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Revolução de 1820

As invasões francesas deixaram o nosso país devastado, uma vez que os exércitos invasores
roubaram e destruíram grande parte do património, tendo ainda, contribuindo para a
paralisação do setor económico em Portugal. De forma a escaparem a estas invasões, a Corte e
família real fugiram para o Brasil, uma colónia portuguesa. A presença dos reais na colónia
potenciou o seu desenvolvimento e a consequente vontade de independência. Dado que a
realeza se encontrava fora de Portugal, foram os ingleses que ocuparam os cargos essenciais a
nível governamental e ao nível do exército. Tendo em conta a situação em que o país vivia na
altura, os portugueses sentiram que o rei, D.João VI tinha abandonado o seu reino e que
Portugal se tinha tornado numa colónia do Brasil. Por estes motivos, o descontentamento da
população portuguesa era geral e, gerou-se um crescente movimento de ideias liberais que
visavam uma maior participação política, criando um clima favorável a conspirações contra a
situação em que o país vivia.
Dadas as circunstâncias, em 1817, Gomes Freire de Andrade, liderou uma tentativa de
Revolução falhada que tinha como objetivo obrigar o rei D.João VI a voltar para Portugal e,
expulsar os governantes ingleses que na altura lideravam o nosso país. Porém, este movimento
foi descoberto e, os responsáveis foram condenados à morte. Contudo, esta tentativa falhada
não demoveu os portugueses e, após o general inglês Beresford que governava na altura ter
ido para o Brasil, para junto da família real, foi criado o Sinédrio, uma associação secreta que
intencionava a preparação de uma Revolução, para que se alterasse as condições gerais vividas
na altura. Assim, a 24 de Agosto de 1820, rebentou no Porto, com uma manifestação militar no
Campo de Santo Ovídeo, a Revolução no Porto, organizada pelo Sinédrio e, chefiada por
Manuel Fernandes Tomás. Rapidamente, a revolução se alastrou pelo país.
Esta Revolução teve um grande impacto em Portugal. Sendo que, os ingleses foram afastados
do poder, foi criado um Governo Provisório que exigia o regresso de D.João para Portugal e,
foram ainda realizadas eleições para que fosse elaborada uma nova Constituição. Assim, D.João
com medo de ser afastado do trono pelas Cortes regressa a Portugal juntamente com a
restante família real em 1821 e, em 1822 aceita a Constituição de 1822. Desta forma, Portugal
passou de uma monarquia absoluta para uma monarquia liberal.

Independência do Brasil

Como vimos, foram dadas ordens pelas Cortes de Lisboa à família real para deixar o Brasil e
regressar para Portugal. Porém, D.Pedro IV desobedeceu a essa ordem e permaneceu no Brasil,
uma vez que o regresso para Portugal era visto como o retorno do Brasil à posição de colónia
unicamente, deixando para trás o estatuto que havia adquirido dado que tinha servido de
refúgio para a Corte Portuguesa e assim adquirido o título de Reino Unido de Portugal, Brasil e
Algarves. Este desrespeito foi o primeiro passo dado para que o Brasil se tornasse
independente. Ao longo de 1822, D.Pedro teve de lidar com um período de grande
instabilidade porém, a 9 de janeiro, D.Pedro recebe um documento dos políticos brasileiros a
pedirem para que não fosse embora e deixasse o Brasil. Perante esta solicitação, D.Pedro
profere as seguintes palavras:” Se é para o bem de todos e felicidade geral da Nação, estou
pronto! Digam ao povo que fico”. Consequentemente, este ficou conhecido como o “Dia do
Fico”, quando D. Pedro decide permanecer no Brasil.
Após o “Dia do Fico”, D. Pedro tomou várias medidas que visavam a independência do Brasil,
tornando as decisões tomadas pela colónia mais independentes de Portugal. Porém, a 7 de
setembro de 1822, D.Pedro numa das suas viagens recebe, uma vez mais, uma carta das Cortes
Portuguesas a dar a conhecer que D.Pedro passaria a ser um simples governador, sujeito às
ordens da Corte e tendo anulado algumas das suas decisões e a exigir o seu regresso. Para
D.Pedro este foi o corte dos laços entre Portugal e o Brasil. E foi aí, junto ao riacho do Ipiranga,
que D.Pedro tirou a sua espada e gritou: “Independência ou Morte”. Este ato simbólico, levou a
que 7 de setembro fosse o “Dia da Independência” para o Brasil, onde foram rompidas as
relações de subordinação com Portugal.
Após a independência, Portugal perde a sua principal colónia e, D. Pedro recebe o título de”
Imperador e Defensor Perpétuo do Brasil”. Em 1825, é oficialmente reconhecida a
independência do Brasil por D. João VI, exigindo uma indemnização.

