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Centro de Ensino Unificado de Teresina

Faculdade de Ciências Humanas e Jurídicas de Teresina


Curso de Bacharelado em Direito
Disciplina: Ciência das Finanças – Professor: Delano Câmara

Anotações de Ciência das Finanças

Aluno: Leonardo Fontes Menezes

Teresina, 13 de maio de 2008.


Ciências das Finanças – Professor Delano Câmara

Estado

É pessoa jurídica que detém de poderes que influenciam a vida de todos em


sociedade. No que diz respeitos a finanças, será o Estado responsável pela
gestão dos gastos, afim de atender suas necessidades.
Uma grande divisão de tipo de Estado é a de Estado Social e Estado Liberal. No
Estado Social, este atende as necessidades públicas integralmente (intervenção
máxima), enquanto o Estado Liberal a intervenção é mínima, ficando com os
particulares a maior parte de responsabilidade no que diz respeito a atender
necessidades pública. No Estado Social, teoria da mão que ajuda, intervenção
grande do poder público. No Estado Liberal, teoria da mão invisível, menos
influência do poder público.

Necessidades Públicas

Define a dimensão da intervenção pública. O ente pode prestar diretamente os


serviços ou pode contratar por concessão. Prover e autoriza serviços, como por
exemplo na educação do povo, o Estado pode oferecer escolas e pode autorizar a
abertura de escolas particulares. Necessidades como justiça, segurança, etc, são
providos exclusivamente pelo Estado.
Há uma divergência quanto a origem dessa idéia. Países Românicos procuram a
intervenção estatal maior. Já os países Anglo-saxônicos são mais liberais.
As necessidade públicas são atendidas pelo Estado (União, Estados-membros,
Distrito Federal e Municípios), a quem compete satisfazer os anseios da
sociedade, atribuídas a ele, sendo encargo e tendo que manter em pleno
funcionamento a máquina estatal. Mas para isso o Estado tem que obter da
sociedade o dinheiro necessário para atender as necessidades públicas,
ocorrendo isso através da captação do tributo.

A.F.E. – Atividade Financeira do Estado

Nas atribuições do Estado pode-se notar que para sua sobrevivência ele deve
buscar obter receitas para transformá-las em manutenção. Logo a atividade
financeira do Estado é a busca de meios para satisfazer as necessidades
públicas.
AFE volta-se para obter a soma de dinheiro indispensável para a manutenção,
revertendo-o em despesas, cuidando assim das Receitas e Despesas, através do
Orçamento.
Teorias mais modernas não analisam pela ótica do socialismo ou liberalismo, mas
sim o quanto custará para o Estado atender determinados direitos. Não é possível
atender todos os direitos, então o Estado terá que determinar quais direitos serão
implementados e quanto isso custará ao cidadão.
Grau de eficiência: Menos custo possível (arranjo institucional), mais serviços. Isso
faz com que haja redução dos gastos para o Estado.

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Ciências das Finanças

Ciência que estuda a atividade financeira do Estado.


Noções gerais: Abrangência – Estado. Noção pública.
Elementos conceitos: ciência que estuda a atividade financeira do Estado de
maneira ampla, enciclopédica, especulativa. Visa atender necessidades e fins que
o estado se propôs a atender.
Objeto: atividade financeira do Estado
Autonomia: interdisciplinariedade.

Direito Financeiro
A AFE manifestada através da Receita Pública (obter), Despesa Pública
(despender), orçamento Público (gerir) e Crédito Público (criar), possui eficácia
pela exigibilidade decorrente da existência do Direito. Então o objeto de estudo do
Direito Financeiro é a união de receita, despesa, orçamento e crédito público.

Direito Financeiro versus Ciências das Finanças:


A grande semelhança das duas é que ambas estudam a atividade financeira do
Estado.
Ciência das finanças permite estudar o Direito Financeiro, logo é mais abrangente.
Ela não tem impõe normas de conduta, regra essa do Direito.
Ciências das finanças se relacionam com outros ramos do conhecimento: História,
Economia, Contabilidade Públicas (registros), Direito: Constitucional (normas),
Administrativo, Tributário, etc.

Receitas

Corresponde aos ingressos, adquiridos através de arrecadação de tributos ou


outras fontes, a fim de satisfazer inúmeras as várias necessidades públicas que o
Estado deve manter.
Sentido lato ou amplo e restrito: Receita em sentido lato refere-se às entradas de
dinheiro nos cofres públicos sem ser este, porém considerado dono do montante,
com isso devendo o estado redistribuir com seus membros. Em sentido restrito,
trata da entrada de dinheiro sem a prévia obrigação de devolução posterior, são
receitas definitivas. Haverá também as despesas transitórias, que possuem
momento certo para serem extintas.
Segundo critério da origem (compulsoriedade/alemã) as receitas originárias são as
do próprios estado, já as derivadas provém de terceiros, são impositivas e vem
pelo tributo.
Segundo o critério econômico (legal), as receitas podem ser:
Correntes – receitas alferidas sem desfazimento patrimonial ou individamente.
Produz fato contábil modificativo.
Capital: implica em desfazimento patrimonial e obtenção de obrigação. Produz fato
contábil permutativo.
O critério econômico mede o quanto o Estado guardou ou economizou em face ao
futuro.

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Segundo o critério orçamentário:
Orçamentária: corrente (tributo) e capital (empréstimo compulsório)
Extra-orçamentaria – ingressos de curto prazo, transitório. Ex. caução, operação
de antecipação de receita orçamentária, operações de menos de 1 ano ou as de
garantia, fiança, emissão de papel moeda.

Fases históricas das receitas estatais


1ª- receitas do próprio estado, confisco, espólios de guerra
2ª- próprio, confiscos, tributos rudimentares: teoria da troca ou contra prestação,
teoria da repartição de encargos, teoria da soberania.
3ª- próprias, outras receitas (sanções), tributos (sistemas tributários): fiscal
(arrecadador), extra-fiscal (intervir – estimular ou desestimular) e para-fiscal
(garantir receita para outrem)

Tributo

Conceito: prestação pecuniária (em moeda), compulsória (obrigatória), que não


pode ser sanção (não resulta de ato criminoso), instituída em lei, garante a
segurança jurídica, cobrado mediante atividade administrativa vinculada (a lei diz
como o gestor deva agir, é descricionária, a lei trás opções)
Tributo é diferente de confisco (este é imposto de maneira arbitrária e sem
aceitação da sociedade).

Espécies de Tributo
Imposto: tributo cuja obrigação tem por fator gerador uma situação independente
de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte.
Taxa: tributo instituído para remunerar um determinado serviço especial do
Estado, e que seja cobrado somente dos contribuintes que de fato utilizam esse
serviço.

