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18 de Dezembro de 2017
Você está com algum problema jurídico e gostaria de falar com advogados cadastrados próximos a você?
INTRODUÇÃO
Este princípio, chamado por alguns de instituto, teve a sua primeira previsão no
ordenamento jurídico pátrio com a proibição de reforma da decisão para pior nos
termos do art. 617, do Decreto-Lei nº 3.689/1941, o famigerado Código de
Processo Penal. Faz-se mister discorrer que essa vedação só ocorre quando o
recurso é manejado, apenas, pelo réu ou acusado, pois, de outro modo, já que
recorreu sozinho da decisão, não poderá ver seu destino piorado, quando o mesmo
almejava melhorá-lo. Porém, se o recurso é interposto pelas duas partes, réu
(acusado)
Precisa de Orientação Jurídica? e Ministério Público ou qualquer outro interessado processual, a decisão
poderá ser revista e, em todo caso, piorada ou melhorada para o sujeito objeto da
reprimenda ou decisão, uma vez que há um confronto de ideias e de novas
argumentações.
Escolha uma opção acima ENVIAR
“O tribunal, câmara ou turma atenderá nas suas decisões ao disposto nos arts. 383,
386 e 387, no que for aplicável, não podendo, porém, ser agravada a pena, quando
somente o réu houver apelado da sentença.”.
Nos sábios dizeres de Mirabete: “recorrendo apenas o réu, não é possível haver
reforma da sentença para agravar sua situação; recorrendo a acusação em caráter
limitado, não pode o Tribunal dar provimento em maior extensão contra o
apelado”.
Por isso, é que podemos afirmar sem receio de claudicar que, em âmbito
processual penal, há verdadeiramente uma proibição de agravamento da
condenação pelo julgador de segunda instância em recurso interposto apenas pelo
réu. Destarte, vislumbra-se uma homenagem aos princípios constitucionais da
segurança jurídica e do devido processo legal, na extensão em que o condenado, ao
propor recurso para melhorar sua situação, tem a garantia de que sua situação não
será piorada, garantindo assim, a sua ampla defesa, a segurança jurídica da decisão
e o devido processo legal em todos os seus contornos jurídicos e legais.
In casu, em sede de Processo Civil há um nome próprio para esta vedação e atende pelo Princípio da
Adstrição ao Pedido, consubstanciado nos arts. 128, 460 e 515 do Código de Processo Civil:
“Art. 128: O juiz decidirá a lide nos limites em que foi proposta, sendo-lhe defeso
conhecer de questões, não suscitadas, a cujo respeito a lei exige a iniciativa da
parte.”
“Art. 460: É defeso ao juiz proferir sentença, a favor do autor, de natureza diversa
da pedida, bem como condenar o réu em quantidade superior ou em objeto diverso
do que lhe foi demandando”.
Entretanto adverte:
De antemão devo alertar que há três correntes sobre o assunto. O Ministro Castro
Meira tão bem as dividiu em voto-vista proferido no Mandado de Segurança
21.981/RJ:
b) Majoritária: que entende não ser possível a reformatio in pejus, mesmo que a
Administração abra prazo para a manifestação do recorrente, na medida em que
tal ato administrativo não afastaria a afronta aos princípios constitucionais do
devido processo legal;
Mista:
Precisa de Orientação segundo
Jurídica? a qual é possível o agravamento da sanção desde que observadas
certas condições, sendo uma delas a intimação do recorrente para se manifestar
sobre o aumento da pena anteriormente imposta”.
Tal premissa nos faz atentar que o agente público trazendo consigo a noção do
princípio da legalidade e da indisponibilidade do interesse público tem o dever de
atuar diante da verificação de um ilícito ou de um ato eivado de ilegalidade. O
agente público tem a obrigação encarnada em sua função, em seu munus, de
combater os vícios, mesmo que isso traga prejuízo ao recorrente. O agente público
não pode escolher entre atuar ou ficar em dúvida sobre o recurso ali exposto a sua
frente. Se há ilegalidade ou abuso, ou situações inconvenientes e inoportunas para
o Estado, o mesmo deve obrigatoriamente fazer o melhor para o Estado, não
interessando se aquilo malferirá o recorrente.
Todo esse imbróglio surge por conta da redação do art. 64 da Lei 9.784 (Lei do
Processo Administrativo), in verbis:
O saudoso mestre Hely Lopes Meirelles coaduna com essa corrente que defende a
possibilidade da reformatio in pejus no Processo Administrativo: “Na seara
administrativa, em qualquer modalidade de recurso, a autoridade ou Tribunal
administrativo tem ampla liberdade decisória para reformar o ato recorrido além
do pedido ou, mesmo, agravar a situação do recorrente”.
Na mesma corrente ainda estão José dos Santos Carvalho Filho e Carlos Ari
Sundfeld.
Rafael Munhoz de Mello afirma “se em processo de revisão, à luz de fatos novos ou
circunstâncias relevantes, não se pode admitir o agravamento da sanção, a mesma
regra deve valer para os recursos interpostos no curso do processo, que devolvem
ao órgão superior o exame dos mesmos fatos e circunstâncias já apreciadas pelo
órgão a quo”.
Muito simples, a revisão não comporta o reformatio in pejus primeiro porque está
expressa na lei a proibição, segundo porque a apresentação de fatos novos ou
circunstâncias relevantes podem, muitas vezes, justificar a inocência ou a
inadequação da penalidade aplicada, fazendo valer assim o princípio da segurança
jurídica.
HáJurídica?
Precisa de Orientação de se ressaltar, ainda, que a revisão implica necessariamente no reexame de
uma “coisa julgada administrativa”, enquanto o recurso ainda analisa questão
aberta, sem trânsito em julgado, por isso confere ao recorrente o direito de
contraditar o gravame ao seu recurso.
Esses doutrinadores da corrente mista não aceitam, por exemplo, que o julgador
por questões subjetivas majore a sanção de um recorrente. Diante de um juízo de
equidade, o julgador aumenta a pena por entender que essa é a melhor para o
recorrente, tratando-se de caso explicitamente subjetivo. A corrente mista não
tolera esse gravame.
CONCLUSÃO
Seguindo
Precisa de Orientação Jurídica? fielmente as lições primorosas de Celso Bandeira de Mello aprendemos
que “Princípio é, por definição, mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro
alicerce dele, disposição fundamental que se irradia sobre diferentes normas
compondo-lhes o espírito e servindo de critério para sua exata compreensão e
inteligência exatamente por definir a lógica e a racionalidade do sistema
normativo, no que lhe confere a tônica e lhe dá sentido harmônico”.
Sem mencionar ainda que o administrado pode recorrer via judiciário da decisão
que piorar seu recurso na esfera administrativa, já que o artigo 5º da Constituição
Federal prestigia o princípio da inafastabilidade do Poder Judiciário.
BIBLIOGRAFIA
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. 13 ed. Rio
de Janeiro: Lumen Juris, 2005.
PACELLI, Eugênio. Curso de Processo Penal. 16 ed. São Paulo: Atlas, 2012.