Curso de Extensão

Introdução às Práticas Integrativas e Complementares

Unidade 5: Antroposofia
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Introdução às Práticas Integrativas e Complementares

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Ficha Catalográfica

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MINAS GERAIS. Canal Minas Saúde. Secretaria de Estado de Saúde de

Minas Gerais. Curso de Extensão Introdução às Práticas Integrativas e

Complementares. Unidade 5: Antroposofia. Belo Horizonte, Minas Gerais,

abril, 2013.

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Introdução às Práticas Integrativas e Complementares

Apresentação

Olá! Este é o seu Material de Referência, que contempla todo o

conteúdo do Curso de forma mais aprofundada. Nosso intuito é agregar mais

conhecimento à sua aprendizagem, por isso, leia-o com atenção!

Mas, antes de iniciar, conheça os objetivos de aprendizagem previstos

para esta Unidade. Boa leitura!

●● Conhecer os pressupostos básicos

da Medicina Antroposófica e

sua concepção do processo de

adoecimento humano;

●● Refletir sobre a relação entre

Medicina Antroposófica e Ciência;

●● Refletir sobre a eficácia terapêutica

através da apresentação de casos

clínicos.

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A Medicina Ampliada pela Antroposofia –
Medicina Antroposófica
O que é?
A medicina ampliada pela Antroposofia,
a chamada Medicina Antroposófica é
uma terapêutica cuja filosofia consiste
em complementar a prática da medicina
convencional, dita “acadêmica” ou
“alopática”, com enfoques humanísticos
e filosóficos, bem como complementá-la
por meio de terapêuticas Antroposoficas
norteadas pelo uso de elementos naturais,
tais como medicamentos produzidos a
partir dos reinos naturais (mineral, vegetal
e animal), terapias ligadas à música
(cantoterapia e musicoterapia), movimentos
corporais (euritmia curativa), massagens
rítmicas, técnicas cognitivas de psicoterapia
(terapia biográfica e psicoterapia
antroposófica), terapias externas (banhos,
fricções, enfaixamentos e compressas),
terapia artística (pintura, modelagem e
desenho com enfoque terapêutico) e a
terapia do som e da fala (quirofonética).
O Ministério da Saúde define na Portaria
nº 971 de 2006, que “a medicina antroposófica
apresenta-se como uma abordagem
médico - terapêutica complementar, de
base vitalista, cujo modelo de atenção está
organizado de maneira transdisciplinar,
buscando a integralidade do cuidado em
saúde. Entre os recursos terapêuticos
da medicina antroposófica, destacam-
se: a utilização de aplicações externas
(banhos e compressas), massagens,
movimentos rítmicos, terapia artística e uso
de medicamentos naturais (fitoterápicos
ou dinamizados). Utilizam-se recursos que
estimulam os mecanismos naturais de
prevenção de agravos e recuperação da
saúde, com ênfase na escuta acolhedora,
no desenvolvimento do vínculo terapêutico
e na integração do ser humano com o meio
ambiente e a sociedade.”
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Breve História
A medicina ampliada pela
Antroposofia surgiu na Europa,
no início do século XX, a partir
dos estudos de um filósofo
austríaco, pesquisador da
natureza, ocultista, pedagogo,
artista, chamado Rudolf Steiner
(1861-1925), em parceria com
a médica clínica Ita Wegman
(1876-1943). Rudolf Steiner fez
todo um trabalho no sentido de
renovar os saberes ocidentais,
por meio de uma cosmovisão
- esotérica e naturalista,
A medicina ampliada pela
Antroposofia surgiu na Europa, no início
do século XX, a partir dos estudos de um
filósofo austríaco, pesquisador da natureza,
ocultista, pedagogo, artista, chamado
Rudolf Steiner (1861-1925), em parceria
com a médica clínica Ita Wegman (1876-
1943). Rudolf Steiner fez todo um trabalho
no sentido de renovar os saberes ocidentais,