Sistemas tributários
Maneira como os tributos serem influenciadores na sociedade, segundo alguns
requesitos que se encaixam no perfil do Estado.
S.T. – planejados (puros ou impuros – reminicencia histórica)
S.T. – rígido (constitucionalizado – difíceis de modificar) ou flexível.

Requisitos Universais dos Sistemas Tributários


Desenvolvimento
Compatibilidade com as estruturas econômicas
Simplicidade
Eliminação de regressividade.
Compatibilidade com as idéias morais
Elasticidade
Outros: justiça social, não confisco, etc...
O Brasil só não atende os requisitos de simplicidade e eliminação de
regressividade.

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Princípios

Legalidade (tipicidade, irretroatividade)


Capacidade contributiva (progressividade/seletividade)
Anterioridade ao Exercício Financeiro (ano fiscal)
Liberdade de tráfego (exceção: pedágio)
Não-confisco

Receitas

Tributos: impostos, taxas, contribuição de melhoria, empréstimo compulsório,


contribuição social

União

Receitas originárias
Receitas derivadas não tributárias.
Receitas tributárias: taxas, contribuição de melhoria e impostos.
Impostos: são mencionados na constituição federal:
- Impostos de importação, impostos de exportação, IPI, IR, IOF, ITR, IGF.
CS estrito – seguridade social, saúde, previdência, assistência.
C. Sociais – empréstimos compulsórios (art. 148 CF)
CIDE – contribuição de intervenção no domínio econômico
CIPE – profissional e econômico Ex: OAB, CRC.

Estados

Receitas originárias
Receitas derivadas não tributárias
Receitas tributárias: ICMS, IPVA, ITCD, taxas, CM, previdência
FPE

Municípios

Receitas originárias
Receitas derivadas não tributarias
Receitas tributarias: IPTU, ISS, ITBI, taxas, CM, previdência, CIP (iluminação
pública)

Receitas: Estágios / Fases

Previsão: orçamentária (regime de caixa) – estimativa


Lançamento: verifica a liquidez de uma obrigação tributaria (oficio, declaração,
homologação)
Arrecadação: controle (banco)

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Recolhimento: momento em que o recurso esta disponível para o ente estatal, em
sua conta, para utilização.

Despesas

Corresponde ao uso efetivo que o Estado faz de seus bens e recursos, para
acorrer à necessidade morais e matérias da vida civil e política. (Lei 4.320)

Classificação
Econômica ou legal
Corrente (modifica o patrimônio) Custeio, transferências correntes.
Capital (permanece o patrimônio) investimentos – se gasta dinheiro e entra
patrimônio; inversões financeiras – pronto valor de mercado; amortização de
dívida, transferência de capital (modifica)

Institucional ou departamental
Centro de ordenação de despesas
Funcional – área de interesse finalística da sociedade
Função/subfunção

Programática
Programas: atividades (mais de dois anos e por tempo indeterminado, e produção
de produtos para a sociedade), projetos (tempo determinado e objeto esgotável),
operações especiais (não oferta nenhum produto para a sociedade)

Por natureza ou grupo de despesas (pessoa, divida, autorizo de despesa,


investimentos, inversão financeira)

Por modalidade de aplicação (direta ou própria, indireta ou transferida).

Por competência constitucional


Federal, estadual, municipal e distrital.

Fases ou estágios da despesa

Empenho é ato emanado de autoridade competente que cria para administração


uma obrigação de pagamento. Pode ser: ordinário, por estimativa ou global.
Liquidação é a verificação do cumprimento por parte do credor do objeto do
empenho, na qual a administração reconhece a sua obrigação.
Pagamento é a quitação junto ao credor do valor empenhado.

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Planejamento Governamental

O Brasil é um país com tradição na área de planejamento. Desde a década de 40,


diversos governos utilizaram o planejamento como alavanca para o
desenvolvimento nacional. Foram vários ensaios de planejamento econômico no
Brasil até os dias de hoje, levando em consideração as sugestões de vários
ministérios. Dava-se prioridade a várias áreas: saúde, alimentação, transporte,
segurança, etc.
O planejamento governamental ainda hoje é um mero instrumento formal, porém
há leis que fazem com que ele se torne real (LRF).
Estudos de 3 anos anteriores para se fazer uma projeção para os 3 anos
seguintes, por exemplo.

Com o advento da constituição de 1988, o Plano Plurianual tornou-se o principal


instrumento de planejamento de médio prazo do governo brasileiro. O PPA deve
estabelecer de forma regionalizada, diretrizes, objetivos e metas da administração
pública federal para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para as
relativas aos programas de duração continuada. A vigência do PPA inicia-se no
segundo ano do mandato presidencial e finda no primeiro ano do mandato
seguinte. O primeiro PPA, para o período 1991-1995, foi elaborado com o objetivo
principal de cumprir a exigência constitucional.

Orçamentos públicos

O Orçamento Público, em sentido amplo, é um documento legal (aprovado por lei)


contendo a previsão de receitas e a estimativa de despesas a serem realizadas
por um Governo em um determinado exercício (geralmente um ano).
Orçamento público (singular) – LOA.

Os primeiros Orçamentos que se têm notícia eram os chamados orçamentos


tradicionais, que se importavam apenas com o gasto (ênfase no gasto). Eram
meros documentos de previsão de receita e autorização de despesas sem
nenhum vínculo com um sistema de planejamento governamental. Simplesmente
se fazia uma estimativa de quanto se ia arrecadar e decidia-se o que comprar,
sem nenhuma prioridade ou senso distributivo na alocação dos recursos públicos.
O Orçamento evoluiu ao longo da história para um conceito de Orçamento-
Programa, segundo o qual o Orçamento não é apenas um mero documento de
previsão da arrecadação e autorização do gasto, mas um documento legal que
contém programas e ações vinculados a um processo de planejamento público,
com objetivos e metas a alcançar no exercício (a ênfase no Orçamento-Programa
é nas realizações do Governo).

