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Diagnóstico, cenários e ações para o

Setor de Telecomunicações no Brasil


2014 - 2020

Julho de 2011

CONFIDENCIAL
Sumário

SUMÁRIO EXECUTIVO ____________________________________________ 4


1. INTRODUÇÃO ________________________________________________ 24
2. Condicionantes da economia brasileira: evolução e perspectivas _________ 26
2.1 Aspectos Macroeconômicos da Economia Brasileira _____________________ 26
2.2 Mercado consumidor brasileiro ______________________________________ 30
2.2.1 Distribuição de Renda ____________________________________________ 30
2.2.2 Consumo de serviços de Telecomunicações no Brasil ___________________ 36
2.3 Ambiente de negócios: condições para investimentos no Brasil _____________ 42
2.3.1 Considerações sobre as condições gerais da Infraestrutura brasileira _______ 42
2.3.2 Aspectos Institucionais e Regulatórios _______________________________ 53
2.3.3 Tributos _______________________________________________________ 56
3. Os serviços de Telecomunicações no Brasil: características gerais; situação
atual e principais desafios __________________________________________ 64
3.1 Características gerais do setor ______________________________________ 64
3.2 O Serviço Telefônico Fixo Comutado (STFC) no Brasil ____________________ 70
3.2.1 Situação Atual do STFC no Brasil ___________________________________ 70
3.2.2 Principais Desafios para o STFC no Brasil ____________________________ 74
3.3 O Serviço Móvel Pessoal (SMP) no Brasil ______________________________ 75
3.3.1 Situação Atual do SMP no Brasil ___________________________________ 76
3.3.2 Principais Desafios para o SMP no Brasil _____________________________ 84
3.4 O Serviço de Banda Larga no Brasil __________________________________ 88
3.4.1 Situação Atual da Banda Larga no Brasil _____________________________ 88
3.4.2 Principais Desafios para a Banda Larga no Brasil ______________________ 97
4. Cenários para os serviços de Telecomunicações no Brasil: 2014 e 2020 __ 104
4.1 Modelo de Gaps – Banco Mundial ___________________________________ 104
4.2 Construção dos Indicadores de oferta e demanda para o serviço de conexão à
internet por banda larga ______________________________________________ 105
4.2.1 Indicador de Potencial de Demanda ________________________________ 106
4.2.2 Indicador de Infraestrutura (Oferta) do Serviço ________________________ 108
4.3 Resultado do modelo de GAPs para o caso brasileiro ___________________ 110
4.4 Cenários de investimento para expansão do serviço de banda larga no Brasil:
2014 e 2020 _______________________________________________________ 115
4.4.1 Metodologia para definição dos cenários de 2014 e 2020 (expansão de
acessos à banda larga e investimentos) __________________________________ 115
4.5 Premissas dos cenários de investimento ______________________________ 120
A. Cenário sem Alavancas _______________________________________________ 121
B. Cenário Referenciado ________________________________________________ 127
4.6 Resultados: expansão de acesso e investimentos correspondentes ________ 131
4.6.1 Penetração (acessos / 100 hab) e Total de Acessos em Banda Larga _____ 131
4.6.2 Velocidade (Banda Larga Fixa) ____________________________________ 135
4.6.3 Tecnologia (Banda Larga Móvel) __________________________________ 135
4.6.4 Investimento Incremental (CAPEX para novos acessos) ________________ 136
5. Plano de Ação: incentivos ao setor de Telecomunicações no Brasil ______ 139

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5.1 Direcionamentos para ações e políticas públicas _______________________ 139
5.2 Proposições ____________________________________________________ 140
5.2.1 Incentivos à Demanda __________________________________________ 141
5.2.2 Incentivos à Infraestrutura________________________________________ 150
ANEXO 1 : Características principais do STFC no Brasil _________________ 163
A. Estrutura da oferta ___________________________________________________ 166
B. Evolução da Demanda________________________________________________ 171
ANEXO 2: TV por assinatura no Brasil _______________________________ 176
ANEXO 3: Características principais do SMP no Brasil __________________ 182
A. Estrutura da oferta ___________________________________________________ 187
B. Evolução da Demanda________________________________________________ 194
ANEXO 4: Características principais dos serviços de banda larga no Brasil __ 198
A. Estrutura da oferta ___________________________________________________ 202
B. Evolução da demanda ________________________________________________ 217
C. Desempenho do Mercado _____________________________________________ 221
GLOSSÁRIO ___________________________________________________ 228
FICHA TÉCNICA ________________________________________________ 236

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SUMÁRIO EXECUTIVO

O Setor de Telecomunicações é peça fundamental da infraestrutura de qualquer país e


é considerado, por isso, um componente relevante para o desenvolvimento econômico e
social.

O momento atual da economia brasileira traz oportunidades únicas que precisam ser
exploradas com o devido planejamento e reflexão para
que os resultados sejam duradouros. O planejamento setorial necessita
manter coerência com o propósito
Os esforços necessários, tanto públicos como de ampliação do uso dos serviços
privados, precisam estar alinhados para construir a de telecomunicações,

infraestrutura de telecomunicações condizente acertadamente eleito como


prioridade na política nacional.
com o Brasil que vislumbra galgar posições no
ranking econômico mundial nos próximos anos.

O presente trabalho, solicitado à LCA pelo SINDITELEBRASIL, tem o propósito de, a


partir de um diagnóstico do setor de Telecomunicações no Brasil, enumerar seus
principais desafios e estabelecer cenários atrelados a ações públicas e privadas.

SITUAÇÃO ATUAL DO SETOR DE TELECOMUNICAÇÕES NO


BRASIL1

No final de 2010, os serviços de telecomunicações eram prestados para 271,9 milhões


de assinantes, um aumento de 14,8% (31,5 milhões a mais) em relação ao final de
2009; sendo compostos por:

• 42,0 milhões com o Serviço Telefônico Fixo Comutado (1,2%) 2;


• 202,9 milhões com o Serviço de Comunicações Móveis (Celulares) (16,7%);
• 9,8 milhões com o Serviço de TV por Assinatura (30,7%);
• 13,8 milhões com o Serviço de Acesso Fixo à Internet banda larga (21,3%).

1 Baseado no estudo “O Desempenho do Setor de Telecomunicações no Brasil Séries Temporais –


2010”, elaborado pela Telebrasil em parceria com a Teleco. Disponível em:
http://www.telebrasil.org.br/saiba-mais/Temporais_4T10_mar_24_2011.pdf. Acesso em 02/05/2011.

2 Entre parênteses é apresentado o crescimento com relação a 2009.

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Até abril de 2011, o Brasil
Densidade (acessos por 100 habitantes) em 2010:
contava com 15,3 milhões

• STFC (Serviço Telefônico Fixo Comutado): de acessos a banda larga fixa


21,6 (estável desde 2008) – com velocidade média de
• TV por assinatura: 5,0 (2,0 a 2,1 até 2004) 1,7 Mbps, e 25,6 milhões de
• SMP (Serviço Móvel Pessoal): 104,7 (16,4 acessos de banda larga
em 2001) móvel.
• banda larga: 7,1 (0,20 em 2001)
Fonte: Telebrasil (abril/2011)
Segundo a PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra
de Domicílios – IBGE), em 2009 84,3% dos domicílios tinham acesso aos serviços
telefônicos – fixos ou móveis, consolidando os 89,4% dos domicílios na zona urbana e
54,8% na rural. Cumpre destacar que em 1998, ano da privatização dos serviços de
telecomunicações, apenas 32,0% dos domicílios tinham acesso aos serviços; houve
um aumento de 156,6% no período.

No final de 2010, 38.210 localidades eram servidas pelo Serviço Telefônico Fixo
Comutado (16.652 com acessos individuais), em função da realização das metas do
Plano Geral de Metas de Universalização do STFC (PGMU); no final de 2009 eram
37.543 localidades e, em 1992, 16.950.

No final de 2010, 99,6% da população tinha acesso ao Serviço de Comunicação Móvel


(Celular), sendo que:

ƒ 78,4% da população era servida por 4 ou 5 prestadoras;


ƒ 7,2% da população era servida por 3 prestadoras;
ƒ 4,7% da população era servida por 2 prestadoras; e
ƒ 9,2% da população era servida apenas por 1 prestadora.

No final de 2010:
Até abril de 2011, 5.565
ƒ 97,2% dos Municípios já contavam com o municípios brasileiros
Serviço de Comunicações Móveis (Celular), contavam com infraestrutura
contra 65,4 % em 2007. de banda larga fixa e 1.497
com banda larga móvel (3G).
ƒ 81,1% da população brasileira já era atendida
Fonte: Telebrasil (abril/2011)
pelo serviço de banda larga móvel.

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ƒ 57.586 escolas públicas urbanas foram conectadas pelo programa Banda
Larga nas Escolas.

ƒ O setor de telecomunicações produziu – Receita Operacional Bruta –


R$ 184,9 bilhões, o que representa um crescimento de 4,2% em relação aos
R$ 177,4 bilhões de 2009. Foi o valor mais alto da história do setor,
representando 5,0% do PIB.

As prestadoras de serviços de telefonia – fixa e móvel – arrecadaram R$ 41,6 bilhões


em tributos em 2010, equivalente a 41,8% da Receita Operacional Líquida de R$ 99,6
bilhões. Em 2009 estes valores foram de R$ 39,5 bilhões, 40,6% e R$ 97,1 bilhões,
respectivamente.

Cumpre assinalar que a maior parcela desta carga tributária é imposta pelos Governos
Estaduais (ICMS sobre Serviços de Comunicações), indo em direção contrária à
Política de Universalização dos Serviços de Telecomunicações adotada pelo Governo
Federal, pois, onerando o valor pago pelo consumidor, inibem o acesso dos usuários
de menor renda aos serviços.

Só de ICMS sobre Serviços de Comunicações foram arrecadados R$ 28,3 bilhões em


2010 com crescimento de 2,3% em relação aos R$ 27,6 bilhões arrecadados em igual
período de 2009.

A participação do ICMS sobre Serviços de Comunicações no total do ICMS


arrecadado pelos Governos Estaduais em 2010 foi de 11,0%. Em 2009 este valor foi
de 12,1%, mais alto que o de 2008 (11,8%).

Em 2010, as prestadoras de Serviços de Telefonia, Fixas e Móveis, e as prestadoras


do Serviço de TV por Assinatura investiram R$ 17,4 bilhões na expansão,
modernização e melhoria da qualidade de serviços.

No final de 2010, detinham outorgas para prestação dos seguintes serviços de


telecomunicações 2.671 empresas (contra 1.965 no final de 2009):

ƒ 5 concessionárias do Serviço Telefônico Fixo Comutado;


ƒ 131 autorizadas do Serviço Telefônico Fixo Comutado;
ƒ 2.342 detentoras de outorgas do Serviço de Comunicação Multimídia;
ƒ 161 detentoras de outorgas do Serviço de TV por Assinatura (29 de MMDS, 97
de TV a Cabo, 13 de DTH e 22 de TVA – UF);
ƒ 31 detentoras de outorgas do Serviço Móvel Pessoal (Celular).

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O Valor de Mercado das prestadoras de serviços de telecomunicações (Fixa, Celular e
TV por Assinatura) com ações negociadas na BOVESPA era de R$ 136,3 bilhões no
final de 2010.

PRINCIPAIS DESAFIOS

Muito já se avançou nos serviços de telecomunicações. Para que mais serviços possam
ser disponibilizados, com maior qualidade, a um número crescente de usuários, é
preciso construir uma estrutura de incentivos alinhada entre agentes públicos (Federal,
Estadual e Municipal) e privados (investidores e consumidores).

Não pode haver sinais contraditórios entre os condicionantes econômicos, definido


por variáveis macroeconômicas e condicionantes jurídicas, regulatórias e institucionais,
e, de outro lado, as condições para investimento e expansão da demanda, como
ilustra a Figura 1. A estrutura de incentivos criada nessas diferentes esferas deve
conduzir os agentes (Estado, produtores e consumidores) na mesma direção, sob pena
de não se conseguir expandir a oferta dos serviços a preços que possibilitem amplo uso
pela população.

Figura 1 – Condicionantes para decisão de investimentos e consumo

Condicionantes 
econômicos
Aspectos
macroeconômicos,
institucionais,
jurídicos e
regulatórios,
“Custo Brasil”.

Investimentos Demanda
Ciclo de negócios, Condições
uso de tecnologia socioeconômicas,
adequada, necessidades,
acesso à preferências e
infraestrutura. incentivos.

Elaboração: LCA.

Os condicionantes econômicos compõem parte relevante do ambiente de negócios,


gerando riscos e oportunidades que são mensurados e traduzidos em preço, como
ocorre em qualquer mercado. Como aspectos macroeconômicos, podem-se destacar

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a taxa de juros, os tributos e os encargos; além de relevantes itens do chamado Custo
Brasil. Outras dimensões do ambiente de negócios também são fundamentais para
determinar tanto o nível de investimentos, quanto o nível da demanda, sendo um
exemplo a qualidade e a consistência do arcabouço jurídico-institucional e
regulatório. Se, por um lado, muitos desses fatores podem contribuir para o aumento
da eficiência e exercer pressão pela redução de custos, outros impõem custos não
gerenciáveis que pressionam preços e tarifas para cima. Tais custos encarecem e
oneram produtos e serviços sem que os ofertantes consigam atuar diretamente para
mitigá-los.

Em telecomunicações, relevantes temas se encontram em discussão no momento, no


âmbito do Plano Geral de Atualização da Regulamentação das Telecomunicações no
Brasil – PGR e no iminente PGR II. Sendo certo que a ordenação desses temas tem
efeitos encadeados sobre os passos seguintes, é natural que os agentes econômicos
que compõem o setor se vejam em compasso de espera, na expectativa de uma
sinalização de diretrizes e medidas regulatórias concretas que permitam a tomada de
decisão de investimentos que exigem longo prazo para maturação.

Adicionalmente, condições socioeconômicas afetam a forma pela qual os


consumidores conseguirão ter acesso aos serviços e, mais importante, em que nível
se dará sua fruição. Para segmentos corporativos e de mais alta renda, a demanda se
pauta mais pela necessidade e qualidade dos serviços do que pelo preço apenas
(razão pela qual a tecnologia se torna importante fator de competitividade).

Por outro lado, a disponibilização de oferta de serviços para as classes de renda mais
baixa carece de outras estratégias para viabilizar o acesso e uso dos serviços. Atender
ao segundo público não pode inviabilizar o atendimento do primeiro (por meio, por
exemplo, de metas não condizentes com investimentos sustentáveis no longo prazo).
Inviabilizar a oferta de serviços voltados para os maiores estratos de renda alijaria o
Brasil das fronteiras tecnológicas já existentes em outras economias, afetando, em
última instância, a competitividade da economia no mercado internacional.

O planejamento setorial não pode ocorrer de modo segmentado e estanque, sem que
se considerem as relações entre os diferentes serviços, cada vez mais relevantes por
conta da convergência entre plataformas e tecnologias que possibilitam a prestação de
um mesmo serviço por diferentes arranjos (Figura 2).

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Figura 2 – Integração e convergência entre tecnologias e serviços de
telecomunicações (a)

Internet 
MMDS, FWA, Spread Spectrum

ISP backhaul DTH e Satélite


headend / 
uplink 
roteador Wi-fi
WiMax, LTE/4G (rede local)

ISP
backhaul quadruple play
ERB/CCC
1G, 2G, 2,5G e 3G telefonia móvel
banda larga móvel
espectro de radiofrequência

ISP
backhaul triple play
central banda larga fixa
telefônica
backbone  (STFC)

telefonia fixa double play


ISP
backhaul

TUP
tv por assinatura
headend 
cabo coaxial (antena)

redes físicas de transporte “última milha”


subestação /
concentrador Rede de telefonia local - telefonia fixa e DSL 
rede de telefonia fixa (STFC)

rede de serviço a cabo (TVC) cabo coaxial - TV, telefonia e Internet a cabo 

rede de transmissão do sistema elétrico rede elétrica local - energia e PLC/BPL

exploração industrial de linha dedicada (EILD) outras redes: FTTH (fibra), HFC (fibra/coaxial)
Elaboração: LCA

(a)
Os ANEXOS e o Glossário apresentam as características e definições dos termos apresentados nesta
figura, de acordo com serviço.

O dinamismo tecnológico impõe ao setor grandes


A extensão e capilaridade da rede do
desafios demandando, da parte do poder público,
STFC precisam ser aproveitadas
um marco regulatório que assegure a estabilidade
para expansão de serviços de maior
e a segurança essenciais para atrair os
valor agregado como forma de
volumosos recursos necessários para afastar a otimizar a infraestrutura e baratear o
obsolescência e, ao mesmo tempo, que garanta acesso aos serviços. Porém, o tema
flexibilidade e capacidade de adaptação às novas da reversibilidade inibe investimentos
realidades de mercado impostas pela evolução em torno de modernização das redes
tecnológica. e infraestruturas associadas.

Nesse contexto, são vários os desafios atuais para cada modalidade de serviço de
telecomunicações.

Para o STFC, o desafio maior consiste em agregar valor ao serviço, de forma a


otimizar o uso da rede em um cenário convergente, dada a elevada capilaridade de
sua infraestrutura em território nacional.

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Atualmente, verifica-se um conjunto de impedimentos e incertezas regulatórias quanto
ao uso da rede do STFC para outros serviços. A instalação de fibras óticas, por
exemplo, amplia as possibilidades de oferta de serviços, com maior capacidade,
velocidade e qualidade no atendimento. Contudo, incertezas quanto ao tratamento
da reversibilidade de ativos criam um cenário inibidor de investimentos.

Para o SMP, a questão principal é como


dispor de infraestrutura para expansão dos SMP apresenta alta rivalidade,

serviços em condições de ampliar o uso e não intensificada ainda mais com o desenho
adotado para o leilão da Banda H e a
apenas o acesso? Ou seja, como criar
permissão para MVNO. O modelo atual
condições para simultaneamente ampliar o
para disponibilização de espectro prioriza
uso, por meio de serviços mais acessíveis
o pagamento pela infraestrutura, indo em
mas sem comprometer a rentabilização dos
direção contrária aos propósitos da
investimentos -– que precisam ser mantidos massificação do serviço.
constantemente em patamar elevado, para
que se acompanhe os avanços tecnológicos do setor?

As dimensões e características geográficas do território brasileiro tornam o acesso aos


serviços de comunicação por meio do espectro como sendo, muitas vezes, a única
alternativa tecnológica economicamente viável e/ou tecnicamente possível. Um
modelo de disponibilização do espectro em linha com o propósito da massificação é,
portanto, variável fundamental para que tal propósito seja possível.

Para a banda larga, como compatibilizar a


Banda larga apresenta enormes desafios
ampliação do uso do serviço pela maior
em termos de massificação que
parcela possível da população sem alijar o
ultrapassam esforço do setor de
país da possibilidade de contar com serviços
telecomunicações (capacitação e
de alta capacidade para consumidores que terminais de acesso, por exemplo). Exige
encontram na tecnologia relevante fator de que desenho de política pública
competitividade em suas atividades contemple otimização de investimentos
econômicas? Como compatibilizar isso com o públicos e privados.
fato de que a grande maioria da população brasileira não conta sequer com
equipamentos e capacitação mínima para usufruir dos serviços?

A superação desses desafios envolve ações que passam pelas três esferas
destacadas na Figura 1. Para além da coerência com a Figura 1, as proposições
precisam atentar para as características da Figura 2, de forma que o marco regulatório
não privilegie, penalize ou restrinja uma determinada tecnologia, sob pena de se

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inaugurar um regulamento já obsoleto ou incapaz de se adaptar ao dinamismo
marcante do setor.

A regulação também precisa atrair recursos privados, dada a exigência crescente e


contínua de investimentos, complementados por recursos públicos, para que o
setor possa desempenhar sua função de inclusão social e de vetor de implementação
de políticas públicas.

Para tanto, mostra-se necessário não só garantir a atratividade dos investimentos


privados no setor, mas também estimular a demanda, ao longo do tempo – dados
os esforços significativos e permanentes de expansão dos serviços e modernização
tecnológica das respectivas redes.

MODELO DE GAPs

Ampliar o acesso aos serviços implica a necessidade de ações governamentais que


desonerem e facilitem investimentos em infraestrutura e, ao mesmo tempo, incentivem
a demanda. Isso viabiliza a ampliação da oferta, mediante disponibilização de
infraestrutura (backbone, backhaul e última milha) em todo território nacional, de forma
sustentável. O próprio mercado, ao se expandir junto com a oferta, oferecerá
condições de retorno para a manutenção dos investimentos de forma continuada.

As regiões brasileiras apresentam características específicas, tanto pelas condições


socioeconômicas quanto geográficas e de infraestrutura já instalada. Tais
características devem ser levadas em consideração no planejamento setorial para que
haja a otimização de esforços públicos e privados.

É possível analisar essas dimensões com o uso do Modelo de Gaps, desenvolvido


pelo Banco Mundial3. Tal metodologia permite mapear áreas de acordo com carências
socioeconômicas e de infraestrutura disponível. A figura abaixo apresenta, de forma
esquemática, a essência dessa metodologia.

3 Juan Navas-Sabater et al., Telecommunications and Information Services for the Poor: Toward a Strategy for
Universal Access, The World Bank Discussion Paper No. 432, 2002. Disponível em: http://rru.worldbank.org/Papers
Links/Universal-Service/. Acesso em 03/03/2010.

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Figura 3 – Metodologia do Modelo de Gaps

Diferentes áreas necessitam de


distintas ações.

Mapear adequadamente as
necessidades de cada região,
em termos de oferta e
demanda, é fundamental para
que esforços públicos e
privados sejam otimizados por
meio da eleição dos melhores
instrumentos de incentivo em
cada situação.

Elaboração: LCA.

Em termos de melhores práticas, o modelo do Banco Mundial, consagrado pela


experiência internacional, recomenda – para além de medidas voltadas à
otimização do marco legal e regulatório – a combinação de fundos públicos de
acesso (estimulo à expansão da oferta/infraestrutura) com políticas voltadas
especificamente para o estímulo da demanda (desoneração tributária, subsídios
diretos ou indiretos ao consumo do serviço). Segue alguns exemplos de diretrizes
apresentadas:

ƒ Liderança do programa de massificação por parte da iniciativa privada;


ƒ Atualização e flexibilização do marco legal e regulatório em consonância
com o processo de mudança tecnológica e evolução das condições de
mercado;
ƒ Utilização de fundos públicos para estimular investimento privado em
expansão da oferta do serviço (infraestrutura de backbone e backhaul) e
subsídio ao consumo de parcela da população (principalmente, populações de
baixa renda);
ƒ Implantação de mecanismos que vinculem investimentos em infraestrutura a
metas de cobertura (domicílios, órgãos públicos etc.) e condições
mínimas de atendimento do serviço (capacidade e velocidade);
ƒ Outras iniciativas, através de parcerias público-privadas;

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Com vistas a aplicar o modelo teórico ao Brasil, foram criados critérios para a
classificação dos municípios brasileiros com relação à demanda e oferta de serviços
de banda larga.

Elegeu-se banda larga como principal serviço de análise visto que, no atual cenário de
convergência, expandir tal serviço tem reflexos nos demais. Além disso, dado o
momento de formulação do Plano Nacional de Banda Larga junto ao Governo, o
presente trabalho espera trazer contribuições à sua elaboração.

A escolha pela utilização de dados municipais se justifica por ser a menor área
geográfica para qual existem dados públicos que podem ser utilizados como forma de
identificar a infraestrutura instalada e o potencial de demanda. Todavia, é certo que
um maior nível de granulidade das informações tornaria mais precisa a classificação
de regiões geográficas segundo as dimensões consideradas pela metodologia4.

Para classificar os municípios pelo critério da demanda, foi utilizado um indicador com
base no índice de desenvolvimento humano municipal (IDHM)5, calculado pelo PNUD6
com dados do CENSO de 20007. Foi dado peso de 80% para o IDH Renda e 20% para
o IDH Educação, sendo excluída a dimensão de saúde.

O cálculo do indicador de infraestrutura também leva em consideração duas


dimensões: o número de plataformas tecnológicas existentes e a velocidade dos
acessos de banda larga fixa no município.

Cada indicador foi normalizado entre 0 e 10 e, a partir dessa métrica, os municípios


foram classificados entre cinco diferentes áreas8, buscando-se reproduzir o esquema
da Figura 3. Sendo assim, a classificação é relativa e, portanto, deve ser interpretada
com reservas. A figura abaixo representa a distribuição dos municípios brasileiros de
acordo com a metodologia explicitada, ao lado são apresentadas algumas estatísticas
descritivas de cada área.

4 Essa limitação, em termos práticos, faz com que as regiões geográficas sejam classificadas sempre em
consonância com o município da qual fazem parte, mesmo que suas características possibilitassem outra
classificação (esse pode ser é o caso de bairros pobres em municípios de alta renda, por exemplo). Ou
seja, a metodologia considera que as áreas sejam homogêneas porém é sabido que pode haver regiões
com características de “áreas brancas” mesmo estando localizadas em “áreas pretas”.

5 O IDH utiliza três dimensões em seu cômputo: saúde, renda e educação, todas com o mesmo peso.

6 Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento.

7 Para atualizar as informações, foi utilizada a variação dos indicadores estaduais, aplicados aos
municípios, calculados a partir de dados da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios, do IBGE.

8 Para cada um dos eixos Entre 0 e 2 o município é classificado como branco, entre 2 e 4 como cinza
claro, entre 4 e 6 como cinza, entre 6 e 8 como cinza escuro e entre 8 e 10 como preto.

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Gráfico 1 – Distribuição dos municípios brasileiros

220 Municípios
1,9 milhões de hab. (1,0%)
renda per capita: R$ 3,7 mil

2220 Municípios
27,3 milhões de hab. (14,3%)
renda per capita: R$ 5 mil

2645 Municípios
55,0 milhões de hab. (28,9%)
renda per capita: R$ 11,2 mil

462 Municípios
60,6 milhões de hab. (31,8%)
renda per capita: R$ 17,9 mil

45 Municípios
45,8 milhões de hab. (24,0%)
renda per capita: R$ 26,5 mil

Elaboração: LCA.

As diferenças socioeconômicas e de infraestrutura afetam as condições de oferta do


serviço de banda larga, impactando, por exemplo, o custo e o tempo de retorno dos
investimentos. Na figura abaixo, ilustra-se um exercício em que são consideradas
premissas de oferta de serviço e seu correspondente impacto no tempo de retorno
(payback) do investimento (CAPEX). A depender das características socioeconômicas
e de infraestrutura disponível, o tempo de payback pode variar desde 14 anos a mais
de 90 anos – sob as mesmas hipóteses de oferta do serviço.

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Gráfico 2 – Cenários para o tempo de retorno de investimentos em banda larga

Fonte: informações disponibilizadas pelo SINDITELEBRASIL. Elaboração: LCA.

As ações e investimentos devem ser direcionados de forma a suprir carências


específicas de cada região, para que haja otimização de esforços e recursos. O mapa
de Gaps oferece um guia para esse direcionamento.

Figura 4 – Mapa de Gaps

Elaboração: LCA.

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 15


A partir de uma adaptação desta metodologia para o caso brasileiro, foram definidos
cenários para expansão para o serviço de banda larga em 2014 e em 2020,
detalhados a seguir.

CENÁRIOS: 2014 e 2020

Com base em um conjunto de premissas sobre níveis futuros de penetração,


velocidade de acesso (banda larga fixa) e tecnologia (banda larga móvel), foram
definidos dois cenários para o atendimento do serviço: o Cenário sem Alavancas,
que considera a manutenção da trajetória histórica de expansão do serviço, e o
Cenário Referenciado, que acomoda hipóteses mais agressivas, com vistas à
convergência internacional.

O Cenário sem Alavancas pode ser decomposto em quatro alavancas:

i) Crescimento demográfico: com o crescimento populacional são precisos


novos acessos para manter o mesmo nível de penetração (acesso por
100 habitantes);

ii) Evolução do IDH municipal9 – na medida em que os municípios se


desenvolvem, o padrão de consumo de seus habitantes se altera,
inclusive no que se refere ao consumo do serviço de banda larga;

iii) Tendência temporal – outros aspectos, além do crescimento


demográfico e evolução do IDH, também afetam a penetração do
serviço ao longo do tempo, como hábitos e preferências de consumo,
preços e aspectos tecnológicos;

iv) Interação entre os efeitos – os efeitos acima elencados se reforçam


mutuamente, o que impulsionada ainda mais o setor.

A figura abaixo decompõe o papel de cada uma dessas alavancas no cenário sem
alavancas para os anos 2014 e 2020. Em ambos o papel da tendência temporal é o
mais representativo.

9 A projeção do IDH modificado (sem longevidade, considerando-se apenas renda e escolaridade) foi
realizada a partir de Asher, Jana; Daponte, Beth Osborne (September 2010). "A hypothetical Cohort
Model of Human Development". Human Development Research Paper 2010/40. United Nations
Development Programme. p. 40–42 Disponível em: http://hdr.undp.org/en/reports/global/hdr2010/papers
/HDRP_2010_40.pdf; Acesso em 01/05/2011

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 16


Gráfico 3 – Decomposição do Cenário sem Alavancas

Elaboração: LCA.

Em termos de velocidade de acesso em banda larga fixa, o Cenário sem Alavancas


considera o histórico de acessos por velocidade (de 2001 a 2010) para estimar um
“ciclo” evolutivo natural de adoção de cada velocidade, de modo que velocidades
menores são progressivamente preteridas em prol de acessos mais velozes, ao longo
dos anos. Considerou-se que esta dinâmica e a participação de cada velocidade no
conjunto de acessos, apresentam-se de forma distinta de acordo com o perfil de
consumo e poder de compra associados a cada área.

O Cenário Referenciado, por sua vez, tem por base os indicadores de penetração do
serviço para países selecionados (dados da União Internacional de Telecomunicações
– UIT – do inglês, International Telecommunication Union – ITU) para a definição de
hipóteses de evolução dos acessos. No caso, considerou-se que o número de acessos
fixos e móveis por habitante no Brasil deverá atingir patamares de penetração
atualmente apresentados por países mais desenvolvidos. A maior saturação destes
mercados na próxima década, aliada à massificação do acesso no Brasil, colaboraria
para a redução tanto das disparidades regionais (internas) quanto da distância que
separa o padrão de consumo e acesso brasileiro e o de países da Ásia/OCDE.

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 17


Gráfico 4 – Posição relativa do Brasil
120
Acessos Fixos + Móveis/100 habitantes
100

74.3 
Referenciado Inercial
80

46.7 
60

40

21.5 
20

Venezuela
Alemanha

Argentina
Noruega
Brasil (2020) - Referenciado

Argélia
Rússia
China

India
Portugal
Holanda

França
Estados Unidos

República Checa

Turquia
México
Reino Unido

Bélgica
Espanha

Malásia

África do Sul
Cingapura

Suécia

Dinamarca

Grécia

Canadá

Polônia

Colômbia
Japão

Austrália

Brasil (2020) - Inercial

Hungria

Chile
Itália
Coréia do Sul

Tailândia
Brasil (2011)
Fonte: UIT. Elaboração: LCA.

O Cenário Referenciado também considera a estipulação de velocidades mínimas


para banda larga fixa, de forma compatível com as condições atuais e futuras de
penetração do serviço em cada área, balizadas por metas de velocidade mínima
observadas nos planos nacionais de banda larga atualmente em curso nos Estados
Unidos e na União Europeia.

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 18


Gráfico 5 – Penetração de banda larga e velocidade de banda larga fixa – cenários

Elaboração: LCA.* Segundo dados UIT (2009).

O Cenário sem Alavancas apresenta um crescimento de penetração de 152,4% entre


2011 e 2020 (partindo de 18,5 para 46,7 acessos fixos e móveis para cada 100
habitantes), associado a um mercado 127,8% maior (96,8 milhões de acessos). A
velocidade de acesso seria ampliada, inercialmente, elevando a proporção de acessos
realizados acima de 2 Mbps de 27,1% para 72,3%. Para instalar os acessos adicionais
e custear o pagamento com outorgas, foi estimado um investimento de R$ 59,9
bilhões até 2020. Esse valor considera exclusivamente CAPEX e assume 20% de
investimento adicional com outorgas (média histórica).

O Cenário Referenciado, por sua vez, está associado a um crescimento de 301,6%


da penetração (para 74,3 acessos fixos e móveis por 100 habitantes), equivalente a
um mercado de banda larga fixa e móvel de 154,0 milhões de acessos. Este volume
de acessos será realizado em sua grande maioria a velocidades acima de 12 Mbps,
graças a estipulação de velocidades mínimas de oferta de serviço, por área, o que
demandaria um investimento de R$ 144,6 bilhões, ao longo dos próximos 10 anos
(141,4% maior que o previsto pelo Cenário sem Alavancas), para instalação de
acessos, ampliação de capacidade e velocidade das redes. Esse valor considera
exclusivamente estimativas para CAPEX.

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 19


Gráfico 6 – Acessos e investimento – cenários

Elaboração: LCA. * Considera 20% de investimento adicional com outorgas.

Em termos de desempenho por área, o Cenário


Os cenários de expansão do
Referenciado tem como objetivo reduzir a distância (o
serviço de banda larga
GAP) entre áreas pretas, de alto consumo e maior
contemplam redução das
disponibilidade de infraestrutura, e áreas brancas, carente diferenças entre as áreas. A
em diversas dimensões socioeconômicas (renda, distância de penetração entre
educação) que dificultam a expansão e o consumo de as áreas preta e branca deve
serviços em suas regiões. Neste sentido, o cenário prevê passar de 54 vezes (2011) para
uma expansão do serviço nas áreas pretas de forma a 3,2 vezes (2020) no cenário

atingir patamares de acesso e velocidade compatíveis com Referenciado.

países desenvolvidos (a um custo médio de R$ 1.020 por acesso adicional), enquanto a


área branca recebe um investimento médio por acesso ainda maior (média de R$ 2.369
por acesso adicional), para reduzir progressivamente a distância entre as áreas.

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 20


Gráfico 7 – Penetração de banda larga e velocidade de banda larga fixa – áreas
branca e preta – cenários

Penetração de Banda Larga  Velocidade  CAPEX médio


Acessos Fixos + Móveis/100 habitantes (por área) BL Fixa (%)  (R$ por acesso 
2-12 > 12
adicional)
< 512 512K a
Kbps 2 Mbps Mbps Mbps

Área Preta 
47,1 18,0
2011 32,8 17,3 17,7

100
1.013
Cenário 61,4 97,6 
Com Alavancas (+87,2%) (+197,5%) 0 0 0

2014 2020
Área Branca  57,0
39,7
0,6
2011 3,3
0

90,2
2.369
Cenário
12,9 30,4 (+196,9%)
Com Alavancas (+2.050%) (+4.967%)
0
5,7 4,1

2014 2020

Elaboração: LCA.

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 21


PROPOSIÇÕES: AÇÕES PARA MASSIFICAÇÃO DOS
SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÃO

A seguir apresentam-se as sugestões de ações, divididas por incentivos à demanda e


estímulos à expansão da infraestrutura, mapeadas segundo as áreas em que mais se
aplicam.

Incentivos à Demanda: ações direcionadas à redução de custo do serviço e


ampliação do mercado consumidor

Figura 5 – Incentivos à Demanda

Acessos coletivos
Expansão de Telecentros e apoio
a lanhouses (com subsídio)

Subsídio direto para público elegível


(cadastro único) – Utilização de Fundos
Setoriais

Financiamento de terminais de acesso e “terminais 


conectados”

Demanda Pública  e Soluções Completas com TICs (serviços básicos e cidadania)


Desoneração tributária  dos Serviços (ICMS, IPI, PIS/ Cofins)

Alta Renda Baixa Renda

Elaboração: LCA.

Estímulos à Expansão da Infraestrutura: ações voltadas para a expansão e


modernização das redes, aumento da velocidade e capacidade de atendimento

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 22


Figura 6 – Ações de incentivo à infraestrutura

Recursos públicos 
(recursos diretos, financiamento
e infraestrutura) para expansão
da oferta dos serviços

Desoneração de
equipamentos , materiais e Aplicação de fundos setoriais
serviços de instalação de
fibra óptica e rádio
Disponibilização Imediata de Espectro (700 MHz – 2,5 GHz); PLC 116
Transparência e redução do Risco Regulatório; Flexibilização regulatória;
Restrições ambientais e urbanísticas; Direitos de passagem e de uso do solo
Condições para redução de CAPEX o OPEX (oferta de pacotes de serviços - bundles)
Muita 
Pouca Infraestrutura
Infraestrutura

Elaboração: LCA.

Massificar o serviço de banda larga no Brasil é possível, com grande esforço de


investimento. Para otimizar a aplicação de recursos, é preciso que as ações sejam
mapeadas de forma a respeitar as diferentes
Ações públicas e privadas
características geográficas e socioeconômicas do Brasil.
devem estar alinhadas com o
Aplicando-se a metodologia de Gaps do Banco Mundial objetivo comum de
ao caso brasileiro, identificam-se cinco “países” distintos. massificação

Proposições elencadas no trabalho permitem a Mecanismos de atratividade:

promoção de um ambiente de negócios favorável à incentivo a investimentos e


viabilidade para a oferta dos
expansão de investimentos, atraindo mais recursos para
serviços
o setor e viabilizando a oferta de serviços.

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 23


1. INTRODUÇÃO

Este trabalho foi solicitado à LCA pelo SINDITELEBRASIL com o objetivo de, a partir
de um diagnóstico do setor de telecomunicações no Brasil e a definição de cenários
para expansão de banda larga até 2020, definir um conjunto de ações que possibilite a
atração de investimentos e a ampliação da oferta de forma condizente com os
cenários de demanda definidos.

Elegeu-se o serviço de banda larga como o principal tema do estudo visto que, no
atual cenário convergente, espera-se que ao expandir o serviço de banda larga no
Brasil os demais serviços de telecomunicações também sejam beneficiados. Antes,
ainda, a expansão da banda larga passa, obrigatoriamente, pelo desenvolvimento dos
demais serviços.

O presente trabalho é composto por cinco seções, incluindo esta Introdução. A seção
seguinte apresenta o contexto e perspectivas da economia brasileira, tanto em relação
ao ambiente institucional, como aspectos conjunturais, com especial atenção dada ao
mercado consumidor.

O Brasil experimentou expressivo crescimento da massa de renda, com melhor


distribuição, ao longo dos últimos anos. Um dos efeitos desse desenvolvimento é o
aumento da demanda das famílias por bens e serviços, em geral, inclusive por
serviços de telecomunicações.

Entretanto há entraves para que os serviços de telecomunicações tenham expansão


ainda mais expressiva, sobre os quais as empresas do setor têm limitada capacidade
de ação, como a elevada carga tributária e taxas de juros que oneram investimentos e
serviços. Ademais, há alguns entraves para serviços específicos, por exemplo, a
indisponibilidade de terminais individuais para acesso limita a expansão da demanda
por banda larga.

Dentro do contexto econômico e institucional brasileiro é que se desenvolve o setor de


telecomunicações. A seção terceira apresenta as características gerais do setor,
descrevendo a situação atual e principais desafios. A análise também é feita de forma
segregada, para o STFC, SMP e serviço de banda larga.

Muito já se avançou no setor de telecomunicações. Para que mais serviços possam


ser disponibilizados, com maior qualidade, a um número crescente de usuários, é

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 24


preciso construir uma estrutura de incentivos alinhada entre agentes públicos (Federal,
Estadual e Municipal) e privados (investidores e consumidores).

O planejamento setorial não pode ocorrer de modo segmentado e estanque, sem que
se considerem as relações entre os diferentes serviços, cada vez mais relevantes por
conta da convergência entre plataformas e tecnologias que possibilitam a prestação de
um mesmo serviço por diferentes arranjos.

A quarta seção apresenta a metodologia de GAPs, desenvolvida pelo Banco Mundial,


como forma de nortear políticas de massificação de serviços considerados prioritários.
O modelo tem como premissa básica que diferentes áreas necessitam de ações
específicas, a depender de suas características particulares. Duas dimensões são
utilizadas para definir essas particularidades, demanda e oferta.

A partir do arcabouço apresentado foi feita uma aplicação para o serviço de banda
larga no Brasil, que deu suporte à elaboração de cenários de penetração e seu custo
associado.

Posteriormente, na seção quinta, são apresentadas sugestões de ações que podem


impulsionar o desenvolvimento do setor, divididas por incentivos à demanda e
estímulos à expansão da infraestrutura, mapeadas segundo as áreas em que mais se
aplicam. As políticas apresentadas buscam estimular a demanda e investimento,
criando-se uma estrutura de incentivos comum às ações públicas e privadas,
promovendo um ambiente de negócios propício à ampliação de recursos destinados
ao setor.

Este trabalho deu suporte à apresentação da LCA no 55o Painel Telebrasil – 01 e 02


de junho de 2011em Brasília, compondo etapa de trabalho em elaboração pela LCA
em conjunto com o SINDITELEBRASIL.

Os subsídios para o melhor desenho das políticas a serem desenvolvidas depende da


compreensão e alinhamento das posições de diferentes agentes, como Ministério das
Comunicações, ANATEL e empresas do setor. As ações sugeridas nesse trabalho
deverão ser detalhadas a partir do aprofundamento das discussões realizadas após o
evento.

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 25


2. Condicionantes da economia brasileira:
evolução e perspectivas

2.1 Aspectos Macroeconômicos da Economia Brasileira


Brasil apresenta crescimento econômico consistente nos últimos anos,
com sólidos fundamentos macroeconômicos.

Nos últimos anos, excluindo-se o ano logo após a eclosão da crise econômica nos
EUA em setembro de 200810, o crescimento da economia brasileira tem sido
consistente. O crescimento médio no triênio 2006-2008 foi de 5,5% a.a. e a
recuperação de outubro de 2009 a dezembro de 2010 teve um crescimento médio de
7,0% a.a (Gráfico 8).

Gráfico 8 – Crescimento real do PIB brasileiro (%)


10,0
9,3 9,2

8,0
7,1
6,7 6,77,0
6,2 6,3 6,1
6,4 6,4 6,5
6,1
6,0 5,5 5,1 5,0 5,0
4,7 4,8
4,2 4,2 4,3 4,3
4,0
3,3

2,3
2,1 2,1 1,9
2,0
0,9 0,9 0,8
0,6

0,0
out/03

out/04

out/05

out/06

out/07

out/08

out/09

out/10
abr/03

jul/03

abr/04

jul/04

abr/05

jul/05

abr/06

jul/06

abr/07

jul/07

abr/08

jul/08

abr/09

jul/09

abr/10

jul/10
jan/03

jan/04

jan/05

jan/06

jan/07

jan/08

jan/09

jan/10

-2,0 -1,7 -1,8

-2,8
-3,0
-4,0

Fonte: IBGE. Elaboração: LCA.

Após uma inflação de aproximadamente 15% em 2003, a economia estabilizou-se


numa média de 5,3% a.a. entre 2004 e 2010, um pouco acima da média mundial de
3,9% a.a. no período (Gráfico 9).

10 De outubro de 2008 a setembro de 2009 a economia brasileira apresentou recuo de -1,7%.

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 26


Gráfico 9 – Inflação (Preço Médio ao Consumidor – %) (a)
16,0

14,0

12,0

10,0

8,0

6,0

4,0

2,0

0,0
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
-2,0
Argentina Brasil Chile China Rússia EUA

Fonte: World Economic Outlook Database, outubro de 2010 (Disponível em: http://www.imf.org/external/
pubs/ft/weo/2010/02/weodata/index.aspx, acesso em 22/03/2011). Elaboração: LCA.
(a)
Crescimento de 2010 estimado.

Como contrapartida da estabilidade e da contenção da inflação através do sistema


de metas, o País continua tendo uma das mais altas taxas de juros reais do mundo
(Gráfico 10).

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 27


Gráfico 10 – Taxas reais básicas de juros de países selecionados - médias de
janeiro a dezembro de 2010

0,05
3,86%
0,04
0,03
0,02
0,01 0,72%
0,10%
0
-0,01
-0,70%
-1,08% -1,13% -1,19%
-0,02 -1,55%
-0,03
-0,04
-3,68%
-4,07%
-0,05

Fonte: Índice de preços ao consumidor: FMI e Bloomberg; Taxas de juros mundiais – Target Rate: Banco
Mundial. Elaboração LCA.

Esse quadro, para além de encarecer investimentos, valoriza a moeda nacional visto
que a alta rentabilidade proporcionada pela renda fixa no País atrai investidores
estrangeiros (Gráfico 11).

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 28


Gráfico 11 – Taxa Cambial: Nominal x Efetiva (a) (Câmbio efetivo: jan/00 = 100)

4,00 200

180
3,50
Nominal Ef etiva*
160
3,00

140

2,50
120

2,00
100

1,50 80
out/03

out/04

out/05

out/06

out/07

out/08

out/09

out/10
abr/03
jul/03

abr/04
jul/04

abr/05
jul/05

abr/06
jul/06

abr/07
jul/07

abr/08
jul/08

abr/09
jul/09

abr/10
jul/10
jan/03

jan/04

jan/05

jan/06

jan/07

jan/08

jan/09

jan/10

jan/11
Fonte: Bloomberg e MDIC para elaboração da taxa efetiva. Elaboração: LCA.
(a)
Taxa de Câmbio Efetiva no eixo secundário. Cesta com 23 países: EUA, Canadá, México, Alemanha,
Bélgica-Luxemburgo, Espanha, França, Itália, Países-Baixos, Reino Unido, Argentina, Uruguai, Paraguai,
Chile, Venezuela, Japão, China, Coreia do Sul, Taiwan, Hong-kong, Austrália, Rússia e Índia.

A recuperação econômica desde a crise


de final de 2008 vem ocorrendo em ritmos Ranking das maiores economias

diversos a depender da situação de cada Posição 2010


País. No caso brasileiro, o crescimento se 1º EUA
mostra consistente e sem recaídas, 2º China
indicando uma perspectiva otimista para o 3º Japão
4º Alemanha
Brasil, que se encontra em posição
5º França
privilegiada como emergente.
6º Reino Unido
7º Brasil
Em 2010, segundo o ranking das maiores
8º Itália
economias do mundo11, o Brasil ocupou a
Fonte: bancos, Bloomberg, institutos nacionais de
7ª posição, atrás apenas de EUA, China, estatísticas, estimativas do mercado apud Folha de
São Paulo. Matéria do dia 11/03/2011. Informações
Japão, Alemanha, França e Reino Unido. disponíveis em:
<http://www1.folha.uol.com.br/mercado/8872 06-
china-deve-superar-pib-dos-eua-ate-2020.shtml>.
Acesso em: 18/03/2011 Elaboração: LCA.

11 Matéria do dia 11/03/2011. Informações disponíveis em: <http://www1.folha.uol.com.br/mercado/887206-china-deve-


superar-pib-dos-eua-ate-2020.shtml>. Acesso em: 18/03/2011.

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 29


Gráfico 12 – Crescimento real do PIB – Brasil – 2011 a 2020 – (%)
6,0

5,0 4,6 4,6


4,5 4,5 4,5 4,4
4,4 4,3
4,0
4,0
3,4

3,0

2,0

1,0

0,0
2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020

Fonte: IBGE. Elaboração: LCA.

O Brasil cresce, com estabilidade monetária, às custas de elevada taxa de juros que
onera investimento e atrai recursos externos. Estes, por sua vez, acabam por valorizar
o Real frente ao dólar. As perspectivas de crescimento econômico se mantém para os
próximos anos, como mostra o gráfico acima, que apresenta a evolução do PIB
brasileiro segundo estimativas da LCA.

A seguir, apresentam-se indicadores dos efeitos desse panorama macroeconômico no


mercado consumidor brasileiro e, na sequência, no ambiente de negócios para
investimentos.

2.2 Mercado consumidor brasileiro

2.2.1 Distribuição de Renda


Incrementos de renda dos brasileiros pertencentes A renda real anual do
às diferentes classes geram relevante massa brasileiro subiu, em média,
consumidora.
de R$ 11,7 mil em 2003
A renda dos brasileiros vem crescendo de forma sustentada para aproximadamente
nos últimos anos. Segundo dados da Pesquisa Mensal de R$14 mil em 2010.

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 30


Emprego (PME)12, a massa de renda real13 cresceu 47% entre 2003 e 2010, passando
de R$ 1,1 trilhão para R$ 1,6 trilhão, incremento médio anual de R$ 58 bilhões.

A projeção da massa de renda real anual para os próximos anos indica que essa
tendência de crescimento se mantém. Entre 2011 e 2016 a massa de renda real anual
deverá crescer, em média, R$ 79 bilhões ao ano, chegando a R$ 2,1 trilhões, como
mostra o gráfico abaixo.

Gráfico 13 – Massa de renda real – R$ bilhões

2.511
Crescimento de 122,68% 2.410
2.313
2.226
2.142
2.064
1.983
1.904
1.824
1.728
1.665
1.557
1.491
1.415
1.339
1.261
1.199
1.133

2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020

Fonte: PME e PNAD. Elaboração e Projeção: LCA.

Para analisar o impacto que o crescimento da renda terá sobre o consumo, também é
importante compreender de que maneira este é distribuído entre as camadas sociais.
Como os indivíduos de menor renda tendem a consumir uma parcela maior de seu
orçamento (maior propensão marginal a consumir), um crescimento de renda dessa
parcela da população deve estimular o consumo mais acentuadamente.

Nesse contexto, vale ressaltar que a massa de renda real das classes mais baixas
foram as que apresentaram o maior crescimento no período: entre 2003 e 2010 a

12 A PME é realizada pelo IBGE em seis regiões metropolitanas: Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro,
Salvador e São Paulo. Os dados mostrados no presente trabalho são calibrados pela PNAD para refletir informações
do Brasil como um todo, e não apenas dessas seis regiões.

13 Os dados se referem à massa de renda dos ocupados (renda do trabalho + previdência).

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 31


massa de renda real na classe C cresceu 43%, e nas classes E/D 64%, contra um
crescimento de 34% observado nas classes A/B14 (Gráfico 15).

Entre 2010 e 2020, o crescimento da massa de renda real entre as classes mais
pobres deve continuar em ritmo mais acelerado. Segundo projeções da LCA a massa
de renda real deve crescer 73% nas classes D/E, 52% na classe C, e 42% nas classes
A/B (Gráfico 15).

Gráfico 14 – Crescimento da massa de renda real – R$ bilhões

2.511
Entre 2002 e 2010, o Brasil
1.983 experimentou um
1.665 crescimento da massa real
de renda de 40,3%.
1.187
Fonte: PME e PNAD.
Elaboração e Projeção : LCA.

2002 2010 2014 (P) 2020 (P)

Fonte: Elaboração e Projeção: LCA.

14 Os critérios da LCA utilizados na determinação das classes são os seguintes: classes A/B são os 29% mais ricos,
classe C os 33% seguintes e as classes D/E os 38% de menor renda.

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 32


Gráfico 15 – Crescimento da massa de renda real por classe – R$ bilhões

80
75
70 Crescimento da massa
64
60
real de renda das classes
52 D/E supera em quase 2x a
50
43 43 evolução das classes A/B
40
33 Fonte: PME e PNAD.
30 Elaboração e Projeção: LCA .

20

10

0
Classes A e B Classe C Classes D e E
2002 -2010 2010 -2020

Fonte: Elaboração e Projeção: LCA.

Com isso, o índice de desigualdade de renda (Gini)15 caiu de 0,58 para 0,54 entre 2003
e 2009.

Entre os principais fatores responsáveis por essa dinâmica na renda brasileira, está a
criação e expansão de programas como o Bolsa Família. Em 2010 o programa Bolsa
Família atendeu aproximadamente 13 milhões de famílias, e concedeu quase R$ 15
bilhões em benefícios (Gráfico 16).

15 “Mede o grau de desigualdade na distribuição da renda domiciliar per capita entre os indivíduos. Seu valor pode
variar teoricamente desde 0, quando não há desigualdade (as rendas de todos os indivíduos têm o mesmo valor), até
1, quando a desigualdade é máxima (apenas um indivíduo detém toda a renda da sociedade e a renda de todos os
outros indivíduos é nula)”. Fonte: IPEA Data (Disponível em: http://www.ipeadata.gov.br/. Último acesso em
17/03/2011).

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 33


Gráfico 16 – Número de famílias beneficiadas e valor total dos benefícios
concedidos pelo Programa Bolsa Família
14.868
15.000
14.091
20,0
13.000

10.871
11.000
9.973
15,0

8.240 12,8 9.000


12,4
6.593 11,0 11,0
10,6 7.000
10,0
5.278 8,7
5.000
6,6

3.000
5,0

1.000

- -1.000

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010


Milhões de Famílias R$ Milhões

Fonte: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome disponível no IPEADATA (acesso em


21/03/2011). Elaboração: LCA.

O aumento real do salário mínimo ocorrido no período também contribuiu para a


melhoria na distribuição de renda. O salário mínimo apresentou ganho real próximo a
66,4% entre janeiro de 2003 e dezembro de 2010 (Gráfico 17).

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 34


Gráfico 17 – Salário mínimo real (jan/2003 –dez/2010) – em R$

600

500

400

300

200

100

0
jul-03

jul-04

jul-05

jul-06

jul-07

jul-08

jul-09

jul-10
jan-03

jan-04

jan-05

jan-06

jan-07

jan-08

jan-09

jan-10
Fonte: IPEA – Indicadores Macroeconômicos (acesso em ipeadata no dia 22/03/2011). Elaboração: LCA
Consultores
* Série em reais (R$) constantes do último mês, elaborada pelo IPEA, deflacionando-se o salário mínimo
nominal pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) do IBGE a partir de março de 1979. Para
períodos anteriores, os deflatores utilizados foram o IGPC-Mtb (jan/1948-mar/1979), o IPC-RJ/FGV
(jan/1944-jan/1948) e o IPC-SP/Fipe (jul/1940-jan/1944). O salário mínimo urbano foi instituído no Brasil
por decreto-lei do presidente Getúlio Vargas, durante a ditadura do Estado Novo, e começou a vigorar em
julho de 1940, com valores diferenciados entre estados e sub-regiões. Em 1943, foi incorporado à
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e, em 1963, foi estendido ao campo por meio do Estatuto do
Trabalhador Rural. Foi nacionalmente unificado em maio de 1984, mas, desde 2000, a Lei Complementar
103 permite que os estados fixem pisos estaduais superiores ao mínimo nacional. Os dados desta série
para o período em que a legislação federal definia faixas diversificadas referem-se sempre ao maior
salário mínimo vigente no país. Quanto ao período anterior à unificação (IPEADATA).

Como consequência do aumento do nível de renda, a cesta de consumo brasileira foi


ficando mais sofisticada ao longo do tempo, como apresenta a Pesquisa de
Orçamentos Familiares (POF), do IBGE (Tabela 1).

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 35


Tabela 1 – Posse de Bens Duráveis no Brasil – evolução de 1987/88 a 2008/09
Possui pelo menos um (%)
Tipo de Bem 1987/88 1995/96 2002/03 2008/09
Aparelhagem de Som 46,0 64,1 66,9 47,5
Aparelho de DVD n.d. n.d. 6,6 60,5
Ar Condicionado 6,5 8,7 11,2 8,1
Aspirador de Pó 22,7 22,1 19,3 6,9
Bicicleta 30,1 40,7 39,5 43,6
Carro 34,1 36,8 37,9 43,6
Computador Pessoal n.d. 7,0 22,3 21,6
Ferro 90,2 92,1 91,3 72,9
Fogão 98,7 99,3 99,3 96,7
Freezer 6,8 18,7 18,7 14,0
Liquidificador 83,7 84,8 85,6 85,5
Motocicleta 3,2 2,7 3,6 16,1
Refrigerador 87,7 91,2 94,4 89,8
Secadora de Roupas 4,1 9,8 7,0 2,4
TV a cores 57,5 83,2 93,4 91,6
TV preta e branca 57,5 25,7 5,9 2,0
Ventilador 52,7 64,9 68,3 62,5

Fonte: IBGE – POF. Elaboração: LCA com base no Working Paper 08/197 (FMI).

Alguns bens duráveis aumentaram sua penetração nos domicílios brasileiros. Exemplo
emblemático dessa alteração foi a evolução da penetração de aparelho de DVD entre
as POF 2002/2003 e 2008/2009, que aumentou em 54 pontos percentuais, enquanto
que TV preto e branco, por exemplo, teve queda significativa (55 pontos percentuais
entre 1987/88 e 2008/09).

A seguir, é feita uma análise mais específica sobre o consumo de serviços de


telecomunicações.

2.2.2 Consumo de serviços de Telecomunicações no Brasil


O objetivo desta seção é trazer elementos para compreender como diferentes
características de renda e geográficas estão associadas ao consumo de serviços de
Telecomunicações. Para tanto são utilizadas informações da Pesquisa de Orçamentos
Familiares 2008/2009 (POF) e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
(PNAD) dos anos 200816 e 2009, ambas realizadas pelo IBGE.

16 A utilização da PNAD de 2008, que não é a mais atual, se justifica porque há um questionário suplementar sobre
acesso à internet.

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 36


Consumo de serviços de Telecom no orçamento (POF 2008/2009)

A POF nos permite identificar os gastos familiares destinados aos serviços de


Telecomunicações17. Segundo os dados da pesquisa, as famílias brasileiras gastaram,
em média, R$ 5618 ao mês o que representou 1,8% de sua renda. É certo, entretanto,
que o consumo desse tipo de serviço varia de acordo com as classes de renda e
regiões geográficas.

A figura abaixo indica o consumo familiar médio de serviços de telecomunicações


entre os estados brasileiros. Nota-se que os estados nos quais o consumo desse tipo
de serviço é maior estão concentrados nas regiões Sul e Sudeste, Mato Grosso do Sul
e o Distrito Federal também se destacam. As famílias do Nordeste são as que menos
gastam com telecomunicações, dentre os sete estados com menor índice, seis se
situam na região, o outro é o Tocantins, da região Norte. Essa diferença regional pode
ser explicada, ao menos em parte, por diferenciais de renda e oferta dos serviços.

17 Serviços de telefonia fixa, móvel, TV a cabo e internet.

18 Valores em reais de dezembro de 2010.

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 37


Figura 7 – Gasto familiar médio de serviços de telecomunicações, por Estado –
2009

Fonte: POF/2008/2009. Elaboração: LCA.

A Tabela 2 mostra o gasto médio familiar com serviços de telecomunicação entre as


classes de renda e grandes regiões brasileiras. Como esperado, as classes A/B
gastam mais com tais serviços, com uma média nacional de R$ 144,00. As classes
D/E (gasto médio de R$ 11,00), segundo a POF, gastam 13 vezes menos que a fatia
com maior renda. No que diz respeito à questão regional, o Sudeste e Centro Oeste
são as regiões com maiores dispêndios, de R$ 73,00 e R$ 61,00, respectivamente.

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 38


Tabela 2– Gasto médio mensal com serviços de telecomunicação*

Classes D/E Classe C Classes A/B Total


Norte 9 27 116 36
Nordeste 9 27 134 31
Sudeste 11 34 154 73
Sul 13 32 124 60
Centro Oeste 17 36 150 61
Total 11 32 144 56
Fonte: POF 2008/2009. Elaboração: LCA.
*Valores atualizados até dezembro de 2010 pelo IPCA.

É de se esperar que a distribuição dos gastos com cada serviço de telecomunicações


também ocorra de forma distinta entre as regiões. As condições mínimas necessárias
para o consumo de telecomunicações não é homogênea entre os serviços. Consumir
o serviço de voz, por exemplo, requer baixo investimento em termos de equipamento
por parte do usuário bem como capacitação mínima para o seu uso. O mesmo não
ocorre com o serviço de acesso à internet, por exemplo. A seção a seguir analisa a
relação entre terminais de acesso e uso de internet no Brasil

Condições para conexão à internet: terminais de acesso

Capacitação e terminal de acesso são itens fundamentais para ampliar o uso do


serviço de acesso à internet no Brasil.

Segundo dados da PNAD, em 2009 35% dos domicílios brasileiros possuíam


19
computador . Este indicador foi de 9,5% para as classes D/E, de 30% na classe C e
70% nas camadas de maior renda.

