; é pelo poder divino, o poder do Espírito Santo,
que Jesus cura. Então, a diferença entre estes dois métodos de cura
é absolutamente significante. Para que possamos entender melhor,
tomemos um exemplo; aqui está um médico que é um descrente, mas
extremamente hábil em sua profissão; muitas pessoas doentes devem
sua cura a ele. Deus dá estes resultados pelos meios de remédios
prescritos, e os médicos têm conhecimento deles. Aqui está outro
médico que é um crente, e que ora pela benção de Deus nos remédios
que ele utiliza. Neste caso, um grande número de pessoas são curadas
também, mas nem neste caso e nem no outro a cura foi trazida com
alguma benção espiritual. Eles estavam preocupados, até mesmo
acreditando entre eles, com os remédios que eles usam, muito mais do
que com o que o Senhor poderia fazer com eles, e em tal caso a sua
cura será mais prejudicial do que benéfica. Pelo contrário, quando é
em Jesus somente que a pessoa doente se apóia para a cura, ele
aprende a não contar muito com remédios, mas em colocar a si mesmo
em direta relação com Seu amor e Sua onipotência. A fim de obter tal
cura, ele deve começar confessando e renunciando seus pecados, e
exercendo uma viva fé. Então a cura virá diretamente do Senhor, que
toma posse do corpo doente, e isto então se torna uma benção para a
alma tanto como para o corpo.
Mas, não é Deus quem dá os remédios ao homem? É perguntado. O poder
deles não vem dEle? Sem dúvida; mas por outro lado, não foi Deus
quem nos deu Seu Filho com todo o poder para curar? Nós seguiremos o
caminho da lei natural com aqueles que ainda não conhecem Cristo, e
também com aqueles de Seus filhos cuja fé é ainda tão fraca para
entregarem-se a Sua onipotência; ou antes escolheremos o caminho da
fé, recebendo cura do Senhor e do Espírito Santo, vendo nisto o
resultado e a prova de nossa redenção?
A cura que é operada pelo nosso Senhor traz com ela maior benção
real do que a cura que é obtida através de médicos. A cura tem sido
mais uma desgraça para muitas pessoas do que uma benção. Em uma cama
de doenças, sérios pensamentos tomam posse, mas no tempo de sua cura
quão freqüentemente tem o homem doente sido encontrado novamente
longe do Senhor! Não é assim quando é Jesus que cura. A cura é
concedida depois da confissão de pecado; portanto, ela traz o
sofredor para mais perto de Jesus, e estabelece um novo elo entre
ele e o Senhor, faz-lhe experimentar Seu amor e poder, começa dentro
dele uma nova vida de fé e santidade. Quando a mulher tocou a orla
do vestido de Cristo, ela sentiu que tinha sido curada, ela aprendeu
algo do significado daquele divino amor. Ela foi embora com as
palavras: "Filha, a tua fé te salvou; vai-te em paz" (Marcos 5:34).
Oh, tu que estás sofrendo de alguma enfermidade, saiba que Jesus, o
soberano Médico, ainda está em nosso meio. Ele está perto de nós, e
Ele está dando novamente para Sua Igreja provas manifestadoras de
Sua presença. Você está pronto para separar-se do mundo, para
entregar a si mesmo para Ele com fé e confidência? Então, não temas,
lembra-te que a cura divina é uma parte da vida da fé. Se ninguém ao
seu redor pode te ajudar em oração, se nenhum presbítero está perto
para orar a oração da fé, não temas de ir você mesmo ao Senhor no
silêncio da solidão, como a mulher que tocou a orla de Seu vestido.
Entregue a Ele os cuidados de seu corpo. Chegue-se quieto diante
dEle e como aquela pobre mulher diga: eu quero ser curado. Talvez
possa demorar algum tempo para se quebrarem as correntes de sua
incredulidade, mas certamente ninguém que espera nEle será
envergonhado. "Não seja envergonhado nenhum dos que em ti esperam"
(Salmos 25:3).

Capítulo IV
Saúde e Salvação pelo Nome de Jesus

"E pela fé no seu nome fez o seu nome fortalecer a este que vedes e
conheceis; sim, a fé que vem por ele, deu a este, na presença de
todos vós, esta perfeita saúde....Seja conhecido de vós todos, e de
todo o povo de Israel, que em nome de Jesus Cristo, o Nazareno,
aquele a quem vós crucificastes e a quem Deus ressuscitou dentre os
mortos, em nome desse é que este está são diante de vós... E em
nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro
nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos” (Atos
3:16; 4:10,12).
Quando depois do Pentecostes, o paralítico foi curado através de
Pedro e João na porta do templo, foi "em Nome de Jesus Cristo de
Nazaré" que eles disseram-lhe: "Levanta-te e anda" (Atos 3:6), e tão
logo o povo em seu espanto correram para juntos deles, Pedro
declarou que foi o nome de Jesus que tinha curado completamente o
homem.
Como resultado deste milagre e do discurso de Pedro, muitas pessoas
que ouviram a Palavra creram (Atos 4:4).
Atos 4:4 "Muitos, porém, dos que ouviram a palavra creram, e chegou
o número desses homens a quase cinco mil".
E no dia seguinte, Pedro repetiu estas palavras diante do Sinédrio:
"Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno...em nome desse é que este está
são diante de vós;" e então ele acrescentou: " E em nenhum outro há
salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado
entre os homens, pelo qual devamos ser salvos”. Esta afirmação de
Pedro nos declara qeu o nome de Jesus tanto cura como salva. Nós
temos aqui um ensino da mais alta importância sobre a cura divina.
Nós vemos que a cura e a saúde formam uma parte da salvação de
Cristo. Não declarou Pedro claramente isto em seu discurso no
Sinédrio, onde, tendo falado da cura, ele imediatamente fala de
salvação por Cristo? (Atos 4:10,12). No céu, até nossos corpos terão
sua parte na salvação; a salvação não será completa para nós até que
nossos corpos desfrutem da completa redenção de Cristo. Por que,
então, não cremos nesta obra da redenção aqui embaixo? Até mesmo
aqui na terra, a cura de nossos corpos é um fruto da salvação qeu
Jesus adquiriu para nós.
Nós vemos também que a saúde, bem como a salvação, é obtida pela fé.
A tendência do homem por natureza é trabalhar por sua salvação por
suas obras, e é somente com dificuldade que ele vem a recebê-la pela
fé; mas quando isto é uma questão de cura do corpo, ele tem ainda
mais dificuldade em se apossar disto. Em relação à salvação, ele
acaba aceitando-a porque por nenhum outro meio pode ele abrir a
porta do céu; enquanto que para o corpo, ele faz uso de remédios
bem-conhecidos. Porque, então, ele procura por cura divina? Feliz é
aquele que vem a entender que esta é a vontade de Deus; que Deus
quer manifestar o poder de Jesus, e também nos revelar Seu amor
Paternal; para exercitar e confirmar nossa fé, e nos dar prova da
redenção no corpo, bem como na alma. O corpo é parte de nosso ser;
até o corpo foi salvo por Cristo; portanto, é em nosso corpo que o
Pai quer manifestar o poder da redenção, e permitir que os homens
vejam que Jesus vive. Oh, creiamos no nome de Jesus! Não foi no nome
de Jesus que perfeita saúde foi dada ao homem impotente? E não foram
estas palavras: Tua fé te salvou, pronunciadas quando o corpo foi
curado? Busquemo, então, para obter a cura divina.
Onde quer que o Espírito atue com poder, ali Ele realiza curas
divinas. Não é notório que se os milagres fossem mesmo supérfluos,
eles foram no Pentecostes, porque então a palavra dos apóstolos
trabalhou poderosamente, e o derramamento do Espírito foi abundante?
Bem, é precisamente porque o Espírito atua poderosamente que Sua
obra necessita ser visível no corpo. Se a cura divina é vista senão
raramente em nossos dias, podemos atribuir isto à nenhuma outra
causa do que o Espírito não estar atuando com poder. A incredulidade
dos mundanos e a falta de zelo entre os crentes impedem Sua obra. As
curas que Deus está dando aqui e ali, são os sinais percurssórios de
todas as graças espirituais que são prometidas a nós, e somente o
Espírito Santo revela a onipotência do nome de Jesus para operar
tais curas. Oremos ardentemente pelo Espírito Santo, nos coloquemos
a nós mesmos sem reservas sob Sua direção, e busquemos ser firmes em
nossa fé no nome de Jesus, quer para pregação da salvação ou para a
obra de cura.
Deus concede cura para glorificar o nome de Jesus. Busquemos ser
curados por Jesus para que Seu nome possa ser glorificado. É triste
ver quão pouco o poder de Seu nome é reconhecido, quão pouco ele [o
poder de Seu nome] é o fim da pregação e da oração. Tesouros da
graça divina, dos quais os Cristãos privam a si mesmos pela sua
falta de fé e zelo, estão escondidos no nome de Jesus. É a vontade
de Deus glorificar Seu Filho na Igreja; e Ele fará isto onde quer
que Ele encontre fé. Quer entre os crentes, ou quer entre os gentios,
Ele está pronto para com virtude despertar consciências, e trazer
corações à obediência. Deus está pronto para manifestar todo o poder
de Seu Filho, e para fazer isto de uma maneira admirável tanto no
corpo, bem como na alma. Creiamos nisto para nós mesmos, creiamos
nisto para os outros, para o círculo de crentes ao redor de nós, e
também para a Igreja em todo o mundo. Demo-nos a nós mesmos a crer
com firme fé no poder do nome de Jesus, peçamos grandes coisas em
Seu nome, contando em Sua promessa, e nós veremos Deus até fazer
maravilhas pelo nome de Seu santo Filho.
“VÓS SOIS OS RAMOS”
Uma palestra aos Obreiros de Deus

Tudo depende desta entrega, do estar com Cristo, da forma como nos
havemos entregue a Ele. Se eu quero ter maçãs como bom fruto, tenho
de ter uma boa árvore de fruto; se quiser que a macieira me forneça
regularmente boa fruta, logo tenho de cuidar de toda a sua saúde por
inteiro. Assim será também com a nossa vida em Cristo, com Sua Obra
em nós. Se nossa vida total estiver em total harmonia com Cristo,
tudo nos sairá bem, de forma segura e perfeita. Existe sempre aquela
necessidade de instrução, sugestão e ajuda, treino em todas as áreas
da Obra de Cristo – tudo aquilo que tenha valor. Mas, a longo termo,
a essência de todo nosso ser e trabalho será tão só obter, ter,
aquela plena comunhão com Cristo. Noutras palavras, ter Cristo de
facto em nós, operando por nós sem qualquer margem para duvidas. Sei
quantas coisas existirão que por certo nos virão perturbar mais cedo
ou mais tarde, causando questões de ansiedade e de desassossego
inquiridor. Mas pelo Mestre teremos sempre uma forma de ser
abençoados, havendo uma bênção guardada para cada um de nós; tal paz
nos será outorgada e concedida, tal alegria e descanso, força e
animo, se conseguirmos tão só estar n’Ele de facto, mantendo-nos lá
nesse descanso numa atitude correcta, acima de tudo.
Vou extrair meu texto da parábola da Videira e de seus muitos ramos,
em João 15:5, “Eu sou a videira; vós sois as varas”. Especialmente
destas palavras, “vós sois as varas”!
Como é sempre muito fácil ser-se ramo! Um ramo duma árvore, um ramo
duma certa Videira! Todo o ramo cresce para fora da Vide, para o
exterior da árvore e a seu tempo, é claro, produz seus frutos.
Nenhuma outra responsabilidade tem esse ramo que não seja receber da
raiz e do tronco aquilo que o nutre, esperando sempre em e pela
oportuna seiva, a qual corre sempre sem parar. E, se pelo Espírito
Santo mantivermos este tipo de relacionamento integralista com
Cristo apenas, seguramente que será certo que toda a nossa obra saia
transformada na mais elementar, na mais bela e mais celestial obra
alguma vez conseguida na face toda da terra! Em vez de andarmos
sofrendo de exaustão e cansaço de alma constantemente, toda a nossa
obra seria como uma nova experiência, ligando-nos ao próprio Cristo
como nada mais teria com fazê-lo. Mas, oiçam! Não é muito frequente
acharmos que aquilo que fazemos em vez de nos unir a Cristo, antes
nos faz separar d’Ele? Que coisa mais tola poderia estar a acontecer
ao próprio ser humano! A única obra de grande excelência que Ele
deveria estar operando em mim e eu por Ele, essa mesmo é a que me
separa do Seu amor! Muitos laboriosos obreiros da seara se queixam
com muita frequência disso mesmo, que têm sempre trabalho a mais,
que nem sempre dispõe daquele tempo que os faz aproximar daquele
Santuário da íntima comunhão com Cristo; e que é quase sempre a
própria obra que previne e destrona essa intimidade com Deus em
pessoa, que faz declinar o próprio desejo ardente de estar com Jesus
a sós e que se desintegra num comunicar com homens que o afastam
duma intimidade sem igual com o Mestre! Quão má é esta ocorrência
que se dá com os servos de Deus! Que coisa ridícula será alguma vez
pensar que se separarmos o ramo do seu tronco, este ainda terá
capacidades de produzir algo que não seja seco! Isto ocorre, se dá,
apenas porque temos aquela ideia de vanglória que nossa obra nunca
pode ser algo como um ramo, produzindo assim todos os seus frutos –
apenas! Que Deus nos retire de cada pensamento que nos possa levar a
pensar assim, dessa forma oblíqua e estranha. Que irradiemos essa
ideia para sempre de nossa vida evangélica.
Umas pequenas ideias sugestivas sobre esta abençoada vida de ramo.

Dependência total

Em primeiro lugar, é sempre uma vida de total, incondicional


dependência. O ramo nada possui em si senão o próprio tronco.
Depende da Vide por inteiro. Absoluta dependência é um dos mais
sérios, mais solenes, mais preciosos pensamentos que alguma vez nos
pode tocar. Um grande teólogo alemão escreveu dois grandes volumes
uma vez apenas para ter como comprovar que toda a teologia
Calvinista é sempre uma total dependência de Deus. Outro grande
escritor disse-nos que dependência de Deus absoluta, incontestável,
incontornável é o todo da religião Cristã, da religião de todos os
anjos e a qual deveria pertencer aos homens na sua totalidade também,
nada mais lhe podendo acrescentar. Deus é tudo para qualquer anjo e
está assim disposto a sê-lo também para qualquer crente em forma
humana sobre a terra. Caso eu possa e tenha como aprender a
obediência incondicional, numa total dependência de Deus na sua
efectivação, tudo o que for feito terá apenas porque e como
prosperar. Você será sempre, a partir daí, um ávido avalista de toda
aquela Vida sem fim que se experimenta já aqui sobre a terra. Terá
assim a sua vida incondicional também, a de total dependência do
próprio Deus.
É sempre assim que vemos isto, esta ligação incondicional entre ramo
e Vide também. Qualquer videira que possamos encontrar em qualquer
parte do mundo, tem sempre por princípio e condição básica, estar o
ramo nela para que brotem, a seu tempo, frutos agradáveis, próprios
da qualidade da própria Vide, distinguindo-se sempre pela qualidade
da própria vide em si. Todo aquele suco, toda e qualquer espécie de
vinho de qualidade que possa ver em cima de qualquer mesa, qualquer
cacho de uvas que fartam os olhos com sua beleza intensa, falam da
qualidade da árvore de onde chegaram a ser colhidas – sempre. É tudo
obra da Vide e será sempre assim que os galhos que se esticam gozam
no carregar daqueles frutos, dos quais, eles próprios nunca se
alimentarão.
Que tem a vide que fazer? Uma grande obra de excelente qualidade de
facto. Tem de estender suas raízes para o aquoso e líquido subsolo,
caçando nutrientes e bebendo da humidade por onde se estende – pois
por norma as raízes se estendem a grandes distancias dali. Ponhamos
certos nutrientes, adube ou outros longe dali, logo esta envia suas
raízes para lá. Será a partir daquela humidade que acha, que produz
aquela seiva a qual mantém os ramos reboliços e com jovialidade de
aparência e a qual alimenta o fruto que nos ramos brotam e se
evidenciam. A Vide faz esse trabalho, essa obra, por ela e o ramo
recebe da Vide pelos canais certos, a seiva que alimenta o
crescimento, o futuro sabor de toda a sua produção. Contaram-me que,
em Hampton Court, Londres, existia uma frondosa vide que dava
milhares de galhos repletos de frutos agradáveis, sobre a qual toda
a gente se admirava pelo bom aspecto daquela vide que se espalhava e
estendia, crescendo assim em demasia. Mais tarde descobriram a razão
de ser de tal “fenómeno”: não muito longe dali, passava o rio Thames
e aquela vide estendeu suas muitas raízes para aquele rio, a
centenas de metros dali, indo pelo subsolo até haver achado aquelas
águas de onde obtinha ingredientes específicos e também a humidade
necessária, o que era a razão da sempre abundante colheita que
produzia. Esta vinha tinha uma obra a fazer e consegui-a totalizar,
para que todos os seus ramos produzissem assim abundantemente.
Não é isto literalmente verdadeiro do meu Senhor Jesus? Terei eu de
entender que quando me disponho no trabalho, quando tenho de
entregar um certo sermão, uma aula a dar, ou a ir visitar quem é
pobre de espírito, negligenciado ou desprezado, que a
responsabilidade do sucesso dessa obra espontânea depende e é sempre
da total responsabilidade de Cristo? É precisamente isso que Cristo
quererá que entendamos desde logo. Cristo quer isso de todo o tipo
de obra que façamos, seja no mundo seja dentro da igreja, que os
alicerces desse mesmo trabalho se estendam àquela consciência
simples da presença de Deus em nós: Cristo cuidará de tudo isso!
E como cumpre, como nutre Ele esta confiança numa total dependência?
Ele consegue isso pela vinda do Espírito Santo – não apenas de vez
em quando, como prenda ocasional e oportunista, mas sim como é o
próprio relacionamento entre a Vide e seus ramos numa base constante,
diária e incessante, a qual é a grande responsável pelo pulsar de
toda a vida, de todo o aspecto, de toda a saúde do ramo e de toda a
qualidade do fruto que brota. É essa conecção que terá de ser
assegurada por nós, sempre. Caso a seiva não esteja fluindo como
devia estar, caso cessasse ocasionalmente de chegar aos confins dos
ramos, o ramo murcharia e se secaria. É esta seiva que assegura toda
a sua sobrevivência. É também assim que o meu Senhor Jesus quer que
tome posição na sua seara e em toda a sua obra, pois de manhã à
noite e dia após dia, passo a passo, em toda a obra que se possa
chamar boa, tenho como e porque permanecer sempre n’Ele e Ele em mim
em total dependência como alguém que deveras nada sabe, nada tem,
nada pode fora da vide. Que os meus amados em Cristo se possam
aperceber deste mistério, o de Cristo e da Igreja, que saibam o que
esta palavrinha “nada” deveras significa e como dignifica. “Oh,
sermos nada, termos nada!” Já alguma vez se deu ao trabalho de
estudar o verdadeiro sentido dessa pequena palavra que faz toda a
diferença, vendo Deus à luz disso? Sabe o valor que se tem quando
nada temos, nada podemos ser?
Caso eu ainda seja algo, caso ainda tenha como, Deus nunca terá como
o ser. Mas que bênção sobrevirá quando e assim que nada for, pois
quando tomar meu posto de coração Deus será tudo e pode muito bem
revelar Cristo por mim em mim, como se de mim se tratasse! Esta é a
excelência da tal vida acima de todas as outras; apenas necessitamos
tomar nosso posto e ocupá-lo por inteiro. Alguém dizia que todos os
querubins que são chamas de fogo, são assim por saberem que nada
serão e permitem, por essa razão, que Deus ponha neles, sobre eles,
Sua glória a resplandecer sem igual e sem paralelo neste vasto
universo! Olhe, torne-se deveras em nada, de forma real e duradoura,
pois como obreiro sairá beneficiado em todas as formas de labor
intenso esteja onde estiver. Que se tenha como e porque tornar tão
vil, tão insignificante que apenas Cristo o tenha como e porque
aceitar como obreiro em Sua própria seara: que seja Cristo quem seja
tudo de valor em si mesmo!
Obreiros fiéis à causa, escutem: vossa primeira lição é esta, a de
ser tornado em nada diante de toda a verdade dos factos. Qualquer
homem que ainda possua algo, não terá como e porque ser totalmente
dependente de Cristo. Aprenda a grande lição de nada ser, de nada
saber sem Cristo, de estar vazio sem Ele. Absoluta dependência de
Deus em forma real é o grande segredo avalista para o Seu poder ter
como e porque habitar sempre em nós, de contínuo. Assim também, o
ramo nada terá nele mesmo que nunca lhe advenha da própria vide em
si, sem a rejeitar prontamente. Nada podemos ter senão Jesus apenas
– em nós!

Descanso profundo

Em segundo lugar, a vida dum qualquer ramo não é apenas uma de


inteira dependência, mas dum absoluto descanso comprometido e
despreocupado.
Caso aquele pequeno galho da vinha tivesse como pensar, se tivesse
como sentir e falar, seja aquele galho em Hampton Court ou em
qualquer outro lugar do mundo inteiro, em qualquer uma das milhões
de vides que por aí existem na Africa do sul, nesta nossa terra
cheia de sol e de brilho, se tivéssemos um deles aqui hoje como para
nos transmitirem, dizerem algo de importante acerca de toda a sua
relação com a sua vide, se lhe perguntássemos “Oh galho de videira,
quero aprender contigo como e porque posso ser eu um bom ramo na
minha Vide também, na Videira Viva e exaltada”; que pensam
responderia ela? Ela diria em sussurro: “Homem de pouca fé, sei que
és sábio, sei que fazes grandes e inconcebíveis coisas. Sei também
que tens muita força e poder e sabedoria te foi dada para saberes
como fazer pleno uso de tudo isso, mas tenho uma lição a dar-te hoje.
Nem com tudo isso segues Deus? Com toda a tua pressa frenética,
nunca prosperas em toda a obra de Deus. A primeira das coisas que
necessitas é voltar e descansar em teu Deus para sempre. É isso o
que eu faço sempre. Desde meu eclodir e evoluir que assim procedo
sempre, sem nunca me desligar dela para tudo aquilo que necessito.
Desde então tudo o que faço e enceto é descansar na minha Videira.
Assim que chega a primavera não me sobrecarrego com pensamentos de
ansiedade desconfortáveis de dúvida. A Vide começa a verter sua
seiva por mim em mim e faz crescer folhas e logo tenho como e porque
dar fruto. Caso o fruto que eu dou nunca fosse bom, logo o dono de
toda aquela vinha nunca teria como acusar-me, pois a vinha seria a
única culpada e responsável por todo o fruto, por toda a qualidade
desse mesmo fruto em mim. E caso queiras ser assim também, dando teu
fruto no devido tempo enquanto ligado à tua Vide, a Cristo em pessoa,
apenas aprende a descansar n’Ele com carinho paciente. Que Cristo
tome tuas responsabilidades sobre Ele. É tudo o que tenho para te
dizer”.
Mas pode argumentar que isso é ser desleixado e preguiçoso.
Permita-me discordar inteiramente. Ninguém terá com descansar num
Cristo vivo e continuamente efervescente e ser diferente d’Ele, em
nenhum sentido da palavra, porque quanto mais aconchegado eu me
encontrar n’Ele, tanto mais Seu Espírito me vivificará para qualquer
Obra Sua, em todo o Seu esplendor! Seu zelo será todo meu, Seu amor
também. Olhe, antes de mais nada, comece a trabalhar a sua
dependência total de seu Criador, veja se algo o perturba ainda e
acrescente a essa dependência uma total responsabilidade de
descansar n’Ele apenas. Muitos homens, por vezes, tentam e tentam
uma vez mais uma total dependência de Cristo, mas logo se preocupam
com essa mesma dependência e descobrem que não chegam a ela. É seu
coração que não descansa. Mas que você faça e tenha como fazer seu
coração depender desse descanso sempre e cada dia.
Em tua forte mão me coloco absolutamente
E sei assim que esta obra será terminada
Pois quem mais sabe trabalhar assim
Como o faz o Todo-Poderoso?
Obreiro, tome seu lugar todos os dias de sua eternidade aos pés de
Jesus, o Senhor; e escute em paz e harmonioso sentir este conhecer
de poder dizer:
Não tenho preocupações pois as entreguei a Ele,
Não temerei porque daquilo que temo Ele cuida!
Venham filhinhos do Deus Altíssimo, entendam este enigma, que é
Jesus quem quer operar por vós, inteiramente! Queixa-se da falta de
amor fervente? Se o tiver, é porque vem de Jesus! Ele derrama todo
esse amor em seu coração. Ele próprio fornecerá os atributos desse
amor com o qual descobrirá que pode amar os outros também, para além
de si mesmo. Este é o verdadeiro significado destas palavras: “o
amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo
que nos foi dado”, Rom 5:5; e, “Pois o amor de Cristo nos
constrange”, 2Cor 5:14. Cristo tem como colocar em si uma fonte de
água viva que salta para a vida eterna, a qual nunca mais vai ser
intermitente. Pode e tem como amar assim o mais vil de todos os
pecadores, os mais ingratos de todos aqueles que o cansaram até aqui.
Tente descansar n’Ele, Aquele que sabe e pode dar descanso sem fim
até a uma alma cansada e oprimida – quanto mais a uma em repouso
expectante! Verá que quando estiver dando um sermão, essa será a
melhor parte que você dele escolhe para si. Você clama e urge as
pessoas e todos eles apreendem a sua mensagem e dizem apercebidos:
“está um homem argumentando meus nervos, perturbando minha alma!”
Logo dirão que estão ali dois homens a desentenderem-se, quem fala e
quem ouve: mas caso tenha como pronunciar em palavras de evidência
viva, caso tenha como manifestar na primeira pessoa todo aquele amor
de Deus em si mesmo, aquele descanso activo e vivo, despreocupado e
responsável, aquela paz e aquele sereno descanso que apenas existe
nos céus acima, será esse mesmo ingrediente que convencerá todos os
presentes com a sua mensagem.

Muitos frutos

Mas em terceiro lugar, o ramo deixa no ar uma certa lição sobre


frutificar abundantemente.
O próprio Senhor Jesus repetiu vezes sem conta esta palavra “fruto”
apenas nesta parábola. Ele falou antes, de “fruto” e apenas depois
de “muito fruto”. Sim meu caro amigo, você é ordenado a preencher o
requisito de dar muito fruto também. “Nisto é glorificado meu Pai,
que deis muito fruto; e assim sereis meus discípulos”, João 15:8. Em
primeiro lugar, Cristo sempre disse: “E sou a verdadeira Videira,
Meu Pai o dono dela. Ele é quem em encarrega e me capacita sempre,
tanto a Mim quanto a ti”. “Não é o discípulo mais do que o seu
Mestre, nem o servo mais do que o seu Senhor”, Mat 10:24. Aquele
quem vela sobre a intimidade entre crente e Cristo é o próprio Pai
das alturas. E será apenas pelo poder de Deus que em nós é manifesto
fruto de onde todos vêm colher para se alimentarem devidamente.
Ó crentes, sabem muitíssimo bem que este mundo se degrada a passos
largos, especificamente pela falta de obreiros capazes e audazes
assim, deste jeito. E este mundo não necessita apenas de mais
Obreiros fiéis, mas acima de tudo daqueles que clamam a alto e bom
som (uns mais que outros): “nós não necessitamos apenas de mais
obreiros na seara, mas de obreiros que tragam neles um poder
irresistível, um poder diferente, cheio da vida que prega; para que
esses mesmos obreiros tenham como e porque trazer melhor bênção,
válida bênção acima de tudo!” Filhos de Deus, apelo a que sejais
entregues assim a Deus. Por exemplo, sabe como as pessoas se podem
sentir perturbadíssimas em caso duma doença. Tem um amigo íntimo
entre a vida e a morte e nada mais que umas certas uvas frescas
terão como refrigerar esse seu amigo; mas suponhamos que estamos
fora de época no que toca a esse fruto. A que trabalhos se entregará
para conseguir essas uvas milagrosas, caso elas tenham como e porque
o salvar da morte? Oiçam-me! Como há tanta gente sem ir à igreja de
Cristo, também haverá muitos que lá vão. Mas tanto uns como outros
raramente conhecem Cristo. E assim mesmo, as uvas celestiais, as
próprias uvas de Escol (Num 13:23), aquela vinha celestial, não são
para qualquer um, não podem ser adquiridas por preço, a não ser que
um verdadeiro filho de Deus as tenha interiormente frutificando
porque ele se encontra relacionado, ligado intimamente àquela Vide
eterna. Caso os filhos de Deus nunca estejam de facto abundando
nesta vida frutificadora, caso não estejam transbordando do Espírito
Santo de forma real, do amor de Jesus, daquele que apenas Ele tem
n’Ele, nunca poderão brotar seus frutos de forma aprazível para uma
raça humana em profunda decadência. Todos nós professamos e chegamos
a confessar que existe de facto muito trabalho por fazer, muita
pregação, muita visitação a encetar, muitos mecanismos que ainda não
rolam, uma enormidade de esforço ímpar de todos os géneros em todos
os cantos do mundo onde existam igrejas. Mas em nenhuma destas
coisas se manifesta, transparece aquele poder activo de Deus em
pessoa, lamento dizer!
Qual a falta, que se passa? Existe uma falta evidente duma ligação
imperturbável com o Criador de todo o mundo, com a Vide, isso será o
que mais nos falta. Cristo, aquela Vide celestial, tens bênçãos de
sobra das quais Ele pode ainda hoje derramar sobre dezenas e
centenas de milhares de pessoas em estado da mais vil perdição ao
mesmo tempo! Ele tem de sobra! Cristo, a nossa Videira celestial tem
poder quanto baste para providenciar uvas frescas a qualquer altura
do ano. Mas, “Vós sois os ramos” e por essa razão, maioritariamente,
nunca terá como providenciar desse fruto da Vide a transiundos
perdidos, se não estiver interligado, intimamente inter-laçado com
Cristo seu Senhor!
Nunca confunda trabalho com fruto que frutifica por si. Pode existir
um grande labor, muito dispendioso mesmo, tudo por Cristo e mesmo
assim ser tudo em vão por nunca ser fruto da obra da Vide celestial!
Nunca busque ser laborioso, mas sim quem frutifica e faz frutificar,
acima de tudo! Olhe, estude intensamente sobre este assunto de “dar
muito fruto” e verá. Está sempre interligado ao próprio poder e ao
próprio Espírito e amor verdadeiro do Filho de Deus em pessoa sempre
presente. Isso significa apenas que a verdadeira Vide poisou,
aninhou-se em si e em mim, em nossos corações!
Você sabe que existem distintas formas de fruto, como existem
variadíssimas qualidades de uvas, as quais fornecem-nos sempre
distintamente variadíssimos sabores e aromas. Assim mesmo existe no
próprio coração do próprio Cristo distintos mecanismos de trazer o
amor, a graça, o poder, a Vida, o Espírito, uma bênção a todos os
homens cá na terra, os quais são sempre distintos e celestiais e que
se vêm alojar em nossos próprios corações. Esteja em intimo
relacionamento com Jesus e verá se não faz a diferença à sua volta
sempre!
Diga assim: “Senhor Jesus, nada menos que essa seiva desejo, aquela
que emana em Ti mesmo, pessoalmente, especificamente, nada menos que
esse teu Espírito te pedimos. Senhor, que Teu Espírito frutifique em
mim em toda a obra que eu possa fazer por Ti”.
De novo lhe digo que experimente esta nova vida, esta seiva infinita
proveniente do alto que é nada menos que o Espírito Santo em pessoa.
É o Espírito Santo quem é essa Vida da Vide e seu ramo não pode
evoluir frutificando sem essa mesma plenitude sem fim, desse mesmo
fluir de vida sem fim, do Espírito Santo, o Próprio em pessoa real
em si mesmo. Necessita disso incontestavelmente e deseje nada menos
que isso para si e para quem labora na seara. Nunca espere de Cristo
dar aqui uma excelente bênção, outra mais além, juntamente com um
pouco de ajuda aqui e acolá. Nunca será essa a Sua função! A
peculiaridade desta Vinha, toda a Sua obra, é precisamente ensopar
os ramos com a seiva que é peculiarmente Sua. Por essa razão espere
que seja Ele a dar-lhe do Espírito que Ele próprio tem em Si mesmo,
em seu coração e que assim tenha como frutificar abundantemente para
sempre. E caso esteja apenas agora a começar a dar fruto, caso
esteja ouvindo estas palavras do próprio Cristo, “mais fruto”,
recorde-se que para que isto se venha a dar em si também, apenas
necessita de mais Cristo em si – em toda a sua vida, como em todo o
seu coração!
Nós ministros do evangelho: como estamos em eminente perigo de
trabalhar incessantemente sem que esta seiva flua livremente, porque
apenas vemos trabalho, trabalho e obra sobre obra diante de nós! E
nós oramos muito mas em nada frutifica tudo aquilo que fazemos, pois
aquela alegria real, aquele descanso activo duma vida celestial
sempre presente, nunca são sempre presentes – isso confirma-se pelo
fruto que vemos brotar. Busquemos entender este mistério sem fim,
que a vida de todo ramo está na Vide, a fórmula de se vir a
frutificar muitíssimo, porque é uma vida interligada à pessoa de
Cristo que a isso leva, a um Cristo vivo, celestial, eternamente
constante e permanente!
Comunhão sem igual

E em quarto lugar, a vida do ramo é uma vida numa comunhão muito


íntima.
Perguntemos de novo: que tem o ramo de fazer ainda? Conhece aquela
preciosidade de palavra, a qual Cristo muito e sempre usou:
“Permanecei”! Sua vida tem de ser uma daquelas que permanece, que se
queda pela plenitude, que tem como e porque permanecer nela
intimamente interligado, dependendo dela. Como se dá isto? É como
ser a Vide e seu ramo, permanecendo juntos sempre e sem quebras.
Existem esses ramos em estreita comunhão, com pureza de espírito
interligado, sem fugas na conecção, desde Janeiro a Dezembro –
sempre a mesma. Este é o princípio básico da eternidade: ser
constante e permanecente. Como não posso viver cada dia assim? É a
mais terrível das coisas termos de estar a responder a perguntas
infames como esta! Não posso eu viver em permanente comunhão com meu
Rei, com a Vide celestial?
Mas você afirma: Tenho estado ocupado com muitas outras coisas”.
A isso respondo: você pode até ter horas de trabalho intermináveis,
sua espelunca de cérebro repleto de coisas e pensamentos temporários;
Mas é Deus quem ordena a que tenhamos esta comunhão assim, desse
jeito apenas. Aquela obra de se permanecer em Cristo, obra dentro do
seu coração, não no cérebro, dentro dum coração que eclode para uma
permanência na segurança duma eternidade constante, descansando em
Jesus apenas, é essa obra na qual Cristo é quem nos mantém
interligados pelo Espírito Santo n’Ele. Ó, que creia mais
profundamente que o cérebro apenas, profundamente na sua vida
interiorizada e escondida, para que cada momento de sua vida intensa
seja uma consciencialização daquela liberdade de poder dizer e
afirmar: “Jesus, meu Senhor, ainda permaneço em Ti – vou até ao
fim”.
Se aprender a depositar de lado todos os seus múltiplos afazeres,
aprendendo também este contactar directa e exclusivamente com Cristo
seu senhor, com a Vide, verá que fruto brotará logo de imediato!
Qual a aplicação pratica de tudo isto? Desta comunhão ímpar e sem
igual em todo o mundo? Que pode ela significar por enquanto?
Ela significa acima de tudo, um relacionamento com Cristo no seu
local de oração. Tenho a certeza que existem muitos crentes os quais
anseiam intensamente por esta vida, os quais de vez em quando
recorrem a uma bênção ocasional e que experimentaram um grandioso
fluir desta seiva ímpar neste universo. Mas mesmo assim, com o
passar do tempo, ela se desvanece e eles nunca entendem muito bem
porquê. Nunca entendem que uma comunhão intimamente pessoal com a
própria pessoa de Cristo é uma necessidade básica de nossa vida
n’Ele. Nada pode obscurecê-la, subjugá-la e nada nem no Céu nem
nesta terra o pode preencher sem ela, caso queira ser um crente
pleno e cheio de felicidade mas em santidade apenas.
Ó, quantos crentes olham para isto como um fardo eloquente, como uma
taxa de imposto cobrável, um dever obrigacionista e uma grande
dificuldade apenas, o estar a sós com seu Deus! É precisamente este
o grande bloqueio que impede o fruto dos ramos em qualquer parte do
mundo. Necessitamos mais silenciosa comunhão com nosso Criador, que
nos conhece melhor que ninguém. E digo a si em nome desta Vide
celestial, que nenhum de vós pode vir a ser um ramo saudável, onde
aquela seiva supra-celestial tenha como fluir livremente, a menos
que se entregue a uma longa e exaustiva comunhão íntima com seu Deus.
Caso não esteja na disposição de oferecer seu tempo a sós com seu
Deus, dando-Lhe todo o tempo que necessitar para que opere em si
através de Sua seiva continuamente, para que assim mantenha o
vínculo que o une intimamente aos céus, que o liga a Ele como o
umbigo liga uma mãe ao seu feto, Ele não pode dar mais do que tudo
aquilo que já recebe imerecidamente, pois sua relação com Ele está
inevitavelmente quebrada, seu elo rompido. Ele não tem como o
segurar através dum relacionar-se com Ele em pessoa, o qual nunca se
esgota. É Jesus Cristo quem lhe pede que tenha um relacionamento
vivo com Ele. Que cada coração diga assim então: “Ó Cristo, é apenas
isto o que desejo de verdade, é apenas isto o que escolho”. Logo de
seguida entregue-se a Ele deste jeito, incondicionalmente. Ele lhe
concederá essa comunhão sem reservas.

Entrega total

E finalmente: a vida do ramo é uma vida de entrega absoluta.