O Orçamento Público no Brasil (Orçamento Geral da União) inicia-se com um


texto elaborado pelo Poder Executivo e entregue ao Poder Legislativo para
discussão, aprovação e conversão em lei. O documento contém a estimativa de
arrecadação das receitas federais para o ano seguinte e a autorização para a

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realização de despesas do Governo. Porém, está atrelado a um forte sistema de
planejamento público das ações a realizar no exercício.
O OGU é constituído de três peças em sua composição: o Orçamento Fiscal, o
Orçamento da Seguridade Social e o Orçamento de Investimento das Empresas
Estatais Federais.
Existem princípios básicos que devem ser seguidos para elaboração e controle
dos Orçamentos Públicos, que estão definidos no caso brasileiro na Constituição,
na Lei 4.320/64, no Plano Plurianual, na Lei de Diretrizes Orçamentárias e na
recente Lei de Responsabilidade Fiscal.
A Constituição Federal de 1988 atribui ao Poder Executivo a responsabilidade pelo
sistema de Planejamento e Orçamento, e a iniciativa dos seguintes projetos de lei:
• Plano Plurianual (PPA)
• Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO)
• Lei de Orçamento Anual (LOA)
O PPA é a lei que define as prioridades do Governo pelo período de 4 (quatro)
anos. O projeto de lei do PPA deve ser enviado pelo Presidente da República ao
Congresso Nacional até o dia 31 de agosto do primeiro ano de seu mandato (4
meses antes do encerramento da sessão legislativa).
De acordo com a Constituição Federal, o PPA deve conter “as diretrizes, objetivos
e metas da administração pública federal para as despesas de capital e outras
delas decorrentes e para as relativas aos programas de duração continuada”.
A LDO é a lei anterior à lei orçamentária, que define as metas e prioridades em
termos de programas a executar pelo Governo. O projeto de lei da LDO deve ser
enviado pelo Poder Executivo ao Congresso Nacional até o dia 15 de abril de cada
ano (8 meses e meio antes do encerramento da sessão legislativa).
De acordo com a Constituição Federal, a LDO estabelece as metas e prioridades
para o exercício financeiro subseqüente, orienta a elaboração do Orçamento (Lei
Orçamentária Anual), dispõe sobre alterações na legislação tributária e estabele a
política de aplicação das agências financeiras de fomento.
Com base na LDO aprovada a cada ano pelo Poder Legislativo, a Secretaria de
Orçamento Federal, órgão do Poder Executivo, consolida a proposta orçamentária
de todos os órgãos dos Poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário) para o ano
seguinte no Projeto de Lei encaminhado para discussão e votação no Congresso
Nacional.
Por determinação constitucional, o Governo é obrigado a encaminhar o Projeto de
Lei Orçamentária Anual ao Congresso Nacional até o dia 31 de agosto de cada
ano (4 meses antes do encerramento da sessão legislativa). Acompanha o projeto
uma Mensagem do Presidente da República, na qual é feito um diagnóstico sobre
a situação econômica do país e suas perspectivas.
A Lei Orçamentária Anual disciplina todos os programas e ações do governo
federal no exercício. Nenhuma despesa pública pode ser executada sem estar
consignada no Orçamento. No Congresso, deputados e senadores discutem na
Comissão Mista de Orçamentos e Planos a proposta orçamentária (projeto de lei)
enviada pelo Poder Executivo, fazendo modificações que julgar necessárias, por
meio de emendas, votando ao final o projeto.

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A Constituição determina que o Orçamento deva ser votado e aprovado até o final
de cada Legislatura (15 de dezembro de cada ano). Depois de aprovado, o projeto
é sancionado e publicado pelo Presidente da República, transformando-se na Lei
Orçamentária Anual.
A Lei Orçamentária Anual (LOA) estima as receitas e autoriza as despesas do
Governo de acordo com a previsão de arrecadação. Se durante o exercício
financeiro houver necessidade de realização de despesas acima do limite que está
previsto na Lei, o Poder Executivo submete ao Congresso Nacional um novo
projeto de lei solicitando crédito adicional.
Por outro lado, a necessidade de contenção dos gastos obriga o Poder Executivo
muitas vezes a editar Decretos com limites orçamentários e financeiros para o
gasto, abaixo dos limites autorizados pelo Congresso. São os intitulados Decretos
de Contingenciamento, que limitam as despesas abaixo dos limites aprovados na
lei orçamentária.

A Lei de Responsabilidade Fiscal, aprovada em 2000 pelo Congresso Nacional


introduziu responsabilidades para o administrador público em relação aos
Orçamentos da União, dos Estados e Municípios, como o limite de gastos com
pessoal, por exemplo. A LRF instituiu a disciplina fiscal para os três Poderes:
Executivo, Legislativo e Judiciário, estendendo também a disciplina aos
Orçamentos de Estados e Municípios.
Os objetivos de toda política orçamentária são corrigir as falhas de mercado e as
distorções, visando manter a estabilidade, melhorar a distribuição de renda, e
alocar os recursos com mais eficiência. O Orçamento tem a função de também
regular o mercado e coibir abusos, reduzindo falhas de mercado e externalidades
negativas (fatores adversos causados pela produção, como poluição, problemas
urbanos, etc).
O Governo intervém de várias formas no mercado. Por intermédio da política fiscal
e da política monetária, por exemplo, é possível controlar preços, salários,
inflação, impor choques na oferta ou restringir a demanda.
Instrumentos e recursos utilizados pelo Governo para intervir na Economia:
Política Fiscal - envolve a administração e a geração de receitas, além do
cumprimento de metas e objetivos governamentais no orçamento, utilizado para a
alocação, distribuição de recursos e estabilização da economia. É possível, com a
política fiscal, aumentar a renda e o PIB e aquecer a economia, com uma melhor
distribuição de renda.
Política Regulatória - envolve o uso de medidas legais como decretos, leis,
portarias, etc., expedidos como alternativa para se alocar, distribuir os recursos e
estabilizar a economia. Com o uso das normas, diversas condutas podem ser
banidas, como a criação de monopólios, cartéis, práticas abusivas, poluição, etc.
Política Monetária – envolve o controle da oferta de moeda, da taxa de juros e do
crédito em geral, para efeito de estabilização da economia e influência na decisão
de produtores e consumidores. Com a política monetária, pode-se controlar a
inflação, preços, restringir a demanda, etc.

O Orçamento Público funciona como um balizador na Economia. Se temos


elevados investimentos governamentais no Orçamento, provavelmente o número

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de empregos aumentará, assim como a renda agregada melhorará. Em
compensação, um orçamento restrito em investimentos, provocará desemprego,
desaceleração da economia, e decréscimo no produto interno bruto.
O Governo pode provocar orçamentos expansionistas ou gerar um orçamento
recessivo.

