Você está na página 1de 13

Medicina Legal | Eduardo Araújo

▪ FAMP – Med 1

Perícia Médico Legal


DEFINIÇÕES

1. Perícia – trabalho técnico para elucidação de problemas de várias naturezas;


2. Perícia-Médica: É todo procedimento médico, promovido por um profissional de medicina visando prestar
esclarecimento à justiça. É a aplicação metódica e imparcial dos conhecimentos médicos para esclarecer fatos de
interesse de autoridade legitimada.
3. A perícia é toda a atuação de um técnico, consubstanciada em um documento (laudo, na maioria dos casos), para
informar ou esclarecer a Justiça.
4. A perícia é o meio probatório pelo qual se procurar obter para o processo uma opinião (informação), fundamentada
em conhecimentos técnico-científicos sobre uma questão de fato que é útil no descobrimento ou na valoração de
um elemento de prova.
5. As perícias poderão ser feitas em qualquer local, a qualquer dia ou hora, dando preferência aos Institutos de Medicina
Legal ou hospitais públicos, durante o dia. A perícia pode ser requerida e realizada em qualquer fase, policial ou
judiciária, do processo.
6. As perícias podem ser feitas em pessoas vivas, cadáveres e coisas, sendo que ao perito são solicitados pareceres
quanto à determinação de identidade, diagnóstico das lesões, conjunção carnal, gravidez, alterações mentais,
determinação de data e causa mortis, diferenciação entre lesões in vivo e post mortem, etc. as aplicações médico-
legais concentram-se no exame clínico médico-legal, na necropsia pós-exumação, nas perícias diversas e nos exames
laboratoriais pertinentes.
7. Perícia médica – realizada gratuitamente em seres humanos por médicos legista, decorrente de solicitação judicial
ou policial.
8. Perito Do latim: peritus - verbo perior = que significa experimentar, saber por experiência. Técnico que, designado
pela justiça, recebe o encargo de prestar esclarecimentos no processo;
9. Perito - deve recusar a perícia quando se tratar de afinidade, total incapacidade de realizá-la, falta de condições
técnicas ou motivo de doença (suspeição), tendo em vista que deve ser imparcial. Pode comparecer no inquérito
sumário e julgamento e tem que ter as seguintes qualidades : ciência, consciência e técnica.
10. Perito Médico: Médico que, conforme juízo de autoridade legitimada, detém os conhecimentos técnicos e os
atributos morais necessários para realização de uma perícia. Todo técnico que designado pela justiça, recebe o
encargo de mediante exames específicos, prestar esclarecimentos necessários e indispensáveis a solução de uma
demanda processual.
11. Identidade - caracteres que individualizam a pessoa;
12. Identificação – emprego de meios para determinar a identidade.
13. Todos os exames elaborados por médicos (exames clínicos, laboratoriais ou necroscópicos) e que são destinados ao
uso judicial são denominados PERÍCIAS MÉDICO-LEGAIS
14. Os exames elaborados por profissionais de outras áreas, desde que destinados ao uso como meio de prova em juízo,
são denominados PERÍCIAS.

Parecer Médico-Legal

O parecer é a resposta, por escrito ,à consulta e é composto pelas seguintes partes : preâmbulo, histórico, discussão,
conclusão e resposta aos quesitos. Os pareceres constituem realmente o que se pode considerar “a consulta médico-
legal”. Não se irá por certo, pedi-los a inexperientes, principiantes, ou desconhecidos. É claro que valem pelo seu
conteúdo científico, pelos argumentos bem postos e fundamentados, pela clareza de raciocínio e pelo seu espírito
jurídico. Mas pesam, e muito, pela assinatura que apresentam. São lidos, analisados e respeitados porque seus autores
já provaram previamente sua capacidade e tirocínio. Por estas razões, somente os amadurecidos, cultos e reconhecidos
são procurados para prolatá-los. Como documento médico-legal, em sua estrutura, o parecer pode seguir mutatis
mutandis o roteiro indicado para os laudos. Em certos casos, porém, será fruto de análise indireta de fatos já registrados
em outros documentos, cuja autenticidade possa ou deva ser aceita.

LEGISLAÇÃO PERICIAL

Art. 6º Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá:
I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das coisas, até a chegada dos peritos
criminais; (Redação dada ao inciso pela Lei nº 8.862, de 28.03.1994)
II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos criminais; (Redação dada ao inciso
pela Lei nº 8.862, de 28.03.1994)
III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias;

1
Medicina Legal | Eduardo Araújo
▪ FAMP – Med 1

IV - ouvir o ofendido;
V - ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto no Capítulo III do Título VII, deste Livro, devendo
o respectivo termo ser assinado por 2 (duas) testemunhas que lhe tenham ouvido a leitura;
VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações;
VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer outras perícias;
VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos sua folha de
antecedentes;
Referência: Lei nº 10.054.
IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar e social, sua condição econômica, sua
atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele, e quaisquer outros elementos que contribuírem para a
apreciação do seu temperamento e caráter.

Lei 11.690: Na falta de perito, será realizado por 2 pessoas idôneas com diploma superior, preferencialmente da área
especifica. Não há abertura do corpo.

