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Comunilog Consulting, Lda.

As Listas de Verificação na
Actividade do Técnico (Superior)
de Segurança no Trabalho
Técnica de Recolha de Dados

Pedro Filipe Aguilar Brigas

2016
Comunilog Consulting, Lda.
Curso Técnico Superior de Segurança no Trabalho

Listas de Verificação

As Listas de Verificação (LV) fazem parte de um conjunto de Técnicas usadas pelos Técnicos
(Superiores) de Segurança no Trabalho, onde também se enquadram os Questionários, as
Entrevistas, as Observações e as Verbalizações, como Ferramentas de apoio em muitas das suas
actividades.

A utilização de cada uma destas Técnicas é condicionada pelos Objectivo, pelo Tipo de Informação
que pretende obter e pela existência de Constrangimentos em termos Económicos, Temporais,
Sociais, Técnicos, Tecnológicos ou Ambientais.

Quanto às LV, trata-se de uma Técnica de “papel e lápis” que não requer equipamento especial e
que pode ser usada como complemento de outras Medidas Quantitativas ou Qualitativas. É
frequentemente usada para recolher informação que mais tarde será tida em consideração na
elaboração de Questionários ou Entrevistas, sendo também utilizada como suporte e
complemento de Métodos Observacionais.

O recurso às LV é frequente quando o objectivo passa por averiguar se determinados critérios são
respeitados durante a realização da Tarefa, verificar se as características dos Espaços,
Equipamentos ou Ambientes são adequados, ou assegurar a conformidade com determinadas
Regras, Normas, Códigos ou Práticas previstas.

Considerando estas aplicações, não é de estranhar que em processos de Auditoria e Consultoria a


utilização de LV seja bastante frequente, sendo que a sua utilização é até referenciada pela
Norma NP EN ISO 19011:2012.

As LV são usadas num vasto leque de contextos, desde o Meio Industrial até ao Meio Hospitalar,
passando inclusivamente pela área da Usabilidade de Equipamentos e de Sistemas de Informação.

Nos últimos anos, tem-se também assistido ao desenvolvimento de LV específicas para o


ambiente de Escritórios, estando estas muito centradas na saúde dos Trabalhadores que passam
um grande número de horas sentados à secretária a utilizar Computador.

As LV são também usadas como um meio de reduzir o insucesso na realização de uma


determinada Tarefa, compensando eventuais limites da memória e atenção humana.

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Em certos contextos, a Tarefa a realizar é decomposta num determinado número de passos,


organizados ordenadamente sob a forma de uma Lista. A realização da Tarefa está dependente da
realização de cada um desses passos, confirmada com um qualquer elemento informativo, como
por exemplo, uma cruz (X). Esta abordagem é particularmente comum em actividades complexas,
como por exemplo, actividades inseridas no contexto da Aviação.

Em termos de apresentação, embora não exista um Modelo Único que deva ser seguido, a
maioria das LV desenvolvidas com o objectivo de analisar o cumprimento, a existência ou a
concordância de determinados Factores, Propriedades, Aspectos, Componentes ou Dimensões,
como é o caso das LV desenvolvidas no âmbito de um processo de Auditoria, é concebida de
acordo com o Modelo apresentado na Figura 1.

1) 1º Parâmetro a analisar Sim Não NA Observações

1.1) Item 1

1.2) Item 2

…….

2) 2º Parâmetro a analisar Sim Não NA Observações

2.1) Item 1

…….

Figura 1 - Exemplo de um Modelo de Apresentação de uma Lista de Verificação.

Depois de definidos os Parâmetros sobre os quais a LV se vai debruçar, é altura de seleccionar os


itens em relação aos quais as avaliações vão ser feitas.

Nas duas primeiras colunas afirma-se ou nega-se o cumprimento, a existência ou a concordância


com o item. É útil existir uma terceira opção, seleccionada quando, por alguma razão, aquele item
não puder ser avaliado no sistema ou contexto em que decorre a Análise.

A última coluna destina-se ao assinalar, por parte do Analista, de Informações e Comentários que
este considere pertinentes em relação à avaliação efectuada a um determinado item.

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Em determinadas situações, como por exemplo em processos de Consultoria, a LV deverá


contemplar mais uma coluna, destinada a propor Medidas ou Acções Correctivas, no caso de ter
sido detectada alguma não-conformidade, isto é, no caso de se ter verificado o não cumprimento,
existência ou concordância de um item.

Não existe um guião universal para a concepção de uma LV. Contudo, existem linhas orientadoras
que devem servir como ponto de referência aquando do seu desenvolvimento.

Daniel L. Stufflebeam elaborou uma LV (irónico ) com este mesmo objectivo, isto é, fornecer
orientações práticas a indivíduos que desejam desenvolver LV. O Autor teve em consideração os
mais de 30 anos de experiência própria no desenvolvimento e aplicação de LV, nos mais variados
contextos e com as mais variadas finalidades (Stufflebeam, 2000).

Stufflebeam (2000) aborda 12 parâmetros que considera fundamentais no desenvolvimento de


qualquer LV. Para cada um desses parâmetros são definidos vários critérios que devem ser
respeitados, sendo que, no final do Documento, é justificada a pertinência da presença de cada
um dos critérios.