Esta palavra, “entrega absoluta”, é uma solene palavra: duma
infinidade enorme. Creio que nunca entendi muito bem o seu
verdadeiro significado, todo o sentido desta entrega, desta rendição
total, integral aos pés de Cristo. Mas, mesmo assim, esta vara
insignificante está pregando sobre este solene assunto.
“Minha pequena vara insignificante: tens algo mais a fazer que não
seja dar fruto, fornecer uvas?”
“Não, nada mais tenho que fazer”
“És capacitada para algo diferente disso?”
“Para nada mais sou capacitada!” A Bíblia diz que nenhuma vara,
nada da vide tem como dar fruto sem estar ligado à própria vide. As
varas fora da vide servem apenas para serem queimadas.
“Não tens como fazer algo mais?”
“E agora, que entendes tu, pequena vara, sobre o relacionamento com
a própria Vide?”!
“Todo o meu relacionamento com a Vide é apenas este: estou
inteiramente entregue à minha vide, para que ela possa fornecer a
quantidade de seiva quanto queira a qualquer momento que entender.
Estou à sua disposição inteiramente e a vinha pode produzir comigo
tudo o que deseja”.
Amigos, necessitamos ter esta entrega também ao Senhor Jesus Cristo.
Quanto mais falo sobre isto, mais me apercebo que é das coisas que
mais e melhor terão de ser conseguidas e que no entanto será sempre
das mais difíceis de se esclarecer e, mais ainda, de se explicar com
a devida clareza: uma entrega total e absoluta. É frequente acharmos
homens que saem dos seus cómodos assentos e se entregam ao Senhor
dizendo assim: “Senhor, me entrego a ti para uma total consagração”.
É de realçar tais atitudes e com alguma frequência também, advém
fruto de tal acto. Mas a grande questão é o que significa essa
entrega, ao que pode levar ela.
Meus caros amigos: isto significa que nos entregamos a Cristo da
mesma forma que Ele estava entregue ao Pai. São palavras fortes
demais par si? Algumas pessoas ainda pensam que sim – outros acham
que nunca são. Mas tão absoluta deve ser nossa entrega ao Próprio
Cristo quanto Ele estava em relação ao Pai. Ele apenas buscava a
vontade do Pai, o que Lhe agrada. Mas tal qual isso, devo eu buscar
e estar em relação a Cristo: nada devo buscar que não seja do Seu
agrado, da Sua vontade inteiramente. Isto é verdade, que nunca se
duvide acerca de nada disto. Cristo veio soprar Seu próprio Espírito
em nós, para que achássemos na Sua santidade, a maior das
felicidades, tal quanto Ele próprio fez. Amados irmãos, caso este
seja todo o seu caso, permita-me dizer-lhe que diga ainda isto: “Sim,
tal como é verdade acerca daquela simples vara da vide, assim é
verdade que, pela graça de Deus, eu vivo e viverei mediante sua
vontade pelo Seu poder cada dia de toda a minha existência”.
Mas eis aqui o grande erro que todos cometem, o qual está sempre
como base de toda a nossa religião. O homem pensa assim: “Eu tenho
muito negócios e afazeres, uma família, meus deveres de cidadão e
isto não terei como mudar isso. Por isso, paralelamente, serei um
servo do Deus Altíssimo, estarei a Seu serviço, como forma de me
manter afastado do pecado. Que Deus me conceda ajuda para poder
fazer tudo assim, desse jeito!”
Isto é uma calamidade em forma de pensamento. Quando Cristo veio até
cá, Ele mesmo comprou com Seu sangue o resgate de todos os pecadores
que falam assim ainda. Caso houvesse aqui um certo mercado de
escravos e eu fosse comprar um dos que lá estavam acorrentados,
teria de levar esse homem para a minha propriedade para que ficasse
sendo minha propriedade também, para que pudesse mandar nele e
dispor dele sempre que dele me quisesse servir, para qualquer tipo
de obra que eu entendesse necessitar ser feita. E caso este escravo
me fosse incondicionalmente fiel, ele viveria sem interesse próprio
e toda a sua vontade se resumiria em “honrar sempre seu mestre”.
Deste modo se espera que seja qualquer servo, qualquer filho de Deus
em relação ao Pai: “como poderei servir meu Mestre, meu Senhor?”
Como descobrimos dificuldades nesta vida evangélica, conquanto seja
real mesmo! Apenas porque buscamos única e exclusivamente a supra-
vontade de Deus. Deveríamos era nos alegrar com tal possibilidade
única de agradar ao Criador do mundo, de termos como assimilar Sua
própria Vida em nós por nós! É uma oportunidade única a que temos ao
nosso dispor. Devemos escolher fazer as nossas próprias coisas ainda?
Para depois virmos pedir que nos auxilie a sair do pecado inerente a
elas apenas? Fazemos tudo ainda dentro dos nossos próprios esquemas,
efectuamos nossa vontade e esperamos que nunca estejamos desviados e
errantes! Pedimos-Lhe que entre em nós, para nos deixar a maior de
todas as bênçãos possíveis. Mas nosso relacionar-se com Ele é
precário, decadente, quando deveria ser uma pré-disposição
incondicional de servir, de ouvir quem fala, humildemente escutando
e buscando Seu bel-prazer: “Senhor, existe algo em mim que não
esteja de acordo com Tua vontade, que não esteja ordenado para Te
poder agradar, que não esteja ao Teu dispor por inteiro, de forma
que sejas Tu a usar onde e sempre que queiras?”
É um facto que pedimos que entre em nosso coração, mas para que nos
dê de Sua bênção. Mas nosso relacionamento com Jesus, como está este?
Deveria ser um tal que nos pré-dispusesse a servi-Lo sempre
incondicionalmente.
Mas se pudéssemos apenas esperar com toda a Sua paciência, logo
veríamos frutos brotando inseparavelmente dum tal relacionamento.
Uma relação de amor tal, faria brotar sempre de nós uma fonte de
águas vivas e Cristo seria tão chegado, tão querido ao nosso ser,
que nos admiraríamos de nós mesmo ao havermos afirmado que antes
estávamos entregues a Cristo! Deveríamos sentir em nós mesmos a
enorme distancia, o enorme fosso entre este relacionar-se com a
pessoa de Cristo e aquele que antes elogiávamos! Que Ele venha, como
pode de facto, tomar posse de todo nosso ser incondicionalmente e
isto para sempre. Esta vara clama por uma entrega total.
Eu não estou falando tanto assim do deixar de pecar, de abandonar o
pecado apenas: existem pessoas que necessitam de tal coisa, de
abandona seu mau temperamento, maus vícios e hábitos destrutivos, os
quais cometem de quando em quando. São pecados que nunca lhes
permitem aconchegarem-se no Seio eterno de Cristo. Mas rogo-vos, que
caso sejam varas nesta Vide Viva, que nunca assegurem nenhum dos
vossos pecados – que os deixem ir de vez. Sei que existem grandes
dificuldades no que toca a santidade em muitas vidas. Sei também que
nem toda a gente pensa de igual modo em relação ao seu próprio
pecado. Mas isto não é assunto de se comparar opiniões, de se juntar
à indiferença, caso se queira ter como abandonar todo pecado. Mas,
infelizmente ainda existem muito corações adversos por aí, os quais
se familiarizaram muito com a ideia de que é impossível abandonar o
pecado e que devemos pecar um pouco cada dia. Que houvesse gente que
pudesse clamar: “Senhor liberta-me, livra-me de todos os meus
pecados!” Entregue-se incondicionalmente a Cristo em pessoa e peça
d’Ele essa formula sagrada de se afastar e abster até do desejo do
pecado. Existe um penar de maus pensamentos entre crentes que,
porque estamos onde nascemos, num mundo onde habita pecado, que isso
é algo que nunca se tem como e porque mudar. Mas o facto é que nunca
nos chegamos a Jesus para pedir d’Ele Sua opinião sobre este e
outros assuntos. Aconselho-vos vivamente, Crentes, tragam tudo para
fora e depositem toda as questões diante de Jesus e digam logo:
“Senhor, que tudo em minha simples vida esteja em total harmonia, em
sintonia inquebrável com aquilo que Tu próprio és, que tome minha
posição na abençoada Vide que Tu és – apenas”.
Que sua entrega a Cristo seja absoluta. Eu nunca entendi esta
palavra de entrega total, verdadeiramente. Cada dia que passa ganho
novas descobertas em relação a isto. Alarga-se todo o seu
significado cada dia que por mim passa. Mas não busque entender, mas
peça “Senhor, que minha entrega seja absoluta, incondicional,
verdadeira – apenas isso escolho e quero para mim!” Logo verá que
Cristo lhe manifestará de tempos em tempos, a cada oportunidade que
surgir e emergir, tudo aquilo que Lhe possa desagradar directamente.
Ele lhe revelará Seu pensar, Sua mente, Seus pesares também e o irá
por certo guiar até uma vida de excelência na Vide eterna.
Para concluir, permitam-me resumir tudo o que disse numa simples
frase: “Eu sou a Vide e vós sois as varas!” Noutras palavras, “Eu
sou o que vive para sempre e Me entreguei por ti sem reservas e sou
a tua Vide. Nunca terás como confiar em mim mais do que devias. Sou
Eu quem opera poderosamente, cheio de plenos poderes para dar e
resgatar com vida e poder”. Caso exista ainda em qualquer parte de
seu coração uma consciência de que em si você é forte, saudável,
disposto a brotar fruto a qualquer hora do dia, mas sem estar
intimamente relacionado com Jesus, nunca vivendo como deveria estar,
então escute-O quando fala e diz: “Eu sou a verdadeira Videira e vou
te receber implantado em Mim apenas. Atrair-te-ei a Mim para que
possa te abençoar muito. Esforçar-te-ei e te engrandecerei e serás
cheio do Meu Espírito sempre. Eu, a verdadeira Vide de toda a vida,
tomei-te para seres minha vara. Entreguei-Me inteiramente por ti.
Tornei-me homem e morri para que tivesse como ser inteiramente teu
também. Vem, entrega-te a Mim assim – nada segures para traz e sê
inteiramente Meu como Eu fui teu”.
Qual será sua resposta hoje? Olhe, que seja uma oração do mais fundo
de todo seu coração e que Cristo tome posse de cada parte
insignificante de todo ele também; e que ligue cada um de todos nós
a Ele de verdade. Que nossa oração mais sincera seja esta, que a
Vide esteja a fazer parte de nosso ser interior, de nossa total
existência, incondicionalmente e que saíamos daqui cantando: “Ele é
a minha Videira verdadeira, eu sou sua vara, nada mais sou do que
isso. Agora estou implantado na Vide eterna, eternamente”. E quando,
enfim, estiver a sós com Ele, com o Próprio, adore e acaricie Quem é
Rei dos reis, louve e admire-O, ame e espere tudo d’Ele apenas. “Tu
é que és a Vide e eu sou Tua vara. Só isso basta para minha alma
estar feliz e satisfeita. Para mim, ser assim chega”.

José Mateus
zemateus@msn.com
Humildade, a força do Cordeiro
www.militarcristao.com.br /estudos.php Andrew Murray

Nenhuma árvore pode crescer, exceto pela raiz da qual brotou. E o que é a raiz e a essência do caráter
de nosso Redentor? Não há outra, senão uma única resposta: é a Sua humildade. O que é a Encarnação,
senão Sua humildade celestial, Seu próprio esvaziamento e tornar-se homem? Qual foi a Sua vida na
terra, senão tomar a forma de servo? E o que foi a Sua expiação, senão a humildade? Ele se humilhou,
tornando-se obediente até à morte, e morte de cruz. (Fp 2:8).

E qual foi a Sua ascensão e Sua glória, senão a humildade exaltada até o trono e coroada de glória? Ele
se humilhou... Pelo que também Deus o exaltou soberanamente e lhe outorgou o nome que está acima
de todo nome. (Filipenses 2:8-9). No Céu onde Ele estava com o Pai , em Seu nascimento, em Sua vida,
em Sua morte, em Seu assentar no trono: nada, além de humildade.

Cristo é a humildade de Deus encarnada na natureza humana, o Amor Eterno humilhando a si mesmo,
vestindo-se de mansidão e de benignidade para vencer, servir e nos salvar. Como o amor e a humildade
de Deus fazem dele o ajudante e o servo de todos, da mesma forma Jesus foi a humildade encarnada. E
assim Ele ainda está no meio do trono, o Cordeiro manso e humilde de Deus.

Nossa primeira prioridade

Se esta é a raiz da árvore, sua natureza deve ser vista em todos os ramos, folhas e frutas. Se a
humildade vem em primeiro lugar, a graça totalmente inclusiva da vida de Jesus sendo a humildade o
segredo de Sua expiação então a saúde e a força de nossa vida espiritual vai depender inteiramente de
darmos a esta graça a primeira prioridade em nossas vidas. Precisamos fazer com que a humildade seja
a principal coisa que admiramos Nele, a principal coisa que pedimos a Ele, e a única coisa para a qual
nós sacrificamos tudo.

É de se admirar que a vida cristã seja muitas vezes fraca e inútil, ao passo que a própria raiz da vida de
Cristo seja negligenciada isso é desconhecido? Temos de ter uma humildade que descanse em nada
menos do que o fim e a morte do ego. A humildade que desiste de toda a honra de homens, como o fez
Jesus, para buscar a honra que vem de Deus. A humildade, que em si mesma não faz absolutamente
nada ou se leva em conta para que Deus seja tudo e só o Senhor possa ser exaltado.

No Evangelho de João temos a vida íntima de nosso Senhor aberta para nós. Jesus fala com frequência
de sua relação com o Pai, dos motivos pelos quais Ele é guiado, e de Sua consciência do poder e do
espírito pelo qual Ele atua. Embora a palavra humilde não ocorra no Evangelho de João, em nenhum
outro lugar nas Escrituras se vê a humildade de Jesus tão claramente representada.

Já dissemos que essa graça é, na verdade, nada mais que o simples consentimento da criatura a render-
se completamente a Deus para, somente, o Seu agir. Em Jesus, nós o veremos tanto como o Filho de
Deus no céu, quanto como um homem sobre a terra. Ele voluntariamente tomou uma posição inferior, a
fim de dar a Deus a honra e a glória devida somente a Ele.

A humildade de Jesus

E o que Jesus ensinou aos Seus discípulos foi sempre verdadeiro de si mesmo: Aquele que se humilha
será exaltado. (Lucas 14:11) Ouça as palavras que o Senhor fala da sua relação com o Pai, e veja como
incessantemente Ele usa as palavras não e nada sobre si mesmo. O não eu, pelo que Paulo expressa
sua relação com Cristo, é o próprio espírito do que Cristo fala de sua relação com o Pai.

O Filho não pode fazer nada de si mesmo... (João 5:19)


Eu desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou. (João
6:38)
A minha doutrina não é minha (João 7:16)
Eu não faço nada de mim mesmo (João 8:28)
Eu não vim de mim mesmo, mas ele me enviou. (João 8:42 KJV)
Eu não busco a minha glória (João 8:50 KJV)
As palavras que eu vos digo, não as digo por mim mesmo (João 14:10 NVI)

Estas palavras nos revelam as raízes mais profundas da vida e da obra de Cristo. Elas nos dizem como
foi possível ao Deus Todo-Poderoso trabalhar Sua obra redentora poderosamente através de Jesus. Elas
nos ensinam que a natureza essencial da redenção é o que Cristo realizou e ainda fala conosco. Isso é
Sua natureza: Ele não era nada, para que Deus pudesse ser tudo.

Ele resignou-se, por Sua vontade e Seus poderes, inteiramente para que o Pai trabalhasse Nele. De Seu
próprio poder, vontade, e de Sua própria glória, de toda a Sua missão, com todas as Suas obras e os
Seus ensinamentos de tudo isso Ele disse: Não sou eu. Eu não sou nada. Eu me dei ao meu Pai, à obra
de meu Pai, e eu não sou nada. O Pai é tudo.

Cristo passou por essa vida em absoluta submissão e dependência da vontade do Pai para uma vida de
paz e alegria perfeita. Ele não perdeu nada, dando tudo para Deus. Deus honrou Sua confiança e fez tudo
para Ele, e em seguida, exaltou-o à Sua mão direita em glória. E uma vez que Cristo havia, dessa forma,
se humilhado diante de Deus, e que Deus estava sempre diante Dele, Ele achou possível humilhar-se
diante dos homens e tornar-se o servo de todos. A humildade de Jesus foi simplesmente a entrega de si
mesmo a Deus, para que o Pai fizesse Nele o que Lhe aprouvesse, não importando o que os homens
dissessem sobre Ele ou o que fizessem com Ele.

Bem aventurados os mansos

Vimos a humildade na vida de Cristo pela forma como Ele abriu seu coração para nós; agora vamos ouvir
seus ensinamentos. Vamos ouvir como Ele fala a respeito disso e quão longe Ele espera que os homens,
especialmente seus discípulos, sejam humildes como Ele o foi. Vamos estudar cuidadosamente as
Escrituras, adiante, para obtermos a impressão completa de quantas vezes e com qual sinceridade Ele
ensinou sobre a humildade.

Olhe para o início do Seu ministério. Nas bem-aventuranças com as quais o Sermão da Montanha abre,
Ele fala: Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o reino dos céus. Bem-aventurados os
mansos, porque eles herdarão a terra. (Mateus 5:3,5) As primeiras palavras de Sua proclamação do reino
dos céus revelam a porta aberta através da qual devemos entrar. Os pobres, que não têm nada em si
para eles o Reino vem, os mansos que buscam nada em si mesmos para eles deve ser a terra. As
bênçãos do céu e da terra são para os humildes. Para a vida celeste e a terrena, a humildade é o
segredo da bênção.

Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e achareis
descanso para as vossas almas. (Mateus 11:29) Jesus se oferece como Mestre. Ele nos diz qual espírito
vamos encontrar Nele como Mestre, e aquele que podemos aprender e receber Dele. Mansidão e
humildade são as coisas que Ele nos oferece, pois nelas vamos encontrar descanso perfeito à alma. A
humildade é a nossa salvação.

Os discípulos estavam disputando quem seria o maior no Reino, e concordaram em perguntar ao Mestre.
Ele colocou uma criança no meio deles e disse: Quem então se humilha como esta criança, esse é o
maior no Reino dos Céus. (Mateus 18:4) Quem é o maior no Reino dos Céus? Essa questão é de fato,
algo de grande alcance. Qual será a principal distinção no Reino Celestial? A resposta: nenhuma, senão
Jesus a teria dado. O comandante da glória do céu, a verdadeira mentalidade celestial, o comandante
das graças, este é a humildade. Pois aquele que é menos entre vós, esse é grande (Lucas 9:48).

Os filhos de Zebedeu pediram a Jesus para se assentarem à sua direita e à esquerda, ao lugar mais alto
no Reino. Jesus disse que não lhe era dado conceder isso, senão o Pai que o daria àqueles para os quais
isso foi preparado. Eles não devem procurar ou perguntar por isso. E depois acrescentou: Quem nunca
deseja tornar-se grande entre vós, será vosso servo (...) pois o Filho do Homem não veio para ele servido,
mas para servir (...) (Mateus 20:26-28) Humildade, como a marca do Cristo glorificado, será o único
padrão de glória no céu quanto mais humilde, mais próximo de Deus.

Falando para a multidão e os discípulos, os fariseus e seu amor às tribunas dos príncipes, Cristo disse,
certa vez: Mas o maior dentre vós será vosso servo. (Mateus 23:11) A humildade é a única escada que
conduz à honra no Reino de Deus.

Ao relatar a parábola do fariseu e do publicano, Cristo explicou: Pois todo o que se exaltar será
humilhado, e quem se humilhar será exaltado. (Lucas 18:14) No templo, na presença e na adoração a
Deus, tudo é inútil se não for permeado por uma profunda e verdadeira humildade, diante de Deus e dos
homens.

Depois de lavar os pés dos discípulos, Jesus disse: Se eu, o Senhor e o Mestre, lavei os pés, também vós
deveis lavar os pés uns dos outros. (João 13:14) Por suas próprias palavras, é claro que Jesus
considerou a humildade como um dos primeiros e mais essenciais elementos do discipulado.

Na mesa da última ceia, os discípulos ainda disputavam quem deveria ser o maior. Jesus disse: Aquele
que é o maior entre vós seja como o menor, e o líder como o servo. (Lucas 22:26) A dor com a que Jesus
andou, o poder e o espírito pelo que Ele realizou a nossa salvação, é sempre a humildade, pela qual sou
servo de todos.

Quão pouco isso é pregado! Quão pouco é praticado! Quão pouco a falta dela é sentida ou confessada!
Não digo que são poucos os que alcançam alguma medida de semelhança com Jesus em Sua
humildade, mas quão poucos sequer pensam em fazer da humildade o objeto distinto de seu contínuo
desejo ou oração! Quão pouco o mundo já a viu! Quão pouco ela tem sido visto até mesmo no círculo
interno da Igreja.

Render-se a Deus

Quem quiser tornar-se grande entre vós, será vosso servo. (Mateus 20:26) Todos nós sabemos que o
caráter de um servo fiel ou escravo implica em devoção aos interesses do Mestre, estudo meditativo e
cuidados para agradá-Lo, além de prazer em Sua prosperidade, honra e felicidade. Houve servos na terra
nos quais essas qualidades foram vistos, e para estes homens e mulheres o nome de servo jamais foi
algo além de glorioso.

Para quantos de nós não foi uma nova alegria na vida cristã saber que podemos nos render como servos,
como escravos de Deus, e ao descobrir que seu serviço é a nossa maior liberdade de fato, a liberdade do
pecado e de si próprio? Precisamos agora aprender outra lição: que Jesus nos chama a ser servos uns
dos outros. E da mesma forma como chegamos a aceitá-lo de todo o coração, este serviço também será
mais abençoado, uma nova e mais completa liberdade do pecado e de si mesmo.
No começo pode parecer difícil, mas isso ocorre apenas por causa do orgulho que ainda tem em si
mesmo algo de importância. Se de fato nós aprendemos que ser nada diante de Deus é a glória da
criatura, o espírito de Jesus, a alegria do céu, então vamos acolher, com todo o nosso coração, a
disciplina que pode servir mesmo para aqueles que tentam nos causar problemas. Quando o nosso
coração se coloca acima dessas coisas pela verdadeira santificação, passamos a meditar sobre as
palavras que Jesus proferiu sobre humilhar-se a si mesmo com novo entusiasmo. Assim, lugar algum
será inferior demais, nenhuma depressão tão profunda, nenhum trabalho muito humilde ou exaustivo
demais, se pudermos compartilhar e provar da comunhão com Aquele que disse: Eu estou no meio de vós
como aquele que serve. (Lucas 22:27).

Procure o Amor Superior

Irmãos, este é o caminho para a vida superior. Para baixo, mais para baixo! Isto foi o que Jesus disse aos
discípulos, quando estes pensavam em ser grandes no Reino. Não procure, não peça exaltação: esta é
obra de Deus. Procure fazer com que você seja sempre menor e humilhe-se, e não tenha outro lugar
diante de Deus ou do homem, senão o de um servo. Esse é o seu trabalho, e que seja este seu único
propósito e a sua oração.

Deus é fiel. Tão certo quanto a água sempre procura e preenche o lugar mais baixo, do mesmo modo
ocorre no momento em que Deus encontra a criatura humilde e vazia: Sua glória e poder fluem para
exaltar e abençoar. Aquele que se humilha e este deve ser o nosso único cuidado será exaltado. O
descanso é preocupação de Deus e, por Seu poder e no Seu grande amor, Ele o trará.

Os homens às vezes falam como se a humildade e a mansidão nos roubasse o que é nobre, ousado e
viril. Ah, que creiamos que ser humilde é a nobreza do reino dos céus, e que este é o verdadeiro espírito
mostrado pelo próprio Rei do céu! Que humilhar-se e tornar-se o servo de todos seja tornar-se
semelhante a Deus! Este é o caminho para a alegria e a glória da presença de Cristo sempre presente
em nós, de Seu poder incansável em nós.

Jesus, manso e humilde, nos convida a aprender Dele o caminho para Deus. Vamos meditar sobre as
palavras que temos lido até que o nosso coração esteja cheio com o pensamento: Minha única
necessidade é a humildade.

E creiamos que o que Jesus mostra Ele dá. E o que Ele é, Ele transmite para nós. Como o manso e
humilde Jesus, Ele virá e habitará em cada coração humano que por Ele anseia.

Vou dar a você, agora, um conselho infalível. Com toda a força do seu coração, permaneça, por todo esse
mês, continuamente, conforme as tuas possibilidades, em oração a Deus, da seguinte forma: peça a Ele
para se dar a conhecer a você, e tirar de seu coração toda a forma e grau de orgulho, seja ela de
espíritos malignos ou de sua própria natureza corrupta. Ore para que Ele desperte em você a maior
profundidade e verdade daquela humildade que pode torná-lo habilitado à Sua luz e ao Seu Santo
Espírito.

E quando o Cordeiro de Deus trouxer a lume um nascimento real da Sua própria mansidão, humildade e
renúncia total a Deus em sua alma, então haverá o nascimento do amoroso Espírito dentro de você. Em
seguida, sua alma será preenchida com muita paz e alegria em Deus, e esta nova vida vai apagar até
mesmo a lembrança do que você sentia como sendo paz e alegria, antes disso acontecer.

Traduzido por Cleber Olympio, conforme original publicado em The Old Time Gospel.
5N59Tg4
NO NOME DE CRISTO

1
Por Andrew Murray

No Nome de Cristo
Andrew Murray

E tudo quanto pedirdes em meu nome, isso farei… Se me pedirdes alguma coisa em meu nome,
eu o farei. ...e vos designei [...] a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-
lo conceda. Em verdade, em verdade vos digo, se pedirdes alguma coisa ao Pai, Ele vo-la
concederá em meu nome. Até agora nada tendes pedido em meu nome; pedi, e recebereis, para
que a vossa alegria seja completa. Naquele dia pedireis em meu nome... (Jo 14.13-14; 15.16;
16.23-24,26).

“Em meu nome” é repetido seis vezes nesses textos. Nosso Senhor sabia como seria
lento nosso coração para absorver essas palavras e, por isso, não se cansou de repetir as
verdades vez após vez. Como ele ansiava para que realmente acreditássemos no poder que há
no seu Nome: poder para fazer as orações chegarem ao trono e poder para levar todo joelho a
se dobrar naquele dia. Entre o maravilhoso “tudo quanto pedirdes” e o divino “eu o farei”, há
esse simples elo de ligação: “em meu nome”. Tanto o nosso solicitar quanto a concessão do
pedido da parte do Pai devem ser igualmente feitos em nome de Cristo. Tudo na oração
depende de compreendermos isso.
Sabemos que um nome é uma palavra que suscita à mente todo o ser e a natureza de
alguém ou alguma coisa. O nome de Deus tem o objetivo de expressar toda a natureza e glória
divinas. O nome de Cristo expressa toda a sua natureza, sua pessoa e obra, sua disposição e seu
Espírito. Pedir em nome de Cristo é orar em união com Ele.
Quando um pecador aceita a Cristo pela primeira vez, ele só conhece seu mérito e sua
intercessão. E, até o fim, é nisso que se fundamenta a nossa fé.
Entretanto, à medida que o discípulo cresce em graça e entra de maneira mais profunda
e verdadeira em união com Cristo – ou seja, à medida que permanece nele –, ele aprende que
orar em nome de Cristo é orar em seu Espírito, com a sua própria natureza, conforme o Espírito
Santo a implanta nele. Quando compreendemos o significado das palavras “Naquele
dia pedireis em meu nome” –, ou seja, no dia em que Cristo veio habitar em seus discípulos pelo
Espírito Santo – não ficaremos mais estarrecidos diante da grandeza da promessa: “Tudo
quanto pedirdes em meu nome, isso farei”.
O que for pedido no nome de Cristo, em união com ele, em consonância com sua
natureza e Espírito, será concedido. À medida que a natureza de Cristo e de sua vida de oração
for implantada em nós, seu poder de oração passará a ser nosso também. A honesta e sincera
entrega, de todo o coração, a tudo que Cristo deseja ser em nós, será a medida de nossa
integridade espiritual e poder para orar em seu nome.
“Se permanecerdes em mim...”, diz ele, “pedireis o que quiserdes” (Jo 15.7). À medida
que vivermos nele, obteremos o poder espiritual para nos beneficiarmos do seu nome. Assim
como o ramo inteiramente dedicado à vida e ao serviço da vide pode contar com toda a sua
seiva e força para dar frutos, da mesma forma o cristão, que aceitou por fé a plenitude do

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NO NOME DE CRISTO

2
Por Andrew Murray

Espírito para tomar conta de toda a sua vida, pode de fato beneficiar-se de todo o poder do
nome de Cristo.
Cristo veio à Terra como homem para nos revelar em que consiste a oração. Para orar
em nome de Cristo, devemos orar como ele orou na Terra; como ele nos ensinou a orar; em
união com ele, como ele agora ora no céu. Devemos, com fé e amor, estudá-lo e aceitá-lo como
nosso exemplo, nosso mestre e nosso intercessor.

Cristo É Nosso Exemplo


Quando compreendemos quanto tempo Cristo passou em oração e como todos os
acontecimentos relevantes de sua vida estiveram ligados a períodos especiais de oração, fica
mais clara a necessidade de absoluta dependência do mundo espiritual e da comunicação
permanente com ele, para que tenhamos vida celestial ou exercitemos poder celestial à nossa
volta.
Sobre o batismo de Jesus, está escrito: “E aconteceu que, ao ser todo o povo batizado,
também o foi Jesus; e estando ele a orar, o céu se abriu” (Lc 3.21). Foi na oração que o céu se
abriu para ele, e que o céu desceu até ele por meio do Espírito e da voz do Pai. Foi nesse poder
que ele foi levado ao deserto, em jejum e oração, para ser testado e para aprender a usar
plenamente as faculdades e armas espirituais.
Marcos registra: “Tendo-se levantado alta madrugada, saiu, foi para um lugar deserto, e
ali orava”(Mc 1.35). E, mais adiante, conta-nos Lucas: “... e grandes multidões afluíam para
ouvi-lo e serem curadas de suas enfermidades. Ele, porém, se retirava para lugares solitários, e
orava.” (Lc 5.15,16).
Ele sabia como o serviço mais sagrado – como pregar e curar – pode exaurir o espírito;
como excessiva interação com os homens pode empanar a amizade com Deus; como é
necessário separar tempo para que o espírito descanse e crie raízes na verdadeira vida; como a
pressão de obrigações para com os homens, seja qual for sua intensidade, jamais anula a
necessidade absoluta de muita oração. Se alguém pudesse sentir-se satisfeito por viver e
trabalhar sempre em espírito de oração, esse alguém seria o nosso Mestre. Mas ele não se
contentava; necessitava recompor sua provisão espiritual por períodos contínuos e
prolongados de oração. Usar o nome de Cristo na oração implica certamente também nisso, em
seguir seu exemplo e orar como ele orava.
A respeito da noite anterior à escolha dos apóstolos, lemos que ele “retirou-se para o
monte a fim de orar, e passou a noite orando a Deus” (Lc 6.12). O primeiro passo para a
constituição da Igreja e a escolha dos homens que seriam suas testemunhas e sucessores exigiu
dele um período especial e prolongado de oração. Tudo precisava ser feito segundo o padrão
revelado no monte: “O Filho nada pode fazer de si mesmo, senão somente aquilo que vir fazer o
Pai” (Jo 5.19-20). Foi durante a noite de oração que ele viu o que deveria ser feito.
No período entre a multiplicação dos pães para os cinco mil e o milagre de andar sobre
as águas, quando percebeu que o povo queria tomá-lo e proclamá-lo rei à força, ele “subiu ao
monte para orar sozinho” (Mt 14.23; Mc 6.46; Jo 6.15). Sua missão era fazer a vontade de Deus

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NO NOME DE CRISTO

3
Por Andrew Murray

e mostrar o poder de Deus. Ele não o considerava como propriedade sua; era necessário orar e
receber tal poder do alto.
Na introdução à história da transfiguração, lemos que Jesus “subiu ao monte com o
propósito de orar” (Lc 9.28). O pedido dos discípulos: “Senhor, ensina-nos a orar” (Lc 11.1) veio
depois de Jesus estar “orando em certo lugar”. Em sua vida pessoal, em sua amizade com o Pai,
em tudo que ele é e faz pelos homens, o Cristo, cujo nome devemos usar, é um homem de
oração.
É a oração que lhe confere o poder de abençoar e transfigura seu corpo com a glória dos
céus. É sua própria vida de oração que lhe permite ensinar aos outros como orar. Quanto mais
terá de ser oração, somente oração, muita oração para nos moldar até que estejamos aptos a
participar da glória de uma vida transfigurada ou para nos transformar em canal de bênção
celestial e ensino para os outros. Orar em nome de Cristo é orar como ele orava.
A vida e a obra de Cristo, seu sofrimento e morte – era tudo oração, dependência em
Deus, confiança em Deus, recebendo de Deus e rendendo-se a Deus.
Sua redenção, ó seguidor de Jesus, foi forjada por oração e intercessão. Seu Cristo é um
Cristo de oração: a vida que ele viveu para você, a vida que vive em você é uma vida de oração
que se deleita em esperar em Deus e em tudo dele receber. Cristo é nosso exemplo porque ele
é nosso Cabeça, nosso Salvador e nossa Vida. Em virtude de sua divindade e do seu Espírito, ele
pode viver em nós; nós podemos orar em seu nome, porque permanecemos nele, e ele em nós.

Condensado de The Ministry of Intercession (O Ministério da Intercessão), de Andrew Murray.

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O Espírito Santo e a consciência
www.aguasvivas.ws /revista/69/07.htm

Andrew Murray

«Em Cristo digo a verdade, não minto, e minha consciência me dá testemunho no Espírito Santo… O Espírito
mesmo dá testemunho com o nosso espírito, de que somos filhos de Deus» (Rom. 9:1; 8:16).

A glória mais excelsa de Deus é a sua santidade, em virtude da qual ele aborrece e destrói o mal, e ama e opera
o bem. No homem, a consciência tem o mesmo trabalho: condenar o pecado e aprovar o que é reto. A
consciência é o que permanece da imagem de Deus no homem, é a característica mais próxima do divino nisto,
o guardião da honra de Deus no meio da ruína causada pela queda. Por conseguinte, a obra redentora de Deus
deve começar sempre com a consciência.

O Espírito de Deus é o Espírito de Sua santidade; a consciência é uma faísca da santidade divina. A harmonia
entre a obra do Espírito Santo, de renovar e santificar o homem, e o trabalho da consciência, é a mais íntima e
essencial.

O crente que será cheio do Espírito Santo e experimentará ao máximo as bênçãos que Ele tem para entregar,
deve em primeiro lugar procurar dar à consciência o lugar que lhe pertence. A fidelidade à consciência é o
primeiro passo no caminho da restauração da santidade de Deus. Uma consciência séria será o alicerce e a
característica da verdadeira espiritualidade.

Visto que o trabalho da consciência é dar testemunho de nossa reta conduta de acordo com o nosso sentido do
dever e para Deus, e a obra do Espírito é testificar agradando a Deus de nossa fé em Cristo e nossa obediência
a ele; ambos os testemunhos, do Espírito e da consciência irão ser cada vez mais idênticos à medida que a vida
cristã progride. Sentiremos a necessidade e a virtude de dizer como Paulo, com respeito a toda a nossa conduta:
«A minha consciência me dá testemunho no Espírito Santo».

Pode-se comparar a consciência a uma janela de um quarto, através da qual brilha a luz do céu, e pela qual
podemos olhar para fora e ver o céu com toda a sua luz brilhando. O coração é a antecâmara na qual mora a
nossa vida, nosso ego ou nossa alma, com seus poderes e afetos. Nas paredes dessa câmara está escrita a lei
de Deus. Até no incrédulo, ela é legível em parte, embora tristemente obscurecida e desfigurada. No crente, a lei
é escrita de novo pelo Espírito Santo, em letras de luz, que normalmente no começo são frágeis, mas crescem
em claridade e resplandecem com maior brilho à medida que são expostas livremente à ação da luz.

Em cada pecado que cometemos, aquela luz que brilha o manifesta e o condena. Se o pecado não é confessado
e abandonado, a mancha permanece, e a consciência é poluída, porque a mente rejeitou o ensino da luz (Tito
1:15). E assim, com um pecado atrás do outro, a janela se torna mais escura, até que a luz pode quase não
brilhar, e o cristão pode pecar sem ser perturbado, com uma consciência cegada em grande parte e sem
sensibilidade. Em sua obra renovadora, o Espírito Santo não cria novas faculdades: ele renova e santifica
aquelas que já existem.

A consciência é a obra do Espírito do Deus criador; o primeiro cuidado do Espírito de Deus, o Redentor é
restaurar o que o pecado poluiu. É só restaurando a consciência à ação completa, e revelando nela a graça
maravilhosa de Cristo, ‘o Espírito dando testemunho ao nosso Espírito’, que ele capacita ao crente para viver
uma vida na luz plena do favor de Deus. É quando a janela do coração que olha para o céu é aberta e mantida
limpa, que podemos andar na luz.

A obra do Espírito na consciência é tripla. Através da consciência, o Espírito permite que a luz da santa lei de
Deus brilhe no coração. Um quarto poderia ter suas cortinas, e até seus forros fechados, mas isto não pode
impedir o relâmpago brilhar de vez em quando na escuridão.

A consciência poderia estar tão manchada e cauterizada pelo pecado que o homem forte poderia morar nela sem
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ser incomodado. Quando o resplendor do Sinai brilha no coração, a consciência se desperta, e está
imediatamente disposta a confessar e suportar a condenação. Ambas, a lei e o evangelho, com seu chamado ao
arrependimento e sua convicção de pecado, apelam à consciência. E a libertação não chegará verdadeiramente
até que a consciência aceite a acusação de transgressão e incredulidade.

Da mesma maneira, é pela consciência que o Espírito faz brilhar a luz da misericórdia. Quando as janelas de
uma casa estão sujas, precisam ser lavadas. «Quanto mais o sangue de Cristo … limpará as suas
consciências?» (Heb. 9:14).

O objetivo completo do precioso sangue de Cristo é chegar até a consciência, silenciar as suas acusações, e
limpá-la, até que possa testificar que toda mancha é removida e que o amor do Pai flui em Cristo em um
resplendor sem nuvens dentro da alma. «…purificados os corações da má consciência» (Heb. 10:22), este deve
ser o privilégio de todo crente, e acontece quando a consciência aprende a dizer Amém à mensagem divina do
poder do sangue de Jesus.

A consciência que foi limpa no sangue deve ser conservada limpa pelo caminhar na obediência da fé, com a luz
do favor de Deus brilhando nela. A consciência também deve dizer Amém à promessa do Espírito que habita no
interior, e ao seu compromisso de conduzir em toda a vontade de Deus, e testificar que Ele o faz.

O crente é chamado para caminhar em humilde ternura e vigilância, para que não aconteça que em qualquer
coisa, inclusive pequena, a consciência lhe acuse por não ter feito o que ele sabia que era o correto, ou fazer
aquilo que não provinha da fé. Ele não deveria alegrar-se com nada menos que o testemunho feliz de Paulo:
«Porque a nossa glória é esta: o testemunho da nossa consciência, que com simplicidade e sinceridade de
Deus, não com sabedoria humana, mas com a graça de Deus, temos vivido no mundo» (2ª Cor. 1:12). (Comparar
com o Atos 23:1, 24:16; 2ª Tim. 1:3).

Notem bem estas palavras: «A nossa glória é esta: o testemunho da nossa consciência». Quando a janela é
mantida limpa e brilhante, mediante o nosso habitar na luz, podemos ter comunhão com o Pai e o Filho, o amor
do céu brilha de forma aberta, e nosso amor cresce com a confiança de um menino. «Amados, se o nosso
coração não nos condena, temos confiança em Deus; e qualquer coisa que lhe pedirmos a receberemos dele,
porque guardamos os seus mandamentos, e fazemos as coisas que são agradáveis diante dele» (1ª João 3:21,
22).

O manter uma boa consciência com Deus dia a dia é essencial para a vida da fé. O crente deve ter isto como
objetivo, e não deve estar satisfeito com nada menos que isto. Ele deveria assegurar-se de que isto esteja dentro
do seu alcance.

Pela fé, os crentes no Antigo Testamento tiveram testemunho de ter agradado a Deus (Hebreus cap. 11). No
Novo Testamento, isto é posto diante de nós, não só como um mandamento a ser obedecido, mas também como
uma graça a ser forjada pelo próprio Deus. «…para que andeis como é digno do Senhor, agradando-lhe em tudo,
frutificando em toda boa obra, e crescendo no conhecimento de Deus; fortalecidos com todo poder» (Col. 1:10).
«…vos faça aptos em toda boa obra para que façais a sua vontade, fazendo ele em vós o que é agradável diante
dele» (Heb. 13:21).

Quanto mais procurarmos este testemunho da consciência de que estamos fazendo o que agrada a Deus, mais
sentiremos liberdade, em cada falha que fomos surpreendidos, que olhemos imediatamente para o sangue que
limpa sempre, e mais forte será a nossa segurança de que os pecados que habitam em nós, junto com todas as
suas obras que ainda nos são desconhecidas, são cobertos também por esse Sangue.

O sangue que aspergiu a consciência habita e atua ali no poder da vida eterna que não conhece nenhuma
interrupção, e do sacerdócio imutável que salva totalmente. «Se andarmos na luz, como ele na luz está, temos
comunhão uns com outros, e o sangue de Jesus Cristo seu Filho nos limpa de todo pecado» (1ª João 1:7).

A causa da fraqueza da nossa fé se deve em grande parte à falta de uma consciência limpa. Identifiquemos bem
com quanta proximidade Paulo as conecta em 1ª Timóteo: «…o amor nascido de coração limpo, e de boa
consciência, e de fé não fingida» (1:5). «…mantendo a fé e boa consciência, a qual desprezando alguns
naufragaram quanto à fé» (1:19). E especialmente (3:9): «que guardem o mistério da fé com uma consciência
limpa».

A consciência é o consentimento da fé. Aquele que cresce forte na fé, e tem confiança em Deus, deve saber que
está agradando ao Pai (1ª João 3:21, 22). Jesus disse claramente que é para quem o ama e guarda os seus
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mandamentos que está guardada a promessa do Espírito, com o Pai e o Filho morando em seu interior, o habitar
em seu amor, e o poder na oração.

Como podemos proclamar confidencialmente estas promessas, a menos que com uma simplicidade infantil a
nossa consciência possa atestar que cumprimos com as condições? Oh, aqui a igreja pode levantar-se a altura
de sua chamada santa como intercessora, e apelar a estas promessas ilimitadas que estão realmente ao seu
alcance. Os crentes terão que aproximar-se do Pai, lhe glorificando, como Paulo, no testemunho de sua
consciência, pois, pela graça de Deus, eles estão caminhando em santidade e sinceridade.

Deverá ser evidente que esta é a humildade mais profunda, e trará maior gloria à gratuita graça de Deus
abandonar a ideia humana do que nós podemos obter, e aceitar a declaração de Deus, pelo que ele deseja e
promete, como o único padrão do que devemos ser.

E como alcançar esta vida bendita, na qual é possível diariamente apelar a Deus e aos homens como Paulo:
«Verdade digo em Cristo, não minto, e minha consciência me dá testemunho no Espírito Santo»? O primeiro
passo é: Inclina-te muito baixo diante do que a consciência reprova. Não te conformes com uma confissão geral,
porque há muitas coisas que estão incorretas.

Não confundas a transgressão real com os atos involuntários da natureza pecaminosa. Se esta última for ser
conquistada e morta pelo habitar interior do Espírito, deveria antes tratar com a primeira. Comece com algum
pecado individual, e dê tempo à consciência em submissão silenciosa e humilhação para reprovar e condenar.
Diga ao seu Pai que nisto, por Sua graça, vais obedecer.

Aceite de novo a oferta maravilhosa de Cristo para tomar plena posse de seu coração, para habitar em ti como
Senhor e Guardador. Confia nele por seu Espírito Santo para fazer isto, mesmo quando se sentir fraco e
desamparado. Recorde que a obediência, o tomar e guardar as palavras de Cristo em sua vontade e vida, é a
única maneira de provar a realidade de sua entrega a ele, ou seu interesse em seu trabalho e sua graça. E te
submetas em fé, que pela graça de Deus serás exercitado sempre para ter uma consciência livre de ofensa para
com Deus e para com o homem.

Quando tiveres iniciado isto com um pecado, proceda da mesma forma com os outros, passo a passo. Se for fiel
em manteres uma consciência pura, a luz brilhará com mais resplendor do céu no teu coração, descobrindo
pecados que não tinhas notado antes, trazendo para fora claramente a lei escrita pelo Espírito que não tinha
sido capaz de ser lido. Desejes ser ensinado; confiando em que o Espírito o ensinará. Cada esforço honesto de
manter a consciência limpa pelo sangue, na luz de Deus, será resolvido com a ajuda do Espírito. Apenas te
apoies com todo o teu coração e inteiramente à vontade de Deus e ao poder do seu Espírito Santo.

Se te inclinares desta forma diante da repreensão da consciência, e te entregares por completo à vontade de
Deus, o seu valor se fortalecerá e te serás possível ter a tua consciência limpa de ofensas. O testemunho da
consciência, quanto ao que está fazendo e o que farás por graça, será completado pelo testemunho do Espírito
quanto ao que Cristo está fazendo e fará.

Com simplicidade infantil procurarás começar cada dia com uma simples oração: ‘Pai, agora não há separação
entre eu e ti, e seu Filho. A minha consciência, divinamente limpa no sangue, me dá testemunho. Não permitas
sequer que a sombra de uma nuvem encubra este dia. Que em tudo eu faça a tua vontade; seu Espírito, que
mora em mim, guie-me e me faça forte em Cristo’. E entrarás nessa vida que se gloria na livre graça só quando
disser no final de cada dia: «A nossa glória seja esta, o testemunho da nossa consciência, que em santidade e
sinceridade divina, pela graça de Deus, temos vivido no mundo … Minha consciência me é testemunha no
Espírito Santo». Amém.

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O Espírito Santo Na Família


Andrew Murray : http://www.oarautodasuavinda.com.br/o-espirito-san
Publicação: 10/09/2013

“Para vós outros é a promessa, para vossos filhos…” (At 2.39).