Do Exame do Corpo de Delito, e das Perícias em Geral


Referência: Resolução CFM nº 1.635, de 10.05.2002.
Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não
podendo supri-lo a confissão do acusado.
Art. 159. Os exames de corpo de delito e as outras perícias serão feitos por dois peritos oficiais. (Redação dada ao caput
pela Lei nº 8.862, de 28.03.1994)
§ 1º Não havendo peritos oficiais, o exame será realizado por duas pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso
superior, escolhidas, de preferência, entre as que tiverem habilitação técnica relacionada à natureza do exame. (Redação
dada ao parágrafo pela Lei nº 8.862, de 28.03.1994)
§ 2º Os peritos não oficiais prestarão o compromisso de bem e fielmente desempenhar o encargo.
Art. 160. Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde descreverão minuciosamente o que examinarem, e responderão
aos quesitos formulados.
Parágrafo único. O laudo pericial será elaborado no prazo máximo de 10 (dez) dias, podendo este prazo ser prorrogado,
em casos excepcionais, a requerimento dos peritos. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 8.862, de 28.03.1994)
Art. 161. O exame de corpo de delito poderá ser feito em qualquer dia e a qualquer hora.
Art. 162. A autópsia será feita pelo menos 6 (seis) horas depois do óbito, salvo se os peritos, pela evidência dos sinais de
morte, julgarem que possa ser feita antes daquele prazo, o que declararão no auto.
Parágrafo único. Nos casos de morte violenta, bastará o simples exame externo do cadáver, quando não houver infração
penal que apurar, ou quando as lesões externas permitirem precisar a causa da morte e não houver necessidade de exame
interno para a verificação de alguma circunstância relevante.
Art. 163. Em caso de exumação para exame cadavérico, a autoridade providenciará para que, em dia e hora previamente
marcados, se realize a diligência, da qual se lavrará auto circunstanciado.
Parágrafo único. O administrador de cemitério público ou particular indicará o lugar da sepultura, sob pena de
desobediência. No caso de recusa ou de falta de quem indique a sepultura, ou de encontrar-se o cadáver em lugar não
destinado a inumações, a autoridade procederá às pesquisas necessárias, o que tudo constará do auto.
Art. 164. Os cadáveres serão sempre fotografados na posição em que forem encontrados, bem como, na medida possível,
todas as lesões externas e vestígios deixados no local do crime. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 8.862, de 28.03.1994)
Art. 165. Para representar as lesões encontradas no cadáver, os peritos, quando possível, juntarão ao laudo do exame
provas fotográficas, esquemas ou desenhos, devidamente rubricados.
Art. 166. Havendo dúvida sobre a identidade do cadáver exumado, proceder-se-á ao reconhecimento pelo Instituto de
Identificação e Estatística ou repartição congênere ou pela inquirição de testemunhas, lavrando-se auto de
reconhecimento e de identidade, no qual se descreverá o cadáver, com todos os sinais e indicações.
Parágrafo único. Em qualquer caso, serão arrecadados e autenticados todos os objetos encontrados, que possam ser
úteis para a identificação do cadáver.
Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os vestígios, a prova testemunhal
poderá suprir-lhe a falta.
Art. 168. Em caso de lesões corporais, se o primeiro exame pericial tiver sido incompleto, proceder-se-á a exame
complementar por determinação da autoridade policial ou judiciária, de ofício, ou a requerimento do Ministério Público,
do ofendido ou do acusado, ou de seu defensor.
§ 1º No exame complementar, os peritos terão presente o auto de corpo de delito, a fim de suprir-lhe a deficiência ou
retificá-lo.

2
Medicina Legal | Eduardo Araújo
▪ FAMP – Med 1

§ 2º Se o exame tiver por fim precisar a classificação do delito no artigo 129, § 1º, I, do Código Penal, deverá ser feito logo
que decorra o prazo de 30 (trinta) dias, contado da data do crime.
§ 3º A falta de exame complementar poderá ser suprida pela prova testemunhal.
Art. 169. Para o efeito de exame do local onde houver sido praticada a infração, a autoridade providenciará
imediatamente para que não se altere o estado das coisas até a chegada dos peritos, que poderão instruir seus laudos
com fotografias, desenhos ou esquemas elucidativos.
Parágrafo único. Os peritos registrarão, no laudo, as alterações do estado das coisas e discutirão, no relatório, as
conseqüências dessas alterações na dinâmica dos fatos. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 8.862, de 28.03.1994)
Art. 170. Nas perícias de laboratório, os peritos guardarão material suficiente para a eventualidade de nova perícia.
Sempre que conveniente, os laudos serão ilustrados com provas fotográficas, ou microfotográficas, desenhos ou
esquemas.
Art. 171. Nos crimes cometidos com destruição ou rompimento de obstáculo a subtração da coisa, ou por meio de
escalada, os peritos, além de descrever os vestígios, indicarão com que instrumentos, por que meios e em que época
presumem ter sido o fato praticado.
Art. 172. Proceder-se-á, quando necessário, à avaliação de coisas destruídas, deterioradas ou que constituam produto do
crime.
Parágrafo único. Se impossível a avaliação direta, os peritos procederão à avaliação por meio dos elementos existentes
nos autos e dos que resultarem de diligências.
Art. 173. No caso de incêndio, os peritos verificarão a causa e o lugar em que houver começado, o perigo que dele tiver
resultado para a vida ou para o patrimônio alheio, a extensão do dano e o seu valor e as demais circunstâncias que
interessarem à elucidação do fato.
Art. 174. No exame para o reconhecimento de escritos, por comparação de letra, observar-se-á o seguinte:
I - a pessoa a quem se atribua ou se possa atribuir o escrito será intimada para o ato, se for encontrada;
II - para a comparação, poderão servir quaisquer documentos que a dita pessoa reconhecer ou já tiverem sido
judicialmente reconhecidos como de seu punho, ou sobre cuja autenticidade não houver dúvida;
III - a autoridade, quando necessário, requisitará, para o exame, os documentos que existirem em arquivos ou
estabelecimentos públicos, ou nestes realizará a diligência, se daí não puderem ser retirados;
IV - quando não houver escritos para a comparação ou forem insuficientes os exibidos, a autoridade mandará que a
pessoa escreva o que lhe for ditado. Se estiver ausente a pessoa, mas em lugar certo, esta última diligência poderá ser
feita por precatória, em que se consignarão as palavras que a pessoa será intimada a escrever.
Art. 175. Serão sujeitos a exame os instrumentos empregados para a prática da infração, a fim de se lhes verificar a
natureza e a eficiência.
Art. 176. A autoridade e as partes poderão formular quesitos até o ato da diligência.
Art. 177. No exame por precatória, a nomeação dos peritos far-se-á no juízo deprecado. Havendo, porém, no caso de
ação privada, acordo das partes, essa nomeação poderá ser feita pelo juiz deprecante.
Parágrafo único. Os quesitos do juiz e das partes serão transcritos na precatória.
Art. 178. No caso do artigo 159, o exame será requisitado pela autoridade ao diretor da repartição, juntando-se ao
processo o laudo assinado pelos peritos.
Art. 179. No caso do § 1º do artigo 159, o escrivão lavrará o auto respectivo, que será assinado pelos peritos e, se presente
ao exame, também pela autoridade.
Parágrafo único. No caso do artigo 160, parágrafo único, o laudo, que poderá ser datilografado, será subscrito e rubricado
em suas folhas por todos os peritos.
Art. 180. Se houver divergência entre os peritos, serão consignadas no auto do exame as declarações e respostas de um
e de outro, ou cada um redigirá separadamente o seu laudo, e a autoridade nomeará um terceiro; se este divergir de
ambos, a autoridade poderá mandar proceder a novo exame por outros peritos.
Art. 181. No caso de inobservância de formalidades, ou no caso de omissões, obscuridades ou contradições, a autoridade
judiciária mandará suprir a formalidade, complementar ou esclarecer o laudo. (Redação dada ao caput pela Lei nº 8.862,
de 28.03.1994)
Parágrafo único. A autoridade poderá também ordenar que se proceda a novo exame, por outros peritos, se julgar
conveniente.
Art. 182. O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo ou em parte.
Art. 183. Nos crimes em que não couber ação pública, observar-se-á o disposto no artigo 19.
Art. 184. Salvo o caso de exame de corpo de delito, o juiz ou a autoridade policial negará a perícia requerida pelas partes,
quando não for necessária ao esclarecimento da verdade.