Dentre os domicílios que possuíam microcomputador em 2009, cerca de 77% tinham


acesso à internet. Embora esse indicador variasse entre as classes de renda é
possível notar que, mesmo para as camadas mais pobres, o percentual é elevado
(59%). Isso reforça a análise de que a pequena penetração de computadores é
um dos maiores entraves para a utilização de internet no domicílio.
Adicionalmente, nota-se um aumento significativo da proporção dos acessos em
banda larga domiciliar, em 2001 os acessos rápidos representavam 9% do total e
saltaram para 81% em 2008. (Gráfico 18).

19 Também é possível o acesso à internet por outros meios, por exemplo, acessos móveis (modems 3G,
smartphones). Entretanto a PNAD não traz informações sobre o acesso de internet por esses outros meios.

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 39


Gráfico 18 – Penetração de computadores e computadores com acesso à
internet, por classe de renda20

Baixa penetração de 
computadores afeta conexão à  Classes E/D
Internet
Domicílios com  com
Domicílios com  Computador   Internet
Computador conectado à Internet Sem 59%
13% computador Com
2001 2001 69% computador

2009 35% 2009 77% 90% 10%


Sem
Fonte: IBGE PNAD Fonte: IBGE PNAD Internet
Proporção de acessos  2001 9% 41%
de banda larga entre os 
domicílios com internet 2008 81%
Fonte: IBGE PNAD e Anatel

Fonte: PNAD 2008, 2009 e ANATEL. Elaboração: LCA.

A despeito da pequena cobertura de computadores nos domicílios das classes mais


baixas, há outros meios pelos quais é possível acessar a internet. A PNAD 2008
publicou um suplemento sobre acesso à internet no qual há informações sobre a
efetiva utilização da internet, seja no domicílio ou em outro local. A Tabela 3 abaixo
elenca a proporção de usuários por local de acesso. A maioria das pessoas das
classes D/E e C utilizavam em lugares públicos pagos, como lan houses. No
caso das camadas mais ricas, o principal meio de acesso é a utilização da banda
larga na residência.

20 Nos exercícios nos quais se utiliza dados da POF ou PNAD as classes são definidas com base na renda total
domiciliar. Os critérios utilizados são os seguintes: classes A/B são os 29% mais ricos, classe C os 33% seguintes e as
classes D/E os 38% de menor renda.

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 40


Tabela 3 – Proporção de acesso por local e classe de renda*
Classe Classe Classe
Total
D/E C A/B
Pública Paga 63,0% 47,2% 21,8% 11,3%
Curso 19,5% 18,1% 16,8% 46,1%
Residencial – banda larga 16,6% 29,0% 63,8% 35,7%
Trabalho 10,3% 21,9% 41,3% 5,6%
Pública Gratuita 6,7% 6,4% 4,8% 17,6%
Residencial – Discada 6,1% 12,2% 12,2% 30,7%
Outros 23,6% 22,9% 17,2% 19,9%
Proporção de usuários 16,2% 29,9 57,4% 34,5%
Fonte: PNAD 2008. Elaboração: LCA.
* A soma é maior que 100% pois os indivíduos podem acessar a internet de mais de um lugar.

Chama atenção a baixa utilização do acesso público gratuito, mesmo entre os mais
pobres, dentre os quais apenas 6,7% utilizam essa forma. Em contrapartida, observa-se
um expressivo uso de locais públicos pagos. Este comportamento indica que há uma
insuficiência de oferta, ou uma oferta de pior qualidade, de locais de acesso público
gratuitos. Seja qual for o caso, infere-se que há um grande espaço para melhoria
na oferta dos serviços desses espaços públicos gratuitos, como por exemplo, os
Telecentros.

Outra informação que pode ser extraída da PNAD 2008 é o motivo pelo qual os
indivíduos não utilizam internet. Entre as principais razões apontadas estão: “não tinha
acesso a microcomputador” e “não sabia utilizar a internet” (Tabela 4). Ambos os
motivos são mais significativos entre as classes mais pobres, o que é esperado, dado
que se trata de um grupo de indivíduos com um menor poder aquisitivo e com um
menor grau de instrução. Esse resultado corrobora a importância que deve ser dada
às questões de acesso a microcomputador e treinamento para o uso do serviço no
âmbito das discussões sobre massificação da banda larga no Brasil.

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 41


Tabela 4 – Motivos para não ter utilizado a internet
Classe Classe Classe
D/E C A/B
Não achava necessário ou não quis 25,7% 33,4% 45,1%
Não tinha acesso a microcomputador 35,2% 30,7% 19,2%
Não sabia utilizar a Internet 34,2% 30,0% 29,7%
O microcomputador do domicílio não conectado 0,7% 1,9% 2,7%
O microcomputador que usa em outro local não
conectado 0,3% 0,3% 0,4%
O custo de um microcomputador era alto 2,1% 1,8% 1,0%
O custo de utilização da Internet era alto 0,4% 0,5% 0,3%
Outro motivo 1,5% 1,3% 1,5%
Fonte: PNAD 2008. Elaboração: LCA.

2.3 Ambiente de negócios: condições para investimentos no


Brasil

2.3.1 Considerações sobre as condições gerais da


Infraestrutura brasileira
Gargalos na infraestrutura brasileira acabam por dificultar a expansão da
própria infraestrutura: elevam ainda mais o “Custo Brasil”

A infraestrutura existente no país é de fundamental importância quando falamos de


investimentos de qualquer natureza, inclusive para os serviços de telecomunicações.
Isso porque a expansão destes serviços para lugares ainda não atendidos pode ser
extremamente facilitada, por exemplo, se nesses pontos chegarem rodovias e dutos
capazes de suportar também os cabos de transmissão dos serviços de
telecomunicações.

Segundo o The Global Competitiveness Report21 (GCR) a qualidade da infraestrutura


brasileira é classificada na 84ª posição na comparação com 138 países.

A média atribuída ao Brasil nesse quesito coloca o país abaixo não só da média de
economias desenvolvidas, como a japonesa e a norte-americana, como também da
média mundial e da América Latina, e abaixo ainda de alguns países da América do
Sul, como Chile e Uruguai (Gráfico 19).

21 O relatório “The Global Competitiveness Report 2010/2011” (GCR), elaborado pelo World Economic Forum (WEF),
em pesquisa que classifica, de modo semelhante ao Doing Business, diversas economias do mundo em termos de
suas competitividades, coloca o Brasil nas últimas posições de seu ranking Para esta avaliação, o WEF faz uma
pesquisa entre 139 países analisando 111 variáveis, para as quais são atribuídas notas de 1 a 7.

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 42


Gráfico 19 – Ranking do indicador de qualidade da infraestrutura (nota de 1 a 7)
2010/2011
7

6,0
6 5,8 5,7

5
4,5
4,3
4,1
4 3,8 3,8

0
Japão EUA Chile Uruguai Médial Média Am. BRIC Brasil
Mundial Latina

Fonte: GCR 2010 – World Economic Forum. Elaboração: LCA.

Para avaliação desse quesito é considerada a opinião dos agentes entrevistados


sobre a qualidade da oferta de serviços de telefonia e de eletricidade, e também sobre
a qualidade dos transportes no país. Os critérios concernentes à telefonia e
eletricidade são justamente os que mais contribuem para que a colocação brasileira
em termos de infraestrutura geral não seja ainda pior. Já as avaliações sobre a
qualidade dos transportes são as que mais contribuem para que a qualidade geral da
infraestrutura brasileira seja muito mal avaliada (Gráfico 20).

Gráfico 20 – Ranking dos indicadores que compõem a qualidade de


infraestrutura (colocação entre 183 países) 2010/2011

123

105
93
84 87
76

62 63

Linhas de Qualidade da Assinaturas de Qualidade Qualidade da Qualidade da Qualidade da Qualidade da


telefonia fixa oferta de telefonia geral da infraestrtura infraestrtura infraestrtura infraestrutura
energia móvel infraestrutura das ferrovias do transporte das rodovias portuária
elétrica aéreo

Fonte: GCR 2010 – World Economic Forum. Elaboração: LCA.


(*) Soma dos produtos obtidos ao multiplicar-se o número de assentos disponíveis em cada etapa de vôo
pela distância dessa mesma etapa. Fonte: ANAC. Disponível em: http://www2.anac.gov.br/dados
Comparativos/variaveis.asp. Último acesso: 21/03/2011.

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 43


A qualidade das estradas brasileiras é a pior dentre os países pesquisados (Gráfico 14).

Gráfico 21 – Ranking do indicador de qualidade de rodovias (nota de 1 a 7)


2010/2011
7

5,9
6 5,7 5,6

5
4,4
4,0
3,9
4
3,2
2,9
3

0
EUA Japão Chile Uruguai Médial Média Am. BRIC Brasil
Mundial Latina

Fonte: GCR 2010 – World Economic Forum. Elaboração: LCA.

Desafios da Copa do Mundo e das Olimpíadas

Nos próximos anos o país será sede de grandes eventos, como a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos
Olímpicos de 2016. Com a proximidade desses grandes eventos, intensifica-se a necessidade de
investimentos na infraestrutura do país, inclusive sob orientações e exigências das instituições
responsáveis: a FIFA (Fédération Internationale de Football Association) e o COI (Comitê Olímpico
Internacional).

(A)
Segundo a FIFA , no que diz respeito à infraestrutura das A FIFA exige que todos os
telecomunicações dos estádios, deve ser garantido o acesso aos estádios tenham acesso aos
serviços de internet de banda larga e telefonia – que assegurem a serviços de banda larga,
alta demanda de capacidade e tráfego – e ao serviço de televisão – telefonia e transmissão
que assegure uma estrutura dedicada, principalmente, à digital.
transmissão dos jogos e a toda a imprensa.

Na última Copa do Mundo, em 2010, na África do Sul, a FIFA exigiu também a necessidade de
(B)
transmissão digital de todos os jogos Da mesma forma, a Football Media Services (FMS), agência
(c)
exclusiva da FIFA, garante, em documento oficial , que os 64 jogos da Copa do Mundo de 2014 no Brasil
também estarão disponíveis no formato HD.

O Governo da África do Sul gastou R300 milhões com investimentos em telecomunicações e broadcast
(d)
para a Copa do Mundo de 2010, o que equivale a aproximadamente R$ 70 milhões , correspondente a
1,07% do investimento total realizado pelo governo para o evento (R28 bilhões, que equivalem a R$6,7
(e)
bilhões) . Desses investimentos destacaram-se:

ƒ Uma rede dedicada ligando os dez estádios da África do Sul às redes de transmissão do mundo.

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 44


Segundo o governo sul-africano, a capacidade de transmissão das redes criadas era de 40Gbs/s.

ƒ Infraestrutura de telecomunicações de acordo com os padrões da FIFA, o que inclui


telecomunicações wired e wireless.

ƒ A Sentech, estatal de telecomunicações, trocou todos os seus switchs de transmissão analógica


para switchs digitais e colocou em funcionamento um satélite de transmissão HD. Essa migração
do sistema de televisão do analógico para o digital levou, em 2010, 80% da população sul-
africana a ter acesso a esse serviço.

ƒ Como a FIFA solicitou que todas as infraestruturas de telecomunicações dos estádios


suportassem banda larga, a Telkom, empresa privada de telecomunicações, construiu uma rede
(f)
fixa com esse atributo e investiu R3,2 bilhões (R$ 764 milhões ) na construção de uma NGN
(Next Generation Network), central de rede que permitiu maior intensidade de transmissão de
todos os tipos de informação (voz, vídeo, dados).

ƒ Construção de um International Broadcast Center (nodo central das transmissões dos estádios) e
centros de mídia em cada um dos estádios.

ƒ Construção de uma estrutura de fibra ótica, para ligar os estádios ao Broadcast Center.

Segundo estudo realizado pelo Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD),


sobre as redes de telecomunicações para a Copa de 2014, o Brasil deverá fazer grandes investimentos
(g)
. O estudo aponta que para cumprir as exigências da FIFA as empresas teriam de investir até R$ 3
bilhões. Entre as principais recomendações do CPqD estão:

ƒ Planejamento de capacidade e demanda de tráfego: considerando o perfil dos usuários, a


demanda prevista por serviços de roaming e as áreas de maior concentração (estádios).

ƒ alocação de espectro de frequência: necessidade de faixa condizente pela prestação de serviço


de celular, devido à grande concentração de usuários com alto potencial de uso dos serviços de
telefone celular. O trabalho indica a necessidade de se aumentar o espectro de 140 MHz para
FDD em 2,5G Hz.

ƒ Planejamento de serviços novos e inovadores (como operadores móveis, radiofusores).


(a)
FIFA. Football Stadiums: Technical recommendations and requirements, 2007. Disponível em:
http://www.fifa.com/mm/document/tournament/competition/football_stadiums_technical_recomme
ndations_and_requirements_en_8211.pdf (16/03/2010).
(b)
FIFA. Football Stadiums: Technical recommendations and requirements, 2007. Disponível em:
http://www.fifa.com/mm/document/tournament/competition/football_stadiums_technical_recomme
ndations_and_requirements_en_8211.pdf (16/03/2010).
(c)
Football Media Services. 2014 FIFA World Cup BrazilTM. Disponível em: http://www.footballme
diaservices.com/fileadmin/footballmediaservices/user_upload/pdf/Event_Information_-
_2014_FIFA_World_Cup_Brazil.pdf (21/03/2011)
(d)
BACEN. Conversão de Câmbio do dia 15/03/2011, 1 ZAR= 0,239 R$.Disponível em:
www.bcb.gov.br (15/03/2011).
(e)
Disponível em: http://www.sa2010.gov.za/ (16/03/2010).
(f)
BACEN. Conversão de Câmbio do dia 15/03/2011, 1 ZAR= 0,239 R$.Disponível em:
www.bcb.gov.br (15/03/2011).

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 45


(g)
CPqD. Redes de Telecomunicações Móveis para a Copa de 2014. Disponível em: http://www.
gsmamobilebroadband.com/upload/resources/files/Portuguese.pdf (16/03/2011).

Expandir infraestrutura, inclusive serviços de telecomunicações, melhora


a capacidade de investir no Brasil, reduzindo custos de produção de
forma generalizada. Proximidade dos grandes eventos torna ainda mais
urgente viabilizar a expansão de investimentos.

Apesar da grande importância para o desenvolvimento socioeconômico e


essencialidade para a realização de grandes eventos, como a Copa 2014 e as
Olimpíadas 2016, o setor de telecomunicação não é tratado como prioridade do
Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O setor se beneficia de políticas
horizontais (como a diretriz de baixar TJLP), que afetam os custos de investimentos
em todos os setores, e as linhas de financiamento voltadas às telecomunicações que
são enquadradas dentro de infraestrutura pelo BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social).

O BNDES oferece uma linha de financiamento, dentro do Finem22, especialmente ao


setor de telecomunicações. São contemplados investimentos para implantação,
expansão e modernização de redes. Apesar dessa linha específica, a participação do
setor de telecomunicações nos desembolsos para setores de infraestrutura do BNDES
foi apenas de 0,1% em 2010.

Há algumas outras linhas de crédito que afetam o setor, mas de forma indireta. Por
exemplo, o BNDES PMAT23, que atende municípios no financiamento de
equipamentos de informática e novas tecnologias. Adicionalmente, a instituição possui
financiamentos voltados especialmente à Copa d Mundo, a linha denominada BNDES
ProCopa24 proporciona crédito para reforma e construção de arenas e hotéis.

Telecomunicações têm acesso mais restrito a linhas de financiamento e políticas


estruturantes

O governo federal vem, nos últimos anos, incentivando investimentos em setores de

22 Financiamento a empreendimentos de valor igual ou superior a R$ 10 milhões.

23 Modernização da Administração Tributária e de Gestão dos Setores Sociais Básicos. Informações disponíveis em:
<http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/bndes/bndes_pt/Institucional/Apoio_Financeiro/Progra
mas_e_Fundos/PMAT/pmat.html>. Acesso em 15/03/2011.

24 Informações disponíveis em: <http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/bndes/bndes_pt/Institucional/Apoio_


Financeiro/Programas_e_Fundos/ProCopaTurismo/index.html>. Acesso em 15/03/2011.

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 46


infraestrutura. O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), lançado em 2007, prioriza
(a)
cinco setores: transporte, energia, saneamento, habitação e recursos hídricos . Um dos
pilares do programa é aumentar o crédito e financiamento de longo prazo para investimentos
em habitação e infraestrutura. As principais medidas implementadas nessa direção foram(b):

ƒ Crédito de R$ 5,2 bilhões concedido à CEF para aplicação por entes públicos em
saneamento ambiental e habitação popular.

ƒ Aumento de R$ 6 bilhões (em 2007/2008) no limite de crédito para saneamento


ambiental. Aumento de R$ 1 bilhão (em 2007) no limite de crédito para a habitação,
especialmente para famílias com rendimento mensal de até três salários mínimos.

ƒ Criação de Fundo de Investimento para infraestrutura com recursos do patrimônio


líquido do FGTS, com quantia inicial de R$ 5 bilhões, que podem chegar a R$17
bilhões.

ƒ Elevação da Liquidez do Fundo de Arrendamento Residencial (FAR)(c), permitindo a


antecipação da opção de compra do imóvel arrendado ou a venda direta de imóveis
pertencentes ao FAR. As ações são destinadas a reduzir as despesas do FAR com os
imóveis, de modo a possibilitar novos arrendamentos residenciais com os recursos
restantes.
(a)
Informações disponíveis em: <http://www.brasil.gov.br/pac/investimentos/>. Acesso em
14/03/2011.
(b)
Informações disponíveis em: <http://www.brasil.gov.br/pac/medidas-institucionais-e-economicas/
estimulo-ao-credito-e-ao-financiamento>. Acesso em 14/03/2011.
(c)
Fundo que operacionaliza o Programa de Arrendamento Residencial (PAR), programa para a
moradia popular.

O ambiente de negócios brasileiro sofre ações de uma série de condicionantes


comumente referenciados como custo Brasil, incluindo fatores que afetam decisões e
custos de investimento no país. O relatório Doing Business 2011, elaborado pelo
Banco Mundial em parceria com o International Finance Corporation, coloca o Brasil
na 127ª posição entre 183 países no que diz respeito a “Facilidade para Fazer
Negócios”.

Este relatório avalia os países em nove tópicos, apresentados na figura abaixo. O


ranking da “Facilidade para Fazer Negócios” do relatório Doing Business 2011, é
elaborado através da média dos rankings de cada país em cada um desses tópicos,
dos quais selecionamos cinco que consideramos especialmente significantes para a
tomada de decisão sobre os investimentos no setor de telecomunicações: aquisição

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 47


de alvará, registro de propriedade, obtenção de crédito, pagamento de impostos e
cumprimento de contratos.

Figura 8 – Quesitos avaliados no relatório Doing Business 2011

Fonte: Doing Business (disponível em: http://portugues.doingbusiness.org/data/exploreeconomies/ brazil/). Acesso em:


14/03/2011. Elaboração LCA.

Morosidade e custo dos processos prejudicam o posicionamento brasileiro no ranking


mundial, refletindo aspectos negativos do mercado brasileiro que afetam os custos de
produção sem que investidores tenham condições de mitigá-los.

“Custo Brasil” dificulta investimentos

Segundo relatório Doing Business 2011, Brasil tem amplo espaço para melhorar nos itens
“Facilidade para Fazer Negócios”.

Aquisição de alvará de construção

É composto por três critérios: (i) número de procedimentos para obter licenças; (ii) tempo para
obter a licença de construção; e (iii) custo dessa obtenção. Entre 183 países, o Brasil está
classificado atualmente na 112º posição, tendo piorado cinco posições em relação à
classificação de 2008. Quando comparado com a América Latina e com a OCDE, o Brasil é o
pior colocado em todos esses critérios.

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 48


Obtenção de alvarás de construção

Indicador Brasil América Latina e OCDE


Caribe

Número de procedimentos 18 16,6 15,8

Duração (dias) 411 219,9 166,3

Custo (% da renda per capita) 46,6 191,1 62,1

Fonte: Doing Business 2011 (disponível em:


http://portugues.doingbusiness.org/data/exploreeconomies/brazil/). Acesso em: 14/03/2011. Elaboração:
LCA.

Registro de propriedade
Assim como a avaliação do critério acima, o índice de facilidade para obtenção do registro de
propriedade é composto por 3 critérios: número de procedimentos, tempo e custo para
registrar.

Em 2008, por esse critério, o Brasil se encontrava na 110ª colocação, e hoje passou para a
122ª colocação, também apresentando uma piora relativa. Entretanto, ao contrário do
observado com os quesitos que compõem o critério de obtenção de alvará de construção, ao
menos aqui observamos que o Brasil situa-se melhor na comparação do critério tempo com a
América Latina, e melhor na comparação do critério custo tanto com a América Latina como
diante dos países da OCDE. O número de procedimentos necessários para o registro de uma
propriedade ainda é significativamente maior no Brasil.

Registro de Propriedade

Indicador Brasil América Latina e OCDE


Caribe

Número de procedimentos 14 6,8 4,8

Duração (dias) 42 68,6 32,7

Custo (% da renda per capita) 2,7 5,9 4,4

Fonte: Doing Business 2011 (disponível em: http://portugues.doingbusiness.org/data/exploreeconomies/brazil/).


Acesso em: 14/03/2011. Elaboração: LCA.

Obtenção de crédito

O índice de obtenção de crédito tem como base 4 subindicadores. O primeiro deles, o índice de
eficiência dos direitos legais, considera até que ponto as leis sobre garantias e falências

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 49


facilitam os empréstimos. O índice varia de 0 a 10, e os valores mais altos são atribuídos aos
países cujas leis sobre garantias e falências estão mais bem desenhadas para permitir a
expansão do mercado de crédito. Nesse quesito, a pontuação do Brasil foi de apenas 3, contra
o 5,5 e o 6,9 recebidos pela América Latina e pelos países da OCDE, respectivamente.

Os três outros subindicadores destinam-se a capturar a qualidade, o escopo, a cobertura e a


acessibilidade às informações de crédito, que ajuda os credores a selecionarem melhor os
tomadores de empréstimo. Apesar da boa avaliação do Brasil nesses outros indicadores, o
relatório aponta que o sistema de créditos nacional ainda precisa evoluir muito.

Obtenção de Crédito

Indicador Brasil América Latina e OCDE


Caribe

Índice de eficiência dos direitos 3 5,5 6,9


legais (0-10)

Índice do alcance das 5 3,3 4,7


informações de crédito (0-6)

Cobertura de órgãos de registro 26,9 10,1 8,0


públicos (% de adultos)

Cobertura de órgãos de registro 53,5 31,5 61,0


privados (% de adultos)

Fonte: Doing Business 2011 (disponível em: http://portugues.doingbusiness.org/data/exploreeconomies/


brazil/). Acesso em: 14/03/2011. Elaboração: LCA.

Pagamentos de impostos

Para avaliar o quesito pagamento de impostos, o relatório Doing Business utiliza 6 indicadores:
(i) número total de pagamentos de imposto por ano; (ii) o tempo gasto para preparar, arquivar e
pagar (ou reter) o imposto de renda das empresas, o imposto sobre o valor agregado e as
contribuições de previdência social (em horas por ano); (iii) o valor dos impostos sobre lucros
pagos pelas empresas; (iv) valor dos impostos e das contribuições obrigatórias sobre mão de
obra pagos pelas empresas; (v) o valor dos impostos e das contribuições (não incluídos nas
categorias de impostos sobre lucros ou mão de obra) obrigatórias pagos pelas empresas; e (vi)
o valor de todos os tributos como um percentual do lucro comercial. Entre 183 países, o Brasil
encontra-se na 152ª posição nesse quesito.Em 2008, o Brasil ocupava a 137ª colocação.

Na comparação abaixo, pode-se observar que o Brasil perde em quase todos os indicadores
utilizados para os países da América Latina e da OCDE.

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 50


Pagamento de imposto

Indicador Brasil América Latina e OCDE


Caribe

Pagamento (número) 10 33,2 14,2

Tempo (horas por ano) 2.600 384,7 199,3

Imposto sobre o lucro (% lucro) 21,4 20,9 16,8

Contribuições e impostos sobre 40,9 14,7 23,3


o trabalho (% lucro)

Outros impostos (% lucro) 6,7 12,4 3,0

Alíquota de imposto total (% 69,0 48,0 43,0


lucro)

Fonte: Doing Business 2011 (disponível em: http://portugues.doingbusiness.org/data/exploreeconomies/brazil/).


Acesso em: 14/03/2011. Elaboração: LCA.

Cumprimento de contratos

Para avaliar o item “cumprimento dos contratos”, o relatório Doing Business utiliza 3
indicadores: (i) número de procedimentos para resolver um processo que envolve tribunal; (ii)
tempo que leva a resolução de um contrato; e (iii) custo dos procedimentos. A posição
brasileira no ranking geral entre 183 países, que parte da ponderação com peso igual para os 3
indicadores, passou de 106 em 2008 para 98 atualmente, mas isso em função da piora de
alguns países e não de alguma evolução, já que os indicadores do Brasil não se modificaram
no período.

Mesmo com esse avanço relativo, continuamos atrás das médias da América Latina e da
OCDE no que diz respeito ao número de procedimentos, também atrás da OCDE no quesito
duração.

Cumprimento de contrato

Indicador Brasil América Latina e OCDE


Caribe

Número de procedimentos 45 39,8 31,2

Duração (dias) 616 707,0 517,5

Custo (% da dívida) 16,5 31,2 19,2

Fonte: Doing Business 2011 (disponível em: http://portugues.doingbusiness.org/data/exploreeconomies/


brazil/). Acesso em: 14/03/2011. Elaboração: LCA.

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 51


Há um complicador adicional para o setor de telecomunicações. Por vezes, um
empreendimento envolve distintas esferas (União, Estados e Municípios), o que torna
o processo de autorização para investimentos ainda mais moroso.

Neste âmbito, deve-se avaliar que as regras e custos de direitos de passagem e


compartilhamento25 podem impedir, atrasar ou onerar de forma significativa a
implantação de infraestrutura de serviços que requeiram a rede subterrânea ou
aérea em áreas de domínio da União, Estados e Municípios.

Isto porque, nos últimos anos, às redes subterrâneas mais antigas de saneamento
básico, energia elétrica e telefonia fixa somaram-se as redes mais modernas, de gás
encanado, TV por assinatura e fibra ótica. Já a concorrência pela utilização do espaço
aéreo (espectro de radiofrequência) como meio para serviços de telefonia móvel, TV
por assinatura e radiodifusão cresceu de forma substantiva nas últimas duas décadas.
Este movimento, perfilado pelos avanços tecnológicos e pelo aumento da demanda
pelos serviços de telecomunicações, passa invariavelmente pela regulação do uso do
espaço subterrâneo e aéreo em diversas instâncias. No que tange as municipalidades,
o respaldo constitucional autoriza a ordenação e controle do uso do solo, assim como
a cobrança de taxas de fiscalização de obras e serviços, através do estabelecimento
de leis próprias.

A inexistência de um tratamento isonômico e homogêneo para o tema dificulta


ainda mais a elaboração e execução de planos de expansão de infraestrutura,
incluindo a instalação de Estações Rádio-Base (ERBs), dado que os municípios
podem adotar medidas restritivas baseadas no princípio da precaução, que sustenta
que “quando houver ameaça de danos graves ou irreversíveis, a ausência de certeza
científica absoluta não será utilizada como razão para o adiamento de medidas
economicamente viáveis para prevenir a degradação ambiental”26.

Mostra-se patente, com efeito, a necessidade de racionalizar e homogeneizar os


critérios utilizados para os direitos de passagem e uso do solo, com vistas a

25 Segundo Artigo 21 da Lei 8.884/94, o Compartilhamento e o Direito de Passagem são instrumentos que visam (i) o
desenvolvimento das redes de telecomunicações e (ii) o estabelecimento do modelo competitivo, sendo certo que a
recusa injustificada pode representar infração à ordem econômica (art. 21 da Lei 8.884/94). Entretanto, o
compartilhamento de infraestrutura e o direito de passagem são institutos jurídicos distintos. Enquanto a passagem se
dá em caráter primário sobre ou sob um bem (e.g. faixa de domínio de rodovia), o compartilhamento se dá em caráter
secundário, através de um bem já instalado por um terceiro (e.g. postes e torres de energia elétrica e
telecomunicações, dutos de energia e fibra ótica, condutos de água e esgoto, gás, petróleo e óleo).

26 Princípio 15 da Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (1992).

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 52


estabelecer e estender as condições de concorrência entre as empresas, com
consequente redução dos custos de prestação dos serviços de telecomunicações
subjacentes, dada a redução de prazo da obra e queda nos custos de construção civil.
A obtenção de direitos de passagem em infraestrutura públicas preexistentes,
grande heterogeneidade para obtenção de licenças ambientais contribuem,
portanto, para agravar o quadro negativo para expansão de investimentos em
telecomunicações aqui apresentado.

Essas questões relativas a direito de passagem, uso de solo e obtenção de licenças


também fazem parte de uma série de outros itens que afetam o ambiente de negócios,
relativa aos aspectos institucionais e regulatórios, tratados a seguir.

2.3.2 Aspectos Institucionais e Regulatórios


O risco regulatório representa a estabilidade e a transparência do marco legal
aplicável a cada projeto. São as ações do regulador que podem introduzir um risco
sistemático sem mitigação. Entre os principais componentes do risco regulatório,
pode-se citar:

1 - Estabilidade de regras: previsibilidade e coerência temporal do marco regulatório;

2 - Transparência: conhecimento generalizado das regras estipuladas e dos motivos


das mudanças e direito dos regulados contraporem ideias;

3 - Enforcement: cumprimento indiscriminado de regras;

4 - Qualidade do regulador: independência (técnica e financeira) e qualificação do


corpo técnico e dirigentes.

Pode-se avaliar o nível de percepção do risco regulatório entre os países através dos
resultados do Worldwide Governance Indicators Project 27
A pesquisa, elaborada pelo
Banco Mundial, fornece indicadores agregados e individuais de governança para 213
economias entre 1996 e 2009, em 6 dimensões:

ƒ Cidadania e liberdade (Voice and accountability): liberdade de associação e


expressão, liberdade dos meios de comunicação.

27 Disponível em: http://info.worldbank.org/governance/wgi/index.asp Acesso em 10/05/2011.

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 53


ƒ Estabilidade política (Political Stability and absence of violence): ameaça do
governo se desestabilizar ou ser derrubado por meios inconstitucionais, incluindo
violência política e terrorismo.

ƒ Efetividade do setor público (Government effectiveness): qualidade e


implementação do serviço público, credibilidade do governo e independência de
pressões políticas.

ƒ Qualidade da regulação (Regulatory Quality): implementação de políticas e


regulamentações que promovam o desenvolvimento do setor privado.

ƒ Aparato regulatório (Rule of law): enforcement, direito de propriedade, justiça,


crime e violência.

ƒ Controle da corrupção (Control of corruption): poder público exercido para ganhos


privados próprios ou de grupos restritos.

Considerando o indicador de regulação do Banco Mundial, verifica-se que o Brasil


ocupou a 95ª posição, dentre 210 países, para Qualidade da Regulação (índice
0,18), sendo superado, por exemplo, pela Colômbia (índice 0,24). Para o Aparato
Regulatório, a posição piora: 108º do ranking (índice -0,18). A Tabela 5 ilustra o
posicionamento do Brasil28.

Tabela 5 – Ranking e valor do índice do Brasil para os indicadores qualidade da


regulação e aparato regulatório – 2009

Ranking Índice do Índice do país de Índice do país de


2008 Brasil menor risco maior risco

Qualidade da 95º 0,18 1,84 (Cingapura) -2,56 (Somália)


regulação

Aparato regulatório 108º -0,18 1,94 (Finlândia) -2,53 (Somália)

Fonte: Worldwide Governance Indicator – Banco Mundial. Disponível em http://info.worldbank.org/


governance/wgi/sc_country.asp. Acesso em 21/03/2011. Elaboração: LCA.

Se considerarmos um único indicador para medir o risco regulatório, construído a partir


de uma ponderação de 20% para o indicador de aparato regulatório e 80% para o
indicador de qualidade da regulação, verifica-se também uma diferença significativa
entre o risco regulatório no Brasil em comparação com os EUA e Chile, por exemplo.

28 Os indicadores variam de -2,5 a +2,5.

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 54


A Tabela 6 apresenta o índice ponderado de alguns países selecionados da América
Latina e Estados Unidos, sob esse critério de ponderação.

Tabela 6 – Ranking e índice ponderado a partir dos indicadores do Banco


Mundial para países selecionados – 2009

Qualidade Aparato
América Latina Índice ponderado Ranking
da regulação Regulatório
Argentina -0,90 -0,66 -0,85 5º
Bolívia -0,98 -1,22 -1,03 6º
Brasil 0,18 -0,18 0,11 3º
Chile 1,50 1,25 1,45 1º
Colômbia 0,24 -0,44 0,10 4º
Equador -1,36 -1,28 -1,34 7º
Estados Unidos 1,36 1,53 1,39 2º
Fonte: Worldwide Governance Indicator – Banco Mundial. Disponível em http://info.worldbank.org/
governan ce/wgi/sc_country.asp Acesso em 21/03/2011. Elaboração: LCA.

Nota-se que o Brasil está distante 1,34 pontos do Chile (1,45 – 0,11) e -1,28 pontos
dos Estados Unidos (0,11 –1,39). Isso mostra que o Brasil não está no mesmo
patamar de risco regulatório do Chile ou dos Estados Unidos.

Ambiente Regulatório tem potencial para encarecer ou até mesmo inibir investimentos

Licitação de novas faixas e dividendo digital. o modelo continuará privilegiando o


pagamento máximo pelo recurso essencial à expansão de tecnologias e serviços sem fio?

Reversibilidade de ativos. Sem uma definição clara e inequívoca, investimentos seguirão


em compasso de espera da indefinição sobre os direitos de propriedade da infraestrutura.

Procedimentos para Renovação de Concessões/Autorizações. Quais as obrigações da


autorizadas do SMP, por exemplo, no tocante à reincidência da contribuição ao FISTEL(a) sobre
toda a planta de aparelhos móveis ativos(b), por ocasião do vencimento/renovação das licenças
e concessões?

(a)
O Fundo de Fiscalização das Telecomunicações (FISTEL) tem como principais fontes de receita a Taxa de
Fiscalização de Instalação (TFI) e de Funcionamento (TFF) e tem destinação vinculada ao custeio da ANATEL com a
fiscalização de serviços. O FISTEL também acolhe 50% das receitas de outorga de concessões, permissões e
autorizações, bem como multas previstas na LGT.

(b)
O SMP é o maior contribuinte do FISTEL: toda vez que um aparelho móvel é habilitado ou ativado, as operadoras
devem recolher a TFI (R$ 26,82 por unidade), assim como pagar anualmente TFF sobre toda a planta de aparelhos
móveis ativos (R$ 13,42 por unidade) além da própria malha de torres em serviço. Segundo propõe a ANATEL, como o

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 55


processo de renovação do direito de exploração das radiofrequências coincide com o vencimento dos certificados de
operação das estações usada pelas móveis, para renovar as outorgas, a agência deveria emitir novos certificados para
cada uma das estações do SMP (torres), assim como fazer reincidir o TFI sobre toda a planta de aparelhos móveis das
operadoras (o equivalente a “apagar” e “restabelecer” toda a rede móvel da operadora).

Em especial para o setor de Telecomunicações, a tendência mundial tem sido de


modelos regulatórios menos intrusivos. Em que pese o fato do objeto da regulação
das telecomunicações estar submetido a constantes renovações e atualizações
tecnológicas (ICT – Information and Communication Technologies29) que possibilitam
aplicar o uso eficiente da infraestrutura em prol de serviços de melhor qualidade e
menores preços, entende-se que o desenvolvimento profícuo do setor não pode
prescindir da cooperação e coordenação entre agentes privados e públicos. De modo
a nortear esta política, a tendência mundial tem indicado o aumento da flexibilidade
regulatória, com um conjunto de regras que sejam simples e tecnologicamente
neutras, de sorte a fornecer suficiente flexibilidade para lidar com a velocidade de
mudança destes mercados, reduzindo incertezas e impulsionando os necessários
investimentos privados30.

2.3.3 Tributos
A carga tributária incidente sobre os produtos e serviços de telecomunicações
considera, entre outros, o PIS, COFINS, FUST, FUNTTEL e ICMS. Juntos, esses
tributos podem representar até 40% da receita bruta dos serviços de telecomunicações,
como para o caso do estado de Rondônia, que possui ICMS de 35%.

29 A partir dos anos 1970 e 1980 o paradigma ICT (Information and Communication Technologies) ganha
destaque, caracterizado por abrigar uma série de novas tecnologias e indústrias, entre elas a microeletrônica,
computadores (hardware e software), instrumentos de controle, biotecnologia e novos materiais. Esse
progresso é marcado, igualmente, pela introdução de novas formas organizacionais – consolidadas em um modelo
flexível e especializado de produção – e em novos padrões de consumo, calcados na personalização e na volatilidade
das preferências e necessidades do consumidor.

30 Segundo recomenda a OCDE (2004), a promoção de arranjos de oferta eficientes e inovativos pelo poder público
está associada a: (a) concorrência efetiva nos mercados, com liberalização da infraestrutura, redes de serviço e
aplicações em face da convergência entre plataformas tecnológicas diferentes, (b) políticas não discriminatórias e
transparentes, pautadas por neutralidade tecnológica, de modo a estimular interoperatividade, a inovação e expandir o
leque de opções, dado que a convergência de plataformas e serviços requer consistência entre esferas regulatórias
distintas; (c) políticas que encorajem o investimento privado em novas infraestruturas tecnológicas, novos conteúdo e
aplicações; (d) reconhecimento da papel primordial do setor privado na expansão da cobertura e do uso dos serviços,
complementadas por iniciativas públicas que não distorçam o mercado (OECD (2004). “Recommendation of the
Council on Broadband Development” Disponível em: www.oecd.org/dataoecd/31/38/29892925.pdf. Acesso em
16/03/2011).

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 56


Serviços de Telecomunicações tem elevada carga de tributos e encargos(a)

TRIBUTOS FEDERAIS:

PIS – Programa de Integração Social

ƒ Instituída em 1970 a partir da Lei Complementar nº7, financia o pagamento do seguro


desemprego e o abono para trabalhadores que ganham até dois salários mínimos.
Alíquota de 0,65%, sobre o faturamento bruto.

COFINS – Contribuição sobre a Remuneração dos Empregados e Contribuintes


Individuais

ƒ Criada pela Lei Complementar nº70 de 1991, destina-se basicamente a custear a


seguridade social (previdência social, saúde pública, assistência social). Sua alíquota é de
3% e tem por base de cálculo a receita de vendas e demais itens como, por exemplo,
receitas financeiras.

FISTEL – Fundo de Fiscalização das Telecomunicações

ƒ Criado em 1966 pela Lei 5.070, destina-se a custear as despesas do Governo Federal
originadas no exercício da fiscalização das telecomunicações. É composto por duas taxas:
a Taxa de Fiscalização de Instalação (TFI) e a Taxa de Fiscalização de Funcionamento
(TFF):

o A TFI incide sobre as empresas prestadoras de serviços de telecomunicações


no momento da emissão do certificado de licença para o funcionamento das
estações. Seu valor é fixado pela ANATEL com base no ANEXO II do
Regulamento do FISTEL (Resolução 199 de 16/12/99).

o A TFF, por sua vez, é devida anualmente pelas prestadoras dos serviços de
telecomunicações e corresponde a 50% do valor da TFI.

FUST – Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações

ƒ Instituído pela Lei n° 9.998/2000, destina-se a financiar parte dos custos – qual não possa
ser recuperada com a exploração eficiente do serviço – referentes ao cumprimento das
obrigações de universalização de serviços de telecomunicações. Alíquota de 1% sobre a
receita bruta mensal gerada pala prestação de serviços de telecomunicações. As contas
recebidas pelos clientes das prestadoras dos serviços de telecomunicações devem
discriminar o valor da contribuição ao FUST.

FUNTTEL – Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações

ƒ Criado em 2000 pela Lei n° 10.052, “seu objetivo é estimular o processo de inovação

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 57


tecnológica, incentivar a capacitação de recursos humanos, fomentar a geração de
empregos e promover o acesso de pequenas e médias empresas a recursos de capital, de
forma a ampliar a competitividade da indústria brasileira de telecomunicações.” (Ministério
da Ciência e Tecnologia). Incide à alíquota de 0,5% sobre o faturamento líquido das
empresas prestadoras de serviços de telecomunicações. Para determinação da base
cálculo, excluí-se, portanto, as vendas canceladas, os descontos concedidos, o ICMS, o
PIS e a COFINS. Bem como no FUST, nas faturas dos clientes deve vir discriminado o
valor da contribuição ao FUNTTEL.

TRIBUTOS ESTADUAIS:

ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços

ƒ É um imposto de caráter estritamente estadual. Seu campo de incidência é definido pela


própria Constituição Federal em seu artigo 155, a partir do qual cada estado elabora seu
próprio regulamento do ICMS, o chamado RICMS. A Tabela abaixo mostra as diferentes
alíquotas do ICMS para cada Estado:

Alíquotas do ICMS por Estado

ICMS Estados
35% Rondônia
30% Mato Grosso, Pará, Rio de Janeiro e Paraíba
29% Goiás, Mato Grosso do Sul e Paraná
28% Pernambuco
Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Rio Grande do Norte e
27%
Sergipe
Demais Estados (Acre, Amapá, Amazonas, Distrito Federal,
25% Espírito Santo, Minas Gerais, Piauí, Rio Grande do Sul, Roraima,
Santa Catarina, São Paulo e Tocantins)
Fonte: Teleco em http://www.teleco.com.br/tributos.asp. Data de acesso: 18/03/2011. Elaboração:
LCA.

(a)
Com base no tutorial “Tributação sobre Serviços de Telecomunicações”. Mello, J.B. & Melchior,
S.R.B. Teleco. 2003.

A tabela abaixo apresenta as alíquotas dos tributos incidentes sobre os serviços de


telecomunicações no Brasil e seu respectivo peso nas receitas bruta e líquida.

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 58


Tabela 7 – Tributos sobre os serviços de telecomunicações

Tributos em relação à Tributos em relação à


Tributo Alíquota
receita bruta receita líquida
Cofins 3,0% 3,0% 4,36%
PIS/PASEP 0,65% 0,65% 0,95%
(a)
ICMS 26,67% 26,67% 38,80%
FUST(b) 1,0% 0,70% 1,01%
FUNTTEL(b) 0,35% 0,24% 0,35%
Total 31,26% 45,5%

Fonte: Teleco e Secretaria da Receita Federal. Elaboração: LCA.


(a)
Média das alíquotas dos ICMS ponderada pelos gastos familiares com serviços de telecomunicações
de cada UF.
(b)
Sem incidência de ICMS, PIS e COFINS.

Cumpre destacar que não se consideram aqui todos os tributos, contribuições e


encargos cujos cálculos são feitos de forma muito particular sobre cada prestadora de
serviços de telecomunicações. Entre as quais se encontram, por exemplo, a
Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido e o Imposto de Renda, que incidem sobre o
lucro de cada empresa; e também o FISTEL, que é calculado em função dos ativos
operacionais (estações de telecomunicações)31 de cada empresa.

Agravando ainda mais o quadro, a carga tributária sobre produtos para


telecomunicações também é muito elevada. A tabela abaixo mostra os tributos que
incidem sobre alguns produtos importados de telecomunicações.

31 Segundo o tutorial “Tributação sobre Serviços de Telecomunicações” da Teleco: “ Entende-se como


estação de telecomunicações, o conjunto de equipamentos ou aparelhos, dispositivos e demais meios
necessários à realização de telecomunicação, seus acessórios e periféricos, e, quando for o caso, as
instalações que os abrigam e complementam, inclusive terminais portáteis.”

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 59


Tabela 8 – Alíquota dos tributos sobre produtos de telecomunicação importados

Imposto de IPI ICMS PIS COFINS


Produto
Importação (II)
Computador(a) 16,0% 15,0% 17,0% 1,65% 7,6%
(b) (f)
Modem 16,0% 15,0% 17,0% 0,00% 0,00%(f)
Telefone fixo(c) 20,0% 10,0% 17,0% 1,65% 7,6%
Telefone móvel(d) 16,0% 15,0% 17,0% 1,65% 7,6%
(e)
Roteador 16,0% 15,0% 17,0% 1,65% 7,6%

Fonte: II: Receita Federal – Tabela TEC. IPI: Receita Federal: Tabela TIPI. PIS/COFINS: Receita Federal,
disponível em: http://www.receita.fazenda.gov.br/pessoajuridica/pispasepcofins/IncidenciaExportServico.
htm (Último acesso em: 21/03/2011). ICMS: Secretarias da Fazenda dos estados.
(a)
Classificação NCM considerada: 8471.41.90.
(b)
Classificação NCM considerada: 8517.62.55.
(c)
Classificação NCM considerada: 8517.11.00.
(d)
Classificação NCM considerada: 8517.12.31.
(e)
Classificação NCM considerada: 8517.62.41.
(f)
A Medida Provisória nº 517 de 30 de dezembro de 2010, em seu 14º Artigo estabelece a redução a
zero das alíquotas da Contribuição para o PIS/Pasep e a Cofins incidentes sobre a receita bruta de venda
a varejo de “modems, classificados nas posições 8517.62.55, 8517.62.62 ou 8517.62.72 da TIPI (Tabela
de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados)”. Essa política foi ratificada pela Lei 12.431,
sancionada pela presidência em 27 de junho de 2011.

Muitos produtos de telecomunicações são importados. Segundo dados da Pesquisa


Industrial Anual (PIA) de 200832 realizada pelo IBGE, foram produzidos no Brasil
aproximadamente 1,3 milhões de modems, o que equivale a menos da metade dos 2,7
milhões de modems importados de 2008, de acordo com números do Ministério do
Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior (MDIC)33. Essa diferença pode ser até
maior uma vez que o número levantado pela PIA considera agregação com três
classes34 de produtos, enquanto que a importação registrada pelo MDIC refere-se
apenas a uma classe35.

O governo, por meio da Medida Provisória nº 517 de 30 de dezembro de 201036·,


desonerou a comercialização de modems, que passou a ser isenta de PIS e Cofins. As

32 Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/industria/pia/produtos/produto2008/


tabelas_pdf/Tabela1.pdf.

33 Disponível em: http://aliceweb.desenvolvimento.gov.br/.

34 Classificação NCM: 8517.62.53; 8517.62.55; e 8517.62.59.

35 Classificação NCM: 8517.62.55.

36 A Medida Provisória nº 517 de 30 de dezembro de 2010, em seu 14º Artigo estabelece a redução a
zero das alíquotas da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins incidentes sobre a receita bruta de

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 60


figuras abaixo apresentam a incidência de impostos sobre o preço de importação
(valor aduaneiro) antes e após a Medida Provisória nº 517.

Gráfico 22 – Peso dos tributos sobre modems – antes da MP nº 517 de 30 de


dezembro de 2010

8,2 171,5
27,3 2,6
17,4
16
100

Preço II IPI ICMS PIS COFINS Valor


(16%) (15%) (17%) (1,65%) (7,8%) Final

Fonte: Receita Federal. Elaboração: LCA.

Gráfico 23 – Peso dos tributos sobre modems – após a MP nº 517 de 30 de


dezembro de 2010

Fonte: Receita Federal. Elaboração: LCA.

venda a varejo de “modems, classificados nas posições 8517.62.55, 8517.62.62 ou 8517.62.72 da TIPI
(Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados)”. Essa política foi ratificada pela Lei
12.431, sancionada pela presidência em 27 de junho de 2011.

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 61


Antes da isenção de PIS e Cofins, a carga tributária superava 71% do valor aduaneiro,
após a MP ela passou a 61%.

Quando colocada em perspectiva internacional conclui-se que a carga tributária sobre


setor no Brasil é uma das mais altas do mundo. Em estudo recente37, foi feita uma
comparação internacional da carga tributária incidente sobre o serviço de telefonia
móvel e aparelho celular em 102 países. A partir dessa comparação, verificou-se que
carga tributária sobre o custo total de propriedade38 é a segunda maior entre os países
estudados, conforme a figura abaixo.

Gráfico 24 – Percentual de impostos sobre o custo total de serviços móveis –


Ranking de países em desenvolvimento

70
Bangladesh
60

50
Brasil

40

30
México
África do Sul
20
Malasia
10

0
1
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
24
26
28
30
32
34
36
38
40
42
44
46
48
50

Fonte: Katz, Flores-Roux, Marixcal (2010).

Neste contexto de alta carga tributária, em particular, incentivos fiscais têm impacto
relevante no nível de consumo, ao direcionar a alocação da renda do consumidor em
determinado segmento. Por mais que a renda das classes C/D esteja em expansão no
Brasil, as carências de consumo permanecem. Assim, estímulos via redução de
tributos geram efeitos imediatos na expansão de mercado, ao incentivar a opção do
consumidor pelo produto/serviço incentivado.

37 Katz. R.L; Flores-Roux, E. e Mariscal. J (2010) “The impacto f Taxation on the Development of the
Mobile Broadbanda Sector”.

38 Inclui o serviço e aparelho celular. O trabalho considerou a carga tributária sobre faturamento líquido.

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 62


Impacto da redução de IPI sobre as vendas de móveis e eletrodomésticos

Em 2008, no contexto da crise financeira mundial, o governo brasileiro reduziu o Imposto sobre
Produtos Industrializados (IPI) como instrumento para aumentar a quantidade transacionada de
alguns bens. A ideia básica por trás dessa política é a de que corte de custos são repassados
ao consumidor que responde a esse estímulo aumentando o consumo do bem cujo preço
diminuiu. Isso, mesmo em meio à crise, estimulou consideravelmente o mercado brasileiro de
automóveis; móveis e eletrodomésticos.

O gráfico abaixo compara as vendas efetivamente ocorridas de Móveis e Eletrodomésticos,


com uma estimativa para o que teria sido vendido caso não houvesse o incentivo fiscal
(contrafactual).

Vendas efetivas e estimadas de móveis e eletrodomésticos

Fonte: PMC/IBGE. Elaboração e Estimação: LCA.

A economia brasileira vive um momento muito favorável (crescimento econômico, com


estabilidade monetária e melhor distribuição de renda), porém com grandes desafios
(diferenças regionais e altos custos de investimento, notadamente a carga tributária) que
afetam tanto oferta quanto a demanda de serviços de telecomunicações.

A contextualização do ambiente econômico e institucional é fundamental para


compreender os principais desafios do setor de telecomunicações no Brasil. A próxima

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 63


seção apresenta olhar mais específico, voltado para as questões que se colocam para
setor de telecomunicações como um todo e para alguns serviços39, em particular.

3. Os serviços de Telecomunicações no
Brasil: características gerais; situação
atual e principais desafios

3.1 Características gerais do setor


Dinamismo tecnológico é uma característica marcante do setor e impõe
necessidades contínuas de investimento.

O setor de telecomunicações tem características estruturais comuns nas suas diversas


modalidades, tais como: (i) elevadas economias de escala40, (ii) externalidades de
rede41 e (iii) alta intensidade de capital (devido à alta velocidade do progresso
tecnológico e à necessidade de vultosos investimentos em infraestrutura).

O progresso tecnológico avança em direção à convergência entre indústrias e


sistemas produtivos, motivo pelo qual as telecomunicações se tornaram uma
infraestrutura essencial para radicar o crescimento econômico, integrando os
novos setores produtivos e revitalizando aqueles considerados ultrapassados.
Esta revolução, patrocinada pelos avanços no campo da ótica, microeletrônica e
informatização, respondeu, em especial, às demandas por serviços de informação e
comunicação com maior velocidade e variedade, ao menor custo possível.

39 STFC, SMP e Banda Larga.

40 Economias de escala ocorrem quando o custo unitário de produção de uma unidade do produto ou de prestação de
um serviço diminui à medida que o nível de produção ou de prestação de serviço aumenta. O aumento do número de
usuários atendidos por uma mesma infraestrutura dilui os elevados investimentos incorridos na sua construção. Em um
ambiente competitivo, esta redução do custo unitário se traduz em preços menores.

41 A existência de externalidades de rede significa que a demanda de um consumidor pelo bem é estimulada pela
procura de outros consumidores pelo mesmo bem. Desta forma, juntar-se à rede torna-se valioso precisamente porque
os usuários obtêm benefícios deste sistema, ou seja, o valor de adesão de um usuário é afetado positivamente quando
outro usuário também adere e amplia a rede. Com efeito, o tamanho da base de assinantes pode influenciar na escolha
da operadora. Cumpre destacar que o regulamento do SMP impõe a exigência da interconexão e interoperabilidade
das redes móveis de comunicação, de forma a permitir que, independentemente da operadora, um consumidor consiga
comunicar-se com usuários de outras operadoras de telefonia móvel. Mas, por conta das externalidades de rede, o
consumidor pode não ser indiferente ao tamanho da base de clientes na escolha da sua operadora.

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 64


Nesse sentido, vale destacar ainda os avanços
Ao promover a integração entre
essenciais em termos de evolução e disseminação cidadãos, consumidores,
de tecnologias móveis (sem fio) e o advento da empresas e governo o setor de
Internet, a rede mundial de computadores, cujas telecomunicações tem a mesma
potencialidades em termos de comunicação relevância de modalidades
multimídia prenunciavam transformar radicalmente a tradicionais de infraestrutura e

natureza e os meios de comunicação como um todo. utilidade pública, a exemplo de


estradas e rodovias, serviços de
As tecnologias de informação e comunicação saneamento básico, provisão de
constituem insumos-chave para o desenvolvimento energia elétrica e gás.

econômico, tanto no que se refere à integração


mundial como na garantia de eficiência e transparência na atuação do setor público.
Segundo estudos recentes do Banco Mundial (2010)42, o acesso a meios adequados
de informação e comunicação é crucial para redução da pobreza e da
desigualdade econômica; sustentar a competitividade global das economias;
ampliar o acesso e a qualidade nos serviços públicos, como saúde e educação;
e permitir novas formas de acesso à renda e geração de empregos e
oportunidades para a população.

Graças à organização de rede da internet, a intercomunicação entre usuários de


plataforma e dispositivos terminais distintos garante o caráter sistêmico do tráfego
de dados do serviço, assim como o compartilhamento da infraestrutura central
do serviço, incluindo backhaul43, provedores de acesso (ISPs) e o backbone44. Isto se
dá, em grande parte, graças à tendência fundamental das redes de telecomunicações

42 World Bank (2010): “Building broadband: Strategies and policies for the developing world”; World Bank, 2002,
Information and Communication Technologies: A World Bank Group Strategy, Washington, DC: World Bank.
http://siteresources.worldbank.org/INFORMATIONANDCOMMUNICATIONANDTECHNOLOGIES/ Res
ources/BuildingBroadband_cover.pdf. Acesso em 15/03/2011.

43 A ANATEL define como sendo a infraestrutura de rede de suporte do STFC para conexão em banda larga,
interligando as redes de acesso ao backbone da operadora. Como contemplado na definição acima, as redes de
backhaul correspondem a redes secundárias derivadas do backbone e, por isso, também apresentam funções
essenciais dentro de todos os serviços de telecomunicações. Elas podem ser tanto advindas de rádio digital ponto a
ponto, como de linhas privativas ou fibras óticas, em geral estas últimas destinadas ao atendimento de grandes cidades
e capitais. Além disso, conforme explica a Teleco: (i) Em redes de tecnologia wireless, o backhaul trasmite voz e dados
do site de uma célula para um switch, i.e., de uma site central para um remoto; (ii) em redes com tecnologia de satélite,
transmite dados de um ponto para o qual ele pode ser transmitido (uplinked) para o satélite; (iii) O backhaul também é
utilizado para a transmissão de dados para um backbone de rede.

44 O backbone corresponde à estrutura fundamental ao funcionamento de qualquer rede de telecomunicação, pois


possibilita a transmissão, comutação, roteamento e gerenciamento do tráfego principal de voz e dados de todas as
redes das operadoras e entre elas. Segundo a TELEBRASIL, o backbone concentra o tráfego de dados de toda a rede
de uma operadora e o transporta para as outras, através das saídas de interconexão. Ainda a TELEBRASIL explica
que é a partir do backbone que derivam redes secundárias, conhecidas como backhaul, que possibilitam a distribuição
e o tráfego com níveis maiores de capilaridade.

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 65


(telefonia fixa e móvel, TV por assinatura e comunicação de dados) de integrar
plataformas para oferecer aos consumidores o mesmo tipo de serviço, conforme a
figura abaixo.

Figura 9 – Integração e convergência entre tecnologias e serviços de


(a)
telecomunicações

Internet 
MMDS, FWA, Spread Spectrum

ISP backhaul DTH e Satélite


headend / 
uplink 
roteador Wi-fi
WiMax, LTE/4G (rede local)

ISP
backhaul quadruple play
ERB/CCC
1G, 2G, 2,5G e 3G telefonia móvel
banda larga móvel
espectro de radiofrequência

ISP
backhaul triple play
central banda larga fixa
telefônica
backbone  (STFC)

telefonia fixa double play


ISP
backhaul

TUP
tv por assinatura
headend 
cabo coaxial (antena)

redes físicas de transporte “última milha”


subestação /
concentrador Rede de telefonia local - telefonia fixa e DSL 
rede de telefonia fixa (STFC)

rede de serviço a cabo (TVC) cabo coaxial - TV, telefonia e Internet a cabo 

rede de transmissão do sistema elétrico rede elétrica local - energia e PLC/BPL

exploração industrial de linha dedicada (EILD) outras redes: FTTH (fibra), HFC (fibra/coaxial)
Elaboração: LCA

(a)
Os ANEXOS e o Glossário apresentam as características e definições dos termos apresentados nesta
figura, de acordo com serviço.

O compartilhamento da infraestrutura está previsto entre os resultados da


convergência tecnológica, tanto em termos de transmissão digital de dados como em
termos de terminais (televisão via internet e no telefone móvel; internet na televisão;
telefonia pela Internet ou VoIP). Esta sobreposição dos serviços e das plataformas
para fins convergentes tem, na prática, impacto sobre o setor de duas maneiras: (a)
como maior concorrência interplataformas para serviços convergentes (no caso
do triple play, em que várias plataformas disputam oferta de TV, voz e dados) e (b)
como maior concorrência entre serviços (banda larga fixa versus telefonia fixa;
banda larga móvel versus telefonia móvel), independentemente da plataforma (VoIP
versus Chamadas de Longa Distância; redes sociais/mensageiros instantâneos versus
SMS). Evidentemente, o grau de rivalidade dependerá sempre da maior ou menor

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 66


disponibilidade de plataformas e serviços operando em uma mesma região, de sorte
que o nível de convergência tecnológica seja efetivamente observado em termos de
grau de substitutibilidade entre plataformas e serviços.

Convergência, regulação e defesa da concorrência

É importante ressaltar que a definição do setor de telecomunicações, tal como disposto na


própria LGT, inclui o conjunto de atividades que permite a oferta de transmissão, emissão ou
recepção, por fio, radioeletricidade, meios ópticos ou qualquer outro processo eletromagnético,
de símbolos, caracteres, sinais, escritos, imagens, sons ou informações de qualquer natureza.
Trata-se de uma formulação genérica que termina por delegar à própria ANATEL – através do
seu poder expeditório de normas que regem as modalidades, condições de prestação, fruição e
outorga dos serviços – a tarefa de traçar as fronteiras do conceito de mercado(s) relevante(s), ato
prévio fundamental para qualquer análise de dinâmica concorrencial, em qualquer serviço. Trata-
se, de forma concreta, de definir concomitantemente quais players estão ou não autorizados a
operar em um dado mercado (em termos de produtos/serviços e espaços geográficos) e quais as
regras que devem mediar a rivalidade subjacente, com base em critérios de finalidade, âmbito de
prestação, forma, meio de transmissão, tecnologia e finalidade para o usuário final. Neste caso,
um potencial foco de problemas está vinculado à harmonização entre as regras definidas pela
agência reguladora (fronteiras dos serviços) e o que ocorre, efetivamente, na realidade, e que
acaba por extravasar ou se sobrepor à esfera de ação regulatória. Em outras palavras, pode-se
chegar à conclusão simultânea de que um mercado específico, tal como definido pelas fronteiras
regulatórias (tecnológicas, por exemplo), é significativamente concentrado, quando, na realidade,
ele se encontra sobre intensa pressão competitiva de alternativas tecnologicamente distintas em
termos de finalidade ao usuário final.

