“O direito, então, possui natureza imperativo-atributiva, que tem como
resultante esperada o comportamento social. Como sintetizou Lévy-Bruhl, o direito ‘é o conjunto das normas obrigatórias que determinam as relações sociais impostas a todo momento pelo grupo a que pertencemos’ (LÉVY- BRUHL, 1964, p.23). A Sociologia interessa-se pelo direito enquanto fato, complexo fenômeno configurado temporal e espacialmente, que sofre mudanças e apresenta manifestação morfológica e significação funcional, patente e latente” (CASTRO, 2003, p.70).
Da mesma forma que as sociedades apresentam elementos diferentes
entre si no plano da Cultura, da Política e da Economia, também possuem sistemas de Direito diversos. [...] os países hoje apresentam certa uniformidade quanto à “matriz” do Direito positivo devido ao grande esforço dos juristas do século XIX. O Juspositivismo tem como fundamento que o Direito se origina do “fato social” (Durkheim) e no comportamento dos agentes sociais. Assim, todos os países modernos aderiram à ideia que é a partir do “caso concreto” que o legislador deve racionalmente elaborar o sistema de leis e a Justiça deve julgar as suas demandas conforme esse conjunto de normas estatais. [...] Por trás desta consolidação jusfilosófica estão as revoluções vitorianas [...] – de origem popular contra as monarquias absolutistas e a consolidação da cidadania frente aos privilégios das elites do período anterior (Velho Regime), onde a justiça era pessoas e servia à consolidação do poder social e político do rei, da nobreza, da hierarquia religiosa e dos grandes proprietários de terras. Inaugura-se, portanto, uma racionalidade nos moldes do cientificismo moderno que se pretende “neutro” e que esclarece a “verdade” (ROCHA, 2015, p.37).
O campo das investigações zetéticas do fenômeno jurídico é bastante
amplo. Zetéticas são, por exemplo, as investigações que têm por objeto o direito no âmbito da Sociologia, da Antropologia, da Psicologia, da História, da Filosofia, da Ciência Política etc. Nenhuma dessas disciplinas é especialmente jurídica. Todas elas são disciplinas gerais, que admitem, no âmbito de suas preocupações, um espaço para o fenômeno jurídico. Na medida, porém, em que este espaço é aberto, elas se incorporam ao campo das investigações jurídicas, sob o nome de Sociologia do Direito, Filosofia do Direito, Psicologia Forense, História do Direito etc. Existem, ademais, investigações que se valem dos métodos, técnicas e resultados daquelas disciplinas gerais, compondo, com investigações dogmáticas, outros âmbitos, como é o caso da Criminologia, da Penalogia, da Teoria da Legislação etc. (FERRAZ JR, T. S., Introdução ao Estudo do Direito. São Paulo: Atlas, 1989, p.45).