3
Medicina Legal | Eduardo Araújo
▪ FAMP – Med 1

Do Juiz, do Ministério Público, do Acusado e Defensor, dos Assistentes e Auxiliares da Justiça


CAPÍTULO I
Do Juiz
Art. 251. Ao juiz incumbirá prover à regularidade do processo e manter a ordem no curso dos respectivos atos, podendo,
para tal fim, requisitar a força pública.
Art. 252. O juiz não poderá exercer jurisdição no processo em que:
I - tiver funcionado seu cônjuge ou parente, consangüíneo ou afim, em linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive,
como defensor ou advogado, órgão do Ministério Público, autoridade policial, auxiliar da justiça ou perito;
II - ele próprio houver desempenhado qualquer dessas funções ou servido como testemunha;
III - tiver funcionado como juiz de outra instância, pronunciando-se, de fato ou de direito, sobre a questão;
IV - ele próprio ou seu cônjuge ou parente, e consangüíneo ou afim em linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive,
for parte ou diretamente interessado no feito.
Art. 253. Nos juízos coletivos, não poderão servir no mesmo processo os juízes que forem entre si parentes,
consangüíneos ou afins, em linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive.
Art. 254. O juiz dar-se-á por suspeito, e, se não o fizer, poderá ser recusado por qualquer das partes:
I - se for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer deles;
II - se ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente, estiver respondendo a processo por fato análogo, sobre cujo caráter
criminoso haja controvérsia;
III - se ele, seu cônjuge, ou parente, consangüíneo, ou afim, até o terceiro grau, inclusive, sustentar demanda ou responder
a processo que tenha de ser julgado por qualquer das partes;
IV - se tiver aconselhado qualquer das partes;
V - se for credor ou devedor, tutor ou curador, de qualquer das partes;
VI - se for sócio, acionista ou administrador de sociedade interessada no processo.
Art. 255. O impedimento ou suspeição decorrente de parentesco por afinidade cessará pela dissolução do casamento que
lhe tiver dado causa, salvo sobrevindo descendentes; mas, ainda que dissolvido o casamento sem descendentes, não
funcionará como juiz o sogro, o padrasto, o cunhado, o genro ou enteado de quem for parte no processo.
Art. 256. A suspeição não poderá ser declarada nem reconhecida, quando a parte injuriar o juiz ou de propósito der
motivo para criá-la.

Dos Peritos e Intérpretes


Art. 275. O perito, ainda quando não oficial, estará sujeito à disciplina judiciária.
Art. 276. As partes não intervirão na nomeação do perito.
Art. 277. O perito nomeado pela autoridade será obrigado a aceitar o encargo, sob pena de multa de cem a quinhentos
mil-réis, salvo escusa atendível.
Parágrafo único. Incorrerá na mesma multa o perito que, sem justa causa, provada imediatamente:
a) deixar de acudir à intimação ou ao chamado da autoridade;
b) não comparecer no dia e local designados para o exame;
c) não der o laudo, ou concorrer para que a perícia não seja feita, nos prazos estabelecidos.
Art. 278. No caso de não-comparecimento do perito, sem justa causa, a autoridade poderá determinar a sua condução.
Art. 279. Não poderão ser peritos:
I - os que estiverem sujeitos à interdição de direito mencionada nos ns. I e IV do artigo 69 do Código Penal;
Referência: CP, artigo 47, I e II.
II - os que tiverem prestado depoimento no processo ou opinado anteriormente sobre o objeto da perícia;
III - os analfabetos e os menores de 21 (vinte e um) anos.
Art. 280. É extensivo aos peritos, no que lhes for aplicável, o disposto sobre suspeição dos juízes.
Art. 281. Os intérpretes são, para todos os efeitos, equiparados aos peritos.

OBJETO DA PERÍCIA MÉDICO-LEGAL:


A. Sobre pessoas vivas (idade, diagnóstico, verificação)
B. Sobre pessoas mortas (cadáveres, esqueletos)
C. Sobre semoventes (domésticos, pegadas, unhadas)
D. Sobre objetos ou instrumentos (balística, dactiloscópico, manchas).

CREDIBILIDADE DA PERÍCIA
"O Juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo no todo ou em parte". (182 CPP / 258 CPC).

4
Medicina Legal | Eduardo Araújo
▪ FAMP – Med 1

FALSA PERÍCIA:
Art. 147 C.P.C. : “ O perito que por dolo ou culpa, prestar informações inverídicas, responderá pelos prejuízos que causar
à parte, ficará inabilitado, por 2 (dois) anos, a funcionar em outras perícias e incorrerá na sanção que a lei penal
estabelecer”.
Art. 342 C.P. : “Fazer afirmação falsa ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito, tradutor ou intérprete em
processo judicial, policial ou administrativo ou em juízo arbitral".

