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# Processos envolvidos na interpretação e na aplicação de um texto

bíblico: (VIRKLER, 1987, p. 185-188)

I. Análises Histórico-Cultural e Contextual:

A. Determinar o meio ambiente geral histórico e cultural do

escritor e seus leitores.

1. Determinar as circunstâncias históricas gerais.

2. Estar atento às circunstâncias e normas culturais que

acrescentam significado a determinadas ações.

3. Discernir o nível de compromisso espiritual dos leitores.

B. Determinar os propósitos do autor ao escrever um livro.

1. Notar as declarações explícitas ou frases repetidas.

2. Observar seções parenéticas (exortação) ou hortativas

(exortativas).

3. Observar os problemas omitidos ou focalizados.

C. Entender como a passagem se enquadra em seu contexto

imediato.

1. Apontar os principais blocos de material no livro e mostrar de

que modo se encaixam num todo coerente.

2. Mostrar de que modo a passagem sob consideração se ajusta ao

fluxo de argumentos do autor.

3. Determinar a perspectiva que o autor tenciona comunicar –

numenológica (o modo como as coisas são realmente) ou

fenomenológica (o modo como as coisas parecem).

4. Diferenciar entre verdade descritiva e prescritiva.

5. Diferenciar entre os detalhes incidentais e o núcleo de ensino

de uma passagem.
6. Apontar as pessoas ou categoria de pessoas às quais se dirige

uma passagem particular.

II. Análise Léxico-sintática:

A. Apontar a forma literária geral.

B. Investigar o desenvolvimento do tema e mostrar como a

passagem em consideração se encaixa no contexto.

C. Indicar as divisões naturais (parágrafos e sentenças) do texto.

D. Apontar os conectivos dentro dos parágrafos e sentenças e

mostrar como auxiliam na compreensão da progressão do pensamento

do autor.

E. Determinar o significado isolado das palavras.

1. Apontar os significados múltiplos que uma palavra possuía no

seu tempo e cultura.

2. Determinar o significado único que o autor tinha em mente

em dado contexto.

F. Analisar a sintaxe a fim de demonstrar de que modo ela

contribui para a compreensão de uma passagem.

G. Colocar os resultados de sua análise em palavras não-técnicas e

fáceis que comuniquem com clareza ao leitor hodierno (atual) o

significado que o autor tinha em mente.

III. Análise Teológica:

A. Determinar seu próprio ponto de vista da natureza do

relacionamento de Deus com o homem.

B. Apontar as implicações deste ponto de vista para a passagem

que você está estudando.


C. Avaliar a extensão do conhecimento teológico disponível ao povo

daquela época (a “analogia da Escritura”).

D. Determinar o significado que a passagem possuía para seus

primeiros beneficiários à luz do conhecimento que tinham.

E. Identificar o conhecimento adicional acerca deste tópico que hoje

está ao nosso alcance em virtude de posterior revelação (a “analogia

da fé”).

IV. Análise Literária:

A. Procurar referências explícitas que indiquem a intenção do

autor com referência ao método que ele adotava.

B. Se o texto não exibe explicitamente a forma literária da

passagem, estudar as características da passagem dedutivamente para

averiguar sua forma.

C. Aplicar os princípios dos artifícios literários com cuidado, mas

não de modo rígido.

1. Símile

a. Característica: uma comparação expressa.

b. Interpretação: geralmente um único ponto de similaridade

ou de contraste.

2. Metáfora

a. Característica: uma comparação expressa.

b. Interpretação: geralmente um único ponto de similaridade

ou de contraste.

3. Provérbio

a. Característica: comparação expressa (clara e explícita) ou

tácita (subentendida).
b. Interpretação: geralmente um único ponto de similaridade

ou de contraste.

4. Parábola

a. Características: um símile ampliado – as comparações são

expressas e separadas; o relato e seu significado são separados

conscientemente.

b. Interpretação: determinar o significado central do relato e

mostrar como os detalhes se enquadram naturalmente nesse ensino

central.

5. Alegoria

a. Características: uma metáfora ampliada – as comparações

são implícitas e entremescladas; a história e seu significado andam

paralelamente.

b. Interpretação: determinar os pontos múltiplos de

comparação que o autor tinha em mente.

6. Tipo

a. Características:

(1) Deve haver alguma semelhança ou analogia notável entre o

tipo e seu antitipo.

(2) Deve haver alguma evidência de que o tipo foi indicado por

Deus como representação da coisa tipificada.

(3) Um tipo deve prefigurar algo no futuro.

(4) Classes de tipo e seu antítipo: pessoas, eventos, instituições,

ofícios e ações.

b. Interpretação:

(1) Determinar o significado dentro do tempo e cultura tanto

do tipo como do seu antítipo.


(2) Pesquisar o texto para encontrar o(s) ponto(s) de

correspondência entre o tipo e seu antítipo conforme se relacionam

com a história da salvação.

(3) Notar os importantes pontos de diferença entre o tipo e seu

antítipo.

7. Profecia

a. Características:

(1) Estar cônscio de que o estilo geralmente é figurativo e

simbólico.

(2) Estar atento aos elementos sobrenaturais como informação

comunicada pela proclamação de anjos, por visões, ou por outros meios

sobrenaturais.

(3) Observar a ênfase sobre o mundo invisível por trás da ação

do mundo visível.

b. Interpretação:

(1) Determinar a situação histórica específica que cerca a

composição do escrito. Estudar a história interveniente para ver se a

profecia foi cumprida ou não.

(2) Estudar passagens paralelas ou outros ciclos dentro da

mesma profecia para obter mais informação.

(3) Analisar se essa passagem faz parte de uma predição

progressiva, se é passível de cumprimento evolutivo, ou se inclui

contração profética.

V. Comparação com Outros:

A. Compare sua análise com a de outros interpretes.

B. Modificar, corrigir, ou ampliar sua interpretação de acordo com

a necessidade.
VI. Aplicação:

A. Dedução de princípios: Baseado numa análise histórico-cultural,

contextual, léxico-sintática e teológica da porção narrativa, verificar

mediante estudo dedutivo (1) o(s) princípio(s) que a passagem tenciona

ensinar, ou (2) o(s) princípio(s) (verdades descritivas) exemplificados

na passagem, que permanecem aplicáveis ao crente de nossos dias.

B. Transmissão cultural de mandamentos bíblicos.

(1) Discernir tão exatamente quanto possível o princípio por trás

da ordem.

(2) Discernir se o princípio é transcultural ou cultural, mediante

exame do motivo dado para o princípio.

(3) Se um princípio é transcultural, determinar se a mesma

aplicação comportamental expressa ou não o princípio tão adequada e

exatamente quanto o bíblico.

(4) Se a expressão comportamental de um princípio deve ser

mudada, proponha um equivalente cultural que expresse o princípio

divino por trás do mandamento primitivo.

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