por meio de uma cosmovisão - esotérica
e naturalista, reelaborando noções antes
presentes na alquimia, no ocultismo, mas
introduzindo-os de uma forma renovada
e com novas colocações e aplicações
práticas. Rudolf Steiner também propôs uma
pedagogia, um novo método para a educação
das crianças e dos jovens (a “pedagogia
Waldorf”), assim como novas técnicas de
agricultura orgânica sem produtos artificiais
(denominada “agricultura biodinâmica”). A
médica Ita Wegman o procurou, solicitando
ajuda no sentido de que fosse criada
uma forma de ampliação da
medicina acadêmica na qual
os elementos humanísticos
dos quais falava Steiner
pudessem ser aplicados na
clínica médica. Daí, Steiner
começou a dar palestras e
orientações para médicos e
terapeutas no sentido de se
criar esta ampliação da arte
de curar. Tudo então que está
contido na cosmovisão do
homem e do mundo, segundo
a Antroposofia foi aplicado por
Rudolf Steiner, a pedido da
médica Ita Wegman, nos conhecimentos
e práticas da medicina e das terapias,
iniciando assim, em meados dos anos 1920,
a então chamada medicina ampliada pela
Antroposofia – Medicina Antroposófica.
O trabalho de Rudolf Steiner foi batizado
por ele com o nome de “antroposofia”.
Etimologicamente, “antropos” significa o
homem e “Sofia” significa sabedoria,
portanto, “sabedoria do homem”, ou também
poderia ser “sabedoria
do humano”. Trata-se
de uma cosmovisão
ampla, complexa, que
reúne tanto uma
visão do cosmo, do
universo, no tempo e
no espaço, inserindo
neste o elemento
divino.
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Princípios
Para a Antroposofia, a noção de
cosmos ganha novas dimensões. Cada
elemento, substância, ser vivo e criatura
sobre a face da Terra fazem parte de um
único organismo, de um todo que respira
e vive. Esse cosmos possui não apenas
seu aspecto material visível e mensurável
com suas leis já bem descritas pela Física,
mas também seu aspecto imaterial, não
percebido diretamente pelos sentidos -
denominados elementos supra-sensíveis
na Antroposofia. E o ser humano ocupa
uma posição muito peculiar dentro dessa
cosmovisão. Ele é considerado uma imagem
condensada desse mundo ao seu redor –
um microcosmo em permanente interação
com o macrocosmo.
Nos fundamentos da Antroposofia
estão duas estruturas constitucionais
básicas:
●● Tríplice - Trimembração
Quando contemplamos o ser humano,
percebemos três partes distintas: cabeça,
tronco e membros. Para a Antroposofia, o
ser humano é um organismo trimembrado.
Na cabeça predominam os processos
neurossensoriais. Se observarmos o
cérebro, vemos uma estrutura de baixíssima
vitalidade e alta especialização. No pólo
oposto, encontram-se o abdômen e os
membros com predomínio de intensa
atividade metabólica onde os processos
de regeneração celular são muito ativos,
tanto há um “ir para o mundo” por meio
das mãos e dos pés, quanto por meio dos
resíduos que eliminamos. Os ossos nesse
pólo são longos e retilíneos e encontram-
se protegidos por musculatura, dando-lhes
sustentação.
Entre essas duas regiões, de
características tão distintas, encontra-se
o tórax, que na Medicina Antroposófica
abriga o equilíbrio entre as polaridades
descritas, sendo a sede do sistema rítmico,
que promove a interrelação saudável entre
o pólo neurossensorial e o pólo metabólico.
Aí se encontram órgãos rítmicos: coração
e pulmão protegidos por um arcabouço,
as costelas, que também se movimentam.
Temos assim um homem trimembrado em
seus sistemas neurossensorial, rítmico e
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metabólico. Na vida psíquica, essa trimembração pode ser identificada nas três atuações
básicas: pensar, sentir e querer.

“No coração, tece o sentir

Na cabeça, brilha o pensar
Nos membros, vigora o querer
Brilho tecente
Tecer vigorante
Vigor brilhante
Este é o homem.”