Isto pode ser quiçá mais problemático se se considerar o potencial de interferência da agência
no grau de rivalidade do mercado. Isso pode decorrer, por exemplo, da limitação do número de
agentes habilitados a explorar o serviço, ou ao estabelecimento de regras assimétricas
(obrigações, questões relativas ao fim das concessões e reversibilidade de ativos) entre
mercados regulados que, não obstante, disputam o mesmo mercado final em termos de
finalidade do serviço. Esta questão se tornará tão ou mais severa quanto maior o nível de
convergência dos serviços (e assim, dos mercados finais) e quanto maior a
segmentação/assimetria da ação regulatória. Como destaca Prado, “o advento da
convergência, atividades que anteriormente eram vistas como distintas, tais como a
transmissão de dados, comunicação telefônica e a radiodifusão de sons e imagens, passaram
a dispor de uma base tecnológica comum e compartilhável” (PRADO, 2007, p. 43). Assim, a
rigidez normativa e institucional, que não acompanha a tendência verificada pelo mercado
regulado – e especialmente dinâmico, como é o caso de Telecom – pode gerar distorções
imediatas e de longo prazo, com possíveis implicações para os níveis de investimento setorial e
equilíbrio econômico-financeiro dos players em serviço.

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 67


Em termos analíticos, a ausência de uma definição rigorosa, consistente e estável de mercado
relevante (seja na dimensão produto ou geográfica) afeta substancialmente o cálculo e o
potencial analítico de indicadores de concorrência, entre eles o CR1/CR4 (participação de
mercado da empresa líder e das 4 principais empresas, respectivamente) e o Índice Herfindahl-
Hirschman (HHI)(a). Em outras palavras, embora possam integrar o processo de análise, estes
indicadores sugerem uma avaliação genérica do grau e do perfil da concorrência, insuficiente
para respaldar conclusões acerca da existência e do exercício de poder do mercado no setor.

Ressalvas ao cálculo e análise com base no HHI

Em termos metodológicos, mercados altamente concentrados e dotados de elevadas barreiras à


entrada (consequentemente, HHI elevado) não implicam, necessariamente, em exercício ou abuso
de poder de mercado pelas empresas incumbentes. Isto porque várias distribuições de market share
são possíveis para um mesmo valor do HHI (vários mercados com diferentes níveis de
competitividade correspondem a um mesmo resultado). Além disso, fatores ambientais, ligados ao
comportamento dos rivais, atuação regulatória (concessões, teto tarifário e outros limites à
concorrência), também podem gerar pressões competitivas independentes do grau de concentração
de mercado verificado.

Em termos tecnológicos, a convergência de um mercado antes fragmentado (voz, dados e vídeo


servidos separadamente) em um único serviço (com a redução progressiva das barreiras
tecnológicas entre plataformas e limitação da natureza do tráfego nas redes) acaba por ofuscar as
fronteiras da análise competitiva. Assim, por exemplo, quando se diz “mercado de banda larga”, na
verdade, está-se incluindo, por exemplo, serviços como o VO-IP, que competem com o STFC, e
Redes Sociais/Mensageiros instantâneos, que rivalizam com as Short Text Messages (SMS). Isto
implicaria em dimensionar o mercado relevante de acordo com a finalidade do uso do serviço e não
por meio de sua plataforma/tecnologia ou rede de oferta.

Uma das formas de se contornar esta dificuldade na avaliação de questões pertinentes à


concorrência envolve a eleição da regra da razão como ordem mediadora da análise,
substituindo a regra per se. Esta última implica na assunção genérica de práticas ilícitas
independentemente do contexto em que forem praticadas ou resultados obtidos, isentando-lhe
a necessidade de análise apurada da estrutura de mercado e do (abuso do) poder de mercado
detido pelo agente. Em outras palavras, trata-se de uma subsunção do fato à norma, sem que
se analisem elementos contingenciais da conduta. Sua aplicação, em geral, limita-se a casos
cujas efeitos para o bem-estar se revelam raramente neutros ou pró-competitivos (seja por
evidências imediatas e suficientes ou por experiência histórica assertiva). Desta maneira, ter-
se-ia uma economia em termos de custos administrativos e judiciais associados à análise
concorrencial do caso.

Em contraste, a regra da razão (rule of reason,) permite uma flexibilidade maior da norma em
sua aplicação a casos concretos, com apuração maior dos dados e elementos relativos à
conduta em conta (caso a caso). Cita-se, neste caso, o próprio CADE (Resolução n° 20, de
1999), que a partir da "análise da conduta específica, baseada no princípio da razoabilidade,
conclui-se com a ponderação entre os efeitos anticompetitivos e os possíveis benefícios ou
eficiências identificados e avaliados nos passos anteriores, com o objetivo de verificar se estes

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 68


últimos são suficientes para compensar aqueles, permitindo considerar lícita a conduta em
questão. Dada a dificuldade de mensuração desses efeitos, seja porque muitos deles são
apenas potenciais, seja pelos problemas intrínsecos de mensuração dos custos de transação
(presentes nos benefícios potenciais de quase todas as práticas verticais), é inevitável que a
análise seja em grande parte qualitativa, devendo entretanto ser procedida de forma minuciosa
e criteriosa". Trata-se, acima de tudo, de uma regra que deve nortear qualquer análise
competitiva, na medida em que prevê exatamente a complexidade e o contingenciamento
da atividade econômica, postulando o rigor e os critérios a serem analisados em cada caso,
tendo em vista a apuração dos eventuais benefícios e efeitos líquidos sobre o mercado e o
consumidor, associados a quaisquer práticas competitivas.

Para o setor de telecomunicações, o processo de convergência tecnológica em andamento


implica na coexistência de serviços tradicionais (telefonia fixa, por exemplo) e serviços
convergentes (banda larga móvel, por exemplo), a avaliação da concorrência deve ser
acomodada de forma ampla e flexível, à luz dos critérios resguardados sob a regra da razão,
de sorte que se tenha um modelo regulatório que atenda simultaneamente aos interesses de
ordem pública e à preservação de um ambiente competitivo, institucionalmente estável e
condutivo ao investimento privado

(a)
O cálculo do HHI, por exemplo, resulta da soma dos market shares das firmas elevados ao

quadrado, isto é, HHI= , onde Si representa o market share de cada player. O número
resultante pode variar entre zero (cenário que representaria um caso de “concorrência perfeita”)
e 10.000 (no caso de uma única firma ocupar posição de monopólio). Segundo os órgãos
antitruste americanos (Horizontal Guidelines do USDoJ), são três as linhas de corte que balizam
e classificam o grau de concentração de mercado: (i) mercados com HHI menores que 1000 são
classificados como de baixa concentração; (ii) mercados com HHI entre 1000 e 1800 são
considerados com concentração moderada; e (iii) mercados com HHI acima de 1800 são
considerados concentrados.

Já ao se pensar cada uma das plataformas de forma isolada, pode-se ter em conta
não só as diferenças em termos de plataforma e sua tecnologia associada, mas
também as particularidades de cada rede (meio físico, extensão, capilaridade etc.),
entrepostos e nodos intermediários (centrais, uplinks, headends etc.) e a malha de
rede para conexão com o backbone. Isso se reflete no fato de cada plataforma abarcar
empresas dotadas de estruturas de custo distintas, cada qual alicerçada nas
vantagens e desvantagens de cada tecnologia. Conquanto partilhem da mesma
infraestrutura básica, a sujeição de cada serviço a linhas regulatórias próprias
(assimetria), em face da convergência competitiva, pode resultar no favorecimento de
uma plataforma, tecnologia ou de um serviço específico, e a um maior ou menor grau
de geração de ineficiências e distorções alocativas no setor.

Com efeito, o estabelecimento de quaisquer regras para o setor – especialmente para


o caso do serviço de banda larga, ponto focal da convergência em telecomunicações –

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 69


apresenta um potencial impacto no setor como um todo, o que deve ser levado
em consideração, tendo em vista o aprofundamento de assimetrias no fôlego e na
saúde econômico-financeira das empresas, atreladas às obrigações e capacidades
distintas de atendimento/resposta a estímulos e metas definidas pelas autoridades
regulatórias ou pelo próprio governo.

Por ser o ponto focal da convergência, o presente trabalho aborda o serviço de


conexão à internet por banda larga com mais detalhes, visto que seu desenvolvimento
tem impacto potencial nos demais serviços de telecomunicações.

Nesse contexto convergente, os próximos itens dedicam-se aos serviços STFC, SMC
e banda larga, de forma específica, buscando identificar seus principais desafios.

3.2 O Serviço Telefônico Fixo Comutado (STFC) no Brasil


Pelo Regulamento do Serviço Telefônico Fixo Comutado, aprovado pela Resolução
ANATEL n.º 85/1998, “o Serviço Telefônico Fixo Comutado (STFC) é o serviço de
telecomunicações que, por meio de transmissão de voz e de outros sinais, destina-se
à comunicação entre pontos fixos determinados, utilizando processos de telefonia. São
modalidades do Serviço Telefônico Fixo Comutado destinado ao uso do público em
geral: o serviço local, o serviço de longa distância nacional e o serviço de longa
distância internacional”.

Em termos técnicos, a especificação da ANATEL sugere ainda que só sejam


aplicáveis ao STFC os processos de telefonia que permitem a comunicação entre dois
pontos fixos por voz e outros sinais com transmissão nos modos 3,1 KHz (para voz ), 7
KHz (para áudio) ou até 64 Kbit/s (irrestrito), por meio de fio, radioeletricidade, meios
ópticos ou qualquer outro processo magnético. O ANEXO 1 traz mais detalhes sobre o
STFC, apresentando características técnicas do serviço e a evolução recente da
demanda e da oferta do serviço.

3.2.1 Situação Atual do STFC no Brasil


Por se tratar de um dos serviços e mercados mais tradicionais das telecomunicações,
com ampla cobertura nacional e acessibilidade, a análise do desempenho da telefonia
fixa deve levar em conta aspectos ligados ao consumo e maturidade tecnológica do
serviço, incluindo a emergência de serviços substitutos e complementares, as

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 70


oportunidades de aproveitamento da extensão e da capilaridade para provisão
de outros serviços.

Neste âmbito, faz-se notar desde 2002 uma queda progressiva da parcela da receita
bruta do STFC associada aos serviços de chamadas locais. O movimento coincide
com um aumento proporcional da parcela vinculada à comunicação de dados, assim
como a manutenção da parcela vinculada a “outros serviços”, que tem como base as
receitas atreladas às chamadas de longa distância, conforme o gráfico abaixo.

(a)
Gráfico 25 – Evolução da receita bruta do STFC por serviço (%)
70
61,4 62,0 61,8
59,9 60,4
58,5
60 56,4
53,7
50,5
47,3
50 45,8

40

30 26,7 25,6 25,3 25,5


25,0 25,1 24,0 23,8 24,0 24,8 24,3

20
25,8
23,6
21,0
18,1
10
15,9
12,9 4,1
10,1 9,3 10,7
9,3 9,1
0
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Serviço Local Longa Distância Comunicação de dados Outros Serviços

Fonte: Dados Telebrasil, disponível em: http://www.telebrasil.org.br/saiba-mais/Temporais_4T10_mar_24


_2011.pdf; Último acesso em 25/03/2011. Elaboração: LCA. (a) Inclui Oi, Telefonica, Embratel e CTBC.

No que se refere à rentabilidade do STFC para o mesmo período, observa-se uma


queda do patamar da margem EBITDA calculada para o serviço, de uma média de
40% entre 2000 e 2004 para 34% entre 2005 e 2010 (Gráfico 26).

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 71


(a)
Gráfico 26 – Evolução da margem EBITDA do STFC (%)
50

44,6 A série histórica da


45
41,5 margem EBITDA aponta
40,6
40 38,4 uma recuperação em
36,3
35,3 36,0 2010 frente a 2009, ano
34,2 33,7
35
36,0
em que a média do setor
30 atingiu o piso de 28,4%.

28,4
25
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Fonte: Telebrasil, disponível em: http://www.telebrasil.org.br/saiba-mais/Temporais_4T10_mar_24


(a)
_2011.pdf; Último acesso em 25/03/2011. Elaboração: LCA. Não estão incluídas CTBC, Sercomtel e GVT.

Em termos de comparação internacional, a penetração computada pela União


Internacional de Telecomunicações (UIT – do inglês, International Telecommunication
Union – ITU) em 2008 (20,7 linhas de telefonia fixa/100 habitantes) posiciona o Brasil
em uma situação intermediária entre os países selecionados (Gráfico 27).

Gráfico 27 – Comparativo internacional de penetração (linhas de telefonia fixa


por 100 hab.) – 2008
65,6

70
64,7
60,1
56,4
56,2
55,5
55,5

60
51,9
51,3
46,8
46,7
45,8
45,0

50
44,4
44,3
42,1
41,7
41,5
41,1
41,0
39,5
37,8

40
32,9
32,4
31,2
27,9
27,5
27,5
24,9

30
24,1
23,4
20,8
20,7
18,8
18,4
17,9
16,4

20
14,1
10,5
9,4
9,2
9,1
8,7
7,7

10
4,4
3,4
2,8
1,1
0,8

0
Nova…
Estados …

República…

México
Dinamarca

Marrocos
Grécia
França

Japão

Colômbia
Alemanha

Bélgica
Noruega

Portugal

Ucrânia
China

Malásia

Nigéria
Suécia

Coréia do Sul

Holanda

Singapura

Rússia

Polônia

Argentina

Brasil
Austrália

Itália

Peru
África do Sul

Paquistão
Suíça

Canadá

Finlândia
Hungria

Chile

Venezuela

Egito
Tailândia

Bangladesh
Filipinas
Espanha

Israel

Áustria

Turquia

Argélia
Indonésia

India
Reino Unido

Fonte: UIT, disponível em: http://www.itu.int/ITU-D/ict/statistics/. Último acesso em 14/03/2011.


Elaboração: LCA.

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 72


Em termos de comparativo de preço, a UIT
A penetração do serviço de telefonia fixa no
avalia anualmente o custo de uma cesta
Brasil é considerada similar ao verificado
para a Argentina e outros países padrão de telefonia fixa (local), referenciada

vizinhos, como Chile e Venezuela, mas ao preço correspondente a um pacote com


inferior à presença do serviço nos domicílios assinatura mensal e o custo de 30 ligações
das economias desenvolvidas. locais para a mesma rede fixa (15 em
horários de pico e 15 fora de pico), com duração de três minutos cada (Gráfico 28).

Gráfico 28 – Comparativo internacional de Preço e Custo da Telefonia Fixa (2009)

12 60
% da Renda per capita mensal para custear Pacote Tel Fixa (%)
% da Renda per capita mensal para custear Pacote Tel Fixa (%)

Preço Pacote Tel Fixa (PPPS$ - mensal)


Preço Pacote Tel Fixa (US$ - mensal) 50
10

Preço de Assinatura da Telefonia Fixa


40
8

30

20

4
10

2
-

- (10)
África do…

Coréia do …
Nova…
República…

Estados…
México
Marrocos

Dinamarca
Grécia

França
Colômbia

Japão
Alemanha
China
Bélgica

Noruega
Nigéria

Brasil

Portugal

Ucrânia

Malásia

Holanda
Peru

Polônia

Itália

Austrália

Rússia

Argentina
Suécia

Singapura
Paquistão

Chile
Hungria

Egito

Venezuela

Canadá
Filipinas

Bangladesh
Tailândia
India

Indonésia

Turquia

Argélia

Áustria

Suíça

Finlândia
Espanha

Israel

Reino Unido

Fonte: UIT, disponível em: http://www.itu.int/ITU-D/ict/statistics. Último acesso em 14/03/2011.


Elaboração: LCA.

O valor encontrado para o preço da cesta em 2009 – US$ 13,4 ou,


alternativamente PPP$ 16,3545, empregando fator de conversão do Banco
Mundial – é inferior à média dos países selecionados (US$ 17,1 ou PPP$ 18,7). A
UIT reporta, adicionalmente, que este pacote custaria no Brasil, 2,19% da renda per
capita mensalizada, posicionando-o na 86º colocação (ao lado de Chile, Hungria,
República Checa e México), em um ranking encabeçado pelo Irã.

45
PPP (ou PPC, Paridade de Poder de Compra) é calculada com base em uma cesta única internacional
de mercadorias e serviços que é periodicamente arbitrada a partir das pesquisas de preços e composição
de gastos nos diferentes países. Para cada país, o preço da cesta internacional em moeda local é
comparado ao preço da mesma cesta em dólares americanos nos Estados Unidos, país utilizado como
referência internacional.

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 73


O mesmo estudo permite evidenciar que parte da explicação deste posicionamento se
deve à renda per capita do Brasil, relativamente baixa quando comparada a outros
países do ranking com pacotes de telefonia fixa de valor equivalente ao brasileiro,
como Canadá, Dinamarca e Finlândia (Gráfico 29).

Gráfico 29 – Comparativo internacional entre custo da telefonia fixa e renda per


capita mensal (2009)

12 8.000
% da Renda per capita mensal necessário para custear Pacote de Tel Fixa
Renda per capita (PPPS$ - mensal)
7.000
Renda per capita (US$ - mensal)
% da Renda per capita mensal para custear Pacote Tel Fixa (%)

10

6.000

8 5.000

Renda per capita mensal


4.000

3.000

4 2.000

1.000

- (1.000)
República…
México
Marrocos

Grécia

Dinamarca
Colômbia

França

Japão
Alemanha

Bélgica

Noruega
Nigéria

Brasil

Portugal

Ucrânia

China

Malásia

Holanda
Peru

Polônia

Itália

Rússia

Argentina
Suécia

Coréia do Sul
Singapura
África do Sul

Paquistão

Hungria

Venezuela

Austrália

Canadá
Filipinas

Bangladesh

Indonésia

Egito

Argélia

Áustria

Suíça
Tailândia

Chile

Turquia

Finlândia
India

Espanha

Israel

Estados Unidos
Nova Zelândia

Reino Unido

Fonte: UIT, disponível em: http://www.itu.int/ITU-D/ict/statistics. Último acesso em 14/03/2011.


Elaboração: LCA.

3.2.2 Principais Desafios para o STFC no Brasil


Criar condições para o máximo aproveitamento da capilaridade do STFC
na oferta de outros serviços de telecomunicações

Entre as consequências do modelo de telefonia fixa implantado no país, cabe


destaque ao movimento acelerado de universalização dos serviços, esforço que,
aliado ao aumento do poder de compra em todas as faixas de renda, garantiu a
crescente penetração dos serviços de telefonia em âmbito nacional, incluindo a
provisão de acessos coletivos a populações carentes e disponibilização de TUPs em
regiões e comunidades remotas do país.

Em termos de desempenho de mercado, o atual cenário de maturidade do STFC


levanta expectativas no que se refere à emergência de novos serviços de

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 74


telecomunicações e como eles podem afetar mercados mais tradicionais, como é o
caso da telefonia fixa. Em particular, deve-se atentar para a evolução de serviços e
produtos complementares e/ou substitutos que, em virtude de mudanças nos perfis de
consumo (via renda e preferências), possam apresentar uma oportunidade ou ameaça
aos serviços e redes de telefonia fixa no país.

Entraves e incertezas de ordem regulatória atravancam planos de


modernização de redes

Atualmente, os principais desafios para o STFC incluem, fundamentalmente, dispor


de formas e alternativas para utilizar adequadamente a infraestrutura instalada, de
sorte a otimizá-la tanto em termos tecnológicos (aproveitamento da polivalência da
rede para provisão múltipla de serviços, incluindo banda larga e TV por assinatura46 –
o triple play) quanto em termos de escala e cobertura (dada sua amplitude e
capilaridade).

Para tanto, temas como o aumento das obrigações das concessões e definição
da reversibilidade de ativos, importantes para qualquer contrato público, tornam-se
aqui ainda mais cruciais para nortear a decisão de investimento, notadamente na
instalação e ampliação de redes de alta capacidade (fibra ótica), capazes de
acomodar o tráfego de dados, serviços de voz e de imagem. Neste âmbito, questões
relativas à convergência dos serviços de telecomunicações e redes de nova
geração47 ganham destaque como oportunidade para rentabilizar novos
investimentos na expansão e atualização tecnológica da infraestrutura.

3.3 O Serviço Móvel Pessoal (SMP) no Brasil


O sistema de telefonia móvel é construído a partir da subdivisão de uma área
geográfica em células, cada qual atendida por uma estação de rádio, que organiza
e direciona o tráfego de voz a uma central, que pode conectar outras estações ou
outros centros nodais da rede telefônica. O Serviço Móvel Pessoal (SMP) incorpora,
por definição, as chamadas originadas em um telefone móvel e destinadas a um

46 Para informações sobre as condições atuais do serviço de TV por assinatura, ver ANEXO 2.

47 As Redes de Nova Geração (ou Next Generation Network) envolvem a promoção de uma plataforma de transporte
comum e convergente para vídeo, voz e dados, com base no tráfego de pacotes digitais com endereçamento IP
(Internet Protocol).

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 75


telefone fixo ou móvel localizado na mesma área local em que se encontra o
dispositivo que originou a chamada. O tráfego entre o acesso terminal (usuário) e
a rede de telecomunicações se dá através do espectro de radiofrequência.

O ANEXO 3 apresenta mais detalhes sobre as características e o mercado do SMP


brasileiro, apresentando características técnicas do serviço, evolução da demanda e
oferta e um comparativo internacional do desempenho de mercado.

3.3.1 Situação Atual do SMP no Brasil


Segundo dados da UIT, o Brasil apresentava em 2008 uma penetração de 78,6 linhas
móveis para cada 100 habitantes, valor inferior ao apresentado para países como
Japão (86,8) e Estados Unidos (86,7). Se analisarmos com base no número mais
recente disponibilizado pela ANATEL (105,7 acessos/100 habitantes em janeiro/2011),
o Brasil já ultrapassaria países como Nova Zelândia (105,0) e Austrália (102,6) em
termos de penetração da telefonia móvel (Gráfico 30).

Gráfico 30 – Comparativo internacional de Penetração (2008)


151,6

160
141,1
139,6
138,1
133,5

140
129,7
128,8
128,3
127,4
126,3
125,7
124,8
123,9
122,1
121,1
118,3
118,0
116,6
115,3
111,7
111,6
110,2

120
109,2
105,0
102,6
96,3
94,7
93,4
92,7

100
92,0
91,9
90,6
89,1
88,1
86,8
86,7
78,5
75,4
72,7

80
72,2
69,4
66,4
61,8

60
50,6
49,7
47,9
41,7

40
29,4
27,9

20

0
Estados…
Coréia do …

África do …
República…

Nova…

Tailândia

Filipinas
Reino Unido

Holanda

Argentina

Turquia

Indonésia

Paquistão
Finlândia
Itália
Rússia

Bélgica

Austrália

França

Colômbia

México

Bangladesh
Áustria

Chile
Israel
Singapura

Polônia
Espanha

Malásia
Venezuela

Canadá
Portugal

Brasil
Alemanha

Hungria

Noruega

China

India
Japão
Suécia

Marrocos
Ucrânia

Suíça

Argélia

Peru

Egito

Nigéria
Dinamarca

Grécia

Fonte: UIT. Elaboração: LCA.

Em termos concorrenciais, embora o HHI identificado para o SMP brasileiro seja


considerado elevado, trata-se, na realidade, de uma das economias com menor
índice na comparação internacional.

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 76


Segundo dados do relatório Global Wireless Matrix, produzido pela Merrill Lynch
com base em um conjunto de 52 países, somente 5 países (Índia, Reino
Unido, Paquistão, Canadá e Rússia) exibem índices menores que o brasileiro.
(Gráfico 31).

Gráfico 31 – Comparativo internacional de HHI e número de players no SMP de


cada país

6.000 20

5.490
5.200
5.200
HHI Número de players
18

4.690
4.670
5.000

4.590
4.470
16

4.370
4.170
4.070
3.990
3.970
3.900
3.880
3.830
14

3.630
4.000

3.600
3.600
3.590
3.590
3.570
3.560
3.520
3.510
3.470
3.450
Herfindahl–Hirschman Index

3.420
3.400

número de prestadoras
3.390
3.390
3.340
3.310
3.300
3.280

12
3.210
3.200
3.150
3.100
3.060
2.940
2.900
2.890
2.830
2.790

3.000 10
2.460
2.430
2.380
2.360
2.210

9 8
1.780

2.000
6
6 6
5 5 5 5 5 5 4
1.000 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4
3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 2
2 2

0 -
Estados…

Coréia do…
República…

África do…

Nova…
Tailândia

Filipinas
Reino Unido

Argentina

Indonésia

Holanda

Turquia
Paquistão

Finlândia
Rússia

Itália

Iraque

Bélgica
França

Austrália

Colômbia
Bangladesh

México
Áustria

Chile

Israel
Canadá

Polônia

Espanha

Malásia

Singapura

Venezuela
Brasil

Portugal
India

Alemanha

Hungria

Noruega

China
Japão
Suécia

Marrocos
Nigéria

Dinamarca

Ucrânia

Argélia

Grécia

Suíça
Egito

Peru

Fonte: Bank of America/Merrill Lynch. (2010), "Global Wireless Matrix 3Q 10" (publicado em
setembro/2010). Elaboração: LCA.

No que se refere ao preço do serviço, a UIT utiliza como base de comparação


internacional o custo de uma cesta de telefonia móvel baseada em uma metodologia
da OCDE para usuários com perfil de uso básico dos serviços. Esta cesta inclui o
equivalente a 25 chamadas efetuadas por mês em situações on net, off net, para fixo,
em horário de pico, fora de horário de pico e em finais de semana, além de 30 SMS.
Esta cesta de preços é então comparada com a renda per capita mensalizada, de
sorte a identificar a proporção da renda necessária para custear o pacote básico
de telefonia móvel.

O resultado deste cálculo é uma tarifa média de US$ 34,7 (Gráfico 32) ou PPP$ 42,2,
aplicando o fator de conversão de poder de compra fornecido pelo Banco Mundial.

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 77


Gráfico 32 – Comparativo internacional entre Índice e Preço da Telefonia Móvel
(2009)

12 60
% da Renda per capita mensal para custear Pacote Tel Móvel (%)
Preço Mensal Tel Móvel (US$ - mensal)
Preço Mensal Tel Móvel (PPP$ - mensal)
50
% da Renda per capita mensal para custear Pacote Tel Móvel (%)

10

40

Preço de Assinatura da Telefonia Móvel


8
30

6 20

10
4

2
(10)

- (20)
República…
Indonésia

Hungria

Grécia
Turquia

Argélia

França

Áustria
Argentina

Suíça
Bélgica

Singapura

Noruega
Marrocos

Venezuela

Ucrânia

Nova Zelândia

Holanda
Nigéria

India
China

Austrália
México

Tailândia

Polônia

Rússia

Suécia
Finlândia
Filipinas

Colômbia

Espanha

Canadá
Reino Unido

Alemanha
Portugal
Peru

Itália

Dinamarca
Israel

Estados Unidos
Bangladesh
Egito

Chile

Coréia do Sul
Japão

Paquistão

Malásia
Brasil

África do Sul

Fonte: UIT. Elaboração: LCA.

É importante destacar que a metodologia de preços da UIT apresenta uma série de


limitações para comparações desta natureza, dado que não considera diversas
peculiaridades nacionais relativas a aspectos distributivos dos custos de chamadas.
Pode-se citar, por exemplo, o fato de a proporção de chamadas on net e off net
ser bastante variável na cesta de telefonia móvel dos diversos países, a
participação distinta dos planos pré-pagos em cada país, as diferentes cargas
tributárias, bem como a oferta de planos e tarifas promocionais – que são
explicitamente desconsiderados pela UIT.

Para o caso brasileiro, cabe ainda ressaltar que:

ƒ A UIT utiliza como base os preços brutos dos planos básicos homologados
na ANATEL, dados que não traduzem a realidade tarifária do mercado
brasileiro;

ƒ O perfil de tráfego móvel utilizado pela UIT (On net: 38%, Off net: 17% e
Móvel-Fixo: 45%) não se aplica à realidade brasileira. Segundo a última
estimativa feita pela ACEL em 2010, o Brasil apresenta um perfil baseado em
chamadas On net (On net: 65%, Off net: 5% e Móvel-Fixo: 30%);

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 78


ƒ UIT não considera tráfego de promoções (bonificado), modalidade bastante
comum na comercialização do serviço no Brasil. Deve-se considerar que as
modalidades promocionais têm uma duração mais longa no país, ao contrário
do caso internacional, onde estas costumam vigorar apenas no curto prazo;

ƒ Se o cálculo da cesta fosse adaptado para as características de acesso e


tráfego do Brasil, o preço médio da cesta equivalente à especificação da UIT
para os 4 principais players do Brasil (Vivo, Claro, TIM e Oi) seria de US$
12,0048, valor equivalente ao preço da cesta na Coreia do Sul e inferior às
tarifas praticadas no Canadá e Estados Unidos;

ƒ UIT utiliza os dados de PIB (GNP) per capita do Banco Mundial de 2008
(US$ 7.350) como referência para o cálculo do custo mensal da cesta de
consumo de telefonia móvel no Brasil. Se realizássemos apenas a
atualização da renda per capita do Brasil para valores verificados ao final de
2010 (segundo dados da LCA, US$ 10.800), o custo da cesta cairia de 5,66%
(Gráfico 33) para 3,9% (usando preços brutos dos serviços apontados pela
UIT);

Gráfico 33 – Comparativo internacional entre o custo da cesta de telefonia móvel


e renda per capita mensal (2009)

12 8.000

% da Renda per capita mensal para custear Pacote Tel Móvel (%)
Renda per capita (US$ - mensal) 7.000
Renda per capita (PPPS$ - mensal)
% da Renda per capita mensal para custear Pacote Tel Móvel (%)

10

6.000

8 5.000
Renda per capita mensal

4.000

3.000

4 2.000

1.000

- -1.000
Egito

Japão

Israel
Rússia
Brasil

Bangladesh

Malásia

Itália

Bélgica

Canadá
México
Nigéria

Grécia
Austrália

Áustria
Paquistão
Venezuela

Noruega
Marrocos

Hungria
Peru

Portugal
Indonésia

República Checa

Tailândia

Holanda

Dinamarca
Argentina

Chile

Coréia do Sul
Turquia

Argélia
Colômbia

Ucrânia

Espanha

Suíça

Alemanha
África do Sul

India
China

França
Nova Zelândia

Polônia

Suécia

Singapura
Filipinas

Reino Unido
Estados Unidos

Finlândia

Fonte: UIT. Elaboração: LCA.

48 Utilizando como base para o cálculo os dados para o DDD 11.

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 79


ƒ A mensuração da UIT é feita somente com preços brutos, o que no caso
brasileiro resulta em ignorar a parcela do preço referente à elevada carga
tributária do setor. Na hipótese de desoneração do serviço de telefonia móvel
da ordem de 45,5% (da receita líquida, repassada inteiramente ao preço final),
ter-se-ia uma redução do preço para US$ 18,9, tarifa próxima ao que é cobrado
nos primeiros países do ranking, como Estados Unidos, Canadá e Itália (US$
18,2). Com um serviço a este custo, a parcela da renda per capita mensal do
.
Brasil imobilizada pela cesta de telefonia móvel sairia de 5,7% (121º lugar no
ranking mundial) para 3,1% (100º. lugar no ranking mundial). Se
contabilizássemos, simultaneamente, o valor mais recente de renda per capita
brasileira (US$ 10.800), chegaria a um custo da cesta de 2,1% – o equivalente à
80ª. Posição no ranking de telefonia móvel.

ƒ O relatório da UIT não leva em consideração as características estruturais,


tecnológicas e regulatórias do Brasil, incluindo o peso das contribuições
para fundos setoriais (FUST, FISTEL), estágio na evolução tecnológica (ex.
disponibilidade e cobertura 3G), obrigações e metas de atendimento,
disponibilidade de licenças e preço do espectro de radiofrequências, parcela da
comunicação de dados nas receitas das operadoras, etc.

ƒ A UIT ignora a elevada participação dos planos pré-pagos na base de


acessos do SMP para fins comparativos. (Gráfico 25). Vale lembrar que o
usuário do celular pré-pago, além de deter em geral reduzido poder aquisitivo e
ser bastante sensível ao preço do serviço, utiliza seus aparelhos
primordialmente para receber ligações. Com efeito, conforme ilustra o Gráfico
26, o país detém um dos menores índices de uso do mundo (MOU).

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 80


0
100

20
40
60
80
(%)

0
100
200
300
400
500
600
700
800
900
Nigéria 100
Filipinas 39 Indonésia 98
Marrocos 45 Paquistão 98
Peru 93 Filipinas 98
África do Sul 94 Argélia 98
Venezuela 96 Bangladesh 97
Brasil 106

49 Minutes Of Use.
Egito 97
Argentina 108
Suíça India 96
119
Alemanha Marrocos 96
126

2010). Elaboração: LCA.


Portugal Rússia 96
132
Indonésia Venezuela 94
137
Polônia 139 Ucrânia 93
Japão 140 Tailândia 90
Holanda Itália 87

setembro/2010). Elaboração: LCA.


144
Bélgica 147 México 87
República Checa 147 Colômbia 84
Itália 148 Peru 82
Espanha 153 Brasil 81
Chile 157 África do Sul 79
Nova Zelândia 160 Malásia 78
Dinamarca 162 Portugal 73
Egito 169 Argentina 73
Hungria 182 Grécia 72
México 185 Turquia 72
Grécia 187 Chile 72
Rússia 187 China 70
Áustria 189 Nova Zelândia 68
Colômbia 189 Reino Unido 58
Reino Unido 193
Paquistão Alemanha 55
198
Malásia Hungria 54
199
Turquia Israel 53
212
Finlândia Bélgica 52
227
Austrália 231 Polônia 50
França 235 Singapura 49
Suécia 248 Holanda 47
Noruega 250 República Checa 47
Bangladesh 275 Suíça 42
Tailândia 280 Austrália 41
Argélia 281 Noruega 37
Coréia do Sul 295 Espanha 37
Israel 351 Suécia 34
Singapura 376 França 31
India 382 Áustria 30
Estados Unidos 388 Dinamarca 27
China 462 Canadá 21
Gráfico 35 – Comparativo internacional de minutos de uso - MOU49 (minutos)

Ucrânia 475 Estados Unidos 20


Gráfico 34 – Comparativo internacional da participação dos acessos pré-pagos

Canadá 812 Finlândia 14

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 81


Fonte: Bank of America/Merrill Lynch. (2010), "Global Wireless Matrix 3Q 10" (publicado em
Fonte: Bank of America/Merrill Lynch. (2010), "Global Wireless Matrix 3Q 10" (publicado em setembro de

Coréia do Sul 3
Japão 1
Estes pontos podem ser apontados, igualmente, como fatores responsáveis
pela queda da receita média por usuário (ARPU50) da telefonia móvel ao longo
dos últimos anos. O Gráfico abaixo mostra a trajetória da ARPU que passou de
R$29,30 no primeiro trimestre de 2007 a R$ 22,70 no terceiro trimestre de
2010.

Gráfico 36 – Evolução trimestral do ARPU no SMP brasileiro (R$ - nominal)

31 30,1
29,4 29,6
30 29,3
29
28 27,5 27,5 27,5
27,1
27
26
24,6 24,7
25 24,3 24,3

24
22,7 22,7 22,7
23
22
1T07

2T07

3T07

4T07

1T08

2T08

3T08

4T08

1T09

2T09

3T09

4T09

1T10

2T10

3T10
Fonte: Telebrasil, disponível em: http://www.telebrasil.org.br/saiba-mais/Temporais_4T10_mar_24_
2011.pdf; Último acesso em 25/03/2011. Elaboração: LCA

O patamar do ARPU brasileiro é considerado baixo também em termos mundiais.


Segundo o relatório Global Wireless Matrix, o Brasil apresentava uma receita média
mensal por usuário de US$ 13,56 no segundo semestre de 2010 – 30% do patamar
de países como Singapura e Coreia do Sul, e quase 20% do ARPU americano.
(Gráfico 37).

50 Receita média mensal por usuário (Average Revenue Per User), obtida dividindo-se a receita líquida de
serviços pelo número médio de celulares no período e pelo número de meses do período.

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 82


Gráfico 37 – Comparativo internacional de ARPU médio por país (US$)
57,1
60 54,3
50,8
49,0
50 46,3
43,4
41,4
38,1
36,8
40

33,6
33,0
32,7
31,8
29,9
29,4
28,7
28,2
27,7
30

24,6
23,4
22,6
19,7
19,4
19,1
18,9
18,5
16,0
20

14,8

13,6
14,2
14,1

12,8
12,6
11,8
11,1
9,7
9,5
9,4
9,3
8,6
8,5
7,0
10

6,2
6,1
4,5
4,1
4,0
3,7
3,1
2,6
0

Indonésia
Hungria
Grécia
Noruega

França

Áustria

Turquia

Argélia
Suíça

Singapura

Bélgica

Argentina

Marrocos
Holanda

Venezuela

Ucrânia
Austrália

Nova Zelândia

México

Nigéria

India
República Checa

Polônia

China
Canadá

Suécia

Finlândia

Alemanha

Rússia

Filipinas
Tailândia
Espanha

Reino Unido

Colômbia
Itália

Portugal

Israel

Peru
Estados Unidos

Iraque

Dinamarca

Chile

Egito

Bangladesh
Japão

Coréia do Sul

Malásia

Brasil

Paquistão
África do Sul

Fonte: Bank of America/Merrill Lynch. (2010), "Global Wireless Matrix 3Q 10" (publicado em
setembro/2010). Elaboração: LCA.

Outra variável que ilustra as condições de acirramento competitivo do setor é a


margem EBITDA: a parcela apresentou queda ao longo da década, partindo de um
patamar de 35,32% entre 2000 a 2004 para um patamar médio de 29,8% nos últimos
5 anos. (Gráfico 29).

Gráfico 38 – Evolução anual da margem EBITDA no SMP brasileiro (%)

39

37

35

33
31,38
31

29

27

25
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
Fonte: Telebrasil, disponível em: http://www.telebrasil.org.br/saiba-mais/Temporais_4T10_mar_24_
2011.pdf; Último acesso em 25/03/2011 e Teleco. Elaboração: LCA. Nota: Oi e BrT Móvel estão incluídas
no celular e nos resultados da Oi utilizados na estimativa de margem EBITDA das fixas. Não estão
incluídas CTBC, Sercomtel e GVT.

Em um contexto internacional, o relatório da Merrill Lynch reforça esta conclusão: o


serviço de telefonia móvel brasileiro apresenta a quinta pior média de margem
EBITDA entre todos os países analisados, com 30,9%, conforme aponta o Gráfico 39.

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 83


Gráfico 39 – Comparativo internacional de margem EBITDA (%)
70
63,2
59,3
56,2
55,8
53,4
53,2
52,7
60

50,1
48,5
47,3
47,2
47,1
46,5
46,4
46,4
46,3
46,2
46,2
46,2
46,0
45,9
45,3
45,0
44,9
44,5
43,5
50

42,2
41,5
41,2
40,7
40,4
40,3
40,1
38,5
38,4
38,2
37,9
37,6
37,4
36,0
35,1
34,8
33,6
40

31,7

30,9
30,9

29,8
27,5
27,4
30

20,0
20

10

Nova …

Dinama…
Rep. …

Áf rica…

Estados…

Reino …
Banglad…
Colômbia

Polônia
Algéria

Áustria
Bélgica

Holanda
Indonésia

Malásia

Austrália

Brasil
México

Nigéria

Itália

Japão

Peru

Suíça

Finlândia
Portugal
Filipinas

Egito

Chile
Rússia

Canadá

Hungria

China

Suécia
Espanha
Argentina

Índia
Marrocos

Noruega

Paquistão
Coreia

Grécia

Turquia
Israel

Cingapura

França
Iraque
Tailândia

Ucrânia

Alemanha

Venezuela

Fonte: Bank of America/Merrill Lynch. (2010), "Global Wireless Matrix 3Q 10" (publicado em setembro de
2010). Elaboração: LCA.

A despeito dos aspectos ligados ao ARPU e a reduzida margem EBITDA, o


crescimento da demanda e a oferta de novos serviços de maior valor adicionado
(como SMS, acesso à Internet e banda larga móvel 3G) também são fatores
relevantes que operam a favor da sustentação econômica e financeira das
operadoras.

3.3.2 Principais Desafios para o SMP no Brasil


Condições para ampliar o uso dos serviços móveis no Brasil:
necessidade de reavaliar e readequar o modelo de disponibilização do
espectro de radiofrequência e a cobrança de FISTEL na renovação de
autorizações/concessões. Ambos retiram significativos recursos do setor,
que poderiam se converter em mais investimentos.

A análise do mercado de SMP (complementada pelo ANEXO 3) permite evidenciar o


ambiente competitivo deste serviço no caso brasileiro: um segmento de
telecomunicações com rivais fortemente estabelecidos – com destaque para quatro
grandes players: Vivo, Claro, TIM e Oi. Trata-se de um setor extremamente dinâmico,
em que variáveis como preço, inovação (trajetória tecnológica extremamente rápida) e
qualidade são fatores fundamentais para conquista e manutenção das participações
de mercado.

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 84


Em termos de demanda, cabe destacar a cobertura nacional e a penetração elevada
do serviço, bem como a proporção significativa do mercado suprida através de planos
pré-pagos.

Além da popularidade dos planos pré-pagos, uma das medidas mais recentes de
grande impacto sobre a rivalidade do setor foi a introdução da portabilidade
numérica. Desde março de 2009, o consumidor pode migrar entre operadoras sem
que seja necessário alterar seu número de telefone. Com isso, reduziu-se
consideravelmente o custo de mudança (switching cost) para o consumidor trocar de
operadora, o que reforça a competição por preço e por qualidade de atendimento,
drivers importantes do consumo deste serviço51. É o que relata o estudo realizado pelo
INCRA (Internet Content Rating Association)52: a portabilidade favorece a migração
para operadores cujas alternativas de cobertura, preço e qualidade de serviço sejam
superiores.

Outra regulamentação com impacto relevante sobre a competitividade do setor é o


ingresso do MVNO, que regulamenta as operadoras móveis virtuais (Mobile Virtual
Network Operators). Através da Resolução nº 550/2010, a ANATEL tornou possível
novos modelos de negócios relacionados ao SMP, através do ingresso no mercado de
prestadores que não possuam licença de radiofrequências ou infraestrutura própria de
rede de telecomunicações. Com efeito, a medida pode favorecer a entrada de terceiros
na exploração das redes das autorizadas convencionais53.

Um dos principais desafios do SMP nesse contexto é implementar ações que viabilizem
a expansão do uso do serviço, visto que rivalidade e acesso já estão assegurados.

Para tanto, baratear o acesso à infraestrutura é fundamental o que requer a revisão do


atual modelo de disponibilização de espectro no Brasil: barateamento das licenças e

51 Cumpre destacar que o propósito principal da portabilidade é impor rivalidade ao mercado. Ou seja, tornar a troca
de operadora por parte do consumidor uma ameaça crível é capaz de disciplinar preços e incrementar a qualidade do
serviço, de forma que a eficácia da portabilidade não se mede pelos seus pedidos de efetivação em si.A fidelização do
consumidor a uma determinada operadora, mesmo com reduzidos custos de troca, é sinal de que a rivalidade no
mercado está de fato estabelecida.

52 ICRA (2009). Mobile Number Portability To Further Increase Competitive Intensity. Disponível em http://ww
w.icra.in/Files/PDF/SpecialComments/2009-December-Mobile-Portability.pdf, acessada em 18/02/2009.

53 Em detalhe, o “Regulamento de MVNO” prevê a existência de duas modalidades de MVNO, o credenciamento e a


autorização. Na primeira modalidade, as empresas interessadas devem se credenciar junto às operadoras do SMP,
atuando em seu nome na prestação de serviços ou de forma complementar à sua atividade (excluindo serviços de
telecomunicações). Já no caso das autorizadas, as empresas interessadas deveram ingressar com pedido de
autorização junto a ANATEL para prestar serviços moveis de rede virtual.

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 85


maior flexibilidade para acomodar os ciclos tecnológicos (menor rigidez quanto à
tecnologia a ser implementada na exploração das faixas).

É válido ressaltar que a utilização do atual modelo de precificação54 para destinação de


um recurso público e escasso (como é o caso do espectro de radiofrequência) não
constitui uma garantia de sua melhor alocação ou uso eficiente55. Tal como esclarece o
Handbook of Telecommunications Economics56:

“While auctions have been used to assign spectrum to different users, they still involve
a prior centralized allocation of bands of spectrum to particular uses. Economically,
this can lead to an inefficient use of spectrum. A user of a particular frequency
band (e.g. for 3G services) might have a much higher willingness to‐ pay for
neighboring spectrum than the current user of that neighboring spectrum (e.g. a
broadcaster or the military). […] An auction of spectrum rights, however, is preceded
by an allocation of spectrum. The government usually allocates a fixed band of
spectrum to the relevant services. Further, the government usually decides on the
number of licenses that it will auction within this band. So the price paid at the auction
and the level of ex post competition in the relevant wireless services are determined
by the amount of spectrum and the number of licenses the government initially
allocates to the service. While the auction creates competition for the scarce
spectrum, it does not allow the market to determine the optimal form of
competition.” (p. 249-250; grifos nossos)

Em outras palavras, ao definir “exaustivamente as características do serviço a ser


prestado, fixando desde a própria modalidade do serviço, suas características
técnicas, a dimensão geográfica e temporal, critérios para renovação, transferência,
revogação, etc. Tudo isso pode representar um maior engessamento do uso da banda
objeto da autorização.” (SEAE, 2006, p.13) Este engessamento pode ser
particularmente conflitivo, quando as metas estabelecidas nos leilões não
acompanham os ciclos de negócios – subordinados, por um lado, ao ciclo de vida da

54 O encarecimento do espectro tem sido notável nas últimas licitações das faixas de radiofrequência. No primeiro
leilão de frequências 3G (F, G, I e J), realizado em dezembro de 2007, foram arrecadados R$ 5,34 bilhões: um ágio
médio de 86,67% sobre os preços iniciais. Para o caso mais recente da banda H e sobras de faixa (dezembro de
2010), a disputa pelos lotes (com participação limitada dos maiores players, Claro, Oi, Tim e Vivo) gerou uma
arrecadação total de R$ 2.73 bilhões, um ágio médio de 143,8% sobre o preço inicial divulgado pela ANATEL.

55 Segundo documento da SEAE intitulado “Sobre o uso eficiente do espectro eletromagnético” (Documento de
Trabalho nº 42, Dezembro/2006, p.10-11), “é preciso ter em mente que o valor do lance vencedor pode não representar
necessariamente o atendimento ao interesse público. A valorização da licença advirá de outras variáveis, como
principalmente a flexibilidade na utilização da banda correspondente. Uma vez que seu titular disponha de
prerrogativas para extrair o máximo de riqueza desse recurso, as eficiências geradas constituir-se-ão em salutar
benefício para a coletividade, na forma da oferta de serviços mais baratos e de melhor qualidade. Assim, o real valor
econômico de uma determinada banda de radiofrequência deve ser auferido não pelo preço que uma incumbente teve
que pagar para obter sua licença, e sim pela maneira como ele poderá utilizá-la. Permitir o uso mais dinâmico das
ondas radioelétricas pode promover um aproveitamento mais eficiente desse recurso”.

56 Gans, J.S., King, S.P., Wright, J., (2005). Wireless Communications. in Majumdar, S.K., Vogelsang, I., Cave, M.E.
(Eds.), Handbook of Telecommunications Economics, Vol. 2, Amsterdam etc.: North-Holland Elsevier, p. 241-285.

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 86


própria tecnologia e, por outro, ao período necessário para maturação/rentabilização
dos investimentos a ela associados57.

Como resultado indesejado de um modelo de disponibilização de espectro que se


norteia pela maximização da arrecadação e impõe limites rígidos e metas dissociadas
à melhor exploração do recurso, tem-se um encarecimento da oferta do serviço ao
consumidor final, único caminho para amortizar a sobreposição de investimentos e
garantir uma rentabilidade mínima ao setor.

Baratear o serviço implica em esforços concentrados tanto do lado produtivo, força


exercida, sobretudo pela rivalidade do mercado que incentiva ganhos de eficiência;
regulação, desde a disponibilização de infraestrutura, com estabelecimento de metas e
efeitos nos ciclos de negócios; e políticas Federais, Estaduais e Municipais, como
tributárias, custos e condições para obtenção de licenças (estaduais e municipais).

Tal como recomenda o documento da SEAE, o esforço das autoridades brasileiras deve
ser concentrado na promoção de um melhor aproveitamento do espectro de
radiofrequência, através da flexibilização e neutralidade tecnológica das normas
inerentes ao seu uso – licenças menos rígidas que permitam aos titulares otimizar e
escalonar seu uso de acordo com as tecnologias disponíveis mais eficientes e com a
dinâmica própria da demanda pelos serviços móveis.

57 A título de exemplo, sabe-se da expectativa da ANATEL no tocante às primeiras redes de quarta geração de
telefonia celular (4G – baseadas no padrão Long Term Evolution, o LTE), que devem estar operacionais até 2013, de
forma a acomodar as demandas de dados e velocidade associadas aos grandes eventos que o Brasil sediará em 2014
(Copa do Mundo) e 2016 (Jogos Olímpicos). A necessidade de investir em um curto espaço de tempo (três anos) em
uma nova família tecnológica (4G) coincide, entretanto, com a própria fase de expansão dos serviços que serão
sucedidos (3G), sem que estes tenham sido plenamente amortizados. Espera-se, portanto, que as operadoras não só
invistam nas metas atuais de capilarização da cobertura da tecnologia 3G, mas empreendam, simultaneamente,
adequações e atualizações em sua infraestrutura para atender às exigências de tráfego e velocidade do 4G. Este
cenário anacrônico de imposição dissociadas do ciclo de negócio do serviço prestado – convive, ainda, com a
morosidade na realocação das faixas do espectro reservadas para radiodifusão analógica, encarecendo o preço do
espectro e, com isso, o próprio serviço de telefonia móvel.

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 87


3.4 O Serviço de Banda Larga no Brasil
Há distintas definições de “velocidade mínima” para categorização dos serviços como
banda larga (em relação ao que se pode considerar uma conexão de “banda estreita”
ou narrow-band)58. Incluem-se neste rol desde taxas logo acima do máximo possível
em uma conexão discada (ISDN) até velocidades compatíveis com oferta de serviço
via fibra óptica nos domicílios (FTTH). Essa especificação, de certa forma, está
vinculada às características tecnológicas da infraestrutura disponível em um dado
momento (o par de cobre proporciona um limite de tráfego da ordem de Megabits,
enquanto a fibra ótica pode oferecer velocidades na ordem de Gigabits).

No Brasil, a oferta de serviços de banda larga fixa é realizada em regime privado,


mediante outorga para prestação do Serviço de Comunicação Multimídia (SCM).
Trata-se de um serviço fixo de telecomunicações de interesse coletivo, prestado em
âmbito nacional e internacional, que possibilita a oferta de capacidade de transmissão,
emissão e recepção de informações multimídia (dados, voz e imagem), utilizando
quaisquer meios (mediante emprego de infraestrutura existente própria ou cedida por
terceiros), a assinantes dentro de uma área de prestação de serviço (através de
qualquer tipo de terminal). Já no caso da banda larga móvel, trata-se de um serviço
prestado em um contexto regulamentar próprio ao Serviço Móvel Pessoal (SMP),
graças à definição ampla do escopo deste serviço, que não impõe restrições maiores à
natureza específica do que é transmitido ou recebido (voz, dados) através de suas
redes. O ANEXO 4 apresenta mais detalhes sobre o serviço de banda larga no Brasil.

3.4.1 Situação Atual da Banda Larga no Brasil59


A Figura abaixo revela a distribuição geográfica da proporção de domicílios com
acesso à banda larga fixa por município. Em cerca de 3.400 municípios, a proporção
de domicílios com acesso ao serviço era inferior a 5%, e superior a 50% em apenas 43
deles.

58 “The meaning of the term ‘broadband’ is in fact far from precise and definitions have ranged from 200 kbit/s to over
30 Mbit/s. Indeed, it is likely to continue to evolve, with what is regarded as ‘broadband’ today probably being
considered ‘narrow-band’ in a few years. But speed is only one of a set of broadband performance characteristics,
including the ‘always on’ characteristic and bandwidth symmetry. It seems that whatever definition is adopted, a single
number (whether it be 200 kbit/s or 2 Mbit/s or higher) would not be a useful definition of broadband.” (OCDE, 2003).

59 O ANEXO 4, em seu item C “Desempenho de Mercado”, apresenta dados detalhados das informações
que compõe esta seção do trabalho.

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 88


Figura 10 – Distribuição geográfica dos municípios de acordo com penetração
de acesso de banda larga fixa

Fonte: ANATEL e Censo 2010 – IBGE. Elaboração: LCA.

Segundo o relatório State of the Internet, realizado pela Akamai60 e divulgado no


terceiro trimestre 2010 (Q3), a velocidade média da banda larga fixa no Brasil
apresentou crescimento da ordem de 50% nos últimos dois anos (de 991 Kbps para
1,5 Mbps). A cidade mais veloz do país é Curitiba, com acesso em média da ordem de
2,6 Mbps.

Em termos de comparativo internacional, os dados do Brasil apresentam uma


velocidade média próxima à Argentina e México (1,6 Mbps), superior a outros países
dos BRICs (Índia e China). O número, entretanto, é menor que o patamar observado
para países europeus, norte-americanos e os tigres asiáticos. O Brasil apresenta ainda

60 A Akamai elabora este relatório a partir de medições efetuadas em suas redes instaladas em 72 países
e compostas por mais de 80 mil servidores de distribuição de conteúdo, que abrangem até 30% do
Trafego Internet mundial. Deste total, mais de dois mil servidores encontram-se instalados no Brasil.

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 89


um número significativo de conexões abaixo de 256 Kbps (13%), inferior apenas a
Índia (33%) e Síria (34%). A grande parte dos acessos brasileiros, tal como no caso de
seus vizinhos latino-americanos (com exceção do Chile), está entre as bandas de 256
Kbps e 2 Mbps (65%).

No que se refere à conexão móvel, o mesmo relatório observou uma elevação na


média e nos picos das conexões (em Kbps) entre o primeiro e o segundo trimestre de
2010, subindo de uma média 600 Kbps com picos de até 3.104 Kbps para 661 Kbps
e picos de até 4.938 Kbps. A velocidade é similar à encontrada em países como
México e Chile e superior à Argentina. O patamar e o consumo médio de banda,
entretanto, ainda estão aquém daqueles verificados na maior parte dos países
europeus e norte-americanos.

Segundo relatório da Cisco (2011)61 sobre Internet Móvel (Cisco Visual Networking
Index62), a velocidade média do serviço no país subiu de 26 Kbps em 2009 para 74
Kbps em 201063. O valor é superior à média latino-americana (50 Kbps) e de países
como China (50 Kbps) e Índia (19 Kbps), equivalente à média verificada na Ásia (74
Kbps). Cabe ressaltar que os recordes de velocidade têm sido superados facilmente a
cada ano, em todos os países, com avanço significativo da velocidade.

O site NetIndex64 reportou a velocidade média de 4,77 Mbps para o país no


“Household Download Index”, obtido pela análise e compilação de dados de testes de
velocidade efetuados no site speedtest.com, um dos mais utilizados no mundo para tal
medição65. A posição intermediária do Brasil, próximo à Itália (4,88 Mbps), é superior
ao valor verificado para México (3,64 Mbps), Argentina (3,41 Mbps) e África do Sul

61 CISCO (2011). “Cisco Visual Networking Index: Global Mobile Data Traffic Forecast Update 2010–
2015” (publicado em fevereiro/2011). Disponível em:
http://www.cisco.com/en/US/solutions/collateral/ns341/ns525/ ns537/ns705/ns827/white_paper_c11-
520862.pdf. Último acesso em 25/02/2011.

62 http://www.cisco.com/en/US/solutions/collateral/ns341/ns525/ns537/ns705/ns827/white_paper_c11-
520862.pdf.

63 A velocidade reportada é baseada nos dados da aplicação GIST (Global Internet Speed Test) e no
Speedtest.com.

64 http://www.netindex.com/

65 De acordo com o site, os resultados foram obtidos pela análise de dados coletados entre 8 de fevereiro
e 9 de março de 2001, contando com 4.9757.312 IPs únicos, 19.898.155 testes, dos quais 564.997 foram
incorporados na análise. O valor final é a media do tráfego em Mbps pelos últimos 30 dias nos casos em
que a distância média entre o cliente e o servidor é menor que 300 milhas.

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 90


(3,12 Mbps). O vizinho Chile, entretanto, aparece à frente, com velocidade média de
6,33 Mbps.

A UIT fornece, anualmente, alguns indicadores que permitem comparar


internacionalmente algumas variáveis importantes de desempenho, como velocidade,
penetração e preço. Para o comparativo, optou-se por selecionar alguns países-chave
de cada região, tendo como referência aqueles listados na Global Wireless Matrix,
elaborado pela Merrill Lynch (2010) 66.

É importante reiterar a necessidade de comparar o Brasil com países dotados de


características socioeconômicas semelhantes (América Latina) ou engajados em
processos estruturais de modernização e investimento similares (como os BRICs,
bloco formado por Brasil, Rússia, Índia e China).

Entre os índices elaborados pela UIT, o IDI (Índice de Desenvolvimento da ICT),


representa um indicador multivariado para analisar as condições de qualificação,
acesso e uso de tecnologias de informação e comunicação (TICs), incluindo variáveis
de infraestrutura, desenvolvimento humano e condições técnicas de uso.

No último IDI disponibilizado (calculado para 2008), o Brasil se posiciona no bloco


intermediário de países (60º. lugar global), com 3,81, à frente de México (3,25, 76º.
lugar) e atrás de Chile (4,2; 54º. lugar) e Argentina (4,38; 49º. lugar). A liderança, entre
as economias emergentes, é da Coreia do Sul, com IDI de 7,7 (3º. lugar global),
enquanto a Suécia assegura o primeiro lugar mundial, com um IDI de 7,9.

É possível desmembrar o IDI em três componentes. O subíndice de acesso responde


por 30% da ponderação final do IDI, é responsável por capturar a influência de 5
indicadores de infraestrutura: número de linhas telefônicas fixas, número de
assinaturas de telefonia móvel, banda (velocidade) internacional da internet,
número de domicílios com computador e número de domicílios com Internet.

De acordo com os dados, o Brasil apresenta 31,2% de penetração de computadores


e 23,8% para internet nos domicílios, além de uma velocidade média de acesso
de 5,6 Kbps. A penetração de computadores é baixa, tanto em comparação com o
número das economias desenvolvidas (média de 74,5 computadores para cada 100
domicílios) como para países vizinhos, como Argentina (37,6%) e Chile (40%).

66 Bank of America/Merrill Lynch. (2010), "Global Wireless Matrix 3Q 10" (publicado em setembro/2010).

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 91


A proporção de domicílios com acesso à Internet é de 2/3 do total de domicílios com
computador. O número é idêntico ao valor encontrado para o Chile (23,8%), e superior
ao valor encontrado para China (18,3%) e Índia (3,4%).

O subíndice de uso (30% do IDI) captura a intensidade do uso de telecomunicações,


a partir do número de usuários de Internet (por 100 habitantes), número de assinantes
de banda larga fixa (por 100 habitantes) e número de assinantes de banda larga móvel
(por 100 habitantes).

Em resultado análogo, o Brasil se posiciona no escalão intermediário, com 28,1


usuários de Internet por 100 habitantes. O valor é consideravelmente menor que o
das economias desenvolvidas e OCDE, mas se encontra próximo das economias
emergentes, de seus vizinhos da América Latina, como Chile (32,5), e países dos
BRICs, como Rússia (32,0). O valor é, ainda, inferior ao computado para Argentina
(37,5), e maior que aqueles observados para México, Peru, Colômbia, Venezuela,
China e Índia.

Já em termos de número de assinantes de banda larga fixa e móvel, o Brasil conta,


respectivamente, com 8,0 e 1,9 assinantes por 100 habitantes. O indicador de banda
larga fixa apresenta o 7º. maior numero de usuários por 100 habitantes entre os países
emergentes, superando todas as médias regionais.

Para o caso da banda larga móvel, o número reduzido de assinantes se deve,


provavelmente, ao período de coleta de dados (2007-2008), ano em que a tecnologia
3G iniciava sua trajetória excepcional de crescimento no mercado brasileiro.