Frequentemente, no Antigo Testamento, encontramos expressões em que pais e filhos eram ligados como
parceiros nas alianças e bênçãos de Deus: “tu e a tua casa”; “tu e tua descendência”; “eu e a minha casa”;
“vós e vossos filhos”. Expressões como essas revelam o maravilhoso vínculo que torna a família uma só
unidade aos olhos de Deus.

E louvado seja Deus! A mesma expressão é encontrada no Novo Testamento também:“vós e vossos
filhos”. Em nenhum outro lugar poderia ter significado maior do que no texto acima. No dia de
Pentecostes, a Igreja de Cristo, que acabara de nascer por meio da ressurreição de Jesus dentre os
mortos, recebeu o batismo no Espírito Santo e ouviu esta palavra: “Para vós outros é a promessa E para
vossos filhos”. Todas as bênçãos da nova dispensação e do ministério do Espírito foram garantidas para os
filhos também.

“Para vós outros é a promessa, para vossos filhos.” A promessa é do Espírito de Jesus glorificado, em toda
sua plenitude, no batismo de fogo e de poder. Quando somos batizados no nome do Pai, do Filho e do
Espírito Santo, estamos confessando nossa fé na santa Trindade, e no Espírito Santo, não só como um com
o Pai e com o Filho, mas como sendo a Terceira Pessoa, trazendo a plena e perfeita revelação da glória
divina. Tudo o que fora prometido por Deus na velha aliança, tudo o que foi manifestado e oferecido para
nós da graça divina em Jesus, o Espírito Santo veio para implantar e tornar propriedade nossa. Por meio
dele, todas as promessas de Deus são cumpridas, toda a graça e a salvação em Cristo passam a ser uma
experiência e possessão pessoal. A Palavra de Deus chama nossos filhos de filhos da promessa. É
especialmente dessa promessa do Espírito Santo que são herdeiros. E o segredo para educar filhos nos
caminhos de Deus é criá-los na fé e na expectativa do cumprimento dessa promessa.

Dependência do Espírito para treinar os filhos

Com fé na promessa, precisamos aprender a considerar o auxílio e a presença do Espírito no treinamento


diário dos filhos como absolutamente necessários e indispensáveis. Mas, não é só isso: a atuação do
Espírito no nosso lar foi-nos garantido por promessa. Em todas as nossas orações por eles, na vida diária e
nos cultos domésticos, precisamos aprender a esperar a operação direta do Espírito Santo e a depender
dela. Dessa forma, nós os educaremos em função do cumprimento da promessa de tal forma que a vida
deles, ainda mais que a nossa, seja, desde a juventude, vivida no poder do Espírito, santa ao Senhor.

A promessa é para vocês e para os seus filhos. Essa ideia de treinar os filhos todos os dias na dependência
da presença do Espírito Santo, com a expectativa de que ele venha para encher a vida deles, parece muito
estranha e elevada para algumas pessoas – totalmente impraticável. A razão de pensar assim é
simplesmente porque não aprenderam ainda a considerar a habitação do Espírito em nós como essencial
para uma vida cristã autêntica. A promessa do Espírito é para você: somente quando os pais
reconhecerem que é impossível viver conforme Deus deseja sem o toque do Espírito para guiá-los no dia a
dia, é que eles terão capacidade de crer plenamente na promessa em favor de seus filhos. Só assim é que
conseguirão tornar-se ministros do Espírito para sua família. Oh, que a Igreja de Cristo compreendesse o
lugar e o poder que o Espírito de Deus deve ter em cada cristão e em cada lar cristão!

Influência poderosa

Porque a promessa é para vocês e para os seus filhos. Assim como é na vida natural, também na graça
vocês e seus filhos foram intimamente vinculados para o bem ou para o mal. Física, intelectual e
moralmente, eles participam da sua vida. Espiritualmente, pode ser assim também. O dom do Espírito e
sua operação bondosa para com vocês e para com eles não consistem em dois atos distintos e separados;
pelo contrário, é em vocês e por meio de vocês que ele chega também a eles. A vida e a influência diária
dos pais é o canal que ele usa para alcançar os filhos com sua vivificação e graça santificadora.

Se você está tranquilo com o pensamento de que já foi salvo, e não está buscando ser realmente cheio do
Espírito; se sua vida ainda é mais para carnal do que espiritual; se você tem mais do espírito do mundo do
que o Espírito de Deus – não fique surpreso se seus filhos crescerem sem se converterem de verdade.
Será apenas um resultado natural e lógico. Você está impedindo a ação do Espírito Santo. Você infunde

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neles, dia a dia, o espírito do mundo. Pode ser de maneira inconsciente, mas sua influência está, com
grande eficácia, direcionando-os à religião humana, em harmonia com o espírito do mundo, ao invés de
inspirá-los para a vida de Deus, no poder do Espírito Santo enviado do céu.

A promessa é para vocês, e para seus filhos. Apesar da influência errada dos pais, a bênção pode até
alcançar os filhos por meio da fé de outros; entretanto, os pais não têm nenhuma garantia disso, a menos
que se entreguem ao Senhor e se tornem o canal para levar a verdadeira vida a eles. Se ainda não fomos
despertados por nenhum outro fator, permita Deus que nosso amor de pais pelos filhos nos faça ver que
nada menos que o enchimento do Espírito Santo nos capacitará a influenciá-los para Deus.

A poderosa promessa de Deus

A promessa é para vocês e para seus filhos. É muito comum considerar a promessa de Deus como mera
palavra ou pensamento – algo que não tem poder até que nós, do nosso lado, façamos aquilo que é
necessário para torná-lo eficaz. Não reconhecemos que a Palavra de Deus tem em si mesma uma energia
viva e potente, uma semente divina que só precisa ser escondida e preservada no coração para gerar a fé
capaz de trazer o maravilhoso cumprimento da promessa.

Quando Deus dá uma promessa, isso significa que ele, em seu infinito poder, se amarrou para cumprir o
que disse, e que ele certamente fará isso assim que tomarmos posse dela pela fé. Nesse caso, a promessa
significa que o Espírito Santo já é nosso, com toda sua graça capaz de nos vivificar, santificar e alegrar;
ele está apenas esperando para vir e se tornar, dentro do nosso lar e da nossa vida diária, tudo o que
precisamos para ter uma família santa e vitoriosa.

Não importa o quanto nosso lar está distante do ideal de Deus e o quanto parece ser impossível, com
nossas circunstâncias e dificuldades, mudá-lo; se apenas nos refugiarmos na promessa, nos apegando a
ela por meio da oração da fé, Deus mesmo se encarregará de cumpri-la.

Uma promessa requer duas coisas: aquele que está recebendo precisa crer e tomar posse dela, e quem
está fazendo a promessa precisa cumpri-la e torná-la verdadeira. Que nossa atitude seja de fé simples e
confiante em Deus, em favor de nós mesmos e dos nossos filhos, contando com a certeza da promessa:
Deus é fiel e certamente a cumprirá.

Corações e lares cheios da presença do Espírito

Caros companheiros, pais e mães! Humilhemo-nos e reconheçamos que nossa vida no lar não tem
comprovado a verdade e a glória dessa promessa. Confessemos com vergonha o quanto nossa vida e
coração ainda são carnais, cheios do espírito do mundo e não do Espírito de Deus. Abramos o coração para
aceitar a promessa de Deus como algo que tem o poder divino de vivificar e de gerar, por si mesma,
exatamente o estado de mente que Deus requer para poder cumpri-la. Consideremos a nós mesmos
como os ministros do Espírito Santo, escolhidos por Deus para preparar e treinar nossos filhos desde a
infância sob a influência dele, e rendamo-nos totalmente à sua ação e direção.

Treinar um filho corretamente significa prepará-lo como templo do Espírito Santo, significa viver, nós
mesmos, no poder do Espírito. Que nenhum senso de incapacidade ou fraqueza nos desanime: “para vocês
e para seus filhos é a promessa”. Coloquemos nossa vida, como pais, sob a direção do Espírito Santo, pois
só podemos ser para nossos filhos o que realmente somos para Deus.

Que o espírito de louvor e ação de graças nos encha incessantemente, por Deus nos ter concedido a
maravilhosa graça de tornar a nossa vida no lar a esfera para a ação especial do seu Espírito. Nossa
oração constante e nossa expectativa confiante é que, pelo poder do Espírito Santo enviado do Céu, nosso
lar aqui seja cada vez mais parecido ao lar no Céu, do qual devemos ser a imagem e para o qual
queremos ser a preparação.

Extraído de The Children for Christ (Os Filhos para Cristo).

É permitido baixar este arquivo, copiar, imprimir e distribuir este material, desde que explicite a autoria do mesmo.

CelebrandoDeus.com
"Um compromisso com a Excelência do Corpo de Cristo"

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Andrew Murray - O Poder da Oração Perseverante http://www.reavivamentos.com/pt/livros/Andrew_Murray/poder_oracao_pers.html

O PODER DA
ORAÇÃO
PERSEVERANTE
por
Dr. Andrew Murray

E o Senhor disse: "Os homens devem sempre orar e nunca desfalecer...


E CONTOU-LHES também uma parábola sobre o dever de orar sempre, e nunca desfalecer.
Dizendo: Havia numa cidade um certo juiz, que nem a Deus temia, nem respeitava o homem.
Havia também, naquela mesma cidade, uma certa viúva, que ia ter com ele, dizendo: Faz-me
justiça contra o meu adversário. E por algum tempo não quis atendê-la; mas depois disse
consigo: Ainda que não temo a Deus, nem respeito os homens, todavia, como esta viúva me
molesta, hei de fazer-lhe justiça, para que enfim não volte, e me importune muito. E disse
o Senhor: Ouvi o que diz o injusto juiz. E Deus não fará justiça aos seus escolhidos, que
clamam a ele de dia e de noite, ainda que tardio para com eles? Digo-vos que depressa lhes
fará justiça. Quando porém vier o Filho do homem, porventura achará fé na terra? Lucas
18:1-8.
De todos os mistérios do mundo da oração, a necessidade da oração perseverante é uma das
maiores. Que o Senhor, que é tão bondoso e desejoso para abençoar, tenha ainda de vir a ser
inquirido, tempo após tempo, às vezes ano após anos, antes da resposta vir, não podemos
facilmente entender. Esta é também uma das grandes dificuldades práticas no exercício e no
exercitar da oração da fé. Quando, após a súplica perseverante, nossa oração permanece sem
resposta, é frequentemente mais fácil para nossa carne preguiçosa a qual tem toda aparência
de submissão piedosa, pensar que devemos ali cessar de orar, porque Deus pode ter Sua razão
secreta para reter Sua resposta à nossa súplica. É somente pela fé que a dificuldade será
superada.
Quando a fé tem o seu suporte na Palavra de Deus e no bom Nome de Jesus e acha-se rendida à
direcção do Espírito para buscar somente a vontade e a honra de Deus em oração, não é
necessário sairmos desencorajados pela demora, antes deveríamos ganhar ânimo por ela
sabendo que é Deus que a atrasa. É conhecido a partir das Escrituras, que o poder da oração
em fé é simplesmente irresistível; a fé real nunca pode sair desapontada. Ela sabe que,
justamente como a água, para exercitar o irresistível poder que ela tem, deve ser reunida e
acumulada até que a correnteza possa descer em plena força; assim também, ali deve
frequentemente existir um acumular de oração até que Deus veja que a sua medida está cheia
e carecida de resposta.
Esta fé sabe que, tal como o agricultor tem necessariamente de dar os seus mais de dez mil
passos semeando todas as suas sementes, cada qual uma parte da preparação real para uma
colheita abundante, assim também existe essa necessidade absoluta de uma oração
perseverante e ininterrupta, toda ela trabalhando em prol da bênção mais desejada. Sabe a
fé com toda a certeza, que nem uma singular oração crente poderá falhar em todos seus
efeitos nos céus acima, mas que tem sempre uma grande influência e entesoura poder para
fazer deflagrar uma resposta no devido tempo se houver perseverança. Ela sabe que não lida
com coisas e pensamentos humanos e possibilidades que possam falhar, mas acima de tudo com
a Palavra de Deus. E foi precisamente assim, desse mesmo modo, que Abraão pensou também,
durante longos e finitos anos "em esperança, creu contra a esperança" (Romanos 4:18),
tornando-se como os "imitadores dos que pela fé e paciência herdam as promessas", Hebreus
6:12.
Para nos capacitar, precisamente quando a resposta a qualquer oração tarda a chegar, a
combinar uma confiança sossegada e quieta mas alegre, a uma paciência perseverante em todas
as nossas muitas orações, teremos muito especialmente de tentar entender estas palavras
pelas quais o nosso Senhor nos revela qual o carácter e conduta, não deste juiz iníquo, mas

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Andrew Murray - O Poder da Oração Perseverante http://www.reavivamentos.com/pt/livros/Andrew_Murray/poder_oracao_pers.html

de Deus o Pai, para com todos aqueles que Ele permite que clamem a Ele noite e dia:
"Digo-vos que depressa lhes fará justiça.", Lucas 18:8.
De pronto lhes fará toda a justiça diz nosso Mestre. A bênção já está devidamente preparada
e condimentada e Ele não apenas deseja dá-la, mas acha-se mesmo ansioso para poder fazê-lo
logo e a quem puder. Um amor eterno queima com aquele desejo de manifestar a Ele próprio
aos seus amados e satisfazer suas necessidades oportunamente em absoluto. Deus não se
atrasará nem por um momento mais do que aquilo que é necessário. Ele fará tudo aquilo que
estiver em Seu poder, para tornar qualquer resposta segura e eficazmente rápida.
Mas porque então, se Seu poder é deveras infinito, leva Ele tanto tempo assim a entregar
Suas respostas aos respectivos pedintes? E porque razão os eleitos e preferidos de Deus,
entre medos e sofrimentos, clamam a Ele noite e dia sem parar nunca? Ele espera
pacientemente por eles, pois "Eis que o lavrador espera o precioso fruto da terra,
aguardando-o com paciência, até que receba a chuva temporã e serôdia", Tiago 5:7. Qualquer
lavrador deseja que chegue a hora da colheita, mas sabe também que esta, antes de ser
tornada possível, terá necessariamente de colher ainda muito sol e muita chuva, na sua
devida medida e que, por essa razão, espera pacientemente que ela se torne madura e
possível. Uma criança quer sempre colher uma peça de fruta meio-amadurecida. Mas o lavrador
sabe de antemão que o tempo para colher esse mesmo fruto ainda não chegou. Todo o homem, em
sua natureza espiritual, está sujeito a um crescimento gradual em tudo idêntico a este, o
qual é comum a tudo quanto tem vida. Isto faz parte intrínseca do desenvolvimento de todos,
para assim alcançarem um destino divino e comum. E é o Pai, nas mãos de Quem se acham os
tempos de todas as estações, quem sabe qual o momento em que a alma duma igreja se encontra
devidamente amadurecida nesse transbordar de toda a fé, a qual pode e tem como desancar uma
bênção que terá como vir a manter perpetuamente. Tal como um certo pai que deseja que seus
filhos cheguem logo de sua aprendizagem na escola diariamente e também deseja que terminem
logo sua formação, assim também funciona Deus em toda a Sua estrutura de Pai: Ele é quem
tem de ser paciente, pois Ele responde depressa demais até.
A visibilidade nesta verdade, suas verdades claras, darão o cultivo necessário ao crente
para que obtenha assim a correspondente disposição espiritual: fé em paciência, esperando e
antecipando ao mesmo tempo, será todo o segredo da perseverança. Pela fé e confiança
inegável naquilo que foi Deus quem prometeu a Seu devido tempo, todos nós poderemos ter
todas as petições que d’Ele pedimos. Fé toma para si a resposta condizente a tudo quanto
d’Ele se pediu, como um valor selado duma possessão espiritual sem igual, alegra-se
antecipadamente nela e pode até mesmo louvar por isso. Mas existe uma pequeníssima
diferença entre fé que segura a Palavra, sabendo de antemão que esta contém e segura a
resposta em si mesma e aquela que cresce e se desenvolve oportunamente em experiência real
e sempre presente em sua alma e essência mais profunda. É no perseverar, nunca descrente,
mas confiante ininterruptamente, que qualquer alma ganha sua plenitude na comunhão daquela
união única com seu Senhor, entrando na possessão de qualquer bênção n’Ele também. Podem
haver coisas nas pessoas ao nosso redor, em sua forma de ser e de se estar no contexto onde
estamos inseridos, em seu sistema comum a todos, ou mesmo no governo que Deus detém sobre
nós, que tenham ainda de ser postas em ordem antes duma resposta nos poder alcançar
devidamente. Toda a fé que tem, de acordo com o mandamento apenas, como crer, terá como vir
a receber oportunamente e tem porque deixar Deus levar Seu tempo em concretizar tudo quanto
deseja a seu respeito. Esta fé sabe quando e porque prevaleceu, que sua resposta está
assegurada devido a isso. Naquele sossego persistente e de determinada perseverança tornada
calma quanto a todos seus temores mais agudos, ela persiste na fé duradoura e continuada e
logo ali aparece a gratidão jorrando de dentro sem saber muito bem como. Aqui poderemos
assim ver, dessa forma, algo combinando que à primeira vista pareceria impensável e
impossível de unificar: uma fé que se regozija numa resposta vinda dum Deus invisível como
uma real e presente possessão adequada nunca ilusória, com uma paciência infindável que
clama noite e dia até que esta se concretize visivelmente. A rapidez na entrega destas
respostas vinda da paciência da parte de Deus em pessoa, será sempre achada no caminho da
fé dum filho expectante.
O nosso maior perigo, nesta escola de respostas por vir, é a tentação de fazer crer que,
depois de tudo, não seja a vontade de Deus em nos entregar tudo quanto pedimos d’Ele. Se
nossa oração estiver de acordo com a Palavra escrita de Deus, mas sob liderança pontual do
Seu Espírito, nunca venhamos a ceder perante estes temores reais. Aprendamos a dar todo

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Andrew Murray - O Poder da Oração Perseverante http://www.reavivamentos.com/pt/livros/Andrew_Murray/poder_oracao_pers.html

tempo a Deus, tanto quanto Lhe baste. Ele necessita que Lhe seja dado esse tempo por nossa
própria culpa. Se Lhe fornecermos tempo quanto baste numa comunhão infinita e duradoura,
isto é, tempo de comunhão recíproca com Ele, tempo quanto baste para Ele poder exercer toda
Sua influencia sobre nossos espíritos, exercer Sua presença em nós mesmos a tempo inteiro,
dia após dia, no decurso de todo nosso percurso em espera resoluta, para que a fé se
comprove como real e fixamente irredutível, Ele próprio nos levará desde a esta fé até uma
repleta visão real da sua concretização. Logo veremos toda a glória de Deus resplandecer
sobre nós. Que nenhuma demora tenha como abalar nossa fé num Deus fiel. Da fé se diz que “a
terra por si mesma frutifica, primeiro a erva, depois a espiga, por último o grão cheio na
espiga”, Marcos 4:28. Cada oração crente, levar-nos-á indubitavelmente à victória final.
Cada oração que detenha sua confiança inabalável, servirá apenas para fazer amadurecer
ainda mais o fruto que esta pretende finalizar. Ela enche por completo a medida da oração
em fé conhecida e vista apenas por Deus – que seja Deus a vê-la. Ela conquista todos os
bloqueios do mundo invisível, apressa seu fim. Filho do Deus Altíssimo, dê tempo a seu
Deus. Ele é quem está de paciência, escutando tudo quanto pede e diz. Ele deseja que sua
bênção seja repleta, segura, contínua e que transborde para fora de si rapidamente. Dê de
seu tempo a Ele, enquanto que ao mesmo tempo clama durante toda a noite e todo dia.
Lembre-se apenas das palavras de Cristo, que nunca mente: "Digo-vos que depressa lhes fará
justiça", Lucas 18:8.
A bênção real de tal oração perseverante é sempre indescritível do ponto de vista das
palavras. Não existe nada mais investigador, mais prescutante, que mais sonde um coração,
do que a oração da fé. Ela leva e ensina a confessar e a desvendar pecado na alma e a expor
à luz de Deus tudo quanto possa vir a impedir a bênção – tudo quanto não esteja dentro da
vontade do Pai. Ela levará sempre a uma melhor comunhão com Ele que nos sabe ensinar a orar
também, a levar a uma entrega mais absoluta de tudo quanto somos e temos, para nos
acercarmos melhor de suas bênçãos – mas apenas sob tutela do próprio Espírito Santo. Esta
fé clama para a mais íntima comunhão e para uma permanência mais firme dentro dos contornos
dum Cristo real e eternamente ao nosso dispor. Crente, dê todo tempo a Deus. Ele mesmo
aperfeiçoará tudo que lhe toca pessoalmente.
Que seja assim consigo, quer peça por si e por suas coisas, quer ore por outros. Toda a
espécie de labor, tanto espiritual como físico, pede tempo e esforço paciente de nós todos
sem excepção: temos de nos vir a entregar de corpo e alma a isso mesmo. A natureza
desvenda-nos essa lição sem paralelo e mantém visível esse segredo infinito para nós: este
tesouro de diligente labor e meditação exaustiva constante e que nunca desiste. Por pouco
ou muito que entendamos de tudo isto no lavradio celestial e espiritual, tudo funciona do
mesmo jeito: toda a semente que for devidamente semeada nos solos férteis dos céus, todo o
devido esforço que possamos colocar nessa aventura, toda a influencia que possamos vir a
exercer no mundo vindouro, pede de todos nós todo nosso ser por inteiro: devemos de nos
entregar por inteiro à oração recíproca. Dela nasce uma nova cultura, uma nova colheita a
qual, a seu devido tempo, brotará seus frutos se não desistirmos dela oportunamente.
Aprendamos especialmente a lição na medida que oramos pela Igreja de Cristo. Ela é,
realmente, semelhante à pobre viúva, na ausência de seu Senhor, aparentemente à mercê do
seu adversário, inválida para obter justiça do alto – mas é a mais séria candidata a
consegui-la oportunamente. Permitam-nos, quando orarmos por Sua Igreja ou qualquer porção
dela, sob o poder do mundo, implorar-Lhe que a visite com as poderosas operações de Seu
Espírito e para prepará-la para Sua vinda duma vez por todas – oremos na certeza da fé: a
oração socorre, orando sempre e nunca desfalecendo, nos trará logo a resposta. Somente dê
tempo a Deus. E então permaneça chorando dia e noite. "E disse o Senhor: Ouvi o que diz o
injusto juiz. E Deus não fará justiça aos seus escolhidos, que clamam a ele de dia e de
noite, ainda que tardio para com eles? Digo-vos que depressa lhes fará justiça. Quando
porém vier o Filho do homem, porventura achará fé na terra?" Lucas 18:6-8.
José Mateus
zemateus@msn.com

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OS PLANOS DE DEUS PARA SI

ANDREW MURRAY
CAPÍTULO 1
ESPERANDO E TRABALHANDO

"Mas os que esperam no Senhor renovam as forças. " (Is.40.31)


"Nem com ouvidos se percebeu, nem com cílios se viu Deus além de
ti, que trabalha para aquele que nele espera", Is.64.4
A conjugação entre esperar e trabalhar faz-se distintamente nos
versículos acima. Vemos que esperar traz a força exigida para se
trabalhar – preparando-nos para essa obra alegre e incansável. "Os
que esperam no Senhor renovam suas forças, sobem com asas como
águias, correm e não se cansarão, caminham e não se fatigarão",
Is.40.31. Esperar em Deus tem a sua essência valorizada no
seguinte: faz-nos mais fortes para realizarmos nossa obra. O
segundo versículo demonstra-nos o segredo desta mesma força: "nem
com ouvidos se percebeu, nem com olhos se viu Deus além de ti, que
trabalha para aquele que nele espera". A espera em Deus assegura-
nos a obra de Deus em nós e é daí que nosso trabalho deve surgir.
As duas passagens dão-nos a entender e perceber a grande lição que
é esperar em Deus, estando na essência e na raiz de todo o
trabalho verdadeiro para o Senhor Jesus. A nossa única necessidade
é manter os dois lados desta verdade em perfeita harmonia.
Há aqueles que dizem que esperam em Deus, mas não operam. E
existem várias razões para isto ocorrer. A recusa da esperança
(espera) verdadeira em Deus (vivendo duma comunicação directa com
Ele), esperando de forma preguiçosa e passiva, torna-se desculpa
para não se ter de trabalhar.
Alguns esperam em Deus como se fosse o maior exercício da vida
evangélica. Mas estes ainda não entenderam que a essência da raiz
de toda esperança verdadeira deve ser a entrega e a prontidão,
para se terem como tornar completamente equipados e capacitados
para uso de Deus no servir aos homens. Outros estarão preparados
para trabalhar tanto quanto sabem esperar, mas procuram um grande
mover do poder do Espírito para lhes fornecer a capacidade de
realizar certos trabalhos vigorosos, mas esquecem-se como crentes
já possuem o Espírito de Cristo habitando neles. Esquecem-se que
mais graça é dada apenas àqueles que são fieis no pouco Luc.16.10,
que é somente trabalhando assim, que podemos ser ensinados pelo
Espírito como fazer aquelas maiores obras.
Todos os filhos de Deus precisam aprender que o objectivo de toda
a espera é sempre a obra e o trabalho. E é apenas no trabalho que
a espera pode alcançar a perfeição e bênção completa. É na medida
que somos elevados a cooperar com Deus colocando o trabalhar no
seu verdadeiro posto, como sendo o mais elevado exercício do
privilégio espiritual e do poder, que surge a necessidade absoluta
da bênção divina de se esperar em Deus.
Por outro lado, muitos há, também, que trabalham para Deus sabendo
pouco do que é experimentalmente esperar nele. Estes são levados a
fazer o trabalho cristão sob o impulso de um sentimento natural ou
espiritual, ou por conselho e recomendação dum pastor. Contudo,
fazem isto com muito pouco bom senso do quão sagrado deveria ser
trabalhar para Deus. Eles não sabem que o trabalho de Deus pode
ser e tem de ser feito na força de Deus, estando o próprio Deus
operante em nós.
O próprio Filho de Deus não fez nada por si mesmo, João 8.28. O
Pai operou nele sempre e Ele permanecia de forma continuada na
total entrega e dependência do Pai. Muitas pessoas jamais
aprenderam que o crente nada pode fazer por si, a não ser o que
Deus pode operar nele. Não entendem que dependemos d’Ele em total
fraqueza, que é o poder de Deus que pode e deve repousar sobre nós.
Não concebem uma espera contínua e continuada em Deus como sendo
uma das condições primárias e essenciais para a obra bem sucedida
e plenamente abençoada. A igreja de Cristo e o mundo sofrem hoje,
cada dia, não só porque muitos de seus membros não trabalham para
Deus, mas antes porque muito do trabalho feito para Deus é feito
sem se saber como e quando esperar nele.
Entre os membros do corpo de Cristo existe sempre uma grande
diversidade de dons e obras a fazer. Uns que, estando confinados
às suas próprias casas por doença ou outros deveres, talvez tenham
mais disponibilidade para esperar em Deus. Mas, para outros,
sobrecarregados de tarefas e afazeres, torna-se muito difícil
arranjar tempo para permanecerem em silêncio diante do Senhor
apenas. Quem sabe possam mutuamente suprir a falta um ao outro.
Deixemos e esperemos que aqueles que têm tempo para esperar em
Deus se liguem a alguém que trabalha em sua obra. Esperemos
daqueles que trabalham procurar ajuda nas pessoas cujo ministério
especial que lhes foi confiado, é o de esperar em Deus. Desta
forma a união e saúde da igreja se manterão em boa forma. Os que
esperam saberão quais os resultados e finalidade de sua espera,
que serão o poder para a obra. Os que trabalham perceberão, também,
que sua única força é a graça a qual obtiveram nos momentos de
espera. Assim Deus trabalhará para a sua igreja, a qual nele
espera.
Oremos enquanto permanecermos nesta meditação sobre trabalhar-se
para Deus e o Espírito Santo nos mostrará como é sagrado e urgente
esse ministério para que trabalhemos e que absoluta é nossa
dependência na força de Deus a qual opera e trabalha em nós. Vamos
também aprender como é certo para aqueles que esperam, nele
renovarem todas as suas forças. Então descobriremos que trabalhar
para Deus e esperar nele são coisas unicamente inseparáveis.
1. É apenas na medida que Deus trabalha para mim e em mim que
consigo trabalhar para Ele.
2. Todo trabalho dele em e por mim flúi através da vida dele
previamente instalada em mim.
3. Certamente ele operará, sempre que eu esperar nele.
4. Todo trabalho dele por mim e minha espera nele, têm apenas como
único objectivo equipar-me para o trabalho de salvar homens para
Ele.

CAPÍTULO 2
BOAS OBRAS: LUZ PARA O MUNDO
"Vós sois a luz, do mundo...assim brilhe também a vossa luz.
diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e
glorifiquem a vosso pai que está nos céus", (Mt.5.14-16)
Uma luz foi feita para que aqueles que estão na escuridão possam
ver. O sol ilumina as trevas deste mundo. Uma lâmpada é posta em
num quarto para lhe fornecer luz. A igreja de Cristo é essa luz
dos homens. O Deus deste mundo lhes cegou os olhos, 2 Cor.4.4. Os
discípulos de Cristo devem brilhar na escuridão para dar luz. Tal
como os raios de luz a partir do sol se espalham por todos os
cantos do mundo, a luz das boas obras dos crentes se espalhará
para conquistar as trevas à sua volta, tal como toda a sua
ignorância e alienação de Deus.
Que lugar sublime e sagrado é dado às boas obras! Como é grande a
pujança atribuída às mesmas! Quanto tudo depende delas! Elas não
são apenas a luz, a saúde e a alegria de nossas próprias vidas,
mas também a forma de ganhar almas perdidas "das trevas para sua
maravilhosa luz", 1Ped.2.9. Elas não somente têm como abençoar os
homens, mas também glorificam Deus ao induzirem os homens a
reconhecê-lo e vê-lo como o Autor dessa graça vislumbrada em seus
filhos. Estude os ensinamentos da Escritura no tocante às boas
obras, especialmente ao trabalho feito directamente para Deus em
seu Reino. Ouça o que estas palavras do Mestre têm para nos dizer.
O objectivo das boas obras é Deus ser glorificado. Lembremo-nos do
que nosso Senhor disse ao Pai: "Eu te glorifiquei na terra,
consumado a obra que me confiaste para fazer", João 17.4.
É possível lermos mais que uma vez como as pessoas glorificam Deus
através dos milagres. Isto é possível apenas porque aquilo que Ele
fez foi possível manifestar pelo seu poder divino. Este ponto é
quando nossas boas obras são algo mais que as virtudes comuns dum
certo homem refinado, as quais trazem com elas a marca de Deus e é
assim os homens glorificam a Deus.
Elas devem ser as boas obras das quais o Sermão da Montanha
encarna, Mat.5.1; 7.29 - a vida dum filho de Deus, fazendo mais
que os outros, buscando ser perfeito como seu Pai nos céus é
perfeito. Quando os cristãos glorificam Deus e podem reflectir seu
amor, ajudam a preparar para a conversão os que ainda não foram
salvos. Essas obras preparam o caminho para testemunhar e
demonstrar a realidade da verdade divina que é ensinada.
Todo o mundo foi feito para glorificar Deus. Cristo veio para nos
redimir do pecado e fazer com que voltemos glorificá-lo e a servi-
lo. Os crentes são colocados no mundo com esse único propósito,
para que possam trazer outros para Deus através da luz das suas
boas obras. Tão verdadeiro como é a luz do sol que ilumina o mundo,
as boas obras dos filhos de Deus são precisamente a luz daqueles
que não o conseguem amam. Temos de entender, nitidamente, que as
boas obras trazem o selo de algo celestial e divino com elas e
trazem consigo o poder de Deus.
O poder reside nessas boas obras. Escreveu-se sobre Cristo "A vida
estava nele e a vida era a luz dos homens", João 1.4. A vida
celestial transmite essa mesma luz divina através de seus
discípulos. Cristo disse "Quem me segue não andará nas trevas;
pelo contrário, terá a luz da vida", João 8.12. Cristo é a nossa
única luz e vida. O sentido mais profundo de "Deixe a sua luz
brilhar" é, deixe Cristo, que habita em si ser visto por todos
quantos achar em seu caminho. E porque Cristo é toda a sua luz, as
suas humildes obras podem trazer consigo aquele poder de convicção
divina. O poder divino actuando em si, será o mesmo que irá actuar
em todos aqueles que vêem sua obra. Dê guarita à vida e à luz de
Cristo se Ele habita em si e os homens irão glorificar seu Pai que
está nos céus, porque eles viram essas boas obras.
Há uma necessidade urgente de boas obras nos crentes.
Assim como é necessário que a luz do sol brilhe sempre, é ainda
mais necessário que todos os crentes deixem sua luz brilhar diante
dos homens. Quando fomos recriados de novo em Cristo, foi
precisamente com essa finalidade – levar a Palavra da Vida como a
única luz no mundo. Cristo precisa de si urgentemente para deixar
que a luz dele resplandeça através de si. Os que ainda não foram
salvos à sua volta precisam dessa luz em si para poderem achar
seus caminhos até Deus. Ele precisa de si para deixar que a sua
glória seja vista através de si. Assim, do mesmo modo que uma luz
serve para iluminar um quarto, todo o crente deve ser útil, também,
para iluminar o mundo.
Vamos estudar o que significa trabalhar para Deus e como todas as
boas obras fazem parte desse mesmo trabalho. Então iremos desejar
seguir Cristo incondicionalmente e ter nesse tipo de luz de vida
brilhando em nossos corações e vidas e que a partir de nós
resplandece para o mundo ver.
1. "Vós sois a luz do mundo". Estas palavras expressam o
chamamento da igreja como um todo. O Cumprir dessa obra depender
da fé com a qual cada membro individual ama e vive para todos
aqueles que o rodeiam também.
2. Em todos nossos esforços para acordar a igreja a fim de
evangelizar o mundo, nosso objectivo primário, deve ser levantar o
padrão de vida de cada crente individualmente no tocante ao
ensinamento: tão verdadeiro como uma vela existe com o único
objectivo de dar luz onde existe escuridão, o único objectivo de
toda a sua vida é ser luz para os homens.
3. Ore para que Deus, através do seu Espírito Santo, manifeste que
você não tem em si qualquer outro motivo para viver a não ser
deixar que a luz e o amor de Deus brilhem sobre almas.

CAPÍTULO 3
VAMOS TRABALHAR
"Filho, vai hoje trabalhar na vinha ", Mat.21.28
Um pai tinha dois filhos. Ordenou ele que fossem trabalhar em sua
vinha. Um foi, o outro não. Deus deu a ordem e o vigor para que
cada um de seus filhos trabalhe arduamente em sua vinha, tendo o
mundo como o campo de lavoura. A maioria dos filhos de Deus não
está trabalhando para Ele e o mundo está perecendo com isso.
De todos os mistérios que nos cercam no mundo, um dos mais
estranhos e mais incompreensíveis, é que, após centenas de anos, o
nome de Jesus ainda é desconhecido de muitos.
Pense no que isto significa. Para restaurar a ruína que o pecado
causou, Deus, o Criador Todo-Poderoso, mandou seu próprio Filho ao
mundo para falar aos homens de todo seu amor e que lhes veio
trazer a vida e a salvação. Quando Cristo fez de seus discípulos
participantes nessa salvação juntamente com o inefável júbilo que
ela traz consigo, Ele enfatizou que deveriam fazer com que ela se
tornasse conhecida dos outros e que estes, por sua vez, também se
tornassem em luzes do mundo. Ele falou referindo-se a todos
quantos viriam a Ele através de seus testemunhos. Ele deixou o
mundo com a instrução específica de levarem a Palavra de Deus a
todos os homens e ensinar a todas as nações a praticar tudo quanto
Ele lhes havia ordenado. Ele também deu a garantia definitiva de
que todo o poder para esse trabalho estava nele. Através do poder
do seu Espírito Santo, Ele capacitaria todo o seu povo para ser
testemunha hábil até aos confins da terra. Mas, o que vemos agora?
Muitos ainda têm de ouvir falar do nome de Jesus e muitos agem
como se nunca tivessem ouvido nada d’Ele!
Pense novamente o que significa isto. Todos estes milhões que
estão morrendo têm por ordenança, tomar conhecimento de Cristo.
Sua salvação depende do seu conhecimento que dele obtenham. Ele
pode transformar-lhes as vidas inúteis de pecado e infelicidade à
obediência santa e alegria celestial. Cristo tem Seus direitos
sobre eles. Vê-los vir para serem abençoados nele, traria enorme
felicidade a seu coração. Um serviço a Deus é sermos transmissores
dessa mesma verdade. E ainda assim, o que seu povo faz não é nada
comparado com o que é necessário fazer, com o que poderia ser
feito e nem com o que deveria ser feito.
Que revelação do estado da igreja actual! A maioria dos que são
contados como crentes não faz nada para que Cristo seja mais
conhecido entre todos os seus semelhantes. Há aqueles que estão
inteiramente ao serviço de Cristo, mas eles não estão livres para
conquistar o mundo porque estão ocupados em ensinar e ajudar
cristãos fracos! Mesmo com sua salvação consumada, um Redentor
amoroso tão próximo e uma igreja destinada a espalhar a Palavra de
Deus, muitos ainda estão perecendo!
Não existe nada mais importante para a igreja do que pensar em
tudo quanto possa ser feito com a finalidade de despertar os
crentes para fazê-los entender o verdadeiro sentido do ministério
santificador e de enxergarem que para trabalhar para Deus, devem-
se oferecer a si mesmos como instrumentos através dos quais Deus
possa fazer essa sua obra. Duas reclamações continuamente ouvidas,
são a falta de entusiasmo pelo reino de Deus na maioria dos
crentes e as vãs tentativas de despertar o seu interesse para as
missões. Nada mais é necessário que a renovação do cristão normal
para um tipo de devoção inteiramente renovada. Nenhuma mudança
verdadeira pode acontecer até que a verdade seja pregada e
finalmente aceite. A lei do Reino é: todo o crente deve viver
completamente entregue ao serviço e à obra de Deus.
O pai que chamou aqueles seus filhos para trabalharem em sua vinha
não os deixou escolherem fazer nem muito nem pouco de acordo com o
que lhes aprouvesse. Eles viviam em sua casa. Eram seus filhos;
ele contava com o que lhe poderiam dar de volta – em tempo e força.
Deus espera isto mesmo de todos os seus filhos. Até que isto seja
entendido, que cada filho de Deus deve entregar seu coração
completamente aos interesses de seu Pai, a evangelização do mundo
não pode ser realizada ainda. Ouçam atentamente e o Pai vos dirá:
"vai trabalhar na minha vinha".
1. Por que é que apelos comoventes em favor de missões geralmente
trazem tão poucos resultados que permanecem? Porque a ordem é
trazida aos homens que ainda não aprenderam que a devoção absoluta
e a obediência imediata ao Senhor são a única essência da
verdadeira salvação.
2. Uma vez que os crentes vejam e confessem a sua falta de
interesse nas missões, estarão então apenas dando o primeiro passo
a caminho da renovação do desejo de viver completamente e
integralmente para Deus. Todo culto missionário será um encontro
consagrado para se buscar e entregar-se ao poder do Espírito Santo.
3. O padrão médio da santidade e devoção em casa nunca pode ser
menor em crentes individualmente do que o é dentro da igreja.
4. Nem todos podem viajar para fora, ou dar todo seu tempo
integral à obra; mas todos, independentemente do chamado ou
circunstâncias, podem disponibilizar seus corações totalmente para
viver para ganharem almas e disseminar o reino de Deus.

CAPÍTULO 4
CABE A CADA UM, A SUA PRÓPRIA RESPONSABILIDADE

"Um homem que, ausentando-se do país, deixa a sua casa, dá


autoridade aos seus servos, a cada um uma obrigação, e ao porteiro
ordena que vigie", Marc 13.34.