Dentre as funções consubstanciadas no Orçamento Público, destacamos:


Função alocativa - Oferecer bens e serviços (públicos puros) que não seriam
oferecidos pelo mercado ou seriam em condições ineficientes (meritórios ou
semipúblicos) e. criar condições para que bens privados sejam oferecidos no
mercado (devido ao alto risco, custo, etc) pelos produtores, por investimentos ou
intervenções, corrigir imperfeições no sistema de mercado (oligopólios,
monopólios, etc) e corrigir os efeitos negativos de externalidades.
Função distributiva – Tornar a sociedade menos desigual em termos de renda e
riqueza, através da tributação e transferências financeiras, subsídios, incentivos
fiscais, alocação de recursos em camadas mais pobres da população, etc.
Função estabilizadora – ajustar o nível geral de preços, nível de emprego,
estabilizar a moeda, mediante instrumentos de política monetária, cambial e fiscal,
ou outras medidas de intervenção econômica (controles por leis, limites).

Princípios do Orçamento Público

Existem princípios básicos que devem ser seguidos na elaboração e execução do


orçamento, que estão definidos na Constituição Federal, na Lei nº 4.320, de 17 de
março de 1964, no Plano Plurianual e na Lei de Diretrizes Orçamentárias.
A Lei nº 4.320/64 estabelece os fundamentos da transparência orçamentária (art.
2º):
"A Lei do Orçamento conterá a discriminação da receita e despesa, de forma a
evidenciar a política econômico-financeira e o programa de trabalho do governo,
obedecidos os princípios da unidade, universalidade e anualidade".

Princípios Orçamentarios

• Unidade – Só existe um Orçamento para cada ente federativo (no Brasil,


existe um Orçamento para a União, um para cada Estado e um para cada
Município). Cada ente deve possuir o seu Orçamento, fundamentado em uma
política orçamentária e estruturado uniformemente. Não há múltiplos orçamentos
em uma mesma esfera. O fato do Orçamento Geral da União possuir três peças,
como o Orçamento Fiscal, o Orçamento da Seguridade Social e o Orçamento de
Investimento não representa afronta ao princípio da unidade, pois o Orçamento é
único, válido para os três Poderes. O que há é apenas volumes diferentes
segundo áreas de atuação do Governo.
• Universalidade – o Orçamento deve agregar todas as receitas e despesas
de toda a administração direta e indireta dos Poderes. A Lei orçamentária deve
incorporar todas as receitas e despesas, ou seja, nenhuma instituição pública que

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receba recursos orçamentários ou gerencie recursos federais pode ficar de fora do
Orçamento.
• Anualidade / Periodicidade – o Orçamento cobre um período limitado. No
Brasil, este período corresponde ao ano ou exercício financeiro, de 01/01 a 31/12.
O período estabelece um limite de tempo para as estimativas de receita e fixação
da despesa, ou seja, o orçamento deve se realizar no exercício que corresponde
ao próprio ano fiscal.
• Legalidade – O Orçamento é objeto de uma lei específica (Lei ordinária no
Brasil), e como tal, deve cumprir o rito legislativo próprio, com o cumprimento de
todos os quesitos, inclusive seu sancionamento e publicação pelo Presidente da
República ou Congresso Nacional.
• Exclusividade – O Orçamento só versa sobre matéria orçamentária,
podendo conter autorização para abertura de créditos suplementares e operações
de crédito, ainda que por antecipação da receita.
• Especificação ou discriminação ou especialização – São vedadas
autorizações globais no Orçamento. As despesas devem ser especificadas no
Orçamento, no mínimo, por modalidade de aplicação.
• Publicidade – O Orçamento de um país deve ser sempre divulgado quando
aprovado e transformado em lei. No Brasil, o Orçamento Federal é publicado no
Diário Oficial da União.
• Equilíbrio – As despesas autorizadas no Orçamento devem ser, sempre
que possível, iguais às receitas previstas. Não pode haver um desequilíbrio
acentuado nos gastos.
• Orçamento-Bruto - A receita e despesa constante no Orçamento, exceto os
descontos constitucionais (ex.transferências constitucionais), devem aparecer no
Orçamento pelo valor total ou valor bruto, sem deduções de nenhuma espécie.
• Não-afetação ou não-vinculação – É vedada a vinculação dos impostos a
órgão, fundo ou despesa, exceto as próprias transferências constitucionais para
manutenção e desenvolvimento do ensino (FPE, FPM, etc). e as garantias às
operações de crédito por antecipação da receita.
• Programação, tipicidade e atipicidade – Durante a fase de consolidação da
proposta de Orçamento, geralmente se seguem determinadas classificações
orçamentárias existentes. Há uma tabela de classificação funcional de despesas,
por exemplo, que classifica a despesa em funções, subfunções, programas e
ações. Há outra tabela de classificação da despesa por fontes de recursos e outra
por unidade orçamentária, por exemplo. No processo de programação da despesa
no Orçamento, em primeiro lugar é preciso identificar a função a que pertence a
despesa (se é uma despesa classificável na função Educação, Saúde, Ciência e
Tecnologia, Transportes, ou qualquer outra). A função é o nível mais elevado de
agregação de despesas, representando quase que uma área de atuação do
Governo. As diferentes funções se dividem em subfunções, que, por sua vez,
comportam diferentes programas de Governo, compostos por ações (projetos,
atividades ou operações especiais) a realizar no exercício. Programar uma
despesa é classificar a despesa de maneira a ficar evidenciado onde será utilizado
o recurso (em qual função, subfunção, programa ou ação do Governo). Porém, no
processo de programação, pode ocorrer de um programa não se vincular á sua

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respectiva subfunção da tabela de classificação funcional. OU uma subfunção não
se vincular à sua função típica, constante da tabela de classificação funcional. Ou
seja, em termos práticos, nem sempre se programa a despesa respeitando-se a
classificação funcional existente nas tabelas orçamentárias. Quando um programa
é vinculado a uma subfunção que não aquela correspondente à da tabela de
classificação, dizemos que ocorreu atipicidade na programação da despesa, ou
seja, não há uma classificação típica. O mesmo acontece quando uma despesa
classificada no Orçamento em uma subfunção está vinculada a outra função que
não a função correspondente, segundo a tabela de classificação orçamentária. A
tabela de classificação funcional da despesa por funções e subfunções está
consignada no livro “Manual Técnico de Orçamento” publicado pela Secretaria de
Orçamento Federal do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG).

Controle da Administração Pública

1.Definição de controle da Administração Pública: dever de verificação e correção


que sobre ela exercem os órgãos dos Poderes Judiciário, Legislativo e Executivo,
com o objetivo de garantir a compatibilidade de sua atuação com os princípios que
lhe são impostos pelo ordenamento jurídico.

