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2019 by Michel Duarte

Todos os direitos desta edição


reservados à Michel Duarte da Rocha.
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E-mail: pedagogomichel@gmail.com

CAPA:
Michel Duarte da Rocha

REVISÃO:
Michel Duarte da Rocha

EDITORAÇÃO ELETRÔNICA:
Michel Duarte da Rocha

Grafia atualizada segundo o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa


Joaninha era uma menina
franzina e tímida. Usava
roupas surradas e seu
cabelo sempre estava
desarrumado. Não era falta
de asseio, sua aparência era
assim porque sempre
estava em cima das árvores
e onde soprava o vento.
Seus olhos eram pretos e
alegres como o fruto do
guaraná.
Adorava caminhar. Ia
caminhando para escola. Ia
caminhando para a feira. Ia
caminhando para a igreja.
Outra paixão que ela tinha
era a leitura. Lia livros de
aventuras e conto de fadas.
Era na escola que ela tinha
acesso aos livros. Ela
adorava a linda história de
Eros e Psique. Quando um
vento cálido acariciava o
rosto dela, ela lembrava
dessas histórias e de suas
aventuras.
Um dia sua mãe pediu que
fosse levar alguns alimentos
para a sua avó. Sua
prudente mãe a advertiu
sobre os perigos dos
caminhos. Então pediu que
ela fosse pelo caminho mais
seguro e rápido. Joaninha
era obediente e ouviu atenta
às recomendações de sua
mãe mas ela era fascinada
pela vida, por tudo que a
rodeava e sempre pegava o
caminho mais atrativo.
Ela não se importava com o
tempo que levava essa
caminhada. Para ela as
pessoas ficavam congeladas,
do mesmo jeito que havia as
deixado, somente voltando a
rotina normal com a sua
presença. Tudo adormecia na
sua ausência, as pessoas,
os animais, as plantas, o
vento, o fogo. Assim como
acontecia com ela quando
sua casa faltava energia
elétrica.
Ao sair para a casa de sua
avó, Ela olhou em volta para
escolher o melhor caminho.
Havia uns meninos soltando
pipas ao norte. Percebeu um
caminho diferente daqueles
que estava acostumada ao
sul. A natureza era mais
exuberante. Seus olhos
brilharam como dois
diamantes.
Na entrada desse caminho
que parecia um bosque
havia uma esfinge. Joaninha
foi conversar com ela. —
Boa tarde! Será que aquele
caminho me levaria para a
casa da minha avó? A
esfinge, uma linda criatura
metade mulher metade leão,
disse que a responderia se
ela primeiro decifrasse um
enigma. Joaninha confiante
respondeu: — Pode
perguntar!
Ela sentou confortavelmente
no chão para pensar pois a
pergunta não era tão fácil
quanto achou que seria. Um
pássaro colorido chamado
uirapuru pousou perto da
Joaninha e da esfinge.
Começou a cantar. A esfinge
o espantou de lá. Joaninha
então suspeitou que ele
queria ajudar. Tentou
relembrar o que ele havia
acabado de assobiar.
Era uma canção de ano novo
mas o que isso tem haver
com a pergunta. Joaninha se
pôs a pensar. Se aproximou
dela um inseto que ostenta
o seu nome, Joaninha. Essa
criaturinha foi o tema de
seu aniversário esse ano.
Em um voo desajeitado ela
subiu em seu ombro.
Joaninha não se incomodou.
Houve um silêncio demorado.
Joaninha gritou:
— Já sei!
A esfinge esperou que ela
terminasse a resposta e
respondeu desapontada: —
Esse caminho do bosque te
leva para onde quiser ir. Saiu
com o rabo entre as pernas
para dentro da estrada
arborizada. Deixou o
caminho livre para que
Joaninha pudesse acessar o
caminho. Junto com ela
entraram os seus dois
novos amigos: O uirapuru e
a joaninha.
Ali havia espaço para fazer
o que quisesse. Um mundo
de possibilidades. Talvez
estivesse fazendo história
como a primeira menina a
entrar nesse bosque. Ela
quase se esqueceu do seu
objetivo inicial. Levar as
encomendas da sua avó que
estava em sua mochila.
Joaninha lembrou das suas
colegas que preferem jogar
videogames e assistir filmes
do que brincar na rua, nos
parques.
Esse lugar era mesmo
improvável. Muitas coisas
não tinham explicação. Era
dia mais a lua já estava no
céu. A lua tem insônia?
indagou o Uirapuru.
Joaninha não fazia
perguntas nem formulava
hipóteses somente
contemplava. Ela lembrou da
escola. Lá muitas coisas
mágicas e improváveis após
serem esclarecidas
perderam o encanto se
tornaram coisas cotidianas.
Não queria que esse bosque
deixasse de aguçar sua
imaginação.
Joaninha encontrou árvores
frutíferas. As mangas
tinham tamanhos de
pitangas e pitangas tinham
tamanhos de mangas. Ela
