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A Raposa e a Cegonha
A comadre Raposa convidou a sua amiga Cegonha para jantar com ela.
A refeição, porém, foi servida nuns pratos baixinhos e a pobre Cegonha,
com o seu bico largo e comprido, nada mais pôde apanhar do que uma
pequena quantidade de alimento.
- Então, comadre Raposa – lamentou-se ela – eu assim fico cheia de
fome. Em pratos tão baixinhos o meu bico não pode apanhar coisa nenhuma!
Ó comadre – respondeu a Raposa, sustendo o riso – lastimo isso muito,
mas sabe? Cá em casa todos lambemos bem e não precisamos de pratos mais
fundos do que estes.
A Cegonha calou-se, mas nada pôde comer e retirou-se com fome. A
Raposa ficou satisfeita com a gracinha e ria-se contente.
Alguns dias depois era ela que recebia o convite da Cegonha para ir lá a casa
jantar. Contentíssima, esperando saborear deliciosos pitéus, a Raposa
penteou a farta cauda, alisou a pele e foi para casa da Cegonha.
Mas quando ela começou a ver servir o jantar, que desapontamento!
Vinha em jarros altos e estreitos, de gargalo comprido, por onde a Cegonha
introduzia o bico à vontade, comendo o que queria, mas onde a Raposa mal
podia meter a ponta do focinho.
Oh, que desastre, Cegonha! – queixou-se ela. – Com este modelo de
pratos fico sem comer...
- É uma lástima – replicou-lhe ela – mas não sei que lhe faça. Cá em
casa usa-se assim; todos temos o bico comprido...
A Raposa calou-se, lembrando-se da partida que fizera à Cegonha,
dias antes, e da resposta que lhe dera, e não tendo outro caminho a seguir
aparentou suportar a graça da Cegonha com o mesmo ânimo com que ela o
fizera.
Bom Trabalho!