O que disse sobre o fracasso da igreja no cumprimento das


obrigações do Mestre, tem-me feito perguntar "O que pode ser feito
para erguer a igreja ao verdadeiro estandarte do seu chamado?"
Este livro tenta dar essa resposta. Trabalhar para Deus deve
ocupar um lugar muito diferente e muito mais definido em nossos
ensinos e treino dos discípulos de Cristo, do que ocupou antes.
Ao estudar esta questão, fui auxiliado em muito pela vida e os
escritos do grande educador Edward Thring. A frase que abre o
prefácio da sua biografia diz: "Edward Thring inquestionavelmente
foi o personagem mais original e interessante no mundo do ensino
em sua época na Inglaterra". Thring atribuía sua pujança e sucesso
à ênfase que forneceu a alguns princípios simples e a fé com que
os conduzia sob qualquer sacrifício. Eu descobri que eles são de
grande auxílio no tocante à obra da pregação assim como do ensino
e para apresentá-los facilitará se clarificarmos algumas das
lições principais que esse livro nos propõe.
O princípio básico que distingue os ensinamentos de Thring de tudo
quanto era comum em sua época: cada criança na escola,
independente das suas capacidades e habilidades, deve receber o
mesmo grau de atenção. Em Eton, onde ele foi educado e esteve pela
primeira vez assentado num banco escolar, viu como era
constrangedor o malefício do sistema oposto ao seu. Ignorando a
maioria, a escola mantinha o seu prestígio treinando um número de
homens para ganhar os mais altos títulos. Ele considerou isto como
desonesto. Não poderia haver verdade numa escola que não se
ocupava com todas as pessoas da mesma forma. Cada criança tinha um
dom. Todas necessitavam de atenção especial e poderiam, com algum
cuidado mínimo e paciência, tornarem-se aptas a saber cumprir sua
missão de vida.
Apliquem isto na igreja. Todos os crentes são chamados a viver e
trabalhar para o reino de seu Deus. Todos os crentes foram
igualmente afirmados na graça e poder do Espírito Santo, de acordo
com seus dons, para se tornarem capazes de realizar suas obras. E
todo crente tem o direito de ser ensinado e auxiliado através da
igreja para o serviço que o Senhor espera que ele faça através
deles. Quando todos os crentes, mesmo os mais fracos, forem
treinados como trabalhadores de Deus, a igreja terá sua missão
consumada. Ninguém pode ser deixado para trás, porque o Mestre
confiou o seu trabalho aos crentes para o fazerem.
Um outro princípio de Thring: uma lei da natureza é que o trabalho
é prazer. Faça-o voluntáriamnete e não de forma compulsória e
egoísta. Não conduza as pessoas cegamente. Mostre-lhes porque
razão elas têm de trabalhar, qual será o valor de sua obra, que
interesse pode ser despertado neste trabalho feito, assim como o
prazer que se descobre por ele.
Que seara se abrirá para o pregador da Palavra de Deus que toma
lugar como um dos discípulos de Cristo! O pregador deve deixar
clara a grandeza, a glória, a bênção divina da obra a ser
realizada. O pregador deve mostrar a valorização de se levar
adiante a vontade de Deus e de se ganhar a aprovação dele. Devemos
apresentar o Salvador aos que ainda não estão salvos da melhor
maneira. Devemos desenvolver o vigor espiritual, a nobreza no
tocante ao carácter, o espírito que se sacrifica e que leva a
carregar consigo a verdadeira imagem de Cristo.
Uma terceira verdade na qual Thring particularmente insistia era a
necessidade de inspirar a convicção para se assegurar a obtenção
duma meta, que não é adquirir conhecimento extenso, mas antes
cultivar a prontidão e aptidão de aprender – apenas isso pode
significar o verdadeiro ensino. Na medida das capacidades de
observação de um aprendiz que crescerão sob essa mesma orientação
fiel de ensinamento, ele encontrará em si mesmo uma nova fonte de
vigor e prazer que jamais conhecera até ali. Ele sente-se como que
renovado, começando a viver de novo e o mundo em volta adquire uma
nova forma de estar, um novo sentido. Como disse Thring "ele
torna-se mais consciente duma infinidade de glória indubitável
entre as tarefas quotidianas e tornar-se-á senhor dum reino sem
fim, cheio de luz, prazer e poder".
Se é esta a lei e a bênção de uma educação real, quanta luz é
despejada sobre o chamado de todos os professores e líderes na
igreja de Cristo! Oh não sabeis como a Escritura nos afirma
categoricamente que somos o templo de Deus, 1 Cor.3.16 e, que o
Espírito Santo habita em si, 2 Cor.6.19? Desse modo esta verdade
adquire um novo significado. Diz que a única coisa que é
necessária ser despertada nos corações dos crentes é a fé no
"poder que opera em nós", Ef.3.20. Assim que nos apercebamos do
valor e da glória da obra por fazer – assim que acreditarmos em
nossas possibilidades, logo seremos capazes de fazer bem nossa
obra – se aprendermos a confiar que o poder e o Espírito de Deus
actuam em nós "tomar-nos-emos, no sentido mais completo,
conscientes de uma nova vida, com uma infinita glória indubitável
nas tarefas quotidianas e torna-se senhor dum reino sem fim, cheio
de luz, prazer e poder." Esta é a vida soberana para a qual Deus
chama todos os que se chamam seu povo. O cristão verdadeiro é o
que toma conhecimento do poder de Deus operante em si e descobre
que o verdadeiro júbilo é deixar que a vida de Deus flua dentro
dele livremente, por dele e para fora dele a todos os que estão à
sua volta.
1. Devemos aprender a pôr inteira fé no valor de cada crente
individual. Assim como os homens são salvos um a um, devem ser
treinados um por um para essa obra.
2. Devemos acreditar que o trabalho para Cristo deve-se tomar
natural, tanto quanto atraente e brotando prazer, tanto no mundo
espiritual como no terreno.
3. Devemos crer e ensinar que todo crente pode-se transformar num
obreiro efectivo em sua área de trabalho. Você procura tornar-se
derretendo de amor pelas almas perdidas?

CAPÍTULO 5
CADA QUAL CONFORME A SUA CAPACIDADE
"Pois será como um homem que, ausentando-se do país,
chamou os seus servos e lhes confiou seus bens. A um deu cinco
talentos, a outro, dois e a outro, um, a cada um segundo a sua
própria capacidade; e, então, partiu", Mat.25.14,15
Nesta parábola dos talentos, temos um sumário instrutivo de todos
os ensinamentos de Nosso Senhor no tocante ao trabalho que ele nos
deu a fazer como seus servos. Ele diz-nos que foi para os céus e
deixou sua obra na terra para ser cuidada através de sua igreja.
Ele nos diz ainda que Ele fornece a todos uma tarefa por igual,
não importando quão distintos sejam os dons. Ele nos diz também
que está esperando obter de volta todo o seu dinheiro com juros.
Ele nos fala ainda do fracasso daquele que recebeu menos e o que
aconteceu para vingar tal negligência.
"Chamou os seus servos e lhes confiou seus bens... e, então,
partiu". Isto é literalmente o que Nosso Senhor fez. Ele foi para
os céus, deixando to a sua obra juntamente com todos os seus bens
para se encarregar de sua igreja. Seus bens eram os ricos em sua
graça, bênção espiritual em lugares celestiais e também em sua
Palavra e Espírito. Ele deu sua palavra enquanto na terra. Essas
palavras seriam para dar continuidade ao trabalho que Ele ousou
encetar. O Nosso Senhor deu sociedade a seu povo e deixou por
inteiro sua obra na terra entregue nas suas mãos. Mas a
negligência deles iria causar sofrimento e a sua diligência seria
o seu enriquecimento. Aqui temos o verdadeiro princípio básico de
toda a obra cristã – Cristo se fez depender da fé de todo seu povo
para estender seu Reino.
"A um deu cinco talentos, a outro, dois e a outro, um, a cada um
secundo a sua própria capacidade". Apesar de haver uma diferença
na quantidade, cada qual recebeu uma devida porção dos bens do
mestre. Em relação ao trabalho de nos provermos uns aos outros, é
ainda possível lermos assim: "e a graça foi concedida a cada um de
nós segundo a proporção do dom de Cristo", Ef.4.7. Esta verdade de
que a cada crente sem excepção foi incumbida uma parte activa na
obra de ganhar o mundo para Cristo, quase se perdeu hoje. Cristo
foi primeiro um filho, depois um servo. Todo crente é primeiro um
filho de Deus, só depois um servo. Esta é a maior honra de um
filho, ser um servo, ter o trabalho do pai confiado nele próprio.
O missionário local, ou estrangeiro que trabalham para a igreja
terão autuado correctamente até que cada um sinta que o único
propósito dele estar no mundo é trabalhar para o alargamento Reino
em qualidade também. O primeiro trabalho dos servos na parábola
era passarem suas vidas tomando conta dos interesses de seu mestre.
"Depois de muito tempo, voltou o senhor daqueles servos e ajustou
conta com eles", Mat.25.19. Cristo continua a tomar conta da obra
que Ele deixou para ser feita na terra. Seu Reino e glória
dependem disto. Não só Ele nos responsabilizará quando voltar para
o julgamento, mas também perguntará incessantemente a seus servos
sobre seu bem-estar e trabalho. Ele volta para aprovar e encorajar,
para corrigir e advertir. Por sua Palavra e Espírito, Ele indaga
se estamos a usar nossos talentos de forma diligente e se estamos,
como servos devotos, vivendo apenas e exclusivamente para a obra
dele. Ele encontra alguns obreiros diligentes e a eles
frequentemente diz: "entra no gozo do teu senhor", v.21. Ele vê
também que outros estão desencorajados e os inspira esperança
renovada. Ele encontra alguns outros trabalhando com as próprias
forças. A estes Ele reprime. Ainda a outros Ele acha dormindo ou
escondendo seus talentos. Para tais, sua voz fala numa advertência
solene: "mas ao que não tem, até o que tem lhe será tirado", v.29.
O coração de Cristo está rendido e entregue ao total da Sua obra.
Todos os dias, Ele fiscaliza Sua obra com redobrado interesse. Não
vamos desapontá-lo ou tentar enganarmo-nos a nós próprios.
"Receoso, escondi na terra o teu talento", v.25. Esta é uma lição
profundamente solene, a de que o homem com um talento foi o que
falhou e foi assim tão severamente punido. Isto chama a igreja à
atenção. Negligentes no ensino aos mais fracos que sua obra é
totalmente necessária, esta permite e pactua com o desleixe,
dizendo e ensinado que os dons não sejam usados por serem fracos e
insignificantes. Ensinado a grande verdade que cada ramo numa
árvore (por pequeno que seja) irá produzir e carregar fruto, a
igreja deve dispensar ênfase especial no perigo de pensar que isto
é esperado só para o forte e mais avançado no cristianismo. Quando
a verdade reina numa escola, os alunos mais atrasados receberão
dobrada atenção, tal como a que é dirigida aos mais inteligentes.
Cuidados devem ser tomados para que os cristãos mais fracos
recebam um treino especial, podendo assim usufruir do gozo de
terem sua parte na obra de seu Senhor e toda a bênção que ela
acarreta com isso. Se a obra de Cristo está por se fazer, ninguém
pode faltar ou falhar.
"Senhor, sabendo que és homem severo... [fiquei] receoso",
Mat.25.24,25. A falha no serviço é causa de pensamentos irados de
Deus e fá-lo olhar para sua obra como se ele fosse um patrão
repressor. Se a igreja é olhar pelos fracos que são e se sentem
desencorajados e desmotivados, devemos ensiná-los tudo quanto Deus
fala sobre a suficiência de graça e da certeza do seu sucesso.
Eles devem aprender a acreditar que o poder do Espírito Santo
dentro deles os equipará e capacitará em todos os sentidos para a
obra para a qual Deus os chamou. Devem aprender a entender que
Deus irá fortalecer o homem por dentro com a força de seu Espírito,
Ef.3.16, devem ser ensinados de que o trabalho é gozo, saúde e
força. O descrédito para com este ensino é a raiz da preguiça. A
fé abre os olhos para que a graça da obra de Deus seja vista e
revista, a suficiência da sua força e a sua rica recompensa. A
igreja deve despertar para seu chamado e treinar os mais fracos de
seus membros para que aprendam que Cristo conta com cada indivíduo
redimido para que viva inteiramente entregue à Sua obra dentro e
fora dele. Apenas isto é o verdadeiro cristianismo. Apenas esta é
a verdadeira salvação.

CAPÍTULO 6
RELAÇÃO ENTRE OBRA E VIDA
"Minha comida consiste em fazer a vontade daquele que me enviou e
realizar a sua obra", João 4.34
"É necessário que faça as obras daquele que me enviou", João 9.4
"Eu te glorifiquei na terra, consumado a obra que me confiaste
para fazer; e agora, glorifica-me, ó Pai, contigo Mesmo", João
17.4,5
Leia de novo e cuidadosamente estas palavras de nosso Senhor e
veja qual a glória divina que reside em Sua obra. É precisamente
em sua obra que Cristo manifestou sua glória e a do Pai, devido à
obra que Ele efectuou e porque com ela Ele glorificou o Pai, a
quem reivindicou para dividir a glória dos céus. Porque Ele
realizou essa grande obra, então o Pai pôde ser glorificado. A
obra, realmente é a forma mais elevada da existência, a mais alta
manifestação da glória divina no Pai e no Filho.
O que é verdadeiro de Deus é verdadeiro dos homens. A vida é uma
acção e manifesta-se no que se realiza. A vida física, a
intelectual, a moral e a espiritual – individual, social,
nacionalmente – todas são julgadas pelo que realizaram. O carácter
e a qualidade destas realizações dependem do tipo de vida – assim
como a vida, também a obra. Sem isto, não pode haver
desenvolvimento global na manifestação e aperfeiçoamento da vida -
assim tal a obra, tal a vida.
Isto é essencialmente verdadeiro na vida espiritual – a vida do
Espírito em nós. Pode haver uma grande quantidade de trabalho
religioso que é o resultado da vontade do homem e de seu esforço.
Mas há pouca verdade, valor e poder, porque a vida divina é fraca.
Quando o crente não sabe que Cristo vive nele e não sabe que o
Espírito e o poder de Deus operam nele, pode haver muita
sinceridade e diligência, mas quase nada de tudo isso ficará para
a eternidade. Ao contrário, pode haver muito mais fraquezas
externas e fracasso aparente, mas os resultados provarão sempre se
a vida é verdadeiramente de Deus.
As obras dependem da vida e a vida depende das obras para seu
devido crescimento e perfeição. Todas as vidas têm um destino. Não
podem consumar seu propósito sem trabalhar. A vida é aperfeiçoada
pela obra e a maior manifestação de sua natureza oculta e poder
vem da essência de toda a sua obra. Então a obra é o grande factor
pelo qual a beleza terá realce e as possibilidades divinas da vida
cristã serão manifestas. A obra não deve apenas ser realizada pelo
filho de Deus devido ao facto de ser instrumento divino, mas
também para lhe garantir a mesma posição que tem diante de Deus.
Assim como o Pai, o Filho e o Espírito Santo habitam em nós e essa
obra é a mais alta manifestação da vida.
A obra deve ser reposta no seu verdadeiro lugar, no plano de Deus
e para a vida cristã como a mais elevada forma de existência dum
ser criado. Assim como Deus nunca pára de realizar sua obra de
amor e bênção dentro e através de nós, devemos fazer com que Ele
efectue e realize em nós a maior prova de havermos sido criados de
novo em Sua semelhança.
Trabalhar para Deus deve ter muito mais proeminência do que
realmente lhe é dada se forem levados em conta todos os propósitos
de Deus. Todo crente deve ser ensinado que a obra é nossa maior
glória, pois é a única manifestação perfeita e é por essa razão a
perfeição da vida em Deus através no mundo. Devemos perguntar se
assim é também em nossa vida, de facto.
Se nossa obra deve ser nossa maior glória, devemos nos lembrar de
duas coisas: primeira, ela pode ser apresentada como apenas o
começo dum trabalho. Aqueles que não lhe direccionam toda a sua
atenção, não conseguem perceber quão grande é a tentação de fazer
da obra uma questão de pensamento, oração e propósito, sem que
esta seja de facto efectivada e feita. É mais fácil ouvir que
pensar, mais fácil pensar que falar, mais fácil falar que agir.
Podemos ouvir e aceitar e admirar mesmo toda a vontade de Deus em
nossas orações proferir nossa vontade de a efectuar e mesmo assim
não nos prontificarmos a fazer. Vamos assumir nosso chamado como
obreiros de Deus e trabalhar duramente para Ele. A prática é nossa
melhor instrutora. Se você quer saber como fazer algo, tente
fazendo.
Então será capaz de entender este segundo aspecto: há graça
suficiente em Cristo para toda a obra que você tem de dirigir.
Será possível ver com alegria sempre crescente como Ele, a Cabeça
do corpo ao qual pertence, é capaz de operar em si, o membro. Será
possível então ver como obrar para Deus se pode tornar na sua mais
próxima mais completa irmandade com Cristo – a mais alta
participação no poder de sua vida ressuscitada e glorificada.
1. Tenhamos cuidado com a separação da vida e da obra. Quanto mais
obras tiver, mais a sua se apresenta como fracasso. Quanto mais
inapto se sentir para a obra, mais tempo e maior cuidado deve ter
para que sua vida interior possa ser renovada através da mais
próxima comunhão com Deus.
2. "Cristo vive em mim " é o segredo do gozo e da esperança e
também será do vigor para trabalhar. Cuide de ter vida e a vida
cuidará da obra. "E fiques cheio do Espírito Santo", Act.9.17.

CAPÍTULO 7
O PAI È QUEM FAZ AS SUAS OBRAS PERMANECENDO EM MIM
"Mas ele lhes disse: Meu Pai trabalha até agora e eu trabalho
também", João 5.17
"Não crês que estou no Pai e que o Pai está em mim? As
palavras que eu vos digo não as digo por mim mesmo; mas o Pai,
que permanece em mim, faz as suas obras", João 14.10
Jesus Cristo fez-se homem, então Ele teve como nos mostrar o que é
um homem verdadeiro. Ele se tomou homem para nos mostrar como Deus
vive e opera dentro do homem. E Ele tornou-se homem para nos
mostrar que podemos sentido para e em nossas vidas e fazermos
nossas obras todas em Deus. Em palavras como estas acima, nosso
Senhor abre para nós o mistério intrínseco de sua vida privada e
revela-nos a natureza e o segredo mais profundo da sua própria
obra. Ele não veio ao mundo para trabalhar pelo Pai. A obra de
Cristo era fruto, o reflexo terreno de toda a obra do Pai. Não era
como se Cristo meramente visse e copiasse o desejo do Pai para
fazer – “o Pai, que permanece em mim, faz as suas obras". Cristo
fez toda sua obra através do poder do Pai que estava vivendo e
operando nele. Tão completa e real foi sua dependência do Pai que,
ao tentar explicar isto aos judeus, Ele usou expressões tão fortes
como "o Filho nada pode fazer por si mesmo, senão somente aquilo
que vir fazer o Pai", João 5.19 e "eu nada posso fazer de mim
mesmo", v.30. O que Ele disse – “porque sem mim, nada podeis
fazer", João 15.5 – é tão verdadeiro para nós como era para Ele em
relação ao Pai. "O Pai que permanece em mim, faz as suas obras".
Jesus Cristo tornou-se homem e pôde então revelar-nos o que é um
homem verdadeiro, qual a dimensão verdadeira da relação entre um
homem e Deus e qual a maneira verdadeira de servir Deus e de
realizar sua obra em nós. Quando somos novas criaturas em Jesus
Cristo 2Cor.5.17, a vida que recebemos é a vida que era e é em
Cristo. Somente estudando sua vida na terra que decifraremos o
nosso modo de vida. "Assim como o Pai, que vive, me enviou e
igualmente eu vivo pelo Pai, também quem de mim se alimenta por
mim viverá", João 6.57.
Cristo não considerou isso uma usurpação o nunca haver feito nada
por si a sós sendo sempre e exclusivamente dependente do Pai. Ele
contou com tal como sua glória mais elevada porque todas as suas
obras eram as obras do glorioso Pai por ele. Quando vamos entender
que esperar em Deus, encurvarmo-nos diante dele em perfeito
desamparo e deixá-lo efectuar tudo por nós, é nossa verdadeira
realeza e o segredo da actividade mais nobre? Somente esta será a
verdadeira essência de toda a vida de Cristo, a verdadeira vida de
todos os filhos de Deus. Tal como esta vida é entendida e mantida,
o poder para se trabalhar crescerá porque a alma está na dimensão
pela Deus pode operar em nós, como o Deus que é "bom para os que
esperam por ele ", Lam.3.25.
Ignorando ou negligenciando estas grandes verdades, não poderá
haver trabalho verdadeiro para Deus. A explicação desta queixa que
se estende a grande parte da actividade cristã com tão poucos
resultados genuínos, é que na verdade, Deus opera em nós, mas Ele
não pode operar completamente a não ser que vivamos em sua
dependência de forma absoluta. O reavivamento pelo qual muitos
anseiam e pelo qual oram deve começar assim: o retorno dos
ministros e obreiros cristãos ao seu verdadeiro lugar diante de
Deus – em Cristo. E, como Cristo, devemos depender completamente e
esperar continuamente em Deus para que Ele opere tudo isso em nós.
Convido a todos os obreiros, jovens ou experientes, bem sucedidos
ou desapontados, cheios de esperança ou de medo, a virem aprender
com nosso Senhor Jesus o segredo do verdadeiro trabalho para Deus.
"Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também". "O Pai, que
permanece em mim, faz as suas obras". A paternidade divina
significa que Deus é tudo, provê tudo, opera em tudo. Dependa
continuamente do Pai e receba a cada instante toda a energia
necessária para o trabalho dele. Tente alcançar a grande verdade,
porque "o mesmo Deus é quem opera tudo em todos", 1Cor.12.6, sua
única necessidade é, em profunda humildade e fraqueza, esperar e
confiar no trabalho dele. Assim aprendemos que Deus pode conseguir
em nós apenas na medida que pode permanecer em nós. "O Pai, que
permanece em mim, faz as suas obras". Cultive o sentido sagrado da
contínua proximidade e presença de Deus, de ser templo
exclusivamente seu e por Ele habitar em si. Ofereça-se para que
Ele opere em si todo seu grande regozijo. Você descobrirá que
trabalhar, ao invés de ser um estorvo, pode tomar-se o maior
incentivo para uma vida de irmandade e dependência filial.
A princípio pode parecer que esperar para que Deus opere em si,
irá colocá-lo fora da sua obra. Pode até ser assim – mas isso será
apenas para lhe trazer bênção maior, para quando já tiver
aprendido a lição de fé em crer na obra dele, mesmo quando não se
estiver apercebendo dela. Você pode ter de fazer seu trabalho na
fraqueza, no medo e com muito temor, mas conhecerá o mérito do
poder de Deus e nunca mais do seu. Como você sabe mais de si mesmo
e Deus mais ainda, permanecerá feliz apenas pelo simples facto do
poder dele que se aperfeiçoa na fraqueza viver e abunda em si
também, 2Cor.12.9.
1. O Pai operou no Filho enquanto cá na terra e agora opera
diante d’Ele nos céus. Será nessa mesma forma e medida do Pai
operando em Cristo que aceitamos que faremos obras maiores através
de Cristo. João 14.10-12.
2. O Deus interior opera em nós. Permita a Deus viver em si
exclusivamente e Ele estabelecerá sua boa obra por lá.
3. Ore muito para achar graça para dizer, em nome de Jesus, "O
Pai, que permanece em mim, faz as suas obras".
4. “O Pai, que permanece em mim, faz as suas obras". E a mesma
lei a qual rege a Cabeça se aplica nos membros e o que serve para
Cristo serve o crente. "O mesmo Deus é quem opera tudo em todos",
1Co 12.6.

CAPÍTULO 8
MAIORES OBRAS

"Em verdade, em verdade, vos dito que aquele que crê em


mim fará também as obras que eu faço e outras maiores as fará,
porque eu vou para junto do Pai. E tudo quanto pedires em meu
nome, isso farei, a fim de que o Pai seja glorificado no Filho. Se
me pedires alguma coisa em meu nome, eu o farei. " João 14.12-14.
Em João 14.10, ouvimos: "O Pai, que permanece em mim, faz as suas
obras". Cristo revela-nos o segredo de todo o labor divino – o
homem deixando somente Deus habitar e actuar nele. A lei de Deus
actuando dentro de cada homem permanece imutável quando Cristo
prometeu "aquele que crê em mim fará Também as obras que eu faço ".
Se Cristo diz "O Pai, que permanece em mim, faz as suas obras",
quanto mais deveríamos nós afirmá-lo? Com Cristo connosco o "O
mesmo Deus é quem opera tudo em todos", 1 Cor.12.6.
Somos instruídos de como devem ser as coisas no mundo "aquele que
crê em mim". Que não significa apenas que devemos acreditar em
Cristo para a salvação, como um Salvador do pecado. Há muito mais.
Em João 14.10,11 Cristo disse "O Pai, que permanece em mim, faz as
suas obras. Crede-me que estou no Pai e o Pai em mim". Ternos de
acreditar em Cristo como aquele no qual e pelo qual o Pai opera
incessantemente. Acreditar em Cristo é recebê-lo no coração.
Quando vemos o Pai operando junto com Cristo, sabemos que crer e
confiar em Cristo, recebê-lo no coração, será como receber o Pai
que permanece nele e que por Ele opera. As obras dos seus
discípulos que se acham por fazer ainda, não podem ser realizadas
de nenhuma outra forma distinta daquela que ele usou para as fazer.
Isto fica ainda mais clarificado quando o Senhor adiciona: "e
outras (obras) maiores fará, porque eu vou para junto do Pai".
Está claro o que são as obras maiores. Três mil foram balizados
pêlos discípulos em Pentecostes e multidões foram adicionadas ao
Senhor mais tarde. Felipe na Samaria, o homem de Chipre e Cirene,
Barnabé na Antioquia, Paulo em suas viagens – sempre iam sendo
adicionadas muitas pessoas ao Senhor. Incontáveis servos até o dia
de hoje, na colheita de almas, fizeram estas obras maiores, por,
com e através de Cristo.
Quando o Senhor diz: "porque eu vou pura junto do Pai", manifesta
nitidamente a razão pela qual estamos sendo feitos capacitados
para empreender essas maiores obras. Quando ele entrou na glória
com o Pai, todo poder na terra e no céu lhe foram dados como nosso
Redentor. O Pai operou através dele na forma mais gloriosa
imaginável. Mais tarde operou do mesmo jeito através dos
discípulos. O seu trabalho na terra recebeu do poder do Pai nos
céus. Então seu povo, ainda na fraqueza, faria obras como as dele
forma feitas e obras maiores no mesmo sentido através do mesmo
poder recebido dos céus. A lei do trabalho divino é imutável – o
trabalho de Deus só pode ser feito através d’Ele próprio. Assim
vemos Cristo fazendo e o recebemos desta forma também, como Aquele
no qual e mediante quem Deus actua e pactua em nós e rendermo-nos
dessa forma e por inteiro para que o Pai Opere nele e em nós, que
faremos obras maiores do que as que Ele fez.
As palavras que seguem trazem ainda mais nitidamente as grandes
verdades que estamos aprendendo aqui, isto é, o nosso Senhor
operará em nós por inteiro, tal qual o Pai fez com Ele e nossa
atitude deve ser de fazer exactamente como Ele fez – inteira
receptividade e dependência. "E outras maiores fará, porque, eu
vou para junto do Pai. E tudo quanto pedires em meu nome, isso
farei ". Cristo liga as obras maiores que o crente irá fazer com a
promessa que Ele fará tudo que o crente pedir. Orações em nome de
Jesus serão a expressão de dependência e espera nele, por sua obra.
Ele promete: "E tudo quanto pedires... isso farei", em si e
através de si. E Ele acrescenta ainda, para "que o Pai seja
glorificado no Filho", assim nos lembra como Ele glorificara o Pai
ao entregar-se a Ele como Pai, para que fizesse sua obra nele como
Filho. No céu, Cristo ainda glorificaria o Pai ao receber o poder
do Pai para poder operar em seus discípulos o que o Pai operaria
pessoalmente. O crente, como o Cristo, não pode dar ao Pai glória
maior do que aquela de entregar a Ele para que opere por inteiro.
O crente não pode glorificar o Pai de nenhuma outra forma que não
seja através duma dependência absoluta e incessante no Filho, em
quem o Pai opera, para comunicar-se e operar em nós toda a obra do
Pai. "Se me pedires alguma coisa em meu nome, eu o farei" e
"outras [obras] maiores ainda fará ".
Consigamos que todo crente lute para aprender esta lição bendita:
"Farei as obras que vi Cristo fazer". Posso até fazer obras
maiores na exacta medida que me esteja rendido a Cristo,
enaltecido no trono em tremendo poder. Contarei com Ele actuante
em mim de acordo com esse mesmo poder. Preciso do espírito de
dependência e espera, de oração e fé, desta mesma forma que Cristo,
que habita em mim agora, tem para actuar por Ele, independente do
que eu pedir.
1. Como Cristo foi capaz de fazer as obras do Pai? Através do Deus
que habita nele! Como posso fazer as obras de Cristo? Por Cristo
que habita em mim!
2. Como posso fazer obras maiores que as de Cristo? Se acreditar
não apenas em Cristo, o Encarnado e Crucificado, mas também no
Cristo triunfante no trono e em mim.
3. Nesta obra tudo depende, caro crente, da vida, da vida interior,
da vida divina que se obtêm. Ore para perceber que a obra será
sempre em vão a menos que seja feita no poder do Espírito Santo na
exacta medida que pode vir habitar em si.

CAPÍTULO 9
RECRIADO EM JESUS PARA AS BOAS OBRAS
"Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não
vem de vós; é dom de Deus: não de obras, para que ninguém se
glorie. Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para as
boas
obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos
nelas ", Ef.2.8-10
Fomos salvos, não pelas obras, mas por causa das boas obras. A
diferença é enorme! A compreensão dessa diferença é essencial para
a saúde da vida evangélica. Não somos salvos pelas obras que
fizemos. Mas somos salvos para as boas obras que fazemos – o fruto
é consequência da salvação, parte do trabalho de Deus em nós, a
única coisa porque nascemos de novo e nos tornamos novas criaturas
em Cristo. Apesar de nossas obras serem sem valor na tentativa de
se conseguir a salvação, seu valor é infinito para o quanto Deus
nos criou e preparou. Devemos procurar guardar estas duas verdades
na totalidade de seu sentido espiritual. Quanto mais profundas
forem nossas convicções que fomos salvos, não pelas obras, mas
pela graça, mais forte a prova que fomos salvos para as boas obras.
"Não de obras... pois somos feitura dele". Se as obras nos
pudessem salvar, não haveria necessidade de sermos redimidos ainda.
Porque nossas obras eram todas saturadas de pecado e vãs, Deus
encarregou-se de nos fazer de novo. Agora somos sua feitura e
todas as boas obras que façamos são feitura sua também. "Somos
feitura dele, criados em Cristo Jesus". Tão completa foi a ruína
do pecado, que Deus leve de fazer toda a obra da criação de novo
em Jesus Cristo. Nele e particularmente em sua ressurreição dos
mortos, criou-nos de novo, à sua imagem e semelhança da vida
vivida por Cristo. No poder daquela vida e ressurreição somos
capazes e perfeitamente equipados para fazer as tais boas obras. O
olho, porque foi criado para ver luz, está perfeitamente adaptado
para sua obra. O ramo da videira, porque foi criado para dar uvas,
faz seu trabalho muito naturalmente. Nós, que fomos criados em
Jesus Cristo para as boas obras, podemos estar seguros de que a
capacidade divina para as boas obras é a lei para nossa existência.
Se simplesmente soubermos e vivermos em Jesus Cristo, como
primeiramente fomos criados nele, podemos e iremos ser frutíferos
em toda boa obra.
"Criados...para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para
que andássemos nelas". Fomos preparados para as obras e essas
obras para nós. Para que entendamos isto, pense como Deus
predeterminou seus servos mais antigos – Moisés e Josué, Samuel e
Davi, Pedro e Paulo – pela obra que tinha para eles e
predeterminou também as obras. Ele queria que as efectuassem. O
Pai preparou todas as obras para o mais humilde de seus filhos,
tanto quanto as preparou para aqueles que são líderes. Deus tem um
plano de vida para cada um de seus filhos, com o trabalho
distribuído de acordo com o poder e a graça necessários para a
obra. E assim, como o ensinamento está claro, "a salvação não é
pelas obras", também está sua equivalente abençoada, "a salvação é
para boas obras" – porque Deus nos criou para essas obras e até as
preparou para nós.
A Escritura confirma, portanto, a dupla lição que este livro
deseja trazer até si: as boas obras são o plano de Deus para toda
a sua vida nova que Ele lhe deu em Cristo e deseja que seja seu
objectivo também. Como cada ser humano foi criado para essa obra e
o dotou com o poder necessário para o empreender, o homem pode
viver uma vida saudável e verdadeira apenas trabalhando. Cada
crente existe para as boas obras então. Nelas sua vida será
aperfeiçoada, seus semelhantes serão abençoados e o seu Pai nos
céus será glorificado. Educamos nossos filhos com o pensamento que
eles devem sair de casa para trabalharem pelo mundo. Mas, quando é
que a igreja aprenderá que a sua grande obra é treinar os seus
filhos para que tomem sua parte activa na grande obra de Deus e
abunde nas grandes obras para as quais foi criado? Cada qual de
nós deve procurar a profunda verdade desta mensagem: "Criados em
Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou" e
com prazer e deleite assumir a obra que nos espera para ser
realizada avidamente.
Esperar em Deus é a coisa mais importante e necessita de nossa
participação integral caso desejemos fazer as grandes obras que
Deus preparou para nós. Devemos apreender em nossos corações o
sentido sagrado destas palavras: somos feitura de Deus, não para
um acto no passado, mas em operação contínua. Somos criados para
as boas obras, como grande forma de glorificar Deus. As grandes
obras são preparadas para cada um de nós e por essa razão devemos
andar nelas. Entregar-se a essa dependência da obra de Deus é
nossa única necessidade. Devemos assumir devido à nossa nova
criação, as boas obras tornar-se-ão o hábito de nossa alma e que
estão em Cristo Jesus, permanecendo nele, acreditando nele e
buscando apenas da Sua força para a efectivar. Criados para as
boas obras nos revelará de uma vez por todas o mandamento divino e
poder quanto baste para viver a vida das boas obras.
Oremos para que o Espírito Santo opere pela Palavra no profundo de
nossa consciência: Criados em Cristo Jesus para as boas obras! Sob
a luz desta revelação, aprenderemos quão grande destino, obrigação
infinita, capacidade perfeita será esta nossa criação em Cristo.
1. A nossa criação em Adão foi para as boas obras. Terminou
em fracasso total. Nossa nova criação em Cristo é de novo para as
boas obras, mas com uma diferença: uma condição perfeita foi
criada para assegurá-las para sempre.
2. Deus criou-nos para as boas obras – oremos para o Espírito
Santo mostrar-nos e comunicar-nos tudo quanto isto significa.
3. Se esta vida em comunhão com Deus é verdadeira, o poder
para as obras será perfeito. Como é a vida, também serão as obras.

CAPÍTULO 10
TRABALHAI, PORQUE É DEUS QUEM OPERA EM VÓS

"Operai a vossa salvação com temor e tremor. Porque Deus é quem


efectua em vós tanto o querer como o realizar, segundo sua boa
vontade", Fil.2.12,13.
No último capítulo vimos o que significa a salvação. E sermos obra
de Deus, criados em Jesus Cristo para as boas obras. O capítulo é
concluído com um dos seus pontos mais importantes: há um tesouro
de boas obras que Deus preparou para realizarmos. Sob a luz deste
pensamento, conseguimos apreender o verdadeiro e mais completo
sentido da Escritura para este capítulo. Para desenvolvermos nossa
própria salvação, conforme Deus a concebeu, é preciso andarmos em
todas nossas boas obras para as quais Deus nos preparou. Estude
para saber exactamente qual a salvação que Deus preparou para si
(tudo que Ele concebeu e fez possível para você ser) e desenvolva-
a "com temor e tremor". Deixe a maravilha desta vida divina e
sagrada encerrada em Cristo, sua própria fraqueza e os perigos
terríveis em forma de tentações que o confrontam, faça seu
trabalho em temor e tremor.
Ainda assim, o temor não necessita tornar-se descrença; o tremor
não precisa tornar-se desencorajamento, porque é Deus quem actua
em si. Aqui está o segredo de um poder que é absolutamente supra-
suficiente para tudo quanto temos de empreender e fazer, a
segurança perfeita de podermos fazer tudo quanto Deus quer que
façamos. Deus opera em nós tanto para o querer quanto para o fazer.
Primeiramente, o querer – Ele nos dá a visão do que necessita ser
feito, a vontade que faz termos boa vontade, o propósito firme do
querer que controla todo o ser e nos torna preparados e ansiosos
para ser operantes de boa vontade. Em seguida, o trabalho – Ele
não nos dá o querer para nos deixar sem seu auxílio para que
trabalhemos a sós. O querer pode ver e até mesmo aceitar o
trabalho, mas carece do poder para efectuá-lo. No sétimo capítulo
de Romanos, vemos que o novo homem se deleita na lei de Deus,
ainda assim não está equipado para cumpri-la devido à guerra entre
a carne e o Espírito. Contudo pela "lei do Espírito na vida, em
Cristo Jesus " o homem "se livrou da lei do pecado e da morre",
Rom.8.2. Assim, o preceito da lei pode ser preenchido nele como
aquele que não "andou segundo a carne, mas segundo o
Espírito", v.4.
Uma das grandes razões porque os crentes falham em suas obras é
que eles pensam que Deus lhes deu a vontade para fazer, e por essa
razão obrarão automaticamente pela força desta vontade. Eles
jamais aprenderam a lição, isto porque Deus nos criou em Cristo
Jesus para as boas obras e as preparou para que nelas andássemos,
Ele é quem nelas deve trabalhar através de nós. Eles nunca
escutaram por muito tempo a voz dizer "é Deus quem efectua em vós".
Aqui está uma das verdades mais profundas, mais espirituais e mais
preciosas da Escritura – a operação contínua de Deus Todo-Poderoso
em nossos corações e em nossas vidas. À luz da natureza de Deus,
como ser espiritual não confinado a um lugar, mas antes presente
por toda a parte, não pode haver vida espiritual a não ser a que é
sustentada pela presença interina dele.
Diz a Escritura que a razão mais profunda – “é Deus quem opera
tudo em todos", 1Cor.12.6. Não só todas as coisas são dele desde o
princípio e têm nele seu fim, mas também existem através dele, que
sozinho as mantém.
O Pai foi a fonte de tudo que Cristo fez. No novo homem, criado em
Jesus Cristo, a dependência contínua para com o Pai será o nosso
maior privilégio, nossa verdadeira nobreza. Essa é a nossa real
comunhão com Deus – Deus opera em nós para o querer e o efectuar.
Devemos buscar aprender este segredo verdadeiro de trabalhar para
Deus. Não é como muitos pensam, que fazermos nosso melhor para
deixamos que Deus faça o resto. De jeito nenhum: antes sabemos que
Deus realizando sua salvação em nós será o segredo para que
consigamos desenvolvê-la – que a salvação inclui todas as obras
que temos de fazer ainda. A fé que Deus está efectivando em nós é
a medida de nossa aptidão para que obremos eficazmente aquilo que
Ele prometeu: "Faça-vos conforme a vossa fé", Mat.9.29 e "Tudo é
possível para aquele que crê", Mar.9.23, encontram aqui sua
aplicação por inteiro. Quanto mais enraizada for a fé de que Deus
opera em nós, tanto mais livremente o poder da vontade de Deus
operará em nós e tanto mais verdadeira e frutífera será nossa obra.
Talvez haja algum obreiro na escola dominical esteja lendo este
livro. Já havia pensado que seu único poder para efectua esta obra
de Deus é ser aquela criação a qual foi criada para as boas obras
em Jesus Cristo, pela qual Deus opera tanto o querer como o
realizar? Você deve entregar-se como única forma de esperar pela
obra? Você trabalha porque sabe que Deus opera em si? Não diga que
estas perguntas são muito difíceis. O trabalho de conduzir almas
jovens para Cristo é muito difícil para todos nós, mas se vivermos
como criancinhas, acreditando que Deus operará tudo quanto
necessitamos em nós, faremos a obra dele através de sua força. Ore
muito para aprender e praticar esta lição em tudo que você faz.
Trabalhe para que Deus opere em si.
1. Penso que começamos a sentir que o entendimento espiritual
desta grande verdade, "Deus opera em si", é o que todos os
obreiros necessitam entender primeiro.
2. O Espírito Santo é o poder de Deus, habitando nos crentes
para essa obra e vida. Peça a Deus para lhe mostrar que em toda a
obra, a nossa primeira preocupação deve ser a renovação diária
pelo Espírito Santo.
3. Obedeça o mandamento para ser recheado através do Espírito
Santo. Acredite que ele habita dentro de si. Espere por seus
ensinamentos dentro de si mesmo. Renda-se para que Ele o guie. Ore
pedindo pela sua poderosa operação. Viva no Espírito.
4. Tudo aquilo que o poder de Deus opera em nós, seguramente
conseguiremos fazer. Apenas abra caminho para o poder actuando em
si.
CAPÍTULO 11
A FÉ QUE OPERA PELO AMOR

"Porque, em Cristo Jesus, nem a circuncisão, nem a incircuncisão,


têm valor algum, mas a fé que actua pelo amor... sede, antes,
servos uns dos outros, pelo amor. Porque toda a lei se cumpre em
um só preceito, a saber: Amarás o teu próximo como a ti mesmo”,
Gal.5.6,13,14

Em Jesus Cristo nenhum privilégio externo é vantagem. Os judeus


podem-se gabar da circuncisão, o símbolo da aliança com Deus. Os
gentios podem-se gabar da incircuncisão, como entrada no reino da
liberdade perante as leis judaicas. Nada é costume no reino dos
céus – a não ser, conforme lemos em Gal.6.15, sermos "nova
criatura" na qual "as coisas antigas já passaram; eis que se
fizeram novas", 2Cor.5.17. Ou, como descreve nosso texto, nada
além da fé que actua pelo amor, fazendo com que sejamos servos uns
dos outros pelo amor.
Que descrição perfeita da nova vida. Primeiro, você tem fé como
raiz plantada em Jesus Cristo. Depois, como objectivos, temos
obras como frutos. E mais ainda existe entre estas duas coisas,
pois tendo a árvore crescendo de raiz e dando frutos, você tem o
amor com a seiva fluindo, pela qual a raiz leva a frutificar. Não
necessitamos falar da fé aqui. Já vimos como acreditar em Jesus
faz obras tornarem-se maiores e vimos como a fé da nova criação e
em Deus actuando em nós é o segredo de todo nosso labor. Nem
precisamos falar aqui das obras. Este livro tem por inteiro
objectivo abrir espaço e lugar em todos os corações e vidas tal
qual se acha no coração de Deus e em sua Palavra.
Devemos estudar meticulosamente e em especial a grande verdade,
que todo trabalho deverá ser feito através do amor. A fé não pode
fazer sua obra, excepto quando através do amor. Nenhum trabalho
pode ter valor, a não ser que proceda do amor. O amor por si só é
suficientemente veemente para que toda a obra se torne possível
por nós.
O poder para actuar é o amor. Foi o amor que moveu Deus a fazer
toda sua obra na criação e na redenção. Foi o amor que permitiu a
Cristo como homem, trabalhar e sofrer como sofreu. É o amor que
nos pode inspirar com poder e auto-sacrifício que não se encerra
em si mesmo, mas antes está pronto para viver e morrer pêlos
outros. É o amor que nos dá a paciência e que recusa desistir
daqueles que são ingratos ou endurecidos. É o amor que alcança e
conquista os mais desesperançados. O amor é o poder para
trabalharmos em nós mesmos e naqueles pêlos quais trabalhamos.
Amemos como Cristo nos amou.
O poder do amor é a fé. A fé tem como raiz a vida em Jesus Cristo,
que é toda em amor. A fé conhece o amor de Deus, mesmo quando não
conseguimos compreender totalmente o presente maravilhoso que foi
dado a penetrar em nossos corações, na expansão do Espírito Santo.
Uma mina na terra pode estar escondida ou até mesmo parar de ser
laborada e extraída. Até ser reaberta, sua fonte não pode fluir. A
fé sabe que há uma fonte de amor inesgotável que pode ser aberta
desde a fonte da vida eterna e jorrar como "rios de água viva",
João 7.38. Isto assegura-nos que poderemos amar, que temos o poder
divino para amar dentro de nós, como dom inerente de nossa própria
natureza renascida e abençoada.
O poder para exercer e demonstrar amor é a obra. Não existe poder
separado da sua realidade concreta. Só pode actuar quando exercido.
De outra forma, o poder não pode ser encontrado ou sentido. Isto é
particularmente verdade em relação às graças cristãs, escondidas
como estão dentro da fraqueza de nossa natureza humana. E apenas
fazendo que saberá que fez. Uma graça deve ser feita antes que
possamos regozijarmo-nos em sua posse. Esta é a inefável bênção da
obra. Trabalhar é essencial para uma vida saudável porque desperta
e revigora o amor, e faz com que nós tomemos parte na sua alegria.
A fé actua pelo amor. Poucas coisas têm valor em Jesus como esta.
Obreiros de Deus, podem crer! Pratiquem. Agradeçam muito a Deus
pela fonte de amor eterno aberta dentro de vós mesmos. Orem
fervorosamente e frequentemente para que lhes seja fornecida força
pelo poder do seu Espírito no homem interior. Assim sendo, com
Cristo habitando em nós, poderemos estar “arraigados e alicerçados
em amor", Ef.3.17. Viva seu no seu quotidiano, dentro do seu lar,
em todos seus contactos com os homens, em toda forma de trabalhar,
como uma vida de amor divino. As formas de amor são deveras tão
gentis e celestiais que você poderá não aprendê-las todas de uma
só vez. Mas tenha coragem; acredite no poder que opera em si e
entregue-se por inteiro para a elaboração do amor dentro de si.
Ele será seguramente glorioso.
A fé actua pelo amor. Deixe-me imprimir esta mensagem também
naqueles que jamais pensaram vir a trabalhar para Deus. Venham e
escutem.
Você deve tudo ao amor de Deus. A salvação que recebeu é toda amor.
O desejo de Deus, para a satisfação dele, é enchê-lo de amor, para
que viva para a salvação dos homens. Agora, tenho uma pergunta,
você não irá aceitar esta maravilhosa oferta de ser preenchido com
o próprio amor de Deus? Ó, venha e dê seu coração e vida ao gozo
do serviço pelo amor de Deus! Acredite que a fonte de amor está
dentro de si. Ela começará a jorrar assim que você lhe fornecer
saída e passagem através de actos de amor feitos para si. Qualquer
obra para Deus que você tente fazer, tente realizá-la pelo amor.
Ore pelo espírito do amor. Permita-se viver uma vida de amor.
Pense como poderá amar os que estão ao seu redor oferecendo
orações para eles, servindo-os, labutando para seu bem-estar
temporal e espiritual. A fé actuando pelo amor em Jesus Cristo tem
grande valor.
1. "Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes
três; porém o maior destes é o amor" 1Cor.13.13. Não há fé nem
esperança em Deus. "Deus é amor", João 4.8. A coisa mais divinal é
o Amor.
2. O amor é a natureza de Deus. Quando é "derramado em nosso
coração pelo Espírito Santo", Rom.5.5, o amor se toma nossa
natureza. Acredite nele, entregue-se a ele e desenvolva-o.
3. O amor é o poder de Deus para efectuar sua obra. O amor
foi o poder de Cristo. Para trabalhar para Deus, ore sinceramente
para que seja preenchido de amor por almas!