2.Espécies.
2.1 Quanto ao órgão que o exerce: administrativo, legislativo ou judicial.
2.2 Quanto ao momento em que se efetua:
]a)controle prévio (a priori) – controle preventivo, pois busca impedir a expedição
de ato ilegal ou contrário ao interesse público;
b)controle concomitante – exercido ao mesmo tempo em que se realiza a
atividade;
c)controle posterior – busca reexaminar atos já praticados, para corrigi-los,
desfazê-los ou apenas confirmá-los. Ex: aprovação, homologação, revogação,
convalidação.
2.3 Quanto à localização do órgão controlador (integrante ou não da estrutura do
órgão controlado):
a)controle interno: controle que cada um dos Poderes exerce sobre sua própria
atividade administrativa;
b)controle externo: controle exercido por um dos Poderes sobre o outro ou
controle da Adm. direta sobre a indireta. Ex: fiscalização contábil, financeira e
orçamentária (CF, art. 71) prevê o controle externo a cargo do Congresso
Nacional, com o auxílio do TC.
2.4 Quanto ao aspecto da atividade administrativa a ser controlada:
a)controle de legalidade: exercido pelos 3 Poderes.
b)controle de mérito: exercido pela própria Administração.

3.Controle Administrativo
3.1 Conceito: corresponde ao exame que a Administração Pública faz sobre a sua
conduta, quanto à legalidade ou ao mérito de seus atos, por iniciativa própria ou
mediante provocação. Abrange os órgãos da Administração direta e as pessoas
jurídicas que integram a Administração indireta.

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3.2 Controle sobre os órgãos da Administração direta é um controle interno
(hierárquico) e decorre do poder de autotutela que permite à Administração rever
os próprios atos quando ilegais, inoportunos ou inconvenientes. Súmula 346 e 473
do STF.
3.3 Controle sobre as entidades da Administração Indireta (tutela) é um controle
externo que só pode ser exercido nos limites estabelecidos em lei, visando a
impedir que a autarquia, fundação pública, empresa pública ou sociedade de
economia mista se desviem dos objetivos previstos na lei específica que as criou
ou instituiu.

4.Controle Legislativo.
4.1 Dois tipos de controle:
a)controle político: analisa aspectos de legalidade e de mérito. Ex. convocação de
ministro de Estado para prestar informações, apuração de irregularidades pela
Comissões Parlamentares do Inquérito;
b)controle financeiro: art. 70 a 75 – fiscalização contábil, financeira e orçamentária
a cargo do Congresso Nacional com o auxílio do Tribunal de Contas da União.

5.Controle Judicial.
5.1 Sistema de unidade de jurisdição (jurisdição una) - monopólio da função
judicial nas mãos do Poder Judiciário - art. 5º, XXXV, da CF – “a lei não excluirá
da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito.”
5.2 Limites: análise da legalidade (art. 5º , LXXIII e 37, da CF). Poder Judiciário
não pode invadir o mérito do ato administrativo, determinado pela Administração
Pública.

6.Meios de Controle para movimentar o Poder Judiciário: Remédios


constitucionais: Habeas Corpus – art. 5º, LXVIII; Habeas Data – art. 5º, LXXII;
Mandado de Injunção – art. 5º, LXXI; Mandado de Segurança individual – art. 5º,
LXIX; Mandado de Segurança coletivo – art. 5º, LXX; Ação Popular – art. 5º,
LXXIII; Ação Civil Pública – art. 129, III; Controle de constitucionalidade.

Controle Externo

Em países democrático, existe órgão para controle e fiscalização da gestão do


dinheiro público. Dois grandes órgãos desses são os Tribunais de contas e as
Controladorias. Estados de origem latina tem uma tendência maior em usar-se de
Tribunais de Contas, enquanto os anglo-saxônicos utilizam-se mais das
Controladorias.

O grande objetivo dos Tribunais de contas é o cumprimento da lei, logo seu


preceito maior á a legalidade. Procura fiscalizar se o responsável pela
administração pública agiu de acordo com a lei ou não. O controle de legalidade
que prioriza a apreciação da regular execução das leis continua sendo um
eficiente mecanismo para zelar pela boa gestão dos recursos públicos, embora
não seja a única forma, mas é a base de toda boa gestão.

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Outra forma de controle dos atos administrativos é o chamado controle de mérito,
que visa apreciar se o ato da Administração Pública atingiu seu objetivo
adequadamente e com menor custo para a Administração.

Com o passar do tempo, procurou-se incorporar as novas técnicas de auditorias


que permitem a apreciação das contratações e execuções de obras e serviços de
modo mais abrangente, superando mera análise formal.

As principais características desses órgãos: não integra o Poder Executivo, e


quando mantém vínculo com o Poder Legislativo, não é de subordinação; quase
sempre sua existência e competência têm previsão constitucional; exerce o
controle legalidade bem como o controle econômico ou de mérito; é órgão público
e seus membros gozam de garantias da Magistratura ou equivalentes.

Há uma grande discussão no que se refere a definir a posição dos Órgãos de


Controle Externo. Há quem defenda ser esses órgãos parte do Poder Judiciário,
pois segundo eles, exercem uma parcela de jurisdição e seus integrantes quase
sempre são equiparados aos membros da Magistratura. A existência dos órgãos
de controle vinculados ao Poder Executivo é situação minoritária nos dias de hoje,
embora boa parte das atuais instituições de controle tenha sido de origem no
Executivo, principalmente a Fazenda Pública. Já a vinculação com o Poder
Legislativo ocorre em grande numero de paises, sendo o vinculo com o
Parlamento dado de forma definida em lei, mas sem qualquer subordinação.
Conclui-se que os Tribunais de Contas ou Controladorias são autônomos ao lado
do Parlamento, com competência de fiscalização definida e própria, e com seus
membros gozando de garantias da Magistratura.

A adoção dos sistemas de controle prévio, posterior ou concomitante,


anteriormente explanados, por um órgão de controle de contas determina o nível
de modernização em que essa se encontra, sendo o controle concomitante a
forma mais ágil e moderna no exercício da fiscalização, permitindo aos órgãos de
controle exercitar as atualizadas técnicas de auditoria e atender aos reclamos do
Parlamento e da opinião pública.