Finalmente, o subíndice de qualificações (20% do IDI) busca compilar variáveis


relacionadas à capacitação e habilidades indispensáveis ao uso das tecnologias de
informação e comunicação, utilizando como proxy dados de educação e alfabetização
Dentro destes critérios, o Brasil apresenta um ICT de Qualificação de 7,35, superior à
das economias emergentes (sobretudo, da Ásia emergente e Leste Europeu, Oriente
Médio e África), mas ainda inferior à média dos países latino-americanos selecionados
(7,71).

A UIT elabora um indicador de preço global dos serviços de Telecomunicações, o ICT


Price Index. Trata-se de uma cesta de três indicadores de poder de compra, voltados
cada qual para os serviços de telefonia fixa, móvel e banda larga fixa. Tal como no
caso do IDI, os dados são coletados pela UIT e países membros através de uma
pesquisa online, devidamente complementada por dados o Instituto de Estatística da

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 92


UNESCO, dados de população da Organização das Nações Unidas, dados de PIB e
fatores de conversão PPP (Paridade do Poder de Compra) do Banco Mundial.

O ICT Price Index inclui um componente de banda larga fixa como representação do
preço do serviço tipicamente oferecido pelo país através de uma conexão de 256 Kbps,
com direito a uma quota mínima de 1 Gb de dados. A UIT deu preferência a preços de
serviços DSL (sempre que disponível), e desconsiderou custos de instalação, preço de
modems e aluguéis de linhas telefônicas. Além disso, a organização optou por uma
tarifa cheia que representasse o plano mais barato disponível, desconsiderando-
se ofertas especiais e/ou limitadas, como descontos destinados a certas áreas
geográficas ou a períodos específicos do ano.

As tarifas para o cálculo do Price Index de 2009 foram coletadas através de


questionário enviado à administração dos países-membros. Para os países que não
ofereceram respostas, as tarifas foram coletadas em pesquisa online nos provedores
de acesso (ISP) ou através de consulta junto a companhias de telecomunicações
incumbentes. Em seguida, os preços foram convertidos em dólar por uma taxa de
câmbio (Banco Mundial), mensalizados e comparados à renda per capita (também
mensalizada), de modo a obter a proporção da renda mensal que seria comprometida
para arcar com o custo mensal de uma assinatura de banda larga fixa.

O quadro comparativo apresenta o Brasil como 87º. no ranking mundial do ITU Price
Index (que inclui, como informado, os serviços de banda larga, telefonia móvel e fixa),
com pontuação de 4,14. Regionalmente, o índice é sensivelmente maior que os
valores das economias desenvolvidas. Quanto às economias emergentes, o país
apresenta um valor intermediário, ainda que superior aos vizinhos latino-americanos e
aos países dos BRICs.

O componente de banda larga fixa do ICT Price Index (isto é, a proporção da renda
per capita mensalizada que seria destinada à aquisição do serviço) soma 4,58 para o
caso brasileiro, valor ainda superior ao verificado nos países desenvolvidos, mas
inferior a todas médias regionais, incluindo América Latina, Leste Europeu, Ásia
Emergente e BRICs.

Analisando-se a relação entre o preço da assinatura mensal da banda larga fixa e a


parcela da renda per capita mensal necessária para custeá-lo (abaixo), nota-se
que os preços nacionais do serviço oscilam de forma significativa ao longo de todo o
ranking (a média de preço dos 100 primeiros países do ranking é de US$ 26,33, com
desvio padrão de US$ 12,07), conforme o gráfico abaixo.

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 93


Gráfico 40 – Comparativo Internacional de preço e custo de banda larga fixa
(2009)

40 % da Renda per capita mensal para custear Pacote Banda Larga Fixa (%) 100

Preço Assinatura BL Fixa (US$ - mensal)

Preço Assinatura BL Fixa (PPP$ - mensal) 90


35
% da Renda per capita mensal para custear Pacote Banda Larga Fixa (%)

80
30

Preço de Assinatura de TBanda Larga Fixa


70

25
60

20 50

40
15

30

10

20

5
10

- -
República …

Estados …
India
Tailândia

Suíça
Filipinas

Egito

Polônia
Indonésia
Peru

Malásia

Hungria

Itália
Colômbia

Chile

Finlândia

Holanda
Nigéria

China

Argélia
Venezuela

Ucrânia
Turquia

Japão

Suécia

Austrália

Reino Unido

Singapura
Portugal

Coréia do Sul

Espanha

Grécia

Bélgica
África do Sul

México

Rússia

Alemanha

França

Israel
Bangladesh

Marrocos

Argentina

Áustria

Canadá
Noruega

Dinamarca
Brasil
Paquistão

Nova Zelândia

Fonte: UIT (2010), “Measuring the Information Society 2010”. Disponível em: http://www.itu.int/ITU-
D/ict/publications/idi/2010/Material/MIS_2010_without_annex_4-e. pdf. Último acesso em 14/03/2011.
Elaboração: LCA.

Por sua vez, a partir da óptica da renda, nota-se como o desempenho das economias
no ranking encontra-se fortemente correlacionado com o nível de renda de cada país,
como mostra o gráfico a seguir.

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 94


Gráfico 41 – Comparativo Internacional do custo de banda larga fixa e renda per
capita (2009)

20 8.000
% da Renda per capita mensal para custear Pacote Banda Larga Fixal (%)
% da Renda per capita mensal para custear Pacote de Banda Larga Fixa (%)

18 Renda per capita (US$ - mensal) 7.000


Renda per capita (PPPS$ - mensal)
16
6.000

14
5.000

12

Renda per capita mensal


4.000

10

3.000
8

2.000
6

1.000
4

2 -

- (1.000)
República …
Filipinas

Polônia

Itália
Finlândia
Colômbia

Chile

Turquia
Nigéria

China

India

Argélia
Venezuela

Suécia

Singapura
Espanha

Grécia

Bélgica

Suíça
Tailândia

Egito

México

Rússia

Alemanha

França

Áustria
Paquistão

Indonésia
Peru

Marrocos

Argentina

Malásia

Canadá
Noruega

Dinamarca
Brasil

Hungria

Nova Zelândia

Holanda
Ucrânia

Estados Unidos
Japão

Austrália

Reino Unido
África do Sul

Portugal

Coréia do Sul
Bangladesh

Fonte: UIT (2010), “Measuring the Information Society 2010”, Disponível em: http://www.itu.int/ITU-
D/ict/publications/idi/2010/Material/MIS_2010_without_annex_4-e.pdf. Último acesso em 14/03/2011.
Elaboração: LCA.

A diversidade tarifária encontrada pode ser explicada, do ponto de vista da oferta,


como resultado das diferenças em termos de organização estrutural dos setores
de telecomunicações nos países (número de players, tecnologias e velocidades
disponíveis, características da rede etc.). A variedade institucional e regulatória
colabora, igualmente, para influenciar a formação distinta dos preços e tarifas nos
países indicados.

Ademais, a tributação responde por uma parcela adicional considerável do preço


cobrado pelo serviço de banda larga fixa em diversos países. Para o caso brasileiro,
este cenário é particularmente relevante, tanto pela elevada carga tributária (45,5%
sobre a receita líquida) incidente sobre os serviços de telecomunicações em geral,
como pelo peso do Custo Brasil, associado comumente ao encarecimento do
investimento, do desenvolvimento e da competitividade de atividades econômicas
empreendidas em território nacional.

A título de exemplo, uma desoneração tributária hipotética (de 45,5%), com repasse
integral ao preço médio da assinatura da banda larga brasileira (equivalente a uma
redução de US$ 28,1 para US$ 15,37), levaria o país a avançar de 70º. para 47º. no
ranking específico de acessibilidade à banda larga, com a proporção da renda
comprometida com o serviço caindo de 4,58 para 2,51%. Em termos do ICT Price

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 95


Index (que leva em consideração também os serviços de telefonia fixa e móvel), o
impacto seria relativamente menor, dado que o componente de banda larga responde
por 1/3 do índice final. Mesmo assim, a desoneração seria suficiente para levar o
Brasil do 87º. lugar (com índice de 4,14) para o 74º. Lugar (com índice de 3,12). O
avanço neste ranking, assim, seria maior se a desoneração tributária atingisse todos
os serviços de telecomunicações.

Cabe ressaltar, sobretudo, que a influência (e disponibilidade) de renda nos países


para consumo de serviços de telecomunicação, incluindo assinatura de banda larga,
apresenta-se como variável primordial do desempenho dos países em termos de
capacidade de compra e acesso aos serviços de telecomunicações, juntamente com
aspectos estruturais elencados no IDI67.

Esta sensibilidade pode ser avaliada através do seguinte exercício: se a renda per
capita brasileira computada pela UIT fosse atualizada de US$ 7.350 (dado de 2008, do
Banco Mundial) para o patamar verificado ao final de 2010 (US$ 10.800; 46,9% maior) –
mantido o preço do serviço de US$ 28,1 – o Brasil sairia do patamar de 4,84 (70º. no
ranking de banda larga) para 3,12 (56º. lugar). No caso do ICT Price Index, o impacto de
elevação da renda afetaria todos os serviços de telecomunicações, o suficiente para
levar o país do 87º. lugar (com índice de 4,14) para o 68º. lugar (com índice de 2,81).

67 “Thus, the ICT Price Basket and the IDI are, implicitly, related: lower prices may increase access and use,
and higher levels of ICT access and use may bring down prices, with operators leveraging on economies of
scale. Additionally, higher levels of ICT uptake are usually a result of increased liberalization and competition,
both of which tend to lead to lower prices.” (UIT, Measuring the Information Society 2010, p. 53).

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 96


3.4.2 Principais Desafios para a Banda Larga no Brasil
Massificação dos serviços com progressivo aumento da velocidade oferta
necessita de incentivos à demanda e à modernização da infraestrutura.

A banda larga68 é crescentemente identificada como uma janela de oportunidade


para fomento do crescimento econômico e da competitividade nacional. A
implementação de políticas de desenvolvimento social e cultural, seja através da
aplicação extensiva de programas de inclusão social e digital e ampliação dos canais
de comunicação interpessoal com o governo, impactam diretamente a redução das
disparidades sociais e regionais.

Graças às suas características no que se refere à velocidade e capacidade de


provisão de conteúdo digital multimídia (audiovisual), incluindo suporte a aplicações e
serviços simultâneos em tempo real, o serviço de banda larga integra serviços e
plataformas tecnológicas, sendo o vetor principal da convergência.

O entendimento de que o acesso à banda larga é estratégico para a prosperidade


econômica tem sido abraçado como objeto prioritário de política pública em vários
países.

As desigualdades no acesso à informação por meios digitais geram o conceito de


digital divide (traduzido literalmente como “brecha digital”).

Sob esta pauta, as experiências internacionais têm apresentado variadas opções e


formas de atuação distintas para tratar o tema, de casos marcados por graus variados
de controle estatal e provisão pública do serviço até formas mais limitadas de
intervenção, que aliam os meios de financiamento público (funding) à provisão dos
serviços pela iniciativa privada, sob amparo de medidas de caráter regulatório e pró-
competitivo. Nesse caso, a parceria e coordenação de esforços e responsabilidades
entre o setor público e o setor privado tem se mostrado um fator comum fundamental
para a expansão da infraestrutura associada ao serviço e para a priorização de
plataformas tecnológicas mais apropriadas para provê-lo (por exemplo, as redes

68 “‘Broadband’ refers to the amount of capacity or ‘bandwidth’ (or speed of data transfer) provided on a
telecommunications network.3 At present, most users dial-up to their ISP (Internet Service Provider) using a modem
over a standard PSTN connection (public switched telephone network) with a speed of 33.6 or 56 kbit/s (kilobits per
second). Because of the limit on the speed at which data can be sent via this medium, it is known as ‘narrowband’.”
(OCDE, 2003).

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 97


móveis aparecem como uma solução interessante para regiões com infraestrutura fixa
precária ou indisponível).

Experiência Internacional em Políticas de Banda Larga

Na última década, muitos países focaram suas políticas na expansão dos serviços de banda
larga, incluindo aumento da velocidade de acesso, ampliação das conexões para áreas
remotas (rurais e urbanas) com o objetivo de massificar e/ou universalizar o serviço. É
importante notar que quase as totalidades dessas políticas foram lideradas pela iniciativa
privada.

Em geral, as comparações com as experiências internacionais são interessantes posto


servirem de fonte de melhores práticas para outros países. Porém, a transposição de práticas e
instituições internacionais, em termos de política pública, apresenta uma série de limitações no
que se refere ao alcance e replicação dos resultados obtidos em países de origem.

No que tange aos serviços de telecomunicações, cada país promove uma política de expansão
da banda larga que se adéque às suas características iniciais (por exemplo, infraestrutura já
69
instalada, densidade demográfica, extensão territorial). Eisenach destaca ainda que as
variáveis políticas e populacionais, por exemplo, também se diferenciam muito entre os países,
tornando especialmente difícil capturar e relacionar as políticas e os efeitos para massificação
dos serviços.

Sem intenção de exaurir o tema, segue um breve retrospecto das iniciativas recentes de alguns
países:

70
EUA. Em 2010, o governo norte-americano apresentou seu Plano Nacional de Banda Larga ,
cujas principais metas são: (i) prover internet acessível com velocidade de download de 100
Mbps a 100 milhões de domicílios norte-americanos até 2020; (ii) ter a maior e mais rápida
rede sem fio e liderar o mundo na inovação de internet móvel (aumentar o espectro em 500
megahertz até 2020); (iii) garantir a toda população, até 2010, acesso a serviço de banda larga
robusta, todos devem ser capazes de adquirir o serviço se assim desejarem. Segundo o
governo, o objetivo seria não só aumentar a qualidade e velocidade dos serviços, mas também
promover o desenvolvimento das indústrias locais de telecomunicações, através da
concorrência. A consequência disso será uma América de alta performance, mais produtiva,

69 EMPIRIS (EISENACH, Jeffrey A). Broadband Policy: Learning from International Experience. Apresentado para
FCC Workshop on International Lessons em 18 de agosto de 2009. Disponível em:
http://www.naviganteconomics.com/docs/International%20Lessons%20081809.pdf (28/03/2011)
70 Informações disponíveis em: http://www.broadband.gov/plan/ (29/06/2011).

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 98


criativa e eficiente. A execução do plano pode ser verificada em um relatório de
acompanhamento anual do plano com todas as ações que já foram executadas e aquelas que
71
ainda estão por fazer . Ainda não existem estimativas de custos para o cumprimento do
Plano, mas oficiais da Federal Communications Commission já estimaram que uma rede de
100 Mbps com cobertura nacional custaria US$350 bilhões 72.

Austrália. A execução do plano de expansão da banda larga se dá através da formação de


uma parceria público-privada, com participação majoritária do governo na construção de uma
infraestrutura nacional que possibilite a cobertura de 90% das residências do país até 2018. O
projeto prevê a instalação de acessos com velocidades de até 100 Mbps, cem vezes mais do
que as taxas médias utilizadas atualmente nos domicílios e instituições privadas australianas.
Ao todo, 8,2 milhões de residências serão cobertas com fibra ótica, enquanto as restantes
possuirão conexão sem fio, a um custo médio de 3,5 mil dólares por domicílio. Estima-se ainda
que esta iniciativa pode favorecer a criação anual de 25 mil novos empregos durante um
período de oito anos. O governo desembolsará um investimento inicial de, aproximadamente,
11% do custo total estimado de AU$ 42 bilhões, o restante deve ser arrecadado com o setor
privado e com emissão de títulos do governo (a).

União Europeia. A Comissão Europeia anunciou, em 2010, algumas medidas a serem


adotadas pelos países membros a fim de prover a banda larga rápida e ultrarrápida na Europa.
Entre elas estavam: i) definição de diretrizes para o investimento público e privado; ii) um
Programa de Política de Espectro de Radiofrequência para promover uma gestão de espectro
eficiente e suficiente para assegurar os serviços propostos; iii) previsibilidade regulatória para
as operadoras de serviços de telecom, a fim de encorajar financiamento, investimento e a
concorrência. Os investimentos estimados estão na ordem de € 180 a € 270 bilhões, para levar
a banda larga ultrarrápida à metade dos lares europeus até 2020. Ainda que a Comissão
Europeia tenha adotado esta posição (comunitária), seus países-membros já estabeleceram
planos nacionais próprios, como é o caso da Espanha, Portugal, França, Irlanda, Reino Unido.

Reino Unido. Em junho de 2009, o governo britânico anunciou plano com intenção de
promover a massificação da banda larga até 2010. O programa tinha como meta a cobertura
de 15% dos domicílios britânicos que ainda não contavam com acesso à rede mundial em
velocidades a partir de 2 Mbs, através do investimento em redes de fibra óptica. O governo
considerou necessárias as parcerias público-privadas para desenvolver infraestruturas, a fim
de permitir a concorrência. O órgão regulador, Ofcom, reconheceu que a regulamentação deve
apoiar a iniciativa privada em suas decisões de investimento, alavancando o potencial de

71 Informações disponíveis em: http://www.broadband.gov/plan/broadband-progress-report.html (29/06/2011).

72 Informações disponíveis em: http://www.pcworld.com/businesscenter/article/191438/fccs_national_broadband_


plan_whats_in_it.html (29/06/2011).

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 99


ganhos de eficiência, criando novas oportunidades para prestadores de serviços e
infraestrutura. Para aumentar a acessibilidade, o governo planeja investir em £300 milhões
para famílias de baixa renda. Não existem estimativas oficiais dos custos para a reposição da
rede com fibra ótica, porém o governo, a fim de financiar parte de seus gastos, pretende
instituir uma taxa de £ 6,00 por ano para domicílios atentidos pela rede.

Coreia do Sul. As estratégias de incentivos aos programas de massificação da banda larga na


Coreia do Sul tiveram início em 1997, quando o governo sulcoreano determinou um programa
específico para que toda a população tivesse acesso ao computador pessoal. Para tanto, foram
necessários incentivos – inclusive financeiros – às indústrias incumbentes e entrantes. Foram
necessários, adicionalmente73: i) esforços das autoridades regulatórias para incentivar o
investimento de infraestrutura por outros players a entrar no mercado; ii) promoção da
concorrência para novos entrantes iii) apoio financeiro para pesquisa e desenvolvimento; iv)
subsídios para a compra de computadores para os cidadãos de baixa renda; v) promoção da
educação e inclusão digital, entre outras. Em 2009 o governo coreano anunciou um plano de
34,1 trilhões de won (aproximadamente US$ 24,6 bilhões, sendo 1,3 trilhão de won
investimento público e o restante em investimentos do setor privado) para viabilizar a troca da
rede nacional de comunicação. O objetivo é a convergência digital em uma rede de TV,
telefone, internet e outros serviços interativos com velocidade de 1 Gbps em redes com fio e 10
Mbps em redes sem fio 74. A banda larga com acesso dez vezes mais rápido deve estar pronta
até 2012 75.

Japão. Em 2001, o Japão desenvolveu um plano conhecido como "e-Japão", com foco em
metas ambiciosas principalmente para infraestrutura, recursos humanos, e-commerce e
segurança de rede com vistas à aceleração do desenvolvimento das telecomunicações e redes
de informação no país. Para tanto, optou pela combinação de iniciativas do setor privado e do
setor público. O governo japonês desenvolveu estratégias de espansão das TIC em conjunto
com a iniciativa privada que remodelaram a indústria ao promover a competição. O programa
foi suportado pela presença de grandes investimentos nas indústrias de tecnologia nacional,
como nas empresas Canon, Mitsubishi, Nintendo, Panasonic, Sony e Toshiba. Em 2004, o
governo publicou o programa conhecido como “u-Japan”, seu objetivo é garantir uma rede de
alta velocidade e de fácil acesso a todos os japoneses até 2010.

73 FRIEDEN, Rob. Best Practices in Broadband: Lessons from Canada, Japan, Korea and the United States. Penn
State University. Disponível em: http://unpan1.un.org/intradoc/groups/public/documents/APCITY/UNPAN025285.pdf
(28/03/2011).

74 BOURAS, Christos et al. Best Practices and Strategies for Broadband Deployment: Lessons learned from around the
World. Disponível em: http://ru6.cti.gr/ru6/publications/7386AUGIBT2009_cc_final.pdf (29/06/2011).

75 Informações disponíveis em:


http://eng.kcc.go.kr/user.do?mode=view&page=E04010000&dc=E04010000&boardId=1058&cp=1&searchKey=ALL&se
archVal=broadband+&boardSeq=15621 (29/06/2011).

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 100


O quadro a seguir ilustra de maneira sintetizada as medidas tomadas para alguns governos
que optaram por desenvolver um plano nacional de expansão da banda larga.

Planos Nacionais de Banda Larga


Horizonte de
País tempo Principal Meta
banda larga de 1Mbps à 100% dos domicílios até 2010
Alemanha 2009-2018
Acesso de 50Mbps para 75% dos domicílios até 2014
banda larga de 100Mbps por fibra ótica a 90% dos domicílios,
Austrália 2010-2017 escolas e empresas.
Acesso via wireless para os outros 10%
Canadá 2009-2012 Cobertura banda larga a todas as comunidades do país
Conectar domicílios e empresas a banda larga ultra rápida em fibra
Cingapura 2009-2013 ótica
banda larga a 60% dos domicílios até 2010
Coreia do banda larga de 1Gbps até 2012
2009-2012 Rede de banda larga móvel capaz de suportar 40 milhões de
Sul
assinantes
Levar banda larga a toda área rural, com investimento em fibras
Espanha 2009-2012
óticas na rede de transporte
banda larga de 100Mbps à 100 milhões de domicílios até 2020

2009-2020 Aumentar o espectro em 500 megahertz até 2020


Estados
Unidos banda larga acessível à 100% da população até 2020
Cobertura de 1Mbps à 100% dos domicílios até 2010
Finlândia 2009-2015 Aumentar para 100Mbps até 2015.

Conectar 4 milhões de domicílios à banda larga em FTTH até 2012,


viabilizar a oferta do serviço a preço viável e velocidade adequada
França 2008-2012 (512kbit/s por 35 euros).

Irlanda 2009-2010 banda larga de 1Mbps aos 33% do território do país ainda não
atendidos, que correspondem a 10% da população
Acesso à banda larga em 100% da população com altas velocidades
Japão 2004-2010
(Inclusive a toda área rural).
Conectar 1,5 milhões de domicílios e empresas à banda larga em
fibra ótica.
Portugal 2009-2010
Atingir uma meta de 50% de penetração da banda larga domiciliar
até 2010
Fonte: Tabela adaptada de Ministério das Comunicações. O Brasil em alta velocidade: Um plano
nacional para banda larga. Disponível em: http://www.mc.gov.br/wp-content/uploads/2009/11/o-brasil-em-
alta-velocidade1.pdf (29/03/2011). Elaboração: LCA.

(a) KIM, Yongsoo; KELLY,Tim; RAJA, Siddhartha. Building Broadband: Strategies And Policies For
The Developing World. THE WORLD BANK: 2010.

Segundo análise do mercado de banda larga brasileiro, a estrutura da oferta dos


serviços se mostra em franca expansão, contando fortemente com a oferta do serviço
ADSL das concessionárias do STFC (para banda larga fixa) e da expansão da rede
3G das operadoras do SMP (no caso da banda larga móvel).

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 101


Enquanto a oferta do serviço 3G está vinculada primordialmente à plataforma WCDMA
dos aparelhos móveis, a presença de plataformas alternativas amplia as
possibilidades de acesso à banda larga fixa. Em termos de velocidade, nota-se
(nacionalmente) uma evolução escalar ao longo da década em direção a conexões
mais velozes. Regionalmente, entretanto, o cenário de acesso e velocidades ofertadas
se revela ainda bastante assimétrico, com participação elevada de conexões de baixa
velocidade em algumas regiões.

De posse desta análise, cabe avaliar que as medidas tomadas em prol da expansão e
do desempenho dos serviços de banda larga no país devem atuar em múltiplas
frentes, incluindo benfeitorias na infraestrutura central (backbone e redes de
transporte) para melhorar a qualidade e a velocidade do serviço, incentivos e
programas para expansão da cobertura (com foco na redução das disparidades
regionais), subsídios para ampliar o poder de compra e estender o consumo de
serviços de telecomunicações, bem como desoneração tributária em todos os elos
econômicos envolvidos com a provisão do serviço.

***

Das seções anteriores, é possível destacar os principais desafios para os serviços de


telecomunicações analisados no presente trabalho. Os desafios para STFC e SMP
beneficiam os serviços a que estão mais diretamente ligados, mas, também, no seu
conjunto, possibilitam o provimento do serviço de banda larga de forma mais
generalizada, com neutralidade tecnológica, visto que a massificação se apoia tanto
em telefonia fixa quanto móvel. Por seu turno, os desafios para banda larga também
encerram efeitos positivos tanto para STFC quanto para SMP.

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 102


Tabela 9 – Diagnóstico para STFC, SMP e banda larga

Serviço Diagnóstico Efeitos Desafio


Segurança jurídica para investimentos
Inibe a (definição sobre a reversibilidade)
Uso da capilaridade para
modernização da
STFC oferta de serviços de maior Oferta de serviços de maior valor
infraestrutura do
valor agregado agregado (estímulo à convergência)
STFC.

Modelo atual para Disponibilizar infraestrutura de forma


disponibilização de condizente com o propósito de ampliar
Encarece
espectro: infraestrutura ao máximo o acesso aos serviços
infraestrutura
cara, com rigidez no ciclo
SMP tecnológico

Renovação de Inibe investimentos, Segurança jurídica e recursos para


Autorizações (pagamento retira recursos do investimentos
de FISTEL – TFI e TFF) setor

Otimizar participação pública e privada


Condições de demanda para que recursos sejam alocados de
nem sempre são forma eficiente
suficientes para viabilizar Estimular demanda (gerar demanda
economicamente os pública, facilitar aquisição de terminais
investimentos necessários Inviabiliza oferta do de acesso, capacitação).
Banda à expansão da oferta serviço em todo Políticas devem ser definidas de forma a
Larga
(depende do nível de renda território nacional gerar uma estrutura de incentivos
local e das condições para comum a todos os agentes (públicos,
oferta do serviço, privados) e de acordo com as
sobretudo em áreas especificidades de cada localidade.
remotas) Aplicação dos recursos dos fundos
setoriais
Elaboração: LCA.

Identificados os principais desafios do setor de telecomunicações, é possível


sistematizar uma maneira de gerenciar ações públicas e privadas que permitam
mitigá-los da forma mais eficiente possível. A próxima seção apresenta uma
metodologia para nortear políticas de massificação de serviços de telecomunicações,
aplicada especificamente ao o serviço de banda larga76.

76 A metodologia também pode ser aplicada para políticas de massificação de outros serviços.

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 103


4. Cenários para os serviços de
Telecomunicações no Brasil: 2014 e 2020

4.1 Modelo de Gaps – Banco Mundial


Metodologia desenvolvida pelo Banco Mundial possibilita direcionar
planos de massificação de serviços de telecomunicações

O Banco Mundial desenvolveu metodologia que fornece o necessário embasamento


para a aplicação de políticas públicas de massificação de serviços de
telecomunicações77, diferenciando disparidades regionais. Com isso, o modelo
possibilita nortear a melhor alocação de recursos públicos e privados, otimizando
esforços para maximizar o alcance das políticas.

Sua premissa básica é a de que diferentes áreas necessitam de ações específicas, a


depender de suas características particulares. Duas dimensões são utilizadas para
definir essas particularidades, demanda e oferta, como sintetizado no diagrama abaixo.

Figura 11 – Modelo de Gaps


Baixa Renda

níveis reduzidos de penetração Diferentes áreas necessitam


de distintas ações.

Mapear adequadamente as
necessidades de cada região,
Demanda

em termos de oferta e
Conjunto de demanda, é fundamental
Domicílios para que esforços públicos e
privados sejam otimizados
níveis elevados de
por meio da eleição dos
penetração do
Alta Renda

serviço melhores instrumentos de


incentivo em cada situação.

Muita Pouca
infraestrutura Oferta infraestrutura

Elaboração: LCA.

77 A metodologia também pode ser aplicada em outros mercados.

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 104


O eixo vertical representa as características de demanda, áreas de alta renda estão
próximas à origem. No eixo horizontal está representada a oferta do serviço, áreas
com muita infraestrutura estão próximas à origem. Dessa forma é possível identificar
as carências de uma região nessas duas dimensões. A justaposição dessas variáveis
identifica as cinco áreas do modelo, em que a mais escura (próxima à origem) agrupa
regiões com alta renda e muita infraestrutura. A área mais clara (borda da figura)
contempla regiões de baixa renda e pouca infraestrutura.

Cada tipo de carência requer medidas específicas. Por exemplo, em uma área de alta
renda e pouca infraestrutura instalada, uma política de estímulo a investimentos deve
ser mais adequada do que uma de subsídio direto para aquisição do serviço.

Entre as melhores práticas derivadas deste tipo de abordagem, há recomendações do


Banco Mundial78 no que se refere à combinação de aplicação de recursos públicos
para estimular a expansão da oferta e/ou instalação de infraestrutura(como uso de
fundos setoriais, disponibilização de infraestrutura pública, financiamentos e recursos
diretos) e políticas voltadas especificamente para o estímulo da demanda (como
desoneração tributária, subsídios diretos ou indiretos ao consumo do serviço).

Como pano de fundo, deve-se ter medidas direcionadas ao marco legal e


regulatório, de forma a propelir a expansão e modernização do serviço, criando
ambiente de negócios favorável a novos investimentos.

Com vistas à adaptação desta ferramenta ao caso brasileiro, propõe-se a seguir


uma metodologia que inclui a produção de indicadores nacionais e a classificação
dos municípios brasileiros segundo critérios de demanda e oferta de serviços de
banda larga.

4.2 Construção dos Indicadores de oferta e demanda para o


serviço de conexão à internet por banda larga
Para aplicar a metodologia do Banco Mundial ao mercado do serviço de banda larga
no Brasil, a LCA selecionou critérios para mapear e classificar os municípios
brasileiros de acordo com (i) potencial de demanda: entendido aqui como uma

78 Ver, por exemplo, Beschorner, N. “ITU Seminar on Broadband and USO”, The World Bank. Bangkok,
Novembro de 2010. Disponível em: http://www.itu.int/ITU-D/asp/CMS/Events/2010/Thailand-Broadband/
Session3_Natasha_Beschorner.pdf Acesso em 01/05/2011.

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 105


combinação de fatores que reflete a capacidade de aquisição e uso do serviço pela
população; e da (ii) infraestrutura instalada: combinação de fatores que reflete a
variedade de infraestruturas e velocidade dos acessos nos municípios.

A utilização de dados municipais como unidade de análise se justifica por ser a


menor área geográfica para qual existem dados públicos que podem ser utilizados
como forma de identificar a infraestrutura instalada e o potencial de demanda.
Todavia, é certo que um maior nível de granulidade das informações tornaria mais
precisa a classificação de regiões geográficas segundo as dimensões consideradas
pela metodologia79.

A seguir, detalha-se a construção de cada um dos indicadores e sua posterior


aplicação no modelo de GAPs.

4.2.1 Indicador de Potencial de Demanda


Para produção de um indicador de potencial de demanda em nível municipal, foi
construído um índice próprio, com base no IDHM (Índice de Desenvolvimento Humano
Municipal80, disponibilizado pelo Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento – PNUD). Em sua concepção original, este índice é calculado com
base em três componentes municipais: renda81, educação82 e longevidade83, cada
qual recebendo peso equivalente no cálculo.

79Essa limitação, em termos práticos, faz com que as regiões geográficas sejam classificadas sempre em
consonância com o município da qual fazem parte, mesmo que suas características possibilitassem outra
classificação (esse pode ser é o caso de bairros pobres em municípios de alta renda, por exemplo). Ou
seja, a metodologia considera que as áreas sejam homogêneas porém é sabido que pode haver regiões
com características de “áreas brancas” mesmo estando localizadas em “áreas pretas”.

80 “O Índice de Desenvolvimento Humano foi criado originalmente para medir o nível de


desenvolvimento humano dos países a partir de indicadores de educação (alfabetização e taxa de
matrícula), longevidade (esperança de vida ao nascer) e renda (PIB per capita). O índice varia de 0
(nenhum desenvolvimento humano) a 1 (desenvolvimento humano total). Países com IDH até 0,499 têm
desenvolvimento humano considerado baixo; os países com índices entre 0,500 e 0,799 são
considerados de médio desenvolvimento humano; países com IDH maior que 0,800 têm desenvolvimento
humano considerado alto.” (Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil. Rio de Janeiro: 2000.
Disponível em: <www.pnud.org.br/atlas/> Acesso em: 15/06/2011).

81 “Para a avaliação da dimensão renda, o critério usado é a renda municipal per capita, ou seja, a renda
média de cada residente no município. Para se chegar a esse valor soma-se a renda de todos os
residentes e divide-se o resultado pelo número de pessoas que moram no município (inclusive crianças
ou pessoas com renda igual a zero). No caso brasileiro, o cálculo da renda municipal per capita é feito a
partir das respostas ao questionário expandido do Censo – um questionário mais detalhado do que o
universal e que é aplicado a uma amostra dos domicílios visitados pelos recenseadores. Os dados

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 106


Para composição do indicador de potencial de demanda por banda larga, optou-se
por considerar somente as dimensões renda e educação, dado que o componente de
longevidade não apresenta, sob a lógica econômica, uma relação direta com a
potencialização do acesso e utilização do serviço de banda larga84. Os componentes
renda e educação foram normalizados individualmente e então combinados na
proporção 80% (renda) e 20% (educação) – sob a hipótese de que o poder de
compra exerce uma influência mais preponderante na aquisição do serviço. Os
municípios tiveram o seu indicador normalizado entre 0 (menor potencial de demanda)
e 10 (maior potencial). Eles foram agrupados em cinco áreas, a depender do seu
índice, identificadas em uma escala de 5 cores: branco (com notas de 0 a 2), cinza
claro (2 a 4), cinza (4 a 6), cinza escuro (6 a 8) e preto (8 a 10).

Municípios classificados como “pretos” apresentam, por estes critérios, níveis


relativamente maiores de demanda, enquanto os municípios “brancos” estabelecem o
patamar inferior (piso) deste indicador. Cabe lembrar que, como essa classificação é
“relativa” ela apenas compara municípios.

Tendo em vista que os componentes do IDHM foram calculados com dados de 2000
foi elaborada uma atualização das informações. Dada a ausência de dados mais
recentes para os municípios (o ideal seria recalcular o indicador a partir dos
microdados do Censo 2010, indisponíveis no momento), foi estimado a evolução do
indicador de potencial de demanda em nível estadual (via PNAD85, até 2009). Dessa
forma, produziu-se uma estimativa para e evolução do indicador entre 2000 e 200986,

colhidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) através dessa amostra do Censo são
expandidos para o total da população municipal e, então, usados para o cálculo da dimensão renda do
IDHM.”

82 “Para a avaliação da dimensão educação, o cálculo do IDH municipal considera dois indicadores, com
pesos diferentes: taxa de alfabetização de pessoas acima de 15 anos de idade (com peso dois) e a taxa
bruta de frequência à escola (com peso um).”

83 Para avaliar o desenvolvimento humano no que diz respeito à longevidade o IDH nacional e o IDH
municipal usam a esperança de vida ao nascer. Esse indicador mostra qual a média de anos que a
população nascida naquela localidade no ano de referência deve viver – desde que as condições de
mortalidade existentes se mantenham constantes.

84 Para o caso de municípios cujo IDHM não estava disponível (por terem surgiram após 2000, por
exemplo), foram-lhes atribuídos valores mínimos encontrados no conjunto de municípios com mesmo
Código de Área (microrregião).

85 Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios (IBGE).

86 Cabe destacar que esta atualização tem por finalidade ordenar relativamente os municípios, de sorte
que as possíveis ultrapassagens entre eles nos últimos anos sejam aproximadas.

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 107


considerando – por hipótese – que todos os municípios apresentaram evolução
compatível às respectivas unidades federativas.

4.2.2 Indicador de Infraestrutura (Oferta) do Serviço


O indicador de infraestrutura tem dois componentes: i) a variedade de tecnologias
disponíveis e ii) a distribuição da velocidade dos acessos fixos no município.

Considera-se que quanto maior variedade de alternativas tecnológicas de acesso para


consumo, melhor é infraestrutura instalada. Complementarmente, como a presença de
tecnologias consideradas mais próximas à fronteira tecnológica (mais modernas)
agrega uma série de vantagens à oferta do serviço de banda larga, pesos diferenets
são dados a depender da tecnologia disponível.

Para o cálculo do componente de disponibilidade tecnológica, foram coletadas


informações sobre acessos de banda larga por tecnologias fixas no Sistema de Coleta
de Informações (SICI) da ANATEL87 (ATM, Cabo, Ethernet, Fibra, FR, FWA, HFC,
MMDS, PLC, SATELITE, SPREAD SPECTRUM, WiMax, xDSL). Para o caso das
tecnologias de banda larga móvel, a infraestrutura instalada foi mapeada através de
dados de Estações Rádio-Bases (ERBs) disponíveis no Sistema de Serviços de
Telecomunicações (STEL), referentes às unidades alocadas nas subfaixas de
frequência destinadas ao 3G (bandas A e B – 850 Mhz; e banda H – 1900 a 2100
Mhz).

Estabeleceu-se que tecnologias fixas (com pelo menos 1 acesso válido) e de ERBs
habilitadas para banda larga móvel cumprem papel similar na provisão de banda larga
(hipótese de neutralidade tecnológica), sendo-lhes atribuída uma ponderação na
composição conforme sua distância da fronteira tecnológica (tecnologia mais recentes
recebem pontuação maior):

Figura 12 – Pontuação por tecnologia

1 2 3 5

Ethernet, ATM, FWA, MMDS, ADSL, Cabo, 3G, HFC, Satélite, PLC,
FR Fibra
SPREAD SPECTRUM WiMax
Elaboração: LCA.

87 http://sistemas.anatel.gov.br/sici/Relatorios/IndicadorDesempenhoPresenteMunicipio/tela.asp

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 108


O componente de disponibilidade tecnológica, fruto da normalização da pontuação
de tecnologias fixas e móveis para os municípios, resulta em uma classificação
municipal que favorece municípios dotados com maior número de tecnologias e
tecnologias mais eficientes88.

O segundo componente do indiciador de oferta envolve a velocidade dos acessos em


banda larga fixa, entendendo-se que a existência de acessos fixos a maiores
velocidades constitui um indício de melhor disponibilidade de infraestrutura
instalada. Para esta composição, o SICI (ANATEL) distribuiu o número de acessos
municipais de banda larga fixa em cinco intervalos de velocidade: até 512 Kbp/s, de
512 Kbp/s a 2 Mbp/s, de 2 a 12 Mbp/s, de 12 a 34 Mbp/s e acima de 34 Mbp/s. A
participação de acessos em cada intervalo (%) é ponderada segundo a escala abaixo,
de forma a classificar os municípios segundo a participação de acessos mais velozes.

Figura 13 – Pontuação por intervalo de velocidade

De 512
De 0 a De 2 a 12 De 12 a 34 Acima de 34
Kbp/s a 2
512Kbp/s Mbp/s Mbp/s Mbp/s
Mbp/s

Peso 1 2 3
Elaboração: LCA.

Tanto o componente de disponibilidade tecnológica (banda larga fixa e móvel)


quanto o componente de velocidade de acesso de banda larga fixa foram
normalizados individualmente, cada qual classificando os municípios em uma escala
de 0 a 10. A média aritmética dos dois indicadores é então calculada e novamente
normalizada para todos os municípios, resultando num indicador consolidado de
infraestrutura, capaz de ordenar os municípios de forma similar ao indicador de
demanda, com 5 graduações de cores representando intervalos uniformes89. Assim, os
municípios classificados como “pretos” apresentam melhor dotação relativa de
infraestrutura, vis-à-vis municípios brancos, que acumulam as maiores carências.

88 Vale lembrar que, idealmente, a produção de um indicador desta natureza exigira o acesso a um
extenso conjunto de microdados sobre a disponibilidade, capacidade e extensão atual da rede de acesso
e transporte de banda larga, desde o backbone até a última milha. Dada a indisponibilidade de dados
públicos desta natureza, entendeu-se que o indicador de infraestrutura acima proposto é a melhor
alternativa no momento.

89 Seguindo os mesmos critérios do indicador de demanda potencial, como apresentado acima.

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 109


A abaixo apresenta um resumo da metodologia, que culmina com a ordenação dos
municípios segundo critérios de demanda e oferta para todo o país.

Figura 14 – Metodologia para aplicação do modelo de Gaps ao Brasil

Elaboração: LCA.

4.3 Resultado do modelo de GAPs para o caso brasileiro


Utilizando os indicadores explicitados acima é possível classificar cada um dos
municípios brasileiros a segundo as óticas da demanda e da oferta, de forma a
relativizar as carências no conjunto de municípios. Este procedimento viabiliza
também construção do mapa de gaps, o que facilita a visualização da dispersão dos
municípios segundo os indicadores, conforme a figura a seguir.

O indicador de potencial de demanda foi associado ao eixo vertical e o indicador de


oferta foi disposto no eixo horizontal, de sorte que o cruzamento dos eixos marcasse
o ponto máximo da escala de cada um [ (10, 10) ]. Neste arranjo, à medida que se
caminha do ponto de máximo para cima no eixo vertical (demanda) ou para direita no
eixo horizontal (oferta), menor a pontuação do município em cada uma dessas
dimensões.

Considerando a pontuação de cada indicador municipal como uma coordenada nos


dois eixos na forma [pontuação indicador de oferta, pontuação no indicador de
demanda], cada um dos municípios foi representado graficamente por um círculo
verde. Para efeito de comparação visual, o tamanho do círculo reflee a população
municipal, possibilitando a visualização da relação entre tamanho do município (e do
mercado potencial) e sua posição no mapa de gaps. O Gráfico abaixo representa a
distribuição dos municípios brasileiros segundo a metodologia apresentada.

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 110


Gráfico 42 – Distribuição dos municípios brasileiros segundo a metodologia de
gaps

220 Municípios
1,9 milhões de hab. (1,0%)
renda per capita: R$ 3,7 mil

2220 Municípios
27,3 milhões de hab. (14,3%)
renda per capita: R$ 5 mil

2645 Municípios
55,0 milhões de hab. (28,9%)
renda per capita: R$ 11,2 mil

462 Municípios
60,6 milhões de hab. (31,8%)
renda per capita: R$ 17,9 mil

45 Municípios
45,8 milhões de hab. (24,0%)
renda per capita: R$ 26,5 mil

Elaboração: LCA.

Cada área (cor) delimitada pelas linhas pontilhadas do gráfico agrupa um conjunto de
municípios. A área na qual um município está classificado acima é determinada pelo
seu menor indicador (demanda90 ou oferta).91. Os mapas abaixo apresentam a
dispersão geográfica dos municípios segundo ambos os critério, separadamente.

90 Este indicador de demanda apresenta correlação de 0,6 com o observado na Figura 7: Distribuição
geográfica dos municípios de acordo com penetração de acesso de banda larga fixa. Os municípios com
maior penetração se encontram na região Sul, São Paulo, Rio de Janeiro e sul de Minas Gerais.
Nas regiões Nordeste e Norte (com exceção de Roraima) a proporção de domicílio com acesso ao serviço
é baixa
91 Pode existir o caso, entretanto, que um município esteja em uma área por um eixo (por exemplo, seja classificado
como “preto” em termos de infraestrutura) mas apresente um potencial de demanda relativamente menor (classificado
como“ cinza escuro”). Pela combinação de suas coordenadas, ele ocupará uma área do gráfico marcada como
quadrante “cinza escuro”, equivalente à menor das suas pontuações nos dois indicadores.

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 111


Figura 15 – Classificação dos Municípios segundo critérios de demanda e oferta
(2010)

Elaboração: LCA.

Este modelo permite agrupar municípios diferentes a partir de critérios objetivos


referentes ao serviço de banda larga. De acordo com o gráfico (acima) e a tabela
descritiva (abaixo), a área preta – responsável por agregar municípios com melhor
desempenho em ambos os critérios (eixos), isto é, pontuação mínima de 8 (oito) – é
ocupado por 45 municípios, o equivalente a 45,8 milhões de brasileiros (24% do total),
residentes em uma área aproximada de 45.017 km².

Tabela 10 – Características dos Municípios, por áreas


% do Total % de Densidade
dos % da População População Área Demográfica
Número de Municípios População Brasileira (IBGE Urbana Geográfica Média
Área Municípios Brasileiros (2010) - 2010) (2010) Total (2000) (hab/km²)
Preto 45 0,8 45.858.732 24,0 98,9 45.017 1.018,7
Cinza
Escuro 462 8,3 60.564.468 31,8 95,2 626.269 96,7
Cinza 2.645 47,3 55.040.719 28,9 77,8 3.864.778 14,2
Cinza Claro 2.220 39,7 27.318.237 14,3 52,1 3.137.635 8,7
Branco 220 3,9 1.950.538 1,0 43,6 824.633 2,4
Elaboração: LCA.

Trata-se, portanto, de uma área de elevada densidade demográfica, principalmente


quando comparada às características dos 220 municípios classificados na área

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 112


branca, cuja população representa cerca de 1% da população nacional, com uma
densidade populacional baixa.

Tabela 11 – Renda dos Municípios, por áreas


PIB per % da Renda
Número de capita Nacional Renda A/B Renda C Renda D/E
Área Municípios (R$ 2008) (2008) (%) (%) (%)

Preto 45 26.523 39,8 46,7 33,2 20,2


Cinza Escuro 462 17.885 35,4 29,2 38,8 32,0
Cinza 2645 11.166 20,1 17,4 34,6 47,8
Cinza Claro 2.220 5.044 4,5 6,3 21,5 71,2
Branco 220 3.734 0,2 4,8 17,9 71,3
Elaboração: LCA.

A classificação a que se chega com essa metodologia guarda coerência com as


características socioeconômicas dos municípios. Isso fica comprovado quando se
analisa, por exemplo, a renda de cada região.

A área preta é responsável por quase 40% da renda nacional, enquanto a área branca
não alcança 1%. A renda per capita média dos municípios pretos é de R$ 26,5 mil,
sendo progressivamente menor até atingir R$ 3,7 mil referentes à área branca. Em
termos de distribuição de renda por classe, enquanto os municípios pretos têm quase
46,7% dos seus domicílios pertencentes às classes A e B, a área branca é
majoritariamente composta por domicílios D e E (71,3%). Nas áreas intermediárias
(cinzas), os dados apresentam uma progressão clara (escalonada), entre os extremos,
o que reforça a consistência da abordagem.

Outras variáveis socioeconômicas apresentam o mesmo padrão de indicadores por


áreas, mantendo os melhores resultados para as áreas pretas e as maiores carências
na área branca. A tabela abaixo apresenta um resumo destes indicativos, destacando
as diferenças em termos de serviços essenciais (água encanada, acesso a rede de
esgotos e energia elétrica) e nível de educação (alfabetização e média de anos de
estudo de pessoas com 25 anos ou mais).

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 113


Tabela 12– Disparidades regionais dos municípios, por áreas
% Pop. com % Pop. % Pop. com Alfabetizados Média Anos de
Água com Energia - pessoas 15 estudo - pessoas
Número de Encanada Esgoto Elétrica anos e mais 25 anos e mais
Área Municípios (2000) (2000) (2000) (%-2000) (2000)

Preto 45 95,8 99,6 99,9 94,86 7,93


Cinza Escuro 462 84,3 97,6 99,0 91,17 6,34
Cinza 2.645 67,8 89,6 92,8 82,87 4,70
Cinza Claro 2.220 45,4 65,1 73,8 66,54 2,92
Branco 220 33,5 58,8 53,5 62,42 2,39
Elaboração: LCA.

É possível constatar, pela mesma via, diferentes níveis de penetração dos serviços de
banda larga (seja fixa ou móvel), tendo como referência a área preta, cujo perfil de
consumo atinge quase 40 acessos fixos e móveis para cada 100 habitantes, valor
próximo a de alguns países da OCDE, como a Bélgica92. Em contrapartida, os
municípios classificados como brancos registraram em média uma penetração de 1
acesso fixo e móvel para cada 100 habitantes.

Tal como esperado, isto implica reconhecer também que a concentração do


consumo e dos acessos em banda larga segue uma distribuição muito próxima
àquela verificada para população, renda e educação. Em outras palavras, a maior
parte dos acessos é realizada em grandes centros urbanos. Na tabela abaixo, isto é
notável pela concentração de acessos nas áreas preta e cinza escura (87% do total de
acessos fixos e 85% do total de acessos 3G). Estes mesmos 507 municípios são
ocupados por 55,8% da população brasileira e concentram 75,2% da renda nacional.

Tabela 13– Acessos telefônicos


Penetração % dos Penetração
Número de % dos Fixa Número de acessos Móvel Penetração
Acessos acessos fixos (Acessos/ Acessos móveis (Acessos/ Fixa +
Área Fixos nacionais 100 hab) Móveis 3G nacionais 100 hab) Móvel
Preto 8.713.392 55,74 19,0 9.171.129 40,64 20,0 39,0
Cinza Escuro 4.882.019 31,23 8,1 10.006.558 44,34 16,5 24,6
Cinza 1.864.351 11,93 3,4 2.857.065 12,66 5,2 8,6
Cinza Claro 168.945 1,08 0,6 521.391 2,31 1,9 2,5
Branco 2.541 0,02 0,1 15.990 0,07 0,8 1,0

92 Segundo dados da UIT de 2009.

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 114


4.4 Cenários de investimento para expansão do serviço de
banda larga no Brasil: 2014 e 2020
Com o modelo de Gaps aplicado ao caso brasileiro, estipularam-se cenários para
expansão do serviço de banda larga, em cada área. Dois períodos foram selecionados
para balizar e servir de referência para os cálculos e comparações nos cenários: 2014
(ano de realização da Copa do Mundo no Brasil) e 2020 (quando se terá percorrido
uma década de investimentos no setor).. Na sequência, o trabalho buscou mensurar o
CAPEX necessário para atender aos novos acessos, estipulados pelos cenários.

Os investimentos aqui apresentados referem-se ao esforço adicional. Ou seja,


recursos necessários para que haja a expansão na quantidade de acessos indicada
em cada cenário. Não representa, portanto, o total de investimentos esperados para o
setor de telecomunicações até 2020. Adicionalmente, para a estimativa desse
investimento incremental não se considera duplicação de redes. No limite, é
como se houvesse uma única infraestrutura de forma que os investimentos calculados
representam a necessidade de expansão para acomodar os novos usuários. Por fim,
os valores apresentados consideram apenas o CAPEX, sem estimar o OPEX.

A produção desta modalidade de cenários pode ser de especial proveito para


mensurar e/ou comparar o esforço de recursos (i) na redução das disparidades entre
as áreas; (ii) na provisão de redes e acessos mais velozes (como fibra e 4G/LTE) e (iii)
para oferta de novos acessos a velocidades mínimas em áreas com carências em
renda, educação e/ou infraestrutura

A seguir, detalham-se os passos metodológicos para realização dos cálculos de


investimento na instalação de novos acessos de banda larga fixa e móvel. Inicia-se
com a definição de cenários, que estipula a evolução de acessos (por velocidade e
área) e, na sequência, a estimativa de investimentos necessários para a efetivação
desses cenários.

4.4.1 Metodologia para definição dos cenários de 2014 e 2020


(expansão de acessos à banda larga e investimentos)
O ponto de partida para construção dos cenários é o status atual do serviço (janeiro de
2011) em cada área do Modelo de Gaps aplicado ao Brasil. A ferramenta apresenta
como insumos o número de municípios e respectivas populações por cada uma das

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 115


áreas do modelo de Gaps, os níveis atuais de penetração93 de banda larga fixa e
móvel, a alocação dos acessos fixos entre intervalos de velocidade (SICI-ANATEL94) e
a participação de smartphones 3G no total de acessos móveis (no momento, a única
alternativa tecnológica móvel).

Um primeiro passo desta metodologia envolveu a eleição de um dos indicadores


(eixos) para controlar o número de municípios (e, em última instância, estimar a
população) em cada área (cor) para períodos futuros. Entendeu-se que o indicador
de potencial de demanda (eixo vertical) provê um melhor indicador para determinar a
alocação de municípios por área em cada período do cenário. Isto porque uma das
qualidades deste indicador é que ele seja minimamente endógeno ao que se quer
mensurar com este modelo, ou seja, os investimentos necessários para que se efetive
a expansão de acessos em cada cenário. O eixo de demanda (IDH Modificado)
apresenta a menor relação possível com o próprio investimento na disponibilização de
acessos adicionais, de forma que o número de municípios por área é determinado
(resultado) do próprio cenário95. Além disso, a projeção do IDH para 2014 e 2020 pode
ser feita de maneira mais acurada do que estimativas para o eixo horizontal
(infraestrutura municipal).

Para projetar o eixo vertical até 2014 e 2020, aplicou-se a projeção do IDH Brasileiro
estimada pelas Nações Unidas de forma uniforme aos indicadores dos municípios
brasileiros. Isso oferece uma mudança absoluta no IDH de todos os municípios. Se, ao
fazermos essa mudança, o município ultrapassa a fronteira da área (a nota) definida
no período inicial. Assim, é possível observar a evolução de áreas que os municípios
deverão apresentar até 2020.

93 Entende-se neste exercício por penetração o número de acessos por 100 habitantes, ou seja, a
densidade de acessos. Essa forma de mensuração é muito útil para comparações (entre áreas e países)
visto que o número de acessos apenas não considera as diferenças relativas do total de população. O
número total de acessos é importante para que se possa mensurar o investimento necessário para o
atendimento desses novos usuários.

94 A única modificação relevante para este caso foi a exclusão de acessos realizados através de
tecnologias ATM, Ethernet, FR, FWA e Fibra, consideradas ultrapassadas ou fora do escopo perfil
residencial de acesso.

95 Daí porque não adotar o indicador de oferta e infraestrutura instalada como guia, dado que ele
apresenta uma ligação direta com os investimentos realizados na expansão do serviço (isto é, um maior
investimento em uma região é capaz de elevar a classificação o município pelo critério de oferta) e é de
difícil projeção (os investimentos em rede e tecnologia são realizados individualmente pelas empresas,
com estratégias próprias de expansão de mercado).

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 116


Como as pontuações mínimas do indicador para classificação em áreas pretas, cinzas
e brancas são dadas pelo Modelo de Gaps – os municípios puderam migrar entre
áreas, a depender do patamar inicial do seu indicador.

Como resultado, identificou-se a seguinte organização dos municípios pelo eixo de


demanda:

Tabela 14 – Segregação de Municípios, por área, segundo critérios para


demanda

Número de municípios por área
Área jan/11 2014 2020
Preto 141 226 392
Cinza Escuro 2094 2368 2501
Cinza 1922 1817 1791
Cinza Claro 1368 1145 885
Branco 67 36 23
Brasil 5.592 5.592 5.592
Elaboração: LCA.

Espera-se que haja uma convergência para as áreas mais escuras ao longo do tempo.
Ou seja, há uma redução de municípios nas áreas mais claras e um aumento nas
áreas mais escuras.

Os mapas abaixo ilustram a evolução dos municípios de acordo com este mecanismo,
em 2014 e 2020.

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 117


Figura 16 – Evolução dos Municípios, segundo IDH-M Modificado (2014 e 2020)

Elaboração: LCA.

Definida a evolução da classificação dos municípios, a aplicação da projeção de


crescimento demográfico (IBGE) para suas populações atuais produziu uma
estimativa da população de cada área em cada período (o total de habitantes em
municípios classificados como “pretos”, “cinza escuros”, “cinzas”, “cinza claros” e
“brancos” em 2014 e 2020).

A distribuição da população entre áreas é necessária para que se calcule o volume de


acessos necessários para cumprir hipóteses de atendimento do serviço.

Assegurar um nível de atendimento do serviço envolve, nesta metodologia, a definição


de premissas de penetração (acessos de banda larga para cada 100 habitantes) por
área, separadas entre banda larga fixa e móvel.

Foi preciso assumir uma forma de distribuição das velocidades dos acessos em
banda larga fixa (% de acessos em cada intervalo de velocidade do SICI-ANATEL) e
da participação das tecnologias de banda larga móvel (% dos acessos 3G e
4G/LTE), tanto para 2014 quanto para 2020. Os anos intermediários foram
determinados por interpolação linear entre os três períodos-chave do exercício
(jan/2011, 2014 e 2020).

Com base na população de cada área (cor) em cada ano e premissas de penetração,
velocidade (banda larga fixa) e tecnologias (banda larga móvel), foi possível estimar e
calibrar a quantidade e as características principais dos acessos fixos e móveis por

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 118


área para os próximos 10 anos. Por resíduo (diferença entre os acessos existentes e o
esperado em cada cenário), obtém-se o volume de novos acessos a serem
instalados para atingir tal cenário de atendimento do serviço.

O investimento necessário para instalação deste volume de acessos adicionais foi


precificado com base em valores médios de CAPEX96 (R$/acesso adicional)
designados por área (pretas, cinza escuras, cinzas, cinza claras e brancas) e
subdivididos de acordo com o meio onde será instalado este acesso (urbano e rural);
intervalo de velocidade (no caso banda larga fixa) e tecnologia (no caso de banda
larga móvel), para os períodos (jan/2011, 2014 e 2020). Os valores empregados nos
cenários foram auferidos com base em amostras de valores de referência enviados
pelas empresas97 de forma a englobar gastos com última milha, backhaul e backbone
para cada área98.

Como resultado destas informações e hipóteses, o volume de recursos mobilizados


em cada cenário pôde então ser calculado para cada área e ano, tanto para instalar os
novos acessos em banda larga fixa quanto àqueles necessários para banda larga
móvel.

O quadro abaixo sintetiza a metodologia proposta nesta seção.

96 Capital Expenditure, ou despesas de capital, relativos ao montante de recursos mobilizados em


instalações e equipamentos de forma a prover um determinado serviço (cobertura).

97 Oi, Vivo, Telefônica, Claro.

98 Além de se assumir que o Capex seja mais caro tanto para instalação de acessos mais velozes (fibra
ótica, por exemplo), é de esperar que ele seja mais caro na provisão de novos acessos em áreas
“brancas”, seja pela ausência de infraestrutura prévia, seja pela maior participação da população rural no
total da população. Isto ocorre, também, porque estas regiões apresentam municípios dotados de menor
densidade demográfica, o que impede a maior diluição do custo por acesso e encarece a oferta do
serviço. Em particular, o aumento dos acessos rurais é também considerado no cálculo: o perfil atual de
acessos – estimado, por aproximação, pela proporção de acessos rurais e urbanos à Internet – fornecida
pela PNAD – é modificado, de forma a acomodar um aumento (desejável) da penetração rural do serviço.

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 119


Figura 17 – Metodologia para estimativa de CAPEX em cada cenário

Elaboração: LCA.

4.5 Premissas dos cenários de investimento


Em geral, o trabalho de elaboração de premissas para este tipo de cenários se baseia
em expectativas com relação à evolução das variáveis relevantes, em melhores
práticas ou mesmo na experiência internacional. A adoção de certas premissas pode
ter como hipótese fundante a conformação de ações específicas em áreas,
disponibilização de recursos extraordinários, o combate às disparidades regionais ou a
promoção de tecnologias e redes de alto desempenho em áreas com infraestrutura
prévia.

Sabe-se, de um lado, que o desenvolvimento e introdução destas novas tecnologias,


quando alicerçado em perspectivas econômicas favoráveis (como aumento do nível
educacional e melhor distribuição da renda), tende a impulsionar “naturalmente” tanto
a oferta quanto o consumo do serviço de banda larga, fenômeno que se reflete no
aumento da concorrência, nível dos investimentos, penetração do serviço e velocidade
de acesso.

Por outro lado, há uma série de ações que – uma vez colocadas em prática – podem
potencializar e acelerar este processo, particularmente quando associadas a ganhos
de eficiência, desoneração e flexibilidade regulatória, de sorte a favorecer os

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 120


investimentos na extensão da cobertura e ampliação do poder de compra da
população.

Neste contexto, foram desenvolvidos dois cenários de investimentos para 2014 e


2020: (a) Cenário Sem Alavancas e (b) Cenário Referenciado. As diferenças
específicas entre as premissas assumidas em cada caso são apresentadas nas
seções a seguir.