CAPÍTULO 12
FRUTIFICANDO EM TODA A BOA OBRA
"A fim de viverdes de modo digno do Senhor, para o seu
inteiro agrado, frutificando em toda boa obra e crescendo no pleno
conhecimento de Deus.
Sendo fortalecido com todo o poder segundo a força da sua glória,
em toda perseverança e
longanimidade; com alegria", Col.1.10,11
Existe uma diferença entre fruto e obra. O fruto é o que nasce
espontaneamente, sem se pensar ou desejar pela consequência
necessária e é natural da vida que respira saúde. A obra, pelo
contrário, é o produto do esforço guiado pelo pensamento
inteligente de todo querer. Na vida cristã, temos os dois
elementos entrelaçados. Toda obra verdadeira deve produzir fruto,
crescendo e produzindo dentro de nós, pela actuação do Espírito de
Deus ali. E, todo fruto deve ser obra, o resultado das nossas
intenções deliberadas e do esforço daí consequente. Nas palavras
"frutificando em toda boa obra", temos a máxima da verdade
ensinada nos capítulos anteriores. Porque Deus opera em nós
através de sua vida, a nossa obra é fruto. Tendo fé na actuação de
Deus, desejamos ser usados por Ele e frutificarmos na obra. O
segredo de todo trabalho verdadeiro reside na harmonia entre a
espontaneidade perfeita que vem da vida e do Espírito de Deus que
nos anima em nossa cooperação com Ele, seus trabalhadores
inteligentes.
Nas palavras "transbordeis no pleno conhecimento da sua vontade,
em toda a sabedoria e entendimento espiritual", Col.1.9, vemos o
lado humano, nossa necessidade de sabedoria e conhecimento. Nas
palavras, "Sendo fortalecidos com todo o poder segundo a força do
Seu poder" temos o lado divino. Deus ensina-nos e fortalece-nos e
o homem aprende a entender e a fazer pacientemente a vontade dele,
de forma que a dupla vida frutifique através de cada boa obra.
É-nos dito da vida cristã que a vida natural do homem, em primeiro
lugar, deve ser tornada espiritual e que o homem espiritual deve
ser tornado natural novamente. Como a vida natural inteira toma-se
verdadeiramente espiritual, todas nossas obras partilharão da
natureza do fruto dali adjacente, essa consequência da vida de
Deus em nós. E como o espiritual se torna perfeitamente natural
para nós de novo, uma segunda natureza na qual nos sentimos
perfeitamente confortáveis, todos os frutos congregarão e
suportarão aquela marca da obra verdadeira, chamando-nos a
exercitar todas as faculdades do nosso ser novo.
"Frutificando em toda a boa obra" sugere-nos de novo aquela grande
verdade de que, uma macieira ou uma videira são plantadas
unicamente para dar frutos; sendo assim, então o grande propósito
de nossa redenção é que Deus nos tenha para seu serviço que
frutifica. Foi bem dito que "o fim do homem é um acto e não um
pensamento, mesmo sendo um pensamento dos mais nobres". É na obra
e no trabalho que a nobreza da natureza do homem é comprovada como
medida para o mundo se salvar. É para as boas obras que somos
criados de novo em Cristo Jesus. É quando os homens vêem nossas
boas obras que nosso Pai nos céus será glorificado e obterá a
honra que a ele é devida pela sua obra. Na parábola da vinha,
nosso Senhor insistiu nesta parte "Quem permanece em mim e eu nele,
esse dará muito fruto", João 15.5. "Nisto é glorificado meu Pai,
em que deis muito fruto", v.8. Poucas coisas dão mais honra a um
fazendeiro que uma plantação farta; muitos frutos significam
glória para Deus.
A grande necessidade é que cada crente seja encorajado, ajudado e
mesmo treinado para andar em direcção a produzir muitos frutos. Um
pequeno morangueiro pode, apesar do seu tamanho insignificante,
frutificar mais que uma macieira. O chamamento para sermos
frutíferos em cada boa obra é sem excepção, válido para todos os
cristãos. A graça que é necessária para isto está ao alcance de
todos. Um ramo frutífero para cada boa obra – esta é parte
essencial da Palavra de Deus.
Devemos extrair uma impressão realista e verdadeira dos dois lados
da verdade divina "frutificando em toda boa obra". A primeira
criação da vida por Deus foi a do reino vegetal. Era uma vida sem
vontade ou esforço próprio. Todo o cultivo e os frutos eram
simplesmente trabalho directo dele, o resultado espontâneo do
trabalho seu oculto. Houve progresso na criação para o reino
animal. Novos elementos foram introduzidos – pensamento, querer e
obra. No homem estes elementos foram unidos através duma harmonia
perfeita. A dependência absoluta de Deus da relva e do lírio, que
os veste com nobreza, foi o terreno de nossas relações. A natureza
não tem nada a não ser o quanto recebe de Deus. Mas todas as
nossas obras serão frutos, o produto de um poder dado por Deus.
Mas a isto foi somado a verdadeira marca de nossa semelhança com
Deus, o poder de escolher, da acção inteligente e independente –
todos os frutos advirão de nosso labor. Quando alcançarmos este
conceito, veremos como existe o mais completo entendimento entre
não termos nada em nós e entre o mais profundo sentido de
obrigação e bom senso e o mais forte desejo de empregar nossos
poderes ao extremo por Deus. Devemos estudar estas lições do texto
como aqueles que buscam toda sua sabedoria e força em Deus e
somente nele. E nos entregaremos corajosamente, como os que são
responsáveis pelo uso dessa sabedoria e força, à diligência,
sacrifício e esforço necessários para uma vida frutífera dentro de
cada boa obra.
1. Muito depende, em quantidade e qualidade, da vida saudável
da árvore. A vida de Deus, de Jesus Cristo, de seu Espírito – a
vida divina em si – deve ser forte e segura.
2. Esta vida é o amor. Creia nele. Desenvolva-o. Faça com que
seja renovado dia após dia, advindo da plenitude de Cristo.
3. Produza frutos a partir de todas suas obras. Faça com que
todo seu querer e labor sejam inspirados pela vida de Deus. Desta
forma você irá "viver de modo digno do Senhor", Col.1.10.

CAPÍTULO 13
ABUNDANTES NA OBRA DO SENHOR CONTINUAMENTE

"Portanto, meus amados irmãos, sede firmes, inabaláveis


sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que, no Senhor,
vosso trabalho não é em vão", 1Cor.15.58
O décimo quinto capítulo de 1 Coríntios apresenta a revelação
divina do significado da ressurreição de Cristo, com todas suas
bênçãos consequentes. Apresenta-nos um Salvador vivo que se
manifestou desde os céus para seus discípulos na terra e a Paulo.
Ele nos assegura a completa libertação de todo o pecado. E a
promessa do triunfo e vitória finais de Cristo sobre seus inimigos,
é quando Ele entrega ao Pai o reino e assim que Deus seja tudo em
todos. Ele nos assegura a ressurreição do corpo e nossa entrada na
vida celestial. Paulo conclui seu argumento com um apelo
triunfante à morte, ao pecado e a lei: "Onde está, ó morte, a tua
vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão? O aguilhão da morte é
o pecado e a força do pecado é a lei. Graças a Deus, que nos dá a
vitória por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo", 1Co 15.55-57.
Mais tarde, após cinquenta e sete versículos de ensinos exultantes
sobre o mistério e a glória da vida ressurrecta em nosso Senhor e
em seu povo, descobrimos um versículo de aplicação prática
"Portanto, meus amados irmãos, sede firmes, inabaláveis e sempre
abundantes na obra do Senhor". A fé num Cristo vivo, ressurrecto e
em tudo que é sua ressurreição para nós em termos de tempo e
eternidade, serve para nos habilitar e revelar-se aquela obra
abundante no Senhor!
Não tem como ser de outra maneira. A ressurreição de Cristo foi
sua vitória final sobre o pecado, a morte e Satanás. A fase
inicial de toda a sua obra foi dar o Espírito desde os Céus e
estender seu reino por toda a terra. Aqueles que compartilharam na
alegria da ressurreição, receberam imediatamente instruções no
sentido de tornar sobejamente conhecida a boa nova. Foi assim
também com Maria e com as outras mulheres. Foi assim com os
discípulos na noite da ressurreição. "Assim como o Pai me enviou,
eu lambem vos envio", João 20.21. Foi assim com todos quantos
foram enviados por decreto de Deus: "Ide por todo o mundo e pregai
o evangelho a toda criatura" Mar.16.15. A Ressurreição é o início
da promessa da vitória de Cristo sobre a terra. Esta vitória será
conduzida à sua manifestação completa através do Seu povo. A fé e
a alegria da vida ressurrecta são a inspiração e o poder para o
trabalho para consegui-las. Então vem o chamamento para todos os
crentes sem excepção: "Portanto, meus amados irmãos, sede...
sempre abundantes na obra do Senhor".
"Na obra do Senhor". Esta relação explica-nos tudo o que é obrar.
Não é nada mais que exprimir para com os outros tudo a respeito do
Senhor ressurrecto e comprovar diante deles a nova vida que Cristo
lhes deu. Assim como sabemos e o reconhecemos o Senhor sobre tudo
que somos e sabemos viver na alegria ao serviço dele, veremos que
a obra do Senhor é trazer os homens para conhecerem Cristo para
que se curvem diante dele. Entre todas as formas de labor, o único
objectivo do poder da vida no Senhor ressuscitado é torná-lo
Senhor de todos.
Este trabalho do Senhor não é coisa fácil. Custa a Cristo sua vida
o ter de submeter o pecado e Satanás e ganhar essa nova vida para
todos nós. E custar-nos-á nossas vidas também – o sacrifício da
própria vida e da nossa própria natureza. Para que tal assim se
faça, será imprescindível quanto necessário que todos na terra se
rendam a viver no repleto dessa nova vida de ressurreição. O poder
do pecado e do mundo em todos os que estão à nossa volta é
tremendo. Satanás não entrega suavemente seus servos a nossos
esforços laboriosos. É necessário um coração contactando
estreitamente com o Senhor ressurrecto, verdadeiramente vivendo a
vida de um ressurrecto, para sermos "firmes, inabaláveis e sempre
abundantes na obra do Senhor". Mas esta é uma vida que pode ser
vivida porque Jesus vive (em nós) também.
Paulo acrescentou "sabendo que, no Senhor, o vosso trabalho não é
em vão". Eu já falei mais que uma vez sobre o poder da influência
que a certeza da recompensa sobre a obra em forma de salários ou
riquezas, exerce nos milhões de trabalhadores sobre a terra. Os
trabalhadores de Cristo podem, com segurança também, acreditar que
com um Senhor como o seu, sua recompensa é certa demais e
grandiosíssima! A obra é geralmente difícil e demorada e
aparentemente infrutífera. Estamos sobejamente propensos a
desistir, porque estamos laborando em nossa força, orientados por
nossas expectativas. Ouçam a mensagem: "sede...sempre abundantes
na obra do Senhor, sabendo que. No Senhor, o vosso trabalho não é
em vão". Não desfaleçam as vossas mãos, porque a vossa obra terá
recompensa", 2Cron.15.7. "Sabendo que, no Senhor, o vosso trabalho
não é vão "
"No Senhor". Esta expressão é muito significativa. Estude-a em
Romanos 16, onde ela aparece dez vezes, onde Paulo usou as
expressões: "para que o recebais no Senhor", v.2: "Meus
cooperadores em Cristo Jesus" v.3; "estavam em Cristo antes de
mim", v.7; "meu dilecto amigo no Senhor", v.8; "aprovado em
Cristo", v.10; "as quais trabalhavam no Senhor", v.12; "eleito no
Senhor", v.13. A vida, companheirismo e serviço integral destes
santos tinham uma marca – eles eram, suas obras eram, no Senhor.
Eis o segredo dum labor efectivo. "No Senhor, o vosso trabalho não
é vão". Tal como sentido da presença dele e o poder de sua vida é
contido, tal são todas as obras produzidas nele e sua força opera
em nossa fraqueza. Nosso labor não pode ser em vão no Senhor.
Cristo disse "Quem permanece em mim e eu nele, esse dá muito
fruto", João 15.5. Não deixem que os filhos deste mundo com sua
confiança arrogante, por cuja obra os seus mestres certamente lhes
darão recompensa adequada, envergonhem os filhos da luz.
Regozijemo-nos e trabalhemos na fé confiante da palavra: "Portanto,
meus amados irmãos sede...sempre abundantes na obra do
Senhor,...no Senhor, o vosso trabalho não é vão. "

CAPÍTULO 14
ABUNDANDO EM GRAÇA PARA QUE A OBRA TAMBÉM ABUNDE
"Deus pode fazer-vos abundar em toda graça, a fim de que,
tendo sempre, em tudo, ampla suficiência, superabundeis em
toda boa obra", 2Co 9.8
No capítulo anterior fomos motivados a abundar na obra o espírito
daquela exultação triunfante que o Cristo ressuscitado inspira
conquanto abranja o passado e o futuro. Este capítulo nos assegura
que por esta obra abundante temos uma habilidade determinada.
"Deus pode fazer-vos abundar em toda graça"; então podemos ser
abundantes em todas as boas obras. Todo pensamento de abundar na
graça deve estar ligado às boas obras para as quais a graça é dada.
E todo pensamento de obra abundante deve ser ligada à graça que
nos torna capazes para toda a boa obra.
A graça abundante tem na obra abundante seu único objectivo. É
comum ouvirmos que a graça e as boas obras se acham em desacordo
uma com a outra. Mas não é assim. A Escritura chama de nossas
obras as obras da lei, as obras da justiça que nós fizemos. Elas
são obras mortas – nas quais trabalhamos para alcançar o mérito ou
para que Deus nos faça um favor. Estas são exactamente o oposto da
graça. Mas também são o extremo oposto das boas obras que brotam
da graça, para as quais a graça é dada. Trabalhar para a lei é
incompatível com a liberdade da graça; os trabalhos de fé – boas
obras – são essenciais e indispensáveis para a verdadeira vida
cristã. Deus faz a graça abundar para que as boas obras abundem. A
medida da graça verdadeira é aprovada pela medida das boas obras.
A graça de Deus abunda em nós para que possamos abundar em boas
obras. Precisamos ter essa verdade profundamente enraizada em nós
mesmos. Lembrem-se, a graça abundante tem na obra abundante seu
objectivo verdadeiro e único.
O trabalho abundante necessita da graça abundante como fonte e
energia. É muito visto trabalho abundante sem a graça abundante.
Assim como qualquer homem pode ser muito diligente em qualquer
terreno ou área de actividade, ou um pagão em seu serviço
religioso a um ídolo, também os homens podem ser diligentes
fazendo seu trabalho religioso em suas próprias forças, sem pensar
muito na graça que, só ela, pode trabalhar efectivamente, de forma
verdadeira e espiritual. Porque toda obra será realmente aceitável
para Deus e verdadeiramente frutífera, não só por resultados
visíveis aqui na terra, mas para que permaneçam também pela
eternidade, para isto a graça de Deus é indispensável. Paulo
continuamente dava crédito completo à graça de Deus operando nele
por seu próprio trabalho. "Trabalhei muito mais que todos eles;
todavia, não eu, mas a graça de Deus comigo", 1Cor.15.10.
"Conforme o dom da graça de Deus a mim concedida secundo a força
operante do seu poder", Ef.3.7. E ele frequentemente chamava os
cristãos para exercitarem seus dons "segundo a graça que nos foi
dada", Rom.12.6. "E a graça foi concedida a cada um de nós segundo
a proposição do dom de Cristo", Ef.4.7. É apenas pela graça da
obra de Deus em nós que podemos fazer as verdadeiras boas obras. É
apenas na medida que buscamos e recebemos a graça abundante que
podemos ser abundantes em cada boa obra.
"Deus pode fazer-vos abundar em toda graça, a fim de
que....superabundeis em toda boa obra". Todo cristão deve louvar
Deus com muito agradecimento pela graça abundante que lhe é dada.
Com grande humildade ele deve confessar que sua experiência, sua
entrega e a graça abundante têm sido deficientes. E com grande
confiança ele deve acreditar que uma vida abundante bem como boas
obras é na verdade possível, porque a graça abundante é certa e
segura e divinamente assegurada e suficiente. Então, com
dependência simples e fiel, deve esperar em Deus a cada momento,
para receber mais graça que Ele dá aos humildes, Tg.4.6.
Filho de Deu, não tenha pressa para estudar desde que seja
realmente para entender o propósito de Deus para si, como deve
abundar em cada boa obra! Ele fala sério consigo! Ele já
providenciou! Avalie na sua consagração a Ele nada mais que o
propósito dele para si. E reivindique nada menos que a graça
abundante que Ele pode conceder e abençoar ainda. Faça da
omnipotência e fidelidade dele a sua total confiança. E viva
sempre em contínua oração e dependência do poder dele que opera em
vocês. Isto fará com que abundem em cada boa obra. "Faça-se-vos
conforme a vossa fé", Mat.9.29.
Obreiro cristão, aprenda aqui o segredo do fracasso e sucesso.
Trabalhando com nossas próprias forças, com poucas orações e
esperando em Deus por seu Espírito, é que causa o fracasso. O
cultivo do espírito de Absoluta fraqueza c incessante dependência
abrirá o coração para as obras fartas em graça. Aprenderemos a
creditar tudo que fazemos à graça de Deus. Aprenderemos a medir
tudo que temos de fazer pela graça de Deus. E nossas vidas irão
crescentemente estar na alegria da graça de Deus abundando em nós,
e nós abundando em cada boa obra.
1. "Afim de que,...superabundeis em toda boa obra". Ore sobre
este tema até que sinta ser isto o que Deus preparou para si
exclusivamente também.
2. Se sua ignorância e fraqueza aparentemente o
impossibilitam, apresente-se a Deus e diga o que quer, se Ele pode
prepará-lo para que abunde nas boas obras, para ser um ramo que dá
muitos frutos na vide.
3. Leve em seu coração, como uma semente viva, estas verdades
preciosas: "Não duvidou, por incredulidade, a promessa de Deus;
mas, pela fé se fortaleceu, dando glória a Deus, estando
plenamente convicto de que ele era poderoso para cumprir o que
prometera", Rom.4.20,21 e "Fiel é o que vos chama, o qual também o
fará”, 1Tes.5.24.
4. Comece de uma vez fazendo modestos actos de amor. Como uma
criancinha no jardim-de-infância, aprenda fazendo tudo.
CAPÍTULO 15
NO DESEMPENHO DE TODA A BOA OBRA

"E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas,
outros para evangelistas e outros para pastores e mestres, com
vista o aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu
serviço para a edificação do corpo de Cristo", Ef.4.11,12
O objectivo de Cristo, quando Ele ascendeu aos céus e concedeu a
seus servos os vários dons que são mencionados, é triplo. O
primeiro alvo dos dons é "com vistas ao aperfeiçoamento dos
santos”. Crentes, como os santos, devem conduzir-se no caminho da
santificação "para que vos conserveis perfeitos e plenamente
convictos em toda ao vontade de Deus", Col.4.12. Era por isso que
Epáfras operava por meio de orações. Paulo escreveu: "O qual nós
anunciamos...ensinando a todo homem em toda a sabedoria, a fim de
que apresentemos todo homem perfeito em Cristo " Col.1.28.
Este aperfeiçoamento dos santos é, contudo, apenas um meio para
uma finalidade mais sublime - "para o desempenho do seu serviço",
para qualificar todos os santos a fim de que tomem parte no
serviço ao qual todo crente é chamado. A mesma palavra é usada em
textos como "as quais lhe prestavam assistência com os seus bens",
Luc.8.3 e "pois servistes e ainda servis aos santos", Heb.6.10.
Dois outros exemplos do uso desta palavra podem ser encontrados em
1 Coríntios 16.15 e em 1 Pedro 4.11.
E isto, novamente, é ainda um meio para se poder atingir uma maior
finalidade - "para a edificação do corpo de Cristo". Assim como
cada membro de nosso corpo tem sua porção de trabalho para a
manutenção da saúde, crescimento e do seu todo, cada membro do
corpo de Cristo deve considerar este corpo como seu primeiro
grande dever no tocante a formar o corpo de Cristo – para ajudar e
fortalecer aqueles que do corpo já são membros, ou para a colheita
dos que ainda lhe irão pertencer.
Através de seus pastores e professores, o grande trabalho da
igreja é laborar para aperfeiçoar os santos na santificação e no
amor, bem como na adequação do trabalho, então cada um terá sua
porção para desempenhar o seu serviço, podendo assim o corpo de
Cristo ser constituído e aperfeiçoado.
Dos três grandes objectivos que Cristo deu à sua igreja, aos
apóstolos e professores, o desempenho do serviço fica entre os
dois. Por um lado é precedido pelo que é absolutamente dependente
– o aperfeiçoamento dos santos. Por outro, é seguido pelo que
significa sua consumação – a formação do corpo de Cristo. Cada
crente, sem excepções, cada membro do corpo de Cristo, é chamado
para o desempenho deste serviço. Cada leitor deve tentar perceber
este seu chamado santo.
Devemos aprender o que são as qualificações para nosso trabalho,
"o aperfeiçoamento dos santos" que nos prepara para o "desempenho
do serviço". É a carência de santidade verdadeira, que causa tal
serviço escasso e fraco. Enquanto os santos de Cristo aprendem
verdadeiramente o que a conformidade diante de Cristo significa,
uma vida como a dele se tornará a motivação pela qual viveremos. A
vida dele foi dada em sacrifício para o serviço e salvação dos
homens. Sua humildade e amor, sua separação do mundo e dedicação
pêlos decaídos, são vistas como sendo a essência e bênção da vida
que Ele dá – o desempenho do serviço, o serviço do amor. Humildade
e amor – estas são as duas grandes virtudes dos santos – são as
duas grandes forças do desempenho do serviço. A humildade nos faz
querer servir. O amor nos faz sábios para saber como amar servindo.
O amor é inventivo. Ele busca pacientemente e sofre muito, até que
encontra uma forma de alcançar o seu propósito. Humildade e amor
são igualmente mandatados para fora do eu e de suas exigências.
Oremos, para que a igreja trabalhe para "o aperfeiçoamento dos
santos" em toda a humildade e amor e que o Espírito Santo nos
ensine como desempenhar nosso serviço cada vez mais eficazmente.
Devemos observar quão grande é a obra que os membros de Cristo têm
para fazer. É trabalhar uns pelos outros. Coloque-se no seu posto
e assuma seu lugar para o trabalho de Cristo e por nossos irmãos
cristãos. Faça de si mesmo um servo deles apenas. Estude seus
interesses. Torne-se activo para promover o bem-estar dos cristãos
ao seu redor; o egoísmo pode nos fazer hesitar, o sentimento de
fraqueza nos encorajar e a preguiça e o conforto apresentarem
dificuldades. Mas, peça a seu Senhor que lhe revele seu querer e
como se entregar a ele. À sua volta existem cristãos que serão
frios e mundanos e andam no extremo do ermo diante do Senhor.
Comece a pensar no que poderá fazer por eles. Aceite como desejo
da Cabeça que você, como membro, deve se ocupar com eles. Ore para
o Espírito de amor. Comece em algum lugar – apenas comece e não
continue ouvindo e pensando enquanto nada faz. Comece a
desempenhar o serviço "segundo a proporção do dom de Cristo",
Ef.4.7. Ele dará mais graça.
Devemos acreditar no poder que opera em nós como suficiente para
tudo que temos de fazer. Como penso sobre o polegar e o indicador
segurando uma caneta com a qual escrevo este texto, eu me pergunto:
como é que durante estes setenta anos de minha vida, eles sempre
souberam fazer o que eu quis? É porque a vida da cabeça os faz
trabalhar. "Aquele que crê em mim", como sua Cabeça o fazendo
trabalhar, "fará também as obras que eu faço", João 14,12. Fé em
Cristo, cujo vigor é perfeito em nossa fraqueza, dará a energia
para que façamos tudo para quanto somos chamados.
Peçamos a Deus que todos os crentes possam despertar para o poder
desta grande verdade: cada membro do corpo deve viver inteiramente
para o desenvolvimento do corpo.
1. Para ser um grande obreiro, a primeira coisa é um
relacionamento próximo a e humilde com Cristo, a Cabeça, para
sermos guiados e revigorados por Ele.
2. Em seguida é a comunhão humilde e cheia de amor com os
membros de Cristo, servindo uns aos outros no amor.
3. Isto nos prepara e equipa para o serviço no mundo.
CAPÍTULO 16
CONFORME A JUSTA CONTRIBUIÇÃO DE CADA UM
“Cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo, de quem todo
corpo, bem ajustado e consolidado pelo auxílio de toda a junta,
segundo a justa cooperação de cada parte, efectua o seu
próprio aumento para a edificação do mesmo em amor", Ef.4.15,16
Paulo falava nesta passagem do crescimento, o aumento e o
desenvolvimento de todo o corpo. Este crescimento é, como vimos,
uma dupla referência. Ele inclui tanto a união espiritual e o
fortalecimento dos que já são membros para assegurar a saúde do
corpo no seu todo, bem como o aumento do corpo pela adição de
todos que ainda estão de fora, mas a ele se ajuntarão em ocasiões
futuras ainda. Falamos disto no capítulo anterior – a
interdependência entre todos os crentes e o chamado para que
cuidem do bem-estar uns dos outros. Neste capítulo olharemos o
crescimento partindo de um outro ângulo – o chamado de cada membro
do corpo de Cristo para laborar no seu crescimento, pela obra do
amor que procura ir aos que ainda não fazem parte do corpo. Esta
expansão do corpo e seu desenvolvimento no amor só se pode dar
através da obra e do trabalho na medida apropriada de cada membro.
Pense no corpo de uma criança. Como é que atinge a estatura de um
adulto? De nenhuma outra forma a não ser através do trabalho na
medida apropriada de cada parte do seu corpo. Assim, tal qual cada
membro faz sua parte, pelo trabalho que realiza buscando e
assimilando o alimento dentro de si mesmo, o crescimento ocorre
conforme se desenvolve. O trabalho que assegura o crescimento vem
de dentro, não de fora. Similarmente, de nenhuma outra forma o
corpo de Cristo pode atingir a estatura da plenitude de Cristo. Da
mesma forma que crescemos em Cristo, a Cabeça, será, também, a
partir dele que todo o nosso corpo pode crescer; assim sendo, é
mediante a contribuição de cada um e de acordo com o trabalho em
medidas adequadas de cada qual individualmente. Vejamos quais as
implicações práticas de tudo isto.
O corpo de Cristo deve ser constituído de todos quantos nele se
acrescentam e agregam, saídos do mundo. Não há outra maneira
destes membros se reunirem em corpo excepto pelo corpo quando se
desenvolve no amor. Nosso Senhor se fez, como Cabeça,
absolutamente dependente de seus membros para que fizessem sua
obra integralmente. O que a natureza nos ensina sobre nossos
próprios corpos, a Escritura nos ensina sobre o corpo de Cristo. A
cabeça de uma criança pode ter pensamentos e planos de crescer,
mas todos serão em vão a não ser que todos os seus membros
contribuam cada qual com a parte que lhe cabe para assegurar o seu
próprio crescimento. Jesus Cristo incumbiu sua igreja do próprio
crescimento de seu corpo. Ele pede e espera que Ele, como Cabeça,
viva para o crescimento e bem-estar de todo o corpo. Cada membro
de seu corpo, mesmo os mais fracos, devem fazer o mesmo,
desenvolver o corpo em amor. Cada crente deve guardar este
ensinamento como sua tarefa em bênção para viver e laborar em
função disso mesmo e para o aumento do corpo e a colheita de todos
quantos virão para ser membros ainda.
O que é necessário para conseguir que a igreja aceite este chamado
integralmente e se prepare para ajudar os membros do corpo a
conhecerem-no como é para o complementarem e para completá-lo
ainda? Uma coisa: devemos ver que o novo nascimento, fé e
discernimento da verdade, com toda determinação, entrega e esforço
para viver de acordo com ela, é apenas uma preparação para nossa
verdadeira obra ainda por vir. O que é necessário é que em cada
crente, Jesus Cristo esteja tão bem formado e verdadeiramente
habite no coração fluidamente, que sua vida em nós será o impulso
e a inspiração de todo nosso amor pelo corpo e de vivermos para
ele exclusivamente. É por nosso eu ocupar o coração que é tão
fácil, natural e deleitoso preocuparmo-nos apenas com nós mesmos.
Quando Jesus Cristo vive em nós, é fácil, natural e agradável
viver completamente para seu corpo. De tão boa vontade e
naturalmente como os dedos respondem à vontade da cabeça, os
membros do corpo de Cristo respondem à cabeça na medida que o
corpo cresce nele e a partir dele aumenta.
Em suma, para a grande obra, a Cabeça está ajuntando e ajustando
nossos membros através do mundo e desenvolvendo seu corpo n’Ele.
Ele é inteiramente dependente do serviço dos membros nele
existentes. Não apenas Nosso Senhor, mas o mundo que padece na
espera e no chamado da igreja para que ela se desperte e se dê
inteira e exclusivamente a esta obra – o melhoramento do número de
membros de Cristo. Todo crente, mesmo o mais fraquinho, deve
aprender a conviver com e pelo seu chamado – viver com isto como
sendo o principal propósito de toda a sua existência. Esta grande
verdade nos será revelada no poder e obterá precedência na medida
que nos entregarmos ao desempenho do serviço de acordo com a graça
que já temos n’Ele. Devemos esperar confiantes pela total
revelação de Cristo em nós – o vigor para fazer tudo que Ele nos
pede.

CAPÍTULO 17
ESPOSAS ADORNADAS COM BOAS OBRAS

"As mulheres, em traje decente, se ataviem com modéstia e bom


senso, não com cabeleira frisada e com ouro, ou pérolas, ou
vestuário dispendioso, porém com boas obras (como é próprio às
mulheres que professam ser piedosas) ", 1Tm 2.9,10
"Não seja inscrita sendo viúva que conte ao menos sessenta anos de
idade, tenha sido esposa de um só marido, seja recomendada pelo
testemunho de boas obras,...se viveu na prática
zelosa de toda boa obra", 1Tm 5.9,10
Nas três Epístolas Pastorais escritas a dois jovens pastores para
que fossem instruídos no tocante a seus deveres, "boas obras" são
mais frequentemente mencionadas que em outras epístolas de Paulo.
Ao escrever às igrejas, em capítulos como Rom.12, Paulo mencionou
as boas obras individuais pelo nome. Escrevendo para os pastores,
ele teve de usar esta expressão como um resumo de todo o seu
objectivo, tanto em suas próprias vidas quanto ao ensinarem aos
outros. Um ministro deveria ser preparado e completamente
capacitado para realizar todas as boas obras – um exemplo de todo
tipo de boas obras. Era para que ensinasse os cristãos – as
mulheres que se adornam com boas obras, que seguem diligentemente
cada boa obra e que estão bem reputadas para as boas obras. Os
homens, eram para ser ricos em boas obras, zelosos e preparados
para elas, os quais deveriam aprender a guardá-las.
Nenhuma porção da obra de Deus enfatiza mais claramente a
necessidade absoluta para as boas obras que um elemento essencial,
vital, na vida crista.
Nossos dois textos falam das boas obras das mulheres cristãs. No
primeiro, são ensinadas para não se adornarem com belos penteados,
ouro ou pérolas, ou roupas caras, mas, tornarem-se mulheres
preferindo a divindade, com boas obras. Sabemos o que é adorno.
Mesmo no Inverno, há vida numa árvore sem folhas.
Quando a primavera chega, ela coloca suas lindas vestimentas e
festejos com folhagem e flores. O adorno das mulheres cristãs não
deve estar no cabelo, pérolas ou roupas, mas em boas obras. Ou são
as boas obras que servem de referência para as obrigações pessoais
e conduta, ou os trabalhos de caridade que visam agradar e ajudar
nossos vizinhos, ou aqueles mais definidos que buscam a salvação
de almas – o adorno que agrada Deus, também, é o que as mulheres
cristãs devem procurar. João viu a cidade sagrada descendo dos
céus. "Ataviada como noiva, adornada para seu esposo ", Ap.21.2.
"Linho finíssimo, resplandecente e puro", Ap.19.8. Se cada mulher
cristã buscasse apenas adornar-se para agradar o Senhor o que
seria do mundo!
Na segunda passagem, lemos sobre viúvas que foram postas em lugar
de honra na igreja primitiva e para quem uma certa
responsabilidade era dada em relação às outras mulheres mais novas.
Ninguém deveria ser inscrita a não ser que "seja recomendada pelo
testemunho de boas obras". Algumas delas são mencionadas: se ela
fosse conhecida por criar os filhos, pela hospitalidade, por lavar
os pés dos santos, por socorrer os atribulados. E ainda se
adiciona "se viveu na prática zelosa de toda boa obra". Se sua
vida foi devotada às boas obras em seu lar e fora dele, no criar
os filhos, se esse testemunho lhe fosse atribuído tanto por
estranhos como por irmãos crentes, ela deve ser considerada um
exemplo e bússola para os outros. O padrão era alto e nos mostra o
lugar que as boas obras ocupavam na igreja primitiva. Mostra-nos,
também, como o ministério de uma mulher, abençoada, no amor era
considerado e encorajado. Também nos ensina, no desenvolvimento da
vida cristã, que nada se encaixa melhor como regra e influência
que uma vida dada às boas obras inspiradas por Deus.
As boas obras são parte e parcela integrante de toda a vida crista,
igualmente indispensáveis para a vida e crescimento do indivíduo e
para o bem-estar e extensão da igreja. E ainda assim, há multidões
de mulheres cristas cujo papel activo nas boas obras de abençoar
os irmãos é um pouco mais que tomar parte nas boas obras. Elas
estão esperando pela pregação da Palavra de Deus, que irá
encorajá-las e ajudar a compeli-las a darem suas vidas e trabalhar
para o Senhor, então elas também, poderão ser bem recomendadas
como diligentes seguidoras de cada uma das suas boas obras.
O tempo e o dinheiro, pensamento e sentimento, entregues a jóias
ou roupas caras, serão cambiados pelo verdadeiro objectivo de toda
a sua vida. A cristandade não será mais um desejo egoísta de
segurança pessoal, mas o gozo de ser como Cristo, o Auxílio e a
Salvação dos necessitados dela. Obrar para Cristo tomará seu
verdadeiro lugar como a mais alta forma de existência, o
verdadeiro adorno da vida cristã. E como a diligência perseguida
na terra é honrada como um dos verdadeiros elementos de carácter e
valor sem fim, andar sobre boas obras diligentemente no serviço de
Cristo, nos dará acesso à mais alta recompensa e à mais completa
alegria do Senhor.
1. Estamos começando a tomar consciência do lugar maravilhoso
que as mulheres podem tomar na igreja e nas missões. Esta verdade
necessita ser levada ao lar de todas as filhas do Rei, que o
adorno que devem usar para atrair o mundo, agradar seu Senhor e
ficar diante de sua presença são as boas obras.
2. As mulheres, como "mansidão e benignidade de Cristo",
2Cor.10.1, devem ensinar aos homens a beleza e poder do penoso e
exercício do amor em sacrifício pessoal para que isso mesmo ocorra.
3. O treino para o serviço de amor começa sempre em casa. Ele
é reforçado no lar interno. Ele sai em busca dos necessitados em
volta e encontra seu total alcance no mundo pelo qual morreu
Cristo.

CAPÍTULO 18
RIQUEZA, MAS EM OBRAS

"Exorta aos ricos do presente século...que pratiquem o bem, sejam


ricos de boas obras, generosos em dar e prontos a repartir; que
acumulem para si mesmos tesouros, sólido fundamento para
o futuro, a fim de se apoderarem da verdadeira vida", 1Tim.6.17-19.
Se as mulheres devem usar as boas obras como seu adorno, os homens
devem contá-las como sua riqueza. Da mesma forma que as boas obras
satisfazem os olhos de uma mulher e seu gosto por beleza, elas vão
ao encontro da fissura dos homens por possuir o poder. No mundo
actual, as riquezas têm grande importância. São comuns dons para a
recompensa de Deus pela diligência, hábito de trabalho e
empreendimento. Representam e encarnam o poder da vida que foi
posto em consegui-las. Da mesma forma, elas exercem poder a
serviço de sua protecção contra outros. O perigo é amar este mundo
e desviar-se o coração da presença do Deus vivo e dos tesouros
celestiais. Podem-se tornar o inimigo mais mortal de todo o homem.
Como é difícil para os que têm riquezas entrarem no reino dos céus!
Mat.19.24.
A Palavra de Deus nunca nos tira algo sem colocar coisa melhor em
seu lugar. Ela encontra o desejo por riquezas pela ordem de ser
rico em boas obras. A moeda corrente no reino de Deus são as boas
obras. A recompensa a vir no mundo será determinada de acordo com
elas. Abundando em boas obras, nós acumularemos tesouros no céu,
Mat.6.20. Mesmo aqui na terra, elas constituem um tesouro, no
testemunho de uma boa consciência, na consciência de agradar Deus,
no poder de abençoar os outros.
Há mais ainda: a riqueza do outro não é apenas um símbolo das
riquezas celestiais. Apesar de tão opostos em sua natureza, é na
verdade um meio para atingi-las e alcançá-las.
"Exorta aos ricos... que pratiquem o bem, sejam ricos de boas
obras, generosos em dar e prontos a repartir; que acumulem para si
mesmos tesouros, sólido fundamento".
"Das riquezas de origem iníqua fazei amigos; para que, quando
aquelas vos faltarem, esses amigos vos recebam nos tabernáculos
eternos", Luc.16.9.
Como a esmola da viúva, as ofertas dos ricos, quando dadas no
mesmo espírito, podem ser uma oferta com a qual Deus é agradado,
Heb.13.16.
O homem que é rico em dinheiro pode-se tornar rico em boas obras
se seguir a Escritura. O dinheiro não deve ser usado para ser
visto pêlos homens, mas pelo Senhor. Nem deve ser usado como se
pertencesse ao seu dono, mas como um empregado que administra o
dinheiro do Senhor, orando para que Ele o oriente nisso mesmo. Nem
deve ser manuseado com nenhuma confiança em seu poder ou
influência, mas em profunda dependência no Pai, único que dele
pode gerar uma bênção. Nem usado como substituto da obra pessoal e
do testemunho que cada crente deve dar. Como todo trabalho cristão,
nosso donativo monetário tem seu valor separado do espírito no
qual é feito, se for feito no mesmo espírito de Jesus Cristo. Quão
grande é o campo na terra para se acumular estas riquezas, todos
estes tesouros celestiais! Em aliviar os pobres, educares
negligentes, auxiliar os perdidos, pregar a Palavra de Deus aos
cristãos e gentios na escuridão do seu entendimento. Que grande
investimento pode ser realizado – cristãos pensarem em ser
apontados para se enriquecerem em obras – ricos perante Deus!
Podemos perguntar "O que se pode ainda fazer para despertar o
desejo por estas riquezas verdadeiras entre os crentes?" O homem
já criou uma ciência para tratar da riqueza das nações e
cuidadosamente estudou as leis pelas quais o aumento e a
distribuição poderão ser promovidas. Como, então, faremos para
sermos ricos em boas obras de tal forma que convença todos os
corações que sua cura será tão prazerosa e apaixonante quanto o
desejo pelas riquezas do mundo actual?
Tudo depende da natureza e do espírito do homem. A natureza
terrena, as riquezas terrenas têm afinidade natural e atracão
resistível. Para alimentar este desejo de adquirir o que constitui
a riqueza no reino celestial, devemos apelar para a natureza
espiritual em exclusivo. Então necessitamos aprender, ser educados
e treinados em todos os negócios que fazem um homem rico.
Deve-se ter a ambição de se erguer acima do nível da simples
existência, do contentamento mortal de apenas sermos salvos. Deve-
se ter algum discernimento acerca da beleza e valor das boas obras
como expressão da vida divina – Deus operando em nós e nossa obra
nele, como o meio de levar a Deus a glória, como a fonte de vida e
única bem-aventurança para os homens, acumulando um tesouro nos
céus para a eternidade. Deve-se ter fé que estas riquezas estão ao
nosso alcance, porque a graça e o espírito de Deus estão operantes
e activos em nós. E deve-se ter perspectivas de se fazer a obra de
Deus aos que estão à nossa volta em cada oportunidade, seguindo os
passos daquele que disse: "Mais bem-aventurado é dar que receber",
Act.20:35. Estude e aplique estes princípios. Eles lhe abrirão a
estrada certa para que se tome um homem rico de verdade. Um homem
que quer ser rico, geralmente começa com pouco, mas nunca perde
uma oportunidade. Comece de uma vez com um trabalho de amor e peça
a Cristo, que "se fez pobre e por amor a vós, para que, pela sua
pobreza, vos torneis ricos", 2Cor.8.9, para que Ele o possa
fortalecer em frente.
1. Porque a atracção pelo dinheiro das missões obtém resposta
insuficiente? Por causa do baixo estado espiritual da igreja. Os
cristãos não têm a ideia mais certa de seu chamado para viver
completamente para Deus e todo o seu reino.
2. Como pode ser remediado este mal? Apenas quando os crentes
virem e aceitarem seu chamado divino para fazerem do reino de Deus
sua primeira preocupação e com confissão humilde de seus pecados,
rendendo-se para Deus, é que irão verdadeiramente buscar as
riquezas de trabalhar para Deus.
3. Nunca deixe de implorar e obrar para um verdadeiro
despertar espiritual por toda a igreja.