Barbara A. Bichelmeyer desenvolveu uma ferramenta de apoio aos responsáveis pela concepção,
desenvolvimento e aplicação de LV, que deve ser aplicada numa fase anterior à apresentação do
Modelo Final das mesmas. Curiosamente, mais uma vez, esta Ferramenta é, ela própria, uma LV
(Bichelmeyer, 2003).

Segundo Bichelmeyer (2003), trata-se de uma Ferramenta de Apoio, de carácter geral, não
estando orientada para responder a possíveis necessidades específicas de alguns dos seus
Utilizadores. Focando-se em 5 parâmetros (Enquadramento, Conteúdo, Estrutura, Utilização de
Imagens e Usabilidade), define critérios que, quando cumpridos, contribuem para a qualidade de
qualquer LV, tanto ao nível da sua Apresentação, como no que respeita à facilidade da sua
Aplicação.

Numa primeira parte de qualquer LV devem constar informações como o Título, descrevendo com
precisão o Objectivo da mesma, o nome do Autor responsável pelo seu desenvolvimento, onde
procurar ajuda para a sua Aplicação, bem como as orientações gerais de aplicação, incluindo
ferramentas ou referências que possam servir de apoio. Devem ainda constar dados relativos ao
Local e Data de Aplicação.

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Os itens em relação aos quais a Avaliação vai ser feita, para além de formulados de forma
tecnicamente correcta, devem ser totalmente Independentes uns dos outros e estar expressos de
forma clara e sucinta, utilizando uma linguagem consistente e o mais precisa possível.

Podem estar formulados sob uma forma Declarativa ou sob a forma de Questão Fechada, sendo
que em qualquer um dos casos se deve privilegiar a utilização da forma positiva de modo a que o
assinalar da coluna “Não” esteja associado ao não cumprimento daquele critério.

Os parâmetros a analisar e os respectivos critérios devem estar numerados e ser apresentados


numa ordem funcional. Caso seja necessário, pode ser fornecida informação adicional que sirva
de apoio na tomada de decisão. Esta informação pode vir sob a forma de orientações ou
exemplos, devendo sempre ser parte integrante da LV.

Caso se recorra à utilização de Imagens, estas devem ser apresentadas no lado esquerdo da
Página, com um texto explicativo à direita ou em baixo da mesma. Numa LV, a utilização de
Imagens não é frequente, acontecendo apenas em casos em que estas contribuem de forma
directa para a transmissão de determinada informação relevante.

A Usabilidade de uma LV deve ser testada numa fase anterior à elaboração do respectivo Modelo
Final. Para tal, é importante que esta seja aplicada numa Situação de Teste, o mais semelhante
possível àquela que se pretende que seja a situação real de aplicação, por um determinado
número de Utilizadores, também eles com características semelhantes àqueles que se pretende
que a apliquem no futuro.

Seguidamente, um a um, estes indivíduos fornecem ao Responsável pelo desenvolvimento da LV


informações resultantes desta aplicação de teste (Pontos Positivos, Pontos Negativos,
Dificuldades, Limitações), que este terá em consideração na revisão da LV antes da apresentação
do Modelo Final.

As vantagens associadas à sua utilização das LV são as seguintes:

 Facilidade de Aplicação;

 Baixos Custos;

 Obtenção de um vasto conjunto de informação fácil de analisar;

 Evidência de que um sistema cumpre, ou não, com determinados requisitos,


regulamentos ou normas;

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 Permite recolher informação sobre Sistemas já existentes ou em fase de concepção.

Porém, à semelhança de todas as outras Técnicas, a sua aplicação também tem alguns
inconvenientes, como por exemplo:

 Não se avalia a importância relativa dos critérios ou o possível grau de não concordância;

 Na maioria das vezes, os critérios a avaliar são unidimensionais e não têm em


consideração a interacção das variáveis;

 Quando não concebida de raiz para determinado contexto de utilização, não têm em
consideração o Espaço/Posto de Trabalho específico.

 Em alguns casos podem ter um tempo de aplicação elevado.

Nota para o facto de não ser correcto utilizarmos o número de itens que não correspondem aos
critérios definidos como uma medida de inadequação do Sistema, isto porque, os itens não estão
organizados por nível de importância, o grau de não cumprimento raramente é registado e não é
possível comparar as respostas aos diferentes itens sem informação adicional.

No caso de se pretender avaliar um conjunto de poucos itens, é aceitável o desenvolvimento de


uma LV específica. Caso contrário, é preferível utilizar ou adaptar um Instrumento já existente,
uma vez que o desenvolvimento de uma LV com muitos itens pode tornar-se um processo ao qual
está associado o dispêndio de muito tempo e recursos, principalmente ao nível da pesquisa
necessária à identificação dos critérios que regem os diferentes itens.

REFERÊNCIAS:

 NP EN ISO 19011:2012. Linhas de orientação para Auditorias a Sistemas de Gestão IPQ –


Instituto Português da Qualidade.

 Bichelmeyer, B. (2003). Checklist for Formatting Checklists - Version date: 10.04.2003.

 Stufflebeam, D. (2000). Guidelines for Developing Evaluation Checklists: The Checklists


Development Checklist.

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