A. Cenário sem Alavancas


O Cenário sem Alavancas foi construído para estimar o investimento associado ao
crescimento “natural” do mercado de banda larga, isto é, acomodar o número de
acessos adicionais em banda larga tendo em vista a evolução do potencial de
demanda (renda e educação), dos hábitos de consumo e de aspectos demográficos.
Trata-se, portanto, de um cenário que comporta um conjunto de premissas compatível
com a tendência observada nos últimos anos para as variáveis que afetam a demanda
por banda larga, a saber: i) crescimento demográfico; ii) evolução do IDH nos
municípios; iii) tendência temporal e iv) interação entre os efeitos.

A forma pela qual o modelo desenvolvido capta cada um destes componentes é


apresentada a seguir:

i) Crescimento demográfico

O crescimento populacional se refere ao volume adicional de acessos em banda larga


fixa e móvel necessário para garantir a manutenção das condições correntes de
atendimento e consumo do serviço (em termos de acessos por 100 habitantes) dos
190,7 milhões de brasileiros, distribuídos entre 5.592 municípios.

A partir da projeção da população nacional, revista em 2008 pelo IBGE, foi estimado o
número de habitantes para os municípios brasileiros em 2014 e 202099, de modo que
fosse possível determinar o número de acessos necessário para manter a penetração
atual para os 199,5 milhões de brasileiros em 2014 e os 207,1 milhões em 2020.

99 O IBGE não projeta a população para cada município, de forma que foi aplicado o crescimento
brasileiro de forma uniforme para todas as populações municipais.

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 121


ii) Evolução do Indicador de Potencial de Demanda nos municípios

Na medida em que os municípios se desenvolvem, evolui o seu indicador de potencial


de demanda, referenciado pela evolução das dimensões renda e educação. Este
progresso se reflete em um maior nível de consumo, assumida a relação de
causalidade entre o nível do indicador de demanda (IDH Modificado) e a penetração
do serviço.

Dois fenômenos foram considerados nesta abordagem. Em primeiro lugar, a


evolução do indicador de potencial de demanda para um determinado município pode
ser tal que a sua classificação entre áreas (cores) seja modificada (upgrade). Neste
caso, supôs-se que a migração promove uma melhora automática no perfil de
consumo, de forma a equipará-lo ao perfil médio de sua “nova” área (em termos de
acessos fixos e móveis por 100 habitantes). Em termos práticos, isto implica alocar um
volume adicional de acessos para estes municípios que apresentaram upgrade
em sua classificação, ao longo dos anos por conta da evolução do seu IDH
Modificado.

Por outro lado, a relação entre o indicador de demanda e a penetração pode ser
considerada mesmo se a evolução não for suficiente para induzir a migração
entre áreas ou quando esta não é possível (no caso dos municípios classificados
como “pretos”, que não podem subir de categoria). Para incorporar essa dimensão no
modelo, estudou-se a relação entre a evolução dos IDH Modificados dos estados
brasileiros e respectivas penetrações de banda larga fixa entre 2002 e 2009100. Para
tanto, especificou-se o seguinte modelo econométrico de painel (pooling de dados):

O valor do coeficiente “β” calculado neste modelo foi de 0,241, o que implicou
considerar um aumento de igual magnitude para penetração (acessos por 100
domicílios) para cada 0,01 acrescido na escala do IDHM – isto é, se a média do IDHM
de uma área evolui de 0,79 para 0,80; a penetração de banda larga se eleva em 0,241
acessos para cada 100 habitantes.

100 Os dados de acesso entre 2002 e 2006 são estimativas (Macedo, H. (2010) “Análise de Regressão
Sobre Indicadores da Economia e da Difusão do Serviço de Acesso à Internet em Banda Larga no
Brasil”), após 2006 foram retirados diretamente da ANATEL. Os dados de população são extraídos da
PNAD.

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 122


iii) Tendência temporal

Além do crescimento demográfico e do potencial de demanda, há outros aspectos


variantes ao longo do tempo que influenciam de maneira significativa a penetração do
serviço, como hábitos, possibilidades de uso, preços e padrões tecnológicos.

No modelo em painel apresentado, o nível de penetração da banda larga fixa é


explicado pelo IDH Modificado mais uma tendência temporal, responsável por captar
a influência de outras variáveis que se alteram ao longo do tempo, além de um
elemento idiossincrático, representado pela variável “ε”.

O coeficiente de interesse, que capta a tendência temporal, é o “δ”. O seu valor


estimado para os últimos 10 anos foi de 0,451, o que equivale dizer que, na trajetória
evolutiva do mercado, a tendência temporal colaborou com uma média de 0,451
acessos por 100 habitantes, por ano. O impacto desta tendência foi contabilizado de
forma uniforme e anual para o nível de penetração de banda larga fixa em todas as
áreas.

Para traduzir esta tendência temporal para a banda larga móvel, foi empreendido um
estudo sobre a evolução da relação entre acessos em banda larga móvel e acessos
em banda larga fixa. A evolução estimada avalia um crescimento de 1,78 (em janeiro
de 2011) para 2,68 acessos móveis para cada acesso fixo, em 2020. Esta variação,
cabe lembrar, acompanha a tendência observada em muitos países, particularmente
aqueles pioneiros no lançamento de tecnologias 3G, nos quais os acessos em banda
larga móvel representam parcela significativa dos acessos em alta velocidade, como
ilustra o gráfico abaixo.

Os países líderes no ranking mundial de penetração do serviço, como os do leste


asiático e da OCDE, iniciaram 3G no começo dos anos 2000101. No Brasil, como o
licenciamento das faixas de frequência para 3G começou em 2008, a tendência é da
manutenção de um crescimento mais vigoroso em termos de acessos em banda larga
móvel, vis-à-vis banda larga fixa.

101 No caso brasileiro, apesar do crescimento consistente dos acessos fixos, o serviço de banda larga
móvel o número de acessos móveis ultrapassou o de fixos no primeiro trimestre de 2010, apenas dois
anos depois do início da liberação de licenças.

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 123


Gráfico 43 – Evolução de acessos fixos e móveis e início da tecnologia 3G
120 2000
2000 Acessos Fixos + Móveis/100 habitantes
100 Parcela da penetração total
2001

referente à banda larga móvel
2001
2000

80
2001
2001
2001
2000
2000
2000
2000
2001
2000
2001

1999
2000
2000

2001
2002
2000
60

2001
2001
2004
2001
2000
40

2007
2002
2008
2006
2007
2007
2006
20

2008
2006
2008
2004
2007
2005
2008

2006
2003

2007
2007
2010
2008
0

Peru
França

Venezuela

Marrocos
Suíça

Bélgica

México
Brasil (2011)
Áustria

Noruega

Hungria

Nigéria
Polônia

China

Indonésia
Grécia
Cingapura

Alemanha
Suécia

República Checa

India
Argentina
Holanda

Finlândia

Colômbia
Coréia do Sul

Ucrânia
Japão

Espanha

Turquia
Israel
Austrália

Malásia

Egito
Canadá

Rússia
Portugal
Dinamarca

Filipinas

África do Sul
Chile
Itália
Nova Zelândia

Estados Unidos

Tailândia
Reino Unido

Fonte: Penetração: UIT (2009), países selecionados e Telebrasil (abril, 2011). Datas de licenciamento:
UIT, Teleco e pesquisa Internet. Elaboração: LCA.

Utilizando uma premissa de aumento da proporção entre acessos móveis e fixos ao


longo dos anos, o impacto da tendência temporal e do IDHM – originalmente calculado
para banda larga fixa – foi corrigido (ampliado), de modo a levar em conta o potencial
ainda inexplorado de crescimento (adoção) da banda larga móvel.

iv) Interação entre efeitos

Como os componentes acima elencados ocorrem em simultaneidade, sua interação


resulta em um impulso adicional para a penetração do serviço de banda larga. Ou
seja, se os componentes se alterassem de forma isolada, o efeito total no mercado
seria mais tímido.

Como resultado dos fatores supracitados, obteve-se a seguinte disposição para as


premissas de penetração para banda larga fixa e móvel por área:

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 124


Tabela 15 – Penetração (acesso por 100/hab) por área

Penetração (acessos BL Fixa/100 hab) Penetração (acessos BL Móvel/100 hab)
Área jan/11 2014 2020 Área jan/11 2014 2020
Preto 12,9 15,0 18,0 Preto 19,9 28,1 41,0
Cinza Escuro 6,5 8,6 11,5 Cinza Escuro 12,3 20,5 33,1
Cinza 1,3 3,5 6,1 Cinza 4,7 13,0 24,6
Cinza Claro 0,4 2,5 5,3 Cinza Claro 2,2 10,4 22,7
Branco 0,3 2,4 5,1 Branco 0,3 8,6 20,5
Elaboração: LCA.

Para finalizar o cálculo do investimento, são necessárias também hipóteses acerca da


velocidade dos novos acessos. No caso do Cenário sem Alavancas, promoveu-se
um estudo acerca do histórico de acessos por velocidade (de 2001 a 2010), a partir do
qual foram identificadas “curvas hipotéticas” de adoção de velocidades.

Gráfico 44 – Curvas hipotéticas para adoção de velocidade de acesso

90
participação dos acessos por velocidade (%)

80 74 75 74
71 71
70 65 65
62
58 58
60
49 50 50 50 49
50 47 47
43 43
40 39 39 40
40 37
31 33 33 31
30 27 27
25 25 25 24
22 21 22 24 22 21 22
19 19
20 16 16
14 15 13 13 15 14
7 9 7 10 10
7 9 7
10 5 5 5 5
2
1 2 2 2
1
0 0
-
Ano 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25

Elaboração: LCA.

A hipótese dessa modelagem considera uma tendência anual de migração dos


acessos para velocidades progressivamente maiores. Entre os diversos fatores que
podem influenciar este comportamento do consumo, pode-se elencar a atualização
tecnológica e de capacidade de rede, a tendência de redução de preço, o aumento da
renda domiciliar, o desenvolvimento de aplicações e usos mais exigentes, etc.

A intensidade desta dinâmica, evidentemente, se apresenta de forma distinta de


acordo com o perfil de consumo e poder de compra de cada município ou área.

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 125


Municípios alocados nas áreas pretas, no caso, apresentam um perfil de uso
concentrado em acessos de desempenho, com migração rápida para
velocidades mais altas. De forma diversa, municípios em áreas brancas tendem a
conservar a maior parte de suas conexões em velocidades menores, imprimindo
uma taxa de migração lenta e parcial de seu consumo para opções mais velozes.

A partir destas hipóteses e de regras de consistência entre áreas e intervalos,


desenhou-se um quadro evolutivo da participação (%) dos acessos fixos por intervalo
de velocidade entre janeiro de 2011 e 2020.

Tabela 16 – Distribuição das velocidades de acesso à banda larga fixa por área

jan/11 2020
Participação de Acessos de BL Fixa por intervalo de velocidade (%) Participação de Acessos de BL Fixa por intervalo de velocidade (%)
Área 0 – 512Kbps 512‐2Mbps 2‐12Mbps 12‐34Mbps 34‐100Mbps > 100Mbps 0 – 512Kbps 512‐2Mbps 2‐12Mbps  12‐34Mbps 34‐100Mbps > 100Mbps
Preto 17,3 47,1 18,0 17,6 0,1 0,0 6,0 11,2 35,9 30,2 11,9 4,8
Cinza Escuro 25,5 55,8 10,6 7,8 0,3 0,0 13,8 19,9 30,7 27,3 5,0 3,3
Cinza 46,8 48,8 2,8 0,1 0,2 0,0 26,7 31,1 20,8 19,0 1,5 0,9
Cinza Claro 76,4 22,0 1,6 0,0 0,0 0,0 29,1 39,7 18,5 11,5 1,1 0,0
Branco 39,7 57,0 3,3 0,0 0,0 0,0 38,1 52,1 5,7 4,1 0,0 0,0
Brasil 22,2 50,7 14,2 12,7 0,2 - 11,0 16,6 32,4 27,8 8,4 3,8

Elaboração: LCA.

De forma similar, foi necessário estipular alguma premissa em relação ao lançamento


de tecnologias móveis de quarta geração (4G/LTE), com consequente redução da
tecnologia 3G. Para tanto, levou-se em consideração duas hipóteses: (a) que a
tecnologia 4G seja licenciada e lançada a partir de 2013, primeiramente em grandes
centros urbanos (hotspots, com foco nos eventos de Copa do Mundo) e (b) que o
crescimento de mercado de acessos móveis 4G fosse similar à trajetória cumprida
pela tecnologia 3G, desde seu licenciamento.

Com base nestas hipóteses, traçou-se um perfil de acesso móvel similar ao


encontrado no histórico do 3G, salvo pela maior concentração em grandes centros
urbanos (municípios pretos e cinza escuros).

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 126


Tabela 17 – Distribuição das tecnologias de acesso à banda larga móvel por área

jan/11 2014 2020


Participação de Tecnologias no Total de Acessos Móveis (%)

Área 3G 4G 3G 4G 3G 4G
Preto 100,0 91,8 8,2 80,0 20,0
Cinza Escuro 100,0 100,0 91,6 8,4
Cinza 100,0 100,0 100,0
Cinza Claro 100,0 100,0 100,0
Branco 100,0 100,0 100,0

Brasil 100,0 - 96,6 3,4 87,5 12,5

Elaboração: LCA.

Cabe lembrar que, as premissas aqui definidas não consideram um leque de ações
direcionadas à desoneração e expansão do serviço (por exemplo, através de um
modelo de leilão de espectro de radiofrequência não visasse a maximização de
receitas), de modo a tornar tecnologias como 4G disponíveis e acessíveis a uma
parcela mais ampla dos municípios e da população. Ou seja, por ser um cenário “sem
alavancas”, assume-se que os próximos anos serão similares aos já observados em
termos jurídico-regulatórios.

B. Cenário Referenciado
De forma diversa ao Cenário sem Alavancas, o Cenário Referenciado tem como
proposta estimar os investimentos no serviço considerando-se que o Brasil passe a ter
um perfil de consumo distinto do observado nos últimos anos, bem próximo ao que
hoje se observa em referências internacionais. Para tanto, subtende-se que a
realização do Cenário Referenciado implica uma série de ações direcionadas tanto à
convergência internacional (em termos de qualidade e alto desempenho) quanto
extensão do serviço e perfis de consumo a áreas até agora carentes, tanto em
infraestrutura quanto demanda potencial.

Em termos de premissas, a diferença essencial deste cenário para o cenário anterior


reside nas hipóteses de penetração (mais agressivas e com convergência entre
áreas), velocidade média para banda larga fixa (com instituição de velocidades
mínimas distintas para cada área) e tecnologia móvel (maior participação do 4G no
total de acessos móveis).

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 127


Para compor o quadro de premissas de penetração deste cenário, foram empregados
indicadores de penetração do serviço para países selecionados (UIT), sob a hipótese
de que o número de acessos fixos e móveis por habitante no Brasil (especialmente
nas regiões pretas e cinza escuras) se aproximará patamares atualmente
apresentados por países desenvolvidos. A maior saturação destes mercados na
próxima década, aliada à massificação do acesso no Brasil, colaboraria tanto para o
combate das disparidades regionais (internas) quanto para redução da distância que
separa o padrão de consumo e acesso brasileiros ao de países da Ásia e OCDE.

Os países abaixo foram selecionados como referência para balizar as premissas de


penetração por área até 2020 (utilizando dados da UIT para 2008/2009):

Tabela 18 – Penetração 2020 no cenário referenciado

Penetração 2020 Benchmark 


Área (BL Fixa + Móvel) internacional
Preto 97,6 Singapura
Cinza Escuro 67,1 Nova Zelândia
Cinza 51,2 EUA
Cinza Claro 38,6 Bélgica
Branco 30,4 República Checa
Brasil 74,3 Itália

Elaboração: LCA.

Com base na relação do perfil de acesso fixo e móvel nestes países, foi possível
separar esta penetração total entre a parcela fixa e móvel:

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 128


Tabela 19 – Penetração (acessos/ 100 hab) em 2020 no cenário referenciado, por
áreas e tipo de acesso

Penetração (acessos BL Fixa/100 hab) Penetração (acessos BL Móvel/100 hab)
Área jan/11 2014 2020 Área jan/11 2014 2020
Preto 12,9 23,4 27,4 Preto 19,9 38,0 70,2
Cinza Escuro 6,5 12,7 23,5 Cinza Escuro 12,3 22,6 43,6
Cinza 1,3 6,0 14,4 Cinza 4,7 14,9 36,9
Cinza Claro 0,4 4,3 12,6 Cinza Claro 2,2 13,0 26,0
Branco 0,3 2,9 8,4 Branco 0,3 10,0 22,0

Elaboração: LCA.

No tocante às hipóteses de velocidade para banda larga fixa, foram estipuladas


premissas de velocidade mínima por área, à luz dos conteúdos programáticos dos
planos nacionais de banda larga atualmente em curso nos Estados Unidos, União
Europeia e Ásia.

Tabela 20 – Velocidade mínima para banda larga fixa considerada, por área

Velocidade mínima para Banda Larga Fixa
Área 2010 2014 2020
Preto N/D 2 Mbps (Itália 2012) 10 Mbps
Cinza Escuro N/D 2 Mbps (Itália 2012) 10 Mbps
Cinza N/D 1 Mbps (Espanha 2011) 4 Mbps (EUA 2020)
Cinza Claro N/D 512 Kbps (França 2012) 1 Mbps (Espanha 2011)
Branco N/D 512 Kbps (França 2012) 1 Mbps (Espanha 2011)

Elaboração: LCA.

Como resultado, apresenta-se a seguinte distribuição de velocidades para o Cenário


Referenciado:

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 129


Tabela 21 – Distribuição das velocidade de banda larga fixa considerada, por
áreas

jan/11 2020
Share de Velocidade BL Fixa (%) Share de Velocidade BL Fixa (%)

Área 0 – 512Kbps 512‐2Mbps 2‐12Mbps  12‐34Mbps 34‐100Mbps > 100Mbps 0 – 512Kbps 512‐2Mbps 2‐12Mbps  12‐34Mbps 34‐100Mbps > 100Mbps

Preto 17,3 47,1 18,0 17,6 0,1 0,0 0,0 0,0 0,0 83,3 11,9 4,8
Cinza Escuro 25,5 55,8 10,6 7,8 0,3 0,0 0,0 0,0 0,0 91,6 5,0 3,3
Cinza 46,8 48,8 2,8 0,1 0,2 0,0 0,0 0,0 78,6 19,0 1,5 0,9
Cinza Claro 76,4 22,0 1,6 0,0 0,0 0,0 0,0 68,8 18,5 11,5 1,1 0,0
Branco 39,7 57,0 3,3 0,0 0,0 0,0 0,0 90,2 5,7 4,1 0,0 0,0
Brasil 22,2 50,7 14,2 12,7 0,2 - - 2,7 9,0 77,0 7,7 3,6

Elaboração: LCA.

Note-se que, em relação ao que foi pressuposto no Cenário sem Alavancas, destina-
se aqui uma taxa de migração mais rápida para velocidades maiores em áreas preta e
cinza escura. Esta aceleração foi prevista também para as demais áreas, mas de
forma menos intensa, dado que a convergência em termos de penetração exigirá a
entrada de um volume considerável de consumidores em velocidades “de entrada”.

Por fim, as premissas de lançamento de 4G foram revistas, tendo em vista a existência


de um leque de ações que pode impulsionar e antecipar a expansão de suas redes e
popularizar o consumo, ao lado de 3G.

Tabela 22 – Distribuição das tecnologias de acesso à banda larga móvel


considerada, por área

jan/11 2014 2020


Share Tecnologia BL Móvel (%)
Área 3G 4G 3G 4G 3G 4G
Preto 100,0 88,0 12,0 75,0 25,0
Cinza Escuro 100,0 96,3 3,7 85,0 15,0
Cinza 100,0 100,0 96,0 4,0
Cinza Claro 100,0 100,0 100,0
Branco 100,0 100,0 100,0
Brasil 22,6 - 93,0 7,0 81,5 18,5

Elaboração: LCA.

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 130


4.6 Resultados: expansão de acesso e investimentos
correspondentes
Com base nas premissas anteriormente definidas, apresentam-se a seguir os
resultados dos cenários de investimento, condicionados a premissas para a expansão
do acesso ao serviço de banda larga.

4.6.1 Penetração (acessos / 100 hab) e Total de Acessos em


Banda Larga
No Cenário sem Alavancas é esperado um aumento da penetração de 152,4% entre
2011 e 2020 (de 18,5 para 46,7 acessos fixos e móveis para cada 100 habitantes),
atendimento associado a um mercado 175% maior (de 35,2 para 96,8 milhões de
acessos fixos e móveis). O Cenário Referenciado, mais agressivo nas premissas,
abarca um crescimento da ordem de 301,6% da penetração (de 18,5 para 74,3
acessos fixos e móveis por 100 habitantes), o equivalente a um mercado de banda
larga total de 154 milhões de acessos fixos e móveis, número 59,1% maior em
relação ao Cenário sem Alavancas. A diferença entre os dois cenários é melhor
explorada no gráfico abaixo:

Gráfico 45 – Índice de penetração e número total de acessos à banda larga

Penetração de Banda Larga  Número de Acessos                                
Acessos Fixos + Móveis/100 habitantes (por área) Banda Larga Fixa e Móvel (milhões)

Jan/2011 18,5 Jan/2011 35,2

Cenário
Cenário 29,7 46,7 ↑152,4% Sem Alavancas
59,3 96,8 ↑175,0%
Sem Alavancas (2014) (2020) (2014) (2020)

Cenário Cenário
39,1 74,3 ↑301,6% 78,0 154,0 ↑337,5%
Referenciado (2014) (2020) Referenciado (2014) (2020)

Elaboração: LCA.

Este crescimento pode ser decomposto pelos seus componentes “inerciais”, tal como
representado no gráfico abaixo. Nota-se que o papel da tendência temporal é o mais
determinante para o crescimento do mercado, explicando mais 44,5 milhões do total
de acessos adicionais entre janeiro de 2011 e 2020.

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 131


Gráfico 46 – Decomposição do Cenário Sem Alavancas em número de acessos
de banda larga fixa e móvel (em milhões)

Interação dos
Demográfico
Crescimento
Jan/11

tecnologia)
Tendência 
Temporal 
(hábitos,
35,2

efeitos
preço,
+16,9

Evolução do IDH
+4,6 +1,6 +0,9

Interação dos
Demográfico
Crescimento
tecnologia)
Tendência 
Temporal 
2014

(hábitos,

efeitos
59,2

preço,
↑24,0 milhões

+27,6 +4,8 +1,4 +3,8


2020

↑61,6 milhões (vs 2010) ↑37,5 milhões (vs 2014) 96,8

Elaboração: LCA.

A diferença entre os cenários pode ser visualizada no gráfico abaixo, em que os


patamares evolutivos de penetração são comparados com o padrão de atendimento
de uma amostra de países.

Gráfico 47 – Evolução da penetração nos diferentes cenários

120
Acessos Fixos + Móveis/100 habitantes
100
74.3 

Referenciado Inercial
80
46.7 

60

40
21.5 

20

0
Venezuela
Alemanha

Argentina
Noruega
Brasil (2020) - Referenciado

Rússia

India
Argélia
Holanda

França
Estados Unidos

República Checa

Turquia

China
Reino Unido

Portugal
Espanha

África do Sul
México
Dinamarca
Suécia

Grécia

Bélgica
Canadá

Malásia
Cingapura

Polônia

Colômbia
Japão

Austrália

Brasil (2020) - Inercial

Hungria

Chile
Itália
Coréia do Sul

Tailândia
Brasil (2011)

Fonte: UIT (países selecionados) e ANATEL. Elaboração: LCA.

O gráfico abaixo permite comparar a evolução esperada das áreas pretas e brancas.
Nota-se que o desenvolvimento das áreas mais remotas tende a ser, relativamente,

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 132


mais intenso – a penetração passaria de 0,6 para 22,6 acessos por 100 habitantes,
enquanto para a área preta essa evolução seria de 32,8 para 97,6.

Gráfico 48 – Evolução da penetração no cenário referenciado, área preta, branca


e Brasil
120

Acessos Fixos + 
97,6 

Cenário Referenciado (Área Preta)
100
Móveis/100 
74,3 

80 Cenário Referenciado (Brasil) habitantes
60
Cenário Referenciado (Área Branca)

32,8 
40

22,6 
18,5 
20

0,6 
0
Portugal
Área Preta (2020)

Dinamarca

Área Preta (2011)

Área Branca (2020)

Área Branca (2011)


Marrocos
Hungria

Argentina
Cingapura

França

Ucrânia
Polônia
Israel
Austrália

Grécia

Canadá

Argélia
Coréia do Sul

Suécia

Noruega
Nova Zelândia

Alemanha

Filipinas
México
Brasil (2020)

Finlândia

Brasil (2011)

Chile

Turquia

China

Peru

Tailândia
Itália

Suíça

Holanda

Bélgica

Venezuela
Áustria

Espanha
Japão

República Checa

Rússia

Indonésia

India
Nigéria
Egito

Colômbia
África do Sul
Estados Unidos

Malásia
Reino Unido

Fonte: UIT (países selecionados) e ANATEL. Elaboração: LCA.

Os gráficos abaixo apresentam um comparativo detalhado entre as evoluções da


penetração e número de acessos, separados entre fixo e móvel. Em ambos cenários,
o crescimento da penetração é incremental para todas as áreas, mas em uma
proporção maior nas áreas cinza e branca. Comparativamente, o cenário referenciado
para 2020 prevê uma penetração de 22,7 acessos fixos por 100 habitantes, contra
12,7 no cenário sem alavancas. A mesma superioridade está prevista no caso da
penetração móvel, que atinge 51,6 acessos por 100 habitantes, contra 34,0 do caso
sem alavancas.

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 133


Gráfico 49 – Evolução da penetração fixa e móvel nos cenários (total e por área)
20 45

18,0

41,0
Penetração BL Fixa Penetração BL Móvel
18 40
acessos / 100 hab acessos / 100 hab

34,02
Cenário sem Alavancas

15,0

33,1
16
35

12,71
12,9

28,1
14

11,5
30

24,6
12

22,7

20,59
25

9,12

20,5

20,5
19,9
8,6
10
20

6,64
8
6,5

6,1

13,0

11,83
12,3
5,3

5,1
15

10,4
6

8,6
3,5

4 10

2,5

2,4

4,7
1,3

2,2
2 5
0,4

0,3

0,3
0 0
Preto Cinza Escuro Cinza Cinza Claro Branco Brasil Preto Cinza Escuro Cinza Cinza Claro Branco Brasil
30 80
27,4

70,2
Penetração BL Fixa Penetração BL Móvel
acessos / 100 hab
23,5

22,73
23,4

acessos / 100 hab 70


Cenário Referenciado

25

51,61
60

20

43,6
50
14,04
14,4

38,0

36,9
12,9

12,7

12,6

15 40

25,06
26,0
30

22,6

22,0
8,4

10
19,9
6,64
6,5

6,0

14,9

11,83
13,0
20 12,3
4,3

10,0
2,9

4,7
1,3

10

2,2
0,4

0,3

0,3
0 0
Preto Cinza Escuro Cinza Cinza Claro Branco Brasil Preto Cinza Escuro Cinza Cinza Claro Branco Brasil

Elaboração: LCA.

Em termos de tamanho de mercado, os acessos fixos totalizam, no cenário sem


alavancas, um total de 26,3 milhões de acessos em 2020, contra 47,1 milhões no
caso referenciado (um mercado 79% maior). Para o caso de banda larga móvel, o
Brasil de 2020 contaria com 70,5 milhões de acessos no caso sem alavancas, contra
106,9 milhões de acessos no cenário referenciado.

Gráfico 50 – Comparativo de número de acessos em banda larga fixa e móvel

60 140
Mercado BL Fixa Mercado BL Móvel
Comparação entre Cenários - Brasil

106,9
Referenciado

47,1

(milhões de acessos) 120 (milhões de acessos)


50

100
40
70,5
28,0

80
26,3

30
50,0
Sem Alavancas

60
18,2

41,1
12,7
12,7

20
22,57
22,6

40

10 20

0 0
2011 2014 2020 2011 2014 2020

Elaboração: LCA.

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 134


4.6.2 Velocidade (Banda Larga Fixa)
Com as hipóteses de velocidades mínimas do Cenário Referenciado, vis-à-vis a
migração “natural” de velocidade prevista no Cenário sem Alavancas, obtém-se uma
migração muito maior dos acessos fixos para velocidades superiores a 12 Mbps no
total de acessos (88,3%). Em outras palavras, na ausência de alavancas
direcionadas à modernização e instalação de redes de nova geração – consideradas
apenas nas premissas do cenário referenciado, ter-se-ia a manutenção de um número
significativo de acessos a velocidades até 2 Mbps.

Gráfico 51 – Distribuição dos acessos de banda larga fixa, por velocidade, nos
diferentes cenários
100
Share Velocidade BL Fixa (%)  100
Share Velocidade BL Fixa (%) 
90
Cenário sem Alavancas - Brasil Cenário Referenciado - Brasil
90
80

76,9
2010 2010

72,4
80
70 2014 2014
2020 70 2020
60
50,7

60 50,7
50
38,5

50
32,4

40
40
27,7
22,7
22,2

30
22,2
19,9

30
16,6

15,5
14,2

15,4
14,2
12,7

12,7
20
11,0

20
8,4

9,1
8,7

7,7
3,8

10

3,6
10
2,7

2,7

2,7
0,8

0,8
0,2

0,2
0,0

0,0
0,0

0,0
0 0
0 – 512Kbps 512-2Mbps 2-12Mbps 12-34Mbps 34-100Mbps > 100Mbps 0 – 512Kbps 512-2Mbps 2-12Mbps 12-34Mbps 34-100Mbps > 100Mbps

Elaboração: LCA.

4.6.3 Tecnologia (Banda Larga Móvel)


As premissas de superioridade tecnológica são compartilhadas também para a
distribuição dos acessos móveis. No caso específico de 3G, o cenário referenciado
atinge um nível de penetração 42,9% maior que no cenário sem alavancas (43,3
acessos por 100 habitantes), atendimento associado a um mercado de 89,8 milhões
de acessos móveis em 2020. Para 4G, a evolução é ainda mais pronunciada no
Cenário Referenciado (124,3%), equivalente a um mercado de 17,1 milhões de
acessos em 2020.

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 135


Gráfico 52 – Evolução da penetração e número de acessos de banda larga
móvel, por cenários e tecnologias

8,3
50 9

43,3
Penetração 3G Penetração 4G
Comparação entre Cenários - Brasil

Referenciado

45 8
(acessos/100 habitantes) (acessos/100 habitantes)
40
7

30,3
35
6

23,7
30
5

20,1

3,7
25
4
Sem Alavancas

20
11,8
11,8

3
15

1,3
2
10

0,5
5 1

-
0 0
2011 2014 2020 2011 2014 2020

100
Mercado 3G 89,8 25
Mercado 4G
Comparação entre Cenários - Brasil

Referenciado

90
(milhões de acessos) (milhões de acessos)

17,1
80 20
62,8

70

60
47,4

15
40,0

50

7,71
Sem Alavancas

40 10
22,6
22,6

30

2,6
20 5

10 1,03
-
-

0 0
2011 2014 2020 2011 2014 2020

Elaboração: LCA.

4.6.4 Investimento Incremental (CAPEX para novos acessos)


Em termos de necessidade de investimento (CAPEX), as premissas mais agressivas
do Cenário Referenciado resultam em uma mobilização de recursos
substancialmente maior (140,2%) ao que seria exigido para acomodar os acessos
adicionais no caso do Cenário sem Alavancas em 2020. Cale ressaltar que o
Cenário sem Alavancas considera o custo com as outorgas dos serviços, que,
historicamente, representou cerca de 20% do investimento total (como destacado na
figura abaixo).

Para o serviço de banda larga fixa, o total de investimentos no cenário referenciado


atinge 100,9 bilhões de reais, um esforço cerca de quatro vezes maior do que o
previsto para o cenário sem alavancas (22,9 bilhões). No caso de banda larga Móvel,
o investimento acumulado em 2020 atinge 43,7 bilhões de reais no cenário
referenciado, contra 24,3 bilhões necessários para uma penetração mais
conservadora em termos de tecnologias 3G e 4G.

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 136


Gráfico 53 – Investimento (CAPEX – R$ bilhões)

TOTAL
(bilhões R$)
BL Fixa 7,9 22,9
Cenário
(2014) (2020)
+20%
Sem Alavancas (outorgas) 60,2
BL Móvel 9,6 24,3
(2014) (2020)

BL Fixa 27,6 100,9


(2014)
Cenário (2020)

Referenciado
144,6
BL Móvel 14,8 43,7 +140,2%
(2014) (2020)

Elaboração: LCA.

Os resultados dos cenários podem ser analisados em detalhe e comparados na tabela


resumo abaixo. Em particular, é interessante ressaltar o custo médio do investimento
(por acesso e por habitante) nas áreas pretas e branca, superior ao verificado para as
áreas intermediárias. Isto se explica tanto, para o caso dos municípios pretos, pelas
premissas agressivas de penetração (elevada densidade de acessos) e de alto
desempenho tecnológico (alta velocidade e difusão de acessos 4G). Já para os
municípios brancos, a indisponibilidade prévia de infraestrutura (áreas remotas) e a
baixa taxa de urbanização (densidade demográfica) características destas regiões
encarecem a instalação dos novos acessos.

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 137


Tabela 23 – Sumário dos resultados dos Cenários 2014 e 2020.
Cenário sem Alavancas
Municípios  Penetração Banda
(indicador de
População Acessos Banda Larga 
Larga Fixa + Móvel 
Investimentos  Investimento Médio 
demanda)
(milhões) Fixa + Móvel (milhões) (bilhões R$) * ( R$ ) *
( acessos/100 habitantes)
Investimento Médio  Investimento Médio 
Área jan/11 2014 2020 jan/11 2014 2020 jan/11 2014 2020 jan/11 2014 2020 2014 2020 Total por Acesso Adicional por Habitante (2020)

Preto 141 226 392 52,6 60,8 80,8 17,3 26,3 47,6 32,8 43,2 59,0 8,23 21,92 30,16 981 373
Cinza Escuro 2094 2368 2501 81,7 85,8 77,4 15,3 25,0 34,5 18,8 29,1 44,6 7,23 10,59 17,83 916 230
Cinza 1922 1817 1791 34,3 34,3 34,3 2,1 5,6 10,5 6,1 16,4 30,7 2,57 3,73 6,30 745 184
Cinza Claro 1368 1145 885 21,3 18,1 14,3 0,5 2,3 4,0 2,5 12,9 28,0 2,94 2,74 5,68 1.633 397
Branco 67 36 23 0,8 0,5 0,3 0,0 0,1 0,09 0,6 10,9 25,6 0,11 0,06 0,17 2.079 503
Brasil 5592 5592 5592 190,7 199,5 207,1 35,2 59,3 96,8 18,5 29,7 46,7 21,08 39,05 60,1 966 290
* Inclui 20% de outorgas.

Cenário Referenciado
Municípios  Penetração Banda
(indicador de
População Acessos Banda Larga 
Larga Fixa + Móvel 
Investimentos  Investimento Médio 
demanda)
(milhões) Fixa + Móvel (milhões) (bilhões R$) ( R$ )
(acessos/100 habitantes)
Investimento Médio  Investimento Médio 
Área jan/11 2014 2020 jan/11 2014 2020 jan/11 2014 2020 jan/11 2014 2020 2014 2020 Total por Acesso Adicional por Habitante (2020)

Preto 141 226 392 52,6 60,8 80,8 17,3 37,3 78,9 32,8 61,4 97,6 19,18 49,43 68,61 1.013 849
Cinza Escuro 2094 2368 2501 81,7 85,8 77,4 15,3 30,3 51,9 18,8 35,3 67,1 14,61 37,02 51,64 1.215 667
Cinza 1922 1817 1791 34,3 34,3 34,3 2,1 7,2 17,6 6,1 20,9 51,2 3,92 10,04 13,96 872 407
Cinza Claro 1368 1145 885 21,3 18,1 14,3 0,5 3,1 5,5 2,5 17,3 38,6 4,58 5,63 10,20 2.025 713
Branco 67 36 23 0,8 0,5 0,3 0,0 0,1 0,103 0,6 12,9 30,4 0,12 0,12 0,23 2.369 693
Brasil 5592 5592 5592 190,7 199,5 207,1 35,2 78,0 154,0 18,5 39,1 74,3 42,41 102,23 144,6 1.101 698

Elaboração: LCA.

LCA CONSULTORES – CONFIDENCIAL 138


A próxima seção apresenta um plano de ação que possibilita o desenvolvimento mais
rápido e eficiente do setor. A sua implementação provê as condições necessárias de
viabilidade e sustentabilidade econômica para o “Cenário Referenciado”.

5. Plano de Ação: incentivos ao setor de


Telecomunicações no Brasil

5.1 Direcionamentos para ações e políticas públicas


Serviços de telecomunicação são parte relevante da infraestrutura nacional
e sua expansão, com inclusão social, envolve ações que não se esgotam no
próprio setor

O cenário favorável das condições macroeconômicas brasileiras, atrelado a políticas


sociais, foram capazes de expandir renda e mercado, de forma mais homogênea entre as
classes e regiões do Brasil. Disparidades, porém, seguem significativas e geram reflexos
no consumo dos serviços de telecomunicações.

Investimentos em telecomunicações afetam e reagem às condições gerais da


infraestrutura nacional. Segundo o The Global Competitiveness Report102 (GCR) a
qualidade da infraestrutura brasileira ocupa 84ª posição na classificação, que conta com
outros 138 países.

Atrair investimentos para o setor, com condições para rentabilização ao longo do tempo,
deve compor prioridades para o desenvolvimento nacional.

A seguir, são apresentadas proposições baseadas no diagnóstico apresentado e


princípios destacados como diretrizes para o setor de telecomunicações no Brasil. É
possível elencar ações que ultrapassam o setor de Telecomunicações, reunindo esforços

102 O relatório “The Global Competitiveness Report 2010/2011” (GCR), elaborado pelo World Economic
Forum (WEF), em pesquisa que classifica, de modo semelhante ao Doing Business, diversas economias do
mundo em termos de suas competitividades, coloca o Brasil nas últimas posições de seu ranking Para esta
avaliação, o WEF faz uma pesquisa entre 139 países analisando 111 variáveis, para as quais são atribuidas
notas de 1 a 7.

CONFIDENCIAL - p. 139
em diversas esferas, públicas e privadas, dada a complexidade do arranjo produtivo do
setor e a pluralidade de aspectos envolvidos (econômicos, regulatórios, jurídicos, fiscais)
e de agentes (Federais, Estaduais, Municipais e privados). As ações são apresentadas
em dois grupos: (a) incentivo à demanda: ações que permitam reduzir os custos de
produção atreladas a políticas de ampliação do mercado consumidor permitem expandir
a demanda pelos serviços de telecomunicações; (b) expansão de infraestrutura: ações
para incentivar e viabilizar investimentos que possibilitem instalar e/ou expandir
infraestrutura para serviços de telecomunicações. Aspectos jurídico-regulatórios
permeiam os dois grupos, envolvendo ações que buscam melhorar o ambiente de
negócios ao oferecer maior segurança jurídica e celeridade para os investimentos, além
de disponibilizar recursos de forma a incentivar a demanda

5.2 Proposições
As políticas públicas devem ser feitas para estimular o investimento, criando-se uma
estrutura de incentivos comum às ações públicas e privadas, promovendo um ambiente
de negócios propício à ampliação de recursos destinados ao setor.

As ações e investimentos devem ser direcionados de forma a suprir carências específicas


de cada região, para que haja otimização de esforços e recursos. O mapa de Gaps
oferece um guia para esse direcionamento.

Figura 18 – Mapa de Gaps como direcionador de ações

Políticas públicas de 
estímulo à demanda 
e infraestrutura

Solução de mercado

Elaboração: LCA.

A seguir apresentam-se as sugestões de ações, divididas por incentivos à demanda e


estímulos à expansão da infraestrutura, mapeadas segundo as áreas em que mais se
aplicam, seguidas de breve explicação sobre o que ser pretende com cada uma das
ações.

CONFIDENCIAL - p. 140
Nesta etapa do trabalho, o alvo principal é o serviço de banda larga. Porém, estimulando
esse serviço com o princípio da neutralidade tecnológica, outros serviços de
telecomunicações acabam por ser beneficiados, tanto pelo lado da demanda quanto pelo
estímulo à expansão de infraestrutura.

5.2.1 Incentivos à Demanda


Incentivos à Demanda: ações direcionadas à redução de custo do serviço e ampliação
do mercado consumidor

Figura 19 – Incentivos à Demanda

Acessos coletivos
Expansão de Telecentros e apoio
a lanhouses (com subsídio)

Subsídio direto para público elegível


(cadastro único) – Utilização de Fundos
Setoriais

Financiamento de terminais de acesso e “terminais 


conectados”

Demanda Pública  e Soluções Completas com TICs (serviços básicos e cidadania)


Desoneração tributária  dos Serviços (ICMS, IPI, PIS/ Cofins)

Alta Renda Baixa Renda

Elaboração: LCA.

CONFIDENCIAL - p. 141
ƒ Acessos Coletivos
A construção de telecentros é uma forma de facilitar o uso de internet banda larga,
principalmente por parte da população de mais baixa renda que não encontram
condições para aquisição de um terminal de acesso e mensalidade do serviço, mesmo
que haja subsídio. Daí a proposição de acessos coletivos ter como alvo regiões mais
claras na figura de GAPs.

A construção de Telecentros e o incentivo a lanhouse possibilita a inclusão digital de


vários usuários, otimizando a alocação de recursos, como ilustra a figura abaixo.

Figura 20 – Telecentros e acessos individuais

área de penetração por Investimento/ características e


atendimento ponto de acesso custo per capita eficiência do acesso

• acesso privado/individual
acesso residencial / individual • atendimento domiciliar
• exige elevada capilarização
• exige alto poder de compra
• exige equipamento próprio
• exige qualif icação usuário

acesso coletivo/ • Investimento privado


lan houses • acesso coletivo
• atendimento local
plataformas • exige média capilarização
tecnológicas • cobrança por acesso
• exige qualificação usuário
serviços

• investimento público
• acesso coletivo / subsidiado
• atendimento bairro/municipal
• exige baixa capilarização
• programas de inclusão digital
acesso coletivo/ • programas de qualif icação
centros públicos • acesso para baixa renda

Elaboração: LCA

Dados do Observatório Nacional de Inclusão Digital mostram que há atualmente no Brasil


cerca de 8 mil telecentros, espalhados em quase 2,9 mil municípios103.

O mapa abaixo ilustra a distribuição dos telecentros para cada mil habitantes das classes
D/E. As áreas brancas, concentradas na região Norte, Maranhão e Piauí, indicam os
municípios nos quais não há telecentros. Quanto mais escura a área do mapa, maior a
quantidade de telecentro por habitante das classes D/E.

103 Dados extraídos de http://www.onid.org.br/mapa/#. (Último acesso em 22/03/2011).

CONFIDENCIAL - p. 142
Figura 21 – Distribuição de telecentros para cada mil habitantes das classes D/E

Fonte: Censo 2000, Censo 2010 – IBGE, Observatório Nacional de Inclusão Digital. Elaboração: LCA.

Como forma de estimar os gastos envolvidos na expansão da oferta de telecentros, foram


criados três cenários.

No primeiro cenário, considerou-se como objetivo do Governo possibilitar que todos os


usuários de serviços públicos pagos pertencentes às classes E/D pudessem passar a
utilizar telecentros.

No segundo cenário, considerou-se que a proporção de pessoas das classes D/E que
utilizam internet passasse a ser igual à da classe C do seu próprio estado, tendo a
diferença compensada pelo uso de telecentros.

CONFIDENCIAL - p. 143
Para o último cenário considera-se que a proporção de usuários de internet das classes
D/E e C, igualem-se ao nível das classes A/B do mesmo estado, tendo a diferença
compensada pelo uso de telecentros104.

A tabela abaixo apresenta o número de telecentros necessários e seu correspondente


custo de instalação em cada um dos três cenários105.

Tabela 24 – Cenários para a quantidade de telecentros e investimento


(a)(b)(c)
necessário
1 vez po mês 2 vezes por mês 4 vezes por mês
Quatidade 9.536 19.072 38.144
Cenário 1
Valor (R$ milhões de 2010) 228 457 914
Quatidade 11.641 23.283 46.565
Cenário 2
Valor (R$ milhões de 2010) 279 558 1.115
Quatidade 58.896 117.792 235.584
Cenário 3
Valor (R$ milhões de 2010) 1.411 2.822 5.643

Fonte: “TIC lan house 2010”; PNAD 2008, FGV; PNBL. Elaboração: LCA.
(a) Foram feitas três hipóteses sobre a frequência de uso de cada usuários nos telecentros: uma,
duas ou quarto vezes por mês.
(b) Foi considerado como hipótese que 200 pessoas por semana, em média, frequentam os
telecentros, com base na pesquisa “TIC lan house 2010”.
(c) O custo de instalação considerado para os cálculos foi de, aproximadamente, R$24 mil. Para
estimar esse valor utilizou-se a informação dada no PNBL (R$20 mil), que foi atualizado para
2010 pelo IGP-M.

ƒ Subsídio Direto para público elegível e financiamento a


“terminal conectado”
Da figura do mapa de ações, nota-se que regiões mais claras necessitam de políticas de
incentivo para viabilizar o consumo tanto para o serviço quanto para o terminal de acesso
(seja fixo ou móvel). Já para regiões menos carentes (cinzas), o subsídio ao terminal de
acesso (fixo ou móvel) pode ser suficiente par viabilizar o uso de banda larga, visto que o
consumidor possui maior poder aquisitivo, capaz de arcar com a mensalidade do serviço

104 Os cenários utilizados utilizam como referência a PNAD/2008, na qual há informações a respeito do local
de acesso à internet.

105 Para os cálculos foram utilizadas informações extraídas da pesquisa “TIC lan house 2010” realizada pelo
Comitê Gestor da Internet no Brasil (estimativa de usuários semanais), do Plano Nacional de Banda Larga
(custo do “Kit Telecentro”).

CONFIDENCIAL - p. 144
contando com demais políticas “horizontais” (desoneração, sobretudo, como será tratado
mais adiante106).

Para otimizar o alcance desses incentivos, de forma a direcionar recursos ao público


alvo, sugere-se a escolha de um critério de elegibilidade que seja homogêneo para todas
as áreas da figura, como o Cadastro Único107 e, eventualmente, informações sobre
famílias beneficiárias de outros programas como ProUni e Minha Casa Minha Vida..

Com base nas informações da PNAD 2009108 é possível estimar o número potencial de
beneficiários bem como o impacto fiscal anual para o governo de subsidiar o serviço de
banda larga aos consumidores potencialmente elegíveis como beneficiários109. A tabela
abaixo mostra estas estimativas.

Tabela 25 – Estimativa de número de famílias beneficiadas e gasto anual do


governo

Benefício por Família


R$ 10,00 R$ 15,00
Famílias 2,4 milhões 2,4 milhões
Cenário 1
Valor R$ 285 milhões R$ 428 milhões
Famílias 4,1 milhões 4,1 milhões
Cenário 2
Valor R$ 490 milhões R$ 736 milhões

Fonte: PNAD 2009/IBGE. Elaboração: LCA.

No cenário 1 considerou-se que todos os atuais domicílios elegíveis que possuem acesso
à internet utilizem o subsídio para a aquisição do serviço de banda larga. No segundo
cenário adicionam-se ao primeiro os domicílios elegíveis que possuíam computador que
não tinha acesso à internet110.

106 Atualmente o principal programa de incentivo à demanda de acesso domiciliar é o programa Banda
Larga Popular. O Estado de São Paulo, em decreto de 2009, isentou de ICMS a prestação de serviços de
banda larga entre 200Kbps e 1MKbps para empresas que aderirem ao programa. Como contrapartida elas
devem oferecer este serviço ao preço máximo de R$29,80.

107 É um banco de dados, criado em 2001, mantido pelo Ministério de Desenvolvimento Social (MDS) que
tem como objetivo cadastrar e atualizar informações das famílias com renda per capita de até ½ salário
mínimo ou renda familiar de até 3 salários mínimos.

108 Esta é a pesquisa mais recente que permite cruzar informações sobre domicílios com e sem acesso a
internet e sua renda de forma precisa.

109 Foram considerados elegíveis os domicílios cuja renda per capita era de até R$240 ou cuja renda
domiciliar total era de até R$1.620, em valores de dezembro de 2010 ajustados pelo IPCA.

110 Caso haja restrições de recursos é possível ao governo limitar o valor destinado ao programa.

CONFIDENCIAL - p. 145
Dessa forma fica clara a necessidade de incentivar não só a aquisição de terminais de
acesso mas também o serviço para viabilizar de fato o uso de banda larga (“terminal
conectado”).

Variedade no acesso a terminais de dados


Os terminais de acesso à internet pela tecnologia 3G tem evoluído consideravelmente nos últimos
anos, contribuindo com o processo de inclusão digital. Entre esses terminais estão: tablets,
smartphones e os modems 3G.
Tablets
É conhecido como tablet o dispositivo pessoal portátil na forma de prancheta, que pode ser usado
para acesso à Internet, organização pessoal, visualização de fotos, vídeos, leitura de livros,
jornais, entre outras formas de entreterimento.
Os principais produtores mundiais deste tipo de dispositivo são Sansung e Apple (iPad). No Brasil,
em 2010, foram vendidos aproximadamente 100 mil tablets, segundo a consultoria IDC Brasil. Há,
no entanto, expectativa que esse número seja bem maior em 2011, principalmente após a
aprovação da emenda à Medida Provisória 517, que prevê o enquadramento dos tablets na Lei do
Bem, que beneficia alguns aparelhos de tecnologia da informação isentando-os de PIS e Cofins,
que equivalem a 9,25% do preço sobre o produto. Esse benefício, todavia, só será dado àqueles
aparelhos produzidos pela indústria nacional.
O Ministério das Comunicações aponta que o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e o
Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) também possa cair nos próximos
meses para esses produtos, o que diminuirá ainda mais o preço de acesso a esses dispositivos.
Smartphones
A Consultoria IDC, em sua publicação “IDC Latin America Predictions 2011” apontou que o
mercado mundial de smartphones deve alcançar 450 milhões de unidades vendidas em 2011, o
que representa um crescimento de 49,2% sobre os 303,4 milhões de aparelhos vendidos em
2010, apresentando uma proporção de vendas quatro vezes mais rápido do que as de celulares
tradicionais.
Celulares do tipo smartphones possibilitam o acesso à internet banda larga, contribuindo, também
com a inclusão digital.
Modem 3G
O Modem 3G é um serviço oferecido pelas operadoras de telefonia móvel e que já apresentam
grande representatividade dentro do rol de serviços disponibilizado por essas empresas. Ele
possibilita o acesso tanto a terminais fixos quanto os terminais móveis, como os notebooks e
netbooks.

CONFIDENCIAL - p. 146
ƒ Demanda Pública e Soluções Completas com TICs
Para além da inclusão social da população atualmente alijada de condições mínimas,
cabe destacar a responsabilidade constitucional do Estado brasileiro no tocante à
expansão e melhoria do atendimento de seus serviços à população, notadamente
aqueles vinculados a demandas sociais básicas: cidadania (registros públicos de
pessoas, terras e imóveis), educação básica, capacitação e qualificação, cultura,
saúde pública, previdência, segurança e justiça. Com vistas à integração.

Uma das alternativas possíveis para ampliar e integrar estes serviços envolveria a
compra pública/contratação, por parte do Estado em todas as esferas (Federal,
Estadual e Municipal) e poderes (Legislativo, Executivo, Judiciário e Ministério
Público), de equipamentos, infraestrutura e acesso necessários à plena integração
nacional dos serviços supracitados, de sorte a oferecer atendimento amplo e
isonômico à população.

Esta iniciativa pública teria como base a disseminação do uso de Tecnologias de


Informação e Comunicação (TICs), interligando cartórios de registros públicos,
prefeituras, câmaras municipais, assembleias legislativas, fóruns federais e estaduais do
sistema judiciário, unidades das forças armadas, de educação e pesquisa, de saúde, de
proteção e defesa do consumidor, de segurança pública e de defesa civil.

ƒ Desoneração tributária dos serviços


A queda da carga tributária nem sempre está associada a uma redução da arrecadação.
Caso o aumento da quantidade demandada, advinda da redução de preços proporcionada
pela queda de tributo, seja suficientemente elevada, é possível que haja até um aumento
da arrecadação diante de uma redução de tributos. Complementarmente, há casos nos
quais a expansão de um determinado serviço gera efeitos positivos em toda a economia,
aumentando a arrecadação gerada de outros setores.

Redução de tributos expande a demanda por serviços de Telecomunicações.

A redução de tributos incidentes sobre serviços de telecomunicações em geral, e banda larga em


particular, reduz os custos na oferta do serviço. As empresas tendem a repassar a redução de
custos aos preços, beneficiando os consumidores, dado o ambiente competitivo brasileiro, como
tratado nos ANEXOS deste trabalho.

Na medida em que os preços finais se reduzem há uma maior quantidade demandada pelo

CONFIDENCIAL - p. 147
serviço. O impacto que essa diminuição de preço tem sobre a expansão do serviço depende da
elasticidade preço da demanda(a).

A figura abaixo esquematiza o encadeamento lógico entre redução de tributos e aumento de


quantidade utilizada do serviço.

Redução de tributos e impacto na quantidade demandada

Tributo Preços Quantidade

Redução de custos Elasticidade da demanda


Elaboração: LCA.

Há alguns estudos(b) que estimam essa ralação (elasticidade-preço da demanda) para o caso do
mercado brasileiro de banda larga. Os resultados encontrados se situam entre 0,9 e 3,4 (em
valores absolutos)(c).

Essa amplitude de resultados explicita um efeito prático da dificuldade deste tipo de exercício. A
elasticidade-preço da demanda difere muito por características regionais, por exemplo: hábitos de
consumo, renda e prioridades alocativas, disponibilidade de terminais de acesso e de oferta do
serviço. Assim, um mesmo estímulo de redução de preço certamente oferecerá magnitudes
distintas em termos de reação do consumidor local. Portanto, estudos desta natureza precisam ser
utilizados tendo-se em mente tal ressalva, pois ofercem uma ordem de grandeza da reação do
mercado mas que certamente não se dá de forma homogênea em termos temporais e regionais.

Do intervalo de valores para a elasticidade-preço da demanda observado na literatura, mesmo


com a estimativa mais conservadora, observa-se que a quantidade demanda é sensível ao preço
no mercado brasileiro: uma redução de 1% no preço geraria um aumento de 0,9% na quantidade
demandada do serviço.

As elasticidades estimadas também são úteis para construção de cenários sobre o impacto que
alteração de tributos tem sobre a arrecadação. Se, por um lado, uma diminuição de alíquota
tributária reduz a arrecadação, na medida em que cada unidade vendida resulta em menor
arrecadação, por outro, a expansão da quantidade consumida aumenta a receita do governo.

Como o serviço de banda larga afeta a produtividade da economia como um todo, há ainda um
efeito multiplicador da expansão do seu uso sobre o produto agregado do país(d). Esse efeito
aumenta a arrecadação do governo.

Foi realizada uma simulação que permite estimar o efeito de redução de ICMS sobre a
arrecadação, isolando cada um desses efeitos(e). A figura abaixo apresenta os resultados
encontrados.

CONFIDENCIAL - p. 148
Estimativa de arrecadação tributária do serviço de banda larga – R$ bilhões

11,99

8,40

4,56

0,96

-1,93

Arrecadação Efeito Efeito Efeito Arrecadação


pré-redução redução por aumento aumento pós-redução
unidade da base do PIB
Elaboração: LCA.

(a)
O efeito de alterações de preços sobre quantidade demandada é denominado
elasticidade-preço da demanda. Quanto mais alto o seu valor absoluto (em módulo) mais
sensível a demanda é com relação a alterações nos preços. Por exemplo, uma
elasticidade de -1,5 indica que a quantidade demanda diminui em 1,5% caso os preços
subam 1%.
(b)
Macedo H. R. e Carvalho, A. X. Y. (2010) “Aumento da penetração do serviço de acesso
à Internet em banda larga e seu possível impacto econômico: análise através de sistema
de equações simultâneas do oferta e demanda”. Texto para Discussão 1495, IPEA.
Ávila, F. (2008) Banda larga no Brasil: uma análise da elasticidade preço-demanda com
base em microdados. UnB e Wohlers, M.; Abdala, R. F.; Kubota, J. M. (2009) “Banda
larga no Brasil – por que ainda não decolamos?” Radar – Tecnologia, Produção e
Comércio Exterior, n. 5 Ipea, dez. 2009.
(c)
A elasticidade pode variar para cada nível de preços, o valor estimado por esses estudos
representam a elasticidade média. Ver Macedo H. R. e Carvalho, A. X. Y. (2010)
“Aumento da penetração do serviço de acesso à Internet em banda larga e seu possível
impacto econômico: análise através de sistema de equações simultâneas do oferta e
demanda”. Texto para Discussão 1495, IPEA e CETIC (2009) “Pesquisa sobre o uso das
tecnologias da informação e da comunicação no Brasil”.
(d)
Ver Katz, R. L. e Ávila J. G. (2010) “The impact of broadband policy on the economy”.
Proceedings of the 4thd ACORN-REDECOM Conference Brasilia May 14-15, 2010
(e)
As premissas do exercício foram: i) 13% da arrecadação de ICMS do setor de
Telecomunicações foi gerada pelo serviço de banda larga (considerou-se na carga
tributária, além do ICMS, PIS/Cofins, Fust e Funttel); ii) queda da alíquota de ICMS para
17%, com repasse total para preços; iii) elasticidade preço da demanda de -2,15; iv) a

CONFIDENCIAL - p. 149
cada 1 ponto percentual de aumento da penetração de banda larga há um aumento de
0,0178% no crescimento do PIB.

5.2.2 Incentivos à Infraestrutura


Estímulos à Expansão da Infraestrutura: ações voltadas para a expansão e
modernização das redes, aumento da velocidade e capacidade de atendimento

Figura 22 – Incentivos à Infraestrutura

Recursos públicos 
(recursos diretos, financiamento
e infraestrutura) para expansão
da oferta dos serviços

Desoneração de
equipamentos , materiais e Aplicação de fundos setoriais
serviços de instalação de
fibra óptica e rádio
Disponibilização Imediata de Espectro (700 MHz – 2,5 GHz); PLC 116
Transparência e redução do Risco Regulatório; Flexibilização regulatória;
Restrições ambientais e urbanísticas; Direitos de passagem e de uso do solo
Condições para redução de CAPEX o OPEX (oferta de pacotes de serviços - bundles)
Muita 
Pouca Infraestrutura
Infraestrutura

Elaboração: LCA.

ƒ Recursos Públicos
A construção ou expansão de infraestrutura, em localidades ainda não cobertas ou com
cobertura considerada insuficiente, pode ser incentivada por meio da disponibilização de
recursos públicos na forma de subsídios diretos, parcerias (PPPs) ou disponibilização de
infraestrutura pública prévia, por exemplo.

A criação de um leilão reverso, por exemplo, também pode servir para esses propósitos.
O governo decide a área geográfica a ser leiloada e estabelece critérios de acordo com a
política pública que deseja. O vencedor do certame seria a empresa que necessitar de
menor volume de recursos para colocar em prática o que foi estabelecido pelo governo.

CONFIDENCIAL - p. 150
Este sistema é amplamente considerado adequado para o fim a que se destina,
recomendado como melhores práticas111.

Espera-se que o poder público defina no Edital do leilão os principais objetivos que
devem ser atingidos e, caso se aplique, o horizonte de tempo para tal, bem como
especificações técnicas relevantes. Por outro lado, seria possível garantir alguns
benefícios que barateassem os investimentos, como desoneração tributária, possibilidade
de utilização de infraestrutura existente, maior facilidade e celeridade na liberação de
licenças ambientais e direitos de passagem, compras governamentais, entre outras.

Como possíveis objetivos a serem fixados no Edital, pode-se elencar:

i) área a ser coberta;


ii) níveis de qualidade;
iii) especificações técnicas.