ACEITAÇÃO DA PERÍCIA:
É obrigatória no foro criminal (Art. 277 C.P.P.).
É optativa no foro civil (Art. 146 C.P.C.).

HONORÁRIOS DOS PERITOS:


1. Peritos Oficiais: são pagos pelo Estado.
2. Peritos Não Oficiais: são arbitrados pelo Juiz.
3. Perícia Civil: Podem ser reivindicados judicialmente. -Prescrevem em 1ano.
4. O valor a ser cobrado pelo perito é baseado:
 No costume do lugar -Na reputação profissional do perito
 Nas possibilidades econômicas dos envolvidos -Tempo despendido
 Na importância e dificuldade médico-judicária da ação.

Garantia de neutralidade do Perito


 Suspeição: vínculo do perito com as partes
 Impedimento: relação de interesse com o objeto do processo
 Incompatibilidade: outras razões de conveniência previstas nas leis de organização judiciária
Estas situações são as mesmas previstas para os juízes (CPP – arts.: 252, 253 e 254. / CPC – arts.: 134 e 135)

DECÁLOGO DOS PERITOS: (Nério Rojas)


A. O perito deve atuar com a ciência do médico a veracidade do testemunho e a equanimidade do juiz.
B. É necessário abrir os olhos e fechar os ouvidos.
C. A exceção pode ter tanto valor quanto a regra.
D. Desconfiar dos sinais patognomônicos.
E. Deve-se seguir o método cartesiano.
F. Não confiar na memória.
G. Uma autópsia não se pode refazer.
H. Pensar com claridade para escrever com precisão.
I. A arte das conclusões consiste na medida.
J. A vantagem da medicina legal está em não formar uma inteligência exclusiva e estritamente especializada.

Perícias
Perícias em vivos – violências sexuais em geral, conjunção carnal, atos libidinosos, gravidez, parto, lesão corporal,
estimativa da idade, dosagem alcoólica, exames toxicológicos, infortúnios do trabalho e outros
Perícias em cadáveres – realidade da morte, causa da morte, necropsia em mortes violentas e suspeitas, cronologia da
morte, identificação, exames toxicológicos das vísceras e outros complementares
Perícias no esqueleto – identificação antropológica (diagnóstico da espécie), sexo, estatura, idade, achados de violência
Perícias em locais e objetos – impressões digitais, armas de fogo, manchas em vestes e em instrumentos

5
Medicina Legal | Eduardo Araújo
▪ FAMP – Med 1

TIPOLOGIAS DE PERÍCIAS

Quanto ao ramo do direito:


Cível
Criminal
Trabalhista, etc.

Quanto ao modo como se realiza o exame:


Perícia direta (ECDD) – exame na própria vítima
Perícia indireta (ECDI) – exame realizado por fichas
hospitalares ou outros documentos

Quanto aos fins:


Perícia de retratação (percipiendi) – apenas uma
descrição (narração minuciosa) do que foi observado
pelo perito = “visum et repertum” – ver e repetir*
Perícia interpretativa (deduciendi) – realizada por um
processo científico de interpretação dos fatos e das
circunstâncias, no qual chega a uma conclusão técnica
Perícia opinativa – é composto de um parecer do especialista sobre determinado assunto.

Quanto ao momento de realização:


Retrospectivas – exames realizados no presente, mas relacionados com fatos passados com o objetivo de perpetuar os
elementos de prova (maioria das perícias)
Prospectivas – tratam de situações presentes cujos efeitos deverão ocorrer no futuro – p.ex.: exame de cessação de
periculosidade (art. 775 CPP)

Auto de Corpo de Delito


1. É o documento médico-legal que contém a descrição minuciosa de uma perícia médica, e assinado por dois
peritos. As infrações penais podem deixar vestígios (delicta facti permanentis), como o homicídio, a lesão
corporal, e não deixar vestígios (delicta facti transeuntis), como as injúrias verbais, o desacato. O corpo de delito
vem a ser o conjunto de vestígios deixados pelo fato criminoso. São os elementos materiais, perceptíveis pelos
nossos sentidos, resultantes de infração penal.
2. Destinação – provar a materialidade nos casos de lesões corporais, sedução, estupro, ato libidinoso, idade,
sanidade mental, ossada humana, embriaguez, toxicologia, necropsia, etc.
3. Relatório – descrição minuciosa de um fato médico e suas conseqüências, composto das seguintes partes:
preâmbulo, histórico, descrição, discussão, conclusão e resposta aos quesitos. Exemplos : auto – relatório ditado
ao escrivão; laudo – relatório redigido pelo próprio perito; corpo de delito direto – exame realizado por perito
para provar a materialidade do crime;
4. Corpo de delito indireto – prova da materialidade do crime por meio de prova testemunhal e ficha de registro
médico

O exame de corpo de delito direto é aquele realizado por perito para provar a materialidade do crime. O exame de corpo
de delito indireto é aquele instrumento utilizado para provar a materialidade do crime por meio de prova testemunhal e
ficha de registro médico.

No Direito Processual Penal, os exames periciais são de natureza variada , quais sejam, de sanidade mental, dos
instrumentos do crime, dentre outros. Mas de todas as perícias, o mais importante é o corpo de delito, que é o conjunto
de elementos sensíveis do fato criminoso, ou seja, o conjunto de vestígios materiais deixados pelo crime. Nas infrações
criminais que deixam vestígios, é necessário o exame de corpo de delito, isto é, a comprovação dos vestígios materiais
por ela deixados torna-se indispensável, sob pena de não se receberem a queixa ou a denúncia (art. 158 e art. 525, CPP).

O legislador quis ser bastante prudente, pois mesmo com a obrigatoriedade deste exame, ainda assim muitos erros
judiciários têm sido cometidos. O Juiz poderá proferir sentença sem o auto de corpo de delito direto, desde que haja
prova testemunhal a respeito da materialidade delitiva, que se trata de prova meramente supletiva, uma vez que foi
verificada a impossibilidade do exame direto por terem desaparecidos os vestígios.