Vila-Francada e Abrilada

Descontente com a instauração do regime liberal e mais propriamente pela perda de antigos
privilégios, a população mais conservadora e tradicionalista pedia a restauração do regime
absolutista. Perante a agitação do povo alguns membros da classe alta começaram a reunir-se
para retomar o poder, entre eles estavam Dona Carlota Joaquina e o Infante D.Miguel, estes
que se recusaram jurar a constituição. Entre 27 de Maio e 3 de junho de 1823 ocorreu um
golpe de estado denominado “Vila-Francada” com intuito de pôr fim à primeira experiencia
liberal em Portugal. Neste evento, o Infante D.Miguel dirigiu-se a Vila Franca de Xira à frente de
um regimento de infantaria, onde foram dados vivas à monarquia absoluta. No entanto, o
golpe de estado fracassou graças a intervenção de D.João VI, a crise resolveu-se após este ter
feito algumas cedências tais como a remodelação do governo, entregando-o a liberais
moderados e propôs a alteração da constituição, para além disso nomeou o seu filho D.Miguel
comandante supremo do exercito.
Com a nova nomeação, D.Miguel vai ganhando cada vez mais influência junto do poder real.
Vai-se desdobrando em contactos e colocando homens chave junto do governo.
Este conjunto de acontecimentos deu origem à Abrilada. No dia 30 de Abril de 1824, D.Miguel
e vários apoiantes dos absolutismo prendem inúmeros liberais no Castelo de São Jorge e no
Palácio de Belém. Após várias pressões diplomáticas D.João VI consegue acabar com a
revolução, ordena a libertação dos presos políticos, envia o seu filho D.Miguel para o exilo
enquanto que Dona Carlota Joaquina é internada no Palácio de Queluz.

D.Miguel aclamado rei (como e porquê)

Em 1826 morre o rei D.João VI de Portugal, iniciando assim um conflito pela sucessão dinástica.
Na primeira linha de sucessão estava D. Pedro, mas ele tinha sido deserdado para assumir o
Trono no Brasil, país que tinha reclamado a sua independência anos antes, não podendo assim
assumir a coroa portuguesa deixando o governo nas mãos da sua filha de sete anos, D. Maria
da Glória.
Numa tentativa de apaziguar ambas as partes, D. Pedro propõe que a futura D. Maria II case
com o tio, D. Miguel. Este último, ainda exilado, acede à proposta.
Em abril de 1826, D. Pedro elaborou uma Nova Carta Constitucional onde tentava reconciliar os
dois pensamentos ideológicos (absolutismo e liberalismo), concedendo cargos no governo para
as duas fações, e retornou ao Brasil impondo no trono a D. Maria da Glória e fazendo do seu
irmão regente.
Os defensores do partido absolutista ficaram descontentes com a decisão de D.Pedro de
abdicar do trono a favor de Dona Maria e continuaram a ver D.Miguel como o legitimo
sucessor ao trono. Em 1828 D.Miguel regressa a Portugal para jurar a constituição e exercer as
suas funções de regência, este é recebido pela corte e imediatamente nomeado legitimo
sucessor e rei de Portugal, deixando claro perante todos a sua legitimidade como herdeiro do
trono e ilegítimos todos os atos praticados por D. Pedro em relação a Portugal após a
"declaração da independência" no Brasil. Como primeira ordem do mandato é anulado
imediatamente a constituição com o apoio das cortes tradicionais, a nobreza e o clero.
Na sucessão destes acontecimentos, D.Pedro regressa a Portugal com intuito de iniciar um
conflito armado com o seu irmão, dando inicio á guerra civil portuguesa.