achou isso muito engraçado.
Adorava subir em
mangueiras para observar a
cidade e comer as mangas
mas aqui elas eram
arbustos e seus frutos
pequenos. Aqui as
pitangueiras são suas
árvores preferidas mas as
mangas pequenas ou grandes
ainda eram as melhores
frutas.
A joaninha perguntou: — Os
insetos também são
improváveis? A resposta
apareceu na sua frente um
grilo do tamanho de um
cachorro. Agora Joaninha se
preocupou. Imaginou o
tamanho dos mosquitos. O
mosquito do tamanho do
Bob, o seu cachorro
labrador e o Bob do
tamanho de um mosquito.
Ela também era improvável
segundo a sua mãe.
O Céu estava de um azul
imenso e profundo, não
havia nenhuma nuvem.
Começou um som muito
alto e incômodo. Era o som
de uma cigarra. Essa cigarra
deveria ser enorme pela
potência do seu som. Elas
são inofensivas então
Joaninha e seus amigos não
se preocuparam somente
taparam bem os ouvidos. De
repente uma chuva, repentina
e breve, caiu sobre eles.
Mais uma coisa improvável,
no entanto, essa tinha
explicação. A gigantesca
cigarra se cantou toda.
Explodiu e gerou essa
quantidade imensa de líquido
que encharcou a turma da
Joaninha. Pelo menos eles
puderam destampar os
ouvidos. O canto havia
terminado. Nesse mundo com
insetos desse tamanho uma
anedota famosa do mundo
da Joaninha ficava um pouco
bizarra.
O normal é a natureza
acalmar, trazer paz e
reflexão. Mas esse bosque
era diferente. As plantas
tinham sentimentos.
Joaninha, uirapuru e
joaninha estavam na parte
onde haviam muitas plantas
ansiosas. Joaninha pensou
que se elas estivessem
perto de um rio, lago ou
cachoeira elas estariam
mais calmas. Joaninha
poderia fazer meditação
com elas se houvesse
interesse.
Elas estavam ansiosas
porque estavam esperando a
chuva. A época da estiagem
durou mais que o normal.
Por estarem
impossibilitadas de se
locomoverem, as notícias
que a chuva trazia deixavam
a par do que aconteciam no
mundo. A água percorria os
solos, os leitos dos rios, as
correntes do mar e o céu. —
Chuva fofoqueira era só o
que faltava. Exclamou
joaninha.
Quando a chuva começou a
cair as plantas dançavam de
felicidade. Cada gota de água
tinha informações para dar.
Algumas que caíram em
Joaninha disseram a ela
coisas sobre a sua vó.
Também sobre a mãe dela. O
que era igualzinho era o
cheiro bom de terra
molhada quando a chuva
saudava o solo.
Joaninha queria perguntar
para as plantas se elas
sentiam dor ao terem suas
folhas arrancadas. Ela
gostava de debulhar as
folhas de uma espécie de
planta. Os galhos que a
sustentavam ficavam
pelados, pareciam espinha de
peixe. Perguntou isso para
uma dormideira que se
retraiu e recusou a
responder.
As plantas ficaram
perturbadas com medo de
Joaninha sair arrancando
suas folhas só para se
divertir. Uirapuru pediu
ajuda para um enorme
dente-de-leão. Com uma
sacudida vigorosa suas
sementes começaram a voar.
Segurando em uma delas
Joaninha foi levada para
longe daquela confusão. Seus
pensamentos também
voavam, confusos e livres
diante de tantas novidades.
Como se acordasse de um
sonho Joaninha despertou
na porta da casa de sua avó.
Ela já estava a esperando.
Joaninha a cumprimentou e
entrou. Recebeu um abraço
terno de sua avó. Sentiu-se
respeitada e querida. Não
houve julgamentos e
reprovações. Joaninha se
sentiu amada ante um trevo
de quatro folhas na varanda.
Sua avó sabia que o erro
leva ao aprendizado.
Joaninha contou tudo para a
sua avó que parecia não
acreditar mas se ofereceu a
acompanhá-la de volta para
casa e veria com seus
próprios olhos. Uirapuru
sugeriu que fosse pelo
caminho da cachoeira dessa
vez, joaninha desejava ir pelo
caminho das flores. Joaninha
olho para o céu estrelado
através da janela e
perguntou se havia o
caminho das estrelas. Seus
amigos não souberam
responder. A lua, que
acompanhou essa aventura
inteira e agora espiava pela
janela, disse que sim.
Meu nome é Michel Duarte da
Rocha. Pedagogo especializado em
docência em ensino superior. Vice-
presidente e membro fundador da
Academia Valparaisense de Letras.
Sou autor do Livro: “Se hoje te
odeio”. “O caminho da Joaninha” é
o meu primeiro livro infantil. Sou
organizador voluntário de
projetos de incentivo e mediação
de leitura em Valparaíso de Goiás
e Entorno do DF. Desde 2016 sou
palestrante com o intuito de
incentivar a leitura e o
voluntariado.

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