6
Medicina Legal | Eduardo Araújo
▪ FAMP – Med 1

Verifica-se que os exames de corpo de delito e as outras perícias são, em regra, feitos por peritos oficiais, e na sua ausência
o exame poderá ser feito por duas pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso superior, escolhidas de preferência
as que tiverem habilitação técnica, relacionada à natureza do exame. Os peritos não oficiais devem prestar o compromisso
de bem e fielmente desempenhar o cargo (art. 159 CPP). Observe-se as partes não podem indicar perito, sendo
procedimento privativo da autoridade policial ou judicial (art. 278 CPP). A iniciativa da perícia cabe tanto às partes quanto
às autoridades (inciso VII do art. 6º CPP).

No nosso direito prevalece o princípio liberatório, por meio do qual o Juiz tem inteira liberdade de aceitar ou rejeitar o
laudo pericial, no todo ou em parte, tendo em vista o sistema do livre convencimento (art. 182 CPP). Determinada a
realização da perícia, seja a requerimento da parte, seja de ofício, quesitos deverão ser formulados com clareza e nunca
articulados de forma genérica, nos termos do art. 176 CPP. Os peritos nomeados estão obrigados a aceitar o encargo e
descreverão minuciosamente o que examinaram e responderão aos quesitos, por ocasião da lavratura do laudo
pertinente.

TIPOLOGIA DE CORPO DE DELITO

DIRETO (Perícia percipiendi):


É o conjunto de vestígios materiais decorrentes da ação criminosa.
– Corpo da pessoa ou coisa;
– Instrumentos, utensílios, objetos, arma etc.
– Outros vestígios.
INDIRETO: (Perícia deducendi)
• Cabível apenas quando é impossível o exame direto:
– Por terem desaparecido (Natureza - tempo);
– Por terem sido perdidos (Homem – culpa ou dolo);
– Por estarem inacessíveis (Natureza)
• Constitui-se na prova testemunhal e documental:
– Pareceres (Perícia deducendi) – Manifestação técnica acerca de fatos suscitados por meio de fichas clínicas,
prontuários, atestados, fotos, filmes, depoimentos.

CORPO DE DELITO X EXAME DE CORPO DE DELITO:


Algumas infrações penais, como a injúria verbal não deixam vestígios* = “delicta facti transeuntis”
(* Contudo, nos dias atuais e nas questões que envolvem racismo , discriminações e preconceitos em geral,
utiliza-se o apoio testemunhal do delito)

Outras, como homicídios ou delitos contra o patrimônio, deixam modificações no mundo material que podem ser
percebidas por nossos sentidos ou por aparelhos especiais – “delicta facti permanentis” ou Delitos de fato permanente.
=Delitos que deixam vestígios.

CPP - Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto,
não podendo supri-lo a confissão do acusado.
Nos delitos que deixam vestígios, então, necessariamente deverá existir exame pericial, sob pena de nulidade processual
CORPO DE DELITO é a soma dos elementos e vestigios encontrados nos:
 locais dos fatos
 nos instrumentos
 peças ou
 pessoas físicas (vivas ou mortas)

O EXAME DE CORPO DE DELITO não é apenas o exame realizado na pessoa, mas todo exame relacionado com um fato
criminoso, inclusive aqueles feitos no local e os exames subseqüentes realizados nos laboratórios da Polícia Técnico-
Científica .

7
Medicina Legal | Eduardo Araújo
▪ FAMP – Med 1

Documentos Periciais:
Os documentos relativos às perícias realizadas por médicos são denominados DOCUMENTOS MÉDICO-LEGAIS. Aqueles
relativos ao trabalho pericial realizados por peritos que não atuam na área médica são usualmente denominados LAUDOS
PERICIAIS

DOCUMENTOS MÉDICOS LEGAIS


São todas as informações de conteúdo médico e que tenham interesse judicial.

O fornecimento de informação escrita, por um médico, por qualquer razão, em que matéria médica de interesse jurídico
é relatada, trata-se de um documento médico-legal. É evidente que se trata de profissional habilitado, na forma da
legislação vigente, e que tenha praticado ato médico específico.

Sobre a matéria, o art. 312 do CP determina que é vedado exercer, ainda que a título gratuito, a profissão de médico, de
dentista ou de farmacêutico, sem autorização legal, ou excedendo-lhe os limites. Ainda, o seu art. 314 prevê como prática
ilícita exercer o curandeirismo, seja, prescrevendo ou aplicando, habitualmente, qualquer substância, seja usando gestos,
palavras, ou qualquer outro meio, ou ainda fazendo diagnósticos.

A Lei 3.268, de 1957 estabelece claramente em seu art. 17 que os médicos só poderão exercer legalmente a medicina,
em qualquer de seus ramos ou especialidades, após o prévio registro de seus títulos, diplomas, certificados ou cartas no
Ministério de Educação e Cultura e de sua inscrição no Conselho Regional, sob cuja jurisdição se acha o local de sua
atividade.

O documento médico-legal pode ser resultado do pedido de pessoa interessada (atestado ou parecer) ou fruto de
cumprimento de encargo deferido pela autoridade competente (laudos). Os documentos médico-legais são instrumentos
escritos ou simples exposições verbais mediante os quais o médico fornece esclarecimentos à justiça.

A perícia em geral é o exame procedido por pessoa que tenha determinados conhecimentos técnicos, científicos, artísticos
ou práticos acerca de fatos, circunstâncias ou condições pessoais inerentes ao fato punível, a fim de comprová-los. Pode
ser também o trabalho técnico para elucidação de problemas de várias naturezas.

O perito está investido do múnus público de auxiliar técnico do Juiz, conforme trata a legislação pátria. A perícia não prova
e sim ilumina a prova. Esta é mais que um meio de prova pois representa um elemento subsidiário para a sua valorização
ou para a solução de uma dúvida. Este profissional é o técnico que, designado pela justiça, recebe o encargo de prestar
esclarecimentos no processo.

Características:
1. Emitidos por médicos habilitados
2. Decorrentes de exames médicos
3. Apresentados geralmente por escrito
4. Objetivam o esclarecimento de questão judicial

Classificação e Características dos Documentos Médico-legais


Em medicina legal, reconhecemos três tipos de documentos: o atestado, os relatórios (auto e laudo) e os pareceres. Cada
um deles possui características diferentes, tanto do ponto de vista médico como jurídico, e serve à finalidade também
diversificada.