CAPÍTULO 19
TRABALHAI
"Se alguém a si mesmo se purificar destes erros, será utensílio
para honra, santificado e útil ao seu possuidor estando preparado
para toda boa obra", 2 Tim.2.21
Paulo falou da sólida fundação de Deus, da igreja como a grande
casa construída sobre a fundação de utensílios, não só de ouro e
prata, caros e perenes, mas também de madeira e barro, comuns e
perecíveis 2Tim.2.19,20. Ele distinguiu aqueles que se entregam à
luta pelas palavras de louvor e aqueles que verdadeiramente se
esforçam para afastar de toda a iniquidade. Paulo nos deixou os
quatro passos do caminho para o homem poder ser tornado utensílio
para honra na grande casa de Deus: (1) a purificação do pecado; (2)
ser santificado; (3) disposição para o Mestre usar-nos de acordo
com sua vontade apenas; (4) aquele espírito de prontidão para toda
boa obra. Não é suficiente que desejemos ou tentemos fazer as boas
obras. Assim como necessitamos de preparação e treino para a obra
que temos de fazer na terra, também precisamos estar muito mais
preparados em cada boa obra. Isto é, que constitui a marca
principal dos utensílios para a honra. "Se alguém a si mesmo se
purificar destes erros". O homem deve-se limpar do que caracteriza
os utensílios da desonra – a profissão vazia que leva àquela
estranheza e alienação da divindade de Deus em pessoa, contra a
qual Paulo advertiu. Sempre queremos que cada prato e copo que
usamos esteja limpo. Na casa de Deus os utensílios devem estar
ainda mais limpos que nosso desejo pessoal. E todos que deveriam
estar realmente preparados em cada boa obra devem primeiro
verificar se estão limpos de todo o pecado. Cristo não poderia ter
entrado no reino dos céus se não tivesse sido purificado de nossos
pecados. Somente podemos ser parceiros no trabalho dele se
tivermos a mesma purificação. Antes, Isaías poderia dizer: "Eis-me
aqui, envia-me a num", Is.6.8, o fogo do céu que tocou seus lábios
e ele ouviu a voz dizer "perdoado está teu pecado " (v.7). Um
desejo intenso de ser lavado de cada pecado está na raiz da
aptidão para cada obra verdadeira.
"Será utensílio para honra, santificado". A limpeza é o lado
negativo, o esvaziamento e remoção de tudo que é impuro. A
santificação é o lado positivo, o novo preenchimento, ser tomado
do sagrado pelo espírito, através do qual a alma se toma posse de
Deus, participando de sua própria santidade. "Purifiquemo-nos de
toda impureza, tanto da carne como do espírito aperfeiçoando a
nossa santidade no temor de Deus", 2Cor.7.1. Os utensílios no
templo não eram apenas limpos, mas consagrados, devotados apenas
ao serviço de Deus. Aquele que realmente deseja trabalhar para
Deus deve andar em sua santidade também - "a fim de que seja o
vosso coração confirmado em santidade, isento de toda a culpa, na
presença de nosso Deus e Pai", 1Tes.3.13. Obter hábitos santos
tanto na mente quanto na disposição, entregando-se a Deus, marcado
pelo sentido oportuno de sua presença, prontificados para a obra
dele. A purificação do pecado assegura-nos o preenchimento com o
Espírito.
"Útil ao seu possuidor". Somos utensílios para o uso de nosso
Senhor. É para que em cada obra nossa, Cristo nos use e opere
através de nós. A percepção de sermos servos, dependentes da
orientação do Mestre, trabalhando sob a sua supervisão,
instrumentos de sua força inexpugnável, reside na raiz do serviço
efectivo. Ela mantém a dependência infalível, a fé calma, através
da qual o Senhor pode trabalhar. Ela conserva a consciência
abençoada da obra sendo toda dele, que conduz o obreiro a se
tornar mais e mais humilde na medida que trabalha. Seu único
desejo será: "útil ao seu possuidor". "Preparado para toda boa
obra". "Preparado". Esta palavra não se refere apenas à equipagem
e aptidão, mas também à disposição, a presteza animada que mantém
um homem em expectativa e o faz sinceramente desejar e
contentemente aproveitar-se de cada oportunidade para fazer o
trabalho que seu Mestre lhe ensinou a fazer. Enquanto ele for
vivente e viver em contacto com seu Senhor Jesus e se mantém como
utensílio limpo e santificado, pronto para ser usado por Ele e
enxerga que foi redimido para as boas obras, elas se tornam a
única coisa pela e para a qual ele vive e prova sua comunhão com o
Senhor. Ele está "Preparado para toda boa obra".
1. "Útil ao seu possuidor" – este é o pensamento central. Uma
relação pessoal com Cristo, uma rendição completa a sua disposição,
uma espera dependente para ser usado por Ele, confiança alegre que
Ele irá nos usar – o segredo do verdadeiro obrar.
2. Deixe que o começo de seu trabalho seja entregar-se mais
ao Mestre, seu Senhor vivo e amoroso.

CAPÍTULO 20
HABILITADO DE FORMA PERFEITA PARA TODA BOA OBRA
"Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem
de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade",
2Tim.2.15
"Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para
a repreensão, para a correcção, para a educação na justiça, a fim
de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado
para toda boa obra", 2Tim.3.16,17
Um obreiro que não necessita de se envergonhar é aquele que não
teme ter seu serviço inspeccionado pelo chefe. Na devoção de
coração, em perfeição e habilidade, ele se apresenta aprovado ao
que lhe emprega. Os trabalhadores de Deus devem-se apresentar
aprovados a Ele a fim de terem seu trabalho valorizado e
satisfatório nele. Devem ser trabalhadores que não precisam de se
envergonhar. Um trabalhador é aquele que sabe seu trabalho, que se
dá completamente a ele, que é conhecido e tido como o que gosta de
fazê-lo bem. Assim, todo ministro cristão, todo obreiro cristão,
deve ser um trabalhador que se concentra em ser aprovado pelo
Mestre.
"Manejar bem a palavra da verdade". A Palavra é a semente, o fogo,
o martelo, a espada, o pão e a luz. Os trabalhadores em qualquer
destas áreas podem ser nossos exemplos. No trabalho para Deus,
tudo depende de manejar correctamente a Palavra. Portanto, a única
maneira para sermos perfeitamente equipados para toda boa obra
está na Escritura que começa este parágrafo – submissão pessoal à
Palavra e à experiência de seu poder. Os obreiros de Deus devem
saber que a Escritura é inspirada por Deus e tem poder de dar a
vida. A inspiração é o respirar do Espírito – assim como a vida
está na semente, o Espírito Santo de Deus está na Palavra. O
Espírito na Palavra e o Espírito em nossos corações é um só. Pelo
poder do Espírito dentro de nós, absorvemos a Palavra preenchida
com o Espírito. Desta forma nos tomamos espirituais. Esta Palavra
é dada para ensinar a revelação dos pensamentos de Deus: para
repreender – a descoberta de nossos pecados e erros; para a
correcção – remover o que está defeituoso e substituir pelo que é
bom: também para instrução – a comunicação de todo o conhecimento
necessário para se andar correctamente diante de Deus.
Enquanto alguém se entrega de coração a tudo isto e a Palavra
cheia do Espírito adquire mestria e liderança activa em seu
sentido total, ele se torna um homem de Deus, perfeitamente
habilitado para toda boa obra, ele se transforma num obreiro
aprovado por Deus que não precisa ficar envergonhado, manejando
sempre correctamente toda a Palavra de Deus. Também o homem de
Deus tem a marca dupla – sua própria vida é completamente moldada
e seu trabalho é dirigido através da aplicação da Palavra.
"O homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para
toda boa obra". No capítulo anterior aprendemos com a limpeza e
santificação da vida pessoal transforma o obreiro num utensílio
"será utensílio para honra, santificado e útil a seu possuidor",
2Tim.2.21. Aqui aprendemos a mesma lição – é o homem de Deus que
permite à Palavra de Deus fazer sua tarefa de advertir, corrigir e
instruir. Cada obreiro de Deus deve visar o ter de se preparar
para cada boa obra também exclusivamente.
Um obreiro, consciente de quão defeituoso é seu preparo, pode
perguntar como habilitar-se para o trabalho ser consumado. A
analogia com um trabalhador terreno, não precisando de se
envergonhar, sugere a resposta. O trabalhador terreno nos diria
que ele possui sucesso, em primeiro lugar, pela devoção a seu
trabalho. Ele lhe dispensa muita atenção. Ele deixa de lado outras
tarefas para concentrar seus esforços em dominar uma. Ele estudou
toda a vida para realizar seu trabalho de forma perfeita. Aqueles
que desejam obrar para Cristo como a segunda coisa, não a primeira,
que não pensam em sacrificar tudo por ela, jamais estarão
perfeitamente equipados para cada boa obra.
A segunda coisa que ele falará será treinar e se exercitar
pacientemente. A competência é fruto apenas do esforço cuidadoso.
Você pode-se sentir como se não soubesse como obrar correctamente.
Não tema. Todo aprendiz começa com ignorância e erro. Tenha
coragem. Aquele que dotou a natureza humana com os poderes
maravilhosos, que supriu com a palavra o obreiro habilidoso e
inteligente, não dará a seus filhos a graça que necessitam para
serem seus companheiros, trabalhadores, ainda mais? Deixe a
necessidade ser derramada sobre si, a necessidade que você
glorifique Deus; que você abençoaria o mundo; que você, através
das obras, avançaria e aperfeiçoaria sua vida e bênção –
estimulando-o a si para dispensar diligência imediata e contínua
para ser um obreiro habilitado em cada e toda a boa obra.
Será apenas agindo assim que aprenderemos a ter atitudes correctas.
Comece obrando sob a supervisão de Cristo. Ele aperfeiçoará sua
obra em você e o fará apto para trabalhar para Ele.
1. A obra que Deus faz e procura ter feito no mundo, é obtê-
lo a si em seu todo de volta a Ele também.
2. De cada crente se espera tomar parte nesta obra.
3. Deus precisa de nós para sermos trabalhadores habilidosos
que damos nossos corações por completo à sua obra e nos deleitamos
nela.
4. Deus obra através da operação em nós, inspirando e
fortalecendo-nos para que façamos sua obra completa.
5. O que Deus pede é um coração e uma vida devotados a Ele,
tanto na entrega como na fé.
6. E toda a obra de Deus é amor; o amor é todo o poder que
opera em nós, inspirando nossos esforços e conquistando seu fim.

CAPÍTULO 21
ZELOSO NAS BOAS OBRAS
"O qual a si mesmo se deu por nós, afim de remir-nos de toda
iniquidade e purificar, para si mesmo, um povo exclusivamente seu,
zeloso de boas obras", Tit.2.14
Nestas palavras temos duas verdades: o que Cristo fez para que
fôssemos dele e o que Ele espera de nós para sermos dele. Na
primeira parte encontramos um belo resumo da obra de Cristo para
nós. Ele se entregou a nós, nos redimiu de toda iniquidade,
purificou-nos para si, fez de nós seu povo, para sua própria posse.
E tudo com o objectivo único de que deveríamos ser um povo "zeloso
de boas obras". Cristo espera que sejamos entusiastas das boas
obras.
Não se pode dizer que este é o sentimento da maioria dos cristãos
em relação às boas obras. O que se pode fazer para que esta
disposição seja cultivada ainda? Uma das primeiras coisas que
desperta o zelo pelo trabalho é um enorme e urgente sentido
responsável de necessidade. Uma grande necessidade desperta o
desejo forte, move o coração e o querer, incita todas as energias
de nosso ser. Foi este senso de necessidade que acordou tantos
para serem zelosos pela lei. Eles esperavam ser salvos pela obra.
A Palavra de Deus roubou este incentivo de seu poder. Mas levou
toda a necessidade por boas obras? Não, pelo contrário. Na verdade,
deu àquela necessidade urgente um lugar mais elevado que antes.
Cristo necessita urgentemente de nossas boas obras. Somos seus
servos, membros de seu corpo, sem o qual Ele não se pode continuar
sua obra na terra. A obra é tão grande (com milhões ainda por
salvar) que nem um obreiro pode ser poupado. Actualmente, milhares
de cristãos não sentem que sua própria ocupação é urgente, que
deve ser feita; não entendem a concepção de urgência da obra de
Cristo, a que lhes foi confiada. A igreja deve acordar para
ensinar a cada crente sua própria responsabilidade.
O mundo precisa de nossas boas obras tão urgentemente quanto
Cristo. Os homens, mulheres e crianças à sua volta precisam de ser
salvos. Ver os homens serem engolidos por um rio faz-nos querer
salvá-los. Cristo pôs seu povo num mundo de padecimento na
expectativa que se doassem, de corpo e alma, para continuarem sua
obra de amor. Passemos adiante a mensagem sagrada: Ele se entregou
para nós, para nos redimir, seu povo, para servi-lo e continuar
sua obra – zelosos de boas obras apenas e simplesmente.
O segundo elemento importante do zelo no obrar é deleitar-se. Um
aprendiz ou estudante, de forma simples e vulgar, começa seu
trabalho sob o senso de dever. Na medida que aprende a compreender
e gostar do seu trabalho, começa a fazê-lo com prazer e torna-se
zeloso em seu ofício. A igreja deve treinar os cristãos para
acreditarem que, quando entregarmos nossos corações ao trabalho de
compartilhar na obra e misericórdia e amor de Cristo e procurar
praticar a fim de sermos obreiros habilidosos, não haverá maior
alegria na face da terra. Actividades físicas e mentais dão prazer
e convidam para a devoção e zelo de milhares; o serviço espiritual
de Cristo pode despertar nosso mais elevado entusiasmo.
Então vem o grande incentivo, o incentivo pessoal de se ligar a
Cristo, nosso Redentor. "Pois o amor de Cristo nos constrange",
2Cor.5.14. O amor de Cristo por nós é a fonte e medida de nosso
amor por Ele. Nosso Amor por Ele se torna o vigor e a medida de
nosso amor pelas almas. Este amor, derramado amplamente em nossos
corações pelo Espírito Santo, se torna o zelo para Cristo e se
mostra como o zelo por boas obras. Também se converte no elo entre
as duas partes de nosso texto, a doutrina e prática unidas. O amor
de Cristo redimiu-nos, purificou-nos e nos fez seus. Quando se
acredita neste amor, conhecido e aceite no coração, faz das almas
redimidas o serem zelosas em boas obras.
"Zeloso de boas obras!" Não permita que nenhum crente veja esta
graça como muito alta e difícil de alcançar. Ela é divina,
determinada e assegurada no amor de nosso Senhor. Aceitemo-la como
nosso chamado. Asseguremos que esta é a verdadeira natureza da
nova vida dentro de nós. Em oposição ao que toda natureza ou
sentimento pode dizer, vamos rogar com fé por ela, como parte
integral de nossa redenção – o próprio Cristo fará dela uma
verdade em nós.

CAPÍTULO 22
PRONTIFICADOS PARA TODA BOA OBRA
"Lembra-lhes...que estejam prontos para toda boa obra", Tit.3.11

Lembra-lhes. As palavras sugerem a necessidade dos crentes terem


as verdades de seu chamado às boas obras colocados na sua frente
constantemente. Uma árvore saudável dá frutos espontaneamente.
Mesmo onde a vida do crente está em perfeita saúde, a Escritura
ensina como seu desenvolvimento e frutificação podem acontecer
somente através dos ensinamentos e a influência que estes podem
exercer na mente, na vontade e no coração do homem. Para todos que
se responsabilizam por outros, a necessidade de sabedoria divina e
de fé é grande, a fim de ensinarem e treinarem todos os cristãos.
Consideremos alguns dos pontos principais deste treino.
Ensine-os claramente o que são as boas obras. Coloque a base na
vontade de Deus, como revelada na lei e mostre como a integridade,
justiça e obediência são a grande área de trabalho de todo o
carácter cristão. Ensine-os como a verdadeira religião deve ser
conduzida em todos os afazeres e relações da vida quotidiana.
Conduza-os pelas virtudes pelas quais Jesus veio especialmente,
para as mostrar e ensinar – humildade, mansidão, benignidade e
amor. Explique o sentido de uma vida de amor, auto-sacrifício e
caridade – dedicada inteiramente a pensar nos outros e ajudar
todos sem excepção. Então leve-os ao que é mais alto de tudo – a
verdadeira vida de boas obras – conquistar homens para que
conheçam e amem Deus também.
Ensine-os que as boas obras são a essência de toda a vida cristã.
Que elas não são, como pensam muitos, elemento secundário na
salvação dada por Deus. Não são meramente para serem feitas como
símbolo de gratidão, ou prova da sinceridade de sua fé, ou até
mesmo uma preparação para os céus. Elas são tudo isto, mas são
muito mais ainda. São o verdadeiro propósito pelo qual fomos
redimidos. Nós fomos criados de novo para as boas obras. Somente
elas são a prova que o homem foi recolocado em seu destino
original com Deus, nele e através dele. Deus não tem glória mais
alta que sua obra e particularmente a de salvar pelo amor. Ao nos
tomarmos imitadores de Deus e andar e obrar no amor, exactamente
como Cristo nos amou e se entregou para nós, Gal.2.20, temos a
imagem perfeita e a semelhança com Deus restaurada em nós. As
obras de um homem não apenas revelam sua vida, mas também a
desenvolvem, exercitam, fortalecem e aperfeiçoam. As boas obras
são a essência da vida divina em nós.
Mostre-lhes, também, a gorda recompensa que elas trazem. Todo o
labor tem seu valor de mercado. Do homem pobre, que mal pode
arranjar pouco dinheiro, ao que conseguiu milhões, o pensamento de
recompensa pelo trabalho é um grande incentivo para nos lançarmos
à busca dela. Cristo apela para este sentimento quando diz "será
grande o vosso galardão", Luc.6.35. Faça com que os cristãos
entendam que não há serviço onde a recompensa é tão rica quanto o
de Deus. Obrar é estimulante; obrar é força e cultiva o senso de
domínio e conquista. A obra desperta o entusiasmo e traz à tona as
qualidades mais nobres de cada homem. Numa vida de boas obras, o
cristão torna-se consciente de seu ministério divino de dispensar
a vida e graça de Deus aos outros. As boas obras nos fazem mais
unidos a Deus. Não existe maior comunhão com Deus do que o
envolvimento com sua obra salvadora de amor. Obrar nos traz a
simpatia com Ele e todos os seus propósitos. E nos enche com o
amor dele. Assegura sua aprovação. Também é a farta recompensa
para aqueles que estão à nossa volta. Quando os outros são levados
para Cristo, quando os exaustos, os desviados e os desalentados
são auxiliados e feitos participantes da graça e da vida de Cristo
Jesus, os servos de Deus dividem a alegria na qual nosso Senhor
abençoado tem sua recompensa.
E agora a coisa mais importante. Ensine-os a acreditar que é
sobejamente possível para cada um de nós abundar nas boas obras.
Nada é tão fatal para o sucesso do esforço quanto o
desencorajamento e o desalento. Nada é causa mais frequente de
negligência das boas obras que o medo de não termos vigor para
realizá-las. Tenha em mente o poder do Espírito Santo que neles
mora. Mostre-lhes que a promessa e provisão das forças de Deus é
sempre igual ao que Ele exige. Que há graça suficiente para todas
as boas obras às quais somos chamados. Lute para despertar neles a
fé no "poder que opera em nós", Ef.3.20 e a plenitude da vida que
jorra como "rios de água viva", João 7.38. Treine-os para que
comecem de uma vez o serviço de amor. Guie-os a ver como Deus
opera neles para se oferecerem como utensílios vazios que serão
enchidos com seu amor e graça. E ensine também que, enquanto forem
fiéis no pouco, mesmo a paredes-meias com erros e infortúnios, o
agir da vida a fortalecerá e obrar para Deus converter-se-á em
verdade perfeita numa segunda natureza.
Deus permitiu aos professores serem fiéis à missão da igreja de
tomar conta de todos seus membros - "Lembra-lhes...que estejam
prontos para toda a boa obra". Não apenas instrua-os, mas também
treine-os e lembre-os para o que foram refeitos de novo. Mostre-
lhes a obra que eles ainda têm por fazer. Cuide ainda para que a
façam. Encoraje e ajude-os a fazê-la esperançosos. Não há parte
mais importante do ofício de um pastor, mais sagrada, mais
completa ou rica em bênção aqui na terra. Não deixe que o
objectivo seja menos que conduzir cada crente a viver inteiramente
devoto à obra de Deus, de conquistar homens para Ele. Que grande
mudança seria para a igreja e para o mundo!
1. Tenha convicção do grande princípio básico: cada crente,
cada membro do corpo de Cristo, tem seu lugar no corpo
exclusivamente para o bem-estar de todo o corpo.
2. Os pastores têm a incumbência de aperfeiçoar os santos na
obra do ministério, de servir no amor.
3. Cristo irá operar poderosamente nos ministros e nos
membros das igrejas, se nele esperarem em expectativa.

CAPÍTULO 23
SOLÍCITOS NA PRÁTICA DAS BOAS OBRAS
"Quero que..,faças afirmação confiadamente, para os que têm crido
em Deus sejam solícitos na prática de boas obras... quanto aos
nossos, que aprendam também a distinguir-se nas boas
obras a favor do necessitados, para não se tornarem infrutíferos",
Tit.3.8,14
Na primeira parte desta passagem, Paulo instruiu Tito a dizer
confiadamente as verdades abençoadas da Palavra de Deus até o fim,
com o propósito expresso que todos que haviam acreditado deveriam
ser cuidadosos, estudiosos e conservassem-se nas boas obras. A fé
e as boas obras deveriam ser inseparáveis em todos eles. A
diligência de cada crente nas boas obras deveria ser o principal
objectivo dum pastor. Então, Paulo repetiu a instrução usando a
expressão "que aprendam". Como todo o trabalho na terra deve ser
aprendido, também nas boas obras da vida cristã há igual
necessidade de aplicação e docilidade para se aprender como fazê-
las de forma correcta e super-abundante.
Provavelmente, há mais de um leitor deste livro que já se sentiu
como vivesse muito pouco de acordo com os ensinamentos da Palavra
de Deus – preparado, perfeitamente capacitado e zeloso para as
boas obras. Parece ser muito difícil de nos livrarmos de velhos
hábitos, romper com as convenções sociais e aprender como começar
a entrar realmente numa vida que pode ser cheia de boas obras para
a glória de Deus. Deixe-me tentar dar algumas sugestões que podem
servir-nos de grande auxílio. Também ajudará aqueles que já obram
para Cristo, mostrando de que forma, ensinamento e aprendizagem
das boas obras podem ser bem-sucedidos.
1. Um aprendiz deve começar a trabalhar imediatamente. Não há
forma de se aprender a arte de nadar, ou a música, uma nova língua
ou um negócio, a não ser praticando. Não tema que não consiga
fazer, nem espere que alguma coisa aconteça e torne tudo fácil, ou
ficar isolado. Aprenda a fazer boas obras, as obras do amor,
começando a fazê-las. Não importa se pareçam insignificantes,
faça-as. Uma palavra amiga, ajudar alguém com problemas, um acto
de amor e atenção com um estranho ou um mendigo, ceder sua cadeira
para alguém mais cansado - pratique estas coisas. Todas as plantas
que cultivamos, no início são pequenas. Mantenha o pensamento,
pelo amor de Jesus, de procurar fazer o que agradaria a Ele. É
apenas fazendo que irá aprender a fazer.
2. O aprendiz deve entregar seu coração ao trabalho e deve
achá-lo interessante e deleitoso. Deleitar-se no trabalho é
garantia de sucesso. Deixe que as dezenas de milhares de pessoas à
sua volta, que entregam suas almas completamente aos assuntos da
vida quotidiana, lhe ensinem a servir seu Mestre abençoado. Pense
de vez em quando na honra e privilégio de fazer boas obras, de
servir os outros no amor. Este é o próprio trabalho de Deus, de
amar, salvar e abençoar os homens. Ele opera em si e através de si.
Faz que compartilhe o espírito e a semelhança com Cristo.
Fortalece seu carácter cristão. Sem agir, as intenções dum homem o
rebaixam e condenam, ao invés de erguê-lo. Você apenas vive
enquanto age. Pense na bênção que é fazer o bem, de comunicar a
vida, fazer os outros felizes. Pense na rara alegria de
desenvolver uma vida de caridade e ser abençoado em tudo. Procure
ser um utensílio útil para o uso de seu Mestre, pronto para
realizar cada boa obra.
3. Tenha coragem e nada tema. O aprendiz que diz "não",
certamente falhará. Há um poder divino operando em si. Leia e
acredite no que diz a Palavra de Deus sobre isto. Permita que a
confiança sagrada de Paulo, baseada em sua confiança em Cristo
sirva de exemplo para si também, "Tudo posso naquele que me
fortalece", Fil.4.13. Estude e ponha no coração as promessas
maravilhosas do poder do Espírito santo, a abundância da graça e
força de Cristo que fez da fraqueza a perfeição e veja como tudo
isto pode ser verdade para si apenas obrando. Cultive a
consciência nobre em si de que você foi criado por Deus para as
boas obras e que Ele próprio irá capacitá-lo para as mesmas. Deste
modo, acredite que assim como é natural para o trabalhador
deleitar-se obter sucesso em seu ofício, pode também ser natural
para a nova criatura dentro de si, abundar em cada boa obra. Tendo
esta confiança, você jamais desfalecerá.
4. Acima de tudo, tenha seu Senhor Jesus como Professor e
Mestre. Ele disse, "aprendei de mim, que sou manso e humilde de
coração e acheis descanso para vossa alma", Mat.11.29. Obre como
quem é um aprendiz na escola dele, como quem está certo que nenhum
professor é como Ele. Agarre-se a Ele e deixe que o sentido de sua
presença e de seu poder operem em si livremente para que se tome
manso e modesto, mas forte e corajoso. Ele, que veio fazer a obra
do Pai na terra e a encontrou como o caminho à glória do Pai, irá
ensiná-lo o que é trabalhar para Deus.
Para resumir uma vez mais, pelo bem de todos que querem aprender
como obrar, ou como fazê-lo melhor:
1. Entregue-se a Cristo. Ponha-se diante do altar e diga que
deseja dar-se completamente à obra de Deus.
2. Acredite tranquilamente que Cristo aceita e confia em si
para o seu trabalho, além de lhe habilitar para a obra.
3. Ore muito para que Deus lhe mostre a grande verdade da sua
própria obra dentro de si. Nada mais pode dar força à verdade.
4. Busque cultivar um espírito de dependência humilde,
paciente e confiante em Deus. Viva em comunhão amorosa e obediente
com Cristo. Você pode contar com a força dele aperfeiçoando sua
fraqueza.

CAPÍTULO 24
COOPERANDO COM DEUS
"Porque de Deus somos cooperadores, lavoura de Deus, edifício de
Deus sois vós", 1Cor.3.9.
"E nós, na qualidade de cooperadores com ele, também vos exortamos
a que não recebais em vão a graça de Deus", 2Cor.6.1.
Já discutimos os ensinamentos de Paulo acerca das boas obras
(capítulos 9 e 22 deste livro). Vamo-nos voltar agora para a
experiência pessoal dele e tentar aprender alguns dos segredos do
seu serviço efectivo.
Ele falou aqui da igreja como edifício de Deus. Como o Grande
Arquitecto, Deus está construindo sua igreja e um templo sagrado
onde habita. Sobre sua própria obra, Paulo diz-se um mestre-de-
obras, a quem uma parte da construção do grande edifício foi
incumbida. Ele fez a fundação em Corinto. Ele disse a todos que lá
trabalhavam "de Deus somos todos cooperadores... porém, cada um
veja como edifica", 1Cor.3.9,10. A palavra é aplicável não apenas
a Paulo, mas a todos os servos de Deus que tomam parte efectiva em
sua obra. E porque todo crente foi chamado para dar a vida para o
serviço de Deus e levar seu conhecimento a outros, todo cristão
precisa ter a Palavra levada a ele e ao seu lar: somos
companheiros no trabalho com Deus. Quanto isto sugere sobre obrar
para Deus!
Assim como nosso trabalho a ser feito, o Deus eterno está
construindo um templo para si mesmo. Jesus Cristo, Filho de Deus,
é o alicerce. Os crentes são os blocos de pedras vivas. O Espírito
Santo é o poder de Deus através do qual os crentes de todo mundo
são agrupados, cada um com seu lugar no templo, e construídos nele.
Como pedras vivas, os crentes são ao mesmo tempo os trabalhadores,
a quem Deus usa para continuarem sua obra. Igualmente, eles também
são a construção de Deus e seus companheiros na obra. O trabalho
que Deus faz, é através deles. O trabalho que eles têm de fazer é
exactamente o que Deus está realizando. O trabalho de Deus, no
qual Ele se deleita, no qual está seu coração, é salvar os homens
e construí-los como templo. Este é o único trabalho no qual o
coração de todos que desejam ser companheiros no trabalho de Deus
deve estar – dar vida às almas mortas, conceder a própria vida de
Deus a elas e vivificá-las – irá abundar no tipo de glória de
nosso trabalho. Receberemos a vida de Deus e a passaremos aos
homens.
Em relação à força para a obra, Paulo disse da sua, como um mero
mestre-de-obras, que estava "segundo a graça de Deus que me foi
dada", 1Cor.3.10. Para o trabalho divino, nada a não ser o poder
divino é suficiente. O poder mediante o qual Deus trabalha deve
operar em nós. Este poder é o Espírito Santo. Estude 1Cor.2 e 3.
Lá você verá como é absoluto o reconhecimento de sua falta de
poder e dependência nos ensinamentos do Espírito Santo. A verdade
é que a obra de Deus só pode ser feita pelo poder de Deus em nós.
Nossa primeira necessidade de cada dia é ter a presença do
Espírito de Deus renovado dentro de todos nós.
O poder do Espírito Santo é o poder do amor. Deus é amor. Tudo que
Ele opera na salvação dos homens é amor. É apenas o amor que pode
realmente conquistar o coração. Em todos os companheiros de obra
de Deus, o amor é o poder que atinge os corações dos homens.
Cristo conquistou e ainda conquista pelo amor da cruz. "Tende em
vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo ", Fil.2.5 – o
espírito do amor que se sacrifica à morte, um amor humilde,
bondoso e paciente. E você estará pronto para ser um companheiro
de Deus nessa obra?
Quanto à relação que devemos ter com Deus, direi: ao executar os
planos de uma grande construção, o mestre-de-obras tem um cuidado:
tomar conta de cada pequenino detalhe pensado através do
arquitecto. Ele age constantemente em conjunto com Ele e é guiado
em todos os momentos pela sua vontade. As instruções aos que são
seus subordinados são todas sobre concretizar o que foi planejado
pelo mestre. A grande característica dos companheiros
trabalhadores de Deus deve ser esta rendição absoluta à vontade
dele, dependência incessante em seus ensinamentos e obediência
fiel a tudo que Ele deseja. Deus revelou seu plano em sua Palavra.
Ele nos disse que apenas seu Espírito nos pode preparar para fazer
parte de seus planos para dominar na íntegra seus propósitos e de
como conduzi-los.
Devemos ter a clara visão da divina glória da obra de Deus na
salvação de almas. Devemos saber da tal insuficiência nos nossos
poderes naturais para fazer essa obra. Devemos saber que Deus fez
provisões para nos fortalecer e guiar quando ajudarmos. Então
entenderemos melhor a docilidade filial (um olhar contínuo para o
alto, esperando por Ele) será sempre a marca principal daquele que
é companheiro fidedigno na obra de Deus.
Fora do sentido de humildade, desesperança e de nada sermos de
facto e na realidade, crescerá uma confiança sagrada de coragem e
de encorajamento. Saberemos que nossa fraqueza não precisa de nos
impedir, que a força de Cristo só é perfeita na fraqueza e que o
próprio Deus está obrando seus propósitos através de nós. De todas
as bênçãos da vida cristã, a mais maravilhosa será quando nos
permitirmos ser companheiros de Deus para o trabalho!
1. Companheiros de Deus para o trabalho! Como é fácil usar as
palavras e mesmo entender algumas das grandes verdades que elas
contêm! Quão pouco vivemos no poder na glória daquilo que
representam!
2. Trabalhadores companheiros de Deus! Tudo depende do saber,
da santidade e amor dele, do Deus do qual somos parceiros.
3. Ele que nos escolheu para nos habilitar para seu uso, para
que em nós e através de nós Ele possa realizar sua grande obra.
4. Façamos valorosa nossa postura de adoração, dependência
profunda, grande espera e perfeita obediência.