(versos de Rudolf Steiner)

Pode-se demonstrar essa analogia por meio da figura:

A imagem trimembrada da avaliação das aprendizagens

Fonte: Diário de campo do pesquisador

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Todos os processos orgânicos ou
psíquicos ligados ao dito “sistema
neurosensorial” correspondem ao desgaste
cotidiano da vitalidade, que acontece
conosco na medida em que estamos
acordados, em estado de vigília, interagindo
com o mundo a partir do consciente. São
aqueles processos vinculados ao sistema
nervoso e aos órgãos dos sentidos que
nos mantêm acordados e percebendo o
ambiente. Isso porque consumimos vida,
vitalidade, para estarmos acordados e
conscientes. Daí a necessidade humana
de passar um terço da existência dormindo,
para que assim se possa repor e refazer a
vitalidade gasta durante o dia.
Caso esta reposição pelo sono não
seja suficiente, ou o desgaste diário seja
excessivo (pelo estresse, por exemplo),
surgem desgastes crônicos da vitalidade,
levando a um tipo, a uma família inteira de
doenças, então denominadas por “doenças
escleróticas” ou “frias”, ou “degenerativas”.
Aquelas que são determinadas por um
desgaste ou envelhecimento da vitalidade do
indivíduo.
Um tipo ou família de doenças opostas
às escleróticas são as denominadas
”doenças inflamatórias”, ou “doenças
quentes”, quando então há uma vitalidade
não inserida na ordem fisiológica, que
“sobra” dentro da dinâmica organizacional
humana. Esta sobra de vitalidade implica
em processos ou focos infecciosos ou
simplesmente inflamatórios.
●● Quádrupla - Quadrimembração
Para a Antroposofia, existem três
tipos de organização no ser humano
correspondentes aos reinos da natureza e
ainda uma quarta que é a organização do
EU, exclusiva do homem.
As quatro organizações que servem
de alicerce para o diagnóstico e a
terapêutica são estas:
▶▶ Organização física - O que o ser
humano tem em comum com o reino mineral.
▶▶ Organização vital - Domina o
inorgânico para o desenvolvimento da
vida vegetativa. É de sua competência o
crescimento, a reprodução e regeneração
celular, a cicatrização. É o que o ser humano
tem em comum com o reino vegetal.
▶▶ Organização anímica - Do latim
anima, “alma”, “animalidade”; o que o
ser humano tem em comum com o reino
animal. Essa deve ordenar os princípios
vitais para que exista vida de relações e
suas características de sensibilidade, a
dualidade simpatia-antipatia, os instintos e
o psiquismo. As forças de desgaste estão
ligadas a essa organização assim como os
movimentos.
▶▶ Organização do EU - Quarto membro,
exclusiva do homem que deve dominar
os princípios anímicos e os instintos
para o desenvolvimento da vida interior,
consciência de si, autorreflexão e habilidade
de modelar o destino individual. O andar
ereto, o falar e o pensar são qualidades da
organização do Eu.
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Trabalho Interdisciplinar
É proposta da Medicina Antroposófica
que vários profissionais de saúde se
complementem na arte de curar com inúmeras
contribuições e enfoques terapêuticos.
Além do médico, há o psicoterapeuta
antroposófico; o terapeuta artístico que
trabalha com o paciente por meio do
desenho, da pintura, da modelagem, e
o terapeuta musical, que utiliza canto,
instrumentos e jogos musicais; o euritmista,
que trabalha com movimentos corporais
arquetípicos motivados por sons ou por
notas musicais; o massagista rítmico; o
enfermeiro antroposófico; o odontólogo
antroposófico, o psicólogo, o quirofoneta,
entre outros.
O profissional antroposófico (médico,
enfermeiro, psicólogo, pedagogo, odontólogo,
fonoaudiólogo e outros) aborda o paciente
como um ser humano integral, vivendo seu
momento ao longo de um tempo biográfico;
irá investigar o seu contexto de vida, seus
hábitos, suas destemperanças, suas
tendências familiares, seu temperamento,
enfim, sua individualidade. Tudo isso, na