1. Atestados
2. Notificações compulsórias
3. Relatórios médico-legais
4. Pareceres
5. Depoimentos orais

8
Medicina Legal | Eduardo Araújo
▪ FAMP – Med 1

Atestados
Os atestados apresentam particularidades conforme o caso a que se destinam. O atestado é uma afirmação simples e por
escrito de um fato médico e suas conseqüências. O auto é o relatório ditado ao escrivão e o laudo é o relatório redigido
pelo próprio perito.

Atestado Clínico
Atestados clínicos: simples declarações para certificar condições de sanidade ou enfermidade, p.ex., para justificar
ausência do paciente ao trabalho (é sempre fornecido a pedido do interessado)
1. Atestados para fins previdenciários: para comprovação de estado patológico (INSS)
2. Atestados de óbito: em casos de morte
a. Natural, atribuição do próprio médico desde que tenha assistido o paciente
b. Natural mas por doenças mal definidas - suspeitas(inesperada, sem causa evidente): médicos do SVO
– Serviço de Verificação de Óbito
c. Violenta (acidente, suicídio e homicídio): IML – Instituto Médico

Não há maior formalidade para sua obtenção, basta que o interessado o solicite a profissional competente e que tenha
praticado o correspondente procedimento médico. Assim, os pré-requisitos são poucos: solicitação do interessado,
profissional em exercício regular da profissão e prática do ato médico motivador do atestado. O documento porém, já
apresenta maior complexidade em sua feitura, sendo composto de várias partes e contendo vários elementos: precisa
ser feito em papel timbrado, com o nome do médico, seu endereço profissional e seu número de registro no Conselho;
deve conter, além da qualificação do atestante, os elementos identificadores da pessoa, registrar de modo sucinto a
matéria médica, excluindo o diagnóstico, por motivo de sigilo profissional; as conseqüências práticas e legais decorrentes
da matéria médica; data e assinatura do profissional atestante.

Atestado para Internação Compulsória


Por vezes, o atestado se destina a fins tão específicos que hão de se revestir de outras particularidades. Assim é que, em
se tratando de doenças infecto-contagiosas que põem em risco a saúde da população em geral, não se pratica o sigilo
profissional em relação aos portadores de tais doenças. O médico deve denunciar a autoridade pública doença cuja
notificação é compulsória.

Atestado para fins Previdenciários e Similares


Em infortunística ocorre uma situação curiosa: o paciente solicita um atestado médico para obtenção de benefício
securitário e o vê rejeitado pelo INSS por não conter o diagnóstico. Retorna ele ao profissional que, por sua vez, invoca o
sigilo profissional. Como resolver a situação? Fácil. O profissional utilizará a Classificação Internacional de Doenças (CID)
publicada pela OMS.

Atestado de Óbito
O atestado de óbito é passado por médico e em impresso especial onde fica registrado o nome do falecido, o dia, a hora
e o local do óbito, o domicílio do morto, sua filiação, idade, sexo, estado civil, nacionalidade, naturalidade, profissão, bem
como registrará a doença ou doenças de que era portador e a causa da morte. Depois de datar e assinar, registrará seu
endereço profissional e encaminhará, pelos parentes do falecido, ao cartório civil, para registro. Deve-se ressaltar que se
o médico não teve oportunidade de examinar ou assistir previamente ao morto não poderá atestar seu óbito. A
declaração de óbito comprova o óbito, os fatos relacionados e subsidia dados para a saúde pública.

Atestados Falsos:
O atestado é chamado de
 Gracioso,
 De favor ou
 Complacente
Quando fornecido a alguém por amizade ou por qualquer outro motivo
 Não se efetiva o ato médico (exame, por exemplo)
 Às vezes é dado com fim de lucro
 É improcedente a alegação de que a finalidade do atestado é meramente protocolar, sem importância

Além de problemas e questões ÉTICAS, um atestado gracioso ou “lucrativo” poderá vir a caracterizar um “atestado falso”,
punível, nos termos do Código Penal:
Art. 302 - Dar o médico, no exercício da sua profissão, atestado falso:

9
Medicina Legal | Eduardo Araújo
▪ FAMP – Med 1

Pena - detenção, de um mês a um ano

Notificações Compulsórias:
São notificações OBRIGATÓRIAS às autoridades competentes por razões sociais ou sanitárias
 doenças de notificação obrigatória: p.ex., dengue, hanseníase, Aids, tuberculose etc
 comunicação de acidente de trabalho CAT: inclui também doença profissional e do trabalho
 comunicação de ocorrência de crime de ação penal pública incondicionada (desde que não exponha o cliente
a procedimento criminal)
 comunicação de ocorrência de morte encefálica: para captação e distribuição de órgãos (Lei 9.434/1997)
 ocorrências induzidas ou causadas por alguém não médico: óbitos , lesão corporal, danos à saúde (comunicação
ao CRM e à Polícia)
 ocorrência de violência contra a mulher: ex: esterilizações cirúrgicas (Lei 10.778/2003)

Pareceres:
 São consultas feitas a renomados especialistas na área médica para utilização em processo judicial (criminal,
cível ou trabalhista) ou administrativo
 São documentos oficiosos, particulares, encomendados pelas partes para reforçar sua tese e, por isto, devem
ser analisados com cautela e raramente se sobrepõem aos exames oficiais.

