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Exegese de Evangelhos

Aula extra (análise do contexto teológico)


PROFA. LÁZARA COELHO
Exegese de Evangelhos

ANÁLISE TEOLÓGICA DOS EVANGELHOS


Exegese de Evangelhos

A análise teológica tem a ver


com a natureza da relação entre o
divino e o humano (Deus e o homem).
O intérprete procura um padrão na
revelação de Deus para interpretar os
dados de sua passagem.
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Justificativa
• Benefício: esse tipo de organização proporciona
uma estrutura organizacional em torno da qual
podemos entender os dados bíblicos.
• Causa: a compreensão dos dados bíblicos é difícil
porque o volume desses dados é grande demais.

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Perigos da organização
1. A imposição de um sistema sobre os dados bíblicos, em
vez de derivar o sistema por via dos dados.
2. Aceitar uma teoria “sem mesmo reconhecer que se
trata de uma teoria, ou sem examinar outras teorias para
ver qual delas se ajusta melhor aos dados.” (BRUCE, 1973
apud VIRKLER, 1998, p. 90)

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“O que é padrão
da revelação de Deus?”

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PADRÃO DA REVELAÇÃO DE DEUS:


É a “estrutura organizacional
em torno da qual podemos
entender os dados bíblicos.”
(VIRKLER, 1998, p. 90)
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Teorias sobre o melhor modo
de conceituar a natureza da relação
de Deus com o homem na história da
salvação (história da obra salvadora de Deus Exegese de Evangelhos
para a humanidade):

TEORIAS

Descontinuidade Continuidade
(dispensacionalistas) (aliancistas)

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Sistemas teológicos
Sistemas teológicos que entendem a história da
salvação prioritariamente como contínua, “geralmente
consideram a Escritura como aplicável ao crente hodierno,
uma vez que vêem a unidade básica entre si próprios e os
crentes através da história do Antigo e do Novo
Testamentos.” (VIRKLER, 1998, p. 91)

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Exemplo: geral
Os teóricos da continuidade básica entre o Antigo e o Novo
Testamento, por sua vez, tendem a:
(1) usar o Antigo Testamento com maior frequência no ensino e
na pregação;
(2) encontrar exemplos de princípios no Antigo Testamento que
possuem aplicação contínua para os cristãos de todos os
tempos.

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Sistemas teológicos
Sistemas teológicos que entendem a história da
salvação prioritariamente como descontínua, “tendem a
considerar que somente o livro de Atos e as Epístolas
possuem aplicabilidade fundamental para a igreja atual,
visto que o restantes da Escritura foi dirigido a pessoas que
viviam sob uma economia bíblica diferente.” (VIRKLER,
1998, p. 91).
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Exemplo: específico 1
Na teoria do aconselhamento, alguns autores
contemporâneos, como Dwight Small, postulam uma
descontinuidade entre o contexto em que foram dadas as ordens
de Cristo sobre o divórcio, e a situação de nossos dias para os
crentes.
Resulta disso que suas conclusões sobre o divórcio são,
significativamente, diferentes das conclusões dos que vêem uma
continuidade básica entre os contextos. (VIRKLER, 1998, p. 91).

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Exemplo: específico 2
Bruce Narramore e William Count partem do pressuposto
da descontinuidade entre leia e graça, considerando-os sistemas
antitéticos de salvação.
Daí desenvolveram duas psicologias contrastantes
concernentes à relação do homem com Deus baseadas nessas
suposições. (VIRKLER, 1998, p. 91).

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Conclusão sobre a questão da


continuidade e descontinuidade
da revelação de Deus (AT/NT)

O modo como resolvemos esta questão em


nossa interpretação de qualquer passagem bíblica
terá importantes implicações para nossas vidas e
para as vidas que influenciamos através de nossa
pregação, ensino etc.
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“Como a passagem que estou


interpretando se enquadra no padrão
total da revelação de Deus?”

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PERGUNTA FUNDAMENTAL: Exegese de Evangelhos

Como esta passagem se enquadra no padrão total da revelação de


Deus (natureza do relacionamento de Deus com o homem)?

História da salvação/história da obra salvadora de Deus para a


humanidade:

a) natureza da relação de Deus com o homem: basicamente


descontínua com ênfase secundária na continuidade (maioria dos
dispensacionalistas leigos)

b) natureza da relação de Deus com o homem: basicamente


contínua com ênfase secundária na descontinuidade (aliancistas).
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PASSOS PARA ESSA ANÁLISE


1. Determinar seu próprio ponto de vista sobre a natureza do
relacionamento entre Deus e o homem, isto é, sobre o padrão da
revelação de Deus;
2. Descobrir as implicações deste ponto de vista para a passagem que
está sendo estudada;
3. Avaliar a extensão do conhecimento teológico disponível às pessoas
daquele tempo;
4. Determinar o significado que a passagem tinha para seus primitivos
destinatários à luz do conhecimento que detinham;
5. Descobrir o conhecimento complementar acerca deste ponto que
hoje temos disponível em virtude da revelação posterior.