CAPÍTULO 25
SEGUNDO A FORÇA DO SEU PODER
"O qual nós anunciamos, advertindo a todo homem e ensinando a todo
homem toda a sabedoria, a fim de que apresentemos todo homem
perfeito em Cristo; para isto é que eu também me afadigo,
esforçando-me o mais possível, segundo a sua eficácia que opera
eficientemente em mim", Col.1.28,29.
"O mistério de Cristo...pelo qual fui constituído ministro
conforme o dom da Graça de Deus a mim concedida segundo a força
operante do seu poder", Ef.3.4,7.
Nas palavras de Paulo aos Filipenses que já abordamos no capítulo
nono, ele os convoca e encoraja a trabalhar porque era Deus quem
actuava neles, nos Filipenses. Esta é uma das afirmações mais
importantes e compreensivas da grande verdade: somente através de
Deus operando em nós que podemos fazer obras de verdade. Nos
textos de nossa Escritura para este capítulo, temos o testemunho
de Paulo sobre sua própria experiência. Todo seu ministério estava
de acordo com a graça que lhe foi dada na medida que nele operava
o poder de Deus. Ele disse que seu trabalho era uma luta de acordo
com o poder de Deus operando eficientemente nele.
Aqui encontramos os mesmos princípios de nosso Senhor: o Pai
realizando sua obra em si mesmo. Deixemos todo obreiro, ao ler
isto, parar para dizer: "Se o Filho sempre abençoado e Paulo
puderam fazer suas obras apenas de acordo com o poder de Deus que
operava vigorosamente neles, quanto mais precisarei desta operação
de Deus em mim então!" Esta é uma das mais profundas verdades
espirituais da Palavra de Deus. Olhemos para o Espírito Santo
dentro de nós e de lhe darmos o controle de nossa vida de tal
forma mais íntima para ela se tornar a maior inspiração de todo
nosso trabalho. Nós podemos obrar verdadeiramente apenas na medida
de nossa entrega à actuação de Deus em nós.
Sabemos o solo onde está plantada esta verdade. "Bom só existe um",
Mat.19.17. "Não há santo como o Senhor", 1Sam.2.2. "O poder
pertence a Deus", SaI.62.11. Toda bondade, santidade e poder serão
encontrados apenas em Deus e onde Ele os concede. Somente Ele pode
dá-los ao homem, não como algo de que se desfaz, mas por sua
presença real, permanecendo em nós em sua obra. Deus pode obrarem
seu povo apenas quando lhe é permitido possuir completamente seus
corações e vidas. Como o querer, a vida e o amor são entregues à
dependência e fé. e esperando em Deus como Cristo o fez. Deus pode
operar em nós.
Isto é a verdade de toda a vida espiritual, mas especialmente de
nossa obra para Deus. O trabalho de salvar almas é o próprio
trabalho de Deus. Ninguém, a não ser Ele, pode fazê-lo. O dom de
seu Filho é a prova de quão grande e precioso o trabalho é
considerado por Ele e como dedica seu coração a essa mesma obra. O
amor dele não cessa um momento em sua obra pela salvação de todos
os homens. E quando Ele chama seus filhos para serem parceiros em
sua obra, compartilha a alegria e a glória do trabalho de salvar e
abençoar os homens. Se um indivíduo pode dizer com Paulo "eu
também me afadigo, esforçando-me o mais possível, segundo a sua
eficácia que opera eficientemente em mim", sua relação completa
com Deus se torna a parte e a continuação da parte de Cristo a uma
dependência absoluta, abençoada, incessante e momentânea do Pai,
para cada palavra dita e cada obra realizada.
Cristo é nosso padrão. A vida dele é nossa lei e a obra dele é em
nós. Paulo viveu uma vida de dependência em Deus assim, em torno
de Cristo. Portanto, nenhum de nós deveria hesitar em acreditar
nele para uma idêntica à graça dada a Paulo de laborar e lutar
"segundo a força operante do seu poder". Que cada obreiro diga e
afirme: "assim como o poder trabalhou em Cristo e em Paulo, também
trabalha em mim e não menos". Não há forma possível de se fazer a
obra de Deus correctamente a não ser com Deus operante em nós.
Como eu gostaria que cada obreiro soubesse isto de cor e dissesse:
"Vem, vamos acalmar nossas mentes e direccionar cada pensamento à
presença de Deus, enquanto sopro em seu ouvido o maravilhoso
segredo – Deus opera em si. Toda obra que terá de fazer para Ele,
Deus actuará e a efectivará em si". Tire um tempo para se debruçar
sobre isto. É uma grande verdade espiritual que a mente não pode
alcançar, nem o coração perceber assim facilmente ainda. Aceite-a
como uma verdade vinda dos céus. Acredite nesta palavra como
semente, dessa forma a bênção espiritual trazida por ela crescerá
e ainda abundará. E na fé que o Espírito Santo está fazendo viver
dentro de si, lembrando sempre: Deus opera em mim. Toda a minha
obra para Ele, Deus a realizará em mim”.
A fé desta verdade e o desejo de concretizá-la dentro de si também,
irá impulsioná-lo a viver humildemente e mais próximo de Deus.
Você verá como trabalhar para Deus deve ser a coisa mais
espiritual da vida espiritual. E você se curvará de novo e de novo
em serenidade sagrada e reconhecimento de Deus estar operante em
si e como assim continuará. Como Paulo, você pode dizer
"Trabalharei para Ele de acordo com o poder de Deus operando
eficientemente em mim".
1. O dom da graça de Deus, Ef.2.7,3.7, o poder que opera em
nós, Ef.3.20, o fortalecimento com a potência do Espírito, v.16 –
as três expressões contendo o mesmo pensamento – Deus opera em nós.
2. O Espírito Santo é o poder de Deus. Busque ser todo
preenchido com o Espírito, ter toda sua vida conduzida por Ele e
então estará preparado para Deus operar poderosamente em si.
3. "Recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo",
Act.1.8. Através do Espírito habitando em nós, Deus pode operar
com eficácia.
4. O, temor sagrado, vigilância humilde e dependência,
rendição completa e obediência nos tomamos se acreditarmos em Deus
operando em nós.
CAPÍTULO 26
TRABALHAR MUITO MAIS
"Mas, pela graça de Deus, sou o que sou: e a sua graça, que me foi
concedida, não se tornou vã; antes, trabalhei muito mais do que
eles; todavia, não eu, mas a graça de Deus que está comigo”,
1Cor.15.10
"Então, ele me disse: a minha graça te basta, porque o poder se
aperfeiçoa na fraqueza...porquanto em nada fui inferior a esses
tais apóstolos, ainda que nada sou", 2Cor.12.9,11
Em ambas as passagens, Paulo falou de como abundara na obra do
Senhor. "Em nada fui inferior a esses tais apóstolos". "Trabalhei
muito mais do que eles". Nas duas ele disse como era Deus que
actuava inteiramente nele e não ele mesmo. Na primeira passagem
ele disse: "Não eu, mas a graça de Deus comigo". Mais adiante, na
segunda, ele mostrou como esta graça é a força de Cristo operando
em nós. Enquanto nada somos, ouvimos "Então, ele me disse: a minha
graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza". Que
Deus nos possa dar "o espírito da sabedoria e revelação", Ef.1:17
e os olhos iluminados do coração v.18 para sabermos da visão
maravilhosa de um homem reconhecendo-se como nada. Ele era um
homem que se gloriava de sua fraqueza, então o poder de Cristo
pôde repousar sobre ele e assim operar, foi este o trabalhador
mais abundante de todos. Veja a importância desta lição para nós
como obreiros de Deus.
A obra de Deus só pode acontecer na força dele. Somente pelo poder
de Deus, isto é, por Deus operando em nós, podemos efectivamente
laborar. Por todo o livro, esta verdade é sistematicamente
repetida. É fácil aceitar. Mas está muito longe de se enxergar seu
sentido completo – dar-lhe o controle de nosso ser integral,
fazendo assim um novo viver dentro de nós. Para isto será
necessária a serenidade da alma, meditação, fé potente e oração
fervorosa. Como é apenas Deus que pode actuar em nós, igualmente é
apenas Ele que se pode revelar como Deus actuante. Espere nele e a
verdade que sempre parece estar além de sua alçada, irá abrir-se
através do conhecimento de quem é Deus. Quando Deus se revela como
"Deus é quem opera tudo em todos", 1Cor.12.6, você aprenderá a
acreditar e obrar de acordo com o poder dele activante e poderoso
em si, Col.1.29.
A força de Deus opera somente na fraqueza. Apenas quando dizemos
honestamente "Não eu, mas, pela graça de Deus, sou o que sou". O
homem que disse "porquanto em nada fui inferior a esses tais
apóstolos", primeiro aprendeu a dizer "ainda que nada sou". Então
pôde dizer, "sinto prazer nas fraquezas...porque, quando sou fraco,
então sou forte", 2Cor.12.10. Esta é a verdadeira relação entre o
Criador e a raça humana, entre o Pai divino e os seus filhos,
entre Deus e seus servos. Queridos obreiros cristãos, aprendam a
lição sobre a própria fraqueza como condição indispensável do
poder de Deus operando em vocês. Acreditem que tirar um tempo e
perceber, na presença de Deus, sua fraqueza, é o caminho seguro
para ser coberto com o vigor de Deus. Aceite toda experiência pela
qual Deus lhe ensina que na fraqueza a sua graça lhe prepara para
receber toda a sua força. Divirtam-se na fraqueza!
A força de Deus vem de nossa comunhão com Cristo e seu serviço.
Paulo disse "De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas,
para que sobre mim repouse o poder de Cristo”, 2Cor.12.9. "Tenho
prazer nas fraquezas, por amor de Cristo", v.10. Disse também como
foi quando ele implorou ao Senhor que o mensageiro de Satanás
fosse expulso de junto dele, que Ele respondeu: "A minha graça lê
basta". "Cristo [é] o poder de Deus, a sabedoria de Deus",
1Cor.1.24. Não recebemos a sabedoria sem o conhecermos, ou o poder
para fazer a vontade de Deus, com o que possuímos e usamos como
bom senso. É na ligação pessoal com Cristo, numa vida de
comunicação contínua com Ele, onde seu poder recai sobre nós. É
nos deleitando na fraqueza por amor a Cristo quando nossa força é
conhecida.
A força de Deus é dada à fé e à obra realizada na fé. Uma fé viva
precisa desejar ser fraco e nessa fraqueza poder fazer a obra
ainda, sabendo que Deus está operando em nós. O exercício mais
alto de uma vida de fé é continuarmos confiantes num poder oculto
actuante em nós, sem vermos ou sentirmos qualquer coisa. A fé
sozinha pode fazer a obra de Deus de salvar almas. A fé sozinha
pode perseverar na oração e no labor. A fé sozinha pode e continua
a labutar mais abundantemente apesar de circunstâncias
aparentemente desfavoráveis. Sejamos "pela fé, fortalecidos, dando
glória a Deus", Rom.4.20. Deus se mostrará forte àqueles cujos
corações são perfeitos nele, 2Cron.16.9.
Deseje entregar-se completamente a Deus. Só então o poder dele
poderá ser derramado sobre si e ser actuante. Permita a Deus obrar
através de si também. Ofereça-se a Ele para o trabalho como o
único propósito de toda a sua vida. Conte com Ele operando em si
para lhe preparar para o serviço e lhe fortalecer e abençoar.
Deixe a fé e o amor de seu Senhor Jesus, cuja força será perfeita
em sua fraqueza, conduzir sua vida como Ele deixou o Pai fazer a
Sua vontade e consumar a Sua obra dentro dele.
1. Aos ministros: busquem a experiência pessoal na íntegra da
força de Cristo se aperfeiçoando na própria fraqueza. Somente isto
poderá habilitá-los a ensinar aos crentes o segredo de sua força.
2. Nosso Senhor diz "Minha graça, Minha força". Como
permanecemos em Cristo e o temos dentro de nós em comunhão pessoal
estreita e amor, sua graça e força podem actuar.
3. Os corações perfeitamente entregues a Deus, à sua vontade
e amor saberão de seu poder operando em suas fraquezas.
CAPÍTULO 27
BOA ABENTURANÇA NO QUANTO FAZ
"Tornai-vos, pois, praticantes da palavra e não somente ouvintes,
enganando-vos a vós mesmos", Tiago 1.22
"Aquele que considera, atentamente, na lei perfeita, lei da
liberdade e nela persevera, não sendo ouvinte negligente, mas
obreiro praticante, esse será bem-aventurado no que realizar",
Tiago 1.25
Deus não nos criou para contemplar mas para agir. Ele nos criou à
sua semelhança e nele não há pensamento sem acção simultânea. A
verdadeira acção nasce da contemplação, a verdadeira contemplação,
como meio, sempre causa acção. Não poderia haver uma separação
entre saber e agir se o pecado não tivesse entrado no mundo. Em
nenhum lugar o poder do pecado é mais visto que neste caso. Mesmo
no crente existe um espaço substancial entre o intelecto e a
conduta. É possível deleitarmo-nos em ouvir, sermos diligentes
para aumentar nosso conhecimento da Palavra de Deus, admirar e
aprovar a verdade, desejar mesmo fazê-la, ainda assim falhar
inteiramente na hora de agir. Assim, Tiago nos advertiu para que
não enganemos a nós mesmos ao sermos ouvintes e não praticantes.
Por isto ele disse que o praticante trabalha como bem-aventurado
no que realiza.
“Bem-aventurado no que realizar”. As palavras são um resumo do
ensinamento de nosso Senhor Jesus no fecho do Sermão do Monte:
"Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! Entrará no reino dos céus,
mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus",
Mat.7.21. "Todo aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as
pratica será comparado a um homem prudente", v.24. À mulher que
falou de sua bem-aventurança que era sua mãe. Ele disse: "Antes,
bem-aventurados são os que ouvem a palavra de Deus e a guardam"!
Luc.11.28. Aos discípulos na noite anterior à crucificação Ele
disse "Ora, se sabeis estas coisas. Bem-aventurados sois vós se as
praticardes", João 13.17. Este é um dos maiores perigos na
religião que estamos contentes em reformar, com prazer aprovando o
significado da verdade, ainda que não realizemos tudo que é
requerido. Apenas quando a convicção for traduzida em conduta,
teremos prova da verdade nos guiando.
"Obreiro praticante, esse será bem-aventurado no que realizar". O
praticante é bem-aventurado. O feito é a vitória que sobrevém
sobre todos os obstáculos. Ele trás à tona e confirma a imagem do
próprio Deus, o Grande Obreiro. Ele remove todas as barreiras para
o regozijo de todas as bênçãos que Deus preparou. Somos sempre
inclinados a procurar nossas bem-aventuranças no que Deus dá como
privilégio e gozo. Cristo as colocou no que fazemos porque é
apenas fazendo que realmente experimentamos e possuímos a vida que
nos foi dada por Deus. Quando foi dito "Bem-aventurado aquele que
comer pão no reino de Deus", Luc.14.15, nosso Senhor respondeu com
a parábola do jantar, v.16-24. O praticante é abençoado. É apenas
praticando que o pintor ou o músico, o cientista ou o comerciante,
o aventureiro ou o descobridor, encontram suas bem-aventuranças.
Desta forma e muito mais, somente guardando os mandamentos e
praticando a vontade de Deus, o crente encontrará a verdade como
completa e na bem-aventurança da comunhão com Deus, a libertação
do pecado. Agir é a essência da bem-aventurança, a mais alta
manifestação, portanto o maior gozo da vida que Deus dá.
"Obreiro praticante, esse será bem-aventurado no que realizar".
Esta foi a bênção de Abraão, sobre quem lemos: "Vês como a fé
operava juntamente com as suas obras; com efeito, foi pelas obras
que a fé se consumou ", Tiago 2.22. Ele não tinha obras sem sua fé.
Havia fé actuando nelas integralmente. Ele não tinha fé sem obras.
Através delas, ele exercia sua fé, fortalecida e aperfeiçoada.
Como a fé, sua bem-aventurança era aperfeiçoada operando.
Justamente neste “fazendo” o praticante é abençoado. O
discernimento verdadeiro disto nos fará tomar cada ordem, cada
verdade e cada oportunidade para abundar em boas obras como parte
integral da bem-aventurança da salvação trazida por Cristo.
Alegria e trabalho, trabalho e alegria, tomar-se-ão sinónimos. Não
mais seremos ouvintes, mas praticantes.
Exercitemos imediatamente esta verdade. Vivamos para os outros,
para amá-los e servi-los. Se você pensa não ser capaz de laborar
por almas, comece por corpos. Apenas comece e siga adiante. E
abunde. Acredite que "Mais bem-aventurado é dar que receber",
Act.20.35. Ore e dependa da graça prometida. Entregue-se ao
ministério do amor. No exemplo de Cristo e na promessa de Deus,
você tem a garantia. "Ora, se sabeis estas coisas, bem-aventurados
sois se as praticardes", João 13.17. Bem-aventurado é o praticante!

CAPÍTULO 28
A OBRA DE SALVAR ALMAS
"Meus irmãos, se algum entre vós se desviar da verdade e alguém o
converter, sabei que aquele que converte o pecador do seu caminho
errado, salvará da morte a alma dele e cobrirá uma
multidão de pecados", Tiago.5.19,20.
Às vezes hesitamos em falar de homens sendo convertidos e salvos
por outros homens. A Escritura diz aqui por duas vezes de um homem
convertendo outro e uma de um salvando o outro. Não hesitemos em
converter e salvar os homens porque é Deus que opera em nós.
"Salvará da morte a alma". Todo obreiro estuda o material no qual
trabalha – o carpinteiro, a madeira; o ourives o ouro. Nossas
"obras sejam...feitas em Deus", João 3.21. Em nossas boas obras
lidamos com almas. Mesmo quando, a princípio, não conseguimos
fazer nada além de ajudar os corpos, nossa meta é a alma para a
qual Cristo veio para morrer. Ele nos designou para vigiar e
trabalhar. Estudemos os hábitos das pessoas. Quanto cuidado tem um
caçador, ou um pescador em saber os hábitos dos animais que buscam
para caçar! Lembremos que precisamos da sabedoria divina, treino e
habilidade para sermos conquistadores de almas. A única forma de
conseguir este treino e habilidade é por as mãos à obra. O próprio
Cristo ensinará quem nele espera.
A igreja com seus ministros é responsável por uma parte deste
treino. A experiência diária da vida comum comprova quantos
poderes frequentes e inesperados existem num homem. Quando um
homem se toma consciente e senhor do poder que está nele operante,
então, é uma nova criatura. O poder e a alegria da vida são
dobrados logo ali. Cada crente tem oculto em si o poder da
salvação das almas. O reino dos seus está dentro de nós na forma
de semente. Todos possuidores dos dons e graças do Espírito também
são sementes ocultas. O objectivo mais alto do ministério é
despertar a consciência desta semente oculta do poder de salvar
almas. Um senso depressivo de ignorância ou falta de poder faz
muitos recuarem. Tiago escreveu "sabei que aquele que converte o
pecador... salvará da morte a alma dele". Todo crente necessita
aprender a usar o poder abençoado e maravilhoso com o qual foi
dotado. Quando Deus disse a Abraão "te abençoarei e...serão
benditas todas as nações da terra", Gen.22.17,18, Ele diz a Abraão
não apenas de uma fé na bem-aventurança vinda do alto, mas também
no poder da sua bem-aventurança para o mundo. É um momento
maravilhoso na vida de um filho de Deus quando vê que a segunda
bem-aventurança é tão certa quanto a primeira.
"Salvará da morte a alma ". Nosso Senhor carrega o nome de Jesus
Salvador. Ele é a encarnação do amor salvador de Deus. Salvar
almas é sua grande obra. Quando crescer nele nossa fé, ao ponto de
compreendermos e recebermos tudo que está nele, quando Ele viver
em nós e habitar nossos corações e decisões, salvar almas será a
grande obra à qual nossas vidas serão dadas. Seremos instrumentos
inteligentes e dispostos, pêlos quais Ele actuará poderosamente.
"Meus irmãos, se algum entre vós se desviar da verdade, e alguém o
converter...sabei que aquele que converte o pecador...salvará da
morte a alma dele". As palavras sugerem trabalho pessoal. Nós
pensamos principalmente em grandes multidões às quais a Palavra de
Deus é pregada. O pensamento aqui é sobre o que se desviou e
retomou o caminho mais adiante. Crescentemente realizamos nossa
obra mediante associações e organizações. "Sabei que aquele que
converte...salvará da morte a alma ". É o amor e a labuta de
alguns crentes individualmente que trazem de volta o desviado. É o
que precisamos na igreja de Cristo – todo crente que segue
verdadeiramente Jesus Cristo, tomando conta dos que se desviam do
caminho, amando-os e trabalhando para que voltem. Nenhum de nós
dirá (como em Gen.4.9) "Acaso sou eu tutor de meu irmão?". No
mundo somos apenas membros do corpo de Cristo, portanto devemos
continuar sua obra de salvação. A salvação foi e ainda é a obra
dele, a sua alegria e a sua glória. Da mesma forma, permitamos que
seja nossa. Faça cada um se dar pessoalmente a cuidar dos outros
indivíduos e procurar salvá-los um por um.
"Sabei que aquele que converte o pecador...salvará da morte a alma
dele". "Ora, se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as
praticardes", João 13.17. Vamos traduzir estas verdades da
escritura em acção. Vamos dar a estes pensamentos, substância e
forma na vida diária. Experimentemos seu poder sobre nós e nossa
fé neles, através do obrar. Há algum cristão à nossa volta a
desviar-se do caminho, necessitando auxílio amoroso e ávido para
recebê-lo? Há alguém que possa ser encorajado em começar de novo?
Se estivermos realmente à disposição de Jesus Cristo, Ele irá nos
usar para mostrar o caminho aos outros também.
Se temermos, vamos acreditar que o amor de Deus está dentro de nós,
não apenas chamando, mas também nos capacitando para fazer a obra,
entreguemo-nos ainda assim ao Espírito Santo para que preencha
nossos corações com este amor e nos capacite para o serviço. Jesus,
o Salvador, vive para salvar. Ele permanece em nós. Ele irá salvar
através de nós. "Sabei que aquele que converte o pecador...salvará
da morte a alma dele e cobrirá a multidão de pecados".
1. Mais amor por almas, provenientes do amor fervoroso pelo
Senhor Jesus – nossa grande necessidade.
2. Oremos para amar na fé. Quanto mais exercitarmos o que
temos, mais nos será dado.
3. Senhor, abre-nos os olhos para vermos como Tu fazes tua
grande obra de salvar os homens e esperamos para levar teu amor e
força ao coração de cada fiel. Faz de
cada um de teus redimidos um conquistador de almas nato.

CAPÍTULO 29
ORANDO E FAZENDO
"Se alguém vir a seu irmão cometer pecado não para a morte, pedirá
e Deus lhe dará a vida, aos que não pecam pura a morte", 1João
5.16
"Consideremo-nos também uns aos outros, para nos estimularmos no
amor e nas boas obras", Heb.10.24
Estas palavras em Hebreus expressam a raiz de uma vida em boas
obras – o cuidado permanente e amável que temos uns pêlos outros,
que ninguém deve cair. Em Gaiatas 6:1 encontramos: "se alguém for
surpreendido nalguma falta, vós, que sois espirituais, corrigi-o
com espírito de brandura". Judas escreveu sobre os cristãos que
estavam em perigo e malogro: "salvai-os, arrebatando-os do fogo:
quanto aos outros, sede também compassivos em temor, desprezando
até a roupa contaminada pela carne", v.23. Os actos de bondade de
Cristo aos corpos dos homens sempre objectivaram conquistar suas
almas, da mesma forma nosso ministério de amor deve estar
subordinado ao grande propósito e desejo de Deus – a salvação para
a vida eterna. Orar e trabalhar devem andar juntos na obra de amor.
Ás vezes a oração pode atingir o que as palavras não conseguem.
Outras vezes ela é necessária para nós mesmos, para obtermos
sabedoria e coragem para as palavras. Como regra, orar e trabalhar
devem ser coisas inseparáveis – a oração para ganhar de Deus o que
precisamos para nossa alma, o trabalho para nos trazer o que Ele
nos deu. As palavras de João são mais sugestivas no tocante ao
poder da oração em nosso serviço de amor. Somos conduzidos a
pensar a oração como trabalho pessoal com um propósito bem
definido na certeza de uma resposta.
Permitamos que a oração seja um esforço pessoal. "Se alguém vir a
seu irmão cometer pecado... pedirá". Estamos tão acostumados a
agir através de sociedades e associações que corremos o risco de
esquecer o dever que cada um tem de tomar conta dos que estão à
sua volta. Deixemos cada membro de nossos corpos se prontificarem
a servir aos outros. Cada crente deve cuidar de seus companheiros
crentes que estão ao seu alcance, em sua igreja, sua casa ou meio
social. O pecado de cada um é perder ou lastimar o corpo de Cristo.
Abramos nossos olhos para os pecados de nossos irmãos próximos de
nós. Não fale mal, julgue ou reclame desesperadamente, mas, ao
contrário, ame, ajude, cuide e ore. Peça a Deus para ver seus
irmãos no pecado, o perigo que representa para eles e o pesar que
é para Cristo. Contudo, a compaixão de Deus e a libertação estão
ao nosso alcance. Fechar os olhos aos pecados de nossos irmãos não
é amor. Veja-o, leve-o a Deus, faça de suas orações por seu irmão
e a busca de uma nova vida para ele, parte de sua obra para Deus.
Faça orações claras. "Se alguém vir a seu irmão cometer
pecado....peça". Necessitamos das orações de uma pessoa por outra.
A Escritura e o Espírito de Deus nos ensinam a orar por toda a
sociedade, pela igreja da qual fazemos parte, pelas nações e por
áreas especiais de trabalho. Isto é necessário e abençoado. Mas
algo mais ainda é preciso – fazer daqueles com quem temos contacto,
sujeitos à nossa intercessão. As maiores súplicas devem ter seu
lugar, mas é difícil saber quando nossas orações são atendidas.
Mas nenhuma outra coisa trará Deus tão perto, nada mais irá
fortalecer e testar nossa fé e fazer-nos saber que somos
companheiros de Deus em sua obra, do que o momento de recebermos
uma resposta às nossas orações pelas pessoas. Irá reavivar em nós
a nova consciência abençoada que realmente temos poder com Deus.
Permita a cada obreiro exercitar esta graça de considerar e orar
pelas almas individualmente.
Conte com a resposta. "Pedirá e Deus lhe dará vida aos
que...pecam". As palavras seguem aquelas que João falara sobre a
confiança que temos em ser ouvidos, "se pedirmos alguma coisa
segundo a sua vontade, ele nos ouve", 1João 5.14. É comum ouvir-se
reclamações sobre não se saber o querer de Deus. Mas isto não é
difícil. Deus "deseja que todos os homens sejam salvos", 1Tim.2.4.
Se repousarmos nossa fé nesta vontade de Deus, iremos ficar mais
fortes e tomar posse da promessa: "Pedirá e Deus lhe dura vida,
aos que...pecam". O Espírito Santo nos conduzirá, se nos
permitirmos ser conduzidos por Ele, às almas designadas por Deus
para tomarmos conta e para as quais a graça da fé e a oração
perseverante nos serão dadas. Que a promessa maravilhosa – Deus
dará vida ao que pede pêlos que pecam – move e encoraja-nos a
realizarmos nosso ministério sacerdotal de intercessão pessoal e
definida, como uma das mais abençoadas boas obras das quais
servimos Deus e os homens.
Orar e trabalhar são inseparáveis. Que todos os obreiros aprendam
a orar bem. E os que oram, aprendam a trabalhar bem.
1. Oremos confiantemente e se preciso, sejamos perseverantes
pêlos indivíduos que necessitam andar mais próximos de Deus e pela
fé que vence com Ele.
2. Em nossa obra para Deus, a oração deve tomar um lugar
muito mais importante. Se Deus opera em todos, então nossa posição
é de inteira dependência, esperando que Ele actue em nós. Se leva
tempo perseverar e receber em nós o que Deus nos dá pêlos outros,
devemos trabalhar em conjunto com a oração.
3. O, pudesse Deus abrir nossos olhos à glória de sua obra de
salvar almas, a única coisa para qual o Senhor vive, a única coisa
para a qual Ele actua em nós!
4. Oremos para o amor e o poder de Deus repousarem em nós,
para a obra abençoada de salvar almas.

CAPÍTULO 30
CONHEÇO AS TUAS OBRAS
"Ao anjo da igreja em Éfeso... em Tiatira… em Sardes... em
Filadélfia...em Laodicéia escreve...conheço as tuas obras",
Ap.2.1,18; 3.1,7, 14,15.
Conheço as tuas obras. Estas são as palavras dele que anda entre
os sete castiçais de ouro e cujos olhos são como fogo. Quando Ele
olha para as igrejas, a primeira coisa que vê e julga são as obras
delas. As obras são a revelação da vida e do carácter de cada um.
Se desejamos levar nossas obras à presença santa dele, sua palavra
pode-nos ensinar o que deveriam ser nossas obras.
Em Éfeso Ele diz: "Conheço as tuas obras, tanto o teu labor como a
tua perseverança e que não podes suportar homens maus...e tens
perseverança e suportaste provas por causa do meu nome e não te
deixaste esmorecer. Tenho, porém, contra ti que abandonaste o teu
primeiro amor...arrepende-te e volta à prática das primeiras
obras", Ap.2.2-5. Há muito para se louvar aqui – labuta, paciência
e zelo que nunca se esmorecem. Mas faltava algo – o carinho do
primeiro amor.
Em sua obra por nós, Cristo nos deu primeiramente e acima de tudo,
seu amor, o carinho pessoal de seu coração. Em nossa obra para Ele,
não nos é pedido nada mais. Há perigo em levar a obra avante e até
mesmo em suportarmos muitas coisas em nome de Cristo, enquanto
isso o frescor de nosso amor se esvai. Isto é que Cristo procura.
Isto ó o que dá poder. Nada pode ocupar o lugar disto. Cristo
procura pelo coração amoroso e terno, pela afeição pessoal que
sempre o coloca no centro de nosso amor e alegria.
Obreiros cristãos, assegurem que toda a vossa obra é a obra de
amor, de devoção pessoal a Jesus Cristo.
Em Tiatira Ele disse: "Conheço as tuas obras, o Teu amor, a tua fé,
o teu serviço, a tua perseverança e que as tuas ultimas obras são
mais numerosas do que as primeiras. Tenho, porém, contra ti o
tolerares que essa mulher, Jezabel, que a si mesma se declarou
profetisa, não somente ensine, mas ainda seduza os meus servos a
praticarem a prostituição", Ap.2.19-20. Aqui também as obras são
enumeradas e louvadas. O último ainda foi mais que o primeiro. Mas
ainda há uma falha – um tolerar falso do que levou à impureza e à
idolatria. Então Ele acrescenta de seu julgamento: "e todas as
igrejas conhecerão que eu sou aquele que sonda mente e corações e
vos darei a cada um segundo as vossas obras", v.23.
Junto com muitas das boas obras, pode haver alguma forma de erro
ou mal tolerado que põe em perigo toda a igreja. Em Éfeso, havia
zelo de ortodoxia, mas falta de amor – aqui há amor e fé, mas
falta de fé contra o erro. Se as boas obras são para agradar nosso
Senhor, se todas as nossas vidas devem estar em harmonia com elas,
em separação completa com o mundo e suas seduções, precisamos
buscar ser o que Ele prometeu fazer de nós, estabelecido em toda
boa palavra e obra. Em seu julgamento, nossa obra decidirá seu
valor.
Em Sardes a mensagem foi: "Conheço as tuas obras, que tens
nome...e estás morto. Sê vigilante e consolida o resto que estava
para morrer, porque não tenho achado íntegras as tuas obras na
presença do meu Deus", Ap.3.1,2.
Podem existir várias formas de divindade sem o poder e todas as
actividades, ou organizações religiosas, sem vida. Podem existir
várias obras e Ele ainda dirá: "Não encontrei nenhuma obra de
vocês completa perante meu Deus, nenhuma que possa passar o teste
e ser verdadeiramente aceitável para Deus como sacrifício
espiritual. Em Éfeso a obra carecia de amor, em Tiatira a carência
era de pureza e em Sardes a falta era de vida".
Em Filadélfia ele diz: "Conheço as tuas obras... que tens pouca
força, entretanto, guardaste a minha palavra e não negaste o meu
nome...porque guardaste a palavra da minha perseverança, também eu
te guardarei", Ap.3.8,10.
Jesus disse na terra: "aquele que tem meus mandamentos e os guarda,
esse é o que me ama", João 14.21. "Porque o próprio Pai vos ama,
visto que me tendes amado", João 16.27. Filadélfia, a igreja para
qual não há reprimenda, tinha esta característica: sua obra
principal e a lei de seu trabalho, era guardar a Palavra de Cristo,
não de forma ortodoxa, mas em obediência prática. Não deixe que
nada mais seja a marca e o espírito de toda a sua obra – guardar a
Palavra de Cristo. Conformidade completa e amorosa à vontade dele
será recompensada.
Em Laodicéia Cristo disse: "Conheço as tuas obras, que nem és frio
nem quente...pois dizes: Estou rico e abastado e não preciso de
coisa alguma", Ap.3.15-17. Não há igreja sem suas obras, suas
actividades religiosas. E ainda as duas principais características
da religião de Laodicéia, desinteresse e auto complacência, podem-
lhe tirar o valor. Não é apenas a necessidade por um amor renovado
e fervoroso, como aprendemos em Éfeso, mas também necessidade pela
pobreza de espírito, a fraqueza consciente da qual a dependência
absoluta da força de Cristo para todo nosso trabalho irá
desenvolver-se. Então, Cristo não mais ficará à porta, mas será
entronizado no coração.
"Conheço as tuas obras". Ele que avaliou as obras das sete
igrejas ainda vive e toma conta de nós. Ele está preparado em seu
amor para descobrir o que falta, para advertir e auxiliar e para
nos mostrar o caminho no qual as nossas obras podem ser completas
em Deus. Aprendamos de Éfeso a lição de amor fervoroso por Cristo,
de Tiatira como purificar e separar todo o mal, de Sardes o que é
necessário para uma vida verdadeira para darmos valor ao trabalho,
de Filadélfia como guardar a Palavra e de Laodicéia que a pobreza
de espírito possui o reino dos céus e dá a Cristo o trono de tudo!
Obreiros, vivamos e trabalhemos na presença de Cristo! Ele nos
ensinará, corrigirá e auxiliará. E um dia nos dará a recompensa
total de todas as nossas obras porque elas foram as obras dele em
nós.

CAPÍTULO 31
QUE DEUS SAIA GLORIFICADO
"Se alguém fala, fale de acordo com os oráculos de Deus; se alguém
serve, faça-o na força que Deus supre, para que, em todas as
coisas, seja Deus glorificado, por meio de Jesus Cristo, a quem
pertence a glória e o domínio pêlos séculos dos séculos. Amem",
1Ped.4.11
O trabalho não tem em si mesmo um fim. Seu valor está no objectivo
que alcança. O propósito de quem o realiza é que lhe dá o
verdadeiro valor. E quanto mais clara a visão de um homem sobre o
propósito, mais bem preparado ele estará para realizar partes
maiores dessa obra. Ao erguer-se um esplêndido edifício, o
propósito do trabalhador pode ser simplesmente ser um meio para
ganhar seu salário. Um operário qualificado tem objectivos maiores
– ele pensa na beleza e perfeição de seu trabalho. O pedreiro-
chefe pensa mais amplamente ainda. Sua meta é que toda alvenaria
esteja boa e perfeita. O empreiteiro tem ainda um projecto mais
alto – todo prédio corresponder ao plano a ser conduzido. O
objectivo do arquitecto ainda é maior – que os grandes princípios
da arte e da beleza materializem a sua forma completa de expressão.
E para o dono temos o último objectivo – o uso da grande estrutura,
quando ele a apresentar como um presente para o benefício de seus
conterrâneos. Todos os trabalhadores do prédio agiram honestamente
com um propósito verdadeiro. Quanto maior o discernimento e
interesse no projecto final, mais importante é o trabalho e maior
a alegria de conduzi-lo.
Pedro nos falou qual deveria ser nosso objectivo no serviço
cristão – que "em todas as coisas, seja Deus glorificado, por meio
de Jesus Cristo". Na obra de Deus, um serviço não é feito por
salários, mas sim por amor. O mais humilde dos trabalhadores é
convidado para tomar parte nos planos de Deus e para ter uma visão
mais clara do grande propósito no qual Deus trabalha – nada menos
que a glorificação de Deus. Este é o único propósito de Deus, o
Grande Obreiro nos céus, a Fonte e o Mestre de toda obra, que a
glória de seu amor e o poder e bênção possam ser apresentados.
Este é o único propósito de Jesus Cristo, o Grande Obreiro na
terra e na natureza humana, o Exemplo e o Líder de toda nossa obra.
Este é o grande propósito do Espírito Santo: poder que em nós
actua, ou, como disse Pedro, "na força que Deus supre". Quando
isto se tomar nosso propósito inteligentemente deliberado, nossa
obra elevar-se-á ao seu verdadeiro nível e nos colocará em
comunhão viva com Deus.
"Para que, em todas as coisas, seja Deus glorificado": o que
significa isto? Esta é a glória de Deus, que Ele sozinho é o que
Vive, que traz consigo a vida. Mas não a traz apenas para si, pois
seu amor pêlos homens é tão grande quanto o amor por si mesmo.
Esta é a glória de Deus. Ele é a única fonte eterna de vida,
bondade e felicidade e suas criaturas podem ter tudo na medida que
lhes dá e nelas opera. Operar tudo em tudo, esta é a glória dele.
E a única glória que sua criatura, seu filho, pode lhe dar é esta
– receber tudo que Ele deseja dar, entregando-se a ele para que
Ele actue e reconhecer nele Quem opera. Assim, Deus mostra sua
glória em nós. Em nossa rendição desejosa e nosso reconhecimento
alegre de ser Ele o actuante em tudo, nós o glorificamos. Desta
maneira nossa obra e vida são glorificadas, pois têm um propósito
com a obra de Deus, que "em todas as coisas, seja Deus glorificado,
por meio de Jesus Cristo, a quem pertence a glória e o domínio
pêlos séculos dos séculos. Amem".
Veja aqui o espírito que eleva e consagra o serviço cristão. De
acordo com Pedro, "se alguém serve [serve aos companheiros crentes
ou aos necessitados], faça-o na força que Deus supre". Cultivemos
a convicção profunda que a obra de Deus, até nos detalhes da vida
quotidiana, só pode ser feita na força de Deus pelo "poder que
opera em nós ", Ef.3.20. Acreditemos firme e incessantemente que o
Espírito Santo permanece em nós como o vigor do alto para toda
obra ser feita para o alto. Não temamos nada em nosso trabalho
cristão, da mesma forma que não tememos trabalhar com nossa
própria vontade, mas ganhando algo necessário: Deus operando em
nós. Regozijemo-nos na fraqueza que nos faz tão absolutamente
dependentes de Deus e esperemos em oração para seu poder nos tomar
por completo.
"Faça-o na força que Deus supre, para que, em todas as coisas,
seja Deus glorificado, por meio de Jesus Cristo". Quanto mais você
depende de Deus para sua força, mais Ele será glorificado. Quanto
mais você procura fazer dos propósitos de Deus os seus, mais
abrirá o caminho para o trabalho, a força e o amor dele. Oro para
que cada obreiro possa ver a nobreza que isto dá ao trabalho, a
maravilhosa nova glória para a vida, a nova urgência e alegria em
laborar para almas, quando o propósito toma conta de nós – que
Deus deve ser glorificado em tudo por meio de Jesus Cristo.
A glória de Deus como Criador foi vista quando da criação do homem
à sua imagem. A glória de Deus como Redentor é vista na obra por
Ele conduzida para a salvação dos homens e conduzir-nos a Ele.
1. Esta é a glória de seu amor santo, expulsando o pecado do
coração e então nele permanecendo.
2. A única glória que caminha até Deus é nos entregarmos e
sermos posse de seu amor redentor, enchermo-nos de amor pêlos
outros e através de nós levar adiante sua glória.
3. Que este seja o propósito de nossas vidas – glorificar
Deus; viver para servi-lo, "na força que Deus supre"; conquistar
almas, saber de sua glória e viver para ela.
4. Senhor, ensina-nos a servir na força que o Tu supres, para
que em tudo sejas glorificado por meio de Jesus Cristo, "a quem
pertence a glória e o domínio pêlos séculos dos séculos. Amem".
José Mateus
zemateus@msn.com
Para que Deus seja tudo em todos
oarautodasuavinda.com.br /para-que-deus-seja-tudo-em-todos

Andrew Murray

“E, então, virá o fim, quando ele entregar o reino ao Deus e Pai, quando houver destruído todo
principado, bem como toda potestade e poder. Porque convém que ele reine até que haja posto todos
os inimigos debaixo dos pés… Quando, porém, todas as coisas lhe estiverem sujeitas, então, o próprio
Filho também se sujeitará àquele que todas as coisas lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos”
(1 Co 15.24-28).

Essa será a magnífica conclusão do grande drama da história do mundo e da redenção de Cristo.
Haverá um dia em que a glória do Reino de Deus será tamanha que nenhuma mente humana
conseguirá concebê-la. O mistério disso é tão profundo que vai além da nossa capacidade de
compreensão.

É para isso que Jesus tem trabalhado. É para isso que está trabalhando em nós hoje. Foi para isso
que deu o seu sangue. É para isso que seu coração anseia em cada um de nós. A própria essência e
glória do cristianismo são: “que Deus seja tudo em todos”.

Se é isso que enche o coração de Jesus, se é o que expressa a única finalidade de sua obra e se é
para isso que o Espírito de Cristo habita em mim, então o lema da minha vida deve ser: Que tudo seja
sujeito a Jesus e absorvido por ele, para “que Deus seja tudo em todos”.

Que triunfo seria se a igreja realmente estivesse batalhando com essa bandeira, sob esse grande
propósito! Como seria diferente a nossa vida se essa fosse a nossa bandeira pessoal! Servir a Deus
plena e inteiramente, tendo como único objetivo contribuir para ele fosse tudo em todos! Como isso
enobreceria, ampliaria e estimularia todo o nosso ser!

Eu passaria a trabalhar, a batalhar para apressar a vinda do dia de glória em “que Deus será tudo em
todos”. Oraria à medida que o Espírito Santo achasse espaço para gerar dentro de mim gemidos
inexprimíveis para “que Deus seja tudo em todos”.

Quem dera que nós cristãos pudéssemos perceber a grandeza da causa em que estamos
empenhados e para a qual estamos orando! Quem dera que tivéssemos uma concepção do Reino ao
qual fomos chamados e da manifestação de Deus para a qual estamos nos preparando!

Povo de Deus, se fôssemos despertados para acreditar que pertencemos ao Reino que Cristo está
preparando para entregar ao Pai a fim de que Deus seja tudo em todos, quanta glória encheria nosso
coração, tomando o lugar de tudo o que é inferior, baixo e terreno! Como seríamos sustentados
poderosamente por essa bendita fé!

Eu estou vivendo para que Cristo receba o Reino a fim de entregá-lo ao Pai. Estou vivendo para ele e
estarei lá, não apenas como testemunha, mas como participante de todo o glorioso projeto.

Guardemos este pensamento no coração para que passe a governar nossa vida. Que seja apenas um
pensamento, uma fé, um alvo e uma alegria: Cristo viveu, morreu e ressuscitou, e eu também vivo,
morro e reino no poder dele por uma só coisa – para “que Deus seja tudo em todos”.

Que isso tome conta de todo o nosso coração e a nossa vida. Como podemos fazer isso?

Em primeiro lugar: permita que Deus tome o lugar dele no seu coração e na sua vida. Permita
que Deus seja tudo em toda sua vida, desde a manhã até a noite. Deus deve reinar, e eu devo
obedecer. Não é que Deus seja o primeiro e eu, o segundo. Deus é tudo, e eu sou nada. Paulo disse,
com efeito: “Trabalhei mais abundantemente do que todos, embora eu não seja nada” (1 Co 15.9,10).
Procure dar a Deus o seu lugar – começando no lugar secreto de oração e adoração.

Em segundo lugar, aprenda a aceitar a vontade de Deus em tudo! Aprenda a dizer em cada prova,
sem exceção: “Foi o Pai que a enviou; aceito-a como mensageiro dele”. Dessa forma, nada na Terra
ou no inferno poderá separá-lo de Deus.

Terceiro, confie no poder dele. Querido amigo, é “Deus que efetua em vós tanto o querer como o
realizar, segundo a sua boa vontade”. É o “Deus da paz”, de acordo com outra passagem, que nos
“aperfeiçoa em todo o bem, para cumprir a sua vontade, operando em nós o que é agradável diante
dele”.

Você reclama de fraqueza, debilidade e incapacidade. Não se preocupe. Foi para isso que ele o criou
– para ser um vaso totalmente vazio, no qual Deus possa derramar sua plenitude e força. Muito depois
de Paulo ter sido enviado como apóstolo, o Senhor Jesus precisou usar um meio muito especial para
ensiná-lo a dizer: “Eu nunca soube disso antes, mas daqui em diante gloriarei nas minhas
enfermidades; pois quando estou fraco, aí é que estou realmente forte”.

Você realmente deseja que Deus seja tudo em todos? Aprenda a gloriar-se nas suas fraquezas. Tire
tempo para dizer todos os dias, enquanto se encurva diante de Deus: “O poder infinito de Deus que
opera no sol, na lua, nas estrelas e nas flores está operando em mim. Eu só preciso me humilhar e
ficar quieto. Preciso ser mais submisso e rendido à sua vontade. Preciso confiar mais nele e permitir
que Deus faça comigo o que ele quer”.

Dê espaço a Deus para que o dirija e opere na sua vida, e ele fará isso poderosamente. A mais
profunda quietude muitas vezes tem sido fonte de inspiração para as ações mais elevadas. Isso já foi
evidenciado na experiência de muitos santos de Deus e é justamente aquilo de que precisamos –
render-nos em quietude e fé para que a operação de Deus seja mais manifesta.

Em quarto lugar, sacrifique tudo em favor de seu Reino e sua glória. “Para que Deus seja tudo
em todos.” Este é um alvo tão nobre, glorioso e santo que Jesus disse: “Para isso, darei minha própria
vida. Darei tudo o que tenho, até à morte de cruz”.

Se valeu a pena para Cristo, valerá menos para você? Se alguém tivesse perguntado para Jesus de
Nazaré: “Para que você tem um corpo? Qual a utilidade mais sublime para ele?”, ele teria respondido:
“O melhor uso do corpo e sua maior glória é que seja oferecido como sacrifício a Deus. Não há outra
finalidade”.

Qual o objetivo de ter uma mente? De ter dinheiro? Para que alguém deseja ter filhos? Para poder
entregá-los a Deus. Deus precisa ser tudo em todos.

Minha oração é que Deus nos dê tal visão do seu Reino e da sua glória que todas as demais coisas
fiquem totalmente obscurecidas. Então, caso fosse possível ter dez mil vidas, você diria: “A beleza e o
valor da vida é que Deus seja tudo em todos para mim e que eu possa provar aos homens que Deus é
mais do que tudo, que a vida só vale a pena viver quando é rendida para ser preenchida por Deus”.

Sacrifiquemos todas as coisas em favor do seu Reino e da sua glória. Comece a viver dia por dia com
a oração: “Meu Deus, eu sou teu. Sê tudo para mim”.

E, em último lugar, se Deus será de fato tudo em todos, espere continuamente nele o dia todo.
Espere em Deus por direção, e ele, diante disso, o levará a servi-lo com mais poder e com uma nova
alegria de comunhão íntima com ele. Também o levará a mais ousadia e muito mais confiança no seu
amor e na sua palavra. Ele o preparará para esperar coisas novas como fruto dessa comunhão.

Amados, nem podemos imaginar o que Deus fará por alguém que esteja totalmente rendido a ele.
Louvado seja o seu nome! Que cada um de nós diga: “Que minha vida tenha o propósito de viver e
morrer, de trabalhar e orar continuamente em favor de uma única coisa: para que na minha vida, nas
pessoas ao meu redor, na igreja e em todo o mundo Deus seja tudo em todos”.