Guerra Civil

Dentro da família real portuguesa existiam duas ideologias políticas diferentes. D.Pedro
defendia o liberalismo e D. Miguel defendia o absolutismo. Quando, em 1826, D. João VI
morre, começa a disputa entre D. Pedro, que governava o Brasil e D. Miguel que estava exilado
na Áustria devido ao golpe Abrilada. Ambos queriam alcançar o poder e implementar a
ideologia por eles defendida.
No início, os absolutistas alcançaram o seu objetivo, uma vez que D. Miguel se encontrava no
poder, dado que este se tinha feito aclamar rei de Portugal. Tinha tentado obter
reconhecimento internacional, mas isso não acontecera na integra. As condições económicas
vividas na altura estavam uma lástima, estando a viver se uma tremenda crise financeira. A
governação para D. Miguel, não estava a correr como era espectável. O que levou a que
D.Pedro deixasse de governar o Brasil, deixando esse cargo para o seu filho D.Pedro II e
voltasse para Portugal com o intuito de tentar resolver os problemas da época, ou seja,
defender o alegado direito ao trono da sua filha e lutar contra D.Miguel, seu irmão.
Em 1831, D.Pedro desembarca nos Açores e serve-se de algumas das ilhas, tendo posto estas a
funcionar como “centro de operações”. Após conquistar uma forte e coesa posição militar,
D.Pedro prepara-se para atacar Portugal continental. Este ataque teve início, em 1832, a norte
de Portugal, na Praia da Memória, onde existe atualmente um monumento em memória dos
mortos da Guerra Civil. Este desembarque ficou conhecido como o “Desembarque do
Mindelo”. Seguidamente, D.Pedro dirige-se para o Porto, onde as tropas de D.Pedro resistiram
forte e heroicamente às tropas de D.Miguel e os feitos corajosos dos seus habitantes conhecido
como o “Cerco do Porto”. Por estes motivos, o Porto é conhecido como a cidade Invicta .
Durante os dois seguintes anos, deu-se a Guerra entre estes dois irmãos que levaram muitas
vidas, tendo terminado quando o exército liberal derrota o exército absolutista definitivamente
nas batalhas de Almoster e Asseiceira. A Guerra Civil termina com a assinatura Do Tratado
Évora Monte, no Alentejo.
Após a derrota, D.Miguel é obrigado ao exílio.

Cerco do Porto

O cerco do Porto é talvez o episódio mais marcante da história da cidade e um dos mais
importantes na história de Portugal.
A 27 de junho de 1832 uma esquadra de 60 navios, liderada por D. Pedro, partiu dos Açores
rumo ao continente. Acabaram por desembarcar entre Lavra e Perafita, no concelho de
Matosinhos. As tropas miguelistas tinham deixado a cidade, o que terá constituído o primeiro
grande erro das forças leais a D. Miguel, o visconde de Santa Marta, comandante supremo da
divisão miguelista, assim que toma conhecimento do desembarque, retira-se do Porto e fixa-se
em Vila Nova de Gaia, este ordena que a cidade seja bombardeada para tentar refrear os
liberais. Após este episódio os liberais permanecem no Porto, sendo desta feita a vez de eles
próprios cometerem um erro de estratégia militar, ao ficarem sitiados na cidade invicta.
Nos meses seguintes, as tropas liberais foram derrotadas em várias das suas investidas contra
os absolutistas e continuaram cercados na cidade do Porto. O cerco durou mais de um ano
deixando a cidade completamente arruinada. Foram tempos de horror e carnificina, mas o pior
inimigo dos habitantes da cidade não era propriamente as tropas absolutistas, mas sim a fome
e a peste. Estes 3 fatores (guerra fome e doença) provocaram horríveis destroços nos
habitantes do Porto. Vários pontos históricos da cidade como miradouros e afins eram usados
como ponto estratégico no combate às tropas de D.Miguel muitos desses locais hoje levam um
nome relacionado com a sua importância durante o cerco (Ex: miradouro da vitória).
A guerra terminou quando o exercito liberal derrota o exercito absolutista definitivamente nas
batalhas de Almoster e Asseiceira. A 26 de julho, D. Pedro parte para Lisboa deixando as suas
tropas do Porto aos comandos de Saldanha e sob os comandos deste as tropas liberais
conseguem uma enorme vitória que, a 18 de agosto, obriga os absolutistas a levantar parte do
cerco e mais tarde a retirar as restantes forças, terminando assim o cerco do Porto.
A Guerra Civil termina com a assinatura Do Tratado Évora Monte, no Alentejo.
Após a derrota, D.Miguel é obrigado ao exílio.
D.Pedro reconheceu a importância da cidade do Porto e dos seus habitantes na luta liberal e
como sua ultima vontade depois de morrer, o seu coração foi doado á cidade, este encontra-se
numa urna de prata dentro da igreja portuense da Lapa.