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1. Determinar seu próprio ponto de vista sobre a natureza do


relacionamento entre Deus e o homem, isto é, sobre o padrão da
revelação de Deus:

: Orientação preliminar: após a pesquisa contextual inicial


(preliminares, histórica e gramatical), será possível apresentar o
Contexto Teológico (quadro referencial etc.) no qual a argumentação
teológica acontecerá. Portanto, esse item é introdutório e em caráter
provisório, pois poderá ser alterado na medida em que novos dados
forem sendo acrescentados através da argumentação teológica;
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1. Determinar seu próprio ponto de vista sobre a natureza do Exegese de Evangelhos

relacionamento entre Deus e o homem, isto é, sobre o padrão da


revelação de Deus:
: Quadro referencial: refere-se ao padrão da revelação de Deus
adotado no trabalho.
: O que fazer: pense cuidadosamente sobre o problema
continuidade-descontinuidade, usando a passagem bíblica, as leituras
recomendadas e seus próprios recursos para examinar mais a
questão. Então escreva sua posição quanto a isso (por mais evidente
que você ache por estar em uma escola confessional e por já postular
um sistema teológico) em um resumo bem estruturado de seu
entendimento. Cite fontes.
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2. Descobrir as implicações deste ponto de vista para a
passagem que está sendo estudada:

: Se a natureza da relação de Deus com o homem é


contínua ou descontínua: que implicações o restante do
texto bíblico (da passagem para o cânon bíblico) traz para
a passagem que você está interpretando?
Órdem da verificação: passagem, livro e livros do
autor, testamento, Bíblia completa)

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3. Avaliar a extensão do conhecimento teológico


disponível às pessoas daquele tempo
: Pesquise e conclua: que conhecimento prévio (analogia das Escrituras) as
pessoas da passagem, em especial, haviam recebido?
Analogia das Escrituras é um princípio bíblico de interpretação segundo
o qual uma passagem deve ser interpretada em harmonia com o restante das
Escrituras. [Pode ser entendido também como analogia da fé, quando esta
significar o “princípio da Escritura antecedente” (KAISER, p. 10)]
Fonte de pesquisa: Bíblia, contexto histórico específico (“Comentário
histórico-cultural”, “Dicionário da vida diária dos tempos antigos bíblica e pós-
bíblica”, pesquisa específica como “Jesus e seu tempo” etc.), livros de Teologia
Bíblica etc.
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4. Determinar o significado que a passagem tinha para


seus primitivos destinatários à luz do conhecimento que
detinham

: Determine: a partir do conhecimento teológico que as


pessoas daquele tempo tinham, e à luz do contexto
literário da passagem, que significado a passagem tinha
para os primitivos destinatários? No caso de parábolas,
para aqueles a quem Jesus as contou e, de forma ampla,
aos leitores originais de Lucas?
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5. Descobrir o conhecimento complementar acerca deste ponto que hoje


temos disponível em virtude da revelação posterior (analogia da fé):

: Analogia da fé (analogia fidei): segundo esse princípio, uma passagem


deve ser interpretada em harmonia com a fé. Denota, geralmente, “o ensino
bíblico geral (analogia totius Scripturae); e pode ser definido como a
harmonia geral de doutrinas bíblicas fundamentais.” (ANGLADA, 2006, p.
168).
Esse sentido parece estar de acordo com a ideia bíblica (Paulo faz uso
da palavra fé no sentido objetivo, cf. Gl 1.23; 3.2, 25; 6.10; Ef 4.5; 1
Tm 4.1).

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LEMBRETE:
A NECESSIDADE DESSE
PADRÃO DE RELACIONAMENTO (PRINCÍPIO ORGANIZADOR)
DIVINO-HUMANO:

AJUDA A ENTENDER OS DADOS BÍBLICOS


(INTERPRETAÇÃO)

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Área de estudos bíblicos que lida com isso:

TEOLOGIA BÍBLICA

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Princípio organizador da Teologia Bíblica: Exegese de Evangelhos

1. A progressividade histórica do processo de revelação

2. A real incorporação da revelação na História

3. A natureza orgânica do processo histórico observável na


revelação

4. A adaptabilidade prática da revelação

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Passos para fazer a análise (já identificados na exposição preliminar):


1. Buscar seu próprio entendimento sobre a natureza do relacionamento de Deus com o homem;

2. Descobrir as implicações deste ponto de vista para a passagem que está sendo utilizada;

3. Avaliar a extensão do conhecimento teológico disponível às pessoas daquele tempo (analogia


scripturae);

4. Determinar o significado que a passagem possuía para seus leitores originais à luz do conhecimento que
tinham;

5. Descobrir o conhecimento complementar acerca deste ponto que hoje temos disponível em virtude de
revelação posterior (analogia da fé).

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Enfim, responda: Exegese de Evangelhos

como a passagem que você está


interpretando se enquadra no padrão total
da revelação de Deus (natureza do
relacionamento de Deus com o homem)?

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REFERÊNCIAS

ANGLADA, Paulo Roberto B. Introdução à hermenêutica reformada. Ananindeua: Knox Publicações,


2006.

COELHO, Lázara Divina. Padrão de apresentação de trabalhos exegéticos. [Material avulso]. Goiânia,
2019.

STUART, Douglas; FEE, Gordon D. Manual de exegese bíblica: Antigo e Novo Testamento. São Paulo: Vida
Nova, 2008.

VIRKLER, Henry A. Hermenêutica avançada: princípios e processos de interpretação bíblica. São Paulo:
Vida, 1998.

VOS, Gehardus. Teologia bíblica do Antigo e Novo Testamentos. São Paulo: Cultura Cristã, 2010.

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