Compõe-se de quatro partes (não possui descrição):


 Preâmbulo: qualificação do médico consultado
 Exposição: transcrição dos quesitos e do objeto da consulta
 Discussão: parte + IMPORTANTE do parecer, onde os fatos apresentados serão analisados em minúcias
 Conclusões: modo de ver do parecerista, dando resposta aos quesitos formulados

Depoimentos Orais:
 Dados pelo médico perante autoridade policial ou judicial, objetivando o esclarecimento de questão médica de
interesse judicial.
 Tais depoimentos são normalmente reduzidos a termo

Relatórios:
São resultantes da atuação médico legal:
 auto: relatório ditado ao escrivão ou ao escrevente na presença do delegado ou do juiz. Normalmente é
elaborado por peritos “ad hoc” e é assinado pelos peritos nomeados, pelo escrivão e pelo delegado;
 laudo: elaborado pelos próprios médicos; é o mais comum dos relatórios
o e for ditado logo após o exame: auto
o se for redigido posteriormente pelos peritos: laudo

Laudo:
Não existe forma legal para sua apresentação
 Todo laudo apresenta no mínimo:
o preâmbulo: dados gerais como autoridade requisitante, objeto do exame, data da ocorrência
o quesitos: na área criminal os quesitos são oficiais e padronizados para as principais perícias – são perguntas
relevantes para o Direito
o histórico: é resumidamente os fatos geradores da perícia
o Descrição: pormenores e etapas dos exames realizados com apresentação dos elementos colhidos no
decorrer do exame - “visum et repertum” - É A PARTE MAIS IMPORTANTE DO RELATÓRIO)
o Discussão: interpretação dos fatos, diagnósticos, prognósticos – os peritos comentam os dados obtidos,
discutem várias hipóteses e exteriorizam suas impressões
o Conclusões: ilações e ponderações decorrentes do exame feito – É A SÍNTESE DO LAUDO
o Respostas aos quesitos oficiais e aos formulados – devem ser simples, breves, com o mínimo possível de
palavras
o Desfecho ou encerramento.

PRAZO PARA ELABORAR O LAUDO


Art. 160. Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde descreverão minuciosamente o que examinarem, e responderão
aos quesitos formulados.

10
Medicina Legal | Eduardo Araújo
▪ FAMP – Med 1

Parágrafo único. O laudo pericial será elaborado no prazo máximo de 10 (dez) dias, podendo este prazo ser
prorrogado, em casos excepcionais, a requerimento dos peritos. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 8.862, de
28.03.1994)
Art. 161. O exame de corpo de delito poderá ser feito em qualquer dia e a qualquer hora.

Auto e Laudo
Conceitualmente há diferenças entre auto e laudo, na prática porém, estas diferenças tendem a desaparecer. Exemplo
típico de auto é o chamado “auto de corpo de delito”. A vítima dirige-se ao plantão do Pronto Socorro Oficial e, ao ser
atendida, já se abre o inquérito. Além do médico clínico, ali se encontra o legista, que dita ao escrivão suas observações
médico-legais. Faz-se, assim, simples relatório imediato, ditado e sem responder a quesitos. Entretanto, os “autos de
exame necroscópico” do Instituto Médico Legal são fornecidos a posteriori, por escrito e respondendo a quesitos, o que
seria próprio de laudo. Verifica-se que as diferenças estão desaparecendo e os dois termos chegam a se confundir no uso
diário. O auto é ditado ao escrivão e o laudo redigido de próprio punho pelo perito.

Laudos em Geral
Os laudos são relatórios escritos e pormenorizados de tudo o quanto os peritos julgarem útil informar à autoridade
judiciária. O relatório é a descrição minuciosa de um fato médico e suas conseqüências, composto das seguintes partes
:preâmbulo, histórico, descrição, discussão, conclusão e resposta aos quesitos. Para sua elaboração bem cuidada deve-se
observar o seguinte roteiro:
- preâmbulo: no âmbito do qual, inicialmente, o perito se qualifica (se se tratar de repartição oficial, esta medida
é dispensável). Indicará qual a autoridade que lhe atribuiu o encargo pericial e, sempre que possível, o processo a que
está vinculado.
-histórico e antecedentes
-descrição que se consubstancia na parte mais importante do laudo pelas seguintes razões:
pode ser que o perito esteja lidando com matéria perecível e, por isso, se não fizer um convincente registro, depois lhe
faltará outra oportunidade;
-a descrição lida com “matéria de fato”, isto é, resulta do que pode ser efetivamente observado e deve ser tão
cuidadosa a ponto de não ensejar jamais divergências com outros examinadores; este registro servirá de base às mais
importantes conclusões, que certamente implicarão conseqüências jurídicas. A descrição é o fundamento de tudo que se
analisa no laudo.
-a discussão e a conclusão são feitas com base no observado e registrado, passa-se a uma análise cuidadosa e
pormenorizada da matéria. É evidente que quanto mais capaz e experimentado for o perito, tanto mais aprofundada e
pertinente a sua “discussão“. Esta parte do laudo, que pode conter citações e transcrições, serve mesmo para se avaliar
o nível cultural e científico do relator. É também neste capítulo do laudo que mais provavelmente ocorrerão as
divergências, a gerar a “perícia contraditória”. A “conclusão” deve ser decorrência lógica e inevitável do raciocínio
desenvolvida na “discussão”. A ela o leitor deve ser levado de modo imperceptível, mas inexorável.
-quesitos e respostas: os quesitos serão transcritos e receberão pronta e sucinta resposta. Devemos encontrar
nesta parte do laudo uma verdadeira síntese de tudo que ficou registrado, analisado e concluído no texto precedente.

Corpo de Delito
O exame de corpo de delito direto é aquele realizado por perito para provar a materialidade do crime. O exame de corpo
de delito indireto é aquele instrumento utilizado para provar a materialidade do crime por meio de prova testemunhal e
ficha de registro médico . No Direito Processual Penal, os exames periciais são de natureza variada , quais sejam, de
sanidade mental, dos instrumentos do crime, dentre outros. Mas de todas as perícias, o mais importante é o corpo de
delito, que é o conjunto de elementos sensíveis do fato criminoso, ou seja, o conjunto de vestígios materiais deixados
pelo crime. Nas infrações criminais que deixam vestígios, é necessário o exame de corpo de delito, isto é, a comprovação
dos vestígios materiais por ela deixados torna-se indispensável, sob pena de não se receberem a queixa ou a denúncia
(art. 158 e art. 525, CPP). O legislador quis ser bastante prudente, pois mesmo com a obrigatoriedade deste exame, ainda
assim muitos erros judiciários têm sido cometidos. O Juiz poderá proferir sentença sem o auto de corpo de delito direto,
desde que haja prova testemunhal a respeito da materialidade delitiva, que se trata de prova meramente supletiva, uma
vez que foi verificada a impossibilidade do exame direto por terem desaparecidos os vestígios.