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Lei de Responsabilidade Fiscal

No Brasil, a Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar nº 101), é um


dispositivo do governo brasileiro que tenta evitar com que prefeitos e
governadores endividem as cidades e estados mais do que conseguem arrecadar
através de impostos. Tal medida é necessária já que diversos políticos
costumavam no final de seus mandatos iniciarem diversas obras de grande porte,
procurando se re-eleger.
Tal lei obriga que as finanças sejam apresentadas detalhadamente ao Tribunal de
Contas (da União, do Estado ou do Município). Tais órgãos podem aprovar as
contas ou não. Em caso das contas serem rejeitadas, será instaurada investigação
em relação ao Poder Executivo em questão, podendo resultar em multas ou
mesmo na proibição de tentar disputar novas eleições.
A lei inova a Contabilidade pública e a execução do Orçamento público à medida
que introduz diversos limites de gastos (procedimento conhecido como de Gestão
Administrativa), seja para as despesas do exercício (contingenciamento, limitação
de empenhos), seja para o grau de endividamento.
Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) entrou em vigor em 4 de maio de 2000,
durante o Governo FHC. A LRF provocou uma mudança substancial na maneira
como é conduzida a gestão financeira dos três níveis de governo (RESTON,
2000). Tornou-se preciso saber planejar o que deverá ser executado, pois além da
execução deve-se controlar os custos envolvidos, cumprindo o programado dentro
do custo previsto.

Disposições preliminares
A Lei Complementar nº 101 (LRF) estabelece normas de finanças públicas
voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal, com amparo nas normas
constitucionais sobre finanças públicas (Capítulo II do Título VI da Constituição).
A responsabilidade na gestão fiscal pressupõe:

• ação planejada e transparente;


• prevenção de riscos e correção de desvios capazes de afetar o equilíbrio
das contas públicas;
• cumprimento de metas de resultados entre receitas e despesas;
• obediência a limites e condições no que tange a renúncia de receita,
geração de despesas com pessoal, da seguridade social e outras, dívidas
consolidada e mobiliária, operações de crédito, inclusive por antecipação de
receita, concessão de garantia e inscrição em Restos a Pagar.

As disposições da LRF obrigam a União, os Estados, o Distrito Federal e os


Municípios.

Conceitos importantes
Ente da Federação
a União, cada Estado, o Distrito Federal e cada Município;

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Empresa controlada
sociedade cuja maioria do capital social com direito a voto pertença, direta
ou indiretamente, a ente da Federação;
Empresa estatal dependente
empresa controlada que receba do ente controlador recursos financeiros
para pagamento de despesas com pessoal ou de custeio em geral ou de
capital, excluídos, no último caso, aqueles provenientes de aumento de
participação acionária;
Receita corrente líquida
somatório das receitas tributárias, de contribuições, patrimoniais,
industriais, agropecuárias, de serviços, transferências correntes e outras
receitas também correntes, deduzidos:

• na União, os valores transferidos aos Estados e Municípios por


determinação constitucional ou legal, e as contribuições para a previdência
social do empregador incidente sobre prestação de serviço de terceiros e a
contribuição à previdência feita pelo trabalhador e também as contribuições
para o PIS (Programa de Integração Social);
• nos Estados, as parcelas entregues aos Municípios por determinação
constitucional;
• na União, nos Estados e nos Municípios, a contribuição dos servidores para
o custeio do seu sistema de previdência e assistência social e as receitas
provenientes da compensação financeira entre diferentes sistemas de
previdência.

A respeito da receita corrente líquida, ela será apurada somando-se as receitas


arrecadadas no mês em referência e nos onze anteriores, excluídas as
duplicidades.

Lei de Diretrizes Orçamentárias


A lei de diretrizes orçamentárias deverá compreender as metas e prioridades da
administração pública, incluindo as despesas de capital para o exercício financeiro
subseqüente, e orientar a elaboração da lei orçamentária anual. Também deverá
dispor de alterações na legislação tributária e estabelecer a política de aplicação
das agências financeiras oficiais de fomento.
Além disso, ela deverá dispor sobre:

• equilíbrio entre receitas e despesas;


• critérios e forma de limitação de empenho;
• normas relativas ao controle de custos e à avaliação dos resultados dos
programas financiados com recursos dos orçamentos;
• demais condições e exigências para transferências de recursos a entidades
públicas e privadas;

O projeto de lei de diretrizes orçamentárias será integrado pelo Anexo de Metas


Fiscais, em que serão estabelecidas metas anuais, em valores correntes e

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constantes, relativas a receitas, despesas, resultados nominal e primário e
montante da dívida pública, para o exercício a que se referirem e para os dois
seguintes.
Esse anexo deverá conter:

• avaliação do cumprimento das metas relativas ao ano anterior;


• demonstrativo das metas anuais, instruído com memória e metodologia de
cálculo que justifiquem os resultados pretendidos, comparando-as com as
fixadas nos três exercícios anteriores, e evidenciando a consistência delas
com as premissas e os objetivos da política econômica;
• evolução do patrimônio líquido, também nos últimos três exercícios,
destacando a origem e a aplicação dos recursos obtidos com a alienação
de ativos;
• avaliação da situação financeira e atuarial dos regimes geral de previdência
social e próprio dos servidores públicos, do Fundo de Amparo ao
Trabalhador (FAT), dos demais fundos públicos e programas estatais de
natureza atuarial;
• demonstrativo da estimativa e compensação da renúncia de receita e da
margem de expansão das despesas obrigatórias de caráter continuado.

Além do Anexo de Metas Fiscais, a lei de diretrizes orçamentárias conterá Anexo


de Riscos Fiscais, onde serão avaliados os passivos contingentes e outros riscos
capazes de afetar as contas públicas, informando as providências a serem
tomadas, caso se concretizem esses riscos.

Lei Orçamentária Anual


O projeto de lei orçamentária anual, elaborado de forma compatível com o plano
plurianual, com a lei de diretrizes orçamentárias e com as normas da LRF conterá,
em anexo, demonstrativo da compatibilidade da programação dos orçamentos
com os objetivos e metas constantes no Anexo de Metas Fiscais e será
acompanhado de demonstrativo regionalizado do efeito, sobre as receitas e
despesas, decorrentes de incentivos fiscais, bem como das medidas de
compensação a renúncias de receita e ao aumento de despesas obrigatórias de
caráter continuado;
Conterá também uma reserva de contingência, cuja forma de utilização e
montante, definido com base na receita corrente líquida, serão estabelecidos na lei
de diretrizes orçamentárias, destinada ao atendimento de passivos contingentes e
outros riscos e eventos fiscais imprevistos.
A Lei Orçamentária Anual também conterá todas as despesas relativas à dívida
pública, mobiliária ou contratual, e as receitas que as atenderão, bem como o
refinanciamento da dívida pública, que constará separadamente na lei
orçamentária e nas de crédito adicional.
Ela conterá, ainda, atualização monetária do principal da dívida mobiliária
refinanciada que não poderá superar a variação do índice de preços previsto na lei
de diretrizes orçamentárias, ou em legislação específica.

