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Síndromes de Pré-
Excitação

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Resumo de Síndromes de Pré-Excitação 1

1. Introdução
As síndromes de pré-excitação são arritmias que podem ser reconhecidas na
análise do eletrocardiograma (ECG), estando nesse grupo a “Síndrome de Wollf
Parkinson White” (WPW) e a “Síndrome de Lown Ganong Levine” (LGL).

Em condições normais, o nó atrioventricular (nó AV) mantém a onda de


repolarização por cerca de 0,1 segundos (representado pelo intervalo PR no ECG) para
que haja uma sincronização entre as contrações atrial e ventricular. Por outro lado, nos
portadores de síndromes de pré-excitação, há uma via acessória que conduz os
impulsos elétricos dos átrios para os ventrículos de forma mais rápida do que o nó AV.
Assim é gerada uma arritmia.

É importante lembrar que mesmo nessas condições, a maior parte do estímulo


continua sendo conduzida via nó AV.

Inúmeras vias acessórias foram identificadas, porém são prevalentes em menos


de 1% da população geral, sendo em sua maioria, homens.

Abaixo serão exploradas de forma separada a WPW e LGL.

2. Padrão de Wolff-Parkinson-White (WPW)


No padrão eletrocardiográfico de WPW, a via acessória identificada é chamada
de Feixe de Kent, a qual pode estar localizada à direita ou à esquerda, conectando os
átrios e ventrículos ipsilaterais.

Como padrão no eletrocardiograma, o que se observa é um encurtamento do


intervalo PR, ou seja, menor do que 0,12 segundos ou três quadradinhos (figura 1).

Além disso, há um alargamento do complexo QRS devido à presença de uma


onda delta, que reflete a despolarização precoce de alguns miócitos pela via acessória
(figura 1).

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Figura 1: Em azul é mostrado o encurtamento do intervalo PR. Já em vermelho pode ser vista de forma
discrta a onda delta. FONTE: http://pt.my-ekg.com/arritmias-cardiacas/sindrome-wolff-parkinson-
white.html. Acesso em 27/12/2018.

Obs.: Quando a condução é maior pela via acessória do que pelo nó AV, a
morfologia do complexo QRS se assemelha às do bloqueio de ramo; sendo mais
alargadas. Nesses casos, também pode haver alterações no segmento ST e onda T
negativa.

Obs.: A localização da via acessória pode ser uma informação importante para
decisão terapêutica. Assim, para as localizadas a direita, a onda delta é positiva em V1
(padrão BRD) e para a esquerda, a onda delta é negativa em V1 (padrão BRE).

3. Padrão de Lown Ganong Levine


Nesse padrão eletrocardiográfico, a via acessória é chamada de Fibra de James,
que tem localização intranodal, sendo uma via que liga os átrios à parte distal do nó AV.

Assim, como os estímulos chegam mais rápido à porção final do nó AV, há um


encurtamento do intervalo PR (<0,12s); porém ao contrário de WPW, nesse caso o QRS
é normal e não há onda delta (figura 2).

Figura 2: Encurtamento do intervalo PR. FONTE: http://pt.my-ekg.com/arritmias-cardiacas/sindrome-


wolff-parkinson-white.html. Acesso em 27/12/2018.

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4. Síndromes
Em geral, os pacientes apresentam os padrões citados acima apenas como um
achado eletrocardiográfico isolado. Porém, algumas vezes, os mesmo se apresentam
com taquiarritmias, sendo as mais comuns: taquicardia supraventricular por reentrada
em via acessória (forma ortodrômica ou antidrômica) e fibrilação atrial.

Na forma ortodrômica, o estímulo vai do átrio para o ventrículo pelo nodo AV,
porém retorna pela via acessória. O QRS nessa situação será estreito, onda P invertida
(retrógada) e não serão observados os sinais de pré-excitação nesse caso (figura 3).

Figura 3: Taquicardia de QRS largo e onda P retrógada. FONTE: http://pt.my-ekg.com/arritmias-


cardiacas/sindrome-wolff-parkinson-white.html. Acesso em 27/12/2018.

Na antidrômica, ocorre o oposto. O estímulo vai pela via acessória e retorna pelo
nodo AV. O QRS por sua vez, é largo.

A fibrilação atrial é a condição mais perigosa nessa situação, uma vez que a via
acessória funciona como um condutor de estímulo elétrico livre para os ventrículos (ao
contrário do nó AV, que possui um “filtro” na condução átrio-ventricular). Dessa forma,
pode ser gerada por consequência uma fibrilação ventricular – condição fatal. O padrão
do ECG nesses casos tem RR irregular, onda f (não há onda P), alta frequência ventricular
e QRS de morfologia irregular, variando de acordo com a via de ativação do ventrículo
(AV ou acessória), mas em geral alargado e com onda delta (figura 4).

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Figura 4: ECG de paciente com FA e WPW. Não há onda P, QRS alargado, de morfologia inconstante e
com onda delta demostrada pelo espessamento inicial. FONTE:
https://www.researchgate.net/figure/Figura-3-Eletrocardiograma-de-12-derivacoes-apresentando-
fibrilacao-atrial-rapida-em-um_fig2_309003549. Acesso em 27/12/2018.

5. Clínica
Como a síndrome de LGL não é muito bem estudada na área clínica, uma vez que
seu mecanismo eletrofisiológico não está elucidado, nessa parte será dada ênfase a
síndrome de WPW.

A maioria dos pacientes com o padrão WPW permanece assintomática. Dessa


forma, o diagnóstico é, em sua maioria, dado por um achado incidental no ECG. Uma
pequena parcela dos pacientes desenvolve a síndrome, cursando com arritmias
sintomáticas. Nesses, pode ser feito um estudo eletrofisiológico mais aprofundado para
verificação da existência de uma via acessória.

Obs.: Apesar do padrão do ECG estabelecido, é importante ressaltar que ele pode
simular ao de outras condições cardíacas, como infarto do miocárdio prévio, batimentos
prematuros ventriculares, ritmo idioventricular e bloqueio de ramo.

Para pacientes assintomáticos, é recomendado apenas acompanhamento


médico e realização de exames regulares. A exceção se dá em crianças, que possuindo

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maior risco para arritmia, merecem avaliação eletrofisiológica para análise da realização
de ablação da via acessória por cateter, ou em caso de refratariedade, por cirurgia. O
mesmo é feito para os sintomáticos adultos. Além disso, o tratamento com fármacos
para controle do ritmo também é uma opção terapêutica.

No caso de instabilidade hemodinâmica, a cardioversão elétrica pode estar


indicada.

Referências Bibliográficas

1. Biase LD, et al. Treatment of symptomatic arrhythmias associated with the Wolff-
Parkinson-White syndrome. Uptodate/2018.
2. Biase LD, et al. Wolff-Parkinson-White syndrome: Anatomy, epidemiology, clinical
manifestations, and diagnosis. Uptodate/2018.
3. Site My EKG. Arritmias cardíacas – síndrome de Wolff Parkinson White.
4. Thaler MS. ECG essencial. 7ª edição.

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