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Resumo: O presente trabalho teve por escopo clarear algumas das mudanças
ocorridas em determinados institutos recursais cíveis, quais sejam, os recursos de
apelação e agravo de instrumento e o juízo de admissibilidade recursal no Novo
Código de Processo Civil. Trata-se de um artigo predominantemente expositivo, uma
vez que ainda há pouco material consolidando todo o novo sistema processual. Não
obstante, pode-se trazer à baila os traços mais significativos de cada reforma sobre
os institutos mencionados de forma a acender o debate para futuras reflexões e
tecer, ainda que muito breves, algumas críticas e indagações. O sistema recursal
está com uma linguagem clara e mais racional, de modo a acompanhar as
complexas relações sociais que estão cada vez mais aumentando e de forma a
garantir aos anseios de justiça da sociedade tanto quanto possível uma prestação
jurisdicional justa e efetiva tendo como corolário a primazia das decisões de mérito,
este sendo norma fundamental expressa na Nova Lei processual.
1 INTRODUÇÃO
1
Pós-Graduanda lato sensu em Direito Processual pelo Instituto de Educação Continuada da
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – IEC PUC Minas. Bacharel em Direito pela
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais - PUC Minas. Advogada. Orientadora: Profa. Ms.
Camilla Mattos Paolinelli. Lattes: http://lattes.cnpq.br/2532984344080424.
com as modificações do diploma no ano de 2002, a aplicação processual da matéria
civil precisava caminhar em caminho similar.
Nesse entremeio, o CPC atual pode ser identificado como uma
sistematização processual dos movimentos de constitucionalização do ordenamento
que foram vistos durante a maioria do século XXI. A retirada do campo de discussão
do antigo código, o de 1973, respeita a tentativa democrática de afastar do campo
da aplicabilidade do direito civil, os ditames da ditadura militar, momento no qual a
vigência das limitações à autoridade captadas tanto no diploma constitucional,
quanto em uma exigência processual, eram afastadas da normatividade Estatal.
Dessa forma, pensar qualquer instituto do código processual vigente, precisa
perpassar, objetivamente, e de maneira sintomática, nesse fundamental marco do
ordenamento brasileiro: Não tão somente a constituição e suas garantias e direitos
fundamentais, mas as atualizações constitucionais que passam a trazer princípios
fundantes da carta magna ao “solo” das demais veias do ordenamento jurídico do
país.
E, se esses braços do sistema jurídico se constitucionalizam, seus institutos,
além de serem atualizados, foram permeados desse processo de
constitucionalização, ainda que na esfera doutrinária. E, sobre o instituto dos
recursos, em matéria processual, isso não seria diferente, principalmente se
pensada a apelação e o agravo de instrumento. E será em um espaço em que o “[...]
Estado Democrático de Direito determinaram uma intimidade da Constituição com o
processo que vai muito além da existência de um ramo processual dentro do
ordenamento supremo da República” (THEODORO JÚNIOR, 2016, p. 30) que será
visualizada a análise sobre esses dois institutos, em uma visão constitucionalizada
do processo.
De tal maneira, tendo em vista esse caminho e essa base da pesquisa, tende-
se a presente abordagem traçar o seguinte problema: As inovações trazidas pelo
CPC atual em termos de Apelação e Agravo de Instrumento são compatíveis com
todo o modelo democrático que busca permear a criação, fixação e aplicabilidade
dos institutos processuais?
Assim, baseando-se em uma metodologia qualitativa com método descritivo
bibliográfico, a presente análise tem por hipótese que as atualizações constitucionais
do processo civil conseguiram trazer aos inúmeros dispositivos recursais, tendo os
dois descritos como principal foco, a humanização necessária e aberta para a
aplicação de um processo civil capaz de respeitar seus princípios e os princípios dos
direitos humanos e fundamentais, desde que utilizados seguindo uma coerência e
uma integridade, não apenas da decisão judicial, como prescreve o artigo 926 do
CPC/15, mas de todo o sistema processual, o que Ronald Dworkin (2002), refletiria
como algo que se coaduna com “levar os direitos à sério”.