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A lei orçamentária não deverá consignar dotação para investimento com duração
superior a um exercício financeiro que não esteja previsto no plano plurianual ou
em lei que autorize a sua inclusão.
Integrarão as despesas da União, e serão incluídas na lei orçamentária, as do
Banco Central do Brasil relativas a pessoal e encargos sociais, custeio
administrativo, inclusive os destinados a benefícios e assistência aos servidores, e
a investimentos. O resultado do Banco Central do Brasil, apurado após a
constituição ou reversão de reservas, constitui receita do Tesouro Nacional, e será
transferido até o décimo dia útil subseqüente à aprovação dos balanços
semestrais. Já o resultado negativo constituirá obrigação do Tesouro para com o
Banco Central do Brasil e será consignado em dotação específica no orçamento.

Execução Orçamentária e do Cumprimento das Metas


A LRF determina que até trinta dias após a publicação dos orçamentos, nos
termos em que dispuser a lei de diretrizes orçamentárias, o Poder Executivo
estabelecerá a programação financeira e o cronograma de execução mensal de
desembolso.
A LRF determina ainda que os recursos legalmente vinculados a finalidade
específica serão utilizados exclusivamente para atender ao objeto de sua
vinculação, ainda que em exercício diverso daquele em que ocorrer o ingresso.
Isso é uma forma de evitar que verbas com destinação específica, tais como os
percentuais constitucionais destinados à saúde e educação sejam empregados
em fins diversos.
Caso se verifique, ao final de um bimestre, que a realização da receita poderá não
comportar o cumprimento das metas de resultado primário ou nominal
estabelecidas no Anexo de Metas Fiscais, os Poderes e o Ministério Público
promoverão, por ato próprio e nos montantes necessários, nos trinta dias
subseqüentes, limitação de empenho e movimentação financeira, segundo os
critérios fixados pela lei de diretrizes orçamentárias.
No caso de restabelecimento da receita prevista, ainda que parcial, a
recomposição das dotações cujos empenhos foram limitados dar-se-á de forma
proporcional às reduções efetivadas.
Porém, não serão objeto de limitação as despesas que constituam obrigações
constitucionais e legais do ente (tais como os percentuais obrigatórios para saúde
e educação), inclusive aquelas destinadas ao pagamento do serviço da dívida, e
as ressalvadas pela lei de diretrizes orçamentárias.
A execução orçamentária e financeira identificará os beneficiários de pagamento
de sentenças judiciais, por meio de sistema de contabilidade e administração
financeira, para fins de observância da ordem cronológica de apresentação dos
precatórios, como determina a Constituição.

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Receita pública

Previsão e Arrecadação
É requisito essencial da responsabilidade na gestão fiscal a instituição, previsão e
efetiva arrecadação de todos os tributos da competência constitucional do ente da
Federação, sendo vedada a realização de transferências voluntárias para o ente
que não observe este procedimento, no que se refere aos impostos.
As previsões de receita observarão as normas técnicas e legais, considerando os
efeitos das alterações na legislação, da variação do índice de preços, do
crescimento econômico ou de qualquer outro fator relevante e serão
acompanhadas de demonstrativo de sua evolução nos últimos três anos, da
projeção para os dois seguintes àquele a que se referirem, e da metodologia de
cálculo e premissas utilizadas.
A LRF determina que o montante previsto para as receitas de operações de
crédito não poderá ser superior ao das despesas de capital constantes do projeto
de lei orçamentária.
Até trinta dias após a publicação do orçamento, as receitas previstas serão
desdobradas, pelo Poder Executivo, em metas bimestrais de arrecadação, com a
especificação, em separado, quando cabível, das medidas de combate à evasão e
à sonegação, da quantidade e valores de ações ajuizadas para cobrança da dívida
ativa, bem como da evolução do montante dos créditos tributários passíveis de
cobrança administrativa.

Renúncia de Receita
A concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de natureza tributária da qual
decorra renúncia de receita deverá estar acompanhada de estimativa do impacto
orçamentário-financeiro no exercício em que deva iniciar sua vigência e nos dois
seguintes, atender ao disposto na lei de diretrizes orçamentárias e a pelo menos
uma das seguintes condições:

• demonstração pelo proponente de que a renúncia foi considerada na


estimativa de receita da lei orçamentária e de que não afetará as metas de
resultados fiscais previstas no Anexo de Metas Fiscais;

OU

• estar acompanhada de medidas de compensação, no exercício em que se


inicia e nos dois seguintes, por meio do aumento de receita, proveniente da
elevação de alíquotas, ampliação da base de cálculo, majoração ou criação
de tributo ou contribuição.

Essas limitações não se aplicam a:

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• às alterações das alíquotas dos impostos de importação, exportação,
produtos industrializados (IPI) e operações de crédito, câmbio e seguro, ou
relativas a títulos ou valores mobiliários;
• ao cancelamento de débito cujo montante seja inferior ao dos respectivos
custos de cobrança.

Despesa pública

Geração da Despesa
Pela LRF, são consideradas não autorizadas, irregulares e lesivas ao patrimônio
público a geração de despesa ou assunção de obrigação que não atendam ao
seguinte:

• A criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação governamental que


acarrete aumento da despesa será acompanhado de:
o estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que
deva entrar em vigor e nos dois subseqüentes;
o declaração do ordenador da despesa de que o aumento tem
adequação orçamentária e financeira com a lei orçamentária anual e
compatibilidade com o plano plurianual e com a lei de diretrizes
orçamentárias.
 considera-se adequada com a lei orçamentária anual, a
despesa objeto de dotação específica e suficiente, ou que
esteja abrangida por crédito genérico, de forma que somadas
todas as despesas da mesma espécie, realizadas e a realizar,
previstas no programa de trabalho, não sejam ultrapassados
os limites estabelecidos para o exercício;
 compatível com o plano plurianual e a lei de diretrizes
orçamentárias, a despesa que se conforme com as diretrizes,
objetivos, prioridades e metas previstos nesses instrumentos
e não infrinja qualquer de suas disposições.

As limitações acima, constituem condição prévia para:

• empenho e licitação de serviços, fornecimento de bens ou execução de


obras;
• desapropriação de imóveis urbanos com o pagamento de indenizações.