Este mecanismo permite que a empresa mais eficiente para realizar os investimentos
necessários, independentemente da tecnologia utilizada e dadas as condições de cada
lote, possa ganhar o leilão.

ƒ Desoneração de equipamentos, materiais e serviços

Para além dos serviços e terminais de acesso, é preciso que as políticas de desoneração
também ocorram nos equipamentos e cabos ópticos e serviços de instalação de sistemas
de transporte em fibra ópticas/rádio. Dada a mudança de conteúdo esperada na rede, a
ampliação da capacidade de transporte será cada vez mais necessária para a qualidade
dos serviços.

ƒ Aplicação de fundos setoriais

Os recursos do FISTEL podem ser alocados pela ANATEL para viabilizar, por exemplo,
estudos e ações com foco no aprimoramento regulatório (elaboração e divulgação de
Análise de Impacto Regulatório - AIR). Atualmente, a arrecadação do FISTEL supera

111 Ver, por exemplo, Stegeman, J.; Parsons; S.; Frieden, R; e Wilson M (2008). “Controlling Universal
Service Funding and Promoting Competition Through Reverse Auction”

CONFIDENCIAL - p. 151
em muito as despesas da ANATEL, como mostra o gráfico abaixo. Possibilitar nova
destinação para os recursos desse fundo traz benefícios ao setor de telecomunicações.

Gráfico 54 – ANATEL: Arrecadação de taxas de fiscalização e despesas (em R$


milhões)

Fonte: Dados Telebrasil, disponível em: http://www.telebrasil.org.br/saiba-mais/Temporais_4T10_mar_24_


2011.pdf; Último acesso em 25/03/2011. Elaboração: LCA.

A utilização do FISTEL para a elaboração de AIR por parte da ANATEL traria ganhos
significativos em termos de transparência e aprimoramento técnico às decisões da
Agência, como será detalhado adiante.

Uma das conhecidas fontes ociosas de recursos no setor é o FUST (Fundo de


Universalização das Telecomunicações112), formado pela contribuição de 1% da receita
operacional bruta das empresas de telecomunicações113. Tal como originalmente
estabelecido, sua aplicação está vinculada à universalização dos serviços prestados em
regime público, isto é, “proporcionar recursos destinados a cobrir a parcela de custo
exclusivamente atribuível ao cumprimento das obrigações de universalização de serviços
de telecomunicações, que não possa ser recuperada com a exploração eficiente do
serviço”. Segundo a LGT, enquadram-se nesta descrição serviços de interesse coletivo
mediante concessão ou permissão, com atribuição a sua prestadora de obrigações de

112 Lei N. 9.998, de 17 de agosto de 2000.

113 Dados do SINDITELEBRASIL dão conta de que o setor já contribuiu com mais de R$ 36 bilhões ao Fust
desde 2001, dos quais menos de 1% retornaram ao setor.

CONFIDENCIAL - p. 152
universalização e de continuidade. Atualmente, somente o STFC tem acesso aos
recursos, que seriam, assim, primordialmente direcionados aos esforços de
universalização do serviço de telefonia fixa.

Contudo, dado o atual estágio de maturidade do serviço de telefonia fixa em âmbito


nacional, bem como o corrente direcionamento dos esforços públicos e privados em
direção a novos e importantes serviços convergentes – notadamente, o acesso à Internet
banda larga – uma ampliação da esfera de serviços objeto de aplicação dos recursos do
FUST se mostraria necessária. Em parte, é o que pretende o Projeto de Lei n. 1.481/2007
(PL), atualmente em tramitação na câmara dos deputados. Uma de suas intenções é
estender o escopo original do FUST de modo a financiar programas, projetos e atividades
governamentais voltados a ampliar o acesso da sociedade a serviços de
telecomunicações prestados tanto em regime público, quanto privado, por meio de
subsídios indiretos e diretos, sendo os segundos realizados por meio do pagamento,
direto ou indireto, total ou parcial, do preço dos bens e serviços de telecomunicações,
prestados em regime público ou privado, e de outros bens e utilidades acessórias, no
âmbito dos programas, projetos e atividades governamentais, conforme a nova redação
proposta pelo PL para o artigo 1º da Lei 9.998/2000.

Deve-se apontar também o fato de que texto atual do PL segue determinando que pelo
menos 30% (trinta por cento) dos recursos do Fust sejam aplicados nas áreas
abrangidas pela Sudam e Sudene (essa determinação já consta da Lei 9.998/2000), e
que pelo menos 75% (setenta e cinco por cento) dos recursos do fundo sejam aplicados
às finalidades contempladas pelos incisos VI, VII e VIII do artigo 5º da Lei 9.998/2000.
Essa vinculação de 75% dos recursos aos referidos incisos não consta da lei do Fust
em sua redação atual, tendo sido prevista pelo parágrafo 4º do artigo 5º adicionado
pelo PL. Os incisos citados tratam, respectivamente, da: (a) implantação de acessos
para utilização de serviços de redes digitais de informação destinadas ao acesso
público, inclusive da internet, em condições favorecidas, a estabelecimentos de ensino
e bibliotecas, incluindo os equipamentos terminais para operação pelos usuários; (b)
redução das contas de serviços de telecomunicações de estabelecimentos de ensino e
bibliotecas referentes à utilização de serviços de redes digitais de informação
destinadas ao acesso do público, inclusive da internet, de forma a beneficiar em
percentuais maiores os estabelecimentos frequentados por população carente, de
acordo com a regulamentação do Poder Executivo; (c) instalação de redes de alta
velocidade, destinadas ao intercâmbio de sinais e à implantação de serviços de
teleconferência entre estabelecimentos de ensino e bibliotecas.

CONFIDENCIAL - p. 153
Pode-se afirmar, diante disso, que se de um lado o artigo 5° da Lei n° 9.998/2000
continua chamando a atenção pela diversidade de objetivos enumerados, de outro lado o
PL 1.481/2007 reforça significativamente a prioridade na ampliação do acesso à
telecomunicações por parte de estabelecimentos de ensino, bibliotecas e instituições de
saúde. Por isso, a depender do encaminhamento e das prioridades de atendimento a
serem dadas pelo PNBL, o PL 1.481/2007 merecerá atenção e, eventualmente,
adaptações e ajustes de modo a não comprometer ou mitigar a efetividade das
estratégias de massificação adotadas.

Além do descontingenciamento do FUST, é importante estudar a reorientação da


destinação dos recursos do FUNTTEL114, que tem como objetivo primordial o
financiamento de pesquisas, capacitação profissional e aumento da competitividade das
empresas. Dado o objetivo de ofertar um serviço de banda larga mais acessível, com
equipamentos de transmissão e terminais a um custo reduzido, seria de interesse
público aplicar um volume maior de recursos no desenvolvimento e oferta de
equipamentos e produtos de telecomunicações com conteúdo tecnológico
nacional (em especial, aqueles que se mostram atualmente disponíveis somente por
meio de importação). Segundo Abinee115, os recursos poderiam ser empregados também
para financiar projetos de desenvolvimento de software, realizado por empresas por
empresas privadas, em condições semelhantes às existentes em alguns países
desenvolvidos. Além disso, poder-se-ia organizar e apoiar a estruturação de um
segmento do mercado de capitais voltado para empresas emergentes de base
tecnológica nacional.

114
O Fundo para Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações recebe 0,5% da receita operacional bruta
das empresas de telecomunicações. Até hoje, apenas metade dos recursos foi aplicado no financiamento de
projetos de pesquisa selecionados pelo Finep (Ministério da Ciência e Tecnologia), CPQD. (Fonte:
http://www1.folha.uol.com.br/mercado/848826-uniao-desvia-r-43-bi-de-fundo-de-telecomunicacao.sh tml, Último
acesso em 10/03/2011).

115 Abinee e Telebrasil, 54º PAINEL TELEBRASIL:O Brasil que queremos em 2011-2014”, Disponível em:
http://www.abinee.org.br/informac/arquivos/g2020t.pdf; Último acesso em 10/03/2011.

CONFIDENCIAL - p. 154
Gráfico 55 – Percentual de impostos sobre o custo total de serviços móveis –
Ranking de países em desenvolvimento

9.000
8.221

8.000

6.737
7.000
6.400

6.000 5.602

4.909
R$ Milhões

5.000
4.430 4.201 4.749
3.996
4.000
3.280
2.944 2.910 3.341
3.000 2.694 2.700
2.032 2.349
1.987 2.056
2.000
1.444 1.436
1.288 1.166
1.045 1.099
1.000 715 582 629 987
530 392
242 272 302 335 377
127 203 214
421
-
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Arrecadação Fistel Arrecadação Fust Arrecadação Funttel* Total

Fonte: Telebrasil, disponível em: http://www.telebrasil.org.br/saiba-mais/Temporais_4T10_ mar_24_2011.pdf;


Último acesso em 25/03/2011. Elaboração: LCA.
Nota: Fust inclui parte das receitas do Fistel; * Só inclui a contribuição de 0,5% sobre a receita bruta das
empresas prestadoras de serviços de telecomunicações.

CONFIDENCIAL - p. 155
Gráfico 56 – Acumulado de Contribuição dos Fundos Setoriais

50.000
44.673
45.000
39.924 2.886
40.000

35.000 33.187
9.633

30.000
R$ Milhões

24.966
25.000
20.765
20.000 17.484
14.574
15.000 32.154
11.630
9.598
10.000
5.602
5.000

-
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Arrecadação Funttel* Arrecadação Fust Arrecadação Fistel Total Acumulado

Fonte: Telebrasil, disponível em: http://www.telebrasil.org.br/saiba-mais/Temporais_4T10_ mar_24_2011.pdf;


Último acesso em 25/03/2011. Elaboração: LCA
Nota: Fust inclui parte das receitas do Fistel; * Só inclui a contribuição de 0,5% sobre a receita bruta das
empresas prestadoras de serviços de telecomunicações.

ƒ Espectro
Ampliar o acesso ao serviço de SMP implica disponibilizar mais infraestrutura de modo
que seja explorada ao custo mais módico possível. Esse princípio precisa ser atendido
desde o momento inicial dos investimentos, ou seja, desde a disponibilização de
infraestrutura.

Sugere-se assim que o modelo de licitação de espectro no Brasil priorize a modicidade


de preços (sem estimular ágio e sobrepor metas que impliquem altos investimentos com
baixo ou nulo acréscimo de bem estar ao mercado).

O encarecimento do espectro tem sido notável nas últimas licitações das faixas de
radiofrequência. No primeiro leilão de frequências 3G (F, G, I e J), realizado em
dezembro de 2007, foram arrecadados R$ 5,34 bilhões: um ágio médio de 86,67% sobre
os preços iniciais. Para o caso mais recente da banda H e sobras de faixa (dezembro de
2010), a disputa pelos lotes (com participação limitada dos maiores players, Claro, Oi,
Tim e Vivo) gerou uma arrecadação total de R$ 2.73 bilhões, um ágio médio de 143,8%
sobre o preço inicial divulgado pela ANATEL.

CONFIDENCIAL - p. 156
ƒ TV por assinatura
A necessidade crescente de recursos e a convergência impõe esforço constante de
otimização da infraestrutura existente, além de capacidade de gerar mais recursos ao
setor. Sugere-se ampliar tempestivamente o número de outorgas de TV por assinatura,
concomitantemente à aprovação do PLC 116, conforme diretrizes das consultas públicas
nos 31, 32 e 33 de 2011da ANATEL. O ANEXO 2 apresenta mais detalhes sobre o serviço
de TV por assinatura no Brasil.

ƒ Aspectos Jurídico-regulatórios (celeridade, transparência e


segurança)

9 Transparência e segurança jurídica:

O Programa para o Fortalecimento da Capacidade Institucional para Gestão em


Regulação (PRO-REG), instituído pelo Decreto nº 6.062 de 2007 PRÓ-REG destaca
ações no sentido de promover:

o fortalecimento da capacidade dos ministérios para formulação e análise de


políticas públicas com acompanhamento e realização dessas políticas.
o melhoria da coordenação e do alinhamento estratégico entre políticas
setoriais e processo regulatório.
o fortalecimento da autonomia, transparência e desempenho das agências
reguladoras
o desenvolvimento de mecanismos para o exercício do controle social

Como proposição para redução do risco regulatório e maior transparência, sugere-se que
a ANATEL passe a:

1. Realizar e divulgar Análise de Impacto Regulatório para cada


Consulta/Audiência Pública;

2. Responder tecnicamente as contribuições recebidas durante a


Consulta/Audiência Pública, com ampla divulgação pública, além de prestação
de contas sobre os resultados de consultas e audiências públicas realizadas.

CONFIDENCIAL - p. 157
Análise de Impacto regulatório (AIR)

Segundo a OCDE, a Análise de Impacto Regulatório (AIR) ou Regulatory Impact Analysis (RIA) é
uma ferramenta que tem por objetivo examinar e avaliar os prováveis custos, benefícios e efeitos
das novas regulações ou daquelas a serem alteradas(a). Ela possibilita, através de ferramentas
específicas, o entendimento dos problemas de determinado mercado e dos efeitos indiretos de
uma ação governamental que pode debilitar os incentivos regulatórios e resultar em falha
regulatória(b).
Essa análise envolve uma série de pontos os quais os governos devem observar, como
exemplo:
• Adoção de amplos programas de reforma regulatória que estabeleçam objetivos claros e
estruturas para a implementação
• Garantia de um cumprimento efetivo e eficiente das reformas propostas
• Garantia de regulações, instituições reguladoras encarregadas da implementação e de
processos regulatórios transparentes e não discriminatórios
• Eliminação de barreiras regulatórias desnecessárias ao comércio e investimentos por
meio da liberalização e aumento da consolidação e melhor integração da abertura do mercado,
por intermédio do processo regulatório, fortalecendo a eficiência e competitividade econômica
A AIR se diferencia em cada país, pois reflete uma variedade de agendas de políticas dos
diferentes governos. Existe, entretanto, um elemento-chave relacionado à estrutura institucional
que torna a AIR uma ferramenta regulatória bem-sucedida: o controle de qualidade por meio de
revisão independente, que contribui para avaliar a qualidade substantiva de novas regulações.
A OCDE aponta as práticas válidas de AIR a serem observadas por seus países:
• Maximizar o comprometimento político para a AIR
• Alocar responsabilidade para os elementos do programa AIR
• Treinar os reguladores
• Utilizar um método analítico consistente, porém, flexível
• Desenvolver e implementar estratégias de coleta de dados
• Objetivar iniciativas da AIR
• Integrar a AIR com os processos de elaboração de políticas, iniciando o quando antes
• Comunicar os resultados
• Envolver o público intensivamente
• Aplicar a AIR nas regulações existentes como também nas novas

No Brasil, é esperado que o AIR seja incorporado gradualmente em sua política


regulatória com o Programa para o Fortalecimento da Capacidade Institucional para Gestão em
Regulação (PRO-REG), instituído pelo Decreto nº 6.062 de 2007. A experiência da OCDE mostra
que a implementação da AIR é um processo que requer planejamento acurado, recursos
específicos e objetivos de curto e médio prazo.

CONFIDENCIAL - p. 158
O PRO-REG entende a AIR como uma ferramenta que pode auxiliar no aprimoramento do
processo de tomada de decisões no Brasil, pois é compreendida como um processo dinâmico que
evitaria a imutabilidade das relações criadas durante do processo regulatório, fornecendo
informações úteis e propondo, quando necessário, sugestões apropriadas e justificadas de
mudanças.
(a)
OCDE, 2007. Regulatory impact analysis in OECD countries: challenges for developing
countries. Disponível em: http://www.oecd.org/dataoecd/45/55/38403704.pdf [04/04/2011].
(b)
OCDE. Brasil: Fortalecendo a Governança para o Crescimento – Relatório sobre a Reforma
Regulatória.Disponível em: http://www.regulacao.gov.br/eventos/seminarios-internacionais/teste-de-evento/mat
erial-didatico/livro-brasil-fortalecendo-a-governanca-para-o-crescimento

9 Reversibilidade:

No que toca ao tema da reversibilidade de ativos, é importante ressaltar, em primeiro


lugar, que a persistente imprecisão quanto à amplitude e à abrangência desse conceito
segue suscitando questões de previsibilidade e segurança jurídicas. Praticamente
falando, o que se nota, de modo geral, é a ausência de clareza quanto ao traçado da
linha divisória que separa o que é parte da concessão (bens “essenciais” à prestação do
serviço, sujeitos à revenda ou repasse ao final da mesma) e o que é patrimônio privado
das empresas. Em um regime regulatório, como é sabido, isso, de um lado, desestimula
e atravanca os investimentos da própria empresa concessionária de STFC no que
se refere à modernização e atualização das suas redes116 e, por outro, transmite
indesejável insegurança quanto aos direitos de propriedade de bens e
componentes da infraestrutura de outras empresas de telecomunicações que
eventualmente partilhem ou canalizem tráfego com a tal concessionária.

A imprecisão e o risco de “contágio” apontados, portanto, ameaçam a própria


infraestrutura compartilhada das redes de transporte e acesso de serviços providos
sob regimes distintos (ex. STFC e SMP, STFC e SMC, concessionárias e autorizadas)
que permitem, de alguma forma, a transmissão de voz e de outros sinais entre
pontos fixos determinados utilizando os processos de telefonia (por conta disso,
elegíveis à categoria de bens reversíveis). A ameaça e o risco percebidos pelo setor
residem, assim, na assimetria e na imprecisão do marco regulatório vigente que,

116 Neste sentido, caso uma concessionária hipoteticamente opte por modernizar sua rede com fibra ótica
para poder, por exemplo, oferecer serviços de banda larga com capacidade suficiente para suprir uma dada
demanda, esta rede se tornaria automaticamente sujeita à reversibilidade.

CONFIDENCIAL - p. 159
desatento ao avanço tecnológico em curso (convergência), abre espaço para que o
conceito de reversibilidade seja estendido a redes antes consideradas privadas (por
exemplo, redes cuja titularidade pertence a subsidiárias, coligadas ou outras empresas
do grupo econômico da concessionária), tal como a rede de telefonia móvel ou mesmo as
redes de transmissão de dados das empresas.

Alguns aspectos desse problema são abordados pela Consulta Pública n. 52/2010 (CP),
que propõe um novo regulamento voltado ao acompanhamento, detalhamento e controle
de bens, direitos e serviços vinculados à concessão. Entre os objetivos elencados na CP,
destaca-se a promoção de um processo de acompanhamento mais eficiente, com
desburocratização e redução de custos para o setor privado. Seu grande mérito,
entretanto, reside em uma definição mais assertiva e rigorosa dos limites da
reversibilidade, entendida pela CP como abrangendo apenas os bens, direitos e serviços
indispensáveis à continuidade e atualidade do STFC prestado no regime público,
independentemente da titularidade ou forma de contratação, que pertençam ao
patrimônio da concessionária.

9 Desobrigação de pagamento de TFI na renovação do SMP:

No âmbito de se promover maior segurança jurídica para investimentos, maior clareza


sobre os procedimentos para renovação de autorizações do SMP é preciso discutir a
obrigatoriedade de pagamento da Taxa de Instalação (TFI), do FISTEL, na
prorrogação/renovação das concessões/autorizações dos serviços.

No último dia 05 de abril, segundo notícia do Telesíntese117, foi publicada no Diário Oficial
da União a decisão da ANATEL de que a cobrança de TFI, com novo pagamento das
taxas do FISTEL, é devida á União no caso da prorrogação da concessão a Oi em 2005,
caso que tramita na agência desde 2007. A cobrança de R$ 26,83 para cada estação
telefônica retira uma soma significativa de recursos do setor de telecomunicações, que
não retornam em benfeitorias e investimentos.

117 “A Oi vai ter que pagar a TFI”. Telesíntese. 05 de abril de 2011.

CONFIDENCIAL - p. 160
9 Direitos de passagem e de uso do solo em vias públicas para instalação
de infraestrutura de telecomunicações

Licenças ambientais; direitos de passagem e de uso do solo em vias públicas são como
componentes relevantes para destravar investimentos. redefinição dos limites normativos
estaduais e municipais para imposição de restrições urbanísticas e ambientais.

Por ser de competência Municipal, não há uniformidade nos processos e, por vezes, os
trâmites tornam-se demasiadamente longos, inibindo investimentos. O Governo Federal,
em conjunto com a ANATEL, pode sugerir mecanismos de fast track com procedimentos
mais céleres e suficientes para a concessão de licenças ambientais, regularização de
áreas e direitos de passagem em infraestrutura pública. A disseminação desses
procedimentos pode capacitar Municípios e Estados, dando mais uniformidade à
condução dos pleitos locais, de forma a agilizar processos e, consequentemente,
incentivar investimentos.

Dada a janela de oportunidade criada pelo momento econômico atual, potencializada


pelo conjunto de ações compilado neste trabalho, acredita-se que haja condições
favoráveis para um alinhamento de incentivos em todas as esferas públicas na direção de
incentivar e destravar investimentos. Ou seja, a sugestão de um fast track encontra
condições favoráveis para adesão por parte de Estados e Municípios como forma de
atrair nas localidades os empreendimentos iminentes.

Segundo levantamento do CADE118, operadoras australianas, por exemplo, possuem


direito de passagem especial e algumas imunidades nas leis estaduais. Isso reduz custos
de construção civil, como os de escavar ruas e instalar postes, facilitando instalação de
infraestrutura.

A elaboração de um Projeto de Lei que torne mais clara e inequívoca novas métricas e
limites para os municípios e estados, bem como a uniformização da cobrança pelo direito
de passagem de uso de solo. O Supremo Tribunal Federal (STF), em decisão de junho
de 2011, declara o impedimento aos municípios em impor limites para uso do solo pelas
empresas do setor de telecomunicações, que, agora, podem passar a usar áreas
públicas para a passagem de fios e cabos na prestação de serviços sem ter que pagar
qualquer taxa municipal pelo uso do solo, garantindo-lhes o direito de passagem.
Entendeu-se que “os municípios não podem impor barreiras a empresas de telefonia”.

118
Universalização e Banda Larga. César Mattos – Conselheiro do CADE.

CONFIDENCIAL - p. 161
Uma decisão no mesmo sentido já havia sido tomada pelo Supremo em relação ao setor
de energia elétrica

9 Oferta de Pacotes

Permitir que as políticas aqui destacadas alcancem ofertas de serviços por pacotes, bem
como modalidades pré-paga (tanto em telefonia fixa quanto móvel) conferem maior
flexibilidade, possibilitando a ampliação da oferta com redução de preços, via exploração
de economias de escala e escopo.

***

Massificar o serviço de banda larga no Brasil é


Ações públicas e privadas
possível, com grande esforço de investimento. Para
devem estar alinhadas com o
otimizar a aplicação de recursos, é preciso que as
objetivo comum de
ações sejam mapeadas de forma a respeitar as massificação
diferentes características geográficas e
Mecanismos de atratividade:
socioeconômicas do Brasil.
incentivo a investimentos e
Aplicando-se a metodologia de Gaps do Banco viabilidade para a oferta dos
Mundial ao caso brasileiro, identificam-se cinco serviços
“países” distintos.

Proposições elencadas no trabalho permitem a promoção de um ambiente de negócios


favorável à expansão de investimentos em um ambiente de convergência, atraindo mais
recursos para o setor e viabilizando a oferta de serviços. Com a implementação dessas
ações, espera-se uma duplicação dos investimentos até 2014, atingindo cerca de R$ 145
bilhões até 2020.

O debate das questões e proposições aqui apresentadas dará continuidade ao presente


trabalho, como forma de aprimorar as análises até então feitas.

CONFIDENCIAL - p. 162
ANEXO 1 : Características principais do STFC
no Brasil

O sistema de telefonia fixa é um dos serviços de telecomunicação mais difundidos e


tradicionais em atividade, operando de forma complexa e dotado de elevada capilaridade.
O envio e recebimento de uma chamada estão relacionados com a formação de uma
ligação ou circuito de caráter temporário entre os dois pontos fixos: origem (A) e destino
de chamadas (B). A operação do sistema se dá através de três componentes de básicos:

ƒ Terminal telefônico: trata-se do dispositivo de baixa mobilidade utilizado pelo


usuário, geralmente associado a uma assinatura (número). Pode ainda se
apresentar como um sistema telefônico privado (PABX), como um call center ou
um telefone de uso público (TUP); No Brasil, os terminais telefônicos apresentam
um código de assinante associado, formado pela combinação de 7, 8 ou 9 dígitos
e que atua de forma a identificá-lo na rede (os primeiros dígitos correspondendo
ao prefixo da central telefônica local e os últimos referentes ao endereçamento da
linha do cliente na rede de acesso).

ƒ Rede de Acesso: constitui o meio físico de conexão entre os terminais e as


centrais telefônicas. Incluem o conjunto de cabos de assinantes e cabos troncos
que atendem uma determinada localidade, associado a dutos, ferragens e postes.
Há também um número crescente de acesso sem fio (wireless), utilizando
estrutura tecnológica similar à da telefonia móvel, incluindo Estações Rádio Base,
Centros de Comutação etc. As redes de acesso podem ser divididas, por sua vez,
em:
o Redes de longa distância, formadas pelas centrais interurbanas e
respectivos entroncamentos;
o Redes locais, formadas pelas centrais locais, entroncamentos urbanos e
rede do assinante (terminais e linhas de assinante);
ƒ Centrais telefônicas: organizam e gerenciam os subsistemas da rede, tendo
como principais responsabilidades a centralização, distribuição, sinalização119,
interligação (comutação/chaveamento entre assinantes) e tarifação das chamadas

119 A partir de uma chamada efetuada pelo assinante, o sistema telefônico deve estabelecer o caminho até o
destino da chamada a partir do código numérico e alertá-lo da existência de uma chamada em espera.

CONFIDENCIAL - p. 163
realizadas pelos pontos terminais. Suas atividades podem ser divididas entre os
sistemas de comutação120 e de controle121.

As centrais podem ainda serem classificadas de acordo com a abrangência e os tipos de


ligação que intercedem:

ƒ Centrais locais: responsável pelo atendimento aos terminais de uma dada


região, como bairros de uma cidade. Tem capacidade de atendimento variável
e área de atendimento não superior a 5 km, de forma a garantir a qualidade do
sinal. É vinculada a outras centrais através de cabos troncos.
ƒ Centrais Tandem: centralizam e comutam o trânsito entre centrais locais ou
interurbanas através de troncos próprios, viabilizando e coordenando o
atendimento de regiões de elevada demanda (como é o caso dos grandes
centros urbanos);
ƒ Centrais Mistas: operam de forma híbrida, com funções de atendimento local
de terminais e funções Tandem de comutação/entroncamento entre outras
centrais locais;
ƒ Centrais de Trânsito: interligam dois ou mais sistemas locais, interurbanos ou
internacionais, de acordo com sua classe hierárquica;

Com isso, é possível que uma região metropolitana abarque uma ou várias centrais locais
para suprir a demanda de linhas e tráfego local. Caso necessário, esta região pode
comportar uma ou mais Centrais Tandem, que se responsabilizam pela otimização do
tráfego e do entroncamento urbano. A Figura 1 ilustra a organização de uma rede de
telefonia fixa.

120 O Sistema de Comutação realiza o chaveamento das conexões entre assinantes e/ou centrais, através
de relés ou circuitos de comutação digital. Também é responsável pela sinalização entre assinantes e central
e entre centrais.

121 O Sistema de Controle empreende a parte inteligente da comutação, atuando na supervisão do sistema
de comutação para que este realize as conexões e envie as sinalizações corretamente.

CONFIDENCIAL - p. 164
(ANEXO 1) Figura 1 – Organização de uma rede de telefonia fixa

central de
central local
trânsito
central de
trânsito
internacional

troncos
central local
 
 
região metropolitana

troncos

central central de
Tandem trânsito

central local

Elaboração: LCA.

A divisão entre a prestação de serviços locais e de longa distância exige ainda


considerações adicionais. Os serviços locais se referem especificamente à
comunicação entre terminais fixos em uma área contínua de prestação de serviços,
associada em geral a critérios definidos pela agência reguladora.

Já os serviços de longa distância tratam da conexão entre terminais fixos localizados em


redes locais distintas. Embora seja possível que uma operadora realize todas funções de
chamadas desta natureza, é comum que a atividade exija a coordenação entre várias
operadoras: (i) uma operadora na origem da chamada, (ii) uma operadora na rede do
destino; e (iii) uma operadora de longa distância, responsável por intermediar a chamada
através da rede de transmissão de longa distância (Figura 2).

CONFIDENCIAL - p. 165
(ANEXO 1) Figura 2 – Tráfego de chamadas de longa distância

OPERADORA
 
1 OPERADORA DE LONGA DISTÂNCIA OPERADORA 2
 
   

 
central local rede de transmissão
  de
central local
longa distância

central de central de
trânsito trânsito

Elaboração: LCA.

A. Estrutura da oferta
O Serviço de Telefonia Fixa é prestado por empresas que detêm concessão ou
autorização da ANATEL para o STFC. No cenário atual do mercado, existem cinco
concessionárias de telefonia local e LDN: Telemar (Oi), BrT (Oi), Telefonica, CTBC e
Sercomtel, e uma concessionária de LDN e LDI em todo o território nacional, a
Embratel. A distribuição das concessões (Tabela 1) obedece ao Mapa do Plano
Geral de Outorgas – PGO (Figura 3):

(ANEXO 1) Tabela 1 – Distribuição das Concessionárias do STFC por região de


atuação

Serviço Local Setores (a) Concessionárias


1, 2, 4 a 17 Oi (Telemar)
Região I
3 CTBC
18, 19, 21, 23, 24, 26 a 30 Oi (BrT)
Região II 20 Sercomtel
22 e 25 CTBC
31, 32 e 34 Telefonica
Região III
33 CTBC
Região IV (Brasil) - Embratel
Fonte: Teleco.

(a) Setores são agrupamentos de municípios definidos


pelo Plano Geral de Outorgas

CONFIDENCIAL - p. 166
(ANEXO 1) Figura 3 – Regiões para exploração do STFC

Fonte: Teleco.

Além das concessionárias, a ANATEL distribui outorgas a empresas para prestação de


serviços do STFC em regime privado, como é o caso da GVT (Gráfico 1).

(ANEXO 1) Gráfico 1 – Evolução anual do número de prestadoras do STFC


(concessionárias e autorizadas)

140 131
Segundo dados da
120 110 Telebrasil, o número de

97 empresas autorizadas
100
a atuar em regime
83
privado alcançava 131
80
67
ao final de 2010.
60 54

39
40 29
20
14 15
20 6

0
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
Autorizações Concessionárias
Fonte: Dados Telebrasil, disponível em: http://www.telebrasil.org.br/saiba-mais/Temporais_4T10_mar_24
_2011.pdf; Último acesso em 25/03/2011. Elaboração: LCA.

CONFIDENCIAL - p. 167
Segundo dados de dezembro de 2010 disponibilizados pela ANATEL, o mercado do
STFC apresenta a seguinte distribuição de acessos fixos (incluindo concessionárias e
autorizadas), conforme a Tabela 2.

(ANEXO 1) Tabela 2 – Market share (%) de acessos fixos em serviço


(concessionárias e autorizadas)
BRASIL jun/07 dez/07 dez/08 jun/09 dez/09 jun/10 dez/10
Oi (BrT + Telemar) 57,81 56,57 53,70 52,38 51,51 49,95 47,26
    Oi (Telemar)          36,93         36,18          33,95         33,11         32,84          31,99         30,50
    Oi (BrT)          20,88         20,39          19,75         19,27         18,67          17,96         16,76
TELEFONICA 30,89 30,37 28,42 27,60 27,11 27,04 26,88
EMBRATEL 6,92 8,54 12,27 13,82 14,37 15,30 17,10
GVT 1,84 1,97 2,53 2,94 3,49 4,20 4,96
CTBC 1,67 1,69 1,69 1,65 1,75 1,72 1,71
Outras 0,87 0,86 1,39 1,61 1,77 1,79 2,09
Fonte: ANATEL, disponível em: http://www.anatel.gov.br/Portal/verificaDocumentos/documento.asp?nume
roPublicacao=257132&assuntoPublicacao=Participação%20Percentual%20de%20 Mer cado%20-%20Aces
sos%20em%20Serviço&caminhoRel=Cidadao-Telefonia%20Fixa-Dados%20 do%20STFC&filtro = 1&docum
entoPath=257132.pdf. Último acesso em 21/03/2011. Elaboração LCA.

A ANATEL também disponibiliza dados de participação das concessionárias e


autorizadas do STFC nos três mercados regionais do PGO (Tabela 3).

(ANEXO 1) Tabela 3 – Market share (%) de As concessionárias mantêm a


acessos fixos em serviço (concessionárias e
autorizadas) maior parcela do atendimento
de telefonia fixa dos seus
REGIÃO I jun/07 dez/07 dez/08 jun/09 dez/09 jun/10 dez/10
OI (Telemar) 89,30 88,47 85,30 83,83 82,88 81,02 78,10 mercados regionais de atuação.
EMBRATEL 7,61 8,32 10,37 11,30 11,57 12,50 14,28
CTBC 2,68 2,71 2,78 2,71 2,79 2,78 3,08 A Oi é responsável pela maior
GVT 0,12 0,16 0,58 0,89 1,40 2,21 2,80
TIM - - 0,58 0,82 0,96 0,99 1,19 parte da oferta nas Regiões I
Outras 0,29 0,34 0,39 0,45 0,40 0,50 0,55
REGIÃO II jun/07 dez/07 dez/08 jun/09 dez/09 jun/10 dez/10 (78,1%) e II (71,58%). Na Região
OI (BrT) 87,14 85,47 81,20 78,47 76,80 74,49 71,58
GVT 7,21 7,71 9,05 10,08 11,50 13,12 14,80 III, a Telefonica provê 72,19% do
EMBRATEL 3,13 4,28 6,81 8,21 8,20 8,75 9,49
SERCOMTEL 1,77 1,77 1,68 1,68 1,74 1,79 1,83 total de acessos fixos em serviço.
TIM 0,43 0,72 0,85 0,86 1,12
Outras 0,75 0,77 0,83 0,84 0,91 0,99 1,18 A Embratel tem abarcado uma
REGIÃO III jun/07 dez/07 dez/08 jun/09 dez/09 jun/10 dez/10
TELEFONICA 88,90 85,92 79,02 76,55 75,03 73,96 72,19 parcela crescente dos mercados
EMBRATEL 8,72 11,67 18,07 20,41 21,58 22,64 24,05
CTBC 1,39 1,41 1,41 1,38 1,52 1,47 1,41 regionais, disputando a segunda
Outras 0,99 1,00 1,50 1,66 1,87 1,93 2,35
colocação com concessionárias
Fonte: ANATEL, disponível em:
http://www.anatel.gov.br/Portal/ve (CTBC e SERCOMTEL) e
rificaDocumentos/documento.asp?numeroPublicacao=257132&
assuntoPublicacao=Participação%20Percentual%20de%20Merc autorizadas (como GVT).
ado %20-%20Acessos%20em%20 Serviço&caminhoRel=Cida
dao-Telefonia%20Fixa-Dados%20 do%20STFC&filtro=1&do
cumentoPath=257132.pdf. Último acesso em 21/03/2011. Elaboração LCA.

CONFIDENCIAL - p. 168
Um dos reflexos da evolução das participações de mercado e do ingresso de autorizadas é
a queda do HHI ao longo do tempo, tanto em termos regionais como no contexto nacional
(Gráfico 2).

(ANEXO 1) Gráfico 2 – Evolução do HHI do STFC (Brasil e por região)

8.000

7.000

6.000

5.000

4.000

3.000
out/07

out/08

out/09

out/10
ago/07

ago/08

ago/09

ago/10
jun/07

dez/07
fev/08

jun/08

dez/08
fev/09

jun/09

dez/09
fev/10

jun/10

dez/10
abr/08

abr/09

abr/10
STFC Brasil Região I Região II Região III

Fonte: ANATEL, disponível em: http://www.anatel.gov.br/Portal/verificaDocumentos/documento.asp?nume


roPublicacao=257132&assuntoPublicacao=Participação%20Percentual%20de%20Mercado%20-%20Aces
sos%20em%20Serviço&caminhoRel=Cidadao-Telefonia%20Fixa-Dados%20do%20STFC&filtro=1&ocum
entoPath=2 57132.pdf. Último acesso em 21/03/2011. Elaboração LCA.

Em termos do atendimento fixo das concessionárias, a Oi acumula 64,7% dos


acessos fixos instalados e 62,3% dos acessos em serviço (fevereiro de 2011). A
Telefonica ocupa o segundo lugar com 32,9% dos acessos fixos instalados e 35,2% de
acessos em serviço. CTBC e SERCOMTEL apresentam uma participação relativamente
menor (menos de 3% do total de acessos instalados e em serviço) graças às suas áreas
de atuação reduzidas (Tabela 4).

CONFIDENCIAL - p. 169
(ANEXO 1) Tabela 4 – Market share (%) de acessos fixos instalados e em serviço
das concessionárias

Instalados 2007 2008 2009 2010 fev/11


Oi (BrT + Telemar) 68,6 64,6 64,5 64,5 64,7
Telemar 39,2 40,7 40,7 40,8 40,9
BrT 24,6 23,9 23,9 23,7 23,8
Telefonica 33,7 32,9 33,0 33,1 32,9
CTBC 2,06 2,01 2,04 1,99 2,01
Sercomtel 0,42 0,41 0,41 0,42 0,42
Embratel (só TUP) 0,004 0,004 0,004 0,004 0,003
Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
Em serviço 2007 2008 2009 2010 fev/11
Oi (BrT + Telemar) 63,6 63,9 63,9 62,3 62,3
Telemar 40,6 40,4 40,8 39,9 39,9
BrT 22,9 23,5 23,2 22,4 22,5
Telefonica 34,2 33,8 33,7 35,2 35,2
CTBC 1,82 1,85 1,86 1,93 1,96
Sercomtel 0,45 0,45 0,48 0,51 0,51
Embratel (só TUP) 0,005 0,005 0,005 0,005 0,005
Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
Fonte: Dados Teleco, disponível em: http://www.teleco.com.br/ntfixc.asp. Último acesso em 14/03/2011.
Elaboração: LCA.

Cabe destacar que o mercado de chamadas de longa distância obedece a um


ordenamento distinto. No caso específico das ligações de Longa Distância Nacional
(LDN), a TIM liderava em termos de participação entre as prestadoras do serviço, com
48% do total de minutos tarifados em dezembro de 2010. Para a modalidade de Longa
Distância Internacional (LDI), a liderança cabia à Embratel, com 53% dos minutos
tarifados (Gráfico 3).

CONFIDENCIAL - p. 170
(ANEXO 1) Gráfico 3 – Distribuição do market share de minutos tarifados de LDN e
LDI (dezembro/10)

LDN LDI
EMBRATEL TELEFONICA
17% 15%
TELEFONICA BrT (Oi)
12% 9%

TELEMAR
Telemar (Oi)  (Oi) 6%
11%
EMBRATEL
TIM INTELIG

48% BrT (Oi)
6%
53% TIM
6%

5%
GVT
3% GVT
3%
INTELIG Outras
Outras TRANSIT
1% 0% 3%
2%

Fonte: ANATEL, disponível em: http://www.anatel.gov.br/Portal/verificaDocumentos/documento.asp? numero


Pu blicacao=257133&assuntoPublicacao=Participação%20Percentual%20de%20Mercado%20-%20Minutos
%20 Tarifados%20LDN&caminhoRel=Cidadao-Telefonia%20Fixa-Dados%20do%20STFC&filtro= 1&documen
toPat h=257133.pdf(LDN) e http://www.anatel.gov.br/Portal/verificaDocumentos/documento. asp?numero
Publicacao =257141&assuntoPublicacao=Participação%20Percentual%20de%20Mercado%20-%20Minutos
%20Tarifado s%20LDI&caminhoRel=Cidadao-Telefonia%20Fixa-Dados%20do%20STFC& filtro=1&docum
entoPath=25714 1.pdf (LDI). Último acesso em 21/03/2011. Elaboração: LCA.

B. Evolução da Demanda
O atual estágio de maturidade do mercado de telefonia fixa no país é resultado dos
investimentos realizados nas últimas duas décadas, direcionados para a expansão dos
serviços de telefonia fixa. Como resultado deste processo acelerado, em 2010 o STFC
dispunha de mais de 59 milhões de acessos fixos instalados, dos quais 40 milhões se
encontravam em serviço (incluindo concessionárias e autorizadas), como mostra o
Gráfico 4.

CONFIDENCIAL - p. 171
(ANEXO 1) Gráfico 4 – Número e densidade de acessos (em serviço e instalados)
do STFC

70 70

59,6 60
60

50
Acessos (milhões)

50
42,0
40

Densidade (acesso/100hab)
40
30

30 21,4 21,7
20

20 7,8 10

10 0
1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010
Densidade (a cada 100 hb) Acessos Instalados (em milhões) Acessos em Serviço (em milhões)

Fonte: Dados Telebrasil, disponível em: http://www.telebrasil.org.br/saiba-mais/Temporais_4T10_mar_24


_2011.pdf; Último acesso em 25/03/2011. Elaboração: LCA.

Em trajetória similar de massificação dos serviços de telefonia, promoveu-se a expansão


do número de Telefones de Uso Público (TUP), que alcançava o patamar de 1,38 milhões
de terminais em serviço em 2001 – o equivalente a 79 terminais para cada 100
habitantes. Com a desativação de parte dos terminais nos últimos anos, este número foi
reduzido para 1,13 milhão em 2006 e desde então o número de TUPs em serviço tem se
mantido relativamente estável (Gráfico 5).

(ANEXO 1) Gráfico 5 – Evolução do Número e Densidade de Terminais de Uso


Público (TUPs)

1,6 3
Densidade (a cada 100 hab)
1,38 1,37
1,4
TUP (em milhões) 1,33 1,32
1,27 2,5

1,2 1,13 1,14 1,13 1,13 1,10


Densidade (TIP/100 habitantes)

2
TUP (em milhões)

1 0,91

0,8
0,74 1,5
0,59
0,6 0,52
0,43 0,79 0,77 0,74 0,72
1
0,34 0,37 0,69
0,4 0,61 0,61 0,59 0,59 0,57
0,26 0,28 0,53
0,44
0,35 0,5
0,26 0,32
0,17 0,18 0,22 0,23
0,2

0 0
1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Fonte: Fonte: Dados Telebrasil, disponível em: http://www.telebrasil.org.br/saiba-mais/Temporais_4T10_mar


_24_2011.pdf. Último acesso em 25/03/2011. Elaboração: LCA.

CONFIDENCIAL - p. 172
Em termos de mercados regionais, atendimento do STFC atingia o patamar de 38.298
localidades em fevereiro de 2011, 69,1% das quais estão radicadas na Região I. Esta
região conta ainda com 41,2% do total de acessos em serviço, 42,2% dos acessos
instalados e mais de 50% do total de TUPs (Tabela 5).

(ANEXO 1) Tabela 5 – Evolução das localidades atendidas, acessos e TUP por


região

Localidades 2007 2008 2009 2010 fev/11 %


Região I 23.661 25.247 25.807 26.397 26.481 69,1
Região II 9.796 9.302 9.295 9.357 9.358 24,4
Região III 2.368 2.399 2.441 2.456 2.459 6,4
Total 35.825 36.948 37.543 38.210 38.298 100,0
Acessos Acessos
instalados % em serviço % TUP %
Região I 18.567.433 42,2 13.103.688 41,2 573.528 52,1
Região II 10.691.013 24,3 7.334.285 23,1 271.699 24,7
Região II 14.701.318 33,4 11.356.399 35,7 255.958 23,2
Total 43.959.764 100,0 31.794.372 100,0 1.101.185 100,0
Fonte. Dados Teleco, disponível em: http://www.teleco.com.br/ntfix_hist.asp. Último acesso em 14/03/2011.
Elaboração: LCA.

A Região III (São Paulo), apesar de concentrar apenas 6,4% do total das localidades
atendidas (2.459), é responsável por 33,4% do total de acessos instalados, 35,7% do
total em serviço e 23% do total de TUPs.

Estes números se refletem na densidade de acesso das regiões. A Região I, por incorporar
um número maior e mais diverso de unidades da federação (em termos de distribuição e
densidade demográfica), conta com 12,56 acessos a cada 100 habitantes. O estado de
São Paulo (Região III), por sua vez, garante a liderança neste critério com 27,53 acessos
em serviço por 100 habitantes, superando os números da Região II, que engloba boa parte
dos estados do Centro-Oeste e todos os estados do Sul brasileiro (Tabela 6).

CONFIDENCIAL - p. 173
(ANEXO 1) Tabela 6 – Atendimento, TUP e densidade de acesso por região e por UF
(fevereiro, 2011)
Região I Região II

Densidade Densidade
Estado Em serviço Instalados TUP Localidades (acesso em Estado Em serviço Instalados TUP Localidades (acesso em
serviço/100 serviço/100
hab) hab)
RJ 4.266.891 5.919.807 92.418 862 26,68 AC 63.354 100.828 3.750 121 8,65
ES 513.292 769.272 19.740 608 14,61 MT 378.106 543.989 17.618 751 12,46
MG 3.202.469 4.253.045 112.469 3.613 16,34 RO 163.328 251.065 9.142 203 10,47
BA 1.377.704 1.991.101 71.418 4.675 9,83 MS 334.704 477.329 14.137 389 13,67
SE 174.520 261.593 10.806 856 8,44 GO 892.637 1.250.081 41.052 719 14,87
AL 187.697 308.414 16.056 995 6,01 TO 130.802 175.552 8.693 494 9,45
PE 822.003 1.224.760 47.981 1.457 9,35 DF 548.393 890.856 18.253 22 21,40
PB 248.672 426.604 20.241 1.172 6,60 RS 1.766.429 2.618.171 60.757 1.873 16,52
RN 266.470 407.138 18.539 1.275 8,41 SC 1.258.788 1.631.420 35.842 2.054 20,14
CE 624.562 905.266 50.252 3.920 7,39 PR 1.797.744 2.751.722 62.455 2.732 17,22
PI 206.092 283.894 18.521 1.270 6,61 Total 7.334.285 10.691.013 271.699 9.358 16,26
MA 371.913 546.864 33.069 2.863 5,66 Região III
PA 473.919 682.793 37.517 1.826 6,25 Densidade
AP 55.765 74.575 3.813 152 8,34 (acesso em
AM 269.186 450.882 17.916 787 7,73 Estado Em serviço Instalados TUP Localidades serviço/100
hab)
RR 42.533 61.425 2.772 150 9,43
Total 13.103.688 18.567.433 573.528 26.481 12,56 SP 11.356.399 14.701.318 255.958 2.459 27,53
Total 11.356.399 14.701.318 255.958 2.459 27,53
Fonte: Dados IBGE e Teleco, disponível em: http://www.teleco.com.br/ntfixc_uf.asp. Último acesso em 14/03/
2011. Elaboração: LCA.

Em 2010, verifica-se que em todos os municípios há a oferta de STFC e,


consequentemente, 100% da população também está contemplada com essa oferta. Isso
porque esse critério considera que basta uma pessoa estar atendida pelo STFC para que
todo o município também esteja (Tabela 7).

(ANEXO 1) Tabela 7 – Municípios e população atendida por faixa demográfica


(dezembro/2010)
População
FAIXAS DEMOGRÁFICAS Municípios
% (milhares) % O histórico de investimentos no setor
Até 10 mil 2.550 100 13.485 100 de telefonia fixa é ratificado pela ampla
10 a 30 mil 1.560 100 33.862 100
30 a 50 mil 469 100 17.783 100 cobertura do serviço, disponibilidade
50 a 100 mil 316 100 22.177 100 que atinge todos os municípios e
100 a 500 mil 233 100 46.823 100 para todas as faixas demográficas
500 mil a 1 milhão 26 100 17.884 100
mais de 1 milhão 14 100 39.459 100 ao final de 2010.
Total 5.564 100 191.473 100

Fonte: Fonte: Dados Telebrasil, disponível em: http://www.telebrasil.org.br/ saiba-mais/Temporais_4T10_


mar_24_2011.pdf e Teleco. Último acesso em 25/03/2011. Elaboração: LCA.

A tabela 8 abaixo sumariza os principais dados de atendimento das concessionárias em


fevereiro de 2011, incluindo participação de mercado, número de municípios e
localidades atendidas, número de acessos instalados e em serviço e o número de TUPs
disponíveis à população.

CONFIDENCIAL - p. 174
(ANEXO 1) Tabela 8 – Quadro sumário de atendimento, por concessionária
(fevereiro/2011)
Acessos Municípios Localidade Acessos (%)
Operadoras Municípios Localidades TUP TUP (%)
Instalados Em Serviço (%) s (%) InstaladosEm Serviço
Oi (BrT + T 4.853 34.313 28.423.766 19.815.459 825.231 87,2 89,6 64,7 62,3 74,9
Telemar 2.995 25.351 17.972.508 12.676.530 559.325 53,8 66,2 40,9 39,9 50,8
BrT 1.858 8.962 10.451.258 7.138.929 265.906 33,4 23,4 23,8 22,5 24,1
Telefonica 622 2.423 14.464.581 11.193.688 250.524 11,2 6,3 32,9 35,2 22,8
CTBC 87 270 884.568 621.819 19.865 1,6 0,7 2,0 2,0 1,8
Sercomtel 2 15 185.336 161.893 4.052 0,0 0,0 0,4 0,5 0,4
Embratel 425 1.399 1.513 1.513 1.513 7,6 3,7 0,0 0,0 0,1
Total 5.564 38.298 43.959.764 31.794.372 1.101.185 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0

Fonte: Dados Teleco, disponível em: http://www.teleco.com.br/mshare_fix.asp. Último acesso em 14/03/2011.


Elaboração: LCA.

CONFIDENCIAL - p. 175
ANEXO 2: TV por assinatura no Brasil

O Serviço de TV por Assinatura é um segmento das telecomunicações de massa122


fundado na veiculação de sinais de vídeo e/ou áudio a assinantes, a partir de suportes
tecnológicos variados. Cada suporte tecnológico está associado, por sua vez, à dotação
de uma infraestrutura apropriada (meio de distribuição) e a uma outorga específica por
parte da ANATEL.

A Figura 1 ilustra o funcionamento de cada sistema de TV por assinatura, que são


descritos da seguinte forma:

ƒ TV a Cabo: neste caso, o sinal de TV é formado por um somatório de sinais de


programadores enviados pelos centros de uplink via satélite. Em seguida, este é
captado na central de recepção, processamento, geração e retransmissão do sinal
para os assinantes (headend) e transmitido até a rede domiciliar ou empresarial
através de uma rede de fibras ópticas e cabos coaxiais. Os terminais necessitam de
um aparelho conversor, decodificador ou terminal com capacidade de decodificação
própria (cable-ready), que convertem, decodificam e adéquam o sinal para
frequências compatíveis com o dispositivo exibidor.

Essa tecnologia apresenta o maior custo de instalação por domicílio entre as


alternativas tecnológicas (tanto pelo percurso de transmissão como pelo custo de
infraestrutura, expansão e manutenção da rede), o que restringe a disponibilidade do
serviço aos grandes centros urbanos. Em contrapartida, uma vez instalada, a rede
viabiliza a exploração do meio para outros fins econômicos, como é o caso do acesso
à Internet banda larga e serviços telefônicos. Para tanto, porém, faz-se necessário o
emprego de tecnologia bidirecional, capaz tanto de receber como de transmitir
informações e dados ao headend.

122 Cabe diferenciar o serviço tradicional de radiodifusão, entendido como o serviço de comunicação eletrônica
de massa, público, gratuito, prestado diretamente pelo Estado ou delegado à exploração privada, dos serviços
de TV por assinatura (Cabo, MMDS e DTH), que também são serviços de comunicação eletrônica de massa,
porém enquadram-se exclusivamente entre os serviços de telecomunicações prestados no regime privado.
Além de não possuírem obrigação de universalização, são oferecidos mediante assinatura de contrato para
veiculação da programação que tiver sido previamente estabelecida pela operadora com os produtores.

CONFIDENCIAL - p. 176
ƒ MMDS: de forma similar à transmissão de TV aberta, utiliza uma faixa específica de
radiofrequências. Esta faixa (de micro-ondas, entre 2500 a 2680 MHz), por ser
elevada, limita o alcance da difusão do sinal a partir da antena de 30 a 50 km. O sinal
(programação) do uplink/satélite é convertido em ondas de UHF, que são transmitidas
até as antenas receptoras dos domicílios e empresas. Para ser exibido nos pontos
terminais, o sinal precisa ainda ser decodificado por um dispositivo apropriado. Cabe
lembrar que, comparativamente ao cabo, o MMDS provê um número menor de
canais, graças à largura estreita do espectro de radiofrequências disponível à
transmissão.

ƒ DTH: ao contrário dos anteriores, o downlink é realizado diretamente do satélite para


os assinantes, exigindo tão somente uma antena parabólica e um decodificador
atrelado ao aparelho exibidor. Isso possibilita não só uma cobertura maior que as
tecnologias anteriores (nacional ou mesmo continental), mas também um custo
reduzido de instalação/manutenção e uma maior capacidade de transmissão de
canais. Cabe ressaltar, entretanto, que a necessidade de aluguel de satélite e a
montagem da rede de distribuição e varejo (quase sempre alvo de terceirização pelas
operadoras) constituem obstáculos à expansão dos serviços sob esta modalidade.

ƒ TVA (UHF): emprega tecnologia de transmissão de sinal similar à da televisão aberta,


explorando sua codificação em um único canal UHF (Ultra High Frequency), de 14 a
69. Sua decodificação é realizada após captação do sinal por antena de UHF, e
posteriormente decodificado para exibição. No Brasil, o modelo foi promovido em
1988 para distribuir sons e imagens para assinantes com sinais codificados. Seu
modelo não foi bem sucedido, uma vez que seu sinal coincidia com a frequência de
sinais transmitidos pela TV aberta. Com efeito, foi permitido que esta modalidade de
TV passasse a transmitir parte de sua programação abertamente, passando de 25%,
originalmente, para 45% desde 2003.

CONFIDENCIAL - p. 177
(ANEXO 2) Figura 1 – Sistemas de TV por assinatura

Sistema de TV a CABO (TVC)


satélite              (fibras ópticas e cabos coaxiais)

uplink 
center               

downlink    headend              

                        fibra óptica       cabo coaxial

Sistema de MMDS (micro-ondas)


satélite             

uplink 
center               

downlink    headend              

satélite  Sistema DHT (satélite)


downlink          

uplink 
center               

Elaboração: LCA

A quantidade de assinantes de TV por assinatura passou de 3,4 milhões, em 2000, para


mais de 9,7 milhões de assinantes em 2010. Quando se observa a evolução da
quantidade de assinantes por tecnologia, ilustrada pelo Gráfico 1, verifica-se que a
modalidade DTH foi a que apresentou a maior taxa de crescimento, com 253%, seguido
por TVC com 162%. A tecnologia MMDS permaneceu estável no período, conservando
algo em torno de 300 mil assinantes ao longo da década. Por fim, a tecnologia TVA, que
já chegou a ter 24 mil assinantes, terminou 2010 com apenas 544 assinantes.

O serviço de TV por assinatura, notadamente pela tecnologia a cabo, apresentou


crescimento muito modesto de assinantes nos últimos anos. No final de 2010, a
densidade de TV por assinatura no Brasil atingia a tímida marca de 5,0 por 100

CONFIDENCIAL - p. 178
habitantes. Esse tema ensejou um trabalho técnico elaborado pela LCA com vistas a
avaliar a prática de outorga de concessão para a prestação do serviço de TV a cabo no
Brasil. Por ocasião desse trabalho, verificou-se que em dezembro de 2009 o Brasil
contava com apenas 7,5 milhões de usuários de TV por assinatura. Em fevereiro de
2011, esse valor passou para pouco mais de 10 milhões de usuários, número ainda
demasiadamente tímido diante do potencial de demanda do mercado brasileiro.

(ANEXO 2) Gráfico 1 – Evolução do Mercado de TV por Assinatura – assinaturas


por tipo de tecnologia

12.000.000

10.000.000

8.000.000
TOTAL
TVC
6.000.000
DHT
MMDS
4.000.000
TVA

2.000.000

0
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Fonte: Dados Telebrasil, disponível em: http://www.telebrasil.org.br/saiba-mais/Temporais_4T10_mar_


24_2011.pdf; Último acesso em 25/03/2011. Elaboração: LCA

O Gráfico 2 apresenta a distribuição dos assinantes do serviço de TV por assinatura por


tecnologias: ao final de 2010, 51,8% dos assinantes de TV por assinatura utilizam a
tecnologia de TV a cabo e 44,9% utilizam a tecnologia DTH.

CONFIDENCIAL - p. 179
(ANEXO 2) Gráfico 2 – Distribuição dos assinantes de TV por assinatura por
tecnologia

MMDS
3%

DTH TVC
46% 51%

Fonte: Dados Telebrasil, disponível em: http://www.telebrasil.org.br/saiba-mais/Temporais_4T10_mar_24


_2011.pdf; Último acesso em 25/03/2011. Elaboração: LCA.

Apesar do crescimento do número de assinantes, apenas 8,4% dos municípios brasileiros


apresentam disponibilidade do serviço de TV por assinatura via cabo e/ou MMDS. Além
disso, observam-se grandes disparidades em relação à cobertura municipal entre os
Estados. Enquanto 26,4% dos municípios do Estado do Rio de Janeiro contam com
atendimento de TV por assinatura, para o Estado do Rio Grande do Sul esse índice de
cobertura é de apenas 6,6%. Desta forma, a Figura 2 ilustra a distribuição dos municípios
atendidos com TV por assinatura, por tecnologia.

CONFIDENCIAL - p. 180
(ANEXO 2) Figura 2 – Municípios que dispõe de TV por assinatura, por tipo de
tecnologia

TV a cabo
MMDS*
TV a cabo + MMDS

Fonte: ANATEL, base set/10. Disponível no “Atlas Brasileiro de Telecomunicações 2011”. Elaboração: LCA.
*Inclui municípios adjacentes à rede da operação. Obs.: não foram consideradas as operações de DTH, por
cobrirem virtualmente todo o território.

A expectativa é que os novos regulamentos atualmente em consulta pública na ANATEL


(CP nos 31, 32 e 33) e a aprovação do PLC 116 devem ampliar a oferta de TV por
assinatura no Brasil, situação condizente com a evolução do mercado e a tendência
convergente dos serviços de telecomunicações, o que gera efeitos positivos em outros
serviços, inclusive banda larga.

CONFIDENCIAL - p. 181
ANEXO 3: Características principais do SMP
no Brasil

O SMP emprega o espectro de radiofrequência para a mediação e transmissão de voz e


dados entre dispositivos e bases móveis, estações e centrais telefônicas. Para funcionar
plenamente em rede (integrado a outros serviços, como STFC), o sistema de telefonia
móvel depende da operação e intercâmbio entre três componentes:

ƒ Estação móvel (unidade móvel do assinante/usuário): formada por um


transceptor portátil de voz e dados, desenvolvido para comunicar-se com os
rádios das estações base em qualquer dos canais alocados

ƒ Estação de Rádio-Base (ERB): responsável pela operação e intermediação das


chamadas vindas das unidades móveis localizados em cada uma das células ou
destinadas às essas unidades móveis. Constituem o elo entre dispositivos móveis
e a Central de Comutação e Controle (CCC), com a qual se comunica via ligações
terrestres (wired) ou via rádio (wireless)

ƒ Central de Comutação e Controle (CCC): interliga um conjunto de células


(ERBs), além de prover interligação com a rede do STFC. Desempenha funções
de gerenciamento e controle dos equipamentos da base e de conexões; suporte a
múltiplas tecnologias de acesso; provisão de registros de assinantes locais;
provisão de registros de assinantes visitantes; suporte a conexões entre sistemas;
suporte de funções de processamento de chamadas e funções necessárias à
tarifação de serviços

A Figura 1 ilustra o funcionamento da rede de comunicação móvel.

CONFIDENCIAL - p. 182
(ANEXO 3) Figura 1 – Rede de comunicação móvel

 
Funcionamento de Rede de Comunicação Móvel (Celular)

ERB 
 
STFC 
 
 

   
CCC 
ERB  ERB 

ERB  ERB
Elaboração: LCA.