Verifica-se que os exames de corpo de delito e as outras perícias são, em regra, feitos por peritos oficiais, e na sua ausência
o exame poderá ser feito por duas pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso superior, escolhidas de preferência
as que tiverem habilitação técnica, relacionada à natureza do exame. Os peritos não oficiais devem prestar o compromisso
de bem e fielmente desempenhar o cargo (art. 159 CPP). Observe-se as partes não podem indicar perito, sendo
procedimento privativo da autoridade policial ou judicial (art. 278 CPP). A iniciativa da perícia cabe tanto às partes quanto

11
Medicina Legal | Eduardo Araújo
▪ FAMP – Med 1

às autoridades (inciso VII do art. 6º CPP). No nosso direito prevalece o princípio liberatório, por meio do qual o Juiz tem
inteira liberdade de aceitar ou rejeitar o laudo pericial, no todo ou em parte, tendo em vista o sistema do livre
convencimento (art. 182 CPP). Determinada a realização da perícia, seja a requerimento da parte, seja de ofício, quesitos
deverão ser formulados com clareza e nunca articulados de forma genérica, nos termos do art. 176 CPP. Os peritos
nomeados estão obrigados a aceitar o encargo e descreverão minuciosamente o que examinaram e responderão aos
quesitos, por ocasião da lavratura do laudo pertinente.

Necropsia
A necropsia é um exame interno feito no cadáver a fim de constatar a causa mortis feita, pelo menos, seis horas após o
óbito, exceto nos casos de morte violenta, quando será suficiente um simples exame externo do cadáver, não havendo
infração penal a ser apurada, ou mesmo havendo infração penal a ser apurada, se as lesões externas permitirem precisar
a causa da morte e não houver necessidade de exame interno para verificação de alguma circunstância relevante (art.
162 CPP).

Exumação
A exumação é o procedimento de desenterramento do cadáver para exame cadavérico interno e externo para
constatação da causa mortis. Para tanto, deverá a autoridade tomar as providências afim de que, em dia e hora
prefixados, se realiza a diligência , lavrando-se, a respeito, o auto consubstanciado (arts. 163/165 CPP). O administrador
do cemitério deverá indicar a sepultura, sob pena de incorrer em crime de desobediência (art. 330 CP).

Exame Complementar
Os peritos não podendo, logo no primeiro exame, classificar a lesão, torna-se indispensável o exame complementar por
determinação da autoridade policial ou judiciária ou a requerimento do Ministério Público ou das partes, depois de trinta
dias contados da data do crime. A falta deste exame poderá ser suprida por prova testemunhal (art. 168 CPP).

Exames dos Escritos


Os exames grafológicos ou grafotécnicos são realizados por comparação, oportunidade em que a autoridade encaminha
aos peritos o documento tido como falsificado e a lauda contendo os escritos do punho dos suspeitos (art. 174 CPP).

Exames por Precatória


Os exames periciais devem realizar-se dentro da jurisdição da autoridade perante a qual tramita o processo, e á
autoridade processante caberá determiná-los e nomear os peritos. No casos em que os exames devam ser feitos em
outras comarcas a autoridade que estiver presidindo o processo, seja policial ou judiciária, deverá solicitar à autoridade
competente do local onde o exame deva ser realizado, que o determine, devendo os quesitos da autoridade e das partes
serem transcritos na precatória, cabendo por outro lado, a autoridade deprecada, a nomeação dos peritos.

Parecer Médico-Legal
O parecer é a resposta, por escrito ,à consulta e é composto pelas seguintes partes : preâmbulo, histórico, discussão,
conclusão e resposta aos quesitos. Os pareceres constituem realmente o que se pode considerar “a consulta médico-
legal”. Não se irá por certo, pedi-los a inexperientes, principiantes, ou desconhecidos. É claro que valem pelo seu
conteúdo científico, pelos argumentos bem postos e fundamentados, pela clareza de raciocínio e pelo seu espírito
jurídico. Mas pesam, e muito, pela assinatura que apresentam. São lidos, analisados e respeitados porque seus autores
já provaram previamente sua capacidade e tirocínio. Por estas razões, somente os amadurecidos, cultos e reconhecidos
são procurados para prolatá-los. Como documento médico-legal, em sua estrutura, o parecer pode seguir mutatis
mutandis o roteiro indicado para os laudos. Em certos casos, porém, será fruto de análise indireta de fatos já registrados
em outros documentos, cuja autenticidade possa ou deva ser aceita.

Consulta
A consulta é o pedido de esclarecimento que a autoridade faz sobre um fato sobre o qual paira dúvida.
Depoimento Oral
O depoimento oral é o esclarecimentos oral prestado pelo perito.

Laudos psicológicos
Este é o campo da Psicologia que trabalha os assuntos referentes à Justiça. Uma ciência importantíssima na área de
investigação criminal. Mesmo assim, é praticamente desconhecida nos procedimentos da polícia brasileira. Nos Estados
Unidos o FBI conta com o Instituto do Comportamento Humano, voltado especialmente para pesquisas nesta área.

12
Medicina Legal | Eduardo Araújo
▪ FAMP – Med 1

Em agosto foi preso em São Paulo um assassino de série (serial killer) que ficou conhecido como "O maníaco do parque"
ou "O caso motoboy". Um maníaco sexual que teve tempo de agir o suficiente para fazer, no mínimo, seis vítimas e só foi
detido graças a uma denúncia anônima. Provando que a investigação, definitivamente, é o ponto critico para a solução
de um crime. Para tanto são necessários setores especializados em investigação e comprovar as denúncias anônimas.

Um psicólogo forense pode prever os passos do homicida do parque auxiliando os trabalhos da polícia. A divulgar o retrato
falado do suspeito e esperar uma denúncia são apenas fatores que auxiliam, e muito, a investigação.

Aqui você vai conhecer como a psicologia decifra crimes e descobrir como se monta um complexo quebra-cabeças
chamado comportamento humano.

13

Você também pode gostar