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Notas sobre: O adolescente e o outro – de Sonia Alberti

Introdução
“Nem sempre é assim... muitas vezes constatamos, em relação a nossos adolescentes, muito mais
um desejo de morte do que de vida. “ Morte em relação ao sujeito que está se constituindo? Se
descobrindo como sujeito, então?

“exige de antemão um enorme esforço do sujeito pelo simples fato de que a adolescência implica
um encontro com o sexo” Encontro com o sexo – sua sexualidade? O processo de partilhar sua
sexualidade?

“muito antes disso, é o encontro do adolescente com as questões sobre a assunção de um


posicionamento na partilha dos sexos.”

“Privilegiarei as determinações inconscientes, ou seja, as relações do sujeito adolescente com sua


própria alteridade, o Outro do inconsciente que o sujeito não reconhece como eu e que não deixa
de ter sido constituído a partir da incorporação dos pais da infância.” Fase de reconhecimento de
si como sujeito, após ter vivido ao longo da infância a incorporação dos pais da infância?

“na clínica qual o destino do sujeito no momento, às vezes aniquilador, do encontro


necessariamente faltoso com o real do sexo.” O adolescente na clinica: encontro de si diante da
falta (sexual, falta do Outro, falta do corpo infantil)

Seria a obra uma possibilidade de entendimento a respeito do desenvolvimento do


adolescente, agora visto como sujeito sexual na sociedade, movido por seus próprios
desejos e faltas? E as implicâncias que norteiam esse processo no desenvolvimento deste
sujeito?

1. O que são os pais para os filhos?


Neste contexto, a função dos pais é de suma importância para que o adolescente possa realizar
a separação do que ele era segundo seus pais (desejo dos pais) e o que ele virá a se tornar como
sujeito. A adolescência se caracteriza por ser um período de encontro com o Outro (ou falta de?).

Esse processo pode ser difícil para os pais, visto que, perdem o local fantasioso de alteridade
diante do filho. Ou como a autora nomeia como “perda narcísica”. Dessa maneira, os pais
necessitam do entendimento das necessidades de seu filho, mesmo que discordem, para
fomentar o comportamento de escolher ou não escolher do filho. Gerar autonomia?

“não há nada mais próprio da adolescência do que poder triar: isso sim, aquilo não.”

A capacidade de triar deve então surgir a partir das referências que o sujeito enquanto
adolescente possui ao longo de suas vivências. Não necessariamente essas referências se
originam do seio familiar. Na verdade, os pais definitivamente não são sinônimos de referências
ou de “exemplo a ser seguido”. Não cabe aos pais realizarem esse papel.

A função do Outro no desenvolvimento do inconsciente: “À medida que o bebê cresce e faz suas
próprias experiências de vida, incorpora a alteridade aos poucos, de forma que ela determine
sua própria constituição”.

Em relação a esse processo, que se dá como o final da infância, o sujeito se depara com a
incorporação desse Outro da infância, que advém de suas experiências pessoais, e não precisa
mais ocupar o espaço de ser aquele sujeito idealizado por seus pais da infância, aqueles que ele
precisava manter o amor. A partir disso, estabelece-se a separação dos pais imaginários da
infância. Claro, esse processo só ocorre se o processo de incorporação a ideia de pais imaginários
ao longo do desenvolvimento da criança tenha obtido êxito.

“É por ter herdado a posição desejante de seus pais que o adolescente também já não satisfaz as
demandas deles.”

“É verdade, mas, sobretudo porque ele suporta não mais satisfazer as demandas dos pais,”

Por não suportar mais atender as demandas de seus pais, o adolescente se torna o autor de seu
próprio desejo. Ele não precisa mais mobilizar-se de acordo com a demanda do amor, para
proteger-se do desamparo. Não deve se enganar que o desamparo é inexistente, na psicanalise
esse desamparo está localizado no conceito de castração.

Ou seja: Esse processo de falta no Outro gera castração a esse adolescente que aqui se estabelece
como sujeito. Os pais, de outra maneira, também serão castrados já que os desejos relacionados
a esse adolescente não fazem parte, necessariamente, de seu desenvolvimento.

No mais, os pais representam o conforto em momentos que podem não serem favoráveis ao
desenvolvimento do adolescente. Seus papéis são imprescindíveis nesse processo de separação
da criança que faz parte do desejo parental ao sujeito que aqui se estabelece diante do seu Outro
que foi formado ao longo do seu desenvolvimento.

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