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A complexidade de entender e saber em como trabalhar com o corpo, começa pela difícil
tarefa de explicar o que é o corpo, pois cada ciência tem a sua própria definição. Na física
o corpo é massa, não é algo necessariamente vivo, já na biologia o corpo é formado por
vários sistemas que tem funções vitais, fazendo desse corpo um organismo vivo. Na
anatomia estudamos o corpo como um conjunto de partes e no senso comum, o corpo é
definido como um “organismo material, abstraído da sua função psíquica”. Pesquisando
por corporeidade dentro da filosofia, encontrei a resposta de que corpo “é a maneira pela
qual o cérebro reconhece e utiliza o corpo como instrumento relacional com o mundo” e o
dicionário me trouxe a seguinte definição: “Qualquer substância material, orgânica ou
inorgânica: corpo sólido.”.
Nas aulas pude tomar o conhecimento de que dentro desse tema, ainda temos uma
grande carga cultural que influência o nosso entendimento e a maneira com a qual nos
relacionamos com o corpo. Pois essa questão cultural e a maneira de lidarmos com o
corpo ao longo da história, é uma herança que carregamos nos dias atuais.
Outro grande responsável pela nossa ideia de corpo é René Descartes, muito da nossa
forma de pensar vem da influencia de Descarte e a forma de pensarmos no corpo, não
foge disso. René Descartes, ao partir do ponto de “Penso, logo existo.” separou a mente
do corpo, por isso que na sociedade moderna é muito forte o entendimento de que o
corpo é separado da mente. René também criou o método analítico, que é dividir o todo
em pequenas partes e no processo final promover uma síntese. Com isso vem a
associação de que o corpo é uma máquina, porque segundo René tudo é uma maquina e
como o corpo é composto de pequenas partes, isso também faz dele uma maquina. E a
maquina é insubordinada ao pensamento, o pensamento é algo elevado e o corpo como
está separado da mente, faz dele inferior ao pensamento.
Não é toda parte do mundo que pensa da mesma maneira em relação ao corpo,
sociedades que sofreram influencias de outras religiões ou ideias de pensamentos, tem a
sua própria maneira de enxergar o corpo. Como, por exemplo, os índios, que não
possuem o mesmo pudor que temos em relação ao corpo, para eles o corpo nu é uma
coisa normal.
Ainda temos a visão do corpo como estética. É um conceito que para a sociedade é
inferior aos outros, porem hoje o corpo movimenta todo um mercado que visa a estética
do corpo, seja com atividades físicas e alimentos visando o corpo “fit” ou com produtos e
tratamentos para fins estéticos.
Partindo desse pressuposto fiz algumas entrevistas, uma das entrevistadas foi Renata, 29
anos e atua como engenheira bioquímica. Achei interessante o fato de que toda a ideia
que ela tinha sobre o corpo, partia do pensamento que herdamos de René Descartes, do
corpo maquina, que se divide em partes.
- O corpo humano eh uma maquina complexa, é como uma engrenagem que precisa
estar perfeita para funcionar corretamente. Pode ser muito frágil e muito forte ao mesmo
tempo.
O corpo como forma de se expressar, como movimento, como linguagem, foge dos
pilares da concepção do corpo. E é nesse ponto que a Educação Física tem uma grande
atuação, pois através do corpo em movimento melhoramos a capacidade física do
indivíduo, também podemos trabalhar o lado estético, mas não ficamos limitados a isso.
Existem 5 categorias da cultura corporal, que são: daças, lutas, esportes, ginasticas e
brincadeiras. Todas podem ser trabalhadas na Educação Física e com essas ferramentas
devemos proporcionar aos alunos a vivência dessas manifestações de cultura corporal,
fazendo com que eles percebam diferentes nuances dessas manifestações na sociedade
e que possam adquirir uma fluência em várias dessas culturas corporais, adquirindo
assim, mais maneiras de se manifestar como pessoa.
Dentro da nossa área de atuação o corpo não é o nosso objeto principal, o corpo é a
ferramenta que usamos para atuar dentro do corpo em movimento e na cultura corporal.