2 O PROCESSO CONSTITUCIONAL
2
“Por estes elementos propõe-se a analise do regramento para admissibilidade do recurso de
apelação no Código de Processo Civil de 2015. O recurso de apelação é cabível contra i) sentença,
ato judicial que coloca fim à fase cognitiva do procedimento, resolvendo ou não o mérito – conforme
critério finalístico adotado pelo art. 203, §1º –, ou extingue a execução, sendo irrelevante o
procedimento no qual foi a sentença proferida, mesmo que estejam incluídas também matérias que,
apesar de reservadas ao Agravo de Instrumento, tenham sido decididas na sentença, compondo seus
capítulos; e/ou ii) decisões interlocutórias de recorribilidade mediata, diferida ou postecipada,
proferidas no curso do procedimento de conhecimento, mas não elencadas no art. 1.015 do
CPC/2015.” (DURO, 2017, p. 87).
Assim, conceituando, pode-se indicar que a apelação é,
[...] o recurso tratado pelo disposto nos arts. 1.009 a 1.014 do Código de
Processo Civil. Segundo o art. 1.009 é cabível contra a sentença, que é o
pronunciamento por meio do qual o juiz, com fundamento nos arts. 485 e
487, põe fim à fase cognitiva do procedimento comum, bem como extingue
a execução (CPC, art. 203, § 1º). 1 É decisão emanada do juiz de primeiro
grau de jurisdição. Por intermédio da apelação, se busca obter a reforma
total ou parcial da decisão impugnada, ou até sua invalidação. A regra
contida no caput do citado art. 1.009 comporta complementação, uma vez
que o Código de Processo Civil dispõe que se contra decisões proferidas na
fase de conhecimento não comportarem o agravo de instrumento é cabível
o recurso de apelação, devendo a parte insatisfeita suscitar as questões já
resolvidas em preliminar de apelação, ou em contrarrazões (§ 1º). Portanto,
nosso ordenamento processual estabeleceu que decisões interlocutórias
também podem ser objeto de apelação, não se limitando às sentenças.
(CARVALHO FILHO, 2018).
Na forma do artigo referido, vê-se como para além das interlocutórias contidas
no cumprimento de sentença, bem como no processo de inventário e de execução,
que não se vê a possibilidade de aplicação recursal na forma de apelação, se
poderá observar o agravo de instrumento, pelo qual, ainda que taxativo quanto ao
seu rol, delimita os campos em que o litigante que almeja o conteúdo recursal,
deverá caminhar. Ou seja, iluminou as bases de manter um recurso “com razão de
ser”, não sendo utilizado meramente como recurso protelatório e diminuindo a
capacidade de interposição errônea do instituto.
Ressalte-se, nesse caso, que as interlocutórias que não se encontram no rol
do artigo 1.015 não são recorríveis pelo agravo, mas sim como preliminar de razões
ou contrarrazões de apelação. (DIDIER JR, 2016).
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
ASSIS, Araken de. Manual dos Recursos, 7ª. Ed. São Paulo: Editora Revista dos
Tribunais, 2015, p. 250.
ARRUDA ALVIM, José Manuel. Manual de direito processual civil. 6. ed. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2000.
BUENO, Cassio Scarpinella. Manual de direito processual civil. 2. ed. São Paulo:
Saraiva, 2016.
CARVALHO FILHO, Milton Paulo de. Apelação. Tomo Processo Civil, Edição 1,
Junho de 2018. Disponível em:
<https://enciclopediajuridica.pucsp.br/verbete/180/edicao-1/apelacao>. Acesso em:
22/10/2019.
DWORKIN, Ronald. Levando os Direitos a sério. São Paulo: Martins Fontes, 2002.
p. 137.
NERY JUNIOR, Nelson; ANDRADE NERY, Rosa Maria. Código de Processo Civil
Comentado. 16. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2016.
THEODORO Jr., Humberto. Curso de direito processual civil. 47. ed. Rio de
Janeiro: Forense, 2016. v. 3.