Extraído de “The Master’s Indwelling” (A Habitação Interior do Mestre), por Andrew Murray.
:
Andrew Murray - Rendição Total
espiritual, a habitação de Deus? Não é um facto que muitas vezes ela se encontra do mesmo
jeito que o antigo templo de Jerusalém, o qual foi profanado e transformado numa casa de
comercio e depois num covil de salteadores? Seu coração, que por direito deve ser a
habitação de Jesus, às vezes, não se acha cheio de pecado, trevas e tristeza? É possível
que você já se tenha esforçado ao máximo para modificar essa situação e já tenha recorrido
a outras pessoas também. Deve ter lançado mão a todos os recursos que conhece para acertar
essa situação, mas o mal só será sanado de facto quando Aquele a quem você pertence entrar
e cuidar de tudo também em toda a sua vida pessoalmente – de verdade.
O Filho de Deus entrará em seu coração e assumirá a direcção.
Caso esteja com problemas ou em trevas, apresento-lhe agora o Filho de Deus, que entrará em
seu coração e assumirá a sua direcção. Quer colocar Jesus em sua casa, assim como Potífar
fez com José? Ele já não provou que é digno de toda confiança? Diga agora mesmo: "Jesus
merece toda confiança; confiarei tudo ao seu cuidado." Pense no seu grande poder, no seu
maravilhoso amor. Lembre que ele veio do céu para salvá-lo, que morreu na cruz derramando
seu sangue, por causa de seu imenso amor por você. "Tendo amado os seus que estavam no
mundo, amou-os até ao fim."
Ele provará que merece sua confiança.
Será que tenho de suplicar em nome do amor do Cristo crucificado? Será necessário eu dizer:
"Olhe para Jesus, o Filho de Deus, seu redentor"? Precisarei implorar-lhes que confie tudo
aos cuidados dele? Deixe que ele tome conta de seu mau génio, de suas afeições pessoais, de
seus pensamentos, de todo o seu ser e ele provará que merece essa confiança. Antes de José
se tornar em mordomo, era escravo comum, na casa de Potífar e serviu-o da mesma forma que
outros servos. Assim também, infelizmente, muitos crentes têm "usado" Cristo para obter
bênçãos e auxilio, da mesma forma como usam tudo no mundo. Eles usam seus pais, o pastor, o
dinheiro e tudo o mais que o mundo lhes pode ainda dar, para seu proveito próprio. E é
provável que se usem de Jesus Cristo do mesmo jeito. Isso não está certo. Somos a habitação
dele; ele tem todo o direito de vir morar em nós. Não quer fazer uma rendição total a ele
agora, dizendo-lhe: "Senhor Jesus, de agora em diante, és o Supervisor da minha vida"?
As Dimensões da Rendição
No versículo 4, lemos o seguinte: "E lhe passou às mãos tudo o que tinha." E o verso 5 diz:
"E, desde que o fizera mordomo de sua casa e sobre tudo o que tinha" outra vez a mesma
expressão "o Senhor abençoou a casa do egípcio por amor de José; a bênção do Senhor estava
sobre tudo o que tinha" e mais uma vez a expressão; é a terceira vez. E o verso 6: "Potífar
tudo o que tinha confiou" as mesmas palavras pela quarta vez "às mãos de José, de maneira
que, tendo-o por mordomo, de nada sabia, além do pão com que se alimentava." O que
significa isso? Significa que Potífar entregou tudo nas mãos de José. Designou-o como chefe
dos outros escravos e confiou-lhe todo o seu dinheiro, pois diz o texto que ele "de nada
sabia". A única coisa que fazia era sentar-se à mesa e alimentar-se. Não é, realmente, uma
rendição total? Ele entregara tudo nas mãos de José.
Entregue a ele suas afeições.
Agora responda: "Você já fez isto também?" É provável que já tenha feito mais de uma oração
de consagração e tenha dito muitas vezes: "Jesus, entrego a ti tudo que tenho." Você pode
ter dito isso com toda a sinceridade, mas talvez não tenha entendido muito bem quais as
implicações de uma entrega dessas.
Muitas vezes, quando fazemos esse tipo de rendição, não conseguimos colocar na prática toda
a nossa intenção e mais tarde acabamos retomando uma ou outra coisa que tínhamos como
intenção deixar, esquecendo-nos levianamente de nossa intenção original. Por essa razão
necessitamos entregar tudo a Cristo. Entregue-lhe seu coração, com todas as suas emoções.
Diga a Jesus: "Senhor Jesus, entrego a ti, agora, todas as fibras de meu ser, todas as
facetas da minha alma. Entrego-te a afeição que tenho por meu pai, minha mãe, minha esposa,
filhos, por meus irmãos. Ensina-me a amar-te. Agora só tenho um anseio: amar-te. Quero
entregar-te todo o meu coração para que seja cheio de teu amor."
Dê-lhe também seu intelecto. Ele aceitará sua entrega.
E depois de entregar-lhe o coração, dê-lhe também o intelecto: seu cérebro, seus
pensamentos. Os crentes não fazem ideia do quanto estão defraudando a Cristo quando lêem a

2 de 5 24/08/2014 18:55
Andrew Murray - Rendição Total http://www.reavivamentos.com/pt/livros/Andrew_Murray/rendicao_total.html

literatura do mundo. De um modo geral, nós ficamos tão atarefados com a leitura de jornais
e revistas que dedicamos pouco tempo à leitura da Bíblia. Coloquemos aos pés de Jesus essa
capacidade que Deus nos deu, essa mente que pode pensar em coisas celestiais, eternas e
infinitas. Diga-lhe:
"Senhor Jesus, rendo a ti toda a minha capacidade intelectual, para que me ensines a pensar
como devo, para que meus pensamentos estejam em ti e no teu reino."
Entregue a ele seu pai, sua mãe, esposa, filhos, casa, terras, e dinheiro; dê tudo a Jesus.
E relacionado com isso está nossa vida exterior, nossa actuação no meio social, nossa
posição entre os homens, nossa associação com familiares e amigos. Está também o nosso
dinheiro, nossos negócios, o emprego de nosso tempo. Temos que passar todas essas áreas de
nossa vida às mãos de Jesus. Não temos como saber de antemão as bênçãos que tal rendição
nos acarreta, mas não há dúvida de que elas virão.
Entregue tudo a Jesus porque ele é digno, reconhecendo que, por si mesmo, não é capaz de
gerir tudo isso da maneira certa. Que Cristo seja o mordomo de tudo que você possui.
Entregue a ele seu pai, sua mãe, esposa, filhos, casa, terras, e dinheiro; dê tudo a Jesus
e verá que quando lhe damos tudo, recebemos tudo de volta multiplicado cem vezes.
A Bênção da Rendição
"E, desde que o fizera mordomo de sua casa e sobre tudo o que tinha, o Senhor abençoou a
casa do egípcio por amor de José; a bênção do Senhor estava sobre tudo o que tinha, assim
em casa como no campo." E se Deus abençoou aquele egípcio de forma tão maravilhosa por amor
a José será que não poderíamos dizer:
"Se eu entregar minha vida nas mãos de Jesus, tenho certeza de que Deus abençoará tudo que
possuo"? Afirme isso, meu irmão. Potífar confiou em José amplamente, e experimentou grande
prosperidade, pois Deus estava com José.
Jesus o guiará, instruirá, guardará, e operará em sua vida.
Amado irmão, pode confiar nisso. Se você entregar tudo a Jesus, terá bênção em sua vida
interior e exterior. Deus abençoou Potífar em casa e no campo, em todos os lados.
E que bênçãos você receberá? Não sei dizer, mas uma coisa sei: se você buscar ao Senhor
Jesus Cristo e lhe entregar tudo, Deus abençoará tudo que possui. Haverá bênção para sua
alma. "Tu, Senhor, conservarás em perfeita paz aquele cujo propósito é firme; porque ele
confia em ti." Experimente confiar em Jesus para obter tudo de que precisa e confiar-lhe
tudo que possui, receberá a bênção de Deus o perfeito descanso, o descanso da fé. Está tudo
nas mãos de Jesus. Ele o guiará, instruirá, guardará e operará em sua vida. Ele será tudo
para si também.
Não estou querendo dizer que não terá mais problemas e provações. Mas no meio a todos eles,
poderá gozar da poderosa presença de Jesus, para lhe dar conforto, auxílio e orientação.
José foi vendido como escravo por seus próprios irmãos, mas via nisso a mão de Deus,
aceitando esse facto. Cristo sofreu a traição de Judas, foi condenado por Caifás e entregue
à crucificação por Pilatos, mas via em tudo a vontade do Pai e aceitou todos esses factos
também. Entregue sua vida e tudo que lhe diz respeito nas mãos de Jesus, sabendo que até os
cabelos de sua cabeça estão contados e que o Pai sabe até quando cai ao chão um pardal.
Aceite isso agora e diga: "Entrego toda a minha vida inteiramente a Jesus. E tudo que me
suceder está dentro dos propósitos dele para mim. E descansarei sempre na certeza de que
isso é fato, quer na alegria ou na dor, na tempestade ou na tribulação."
Ninguém toca em um fio de cabelo nosso sem que Jesus o saiba.
Lendo o livro de Jonas percebemos que a mão de Deus estava em cada um de todos os passos do
profeta. Foi Deus quem mandou a tempestade sobre o navio em que Jonas estava; foi ele quem
mandou um peixe grande para engoli-lo e quem ordenou que depois o lançasse na praia. Foi
Deus, mais tarde também, quem levantou o vento oriental quando o sol lhe queimava a pele,
de sorte que Jonas ficou em desalento absolutista. Foi o Senhor também quem fez brotar a
planta para dar-lhe sombra e depois quem mandou o verme para a ferir e o vento vindo do mar
para secá-la rapidamente. Vemos, portanto, que todos os factos que nos possam suceder, que
todas as bênçãos e provações nos vêm de Deus, em Cristo. Ninguém pode tocar num fio de meu
cabelo, ninguém pode me dizer sequer uma palavra áspera, nenhum problema pode sobrevir-me

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sem que Jesus o saiba. Se minha vida estiver nas mãos dele, não preciso me preocupar com
nada. Posso aceitar tranquilamente tudo que ele me der.
A única imagem que Deus quer ver em nós é a de Cristo.
Deus abençoou Potífar no campo, isto é, em tudo aquilo que possuía fora de portas. Assim,
do mesmo jeito, Ele também terá como e porque abençoar todo o nosso relacionamento com
outros e seremos uma bênção para eles; com nosso viver humilde, tranquilo, calmo, santo,
comunicaremos consolo para todos; e com nossa prontidão em servir e ajudar a todos
demonstramos o que o Espírito Santo, de facto, realizou em nós ou não. Deus se apraz muito
em Jesus. E a única imagem que quer ver em nós é a de Cristo. Se entregarmos nosso coração
e vida a Jesus, dizendo: "Senhor, quero que vejas em mim apenas a Pessoa de Jesus",
estaremos a apresentar o sacrifício mais aceitável diante dele.
A Duração da Rendição
Quero chamar atenção para esse aspecto, pois, na maioria dos crentes, essa entrega total
não dura muito. Algumas pessoas a experimentam e durante algum tempo gozam de muita alegria
e satisfação, para logo de seguida começarem a diminuir em entrega e, algumas semanas
depois mesmo, talvez alguns meses depois, já tudo acabou. Outros há que não a perdem de
todo, mas queixam-se de que a experiência é intermitente. Dizem eles: "Quando fiz aquela
rendição total a Deus, recebi muitas bênçãos, mas de lá para cá, elas vêm diminuindo
bastante. Houve um sensível declínio em todo o meu ser."
Como foi que Potífar agiu? O verso 4 nos diz: "Ele o pôs por mordomo de sua casa, e lhe
passou às mãos tudo o que tinha." Uma frase tão simples. Ele deixou tudo entregue desse
jeito.
Na maioria dos crentes, essa entrega total não dura muito.
Ah, se você pudesse simplesmente dizer: "Passo tudo para as mãos de Jesus, deixando tudo
entregue a enquanto a eternidade durar", veria que bênção lhe traria tal atitude. No caso
de Potífar, ele sentiu que dali em diante, se poderia entregar por inteiro ao serviço do
rei sem preocupações. Ao procurar salvar uma pessoa que se possa estar a afogar, eu posso
estender-lhe uma das mãos enquanto me agarro com a outra em alguma coisa. Mas a melhor
coisa será poder estender as duas mãos e só faz isso quem já entregou a Jesus toda a sua
vida interior, suas preocupações e provações, a quem rendeu todo seu para se dedicar à
tarefa de realizar a vontade de Deus em tempo e disponibilidade integral. Você quer fazer
essa entrega? Preciso insistir nesse ponto, pois sei que está sujeito a tentações. Uma
delas será o facto de que as emoções que o acompanham na rendição, irão decrescer e em
pouco tempo já não serão tão intensas. Outras tentações virão através das circunstâncias do
nosso dia-a-dia. O fato é que elas virão, mas Deus permite que assim suceda para o nosso
bem. Todas as tentações que nos sobrevêm trazem consigo uma bênção. É preciso que
entendamos bem isso. Não devemos achar que fazendo uma rendição total hoje, ou amanha, ou
quando for, mesmo que seja uma entrega profunda, teremos daí por diante uma vida certinha.
Todos os dias, assim que Deus nos acordar pela manha, teremos que recolocar nossa vida,
nosso coração, negócios e lar nas mãos de Jesus. Se for preciso, devemos esperar nele
alguns minutos, em silêncio, até que nos fale:
"Meu filho, eu cuidarei de tudo; está tudo bem para hoje." E assim, todos os dias, pela
manhã, ele repete-nos esta bênção e ao terminarmos nosso momento devocional levaremos
connosco a certeza dessa verdade:
"Já tive comunhão com meu Rei hoje e está tudo batendo certo." Jesus assumiu o controle de
tudo. E assim, diariamente, temos graça para passar tudo para as mãos de Jesus.
Existem alguns crentes sinceros que talvez nunca tenham entendido muito bem, que precisam
entregar tudo a Cristo. Para esses, quero entregar uma mensagem do Pai: receba essa palavra
em seu coração hoje e mesmo que não a entenda plenamente, confirme-a com os lábios,
dizendo:
"Jesus, agora tu és dono de tudo que me diz respeito e vou aguardar em tua presença para
que me digas como queres que eu seja e tudo o que queres que faça." Meu irmão, faça isso
agora, sem mais demoras.
Todas as tentações que nos sobrevêm trazem consigo uma bênção.
Agora quero dirigir-me àqueles que já fizeram uma consagração anteriormente, mas anseiam

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fazer uma RENDIÇÃO TOTAL e perfeita. Essa rendição é possível, pois o Espírito Santo veio
até nós com esse propósito: glorificar a Jesus e glorificá-lo em nosso coração,
revelando-nos como pode apoderar-se totalmente de nossa vida; glorificá-lo introduzindo-o
em nosso ser, para que possamos brilhar pela glória dele. Creia nisso. Se você estiver
disposto a ter essa experiência, o Pai a concederá, através do seu Espírito Santo.
Faça sua entrega a Deus com uma oração simples: "Pai, todas as áreas do meu ser que
quiseres preencher com a vida de Cristo, eu as entrego a Ti." E a resposta dele será: "Meu
filho, receberás o quanto quiseres ter da vida de Cristo, pois tenho grande prazer em que
meu Filho esteja no coração dos filhos dos homens."

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Senhor, ensine-nos a orar ou O Único Mestre


Andrew Murray
Tradução: Nunho Pinheiro

‘E ACONTECEU que, estando ele a orar num certo lugar,


quando acabou, lhe disse um dos seus discípulos: Senhor,
ensina-nos a orar.' Lucas 11:1
Os discípulos tinham estado com Cristo e visto-O orar. Tinham aprendido a
compreender algo da relação entre a Sua maravilhosa vida pública e a Sua secreta vida de
oração. Eles tinham aprendido a crer Nele como um Mestre na arte da oração – ninguém
podia orar como Ele. E assim, eles vieram a Ele com um pedido “Senhor, ensine-nos a
orar!” E nos anos seguintes eles nos teriam dito que há poucas coisas mais magníficas ou
excelentes que Ele lhes tinha ensinado do que lições sobre oração.
E agora com o passar do tempo, enquanto Ele está a orar num determinado lugar,
aqueles discípulos que O vêm tão envolvido sentem a mesma necessidade de repetirem o
mesmo pedido, “Senhor, ensina-nos a orar”. À medida que crescemos na vida cristã, o
pensamento e a fé do nosso Amado Mestre na Sua infalível intercessão torna-se ainda mais
preciosa, e a esperança de ser mais semelhantes a Cristo na Sua intercessão ganha uma
atratividade que era dantes desconhecida. E enquanto O vemos orar, e nos lembramos que
não há ninguém que possa orar como Ele e ninguém que pode ensinar como Ele, sentimos
que a petição dos discípulos, “Senhor, ensina-nos a orar”, é mesmo o que nós precisamos.
E quando pensamos o que tudo Ele é e tem, como Ele mesmo é nosso, como Ele é
em si mesmo a nossa própria vida, sentimo-nos seguros em somente pedir, e Ele terá
prazer em nos tomar para mais junto de Si e nos ensinar a orar tal como Ele ora.
Vinde, meus irmãos! Não iremos nós ao Abençoado Mestre e pedir-lhe para
inscrever os nossos nomes para constar nessa escola que Ele sempre mantém aberta para
aqueles que anseiam continuar os seus estudos na arte Divina da oração e intercessão? Sim,
digamos neste mesmo dia ao Mestre, como eles disseram antigamente, “Senhor, ensina-nos
a orar”. Enquanto meditamos, veremos que cada palavra da petição é cheia de significado.
“Senhor, ensina-nos a orar”, sim, a orar. Isto é o que precisamos de ser ensinados.
Apesar de nos primeiros passos a oração ser tão simples que até a criança mais pequena
pode orar, é ao mesmo tempo o mais elevado e mais santo trabalho que um homem pode
empreender. É relacionamento com o Invisível e o Mais Santo Ser.
Os poderes do mundo eterno foram colocados à sua disposição. É a verdadeira
essência da verdadeira religião, o canal de todas as bênçãos, o segredo do poder e da vida.
Não somente para nós mesmos, mas para outros, para a Igreja, para o mundo, que é por
oração que Deus deu o direito de tomar posse Dele e da Sua força. É pela oração que as
promessas esperam pelo seu cumprimento, o reino pela sua vinda, a glória de Deus pela sua
completa revelação. E para este abençoado trabalho quão trapalhões e desajustados nós
somos! Somente o Espírito de Deus pode nos capacitar a fazê-lo bem. Como somos
enganados tão rapidamente a ficar na forma, enquanto o poder está à espera. Nosso antigo
treino, o ensino da Igreja, a influência do hábito, o levantar de emoções – como isto
conduz facilmente à oração que não tem poder espiritual, e compensa mas pouco.
Verdadeira oração, que toma posse da força de Deus, que compensa muito, à qual os
portões do céu estão verdadeiramente abertos – quem não clamará, oh, por alguém que me
ensine a orar assim?

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2

Jesus abriu uma escola, na qual Ele treina Seus remidos, que especialmente desejam
isto, ter poder na oração. Não iremos nós entrar nela com a petição, Senhor! É mesmo isto
que precisamos de ser ensinados! Oh, ensina-nos a orar.
“Senhor, ensina-nos a orar”, sim, a nós Senhor. Nós lemos na tua Palavra com que
poder o teu povo crente de antigamente habitualmente orava, e que poderosas maravilhas
eram feitas em resposta às suas orações. E se isto aconteceu no Antigo Testamento, no
tempo de preparação, quanto mais não dará, nestes dias de cumprimento, ao seu povo este
seguro sinal da Sua presença no seu meio. Nós ouvimos as promessas dadas aos seus
apóstolos sobre o poder da oração em Seu nome, e temos visto quão gloriosamente eles
experimentaram essa verdade: nós sabemos com certeza, que se podem tornar verdade para
nós também. Nós ouvimos continuamente mesmo nestes dias que glória houve no Seu
poder e o darás ainda àqueles que confiarem plenamente em Ti. Senhor! Estes homens
foram igualmente sujeitos às mesmas paixões que nós; então, ensina-nos a orar também. As
promessas são para nós, os poderes e dons do mundo celestial são para nós. Oh, ensina-
nos a orar de maneira a podermos receber abundantemente. A nós também entregaste a
Tua obra, na nossa oração também depende a vinda do Teu reino, na nossa oração também
Tu podes glorificar o Teu nome; “Senhor, ensina-nos a orar”, sim a nós Senhor; nós
oferecemo-nos como aprendizes; nós seremos de certeza ensinados por Ti. “Senhor,
ensina-nos a orar”.
“Senhor, ensina-nos a orar”, sim, nós sentimos a necessidade agora de sermos
ensinados a orar. A princípio não há obra que pareça mais simples; mais tarde nada mais
difícil; e a confissão é forçada por nós: Nós não sabemos como orar como deveríamos. É
verdade que temos a Palavra de Deus, com as suas claras e certas promessas; mas o pecado
escureceu tanto a nossa mente, que nós nem sempre sabemos como aplicar a palavra. Nas
coisas espirituais, nós não buscamos sempre as coisas mais necessárias, ou falhamos em
orar de acordo com a Lei do santuário. Nas coisas temporais somos ainda menos capazes
de avaliar-nos na maravilhosa liberdade que o nosso Pai nos deu para lhe pedirmos o que
precisamos. E mesmo quando sabemos o que pedir, muito ainda fica por conseguir para
que a nossa oração se torne aceitável. Precisa ser para a glória de Deus, numa submissão
total à Sua vontade, na plena certeza de fé, no nome de Jesus, e com uma perseverança que,
se necessário for, se recuse a ser negado. Tudo isto precisa se ser aprendido. Só pode ser
aprendido na escola de muita oração, porque a prática aperfeiçoa. À parte da dolorosa
consciência da ignorância e imerecimento, na luta entre acreditar e duvidar, a arte celestial
da oração eficaz é aprendida. Porque, mesmo quando nós não nos lembramos, existe Um,
o Iniciador e o Finalizador da fé e da oração, que vela pela nossa oração, e vê para que
todos os que Nele confiam para esta educação desta escola da oração possam ser
carregados até à perfeição.
Mas deixemos que a tónica mais profunda de toda a nossa oração seja a
incapacidade de ensino que resulta de um senso de ignorância e da fé Nele como o
professor perfeito, e então podemos ter a certeza de que seremos ensinados, e
aprenderemos a orar em poder. Sim, podemos depender disso, Ele nos ensinará a orar.
“Senhor ensina-nos a orar”. Ninguém pode nos ensinar como Jesus, ninguém
apenas Jesus; como tal, chamamos por Ele ‘ Senhor ensina-nos a orar’. Um aluno necessita
de um professor que saiba o seu trabalho, que tem o dom do ensino, que em paciência e
amor irá de encontro às necessidades do aluno. Abençoado seja Deus! Jesus em tudo isto e
muito mais. Ele sabe o que a oração é. É Jesus, orando Ele próprio, quem nos ensina a
orar.
Ele sabe o que a oração é. Ele aprendeu sobre isso no meio das tribulações e
lágrimas da Sua vida na Terra. No céu ainda é o Seu trabalho amado. A Sua vida lá é
oração. Nada Lhe agrada mais do que encontrar aqueles que pode levar consigo à presença
do Pai, aqueles a quem ele pode revestir com o poder de orar debaixo da bênção de Deus

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com aqueles que estão à sua volta, aqueles que Ele pode treinar para serem seus
colaboradores na intercessão pela qual o reino deverá ser revelado na Terra. Ele sabe como
ensinar. Agora pela urgência da necessidade sentida, depois pela confiança que a alegria
inspira. Aqui, pelo ensino da Palavra, ali pelo testemunho de outro crente que sabe o que é
ter oração ouvida.
Através do Seu Espírito Santo Ele tem acesso ao nosso coração e ensina-nos a orar
mostrando-nos o pecado que obstrui a oração, ou dando-nos a garantia de que agradamos a
Deus. Ele ensina, não só dando pensamentos do que pedir ou como pedir mas vivificando
em nós o próprio espírito de oração, deixando dentro de nós o Grande Intercessor. Nós
podemos de facto e sobremaneira alegres afirmar: ‘Quem ensinou como Ele?’ Jesus nunca
ensinou os seus discípulos como pregar, apenas como orar. Ele não falou muito sobre o
que era preciso para pregar bem, mas muito sobre o orar bem. Saber como falar com Deus
é mais do que saber como falar com homens. Em primeiro lugar não está o poder com os
homens mas o poder com Deus. Jesus adora ensinar-nos como orar.
O que é que vocês pensam meus amados discípulos seguidores! Não seria justo que
pedíssemos aquilo que necessitamos ao Mestre, para que nos desse durante um mês um
curso de lições especiais sobre a arte de orar? À medida que meditamos nas palavra que
falou na Terra, rendamo-nos aos seus ensinamentos na confiança plena de que com tal
professor nós faremos progressos.
Tomemos tempo não só par meditar, mas para orar, para nos lançarmos aos pés do
trono e sermos treinados para o trabalho da intercessão. Façamos pois assim com a
garantia de que no meio das nossas hesitações e receios Ele está a levar a cabo o Seu
trabalho de uma forma maravilhosa. Ele respirará a Sua própria vida, que é oração, para
nós. À medida que Ele nos faz participantes da Sua justiça e da Sua vida, Ele nos fará
participantes da Sua intercessão também. Como membros do Seu corpo, como um
sacerdote santo, devemos tomar parte do Seu trabalho sacerdotal de insistir e perseverar
com Deus pelo Homem. Sim, embora sejamos ignorantes e fracos de pensamento devemos
muito alegremente dizer, ‘Senhor ensina-nos a orar’.
Bendito Senhor! Que viveste sempre para orar, Vós podeis me ensinar a orar
também, a mim também a viver para orar sempre. Nisto Vós amastes me fazer participante
da Tua glória no céu, que eu possa orar sem cessar, e permanecer sempre como um
sacerdote na presença do meu Deus.
Senhor Jesus! Eu peço-Vos que inscrevas meu nome neste dia entre aqueles que
confessam que não sabem como orar como deveriam, e principalmente Vos pedir por um
curso de ensino em oração. Senhor! Ensina-me a me separar para Vós na escola, e Vos dar
tempo para me treinar. Possa um profundo pesar da minha ignorância, do maravilhoso
privilégio e poder da oração, de uma necessidade do Espírito Santo como o Espírito de
oração, me guiar a lançar fora meus pensamentos do que eu julgo saber, e me faça ajoelhar
perante Vós em verdadeira falta de ensino e pobreza de espírito. E enche-me, Senhor, com
a confiança de com um professor como Vós sois, eu poderei aprender a orar.
Na segurança que eu tenho como meu professor, Jesus que está sempre orando ao
Pai, e por Sua oração governa os destinos da Sua Igreja e o mundo, eu não temerei. Tanto
quanto eu preciso saber dos mistérios do mundo de oração, Vós ireis revelar a mim. E
quando eu não puder saber, Vós ireis me ensinar a ser forte na fé, dando glória a Deus.
Bendito Senhor! Vós não deixareis envergonhados Vossos alunos que em Vós confiam,
nem por Sua graça, Vós sereis também. Amém.

Fonte: Capítulo 1 do livro With Christ in the


School of Prayer, de Andrew Murray.

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VITÓRIA SOBRE O FRACASSO NA ORAÇÃO

1
Por Andrew Murray

Vitória Sobre Fracasso na Oração


Andrew Murray

Se na vida de um cristão zeloso existe pouco entusiasmo na oração, um senso


de fracasso no testemunhar, a ausência de alegria e paz e, ainda, pouco prazer na
Palavra, é bem possível que esteja vivendo debaixo da lei e não da graça.
Há uma grande diferença entre lei e graça. A lei exige; a graça concede. A lei
ordena, porém não oferece força nenhuma para obedecer; a graça promete e executa
tudo o que precisamos fazer. A lei sobrecarrega, deprime e condena; a graça conforta,
fortalece e alegra. A lei apela para o ego para estimulá-lo ao desempenho máximo; a
graça aponta a Cristo para fazer tudo. A lei convoca para o esforço e esgotamento e
nos impele para uma meta que nunca conseguiremos atingir; a graça opera em nós
toda a bem-aventurada vontade de Deus.
Em vez de lutar contra o fracasso, o primeiro passo deveria ser aceitar
plenamente a derrota junto com a própria debilidade e, com essa confissão, cair
desmontado diante de Deus em total impotência. É nessa posição que se aprende que,
sem a libertação e a força provenientes da graça, é impossível fazer melhor do que já
fez. A graça precisa fazer tudo por ele. É preciso sair do domínio da lei, do velho
homem e do esforço carnal, e assumir sua posição debaixo da graça, permitindo que
Deus faça tudo.
Quantas vezes temos determinado orar mais, com mais intensidade, e
depois falhamos de novo! Não temos a força de vontade de alguns, que conseguem
dar meia-volta e mudar os hábitos. A pressão do dever é enorme, como sempre, e
temos muita dificuldade em achar tempo para orar mais. Não sentimos verdadeira
alegria na oração, sem a qual é impossível perseverar; assim, somos incapazes de
suplicar e clamar como deveríamos. Nossas orações, em vez de serem fonte de alegria
e renovação, levam-nos a autocondenação e dúvida. Temos, por vezes, lamentado,
confessado e feito resoluções, mas, para falar a verdade, não temos esperança, porque
não enxergamos o caminho para qualquer mudança profunda ou permanente.
VITÓRIA SOBRE O FRACASSO NA ORAÇÃO

2
Por Andrew Murray

Enquanto prevalece esse espírito, há muito pouca perspectiva de progresso.


Desânimo traz derrota. Nenhum ensinamento da Palavra sobre o dever, a urgente
necessidade e o bem-aventurado privilégio de orar mais e com mais eficácia valerá
alguma coisa enquanto não se fizer calar o sussurro secreto: não adianta, não há
esperança. Nossa primeira preocupação deve ser encontrar a causa secreta do
fracasso e do desespero; só então é que descobriremos como é divinamente garantida
a nossa libertação.
Precisamos receber em nosso coração a promessa divina com a resposta que
lhe foi dada: “Voltai, ó filhos rebeldes, eu curarei as vossas rebeliões. Eis-nos aqui,
vimos ter contigo; porque tu és o Senhor nosso Deus” (Jr 3.22). Precisamos chegar com
uma oração pessoal e a fé de que haverá uma resposta pessoal. Não deveríamos
começar agora mesmo a buscar semelhante resposta sobre nossa falta de oração,
crendo que Deus nos ajudará: “Cura-me, Senhor, e serei curado” (Jr 17.14)?
Fraqueza e fracasso na oração são sinais de fraqueza na vida espiritual. Todos
os que desejam orar com mais fidelidade e eficácia precisam descobrir que sua vida
espiritual como um todo está doente e necessita de restauração. É preciso haver uma
mudança radical em toda a vida e comportamento daquele que deseja que sua vida de
oração, que é simplesmente o pulso do sistema espiritual, demonstre saúde e vigor.
A oração deveria ser tão simples e natural quanto a respiração ou o trabalho
para um homem saudável. A relutância que sentimos e o fracasso que confessamos
são a própria voz de Deus chamando-nos para reconhecer a nossa enfermidade e para
ir a ele para a cura prometida. Qual é a cura para a doença cujo sintoma é falta de
oração?
Não existe uma resposta melhor do que esta que se encontra nas
palavras: “...pois não estais debaixo da lei, e sim da graça” (Rm 6.14).
O grande perigo é viver debaixo da lei e servir a Deus na força da carne. Na
grande maioria dos cristãos, esse parece ser o estado em que permanecem durante
toda a sua vida. Aqui está a razão para a falta de santidade na vida e de poder na
oração. Todos os fracassos só podem ter uma causa: os homens procuram fazer
sozinhos o que só a graça pode fazer neles – e que certamente fará.
VITÓRIA SOBRE O FRACASSO NA ORAÇÃO

3
Por Andrew Murray

Graça não é somente perdão pelos pecados, mas poder sobre o pecado; a
graça ocupa o lugar na vida que o pecado ocupava antes. Assim como o pecado
reinava em nós pelo poder da morte, a graça agora reina pelo poder da vida de Cristo.
O apóstolo Paulo pinta um quadro do cristão que vive debaixo da lei,
terminando no fim com estas palavras amargas: “Desventurado homem que sou!
Quem me livrará do corpo desta morte?” (Rm 7.24). A resposta dele àquela pergunta
é: “Graças a Deus por Jesus Cristo nosso Senhor...” (Rm 7.25).
Isso mostra que existe libertação de uma vida escravizada por maus hábitos,
contra os quais temos lutado em vão. A libertação é pelo Espírito Santo levando-nos a
experimentar plenamente tudo o que a vida de Cristo pode realizar em nós: “A lei do
Espírito da vida em Cristo Jesus me livrou da lei do pecado e da morte” (Rm 8.2).
A graça de Deus pode nos introduzir na liberdade do Espírito e nos manter
seguros ali. Podemos ser libertos da vida miserável sob o poder do cativeiro, que não
nos permitia fazer o que queríamos. O Espírito de fé em Cristo pode nos libertar do
nosso constante fracasso na oração e nos capacitar nisso, também, a andar dignos do
Senhor para agradá-lo em tudo.
Ó, não se desespere, não desanime! O que é impossível para o homem é
possível para Deus! Aquilo que você não vê possibilidade de fazer, a graça fará.
Confesse sua enfermidade; confie no Médico; tome posse da cura; faça a oração da
fé: “Cura-me Senhor, e serei curado” (Jr 17.14). Você também pode tornar-se um
homem ou uma mulher de oração, e fazer a súplica que “muito pode por sua
eficácia” (Tg 5.16).
Vós Sois as Varas
(João 15:5)

Andrew Murray

Todas as coisas dependem de nossa vida correta em


Cristo. Se nossa vida com Cristo está correta, tudo estará bem.
Pode haver necessidade de instrução, inspiração, ajuda e
treinamento, tudo isso tem seu valor, mas a longo prazo o mais
essencial é ter vida plena em Cristo; em outras palavras, ter Cristo
em nós, operando através de nós. O Mestre tem tal benção para
cada um de nós, tal paz perfeita e descanso, tal alegria e poder; se
simplesmente tomarmos e nos mantivermos na atitude correta em
relação a Ele.
Que coisa simples é ser uma vara de uma videira. A vara
brota da videira e ali ela vive e cresce, e, no devido tempo, dá
fruto. Ela não tem responsabilidade exceto a de unicamente
receber da raiz e tronco seiva e nutrição. Se nós apenas, através
do Espírito Santo, conhecêssemos nosso relacionamento com
Jesus Cristo, nossa obra seria transformada na coisa mais
brilhante e mais celestial sobre a terra. Ao invés de haver fadiga de
alma ou exaustão, nossa obra seria como uma nova experiência,
nos unindo a Jesus como nada mais pode unir. Não é verdade que
freqüentemente nossa obra fica entre nós e Jesus? Que tolice! A
verdadeira obra que Ele tem para fazer em mim, e eu para Ele,
abraço de tal forma que ela me separa de Cristo.
Muitos trabalhadores da vinha têm se queixado de ter
muito trabalho e de não ter tempo para a comunhão com Jesus, e
que seu trabalho habitual enfraquece sua disposição para orar, e
que a interação com os homens obscurece sua vida espiritual.
Triste idéia a de que o produzir fruto deveria separar a vara da
videira! Deve ser porque olhamos para nossas obras como sendo
algo mais do que a vara produzir fruto.
O que é a "vida da vara"? É vida de absoluta
dependência. A vara não tem nada, ela depende somente da
videira para todas as coisas. As palavras "absoluta dependência"
são muito solenes, grandes e preciosas. Um grande teólogo
Alemão escreveu dois grandes volumes alguns anos atrás para
mostrar que toda a teologia de Calvino se resume naquele único
princípio de absoluta dependência de Deus. Um outro grande
escritor disse que somente a absoluta e inalterável dependência de
Deus é a essência da religião dos anjos, e também deve ser a do
homem. Deus é tudo para os anjos, e Ele espera ser tudo para os
cristãos. Se pudermos aprender a depender de Deus todos os
momentos do dia, todas as coisas estarão bem, se dependermos
absolutamente de Deus.
Aqui encontramos este fato ilustrado com a videira e as
varas. Deixe cada cacho de uva que você vê lembrá-lo de que a
vara é absolutamente dependente da videira. A videira fez a obra,
e a vara desfruta do seu fruto. O que a videira tem que fazer? Ela
tem que executar um grande trabalho. Ela precisa lançar suas
raízes no solo e procurar sob a terra as raízes que freqüentemente
percorrem um longo caminho por nutrição, e bebê-la na umidade.
Coloque adubo a uma certa distância e a videira estende suas
raízes para lá, e então em suas raízes ou tronco ela transforma a
umidade e o adubo numa seiva especial que produz o fruto. A
videira executa o trabalho; a vara tem apenas que receber da
videira a seiva.
Contaram-me que em Hampton Court, em Londres,
havia uma videira que algumas vezes produzia alguns milhares de
cachos de uva, e as pessoas ficavam espantadas com seu enorme
crescimento e rica frutificação. A causa foi descoberta. Não muito
longe de lá passa o rio Thames, e a raiz da videira se esticou,
centenas de jardas, até chegar à beira do rio, e em seu rico lodo
encontrou nutrição e umidade. As raízes levavam a seiva por toda
aquela distância para dentro da videira e, como resultado, havia
uma abundante e rica colheita. A videira tinha o trabalho para
executar e as varas tinham apenas que dependerem da videira e
receberem o que ela dava.
Isto é literalmente verdadeiro sobre o meu Senhor
Jesus? Devo entender que quando tenho que trabalhar, quando
tenho que pregar um sermão, liderar um estudo bíblico ou sair e
visitar os pobres toda a responsabilidade do trabalho está em
Jesus? Isto é exatamente o que Jesus quer que você entenda.
Cristo quer que em toda a sua obra a verdadeira fundação seja a
abençoada consciência de que Cristo deve cuidar de tudo.
Como Ele satisfaz a confiança desta dependência? Ele o
faz pelo envio do Espírito Santo, não de quando em quando
como um presente especial, mas para relembrar que a relação
entre a videira e as varas é tal que de hora em hora, diariamente,
incessantemente existe uma viva conexão mantida. A seiva não
flui por um tempo, então pára, e então flui outra vez, mas de
momento em momento a seiva flui da videira para as varas. Assim
que meu Senhor Jesus precisa de mim para tomar aquela
abençoada posição como um trabalhador, e, manhã após manhã,
dia após dia, hora após hora e passo após passo, em toda obra que
tenho para fazer, somente permaneço diante dEle na simples e
completa impotência de alguém que nada sabe, nada é e não pode
fazer nada. Se sou alguma coisa, então Deus não é todas as coisas.
Quando me torno nada Deus pode se tornar tudo, e o eterno
Deus em Cristo pode Se revelar plenamente. Se você for uma
verdadeira vara de Cristo, a Videira viva, descanse Nele. Deixe
Cristo desempenhar a responsabilidade.
Repetindo, a vida da vara é uma vida de completa
comunhão. O que a vara tem que fazer? Você conhece aquela
preciosa e inexaurível palavra que Cristo usou, "permanecei". Sua
vida é uma vida permanente. Como deve ser esse permanente?
Deve ser apenas como uma vara na videira, permanecendo todos
os minutos do dia. Há varas em permanente comunhão com a
videira, de janeiro a dezembro. "Mas eu sou muito ocupado". Sim,
mas é a mente que está ocupada com as coisas temporais. A
ocupação do permanecer é a ocupação do coração, não da mente;
a ocupação do coração apega-se e descansa em Jesus, uma
ocupação na qual o Espírito Santo nos liga a Cristo Jesus. Oh!
Creia que muito mais profundo do que o intelecto, muito
profundo na vida interior, você pode permanecer em Cristo. Se
você aprender por um momento a colocar de lado as outras
ocupações e entrar neste permanente contato com a Videira
celestial, verá que o fruto virá.
A completa, pessoal e real comunhão com Cristo é uma
necessidade absoluta para o viver diário. Gaste tempo para estar a
sós com Cristo. Você não pode ser uma vara saudável, vara na
qual a seiva celestial flui, a menos que você gaste bastante tempo
na comunhão com Deus. Se você não deseja sacrificar tempo para
estar só com Ele e dar a Ele tempo para trabalhar em você todos
os dias, mantendo o elo de ligação entre você e Ele, Ele não lhe
dará a benção da inquebrável comunhão. Jesus Cristo convida
você a viver uma comunhão com Ele. Diga de todo coração: "Oh
Cristo, é isto que tanto espero, é isto que escolho". E Ele
alegremente o dará a você.
Finalmente, a vida da vara é uma vida de completa
rendição e poucos entendem seu significado. "Você tem alguma
coisa a fazer, pequena vara, além de produzir uvas?" Não, nada.
"Você está preparado para fazer nada?" Preparado para fazer
nada! A Bíblia diz que nem mesmo uma pontinha da videira pode
ser usada como uma pena; ela está preparada para nada fazer além
de ser queimada. Nosso relacionamento deve ser assim. Somos
completamente entregues à videira, e a videira pode nos dar mais
ou menos seiva, como ela achar melhor. Aqui estou eu a sua
disposição, e a videira pode fazer comigo o que achar melhor.
Precisamos desta total rendição ao Senhor Jesus Cristo.
Quanto mais falo, mais sinto que este é um dos pontos
mais difíceis de esclarecer, e um dos mais importantes e
necessários pontos para esclarecer. Isto significa que assim como
Cristo literalmente se entregou inteiramente a Deus, assim estou
eu inteiramente entregue a Cristo. Isto é muito forte? Alguns
podem pensar assim. Alguns pensam que não pode ser assim; mas
assim como Cristo entregou inteiramente e absolutamente Sua
vida para não fazer nada além de buscar o prazer do Pai e
depender inteiramente e absolutamente do Pai, assim nós
devemos nada fazer além de buscar o prazer de Cristo. Esta é a
verdade desta questão. Cristo Jesus veio para soprar Seu próprio
Espírito sobre nós, para nos fazer encontrar nossa mais alta bem-
aventurança em viver inteiramente para Deus, assim como Ele
fez.
Traga tudo ao relacionamento com Jesus e diga,
"Senhor, todas as coisas em minha vida têm que estar em
completa harmonia com minha posição como Sua vara, a
abençoada Videira". Deixe que sua rendição a Cristo seja perfeita,
e Ele mostrará a você o que está, e o que não está de acordo com
Sua vontade, e o guiará na mais profunda e elevada bem-
aventurança.

Extraído do livro "Absolute Surrender" (Rendição


Absoluta).

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