Despesa Obrigatória de Caráter Continuado


Considera-se obrigatória de caráter continuado a despesa corrente derivada de
ato normativo que fixe para o ente a obrigação legal de sua execução por um
período superior a dois exercícios.
Os atos que criarem ou aumentarem despesa obrigatória de caráter continuado
deverão ser instruídos com a estimativa do impacto orçamentário-financeiro no
exercício em que deva entrar em vigor e nos dois subseqüentes e demonstrar a

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origem dos recursos para seu custeio, além do que, o ato deverá ser
acompanhado de comprovação de que a despesa criada ou aumentada não
afetará as metas de resultados fiscais previstas no Anexo de Metas Fiscais,
devendo seus efeitos financeiros, nos períodos seguintes, serem compensados
pelo aumento permanente de receita (elevação de alíquotas, ampliação da base
de cálculo, majoração ou criação de tributo ou contribuição) ou pela redução
permanente de despesa.
A necessidade de estimar o impacto orçamentário-financeiro não se aplica às
despesas destinadas ao serviço da dívida nem ao reajustamento de remuneração
de pessoal quando esta se tratar de revisão geral da remuneração dos servidores
públicos, em determinada data-base.
Além disso, considera-se aumento de despesa a prorrogação daquela criada por
prazo determinado.

Despesas com Pessoal


A LRF entende como despesa total com pessoal o somatório dos gastos do ente
da Federação com os ativos, os inativos e os pensionistas, relativos a mandatos
eletivos, cargos, funções ou empregos, civis, militares e de membros de Poder,
com quaisquer espécies remuneratórias, tais como vencimentos e vantagens,
fixas e variáveis, subsídios, proventos da aposentadoria, reformas e pensões,
inclusive adicionais, gratificações, horas extras e vantagens pessoais de qualquer
natureza, bem como encargos sociais e contribuições recolhidas pelo ente às
entidades de previdência, além dos valores dos contratos de terceirização de mão-
de-obra que se referem à substituição de servidores e empregados públicos, os
quais serão contabilizados como Outras Despesas de Pessoal.
A despesa total com pessoal é apurada somando-se a realizada no mês em
referência com as dos onze imediatamente anteriores, adotando-se o regime de
competência.
Os limites da despesa total com pessoal são (em percentual da receita corrente
líquida):

• União: 50%;
• Estados: 60%;
• Municípios: 60%.

Na verificação desses limites não serão computadas as despesas:

• de indenização por demissão de servidores ou empregados;


• relativas a incentivos à demissão voluntária;
• derivadas da convocação extraordinária do Congresso Nacional;
• decorrentes de decisão judicial e da competência de período anterior ao da
apuração;
• com pessoal, do Distrito Federal e dos Estados do Amapá e Roraima,
custeadas com recursos transferidos pela União;

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• com inativos, ainda que por intermédio de fundo específico, custeadas por
recursos provenientes:
o da arrecadação de contribuições dos segurados;
o da compensação financeira entre diferentes sistemas de previdência;
o demais receitas diretamente arrecadadas por fundo vinculado a tal
finalidade, inclusive o produto da alienação de bens, direitos e ativos,
bem como seu superávit financeiro.

Além desses limiteas, a LRF estabelece como eles devem ser divididos dentro de
cada esfera governamental:

• na esfera federal:
o 2,5% para o Legislativo, incluído o Tribunal de Contas da União;
o 6% para o Judiciário;
o 40,9% para o Executivo;
o 0,6% para o Ministério Público da União;

• na esfera estadual:
o 3% para o Legislativo, incluído o Tribunal de Contas do Estado;
o 6% para o Judiciário;
o 49% para o Executivo;
o 2% para o Ministério Público dos Estados;

• na esfera municipal:
o 6% para o Legislativo, incluído o Tribunal de Contas do Município,
quando houver;
o 54% para o Executivo.

A LRF trata ainda do controle da despesa total com pessoal, estabelecendo que é
nulo de pleno direito o ato que provoque aumento da despesa com pessoal e não
apresente estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que
deva entrar em vigor e nos dois subseqüentes e a declaração do ordenador da
despesa de que o aumento tem adequação orçamentária e financeira com a lei
orçamentária anual e compatibilidade com o plano plurianual e com a lei de
diretrizes orçamentárias e que não atenda às regras para criação de despesa
obrigatória de caráter continuado ou ainda, que não atenda ao limite legal de
comprometimento aplicado às despesas com pessoal inativo.
Também é nulo de pleno direito o ato de que resulte aumento da despesa com
pessoal expedido nos cento e oitenta dias anteriores ao final do mandato do titular
do respectivo Poder ou órgão.
A verificação do cumprimento dos limites da despesa com pessoal será realizada
ao final de cada quadrimestre e se a despesa total com pessoal exceder a 95% do
limite, são vedados ao Poder ou órgão que houver incorrido no excesso:

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• concessão de vantagem, aumento, reajuste ou adequação de remuneração
a qualquer título, salvo os derivados de sentença judicial ou de
determinação legal ou contratual, ressalvada a revisão da remuneração em
data-base;
• criação de cargo, emprego ou função;
• alteração de estrutura de carreira que implique aumento de despesa;
• provimento de cargo público, admissão ou contratação de pessoal a
qualquer título, ressalvada a reposição decorrente de aposentadoria ou
falecimento de servidores das áreas de educação, saúde e segurança;
• contratação de hora extra, salvo no caso de convocação extraordinária do
Congresso Nacional e as situações previstas na lei de diretrizes
orçamentárias.

Caso a despesa total com pessoal ultrapassar os limites definidos na LRF, sem
prejuízo das medidas previstas acima, o percentual excedente terá de ser
eliminado nos dois quadrimestres seguintes, sendo pelo menos um terço no
primeiro, adotando-se, entre outras, as providências:

• redução das despesas com cargos em comissão e de confiança em pelo


menos 20% (extinção ou redução de salário e redução da carga horária,
este último é facultativo);
• exoneração de servidores estáveis.

Caso não se alcance a redução da despesa no prazo estabelecido, e enquanto


perdurar o excesso, o ente não poderá:

• receber transferências voluntárias;


• obter garantia, direta ou indireta, de outro ente;
• contratar operações de crédito, ressalvadas as destinadas ao
refinanciamento da dívida mobiliária e as que visem à redução das
despesas com pessoal.

Estas restrições aplicam-se imediatamente se a despesa total com pessoal


exceder o limite no primeiro quadrimestre do último ano do mandato.

Despesas com a Seguridade Social


Segundo a LRF, nenhum benefício ou serviço relativo à seguridade social poderá
ser criado, majorado ou estendido sem a indicação da fonte de custeio total,
atendidas ainda as exigências para criação de despesa obrigatória de caráter
continuado.
Dispensa-se da compensação exigida para criação de despesa de caráter
continuado, o aumento de despesa decorrente de:

• concessão de benefício a quem satisfaça as condições de habilitação


prevista na legislação pertinente;
• expansão quantitativa do atendimento e dos serviços prestados;

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• reajustamento de valor do benefício ou serviço, a fim de preservar o seu
valor real.

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