averiguação do passado do paciente, para
se entender porque o paciente adquiriu um
problema, uma doença. Ajudá-lo a refletir e a
realizar mudanças terapêuticas necessárias
é parte desse trabalho, agora no presente
e no futuro. Daí então se deduz o quanto a
conversa e a boa relação humana são aqui
fundamentais. O profissional antroposófico
não visa à doença, nem somente a pessoa,
mas visa à doença e o indivíduo doente. A
doença será tratada com medicamentos e
terapias adequadas.
O paciente será tratado pelo enfoque
humano, pelo aconselhamento, pela
revisão biográfica, de forma tal que a cura e
autoeducação se revelam como processos
muito próximos.
Diante de uma doença, o médico
antroposófico considera o quadro clínico
do paciente, bem como a avaliação de
sua vitalidade, de seu desenvolvimento
emocional e como tem conduzido a sua vida
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através dos anos, sua história de vida ou
biografia.
Para isso, faz uma abordagem
do paciente, incluindo aspectos da vida
relacionados a sentimentos, hábitos e
ritmos. Assim, aprofunda e individualiza o
diagnóstico.
Para a Medicina Antroposófica, o
desenvolvimento da consciência é um
Medicamentos da Medicina
Ampliada pela Antroposofia
Muitos dos medicamentos antroposóficos
são dinamizados, ou seja, são diluídos
e agitados ritmicamente. Trata-se de um
processo o qual “desperta” na substância
seu potencial curativo que antes estava
“adormecido”.
Os medicamentos antroposóficos
são produzidos por farmacêuticos que
conhecem os fundamentos teóricos da
Medicina Antroposófica e possuem técnicas
farmacêuticas peculiares, criadas por Rudolf
Steiner, e que não são propriamente nem
fitoterapia, nem homeopatia, nem alopatia,
mas algo singular. Há uma enorme lista de
preparados e de métodos de preparação de
medicamentos.
A Medicina Antroposófica utiliza metais,
tais como prata, ouro, estanho, ferro, cobre,
ou metalóides, como antimônio, ou minerais
como quartzo ou Magnesita. Há, também,
importante instrumento para determinar uma
vida saudável e dar apoio no tratamento.
O tratamento proposto pela medicina
antroposófica fornece orientações e remédios
que auxiliam na prevenção de doenças e
na manutenção do estado saudável. Utiliza-
se uma combinação de medicamentos
produzidos de maneira natural, terapias
complementares e orientações alimentares.
medicamentos antroposóficos feitos a partir
de tinturas de plantas, extratos secos e chás,
ou seja, medicamentos não dinamizados.
Também utiliza plantas medicinais não
apenas em forma de chás ou tinturas, mas
preparadas de forma “alquímica”, ou seja,
com técnicas peculiares. Um exemplo de
uma técnica é o dito “metal vegetabilizado”,
quando então se aduba determinada planta
com a solução de determinado metal. A
planta absorve aquele metal e assim se torna
uma planta “carregada” de um medicamento
mineral específico. Existe também uma lista
de preparados de origem animal.
O modo de cultivo (orgânico e,
preferencialmente, biodinâmico) e o momento
mais adequado tanto para semeadura,
como para colheita – de acordo com seu
potencial terapêutico – é fundamental para
medicamentos de origem vegetal.
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Para os metais, a dinamização é feita As principais vias de administração dos

levando-se em consideração a fase do ano, medicamentos antroposóficos são a oral, a
pelas influências que a Terra sofre dos injetável subcutânea e a tópica (compressas
planetas, Sol e Lua. externas de pomadas, cremes, tinturas,
óleos e infusões).

Conteudista
Dr. Wesley Aragão de Moraes

Referências Bibliográficas
MORAES, Wesley Aragão. Medicina antroposófica: um paradigma para o século XXI.
São Paulo: ABMA, 2008.

MORAES, Wesley Aragão. Salutogênese e auto-cultivo. Rio de Janeiro: Instituto GAIA

Editora, 2009.

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