O conceito de cobertura está associado à área geográfica inscrita nas células atendidas
pelo sistema, cada qual depositária de uma ERB e de uma antena transceptora, através
da qual se dá o envio, recepção e distribuição do sinal de telefonia móvel. Cada estação
se vincula a um CCC que monitora as funções globais da rede, incluindo a tarifação do
serviço.

Cabe lembrar, ainda, que conceito de cobertura depende tanto de aspectos técnicos,
definidos pela potência de transmissão, altura, ganho e localização da antena, como
aspectos geográficos e de organização urbana, tais como presença de montanhas e
elevações, túneis, densidade da vegetação, prédios etc. Por conseguinte, as
características técnicas de tráfego e cobertura podem ser variáveis, mesmo entre regiões
atendidas por uma mesma operadora.

Como a cobertura se dá mediante gestão das bandas de radiofrequência disponíveis, sua


alocação eficiente é um dos pontos fundamentais para a operação da rede móvel,
aumento de sua capacidade, abrangência e redução de interferências. Para tanto, a
ANATEL é responsável pela organização da numeração, agrupamento e destinação das
bandas e grupos de frequência às prestadoras de SMP. Dadas as limitações em termos
de espectro disponível e a necessidade de expandir espacialmente a cobertura,
emprega-se um mecanismo de reúso das radiofrequências, através do qual se destina

CONFIDENCIAL - p. 183
para cada ERB um grupo de canais de radiofrequência distinto das células contíguas. Ao
se locomover entre células, o terminal móvel tem sua comunicação transferida de uma
ERB para outra. O método, conhecido como handoff (ou handover) é realizado pela CCC
e tem como finalidade manter a continuidade da chamada em movimento.

(ANEXO 3) Figura 2– Reúso de Frequências e clusters

1  5  6 3 2 7

2 7  4 1 5 6 3 

6  3  2 7 4 1 5 

4 1  5 6 3 2 7 

Elaboração: LCA.

Com isso, ao passo que se evita problemas de interferência, abre-se a possibilidade da


utilização do mesmo canal por usuários de diferentes áreas geográficas. Esse isolamento
dos canais em clusters (Figura 2) colabora tanto para que a interferência se mantenha
em níveis aceitáveis como para estender a capacidade de terminais operando
simultaneamente.

A função roaming, diferentemente, confere uma mobilidade ao terminal para além da


sua área de controle, onde é filiado, estendendo-a a outras regiões do mesmo país ou até
de países diferentes. A continuidade da chamada, neste caso, está vinculada ao
deslocamento de uma área de serviço de uma CCC para outra, realizada de forma
automática ou pela operadora.

O progresso tecnológico (Figura 3) também colabora como elemento dinamizador do


setor. As tecnologias de primeira geração de comunicação móvel foram implantadas na
década de 80, com serviço analógico (AMPS – Advanced Mobile Phone System). Seguiu-
se a disseminação de tecnologias de segunda geração (ou “2G”), tais como o TDMA
(Time Division Multiple Access) e o CDMA (Code Division Multiple Access) e finalmente o
GSM (Global System for Mobile Communications). A partir de 2008, a destinação de
novas frequências tem se mostrado favorável à expansão de novas tecnologias, como o
WCDMA (Wideband Code Division Multiple Access) e o CDMA 2000 – estes, entretanto,

CONFIDENCIAL - p. 184
são mais voltados para comunicação de dados (banda larga móvel) e serão tratados com
mais detalhes no ANEXO 4.

(ANEXO 3) Figura 3 – Evolução das famílias tecnológicas de acesso móvel

Fonte: Teleco.

Tal como explicita o estudo produzido pela SEAE (2002)123, as tecnologias apresentam
diferenciais em termos de níveis de segurança, capacidade de tráfego e alcance. A título
de exemplo, as tecnologias mais modernas empregadas pelo SMP (como GSM), operam
em uma faixa de frequência superior àquelas empregadas pelos sistemas anteriores
(CDMA e TDMA), o que lhes permite não só reduzir problemas de interferência e fraudes,
mas também arcar com um volume maior de informações e de oferta de serviços
(incluindo transmissão de voz e dados).

Em termos regulatórios, a exploração privada do serviço público de telefonia móvel é


inaugurada em 1988, a partir do Decreto n.º. 96.618, de 31 de agosto. Em 1996, é
instituído o Serviço Móvel Celular (SMC), que confere à ANATEL a responsabilidade pela
normatização do serviço de telefonia móvel, mesmo ano em que são aprovadas as
condições gerais para prestação do serviço, via Norma Geral de Telecomunicações NGT
N.º. 20/96. Anos mais tarde, em 1999, a ANATEL passa a estipular indicadores de metas
de qualidade às prestadoras, mediante assinatura de Protocolo de Compromisso de
Acompanhamento de Prestação do Serviço Móvel Celular.

A partir do fim do Sistema Telebrás, o Brasil foi dividido em áreas, para as quais foram
destinadas duas faixas de frequência para exploração do serviço (Bandas A e B), de
sorte a estimular a concorrência entre empresas remanescentes do Sistema (banda A,

123 SEAE (2002), “O Modelo Brasileiro de Telecomunicações: Aspectos Concorrenciais e Regulatórios”.


Disponível em: http://www.seae.fazenda.gov.br/central_documentos/documento_trabalho/2002-1/doctrab
18.pdf (29/06/2010).

CONFIDENCIAL - p. 185
posteriormente privatizadas) e empresas entrantes (banda B, com contratos assinados
mediante licitação ocorrida entre 1997 e 1998).

Em 2000, a ANATEL inicia a implantação de um novo arcabouço regulatório para o


segmento. O novo conjunto de normas para a telefonia móvel, chamado agora de Serviço
Móvel Pessoal (SMP), é conduzido pela ANATEL desde setembro do mesmo ano,
processo que culmina na aprovação do Edital de Licitação do SMP, por força do Ato nº
13.140, de 24 de novembro de 2000. Em termos gerais, o edital da ANATEL previu a
licitação de três regiões geográficas (I, II e III), compatíveis com as regiões de exploração
do STFC, disponibilização de três novas faixas de frequência para prestação de serviços
(C, D e E) e adaptação dos instrumentos de outorga das prestadoras das bandas A e B ao
novo regime.

O processo licitatório tem início no ano seguinte, concluído ao final de 2002, com a venda
das últimas licenças das bandas D e E. As áreas de prestação do SMP foram agrupadas
da seguinte maneira:

a) região I (áreas 3, 4, 8, 9 e 10);

b) região II (áreas 5, 6 e 7) e

c) região III (áreas 1 e 2).

A Figura 4 ilustra este agrupamento das áreas (SMC) nas regiões geográficas I, II e III
(SMP).

(ANEXO 3) Figura 4 – Correspondência entre áreas (SMC) e regiões (SMP)

Fonte: Teleco.

CONFIDENCIAL - p. 186
Segundo Quintella e Costa (2009)124, as 34 normas e regulamentos pertinentes às
alterações regulatórias na exploração do serviço de telefonia móvel podem ser agrupadas
em três tipos de documentos:
a) Referentes ao Regulamento do SMP (Resoluções nº. 245/2000 e nº. 316/2002),
que substitui e atualização a regulamentação existente (SMC);

b) Referentes ao Plano Geral de Autorizações (Resoluções nº. 248/2000,


nº. 268/2001, nº. 321/2002 e nº. 466/2007), estabelecendo novas regras de licença
de exploração, novas faixas de frequência (C, D e E), participação de grupos
controladores já estabelecidos no mercado, redefinição das áreas geográficas,
possibilidade de escolha de código da prestadora (CSP) para chamadas de longa
distância (interurbanas e internacionais) e a exploração dos serviços de telefonia
fixa de longa distância pelas operadoras móveis;

c) Referentes ao Plano Geral de Metas de Qualidade (nº. 307/2002), contendo


alterações no que se refere aos indicadores de qualidade para a prestação do
serviço móvel (em relação ao SMC).

A. Estrutura da oferta
O mercado brasileiro de telefonia móvel (SMP) conta com 4 players principais – VIVO,
Claro, TIM e Oi/BrT – que atuam em praticamente todo o território nacional e respondem
por mais de 90% do número de acessos no país. O mercado acomoda ainda alguns
competidores de menor porte, com atuações regionalizadas, além da Nextel, atuante no
SME (Serviço Móvel Especializado)125.

Em termos competitivos, nota-se que a diferença entre as participações das quatro


principais operadoras tem se estreitado nos últimos seis anos (Gráfico 1).

124 “O setor de telefonia móvel do Brasil após o SMP: as estratégias das operadoras e a convergência fixa-
móvel”. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rap/v43n1/a07v43n1.pdf. Acesso em 3 de março de 2011.

125 O mercado de SME, que terminou o ano de 2010 com 3,337 milhões de acessos, está fora do escopo
deste trabalho.

CONFIDENCIAL - p. 187
(ANEXO 3) Gráfico 1 – Evolução do market share (%) no mercado do SMP (Brasil)

50

45

40

35
29,65
30
25,46
25
25,26
20
19,28
VIVO
15
CLARO
10 TIM

5 OI
CTBC
0
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 jan/11

Fonte: Dados ANATEL, disponível em: http://sistemas.anatel.gov.br/SMP/Administracao/Consulta/Participac


aoMercado/tela.asp?SISQSmodulo=17862. Último acesso em 14/03/2011. Elaboração: LCA.

A Tabela 1 mapeia o atual cenário de presença SMP, indicando a região de atuação de


cada um dos players e as respectivas bandas do espectro de radiofrequência licitadas126.

(ANEXO 3) Tabela 1 – Distribuição dos players e bandas de telefonia móvel por


região e área

VIVO OI/BrT TIM CLARO CTBC UNICEL SERCOMTEL OPTIONS AMERICEL

Região I (SMP)
Área 3 A -J - L D - F - SE E - G - SE B - I - SE - - - - -
Área 4 A -E -J -SE D - I - SE B - G - SE E - F - SE A - G - SE - - - -
Área 8 B-J D - I - SE E - F -SE L - G - SE - - - - -
Área 9 A -J -L D - F - SE B - G - SE E - I - SE - - - - -
Área 10 J-L D - I - SE A - G - SE B - F - SE - - - - -
Região II (SMP)
D-G-I-
Área 5 B-J-L E - F - SE A - D - I - SE - - A - SE - -
L - SE
Área 6 A-J-L E - F - SE A - D - I - SE B - G - SE - - - - -
Área 7 A-J-L E - F - SE D - I - G - SE - A - I - SE - - M B - F - G - SE
Região III (SMP)
Área 1 A -J - L M - I - SE D - F - SE B - G - SE - E - SE - - -
Área 2 A -J - L E - I - SE D - I - G - SE B - F - SE A - G - SE - - - -
Fonte: Dados ANATEL, disponível em: http://www.anatel.gov.br/Portal/verificaDocumentos/documento.asp?
numeroPublicacao=228549&assuntoPublicacao=Mapa%20do%20Novo%20Cenário%20do%20SMP%20&ca
minhoRel=Cidadao-Telefonia%20Móvel-Dados%20do%20SMP&filtro=1&documentoPath=228549.pdf. Último
acesso em 14/03/2011. Elaboração: LCA. Nota: não inclui Nextel, vencedora da licitação da banda (3G).

O Gráfico 2 apresenta as participações de mercado, por região SMP127:

126
Segundo informa a Teleco, as frequências atualmente licitadas e alocadas incluem as bandas de 850
MHz (antigas bandas A e B); 900 MHz, bandas de extensão utilizadas pelo GSM; 1700 e 1800 MHz
(bandas D, E e subfaixas de extensão utilizadas pelo GSM); 1900 e 2100 MHZ destinadas na sua maior
parte para sistemas 3G.

CONFIDENCIAL - p. 188
(ANEXO 3) Gráfico 2 – Market share (%) nacional e regional do SMP (janeiro/11)
40

35 34,0
30,8
28,8 29,7
30 28,3
26,9 26,5 25,5
25,1 25,3
25 23,8 22,9
22,3 VIVO
19,3 CLARO
20
15,1 14,6 TIM
15
OI

10

5
0,51 0,21 0,19 0,35
-
Região I Região II Região III Brasil
Fonte: Dados ANATEL, disponível em: http://sistemas.anatel.gov.br/SMP/Administracao/Consulta/Participa
caoMercado/tela.asp?SISQSmodulo=17862 e Teleco, disponível em: http://www.teleco.com.br/mshare.asp.
Último acesso em 14/03/2011. Elaboração: LCA.

Em termos de concentração de mercado, o SMP brasileiro apresenta um dos índices


mais baixos do mundo128. Além disso, a trajetória do HHI, tanto do Brasil como das
Regiões I, II e III, apresentam trajetória declinante ao longo do tempo (Gráfico 3), o
que nos permite avaliar os progressos do mercado SMP em termos de rivalidade e de
pulverização do market share entre os principais players. O fenômeno é ainda mais
patente em termos regionais: a região III (São Paulo) parte de um HHI de 5232 em 1999
para atingir 2635 em janeiro de 2011, uma queda de 50%. As demais regiões
apresentam trajetórias similares, convergindo para patamar similar ao de 2500 pontos.

(ANEXO 3) Gráfico 3 – Evolução do HHI do mercado de SMP (Brasil e Regiões)


5.800 Regiao I

5.300 Regiao II
Região III
4.800
Brasil
4.300

3.800

3.300

2.800

2.300

1.800
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 jan/11
Fonte: Dados ANATEL, disponível em: http://sistemas.anatel.gov.br/SMP/Administracao/Consulta/Par

127
O PGA-SMP estipulou que as regiões do SMP concentrariam áreas do antigo SMC (Sistema Móvel
Celular) com distribuição geográfica regional equivalente à do PGO do STFC.

128 Ver seção (C), sobre “Desempenho do Mercado”.

CONFIDENCIAL - p. 189
ticipacaoMercado/tela.asp?SISQSmodulo=17862 e Teleco, disponível em: http://www.teleco.com.br/
mshare.asp. Último acesso em 14/03/2011. Elaboração: LCA.

A rápida expansão da tecnologia GSM – que se iniciou em 2002 e em 2008 já alcançava


o patamar de 90% do total da planta de aparelhos móveis, substituindo e superando as
tecnologias TDMA e CDMA. O Gráfico 4 ilustra a expansão do GSM e a substituição das
tecnologias anteriores. A partir de 2008, a forte expansão da tecnologia 3G impõe novos
esforços tecnológicos para as empresas que atuam no setor. Ainda que a tecnologia 3G
coexista com a GSM, a primeira tende a ser cada vez mais preferível por garantir maior
capacidade de rede (melhor eficiência espectral), além de possibilitar a oferta de uma
gama mais ampla de serviços, como banda larga móvel e vídeo-telefonia129.

(ANEXO 3) Gráfico 4 – Evolução do market share (%) de Tecnologias do SMP no


Brasil

100
90
87,07
80
70
60
50
40
30
20
10
0
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 jan/11
WCDMA CDMA 2000 GSM CDMA TDMA Term. Dados

Fonte: Dados ANATEL, disponível em: http://sistemas.anatel. gov.br/SMP/Administracao/Consulta/Par


ticipacaoMercado/tela.asp?SISQSmodulo=17862 e Teleco, disponível em: http://www.teleco.com.br/msha
re.asp. Último acesso em 14/03/2011. Elaboração: LCA.

129 A participação de aparelhos habilitados em Wideband Code Division Multiple Acess (WCDMA) e
terminais de dados é tratada no ANEXO 4, relativo ao serviço de banda larga.

CONFIDENCIAL - p. 190
Em termos dos diferentes planos de acesso, a oferta do SMP apresenta aos
consumidores as opções de planos pós-pagos (em geral, com mensalidades fixas e um
componente adicional, variável com o uso) e planos pré-pagos (em que o usuário efetua
carregamentos que lhe permitem efetuar chamadas).

Os acessos que predominam no Brasil são na modalidade pré-paga, como é possível


verificar tanto pela análise do total Brasil, quanto pelos acessos segmentados por
operadora. (Gráficos 5 e 6).

(ANEXO 3) Gráfico 5 – Participação de acessos pré e pós-pagos no total de acessos


(%)
100
A maior parte da oferta de
90 82,32
acesso do SMP é realizada
80
70 através da modalidade pré-
60 paga, que assumiu
50 rapidamente a liderança do
40 mercado SMP em 2000 e
30
desde 2004, consolidou-se
20
em 80% do total de
10
17,68 aparelhos móveis.
-
jan/11
1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

Pré-pagos (%) Pós-Pagos (%)

Fonte: Dados Telebrasil, disponível em: http://www.telebrasil.org.br/saiba-mais/Temporais_4T10_mar_


24_2011.pdf; Último acesso em 25/03/2011 e Teleco, disponível em: http://www.teleco.com.br/ncel.asp.
Último acesso em 14/03/2011. Elaboração: LCA.

(ANEXO 3) Gráfico 6 – Participação de acessos pré-pagos na oferta de cada


operadora (%)

100 100,0

95

90
86,9
85 85,5

80 80,0
78,9
75 74,6

70

65 65,1

60
2007 2008 2009 2010 jan/11

Vivo CLARO TIM OI CTBC SERCOMTEL UNICEL

CONFIDENCIAL - p. 191
Fonte: Dados Teleco, disponível em: http://www.teleco.com.br/opcelular.asp. Último acesso em 14/03/2011.
Elaboração: LCA.

Em termos de cobertura, desde o início de 2001, com as licitações das bandas D e E –


dedicadas à tecnologia GSM –, as principais empresas de SMP do Brasil têm atuação
disseminada por quase todas as regiões do país, fazendo com que mais de 85,3% dos
usuários de SMP tenham pelo menos três operadoras à disposição (Tabela 2). A
concorrência se acirrou ainda mais com a expansão das outorgas ocorrida em 2007, com
as licitações das bandas F, G, H, I e J, dedicadas à tecnologia 3G. Ao final de 2010, a
Nextel (atuante no SME) venceu a licitação da banda H para oferta de serviços 3G e
deve ampliar ainda mais o número de opções para telefonia móvel no país.

(ANEXO 3) Tabela 2 – População atendida pelo SMP, por número de prestadoras

% 2007 2008 2009 2010 fev/11 A expansão da


atendida 91,50 93,90 97,00 99,60 99,50
cobertura do SMP
por 1 prestadora 4,40 4,50 7,30 9,20 9,30
esteve alinhada ao
por 2 prestadoras 3,80 4,30 4,80 4,70 5,00
por 3 prestadoras 40,00 8,50 6,30 7,20 7,60 aumento no número
por 4 prestadoras 43,40 66,60 69,40 64,10 68,40 de prestadoras
por 5 prestadoras - 10,10 9,20 14,30 9,30 disponíveis às
não atendida 8,50 6,10 3,00 0,40 0,50 populações atendidas.

Fonte: Dados Teleco, disponível em: http://www.teleco.com.br/cobertura.asp. Último acesso em 14/03/2011.


Elaboração: LCA.

Em termos de municípios atendidos, apenas 2,8% do total permanecem sem


atendimento, enquanto mais de 47% deles são servidos por três ou mais operadoras.
(Tabela 3).

(ANEXO 3) Tabela 3 – Municípios atendidos pelo SMP, por número de prestadoras.

% 2007 2008 2009 2010 fev/11


atendido 65,40 75,50 86,30 97,20 97,20 Municípios servidos
por 1 prestadora 15,30 19,50 29,40 38,10 38,20 por apenas uma
por 2 prestadoras 9,10 10,20 11,30 11,90 12,10 prestadora (38,20%)
por 3 prestadoras 18,90 15,20 13,40 11,40 11,60
concentram menos de
por 4 prestadoras 22,00 29,70 31,20 33,60 34,20
10% do total da
por 5 prestadoras - 0,90 1,10 2,20 1,20
não atendido 34,60 24,50 13,70 2,80 2,80 população.

Fonte: Dados Teleco, disponível em: http://www.teleco.com.br/cobertura.asp. Último acesso em 14/03/2011.


Elaboração: LCA.

CONFIDENCIAL - p. 192
Para acompanhar o processo de expansão da cobertura, os investimentos em
Estações Rádio-Base (ERBs) foram significativos no período, atingindo o patamar de
49,7 mil unidades instaladas em todo o território nacional, segundo dados da ANATEL.
(Gráfico 7).

(ANEXO 3) Gráfico 7 – Número de Estações Rádio-Base instaladas (em milhares)


55
49,6 49,7
50 46,2
A rápida expansão dos
45 42,7 ERBs foi fundamental
40 36,0
para disponibilizar acesso
33,2 a 99,5% da população e
35 31,0
30 cobrir mais de 97% do
24,5
25 total de municípios com
20,5
20 17,2 serviços móveis.
15
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 fev/11

Fonte: Dados ANATEL, disponível em: http://sistemas.anatel.gov.br/SMP/Administracao/Consulta/Tecnologia


ERBs/tela.asp?SISQSmodulo=18314. Último acesso em 14/03/2011. Elaboração: LCA.

A distribuição de ERBs e as respectivas coberturas em termos de municípios e população


são resumidas na Tabela 4 abaixo, para o mês de fevereiro de 2011.

CONFIDENCIAL - p. 193
(ANEXO 3) Tabela 4 – Número de ERB e cobertura correspondente por UF
(fevereiro/11)
Nº Cobertura correspondente
ERBs Nº % %
SMP SMC Estado
Municípios Municípios População
Rio de Janeiro 4.774 92 100,00% 100,00%
3
Espírito Santo 1.107 78 100,00% 100,00%
4 Minas Gerais 5.743 852 99,88% 99,05%
Amazonas 641 62 100,00% 100,00%
Roraima 78 15 100,00% 100,00%
8 Pará 1.163 143 100,00% 100,00%
Amapá 119 16 100,00% 100,00%
Maranhão 740 217 100,00% 99,63%
I Bahia 2.173 414 99,28% 99,57%
9
Sergipe 441 73 97,33% 99,48%
Piauí 567 223 100,00% 99,88%
Ceará 1.464 184 100,00% 99,87%
Rio Grande do Norte 763 166 99,40% 99,81%
10
Paraíba 793 222 99,55% 99,78%
Pernambuco 1.792 184 99,46% 99,73%
Alagoas 685 102 100,00% 100,00%
Paraná 3.182 399 100,00% 99,55%
5
Santa Catarina 2.115 293 100,00% 99,89%
6 Rio Grande do Sul 3.904 494 99,60% 99,46%
Mato Grosso do Sul 734 78 100,00% 100,00%
Mato Grosso 867 141 100,00% 100,00%
II
Goiás 1.695 244 99,19% 99,42%
7 Distrito Federal 1.138 1 100,00% 100,00%
Tocantins 371 139 100,00% 99,73%
Rondônia 319 52 100,00% 100,00%
Acre 153 22 100,00% 100,00%
III 1 São Paulo 12.200 645 100,00% 99,82%
Brasil 49.721 5.551 99,77% 98,00%

Fonte: Dados TELECO, disponível em: http://www.teleco.com.br/erb.asp e ANATEL, disponível em: http:/
/sis temas.anatel.gov.br/SMP/Administracao/Consulta/TecnologiaERBs/tela.asp?SISQSmodulo=18314. Último
acesso em 14/03/2011. Elaboração: LCA.

Trata-se, em suma, de um mercado com ampla cobertura nacional, em que o próprio


crescimento acelerado da demanda tem garantido novas oportunidades de negócios para
as operadoras, acirrando a disputa por fatias de mercado em todo o território nacional.

B. Evolução da Demanda
O mercado brasileiro assistiu a um expressivo crescimento do número de acessos em
telefonia móvel na última década: a planta evoluiu de 100 milhões de acessos, em 2006,
para 205,2 milhões no início de 2011, colocando o Brasil entre um dos maiores mercados
do mundo em termos de acessos móveis. (Gráfico 8).

CONFIDENCIAL - p. 194
(ANEXO 3) Gráfico 8 – Evolução dos Acessos do SMP (Brasil e regiões SMP)
250.000

205.151
202.944

200.000

173.959

150.641 101.874 (49,7%)


150.000 100.649

120.980 84.753

99.919 73.778
100.000
59.426

47.729 51.705 52.411 (25,5%)


44.694
38.937
50.000
32.256
27.939

44.512 50.590 50.866 (24,8%)


37.926
24.251 29.299
0
2006 2007 2008 2009 2010 jan/11

Região I Região II Região III Brasil

Fonte: Dados Telebrasil, disponível em: http://www.telebrasil.org.br/saiba-mais/O_Desempenho_do_Setor_


de_Telecom_-_Series_Temporais_%203T10_dez_20_2010.pdf, Teleco, disponível em: http://www.teleco.co
m.br/ncel_hist.asp. Último acesso em 14/03/2011. Elaboração: LCA.

Em termos regionais, metade do mercado SMP está concentrada na Região I, que


contabiliza 102 milhões de acessos ou 49,7% do total (janeiro/2011). O restante do
mercado se encontra igualmente distribuído entre as Regiões II (25,5%) e III (24,8%).
(Gráfico 8).

A rápida expansão do mercado ao serviço de telefonia móvel impulsionou também a


densidade de acesso no país: em quatro anos, o número de acessos por 100
habitantes ao SMP brasileiro praticamente duplicou, superando recentemente o
patamar de 105 acessos a cada 100 habitantes no país. (Gráfico 9).

CONFIDENCIAL - p. 195
(ANEXO 3) Gráfico 9 – Evolução da densidade de acesso por região (acessos/100
habitantes)

130

122,6
120

114,3
110
105,7
100 A Região III (São Paulo)
95,5
90 concentra o maior
80 número de acessos

70
móveis por 100
Brasil habitantes (122,6).
60
Região I
Região II
50
Região III

40
2006 2007 2008 2009 2010 jan/11

Fonte: Dados Teleco, disponível em: http://www.teleco.com.br/ncel_hist.asp. Último acesso em 14/03/2011.


Elaboração LCA.

Neste contexto de crescimento, a penetração dos celulares em domicílios que utilizam


apenas a telefonia móvel passou de 8% em 2001 para 41,1%, em 2009, segundo dados
da PNAD130. Além da facilidade nas formas de pagamento e do barateamento de
aparelhos celulares, a expansão do poder aquisitivo da população é um dos importantes
elementos que explicam o crescimento da penetração de aparelhos móveis,
especialmente por parte das classes com rendimentos mais baixos131.

Em termos regionais, o Sudeste concentra a maior parte dos acessos móveis (46%),
garantindo também a maior parcela do mercado móvel pós-pago (57%). Já a região
Nordeste é responsável por 26% do total de acessos nacionais, mas contribui somente
com 13% do total de aparelhos móveis pós-pagos. (Gráfico 10).

130 Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). As
estatísticas excluem a zona rural da região Norte. Cumpre destacar que o aumento da penetração dos
domicílios que possuem apenas telefone celular, subestima o crescimento da telefonia móvel. Há que se
considerar também que o aumento da penetração dos domicílios que possuem telefone fixo e celular também
cresceu e, muito provavelmente, por conta da expansão da telefonia móvel.

131 O bom desempenho macroeconômico do país vem possibilitando maiores facilidades na forma e prazo
de pagamento para bens duráveis, ampliando o acesso a aparelhos celulares.

CONFIDENCIAL - p. 196
(ANEXO 3) Gráfico 10 – Proporção de Acessos Móveis por Região (%)

total pré‐pago pós‐pago

CENTRO‐ NORTE CENTRO- NORTE SUL


OESTE 7%
OESTE 8% 18% CENTRO-
9% 9% OESTE
SUL SUL 8% NORTE
15% NORDESTE 14% 4%

23% NORDESTE
26% NORDESTE
13%

SUDESTE SUDESTE
SUDESTE 57%
46% 43%

Fonte: Dados ANATEL, disponível em: http://sistemas.anatel.gov.br/SMP/Administracao/Consulta/Acessos


PrePosUF/tela.asp?SISQSmodulo=18267. Último acesso em 14/03/2011. Elaboração: LCA.

CONFIDENCIAL - p. 197
ANEXO 4: Características principais dos
serviços de banda larga no Brasil

O acesso à internet através de conexões de alta velocidade (banda larga) é realizado


através do suporte de plataformas diferentes e redes de outros serviços de
telecomunicações. Cada um destes meios apresenta um conjunto de características
físicas e tecnológicas relativas ao alcance, capacidade, velocidade e mobilidade do
acesso. Cabe distinguir, primeiramente, os acessos realizados através de cabos e
aqueles que empregam radiofrequência para intermediar alguma etapa da transmissão
de dados:

ƒ Acesso com fio (wired) é realizado através de cabos da rede de telefonia fixa (xDSL),
rede a cabo das empresas de TV por assinatura (cabos coaxiais), rede de fibra óptica e
também através da rede elétrica (BPL ou Broadband over Power Lines). Esta
modalidade apresenta, em geral, maior capacidade de tráfego e velocidade, porém está
sujeita à disponibilização de rede cabeada na região e de centrais responsáveis pelo
gerenciamento e intermediação do tráfego de dados entre localidades.

ƒ Acessos sem fio (wireless) podem ser estabelecidos através de plataformas móveis
como 3G, através de transmissão via rádio (MMDS, espalhamento de espectro etc.) e
via satélite. Permitem, em geral, maior mobilidade e escala no atendimento, já que
trabalham a partir do espectro de radiofrequência ou de aluguel de satélites para
transmissão. Há, ainda, acessos sem fio dotados de mobilidade limitada, como é o
caso de WiMax. É importante também ressaltar que cada tecnologia, tal como sua
rede, pode estar sujeita a um regime regulatório distinto, que define regras e obrigações
que submetem parte do serviço de banda larga a regras distintas de oferta.

Entre as tecnologias disponíveis para veiculação do serviço, destacam-se:

ƒ xDSL: Existem pelo menos três tipos de conexão DLS disponíveis no país. A mais
comum é a ADSL, cujas velocidades variam de 256 Kbps até 8 Mbps. O ADSL2 vai
de 256 Kbps até 24 Mbps, enquanto o VDSL atinge 52 Mbps (existe ainda o VDSL2,
que chega a 100 Mbps). Em particular, a plataforma ADSL (Asymmetric Digital
Subscriber Line, ou “Linha Digital Assimétrica do Assinante”), a mais comercializada
no país, emprega a rede de telefonia fixa a partir de uma tecnologia (“assimétrica”)
que permite a assimetria entre as velocidades de envio (upload) e recebimento de

CONFIDENCIAL - p. 198
dados (download), com a devida a separação do tráfego de dados e voz. Para tanto,
opera-se uma divisão da linha telefônica entre três canais virtuais, sendo um para
voz, um para download (com velocidades médias entre 500 Kbps a 8 Mbps) e um
para upload (velocidades médias variando entre 16 Kbps e 640 Kbps), a depender da
infraestrutura do serviço, incluindo tecnologia ofertada, qualidade e extensão da linha
de cobre do assinante. As redes de telefonia fixa utilizam comumente um mix entre
fibras ópticas e rede de cobre, sendo esta última destinada à conexão entre a central
telefônica e a rede do assinante.

Requer-se para o acesso um modem instalado junto ao dispositivo terminal


(computador), que opera em frequências ociosas (5000 Hz) do fio de cobre,
superiores àquelas empregadas para a comunicação de voz (entre 300 e 4000 Hz),
estabelecendo ligação direta com a central telefônica, que direciona o tráfego para o
provedor de acesso à internet (ISP), que então o encaminha à rede. Além de liberar a
linha telefônica para comunicação de voz (o que não ocorria com internet discada), a
largura da banda do assinante apresenta baixa oscilação (provável nos horários de
pico) graças à separação entre as linhas dos assinantes.

A tecnologia ADSL é a plataforma principal para oferta de banda larga através das
redes de telefonia fixa no país. Aproveita-se, para tanto, da existência e exploração de
uma rede prévia com a maior cobertura de rede entre todas as plataformas, incluindo
as redes de cobre de última milha herdadas do antigo Sistema Telebrás.

ƒ Serviço a Cabo: o serviço de banda larga via cabo opera de forma análoga à ADSL,
empregando para tanto as redes e os cabos coaxiais construídos para oferta de TV por
assinatura (CATV – Community Antenna Television). Ao contrário da plataforma
concorrente, entretanto, não prevê assimetria entre as velocidades de download (até 40
Mbps) e upload (até 10 Mbps), e não requer a assinatura de uma linha de telefonia fixa.

Para oferecer o serviço, o sistema de televisão a cabo precisa dedicar parte da


capacidade do sistema (em geral, o espaço convencionado para um canal de TV por
assinatura) para acomodar a operação do modem. Cada canal oferece até 40 Mbps
de capacidade de transmissão (recebimento) de dados simultânea, que é partilhado
entre os assinantes. A transmissão dos dados da central (headend) até o assinante é
realizada através de um sistema de ramificação, tal como se aplica à distribuição de
TV por assinatura, contando para tanto com um sistema de codificação e
decodificação que permite somente ao usuário enviar e receber os pacotes de dados
endereçados a ele.

CONFIDENCIAL - p. 199
Para que a qualidade do sinal seja mantida através do caminho, as empresas
empregam amplificadores e promovem arquiteturas de malhas híbridas (Hybrid
Fiber-Coax, ou HFC), de sorte a dimensionar adequadamente o número limitado de
usuários por célula de atendimento (agrupamento de residências, bairro,
condomínio etc.).

Isso significa que, apesar de apresentar uma largura de banda maior que ADSL, está
mais sujeita a oscilações no serviço, dado que o espaço na rede é compartilhado
entre os vários assinantes. Além disso, a oferta deste serviço está restrita às regiões
atendidas pelas redes das operadoras de TV por assinatura, com exclusividade nos
principais centros urbanos do país.

ƒ FTTH (Fiber-to-the-Home) é uma tecnologia de interligação de residências através de


fibras ópticas para o fornecimento de serviços de comunicação de dados. A fibra óptica
é levada até as residências, em substituição aos cabos de cobre ou cabos coaxiais.

A fibra óptica é levada diretamente ao assinante, redistribuindo os sinais da central


telefônica, headend ou a um ponto de presença da operadora de serviços de
telecomunicações. A capacidade de transmissão de uma única fibra pode ser
partilhada entre 16 e 64 domicílios, cada qual recebendo o serviço a velocidades
entre 10 a 100 Mbps, com possibilidade de expansão caso seja requerido.

132
ƒ PLC (Power Line Communication) : trata-se de uma tecnologia que utiliza as redes
cabeadas do sistema elétrico para transmissão de dados e voz. Os dados são captados
na rede de distribuição elétrica nas instalações do usuário, e pelos modems para
conexão dos equipamentos que serão interligados ao serviço de banda larga,
repassados por repetidores e transformadores através da rede de acesso PLC até sua
interconexão do sinal PLC com a rede de transporte do Operador de
Telecomunicações.

Tal como no caso da banda larga pela telefonia fixa, o PLC apresenta como
diferenciais a disponibilidade e a capilaridade previamente instaladas das redes
cabeadas do sistema elétrico (sujeitas a adaptações tecnológicas para reduzir
interferências em outros serviços de telecomunicação, aumentar a robustez das
conexões e a segurança dos dados).

132
Ou BPL, “Banda Larga por meio de Redes de Energia Elétrica”.

CONFIDENCIAL - p. 200
ƒ Spread Spectrum ou Espalhamento Espectral – acessos físicos em serviços que
usam tecnologia de espalhamento espectral ou outras tecnologias de modulação
digital nas faixas de 900 MHz, 2,4 GHz e/ou 5,8 GHz. Trata-se de uma técnica de
codificação para a transmissão digital de sinais, baseada na codificação e
modificação do sinal de informação executando o seu espalhamento no espectro de
radiofrequências. O sinal espalhado ocupa uma banda maior que a informação
original, porém possui baixa densidade de potência e, portanto, apresenta uma baixa
relação sinal/ruído.

O desenvolvimento da tecnologia de Espalhamento Espectral viabilizou a transmissão


de dados via rádio com alta confiabilidade e com taxas de transmissão cada vez
melhores, o que possibilitou o seu uso na implementação de redes sem fio (wireless)
locais ou regionais, trazendo grande mobilidade e flexibilidade para seus usuários. Em
termos de emprego, trata-se de uma tecnologia alternativa para a implementação da
última milha das redes de operadoras móveis na provisão de serviços de
telecomunicações.

ƒ 3G (4G) (banda larga móvel): emprega as redes e infraestrutura instaladas de


telefonia móvel, incluindo Estações Rádio Base (ERBs) e Centros de Controle e
Comutação (CCC) para oferecer serviços móveis de 3ª. geração aos assinantes de
banda larga sem fio em qualquer tipo de computador (via modem) ou dispositivo
móvel habilitado (smartphone). Tem como maior vantagem a mobilidade de uso,
porém esta se mantém restrita às regiões em que a cobertura do sistema está
disponível.

ƒ MMDS (Multichannel Multipoint Distribution Service ou Serviço de Distribuição


Multiponto Multicanal) é uma tecnologia que se utiliza de comunicação de dados sem
fio através do espectro de radiofrequência, na faixa de micro-ondas. No Brasil, teve
uma participação pioneira na introdução do serviço bidirecional de banda larga a partir
de 1997, porém foi rapidamente superado pela popularização de tecnologias como
ADSL e cabo, que contavam com maior base instalada.

ƒ FWA (Fixed Wireless Access) envolve um serviço de banda larga sem fio com base
em conexões de rádio baseadas em um sistema com aplicações ponto-multiponto,
radioenlaces ponto a ponto convergentes, para faixas de radiofrequências diferentes
de 900 MHz, 2,4 GHz e de 5,8 GHz.

A comunicação é realizada através de transmissores e receptores fixos dispostos no


topo de edifícios e prédios, de sorte a substituir as fibras ópticas e cabos de

CONFIDENCIAL - p. 201
transmissão pelo espectro de radiofrequência. É considerada uma alternativa para
regiões onde a expansão da infraestrutura é relativamente cara, oferecendo uma
cobertura nas vizinhanças das bases centrais.

ƒ Satélite: utiliza satélites de comunicação para transmitir o sinal diretamente aos


computadores, que os captam através de antenas parabólicas comuns e receptores.
A rede nesta plataforma é formada com base no envio e recebimento de sinais
através de centrais terrestres associadas, que se comunicam entre si, tendo o satélite
como ponto de triangulação/repetição do sinal.

A grande vantagem é a abrangência da conexão, que pode ser estabelecida em


qualquer parte do país, especialmente regiões em que não há outra infraestrutura
disponível para o acesso à rede mundial em alta velocidade, tais como zonas rurais.
Apesar da cobertura privilegiada, os serviços via satélite apresentam preços
superiores e velocidades inferiores em comparação com outras plataformas, como
xDSL e cabo. Há ainda o problema do lag (atraso, ou latência) de 0,5 segundo entre o
envio e o recebimento de pacote de dados.

ƒ WiMax e WiFi: enquanto os sistemas WiFi mais simples funciona em níveis locais
(hot spots) e são formados por uma estação-base sem fio ou um ponto de acesso (em
frequências não licenciadas), o WiMax constitui uma alternativa nova e superior tanto
em termos de desempenho como cobertura (tanto em frequências licenciadas e não
licenciadas).

A. Estrutura da oferta
O mercado brasileiro de banda larga fixa conta com 4 players principais – Oi/BrT, Net,
Telefonica, GVT, CTBC – além de outras prestadoras, que empregam tecnologias
diversas e apresentam foco de atendimento mais regional ou aplicações a nichos
específicos. Com exceção da Net, que opera originalmente no serviço de TV por
assinatura e oferta banda larga através de rede própria, os principais players atuam
originalmente no serviço de telefonia fixa (STFC), adaptando suas redes com tecnologia
ADSL para oferecer Internet banda larga em suas respectivas áreas de concessão.

No caso da banda larga fixa, o crescimento da oferta está atrelado ao número crescente
de autorizações da ANATEL para prestação do serviço de comunicação multimídia
(SCM), conforme o Gráfico 1.

CONFIDENCIAL - p. 202
(ANEXO 4) Gráfico 1 – Evolução da Quantidade de Autorizadas Serviço de
Comunicação Multimídia (SCM)

3.000 250

2.498
2.500
200
195,5
2.000
150

1.500

100
1.000

50
500 52,8 48,2 49,2
45,0
35,7 38,6
38,9

0 0
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
Variação Anual (%) Autorizadas em Serviço

Fonte: Dados ANATEL, disponível em: http://www.anatel.gov.br/Portal/verificaDocumentos/documento.asp?


numeroPublicacao=257088&assuntoPublicacao=Dados%20informativos%20-%20Banda%20Larga&caminho
Rel=null&filtro=1&documentoPath=257088.pdf. Último acesso em 14/03/2011. Elaboração: LCA.

A Tabela 1 ilustra a evolução anual da participação de mercado destas empresas, que


acumulam conjuntamente 90% do mercado de banda larga fixa no país.

(ANEXO 4) Tabela 1 – Evolução do market share (%) no mercado de banda larga


fixa (a)

2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010


Oi/BrT 40,37 44,89 47,17 43,25 40,70 38,18 37,00 31,60
Net 9,14 8,22 11,67 15,24 18,44 22,15 25,33 25,50
Telefonica 39,16 35,93 31,30 28,41 26,79 25,52 23,16 24,00
GVT 0,73 1,04 1,71 2,42 3,19 4,55 5,88 7,90
CTBC - 1,04 1,56 2,32 2,37 2,13 1,78 1,70
Outras 10,52 8,83 6,59 8,36 8,51 7,47 6,85 9,20
Fonte: Dados ANATEL, disponível em: http://www.anatel.gov.br/Portal/verificaDocumentos/documento. asp?
numeroPublicacao=257088&assuntoPublicacao=Dados%20informativos%20-%20Banda%20Larga& caminho
Rel=null&filtro=1&documentoPath=257088.pdf e empresas. Último acesso em 14/03/2011. Elaboração: LCA.
(a)
Dados de dezembro de cada ano (market share de saída), não incluem conexões IP dedicadas (mercado
corporativo), acesso via satélite e banda larga móvel.

Em termos de evolução recente, cabe notar a aproximação das participações de


mercado dos três principais players (Oi/BrT, Net e Telefonica) nos últimos anos. Este
movimento foi acompanhado do crescimento da base de acesso da Net que, desde
2003, acumula crescimento de 15 p.p. de market share com seu serviço de banda larga
a cabo (Gráfico 2).

CONFIDENCIAL - p. 203
(ANEXO 4) Gráfico 2 – Evolução do market share (%) no mercado de banda larga
fixa
50

45

40

35

30

25

20

15

10

-
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Oi/BrT Net Telefonica GVT CTBC Outras

Fonte: Dados Teleco, disponível em: http://www.teleco.com.br/blarga.asp e empresas. Último acesso em


14/03/2011. Elaboração: LCA.

No caso da banda larga móvel, os principais players deste mercado são os mesmos
players que operam na telefonia móvel: Vivo, Claro, Tim, Oi, CTBC e Sercomtel. A
Tabela 2 discrimina as contribuições de acessos no mercado de banda larga móvel
através de aparelhos 3G e acessos via terminais de dados, para cada player. O Gráfico3,
por sua vez, permite visualizar a distribuição participação das empresas dentro dos
segmentos de terminais móveis e aparelhos 3G.

CONFIDENCIAL - p. 204
(ANEXO 4) Tabela 2 – Evolução do market share (%) no mercado de banda larga
móvel (a)
Operadora 2009 2010 jan/11
Vivo 35,95 33,13 31,90
terminais de dados 15,89 11,68 10,96
aparelhos 3G 20,06 21,46 20,94
Claro 19,95 40,01 38,01
terminais de dados 13,34 6,93 6,39
aparelhos 3G 6,61 33,09 31,62
TIM 31,86 21,54 25,30
terminais de dados 18,18 8,44 7,78
aparelhos 3G 13,69 13,10 17,52
Oi 11,60 4,99 4,50
terminais de dados 5,02 1,93 1,73
aparelhos 3G 6,58 3,06 2,77
CTBC 0,59 0,30 0,27
terminais de dados 0,32 0,16 0,14
aparelhos 3G 0,27 0,15 0,13
Sercomtel 0,03 0,02 0,02
terminais de dados 0,02 0,01 0,01
aparelhos 3G 0,00 0,00 0,00

Fonte: Dados Teleco, disponível em: http://www.teleco.com.br/3g_brasil.asp e ANATEL, disponível em: http://
www.anatel.gov.br/Portal/exibirPortalInternet.do Último acesso em 14/03/2011. Elaboração: LCA.
(a)
A ANATEL considera banda larga móvel a soma dos acessos 3G por aparelhos (WCDMA) com o total de
terminais de dados (3G ou não 3G).

(ANEXO 4) Gráfico 3 – Distribuição do market share (%) em banda larga móvel


(janeiro/2011)

50

45 43,3
40,6
40 38,0

35
31,9
28,8 28,7 Vivo
30
25,3 Claro
25 23,7 24,0
TIM
Oi
20
CTBC
15 Sercomtel
10
6,4
3,8 4,5
5
0,5 0,05 0,2 0,004 0,3 0,02
0
terminais de dados aparelhos 3G banda larga móvel

Fonte: Dados Teleco, disponível em: http://www.teleco.com.br/3g_brasil.asp e ANATEL, disponível em: http://
www.anatel.gov.br/Portal/exibirPortalInternet.do Último acesso em 14/03/2011. Elaboração: LCA.

CONFIDENCIAL - p. 205
A presença e liderança das operadoras em termos de presença/participação no market
share regional não é homogênea. A Vivo, por exemplo, lidera em participação nos
mercados do Sudeste (37%) e Norte (40%), enquanto a Claro detém a maioria do
mercado nas demais regiões – incluindo expressiva margem no Nordeste, onde agrega
52% dos acessos (Gráfico 4).

(ANEXO 4) Gráfico 4 – Market share regional (%) da banda larga móvel


(janeiro/2011)

-
SERCOMTE 0,11 Sudeste
L -
- Sul
-
Centro-Oeste
0,56 Nordeste
-
CTBC 0,11 Norte
-
-
4
5
OI 6
3
5
25
28
TIM 20
26
28
33
36
CLARO 42
52
27
37
30
Vivo 32
19
40

- 10 20 30 40 50 60

Fonte: Dados ANATEL, disponível em: http://www.anatel.gov.br/Portal/verificaDocumentos/documento. asp?


numeroPublicacao=257088&assuntoPublicacao=Dados%20informativos%20-%20Banda%20Larga& caminho
Rel=null&filtro=1&documentoPath=257088.pdf Último acesso em 14/03/2011. Elaboração: LCA.

A TIM apresenta um maior equilíbrio no share de cada região (em torno de 26%), com
exceção do Centro-Oeste, onde atende 20% do mercado. A Oi/BrT, por sua vez, mantém
o controle sobre uma parcela menor de cada região, com market share médio em torno
de 5%. Por fim, CTBC e SERCOMTEL apresentam participação relevante somente nas
regiões onde oferecem seus serviços de banda larga móvel.

No que se refere ao panorama tecnológico e de plataformas disponíveis, constata-se


que o mercado de banda larga fixa veicula grande parte dos acessos através de ADSL
(58,5%) e Cabo (23,8%), seguido de tecnologias sem fio (Spread Spectrum) e via satélite
(4,7%), conforme o Gráfico 5.

CONFIDENCIAL - p. 206
(ANEXO 4) Gráfico 5 – Distribuição de acesso à banda larga fixa por tecnologia (% -
dezembro/2010)

FWA; FTTH; 0,23 PLC; 0,001


0,32 MMDS; 0,08
Híbrido;
1,49 Segundo ANATEL, 12% do total de
DTH; 0,26
Outra; 9,62 acessos são realizado por
Satélite; 0,96
Spread intermédio de plataformas
Spectrum;
4,74 tecnológicas alternativas, incluindo
FWA (Fixed Wireless Access), MMDS
(Distribuição de Sinais
Cabo; ADSL; 58,47
23,82
Multiponto/Multicanal), DTH (Direct-To-
Home), FTTH (Fiber-To-The-Home),
PLC (Power Line Communications) e
HFC (Hybrid Fiber and Coax).

Fonte: Dados ANATEL, disponível em: http://www.anatel.gov.br/Portal/verificaDocumentos/documento. asp?


numeroPublicacao=257088&assuntoPublicacao=Dados%20informativos%20-%20Banda%20Larga& caminho
Rel=null&filtro=1&documentoPath=257088.pdf Último acesso em 14/03/2011. Elaboração: LCA.

O Gráfico 6 ilustra a evolução do uso destas tecnologias, segundo proporção de acessos:


novas tecnologias e plataformas intensificaram as opções de oferta do serviço.

(ANEXO 4) Gráfico 6 – Evolução do market share das tecnologias de acesso à


banda larga fixa (%)

70 Desde 2006, a
participação da
60
58,5
plataforma de serviço
50
a cabo passou a
40 atender uma parcela
crescente da base
30

23,8 consumidora,
20
totalizando ao final de
10 12,0 2010 quase um quarto
4,7
dos acessos totais do
0 1,0
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 mercado (23,8%).
ADSL Cabo Satelite Spream Spectrum Outras

Fonte: Dados ANATEL, disponível em: http://www.anatel.gov.br/Portal/verificaDocumentos/documento. asp?


numeroPublicacao=257088&assuntoPublicacao=Dados%20informativos%20-%20Banda%20Larga&
caminhoRel=null&filtro=1&documentoPath=257088.pdf Último acesso em 14/03/2011. Elaboração: LCA.

Em termos regionais, a prevalência de uma ou outra plataforma de banda larga fixa se


mostra associada, em grande medida, à disponibilidade das principais opções de acesso
no país (ADSL e cabo). A tecnologia ADSL é a líder em todas as regiões, com

CONFIDENCIAL - p. 207
participação entre 60 e 70% dos mercados regionais. Para o caso da região Sudeste, a
maior disponibilidade de plataformas rivais (especialmente cabo, com quase 30% do
mercado) colabora para contestar parcialmente essa liderança. As demais tecnologias133,
por sua vez, fornecem soluções alternativas distintas para os meios de acesso ADSL e
cabo e variam de acordo com a disponibilidade de rede e vantagens/conveniências de
cada tecnologia do serviço (Gráfico 7).

(ANEXO 4) Gráfico 7 – Tecnologias de acesso à banda


larga fixa por região (% - dezembro/2010) A tecnologia ADSL é
responsável pela maioria
12,91
8,94 dos acessos fixo em todas
Outras Tecnologias 6,55
16,64
12,58
as regiões. Fora do Sudeste
(onde alcança 53,8%), esta
0,51
0,36
Satélite 6,42 tecnologia responde por
0,59
0,64 mais de 65% dos acessos à
3,37 banda larga fixa.
8,24 Sudeste
Spread Spectrum 3,65
8,15
A região Centro-Oeste
Sul
3,86
Centro-Oeste
apresenta uma participação
29,44
17,14 Nordeste
peculiar de serviços de
Cabo 18,14
6,22 Norte banda larga fixa através de
14,07
satélite (7%), tecnologia
53,77
65,32 que não chega a atender
ADSL 65,25
68,40
68,85 1% das demais regiões.
- 10 20 30 40 50 60 70 80

Fonte: Dados ANATEL, disponível em: http://www.anatel.gov.br/Portal /verificaDocumentos/documento. asp?


numeroPublicacao=257088&assuntoPublicacao=Dados%20informativos%20-%20Banda%20Larga& caminho
Rel=null&filtro=1&documentoPath=257088.pdf Último acesso em 14/03/2011.
Elaboração: LCA.
Os acessos à banda
No que se refere às plataformas utilizadas para veicular a larga móvel superaram
banda larga móvel, há a possibilidade de se acessar a os acessos fixos ao
Internet através de aparelhos móveis (celulares e smartphones) final de 2010, com 62%
tecnologicamente capacitados a acessar as redes 3G134 ou do total (23% através de
aparelhos 3G).

133 Inclui, segundo critério próprio da ANATEL, as plataformas FWA (Fixed Wireless Access), MMDS
(Distribuição de Sinais Multiponto/Multicanal), DTH (Direct-To-Home), FTTH (Fiber-To-The-Home), PLC
(Power Line Communications) e HFC (Hybrid Fiber and Coax).

134 No caso brasileiro, a tecnologia prevalecente é o WCDMA, ou Wide-Band Code-Divison Multiple Access.
Trata-se de uma tecnologia 3G de interface de rádio de banda larga com velocidades de dados elevadas e
que permite o uso mais eficiente do espectro de rádio, se comparada com outras técnicas disponíveis, com
velocidades de transmissão de dados de até 2 Mbps e velocidades médias de 220-320 Kbps, quando o
usuário está em trânsito.

CONFIDENCIAL - p. 208
através de modems (terminais de dados), dispositivos capazes de intermediar o tráfego
de dados entre a rede das operadoras SMP e um terminal (um laptop, por exemplo). Em
janeiro de 2011, 73% dos acessos a banda larga móvel foram realizados por aparelhos
móveis, enquanto os outros 27% foram por terminais de dados. Considerando somente
os acessos realizados pelos terminais de dados, verifica-se que a maioria é feita por
terminais 3G (72,6%), contra27,4% de terminais não 3G (Gráfico 8).

(ANEXO 4) Gráfico 8 – Distribuição de acessos de banda larga móvel por


plataforma (% - janeiro/2011)

A maioria dos acessos à


Terminais de
dados 3G;
banda larga móvel (73%) é
Acessos 3G 72,6*
por aparelhos Terminais de realizada através de
(WCDMA); dados;
73,0 27,0 aparelho terminais com
tecnologia WCDMA
Terminais de
dados (não 3G);
27,4*

Fonte: Dados ANATEL, disponível em: http://www.anatel.gov.br/ Portal/verificaDocumentos/documento. asp?


numeroPublicacao=257088&assuntoPublicacao=Dados%20informativos%20-%20Banda%20Larga&
caminhoRel=null&filtro=1&documentoPath=257088.pdf e Teleco, disponível em: http://www.teleco.com. br/3g
_brasil. asp. Último acesso em 14/03/2011. Elaboração: LCA.
* Estimado pela Teleco. ANATEL considera banda larga móvel a soma dos acessos 3G por aparelhos
(WCDMA) com o total de terminais de dados (3G ou não 3G). O total de terminais de dados 3G foi estimado
pelo Teleco.

Em termos de concorrência entre banda larga fixa e móvel, o acesso à tecnologia móvel
(3G e terminais de dados) observou, desde sua introdução, um crescimento acelerado
frente ao acesso fixo (Gráfico 9).

CONFIDENCIAL - p. 209
(ANEXO 4) Gráfico 9 – Distribuição do market share (%) entre plataformas BL

100

90

80

70

60 59,6
50
46,1
40
40,4
30

20

10
13,6

0
2006 2007 2008 2009 2010

Banda Larga Fixa Banda Larga Móvel Aparelhos 3G Terminais de Dados

Fonte: Dados Telebrasil, disponível em: http://www.telebrasil.org.br/saiba-mais/Temporais_4T10_mar_24_


2011.pdf; Último acesso em 25/03/2011. Elaboração: LCA.

No que se refere mapeamento das velocidades ofertadas para acesso, dados da ANATEL
apontam a prevalência de acessos com oferta entre 512 Kbps e 2 Mbps. Conexões entre 2
e 34 Mbps e entre 512 Kbps e 2 Mbps mantém um share de 20% cada, enquanto 10% da
população acessa através de modalidades de até 64 Kbps (Gráfico 10).

(ANEXO 4) Gráfico 10 – Distribuição (%) dos acessos fixos por velocidade ofertada
(dezembro/2010)
A distribuição de velocidades do
serviço evolui ao longo do tempo, seja
em virtude do avanço tecnológico,
2M a 34 do ingresso de novos players e
512K a Mbps;
2Mbps; 20,1 plataformas disponíveis no
50,7 mercado, seja pelas mudanças nos
0a perfis de renda e consumo relativos ao
64Kbps; >34Mbps;
9,8 0,3 uso dos serviços de banda larga.

64K a Em 2010, mais de 70% dos


512Kbps; consumidores contratam serviços com
19,1
velocidades superiores a 512 Kbps.

Fonte: Dados ANATEL, disponível em: http://www.anatel.gov.br/Portal/verificaDocumentos/documento. asp?


numeroPublicacao=257088&assuntoPublicacao=Dados%20informativos%20-%20Banda%20Larga& caminho
Rel=null&filtro=1&documentoPath=257088.pdf Último acesso em 14/03/2011. Elaboração: LCA.

Este processo de substituição tecnológica pode ser acompanhado anualmente através do


Gráfico 11, que ilustra a expansão da participação de acessos com velocidades

CONFIDENCIAL - p. 210
progressivamente mais rápidas no decorrer da década. Conexões com velocidade
ultrarrápida – acima de 34 Mbps – mantêm um número pequeno e cativo de acessos.

(ANEXO 4) Gráfico 11 – Evolução das velocidades de acesso à banda larga fixa (%)

80

70

60

50 50,7

40

30
20,1
20 19,1

10 9,8

0 0,3
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

0 a 64Kbps 64K a 512Kbps 512K a 2Mbps 2M a 34 Mbps >34Mbps

Fonte: Dados ANATEL, disponível em: http://www.anatel.gov.br/Portal/verificaDocumentos/documento. asp?


numeroPublicacao=257088&assuntoPublicacao=Dados%20informativos%20-%20Banda%20Larga& caminho
Rel=null&filtro=1&documentoPath=257088.pdf Último acesso em 14/03/2011. Elaboração: LCA.

O Gráfico 12 apresenta a participação de cada intervalo de velocidades em um


comparativo inter-regional de acessos.

(ANEXO 4) Gráfico 12 – Velocidades de acesso à banda larga fixa por região (% -


dezembro/2011)

0,31 Sudeste Todas as regiões têm como


0,30 Sul
>34Mbps 0,24
base média de acesso à
0,60 Centro-Oeste
0,22
banda larga fixa serviços
Nordeste
Norte com banda entre 512 Kbps a
17,23
28,11 2 Mbps.
2M a 34 Mbps 27,10
21,56
2,34
A região Norte e a região
53,15
49,19 Nordeste concentram uma
512K a 2Mbps 49,74
37,96 parcela significativa de
50,07
conexões mais lentas (de
19,02 até 512 Kbps).
16,07
64K a 512Kbps 12,43
27,69
36,42 Conexões acima de 2 Mbps
10,28 têm participação
6,33
0 a 64Kbps 10,49 relativamente maior nas
12,20
10,94 regiões Sul e Centro-Oeste

- 10 20 30 40 50 60
(quase 30%).

CONFIDENCIAL - p. 211
Fonte: Dados ANATEL, disponível em: http://www.anatel.gov.br/Portal/verificaDocumentos/documento. asp?
numeroPublicacao=257088&assuntoPublicacao=Dados%20informativos%20-%20Banda%20Larga& caminho
Rel=null&filtro=1&documentoPath=257088.pdf Último acesso em 14/03/2011. Elaboração: LCA.

No que se refere à cobertura, dados da Teleco e Telebrasil apontam um aumento


significativo dos municípios e população com oportunidade de acesso aos serviços de
banda larga fixa nos últimos dois anos (Gráfico 13).

(ANEXO 4) Gráfico 13 – Evolução da cobertura da banda larga fixa em municípios e


população (%)
100
93,6
90

80 81,1

70

60
Municipios (%)
50
População Atendida (%)
40
3T09 4T09 1T10 2T10 3T10 4T10

Fonte: Dados Telebrasil, disponível em: http://www.telebrasil.org.br/saiba-mais/Temporais_4T10_mar_24_20


11.pdf; Último acesso em 25/03/2011. Elaboração: LCA.
Nota: dados consideram somente atendimento por operadoras de SCM com as tecnologias xDSL, Cable
Modem, FTTH e MMDS. Não inclui pequenos provedores que utilizam tecnologia wireless e banda larga móvel.

De 2009 para 2010 o percentual de municípios cobertos com banda larga fixa passou de
63,5% para 81,1%, enquanto a população aumentou de 86,9% para 93,6% (Tabela 3).

(ANEXO 4) Tabela 3 – Cobertura da banda larga fixa (municípios e população)


2009 2010
Municipios 3.535 4.514
Municipios (%) 63,5 81,10 A cobertura atual dos 4.514 municípios corresponde a uma
População população de cerca de 179,1 milhões de pessoas com
166,5 179,1
(milhões) possibilidade de acesso a banda larga fixa (97% do total).
População (%) 86,9 93,60

Fonte: Dados Teleco, disponível em http://www.teleco.com.br/blarga_cobertura.asp. Último acesso em


14/03/2011. Elaboração LCA.