Setembrismo

Após a Guerra Civil era vivida uma crise generalizada, os governos estavam cheios de
corrupção, a economia estava destruída, um panorama muito complicado. O clima vivido era
de grande descontentamento e tensão, dado que o liberalismo não conseguiu vencer as suas
próprias contradições internas, gerando crises políticas como a Revolução de setembro, que
acabou por levar à criação de uma corrente designada por Setembrismo.
D.Maria II, filha de D. Pedro IV, estava a governar na altura, pós Guerra Civil, numa etapa
conhecida por Cartismo. Porém, em setembro de 1836, deu se a Revolução de setembro que
obrigou a rainha a revogar a Carta e a aceitar a Constituição de 1822. Após a Revolução, foi
implementado o Setembrismo. Este, foi um projeto político das pequena e média burguesias,
com o apoio das camadas populares, contra o predomínio da alta burguesia, que havia sido
favorecida pelo Cartismo. A política setembrista, apoiada na nova Constituição de 1838.
Os mentores do Setembrismo, que integravam o novo governo, foram o Visconde Sá da
Bandeira e Passos Manuel.
Exemplos de algumas medidas do Setembrismo:
- adotou-se o protecionismo económico, sobrecarregando com impostos as importações, de
modo a tornar mais competitivos os produtos industriais nacionais (sem grande sucesso);
- investiram-se capitais em África, como alternativa à perda do mercado brasileiro;
- reformou-se o ensino primário, secundário e superior, com destaque para a criação dos liceus,
por Passos Manuel, onde os filhos da burguesia se preparavam para o ensino superior que lhes
permitiria exercer cargos de relevo;
- as taxas fiscais aplicadas aos pequenos agricultores não foram abolidas, o que contribuiu para
o fracasso económico do Setembrismo.

Cabralismo

Com efeito, o fim do governo setembrista foi marcado por um golpe de estado pacífico em
fevereiro de 1842, comandado pelo então ministro da justiça António Berardo da Costa Cabral,
que pôs fim à constituição de 1838 iniciando assim um período designado Cabralismo este
apoiou-se na carta constitucional de 1826. Tal como aconteceu com o Cartismo, as medidas
tomadas por António Costa Cabral favoreceram, em primeiro lugar, a alta burguesia, entre elas
estavam:
- O incentivo industrial com campanha nacional dos tabacos e a divulgação da energia a vapor;
- Reforma dos estudos do liceu e da orgânica da Guarda Nacional;
- Aumento da construção de obras publicas, por exemplo estradas e pontes, para o
desenvolvimento económico e do país;
- Reforma fiscal e administrativa com a publicação do código administrativo de 1842 e a criação
do tribunal de contas para fiscalizar as despesas e receitas do Estado.
- Vários esforços para desenvolver a cultura no país como a construção de teatros e a academia
de belas artes do Porto;
As medidas de Costa Cabral não foram bem aceites pela população (pequena e média
burguesia e o povo), originando uma vaga de motins populares.
António da Costa Cabral tornou-se então alvo de ódio. Ódio este que culminou na revolta
minhota conhecida como a da Maria da Fonte, obrigando Costa Cabral à expatriação até 1849.
Nesta altura retornou a Portugal e assumiu o cargo de presidente do Conselho, o qual ocupou
até ao ano de 1851 onde é realizado um golpe militar comandado pelo duque de Saldanha
para afastar Costa Cabral do poder definitivamente.
Durante o cabralismo ocorreu um crescimento de poder de viscondes e barões, nobreza que
beneficiavam da politica económica e financeira, nomeadamente a compra das propriedades
das ordens religiosas extintas em 1834.

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