Em termos de cobertura por faixa demográfica (Gráfico 14), dados do final de 2010
permitem observar e que municípios dotados de maior população apresentam maior
cobertura do serviço de banda larga fixa.

CONFIDENCIAL - p. 212
(ANEXO 4) Gráfico 14 – Cobertura da banda larga fixa de municípios por faixa
demográfica (dezembro/2010)

mais de 1 milhão 100,0 Os municípios de menor porte


500 mil a 1
100,0
demográfico permanecem
milhão
com cobertura parcial,
100 a 500 mil 99,1
principalmente nos casos
50 a 100 mil 97,8
com população inferior a 30
30 a 50 mil 95,1
mil habitantes (que contam
10 a 30 mil 91,4
com 64% de cobertura de
Até 10 mil 83,5
atendimento).
75 80 85 90 95 100

Fonte: Fonte: Dados Telebrasil, disponível em: http://www.telebrasil.org.br/saiba-


mais/Temporais_4T10_mar_24_2011.pdf. Último acesso em 25/03/2011. Elaboração: LCA.

Em termos de cobertura por Estado, a banda larga fixa se encontra disponível à


população na maior parte das unidades federativas do Sul, Sudeste e Centro-Oeste
(Gráfico 15). Dentre eles, oito Estados já ofereciam cobertura total da população,
incluindo São Paulo, Santa Catarina, Rondônia, Rio de Janeiro, Paraná, Mato Grosso do
Sul, Distrito Federal e Goiás.

A cobertura do serviço de banda larga fixa se mostra mais carente nos Estados do
Norte e Nordeste, especialmente Amazonas (55%), Roraima (63%), Pará (73%), Paraíba
(73%), Maranhão (74%) e Piauí (77%). Outros quatro Estados apresentam uma cobertura
entre 80 e 90% da população: Rio Grande do Norte (84%), Alagoas (86%), Amapá (87%)
e Bahia (90%).

CONFIDENCIAL - p. 213
(ANEXO 4) Gráfico 15 – Cobertura da banda larga fixa por UF (dezembro, 2010)

Número de municípios
0 100 200 300 400 500 600 700 800

SP 644 100
SC 293 100
RO 52 100
RJ 92 100
PR 399 100
MS 78 100
DF 1 100
GO 245 100
TO 131 98
MT 127 98
ES 70 97
RS 383 97
MG 715 96
AC 18 95
CE 157 95
SE 64 95
PE 143 92
BA 318 90
AP 6 87
AL 74 86
RN 95 84
PI 125 77
MA 115 74
PB 99 73
PA 64 73
RR 1 63 População (%)
AM 5 55 Municípios

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
% da população

Fonte: Dados Teleco, disponível em http://www.teleco.com.br/blarga_cobertura.asp. Último acesso em


14/03/2011. Elaboração: LCA.

No que se refere à cobertura do serviço de banda larga móvel, a região com


disponibilidade de oferta do serviço está vinculada primordialmente à rápida expansão das
licenças de espectro e da expansão de redes 3G pelas operadoras SMP (Gráfico 16).

CONFIDENCIAL - p. 214
(ANEXO 4) Gráfico 16 – Evolução da cobertura da banda larga móvel pelos
principais players
85

73,00
75 Segundo a Teleco, o
total de municípios com
65
cobertura 3G
55,70
55 praticamente triplicou
46,30 desde 2008, atingindo
45
um total de 1.410
43,90
35 municípios em
fevereiro de 2011, o
25
equivalente a 74,1%
15
2008 2009 2010 fev/11 de toda população.
Vivo Claro Tim Oi

Fonte: Dados Teleco, disponível em http://www.teleco.com.br/blarga.asp.Último acesso em 14/03/2011.


Elaboração: LCA.

Embora 4.155 municípios (ou 74,7%) ainda não possuam cobertura 3G, estes
mesmo municípios concentram apenas 25,9% da população, o que sugere que a
elevada cobertura atualmente disponível está concentrada em municípios e regiões com
maior densidade demográfica, conforme a Tabela 4.

(ANEXO 4) Tabela 4 – Cobertura de banda larga móvel (fevereiro de 2011)

Número de % %
Operadoras Municípios Municípios População População
Não Atendido 4.155 74,7 49.488.732 25,90
1 976 17,5 30.600.642 16,00
2 190 3,4 15.184.022 8,00
3 136 2,4 23.262.488 12,20
4 105 1,9 70.793.880 37,10
5 3 0,1 1.402.930 0,70
Total 1.410 25,3 141.243.962 74,10
Fonte: Dados Teleco, disponível em http://www.teleco.com.br/3g_brasil.asp. Último acesso em 14/03/2011.
Elaboração: LCA.

O Gráfico 17 ilustra a cobertura de banda larga móvel em termos de população e


municípios. A maior parte dos municípios não está coberta com banda larga 3G, (74,7%).
Entretanto, os 25,3% dos municípios atendidos com banda larga 3G representam 74,1%
da população. Além disso, verifica-se que dos municípios atendidos com 3G, a maior
parte deles é servido por apenas uma operadora, enquanto para a população atendida
por 3G, a maior parte dela está servida com mais de uma operadora.

CONFIDENCIAL - p. 215
(ANEXO 4) Gráfico 17 – Cobertura da banda larga móvel (fevereiro/2011)

Cobertura 3G de Municípios (%)

2 operadoras
10,2

3 operadoras A grande maioria dos


8
municípios com cobertura 3G é
Não Atendidos
74,7 servida por apenas uma
Atendidos
1 operadora
25,3
69,2 operadora.

4 operadoras
6,9
No entanto, a maioria da
5 operadoras
0,3
população com cobertura 3G
tem à disposição três ou mais
Cobertura 3G da População (%) operadoras, o que reforça a
hipótese de que a maior parte
2 operadoras da oferta do serviço de banda
10,8 3 operadoras
16,4 larga móvel esteja concentrada
em municípios de maior
Não Atendida; Atendida
25,9 74,1
1 operadora
21,6
densidade populacional.
4 operadoras
50,1

5 operadoras
0,9

Fonte: Dados Teleco, disponível em http://www.teleco.com.br/3g_brasil.asp. Último acesso em 14/03/ 2011.


Elaboração: LCA.

Assim como no caso da banda larga fixa, a cobertura do serviço de banda larga móvel
não é homogênea em termos regionais. Os dados disponíveis para presença de
cobertura com base nas regiões do SMC (1 a 10) apontam a liderança do Rio de Janeiro
e São Paulo neste critério, enquanto a região Norte e alguns Estados do Nordeste
concentram as maiores carências de disponibilidade do serviço (Tabela 5).

CONFIDENCIAL - p. 216
(ANEXO 4) Tabela 5 – Cobertura 3G por Região SMC (fevereiro de 2011)
%
Município
Região Municípios População s % População
1e2 SP 245 37.456.851 38,0 90,8
3 RJ/ES 124 18.797.310 72,9 96,4
4 MG 208 13.395.832 24,4 68,4
5 PR/SC 142 11.398.819 20,5 68,3
6 RS 157 8.799.687 31,7 82,3
7 C. Oeste 114 11.941.767 16,8 67,4
8 Norte 100 10.493.617 22,1 55,9
9 BA/SE 47 7.860.801 9,6 48,9
10 Nordeste 273 21.099.278 25,2 69,4
Total 1.410 140.222.091 25,3 74,1

Fonte: Dados Teleco, disponível em http://www.teleco.com.br/3g_brasil.asp. Último acesso em 14/03/ 2011.


Elaboração: LCA.

B. Evolução da demanda
O mercado de banda larga encontra-se em crescimento vigoroso, especialmente pelo
fôlego adicional associado à expansão do mercado de banda larga móvel (Gráfico 18).

(ANEXO 4) Gráfico 18 – Evolução anual dos mercados de banda larga (em milhões
de acessos)

40
36,10
35
Em dezembro de 2010,
30 a ANATEL reportou
25 21,66 um total de 36,1
20 milhões de acessos,
20,63
15
dos quais 20,6
8,66
milhões foram
10
realizados através da
5
0,59 0,97 rede móvel de dados.
0,36 3,16 4,39 5,92 8,71 11,40 13,00 15,47
-
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
Banda Larga Fixa Banda Larga Móvel Banda Larga (total)

Fonte: ANATEL e Teleco. Elaboração: LCA.

O processo foi favorecido pela outorga de novas licenças e a expansão rápida da


cobertura das redes 3G pelas operadoras SMP. Outro fator que se provou essencial para
expansão do serviço móvel está relacionado ao crescimento e popularização do consumo
de aparelhos móveis com tecnologia WCDMA, como os smartphones (Gráfico 19).

CONFIDENCIAL - p. 217
(ANEXO 4) Gráfico 19 – Evolução da participação de aparelho 3G no mercado de
celulares (%)
12,0
10,2 A participação de
10,0 smartphones no mercado
brasileiro de aparelhos
8,0
móveis também acomodou
6,0 um crescimento expressivo
nos últimos 2 anos,
4,0
alcançando 10,2% de
2,0
1,4%
participação, em janeiro de
8,8 p.p.
2011.
0,0
4T08 1T09 2T09 3T09 4T09 1T10 2T10 3T10 4T10 jan/11

Fonte: Teleco, disponível em http://www.teleco.com.br/3g_brasil.asp. Último acesso em 14/03/ 2011.


Elaboração: LCA.

Segundo dados coletados pela Teleco135, o Brasil iniciou 2011 com um total de 20,1
milhões de aparelhos 3G em serviço, sendo 16,5 milhões aparelhos WCDMA e 4,4
milhões de terminais de dados 3G. O Barômetro Cisco destaca o perfil de usuário
residencial como responsável pela uma parcela majoritária tanto no consumo do serviço
fixo (88%) como na banda larga móvel (78%), conforme a Tabela 6.

(ANEXO 4) Tabela 6 – Perfil de consumo da banda larga


fixa e móvel (% - 1º. semestre de 2010) Comparativamente,
o uso corporativo tem
Banda Larga Fixa Banda Larga Móvel
maior presença em
Tipo de Consumidor Corporativ Residencial Corporativo Residencial
2006 13,4 86,6 - - banda larga móvel
2007 13,0 87,0 - - (21,9%), contra 12%
2008 11,4 88,6 - -
do total de usuários de
2009 11,7 88,3 23,1 76,9
12,0 88,0 21,9 78,1
banda larga fixa.
2010

Fonte: “Barômetro Cisco da Banda Larga (1o. semestre de 2010)”, disponíveis em: http://www.cisco.
com/web/BR/assets/docs/Barometro_1H10_01Set10_Atualizado_Site.pdf. Último acesso em 14/03/2011.
Elaboração: LCA.

Recentemente, a ANATEL disponibilizou um trabalho informativo136 em que calcula dados


de penetração com base em dados de acesso do SICI (Sistema de Coleta de Informações
da ANATEL) e dados do IBGE do censo 2010 (população, quantidade de domicílios e

135 http://www.teleco.com.br/3g_brasil.asp; acesso em 10 de março de 2011.

136 http://www.ANATEL.gov.br/Portal/verificaDocumentos/documento.asp?numeroPublicacao=257088&assun
toPublicacao=Dados%20informativos%20-%20Banda%20Larga&caminhoRel=null&filtro=1&documentoPath=
257088.pdf. Acesso em 23 de fevereiro de 2011.

CONFIDENCIAL - p. 218
média de moradores por município). Para tanto, supõe-se que cada domicílio equivale a um
acesso ao serviço de banda larga fixa, que é então disponibilizado a seus residentes.

A Tabela 7 resume as informações coletadas, comparando-as com dados de cobertura da


Teleco. O quadro possibilita comparar o déficit de acesso (pessoas sem atendimento do
serviço de banda larga) e déficit de cobertura (população sem disponibilidade de serviço).

(ANEXO 4) Tabela 7 – Quadro comparativo de atendimento por UF, região e total


Brasil (dezembro/2010)
moradores
Quantidade em População
de domicílios com acesso
Domicílios particulare (domicílios Densidade Déficit de Déficit de
com Acesso s atendidos x (acessos/10 Penetração acesso cobertura
População Número de (= número de permanent média de 0 (ANATEL - Cobertura (ANATEL - (TELECO -
(IBGE) Acessos acessos) es (IBGE) moradores) habitantes) %) (Teleco - %) %) %)
Brasil 190.732.694 15.473.038 15.473.038 3,25 50.321.657 8,1 26,38 93,60 73,62 6,40
Norte 15.865.678 333.964 333.964 3,85 1.271.206 2,1 8,01 75,07 91,99 24,93
AC 732.793 21.608 21.608 3,96 8.559 2,9 1,17 95,20 98,83 4,80
AM 3.480.937 73.851 73.851 4,06 299.616 2,1 8,61 55,40 91,39 44,60
AP 668.689 6.388 6.388 4,37 27.919 1,0 4,18 87,00 95,82 13,00
PA 7.588.078 118.383 118.383 3,84 454.835 1,6 5,99 72,50 94,01 27,50
RO 1.560.501 60.483 60.483 3,48 210.209 3,9 13,47 100 86,53 -
RR 451.227 628 628 3,79 23.813 0,1 5,28 63,30 94,72 36,70
TO 1.383.453 46.971 46.971 3,60 169.224 3,4 12,23 98,00 87,77 2,00
Nordeste 53.078.137 1.412.404 1.412.404 3,46 4.849.030 2,7 9,14 86,61 90,86 13,39
AL 3.120.922 7.588 7.588 3,52 267.286 0,2 8,56 86,40 91,44 13,60
BA 14.021.432 412.275 412.275 3,26 1.343.408 2,9 9,58 90,10 90,42 9,90
CE 8.448.055 275.496 275.496 3,53 971.777 3,3 11,50 94,60 88,50 5,40
MA 6.569.683 76.901 76.901 3,86 297.011 1,2 4,52 73,50 95,48 26,50
PB 3.766.834 111.797 111.797 3,49 389.927 3,0 10,35 72,70 89,65 27,30
PE 8.796.032 25.595 25.595 3,41 87.363 0,3 0,99 91,70 99,01 8,30
PI 3.119.015 57.188 57.188 3,48 199.074 1,8 6,38 77,10 93,62 22,90
RN 3.168.133 85.992 85.992 3,43 295.162 2,7 9,32 83,80 90,68 16,20
SE 2.068.031 60.925 60.925 3,48 211.756 2,9 10,24 94,50 89,76 5,50
Sudeste 80.353.724 9.645.244 9.645.244 3,12 30.184.530 12,0 37,56 98,86 62,44 1,14
ES 3.512.672 239.199 239.199 3,22 770.851 6,8 21,94 97,40 78,06 2,60
MG 19.595.309 1.401.680 1.401.680 3,15 4.409.432 7,2 22,50 95,80 77,50 4,20
RJ 15.993.583 1.640.290 1.640.290 2,97 4.869.893 10,3 30,45 100 69,55 -
SP 41.252.160 6.364.075 6.364.075 3,16 20.134.354 15,4 48,81 100 51,19 -
Sul 27.384.815 2.850.332 2.850.332 3,02 8.627.075 10,4 31,50 98,79 68,50 1,21
PR 10.439.601 1.145.096 1.145.096 3,04 3.478.134 11,0 33,32 100 66,68 -
RS 10.695.532 1.041.612 1.041.612 2,92 3.044.710 9,7 28,47 96,90 71,53 3,10
SC 6.249.682 663.624 663.624 3,17 2.104.231 10,6 33,67 100 66,33 -
Centro- 0,47
14.050.340 1.231.094 1.231.094 3,23 3.982.390 8,8 28,34 99,53 71,66
Oeste
DF 2.562.963 462.557 462.557 3,26 1.506.374 18,0 58,77 100 41,23 -
GO 6.004.045 420.952 420.952 3,23 1.358.825 7,0 22,63 99,90 77,37 0,10
MS 2.449.341 175.561 175.561 3,26 57.182 7,2 2,33 100 97,67 -
MT 3.033.991 172.024 172.024 3,17 54.537 5,7 1,80 98,00 98,20 2,00

Fonte: LCA e ANATEL; dados ANATEL, IBGE e Teleco. Elaboração: LCA.

Os dados revelam as disparidades regionais tanto em termos de acesso como


cobertura do serviço de banda larga fixa: Norte e Nordeste apresentam mais de 90% de
suas populações sem acesso à banda larga, além de contar com as maiores lacunas em
termos de cobertura (24,93% no Norte e 13,39% no caso do Nordeste).

Nas demais regiões, embora a cobertura seja mais ampla (em alguns casos, plena),
ainda há uma parcela significativa da população sem acesso ao serviço de banda

CONFIDENCIAL - p. 219
larga fixa. A região Sudeste, por exemplo, apesar de deter o melhor desempenho dentre
todas as regiões (e cobertura plena), ainda conserva mais da metade da sua população
(62,4%) à margem do serviço (Gráfico 20).

(ANEXO 4) Gráfico 20 – Comparação inter-regional de acesso à banda larga

100
92,0 90,9
90

80
71,7
70
68,5
62,4 62,4
60

50

40 37,6
31,5
30
28,3
24,9
18,4
20 12,0
13,4
9,1 8,0 8,8 10,4
10 8,0 9,1 1,2
2,2 2,1 2,7 1,1 0,5
-
Participação no total de Densidade (acessos/100 hab) Penetração (ANATEL - %) Déficit de acesso (ANATEL - Déficit de cobertura (TELECO -
acessos (%) %) %)
Norte Nordeste Centro-Oeste Sudeste Sul

Fonte: ANATEL, IBGE e Teleco. Elaboração: LCA.

O Gráfico 21 favorece a visualização das carências estaduais pela ordenação das


unidades da federação de acordo com a penetração do serviço, acompanhadas dos
respectivos déficits de cobertura.

CONFIDENCIAL - p. 220
(ANEXO 4) Gráfico 21 – Ranking de densidade e penetração da banda larga por UF
(dezembro/2010)
Além do Distrito Federal, a maioria
DF 58,8 dos Estados do Sudeste e Sul
SP 48,8
SC 33,7
apresenta cobertura satisfatória,
PR 33,3 mas conservam boa parte da sua
RJ 30,4
RS 3,1 população sem acesso ao serviço
28,5
0,1
GO 22,6 de banda larga fixa. O melhor
MG 4,2
22,5
ES 2,6 desempenho é no Distrito
21,9
RO 13,5 Federal, onde o serviço é ofertado a
TO 2,0

5,4
12,2
58,8% da população.
CE 11,5
PB 10,4
27,3 Alguns Estados do Centro-Oeste,
SE 5,5
10,2 como Mato Grosso e Mato Grosso
BA 9,9
9,6
RN 9,3
16,2 do Sul, apesar de contarem com
44,6
AM 8,6 cobertura compatível com os
AL 13,6
8,6
PI 22,9 melhores Estados, apresentam
6,4
PA 27,5
6,0 penetração compatível com os
RR 36,7
5,3
MA 26,5 estados mais carentes em acesso.
4,5
AP 4,2
13,0 Os Estados com maior carência de
MS 2,3
2,0
acesso (localizados na região Norte
MT 1,8
AC 1,2
4,8
Déficit de cobertura (TELECO - %) e Nordeste) apresentam também as
PE 8,3 Penetração (ANATEL - %)
1,0 maiores carências em termos de
- 10 20 30 40 50 60
cobertura da população.
Fonte: dados ANATEL, IBGE e Teleco. Elaboração: LCA.

C. Desempenho do Mercado

A seguir são apresentados detalhes de dados explorados no texto, no item “Cenário Atual
da Banda Larga no Brasil)

(ANEXO 4) Tabela 8 – Velocidade média dos serviços de banda larga (Kbps)

2008 2009 1T2010 2T2010 3T2010


Banda Larga Fixa 991 1.312 1.271 1.400 1.500
Banda Larga Móvel - 576 371 551 661

Fonte: AKAMAI (2010), "The State of Internet Report Q32010" Disponível em: http://www.akamai.com/stateof
theinternet/. Último acesso em 10/02/2011. Elaboração: LCA.

CONFIDENCIAL - p. 221
(ANEXO 4) Tabela 9 – Velocidade da banda larga fixa, pico de conexão e
distribuição de banda (Q3-2010)
Média de Velocidade de
% Acima % Acima de % Abaixo de
PAÍS Velocidade de conexão máxima
de 5 Mpbs 2 Mpbs 256 Kbps
Conexão (Mpbs) (Mpbs)
EUROPA
Áustria 3.7 13 17% 65% 0.8%
Bélgica 4.9 20 35% 86% 0.5%
República Tcheca 5.4 16 32% 89% 0.3%
Dinamarca 5.0 15 35% 86% 1.0%
Finlândia 4.4 15 24% 60% 0.9%
França 3.3 13 9.7% 75% 0.4%
Alemanha 4.2 16 20% 88% 0.7%
Grécia 3.2 15 5.1% 79% 1.4%
Islândia 4.3 17 15% 83% —
Irlanda 4.5 14 18% 71% 3.1%
Itália 3.3 13 7.7% 82% 1.3%
Luxemburgo 3.8 13 14% 82% 1.2%
Holanda 6.3 18 49% 88% 0.8%
Noruega 4.9 16 26% 82% 0.8%
Portugal 4.0 19 22% 83% 0.3%
Espanha 2.8 12 5.4% 64% 0.9%
Suécia 5.0 19 29% 66% 1.6%
Suíça 5.3 18 26% 92% 0.6%
Reino Unido 4.0 15 17% 85% 0.9%
ÁSIA/PACÍFICO
Austrália 2.9 12 12% 51% 4.0%
China 1.0 3.7 0.4% 7.7% 7.6%
Hong Kong 9.2 36 53% 93% 0.5%
Índia 0.8 5.1 0.5% 5.4% 33%
Japão 8.5 31 60% 83% 1.3%
Malásia 1.4 8.4 1.3% 8.8% 5.4%
Nova Zelândia 3.2 13 9.6% 74% 5.4%
Singapura 3.3 17 19% 59% 4.7%
Coréias do Sul 14 39 72% 93% 0.2%
Taiwan 5.0 18 28% 77% 0.7%
Egito 0.8 5.7 0.2% 3.6% 7.8%
Israel 3.5 12 6.4% 85% 0.2%
Kuwait 1.6 10 2.1% 21% 4.1%
Arábia Saudita 2.0 7.2 0.6% 44% 1.2%
Sudão 0.5 3.6 — — 15%
Síria 1.5 3.1 3.1% 36% 34%
Emirados Árabes Unidos (EAU) 2.4 16 11% 31% 4.3%
AMÉRICA LATINA
Argentina 1.6 7.7 0.5% 25% 3.1%
Brasil 1.5 6.8 2.3% 22% 13%
Chile 2.5 11 3.8% 54% 2.3%
Colombia 1.8 8.2 0.6% 31% 1.7%
México 1.6 7.5 0.6% 19% 1.6%
Peru 1.3 7.4 0.7% 9.5% 2.2%
Venezuela 0.8 4.8 0.2% 2.3% 12%
AMÉRICA DO NORTE
Canadá 5.0 17 32% 86% 1.8%
Estados Unidos 5.0 20 34% 74% 2.6%

Fonte: AKAMAI (2010), "The State of Internet Report Q32010" Disponível em: http://www.akamai.com/
stateoftheinternet/. Último acesso em 10/02/2011. Elaboração: LCA.

CONFIDENCIAL - p. 222
(ANEXO 4) Tabela 10 – Velocidade da banda larga móvel, pico de conexão e
consumo médio de banda
Veloxidade Veloxidade
Média Média
PAÍS ID Média (Kbps) máxima atingida PAÍS ID Média (Kbps) máxima atingida
(Kbps/mês) (Kbps/mês)
(Kbps) (Kbps)
AMÉRICA CENTRAL E DO NORTE EUROPA
Canadá CA-1 3232 15566 20403 Áustria AT-1 2485 10720 236
Canadá CA-2 910 2676 659 Áustria AT-2 2646 16205 1154
El Salvador SV-1 601 4746 270 Bélgica BE-1 2530 9259 404
El Salvador SV-2 1439 8096 767 Bélgica BE-2 1091 3226 30
El Salvador SV-3 778 5049 987 Bélgica BE-3 449 1582 24
Guatemala GT-1 475 4166 166 Croácia HR-1 1276 5587 84
Guatemala GT-2 750 5339 786 República Tcheca CZ-1 1142 5075 104
Guatemala GT-3 171 369 3.8 República Tcheca CZ-2 578 3570 251
México MX-2 1346 7848 645 República Tcheca CZ-3 2737 10172 256
México MX-3 749 5395 601 Estônia EE-1 970 4910 342
Antilhas Holandesas AN-1 530 3667 293 França FR-1 437 2443 179
Nicaragua NI-1 1064 6743 562 França FR-2 2026 6828 1234
Porto Rico PR-1 2126 8870 2598 França FR-3 680 2857 45
Estados Unidos US-1 1083 3257 42 Alemanha DE-1 603 3103 86
Estados Unidos US-2 1060 3663 37 Alemanha DE-2 2865 9821 1616
Estados Unidos US-3 972 3647 647 Alemanha DE-3 1182 4567 120
OCEANIA Grécia GR-1 2161 15355 710
Austrália AU-1 962 8705 1352 Grécia GR-2 428 3491 176
Austrália AU-2 970 1738 22 Húngria HU-1 1501 8127 243
Austrália AU-3 1495 6738 178 Húngria HU-2 1769 9687 161
Guam GU-1 517 2611 129 Irlanda IE-1 2314 10366 563
Nova Caledonia NC-1 569 3268 346 Irlanda IE-2 1551 10380 557
Nova Zelândia NZ-2 1301 7646 481 Irlanda IE-3 1244 9841 802
AMÉRICA DO SUL Itália IT-1 1326 8783 434
Argentina AR-1 515 4957 172 Itália IT-2 2161 9197 489
Argentina AR-2 622 4881 228 Itália IT-3 2909 11435 615
Bolívia BO-1 208 3954 244 Lituânia LT-1 1742 10002 462
Brasil BR-1 709 4067 144 Lituânia LT-2 1222 6439 333
Brasil BR-2 613 4938 170 Moldova MD-1 1163 4452 122
Chile CL-3 685 6390 400 Moldova MD-2 1462 6251 172
Chile CL-4 802 6366 580 Holanda NL-1 979 3059 35
Colombia CO-1 749 7430 346 Holanda NL-2 1943 4614 24
Paraguai PY-1 456 4413 179 Noruega NO-1 1126 4892 71
Paraguai PY-2 338 3482 287 Noruega NO-2 1342 4787 80
Uruguai UY-1 821 6688 350 Polônia PL-1 3671 11685 170
Uruguai UY-2 287 4144 118 Polônia PL-2 1146 4972 64
Venezuela VE-1 632 5163 548 Polônia PL-3 994 6201 204
Veloxidade Portugal PT-1 531 1914 43
Média Romênia RO-1 530 2867 107
PAÍS ID Média (Kbps) máxima atingida
(Kbps/mês) Rússia RU-1 5991 19207 177
(Kbps)
ÁFRICA Rússia RU-2 824 3260 82
Egito EG-1 594 3222 288 Rússia RU-3 607 2954 158
Marrocos MA-1 707 6872 568 Eslováquia SK-1 143 1741 57
Nigéria NG-1 262 4576 402 Eslováquia SK-2 2046 7881 2687
África do Sul ZA-1 495 928 177 Eslováquia SK-3 5227 22886 1056
ÁSIA Eslováquia SI-1 1360 6929 103
China CN-1 1537 4157 144 Espanha ES-1 1413 9468 426
Hong Kong HK-1 2183 11667 1445 Espanha ES-2 1190 4006 879
Hong Kong HK-2 2018 9949 386 Espanha ES-3 881 5528 223
Indonesia ID-1 379 8100 18510 Turquia TR-1 1347 6575 303
Israel IL-1 1271 6963 136 Ucrânia UA-1 599 2075 53
Kuwait KW-1 2142 8686 520 Reino Unido UK-1 1372 9062 626
Malásia MY-1 327 2580 254 Reino Unido UK-2 2018 10192 819
Malásia MY-2 4887 156484 572 Reino Unido UK-3 3149 15371 87
Malásia MY-3 728 4455 560
Paquistão PK-1 852 5521 609
Arábia Saudita SA-1 2012 8101 312
Singapura SG-2 485 3725 78
Singapura SG-3 1274 6917 533
Coréia do Sul KR-1 1589 3703 56
Sri Lanka LK-1 718 4460 255
Taiwan TW-1 1124 5646 160
Taiwan TW-2 481 3064 184
Tailândia TH-1 513 4420 88

Fonte: AKAMAI (2010), "The State of Internet Report Q32010" Disponível em: http://www.akamai.
com/stateoftheinternet/. Último acesso em 10/02/2011. Elaboração: LCA.

CONFIDENCIAL - p. 223
(ANEXO 4) Tabela 11 – Comparativo internacional IDI de países selecionados
(2007vs 2008)
Rankin Rankin
Ranking Ranking IDI IDI
País IDI 2007 g IDI IDI 2008 País g IDI
IDI 2007 IDI 2007 2007 2008
2008 2008
Bangladesh 137 1,3 137 1,4
Austrália 14 6,5 15 6,9
Ásia/Pacífico

China 77 3,0 79 3,2

Ásia emergente
Japão 7 6,9 8 7,1 India 116 1,6 117 1,8
Indonésia 108 2,2 107 2,5
Nova Zelândia 16 6,4 16 6,8
Coréia do Sul 2 7,2 3 7,7
Singapura 14 6,5 15 7,0 Malásia 55 3,7 56 4,0
Áustria 19 6,3 17 6,7 Paquistão 127 1,5 128 1,5
Bélgica 21 6,1 23 6,4 Filipinas 95 2,6 90 2,9
Economias desenvolvidas

Dinamarca 3 7,2 4 7,5 Tailândia 75 3,0 76 3,3


Finlândia 12 6,7 11 7,0 Argélia 97 2,5 100 2,7

Leste Europeu, Oriente Médio e África


França 22 6,1 18 6,6 República Checa 39 4,9 37 5,5

Economias emergentes
Alemanha 13 6,6 13 7,0 Egito 100 2,4 96 2,7
Grécia 31 5,3 30 6,0
Europa

Hungria 34 5,2 34 5,6


Itália 24 5,9 28 6,2 Israel 23 5,9 27 6,2
Holanda 5 7,1 5 7,4
Marrocos 103 2,3 97 2,7
Noruega 9 6,8 9 7,1
Nigéria 134 1,4 122 1,7
Portugal 30 5,3 32 5,8
Espanha 26 5,8 25 6,3 Polônia 36 5,0 40 5,3
Suécia 1 7,3 1 7,9 Rússia 46 4,1 48 4,5
Suíça 8 6,8 7 7,2 África do Sul 91 2,6 92 2,8
Reino Unido 12 6,7 10 7,1 Turquia 56 3,6 57 3,9
Estados Unidos 17 6,3 19 6,5 Ucrânia 58 3,6 58 3,9
AN

Canadá 18 6,3 21 6,5 Argentina 47 4,1 49 4,4

América Latina
Médias Regionais IDI 2007 IDI 2008 Brasil 61 3,5 60 3,8
Economias desenvolvidas 6,42 6,80 Chile 50 4,0 54 4,2
Ásia/Pacífico 6,56 6,95 Colômbia 69 3,3 63 3,7
Europa 6,39 6,80 México 76 3,0 77 3,3
América do Norte 6,32 6,52 Peru 74 3,0 75 3,3
Brasil 3,49 3,81 Venezuela 66 3,3 61 3,7
Economias emergentes (sem Br) 3,35 3,63
Ásia emergente 2,90 3,13
Leste Europeu, OM e África 3,63 3,95
América Latina (sem Br) 3,46 3,74
BRICS (sem Br) 2,93 3,17

Fonte: UIT (2010), “Measuring the Information Society 2010,” Disponível em: http://www.itu.int/ITU-D/ict/pub
lications/idi/2010/Material/MIS_2010_without_annex_4-e.pdf. Último acesso em 14/03/2011. Elaboração: LCA.

CONFIDENCIAL - p. 224
(ANEXO 4) Tabela 12 – Comparativo IDI (Subíndice de Acesso)
Proporção Proporção Proporção Proporção
Velocidade de dos dos Velocidade de dos dos
Ranking IDI Ranking IDI
País IDI 2008 ICT Acesso acesso domicílios domicílios País IDI 2008 ICT Acesso acesso domicílios domicílios
2008 (Kbs/usuário) com com 2008 (Kbs/usuário) com com
computador Internet computador Internet

Austrália 15 6,90 7,16 10,9 74,9 66,6 Bangladesh 137 1,41 1,78 2,3 2,2 1,9
Ásia/Pacífico

China 79 3,23 3,75 2,1 31,8 18,3


Japão 8 7,12 7,16 7,7 85,9 79,8

Ásia emergente
India 117 1,75 1,88 1,5 4,4 3,4
Nova Zelândia 16 6,81 7,25 10,4 81,2 67,5 Indonésia 107 2,46 2,60 1,5 6,4 1,4
Singapura 15 6,95 8,02 66,6 80,0 76,0 Coréia do Sul 3 7,68 7,60 6,0 80,9 94,3
Áustria 17 6,72 7,69 76,0 76,0 68,9 Malásia 56 3,96 4,38 4,3 38,7 21,1
Paquistão 128 1,54 1,96 0,5 9,8 1,2
Bélgica 23 6,36 7,28 54,7 70,0 63,6
Economias desenvolvidas

Filipinas 90 2,87 3,30 8,4 21,0 13,8


Dinamarca 4 7,53 8,34 94,9 85,5 81,9
Tailândia 76 3,27 3,41 3,4 19,6 8,6
Finlândia 11 7,02 7,40 51,2 75,8 72,4
Argélia 100 2,65 3,05 1,6 9,5 8,4
18

Leste Europeu, Oriente Médio e África


França 6,55 7,52 65,0 68,4 62,3
Alemanha 13 6,95 8,54 55,3 81,8 74,9 República Checa 37 5,45 6,09 35,1 52,4 45,9

Economias emergentes
Grécia 30 6,03 6,45 18,7 44,0 31,0 Egito 96 2,70 2,92 2,0 13,1 12,9
Europa

Itália 28 6,15 6,83 31,1 56,0 46,9 Hungria 34 5,64 6,21 10,2 58,8 48,4
Holanda 5 7,37 8,42 149,7 87,7 86,1 Israel 27 6,19 7,22 5,9 70,9 63,3
Noruega 9 7,11 7,91 52,7 85,8 84,0 97
Marrocos 2,68 3,33 2,4 27,0 13,7
Portugal 32 5,77 6,64 31,0 49,8 46,0
Nigéria 122 1,65 1,60 0,1 12,0 6,0
Espanha 25 6,27 6,92 31,8 63,6 51,0
1 Polônia 40 5,29 5,92 9,4 58,9 47,6
Suécia 7,85 8,75 109,9 87,1 84,4
Suíça 7 7,19 8,50 65,3 80,6 78,9 Rússia 48 4,54 5,59 4,7 40,0 30,0
Reino Unido 10 7,07 8,23 77,2 78,0 71,1 África do Sul 92 2,79 3,14 2,4 15,9 5,2
Estados Unidos 19 6,54 7,11 21,4 72,5 62,5 Turquia 57 3,90 4,66 8,1 37,7 25,4
AN

Canadá 21 6,49 7,51 30,8 80,0 75,1 Ucrânia 58 3,87 4,50 5,5 21,2 10,3
Proporção Proporção
Argentina 49 4,38 5,27 22,0 37,6 29,9
Velocidade de dos dos

América Latina
Médias Regionais IDI 2008 ICT Acesso acesso domicílios domicílios Brasil 60 3,81 4,24 5,6 31,2 23,8
(Kbs/usuário) com com Chile 54 4,20 4,84 36,5 40,0 23,8
computador Internet Colômbia 63 3,65 3,95 5,8 22,8 15,5
Economias desenvolvidas 6,80 7,60 53,0 74,5 68,1 México 77 3,25 3,48 1,3 25,7 13,5
Ásia/Pacífico 6,95 7,40 23,9 80,5 72,5 Peru 75 3,27 3,46 28,2 16,5 8,2
Europa 6,80 7,69 64,3 72,7 66,9 Venezuela 61 3,67 3,82 5,5 15,3 6,8
América do Norte 6,52 7,31 26,1 76,3 68,8
Brasil 3,81 4,24 5,6 31,2 23,8
Economias emergentes (sem Br) 3,63 4,06 8,0 29,3 21,4
Ásia emergente 3,13 3,41 3,3 23,9 18,2
Leste Europeu, OM e África 3,95 4,52 7,3 34,8 26,4
América Latina (sem Br) 3,74 4,14 16,5 26,3 16,3
BRICS (sem Br) 3,17 3,74 2,78 25,40 17,23

Fonte: UIT (2010), “Measuring the Information Society 2010,” Disponível em: http://www.itu.int/ITU-D/ict/
publications/idi/2010/Material/MIS_2010_without_annex_4-e.pdf. Último acesso em 14/03/2011.
Elaboração: LCA.

(ANEXO 4) Tabela 13 – Comparativo IDI (Subíndice de Uso)


Rankin Usuários de Assinantes Assinantes
Assinantes de de BL
Rankin Usuários de
País g IDI IDI 2008 ICT Uso Internet Assinantes de de BL
BL fixa/100hab móvel País g IDI IDI 2008 ICT Uso Internet
BL fixa/100hab móvel
2008 /100hab /100hab
/100hab 2008 /100hab
Ásia/Pacífico

Austrália 15 6,90 5,54 72,0 24,4 53,7 Bangladesh 137 1,41 0,01 0,3 - -
Japão 8 7,12 6,34 75,4 23,7 75,5 China 79 3,23 1,09 22,3 6,2 -
Ásia emergente

India 117 1,75 0,17 4,4 0,4 -


Nova Zelândia 16 6,81 5,11 72,0 21,6 45,2
Indonésia 107 2,46 0,39 7,9 0,2 3,5
Singapura 15 6,95 5,81 73,0 21,7 65,3 Coréia do Sul 3 7,68 6,69 76,5 32,1 70,7
Áustria 17 6,72 4,94 71,2 20,7 42,7 Malásia 56 3,96 2,43 55,8 4,9 9,0
Bélgica 23 6,36 4,25 68,9 28,0 12,0 Paquistão 128 1,54 0,35 10,5 0,1 -
Economias desenvolvidas

Dinamarca 4 7,53 5,76 83,9 37,1 27,3 Filipinas 90 2,87 0,51 6,2 1,2 7,0
Finlândia 11 7,02 5,25 82,6 30,5 24,3 Tailândia 76 3,27 0,89 23,9 1,4 0,5
França 18 6,55 4,64 68,2 28,5 23,6 Argélia 100 2,65 0,48 11,9 1,4 -
Alemanha 13 6,95 4,76 75,3 27,5 21,8
Leste Europeu, Oriente Médio e África

Grécia 30 6,03 3,72 43,5 13,5 45,7 República Checa 37 5,45 3,33 58,4 17,1 13,1
Europa

Economias emergentes

Itália 28 6,15 4,07 41,9 18,9 48,8 Egito 96 2,70 0,77 16,6 0,9 4,9
Holanda 5 7,37 5,66 86,5 35,1 25,0 Hungria 34 5,64 3,44 58,7 17,5 15,5
Noruega 9 7,11 5,29 82,6 33,3 20,9
Israel 27 6,19 4,12 49,6 23,9 34,4
Portugal 32 5,77 3,59 41,9 15,3 40,5
Espanha 25 6,27 4,31 56,7 20,2 38,9 Marrocos 97 2,68 1,26 33,0 1,5 2,2
Suécia 1 7,85 6,39 87,8 41,2 35,5 Nigéria 122 1,65 0,61 15,9 - 2,4
Suíça 7 7,19 5,40 77,0 34,2 28,3
Polônia 40 5,29 2,86 49,0 12,6 15,8
Reino Unido 10 7,07 5,23 76,2 28,2 33,9
Estados Unidos 19 6,54 4,64 74,0 23,5 26,3 Rússia 48 4,54 1,45 32,0 6,6 0,6
AN

Canadá 21 6,49 4,31 75,4 29,6 4,6 África do Sul 92 2,79 0,49 8,4 0,9 5,0
Assinantes
Usuários de Turquia 57 3,90 1,58 34,4 7,8 -
Assinantes de de BL
Médias Regionais IDI 2008 ICT Uso Internet
/100hab
BL fixa/100hab móvel Ucrânia 58 3,87 0,61 10,6 3,5 1,8
/100hab
Argentina 49 4,38 1,44 28,1 8,0 1,9
Economias desenvolvidas 6,80 5,00 70,8 26,5 35,2
América Latina

Brasil 60 3,81 1,60 37,5 5,3 1,8


Ásia/Pacífico 6,95 5,70 73,1 22,9 59,9 Chile 54 4,20 1,63 32,5 8,5 2,4
Europa 6,80 4,88 69,6 27,5 31,3 Colômbia 63 3,65 1,55 38,5 4,2 1,0
América do Norte 6,52 4,48 74,7 26,6 15,5 México 77 3,25 1,17 21,7 7,0 1,7
Brasil 3,81 1,60 37,5 5,3 1,8 Peru 75 3,27 0,96 24,7 2,5 -
Economias emergentes (sem Br) 3,63 1,54 28,0 6,49 7,48 Venezuela 61 3,67 1,39 25,5 4,7 8,5
Ásia emergente 3,13 1,39 23,1 5,2 10,1
Leste Europeu, OM e África 3,95 1,75 31,5 7,8 8,0
América Latina (sem Br) 3,74 1,36 28,5 5,8 2,6
BRICS (sem Br) 3,17 0,90 19,57 4,40 0,20

Fonte: UIT (2010), “Measuring the Information Society 2010.” Disponível em: http://www.itu.int/ITU-D/ict/
publications/idi/2010/Material/MIS_2010_without_annex_4-e.pdf. Último acesso em 14/03/2011. Elaboração:
LCA.

CONFIDENCIAL - p. 225
(ANEXO 4) Tabela 14 – Comparativo IDI (Subíndice de Qualificação)
País Ranking IDI 2008 ICT Qualificação País Ranking IDI 2008 ICT Qualificação
Austrália 15 6,90 9,12 Bangladesh 137 1,41 3,48

Ásia/Pacífico
China 79 3,23 6,46
Japão 8 7,12 8,60

Ásia emergente
India 117 1,75 4,64
Nova Zelândia 16 6,81 9,34 Indonésia 107 2,46 6,33
Coréia do Sul 3 7,68 9,84
Singapura 15 6,95 7,07 Malásia 56 3,96 6,19
Áustria 17 6,72 8,33 Paquistão 128 1,54 3,07
Bélgica 23 6,36 8,73
Economias desenvolvidas

Filipinas 90 2,87 6,72


Dinamarca 4 7,53 9,43 Tailândia 76 3,27 7,74
Finlândia 11 7,02 9,81
Argélia 100 2,65 6,19

Leste Europeu, Oriente Médio e África


França 18 6,55 8,45
República Checa 37 5,45 8,43
Alemanha 13 6,95 8,17

Economias emergentes
Grécia 30 6,03 9,78 Egito 96 2,70 6,09
Europa

Itália 28 6,15 8,95 Hungria 34 5,64 8,91


Holanda 5 7,37 8,66 Israel 27 6,19 8,28
Noruega 9 7,11 9,17 Marrocos 97 2,68 4,21
Portugal 32 5,77 8,41 Nigéria 122 1,65 3,80
Espanha 25 6,27 8,92
Polônia 40 5,29 8,90
Suécia 1 7,85 8,98
Rússia 48 4,54 8,62
Suíça 7 7,19 8,12
Reino Unido 10 7,07 8,44 África do Sul 92 2,79 6,67
Estados Unidos 19 6,54 9,19 Turquia 57 3,90 7,03
AN

Canadá 21 6,49 8,84 Ucrânia 58 3,87 9,11


Médias Regionais IDI 2008 ICT Qualificação Argentina 49 4,38 8,46

América Latina
Economias desenvolvidas 6,80 8,79 Brasil 60 3,81 7,35
Ásia/Pacífico 6,95 8,53 Chile 54 4,20 8,08
Europa 6,80 8,82 Colômbia 63 3,65 7,28
América do Norte 6,52 9,02 México 77 3,25 6,98
Brasil 3,81 7,35 Peru 75 3,27 7,50
Economias emergentes (sem Br) 3,63 6,92 Venezuela 61 3,67 7,93
Ásia emergente 3,13 6,05
Leste Europeu, OM e África 3,95 7,19
América Latina (sem Br) 3,74 7,71
BRICS (sem Br) 3,17 6,57

Fonte: UIT (2010), “Measuring the Information Society 2010.” Disponível em: http://www.itu.int/ITU-
D/ict/publications/idi/2010/Material/MIS_2010_without_annex_4-e.pdf. Último acesso em 14/03/2011.
Elaboração: LCA.

CONFIDENCIAL - p. 226
(ANEXO 4) Tabela 15 – Comparativo ICT price basket vs preço banda larga fixa
Austrália 25 0,86 0,77 25,9 3.363 Bangladesh 132 35,55 116,31 50,4 43

Ásia/Pacífico
China 75 3,21 7,19 17,6 245
Japão 35 1,09 1,18 37,6 3.184

Ásia emergente
India 81 3,64 5,84 5,2 89
Nova Zelândia 39 1,28 1,23 28,6 2.328 Indonésia 98 5,81 12,44 20,8 168
Singapura 3 0,33 0,58 16,8 2.897 Coréia do Sul 19 0,79 1,41 25,3 1.794
Áustria 15 0,61 0,94 36,2 3.855 Malásia 46 1,65 3,27 19,0 581
Bélgica 18 0,75 0,78 28,8 3.694 Paquistão 108 7,56 17,89 14,6 82
Economias desenvolvidas

Dinamarca 7 0,41 0,59 29,1 4.928 Filipinas 113 9,25 13,68 21,5 158
Finlândia 12 0,59 0,97 38,9 4.010 Tailândia 88 4,15 7,94 18,8 237
Argélia 56 2,43 4,35 15,4 355

Leste Europeu, Oriente Médio e África


França 32 0,95 1,02 35,9 3.521
Alemanha 20 0,81 1,23 43,5 3.537 República Checa 84 2,18 3,13 43,3 1.383

Economias emergentes
Grécia 33 1,02 1,00 23,9 2.388 Egito 81 3,40 5,46 8,2 150
Europa

Itália 24 0,86 0,98 28,8 2.937 Hungria 58 2,18 2,84 30,3 1.068
Holanda 17 0,75 0,87 36,4 4.179 Israel 16 0,61 0,33 0,6 2.058
Noruega 8 0,41 0,70 50,8 7.256 Marrocos 107 9,69 7,83 16,8 215
Portugal 38 1,28 1,69 29,0 1.713 Nigéria 114 38,88 108,61 105,0 97
Espanha 36 1,11 1,08 28,8 2.663
Polônia 41 1,37 1,39 13,8 990
Suécia 14 0,60 0,84 35,7 4.245
Rússia 34 1,02 1,66 13,3 802
Suíça 13 0,60 0,60 32,7 5.444
Reino Unido 9 0,57 0,63 23,8 3.783 África do Sul 89 4,20 5,54 26,9 485
Estados Unidos 6 0,40 0,50 19,8 3.965 Turquia 72 2,39 2,34 1,5 778
AN

Canadá 11 0,58 0,71 24,7 3.478 Ucrânia 49 1,79 2,70 7,2 268
Preço Argentina 66 2,71 5,20 31,2 600

América Latina
ICT Price Subcesta BL Assinatura Renda per Brasil 87 4,14 4,58 28,1 613
Médias Regionais Index Fixa / Renda BL Fixa capita (US$ -
Chile 80 3,49 6,15 48,2 783
(2009) per Capita (US$ - mensal)
mensal) Colômbia 91 4,29 8,96 34,8 388
Economias desenvolvidas 0,76 0,90 31,2 3.684 México 48 1,69 1,95 16,2 832
Ásia/Pacífico 0,89 0,94 27,2 2.943 Peru 100 5,98 10,96 36,4 333
Europa 0,75 0,93 33,5 3.877 Venezuela 69 2,99 4,07 31,3 769
América do Norte 0,49 0,61 22,3 3.721
Brasil 4,14 4,58 28,1 613
Economias emergentes (sem Br) 6,03 13,68 25,0 583
Ásia emergente 7,96 20,66 21,5 377
Leste Europeu, OM e África 5,85 12,18 23,5 721
América Latina (sem Br) 3,53 6,22 33,0 618
BRICS (sem Br) 2,62 4,90 12,04 378,61

Fonte: UIT (2010), “Measuring the Information Society 2010”. Disponível em: http://www.itu.int/ITU-D/ict/pub
lications/idi/2010/Material/MIS_2010_without_annex_4-e.pdf. Último acesso em 14/03/2011. Elaboração: LCA.

CONFIDENCIAL - p. 227
GLOSSÁRIO

ABINEE: Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica.

ACEL: Associação Nacional das Operadoras Celulares.

ADSL: Asymmetric Digital Subscriber Line.

AIR: Análise de Impacto Regulatório (do inglês, Regulatory Impact Analysis –


RIA).

AMPS (Advanced Mobile Phone System): padrão de telefonia móvel celular


analógico (Rede 1G).

AMPS: Advanced Mobile Phone System.

ANATEL: Agência Nacional de Telecomunicações.

ARPU: Average Revenue Per User.

ATM: Asynchronous Transfer Mode.

Backbone: corresponde à estrutura fundamental ao funcionamento de qualquer


rede de telecomunicação, pois possibilita a transmissão, comutação, roteamento
e gerenciamento do tráfego principal de voz e dados de todas as redes das
operadoras e entre elas.

Backhaul: A ANATEL define como sendo a infraestrutura de rede de suporte do


STFC para conexão em banda larga, interligando as redes de acesso ao
backbone da operadora.

BNDES: Banco Nacional de Desenvolvimento.

BOVESPA: Bolsa de Valores de São Paulo.

BPL: Ver PLC.

BRICs: Brasil, Rússia, Índia e China.

CONFIDENCIAL - p. 228
Cabo coaxial: é o cabo utilizado em sistemas de telecomunicações, que em
geral, compõe um condutor central, cercado de material dielétrico que por sua vez
e envolvido por um condutor metal sólido.

CADE: Conselho Administrativo de Defesa Econômica.

CAPEX: Capital Expenditure.

CAT: Community Antenna Television.

CCC: Central de Comutação de Controle.

CDMA (Code Division Multiple Access ou Acesso Múltiplo por Divisão em


Código): consiste na técnica de transmissão digital utilizada em sistemas de
radiocomunicações, ou seja, transmissão de sinais por espalhamento espectral o
qual possibilita que os usuários utilizem a mesma faixa de frequências, por
exemplo, que um grande número de usuários acesse simultaneamente um único
canal da estação rádio-base sem interferências.

CEF: Caixa Econômica Federal.

CLT: Consolidação das Leis do Trabalho.

COFINS: Contribuição Para o Financiamento da Seguridade Social.

COI: Comitê Olímpico Internacional.

CP: Consulta Pública.

CPqD: Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações.

CSP: Códigos de Seleção de Operadora.

CTBC: Companhia de Telecomunicações do Brasil Central.

DSL: Digital Subscriber Line.

CONFIDENCIAL - p. 229
DTH (Direct to home): Tecnologia para oferta de TV por assinatura. O downlink é
realizado diretamente do satélite para os assinantes, exigindo apenas uma antena
parabólica e um decodificador atrelado ao aparelho exibidor.

EBITDA: Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization.

EILD: Exploração Industrial de Linhas Dedicadas.

ERB: Estação Rádio-Base.

FAR: Fundo de Arrendamento Residencial.

FGTS: Fundo de Garantia do Tempo de Serviço.

FIFA: Fédération Internationale de Football Association.

FISTEL: Fundo de Fiscalização das Telecomunicações.

FMS: Football Media Services.

FR: Frame Relay.

FTTH (Fiber-to-the-Home): é um tipo de tecnologia de serviços de comunicação


de dados que interliga as residências por meio de fibras ópticas.

FUNTTEL: Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações.

FUST: Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações.

FWA (Fixed Wireless Access): sistema com aplicações ponto-multiponto para


faixas de radiofrequências diferentes de 900 MHz, 2,4 GHz e de 5,8 GHz.

GCR: The Global Competitiveness Report.

GNP: Gross National Product (em português, Produto Nacional Bruto – PNB).

GSM (Global System for Mobile Communications): Sistema de telefonia móvel


celular popular, segunda geração (2G).

GVT: Global Village Telecom.

CONFIDENCIAL - p. 230
Headend: é o centro eletrônico de controle de um sistema de TV a cabo.

HFC (Hybrid fibre-coaxial): é um acesso híbrido que utiliza tanto Cabo de Fibra
óptica como o Cabo Coaxial.

HHI: Herfindahl-Hirschman Index.

IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

ICMS: Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços.

ICT: Information and Communication Technologies.

IDH: Índice de Desenvolvimento Humano.

IDHM: Índice de Desenvolvimento Humano Municipal.

IDI: índice de Desenvolvimento da ICT.

INCRA: Internet Content Rating Association.

IPEA: Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada.

IPI: Imposto Sobre Produtos Industrializados.

ISDN (Integrated Services Digital Network ou Rede Digital de Serviços


Integrados): Corresponde a um conjunto de protocolos padronizados pela UIT
com a finalidade de permitir serviços de dados através da rede telefônica, que
passa a prover conexão digital, objetivando a transmissão simultânea de voz e/ou
dados em canais de comunicação multiplexados.

ISP (Internet Service Provider): prestador de serviço que provê conexão à


internet.

LDI: Longa Distância Internacional.

LDN: Longa Distância Nacional.

LGT: Lei Geral de Telecomunicações, lei nº 9.472/1997.

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LTE (Long Term Evolution): Rede de tecnologia avançada.

MDIC: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

MMDS (Multichannel Multipoint Distribution Service): oferta de TV por


Assinatura de forma similar à transmissão de TV aberta. Utiliza uma faixa
específica de radiofrequências. Esta faixa (de microondas, entre 2500 a 2680
MHz), por ser elevada, limita o alcance da difusão do sinal a partir da antena de
30 a 50 km. O sinal (programação) do uplink/satélite é convertido em ondas de
UHF, que são transmitidas até as antenas receptoras dos domicílios e empresas.

MOU: Minutes Of Usage.

MP: Medida Provisória.

MVNO: Mobile Virtual Network Operators.

Narrow Band ou “banda estreita”: corresponde à capacidade de transmitir voz


através de sistemas digitais de telecomunicações que se utilizam da taxa de
transmissão de 64 Kbps. Desta definição surgiu o conceito de banda larga, como
sendo as capacidades superiores à 64 Kbps.
OCDE: Organização para a Cooperação Econômica e Desenvolvimento.

Off-net calls: chamadas entre clientes de redes diferentes.

On-net calls: chamadas entre clientes da mesma rede.

ONU: Organização das Nações Unidas.

OPEX: Operational Expenditure.

PABX: Private Automatic Branch Exchange.

PAC: Programa de Aceleração do Crescimento.

PAR: Programa de Arrendamento Residencial.

PGMC: Plano Geral de Metas de Competição.

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PGMU: Plano Geral de Metas para a Universalização do Serviço Telefônico Fixo
Comutado Prestado no Regime Público.

PGO: Plano Geral de Outorgas.

PGR: Plano Geral de Atualização da Regulamentação das Telecomunicações no


Brasil.

PIA: Pesquisa Industrial Anual.

PIB: Produto Interno Bruto.

PIS: Programa de Integração Social.

PLC (Power Line Communication) e BPL (Broadband over Powerlines):


consistem em tecnologias que utilizam rede de energia elétrica para a
transmissão de dados e voz em banda larga.

PME: Pesquisa Mensal de Emprego.

PMS: Poder de Mercado Significativo.

PNAD: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios.

PNB: Produto Nacional Bruto.

PNBL: Plano Nacional de Banda Larga.

PNUD: Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento.

POF: Pesquisa de Orçamentos Familiares.

PPC: Paridade do Poder de Compra (do inglês, Purchasing Power Parity – PPP).

PPP: Parceria público-privada.

PRO-REG: Programa para o Fortalecimento da Capacidade Institucional para


Gestão em Regulação.

CONFIDENCIAL - p. 233
SCM: Serviço de Comunicação Multimídia.

SEAE: Secretaria de Acompanhamento Econômico.

SERCOMTEL: Serviço de Comunicações Telefônicas de Londrina.

SICI: Sistema de Coleta de Informações.

SMC: Sistema Móvel Celular.

SME: Serviço Móvel Especializado.

SMP: Serviço Móvel Pessoal.

SMS: Short Message Service.

STEL: Sistema de Serviços de Telecomunicações.

STF: Supremo Tribunal Federal.

STFC: Serviço Telefônico Fixo Comutado.

TDMA: Time Division Multiple Access.

TFF: Taxa de Fiscalização de Funcionamento.

TFI: Taxa de Fiscalização de Instalação.

TIC: Tecnologias de Informação e Comunicação.

TJLP: Taxa de Juros de Longo Prazo.

TUP: Telefone de Uso Público.

TV a Cabo: modalidade de TV por assinatura pelo qual o sinal de TV é formado


por um somatório de sinais de programadores enviados pelos centros de uplink
via satélite. Este é, em seguida, captado na central de recepção, processamento,
geração e retransmissão do sinal para os assinantes (headend) e transmitido até
a rede domiciliar ou empresarial através de uma rede de fibras óticas e cabos

CONFIDENCIAL - p. 234
coaxiais. Os terminais necessitam de um aparelho conversor, decodificador ou
terminal com capacidade de decodificação própria (cable-ready), que convertem,
decodifiquem e adéquam o sinal para frequências compatíveis com o dispositivo
exibidor.

TVA (UHF): modalidade de TV por Assinatura que emprega tecnologia de


transmissão de sinal similar à da televisão aberta, explorando sua codificação em
um único canal UHF (Ultra High Frequency), de 14 a 69. Sua decodificação é
realizada após captação do sinal por antena de UHF, e posteriormente
decodificado para exibição.

TVC: é a Rede de Serviço de TV cabo (rede integralmente em cabos coaxiais ou


mista de cabos ópticos e cabos coaxiais).

UFH: Ultra High Frequency.

UIT: União Internacional de Telecomunicações (do inglês, International


Telecommunication Union – ITU).

“Última milha” (last mile): é a porção da rede mais próxima às instalações do


assinante.

UNESCO: United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization.

VoIP: Voice over Internet Protocol.

WCDMA (Wideband CDMA): CDMA de banda larga.

WiMAX: Worldwide Interoperability for Microwave Access.

Wired: Sistema de comunicação que utiliza cabos com fios como meio de
transmissão. (própria).

Wireless: Sistema de comunicação que utiliza ondas de rádio, ao invés de cabos


com fios coaxial ou óptico como meio de transmissão. É o sistema de transmissão
conhecido como “sem fio”.

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FICHA TÉCNICA

Diagnóstico, cenários e ações para o Setor de Telecomunicações no Brasil


2014 – 2020
O Setor de Telecomunicações é peça fundamental da infraestrutura de qualquer país e é
considerado, por isso, um componente relevante para o desenvolvimento econômico e
social. Este trabalho tem o propósito de, a partir de um diagnóstico do setor no Brasil,
enumerar seus principais desafios e estabelecer cenários atrelados a ações públicas e
privadas para seu desenvolvimento, com especial atenção ao serviço de banda larga.

Equipe Técnica

Bernardo Gouthier Macedo – Economista (UFMG). Sócio-diretor da LCA. Doutor em


Economia – Unicamp.
Cláudia Viegas – Economista (USP). Diretora de Regulação Econômica da LCA. Doutora
em Economia – USP.
Diogo Coutinho – Consultor Jurídico. Professor da Faculdade de Direito da USP.
Dario A. Guerrero – Economista (USP). Mestre em Economia – USP.
Bruno Teodoro Oliva – Economista (USP). Mestre e Doutorando em Economia – FGV-
SP.
Gabriel Dib Tebechrani – Economista (USP). Mestre em Economia pela UFRJ.
Ricardo Sakamoto – Economista (USP). Mestre em Economia – FGV-SP.
Roberto Itô – Economista (USP).
Mariana Pereira Suplicy – Economista (FGV-SP).
Maria Fernanda Caporale Madi – Economista (USP).
Ana Carolina Garcia – Estagiária. Graduanda em Ciências Econômicas (USP).
Beatriz Miotto – Estagiária. Graduanda em Ciências Econômicas (USP).

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