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Raquel Costa
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RESUMO
1 INTRODUÇÃO
Com a revolução industrial que teve seu início a partir de 1760, principalmente na Inglaterra,
surgem as primeiras indústrias. Assim, a sociedade começou a se estruturar de uma maneira diferente,
principalmente, como conseqüência do aparecimento das máquinas e de uma nova organização de
trabalho, antes artesanal e muitas vezes de subsistência para um processo produtivo em série e com a
finalidade de obtenção do lucro. Com isso, as pessoas tiveram que se adaptar a essa nova realidade
que estava acontecendo, ou seja, o crescimento indiscriminado da aglomeração urbana e a ascensão do
capitalismo, cujos efeitos verificam-se hoje.
Nessa primeira fase da revolução industrial, a maioria das empresas que estavam surgindo não
estavam preocupadas ou não apresentavam consciência da grande responsabilidade social delegada a
elas. Estavam interessadas principalmente em acumular capital e gerar lucro independentemente de
que para alcançar tais resultados tivessem que agredir o meio ambiente, alterar as condições de
equilíbrio da natureza provocando o esgotamento desses recursos naturais. Sendo assim, as
organizações sem medir as conseqüências futuras de seus atos e não tomando nenhuma providência
imediata, deixaram como herança às gerações subseqüentes muitos problemas de natureza ambiental.
Segundo MELO e COSTA (1994, p.156), posteriormente a essa primeira fase da revolução
industrial, onde havia o predomínio da indústria sobre o comércio e os serviços, “o capitalismo
industrial foi gradualmente cedendo lugar ao capitalismo financeiro, no qual os grandes bancos
passaram a controlar as empresas industriais e comerciais”. Paralelo a isso, a Ciência Contábil ocupa
maior espaço e importância nas organizações que começavam a se estruturar, pois necessitavam de
um maior controle do seu patrimônio. Já que em muitas empresas, especialmente as maiores, os donos
deixaram de administrá-las, delegando essa responsabilidade a profissionais.
Dessa forma, a contabilidade como ciência evoluiu tendo como funções básicas acompanhar,
estudar e registrar os fatos econômicos e financeiros das empresas, evidenciando as mutações
patrimoniais, quantitativas e qualitativas e, apresentando o patrimônio através de seus relatórios,
servindo como fonte de informações a seus usuários.
Com a globalização da economia e conseqüentemente com o acesso mais fácil e rápido à
informação, a sociedade está mais consciente e informada, começando então a participar e fiscalizar
mais ativamente tudo que acontece ao seu redor. Dessa forma, espera-se muito mais que qualidade e
preço competitivo, exige-se empresas que se preocupem com o meio ambiente, valorizem seus
colaboradores e que participem ativamente das atividades propostas pelas comunidades onde estão
inseridas, ou seja, cada organização deve assumir a sua responsabilidade social.
Através dessas exigências, surge a necessidade de informações que traduzam com
transparência as ações sociais das empresas e o que ela proporciona à comunidade em que está
inserida. Com isso, surgiram na literatura contábil demonstrações a fim de prover seus usuários com
informações econômico-sociais como, por exemplo, o balanço social, a demonstração do valor
adicionado e o balanço ambiental.
1.1 JUSTIFICATIVA
O meio ambiente deve ser entendido como um conjunto de sistemas que se integram e
interagem, formando o mundo que nos cerca. Compreendendo, desse modo, o ar, a água, a terra, a
flora, a fauna e os recursos não renováveis, como os combustíveis fósseis e os minerais. Desse modo o
meio ambiente deve ser analisado como um tema multidisciplinar, sendo que todas as ciências devem
considerá-lo como objeto de estudos e discussões.
A Contabilidade, como ciência social que tem como objeto o patrimônio das empresas,
apresenta grande potencial com relação, principalmente, a apreensão dos fatos relacionados ao meio
ambiente que interferem no patrimônio das entidades.
Sobre o assunto, SÁ em artigo publicado no Boletim IOB – Temática Contábil e Balanços,
n.37 (1999, p.6) argumenta que "A Contabilidade passou a preocupar-se, em seus estudos, portanto,
não com o que é objeto de outras ciências, mas, sim, com as influências de tais fatos no patrimônio".
Isto significa que não se trata de estudar os fenômenos biológicos, geográficos, geológicos entre
outros, que competem às ciências específicas, mas sim o que cada um deles influi e recebe influências
em razão das movimentações patrimoniais das organizações.
Neste sentido, KROETZ (1998, p.50) afirma que em futuro bem próximo que a ação do
profissional da Contabilidade não se restringirá à simples contabilização das contingências sócio-
ambientais ocorridas, pois se tratam de fatos já consumados; terá, sim, de entender e explicar as
mutações patrimoniais e elaborar demonstrações que reflitam a realidade do impacto ambiental e
social exercido pelas empresas. Com isso, terá uma gestão mais participativa dentro das organizações,
sendo ele, um conhecedor dos fatos ocorridos dentro e fora da empresa, tem condições de participar
ativamente das decisões e do rumo da empresa.
Desse modo, está sendo exigido da contabilidade a solução dos problemas relacionados com o
reconhecimento e mensuração dos eventos que envolvam o meio ambiente, surgindo assim, mais uma
área da Ciência Contábil denominada Contabilidade Ambiental.
1) A satisfação das necessidades básicas da população (educação, alimentação, saúde, lazer, etc);
2) A solidariedade para com as gerações futuras (preservar o ambiente de modo que elas tenham chance
de viver);
3) A participação da população envolvida (todos devem se conscientizar da necessidade de conservar o
ambiente e fazer cada um a parte que lhe cabe para tal);
4) A preservação dos recursos naturais (água, oxigênio, etc);
5) A elaboração de um sistema social garantindo emprego, segurança social e respeito a outras culturas
(erradicação da miséria, do preconceito e do massacre de populações oprimidas, como por exemplo
os índios);
6) A efetivação dos programas educativos.
As empresas estão mudando a maneira de agir em sociedade, ou seja, a sociedade exige uma
postura mais ética com relação aos seus atos existindo uma cobrança do retorno social, econômico e
ecológico que ela proporcionará ao meio em que está inserida.
SÁ em artigo publicado no Boletim IOB – Temática Contábil e Balanços n.15 (2001, p.3),
apresenta que “A responsabilidade social das empresas começou a ser discutida por volta da década de
sessenta e os Estados Unidos foram o primeiro país a debater este assunto, devido à guerra do Vietnã,
à fabricação de armamentos e às questões sobre o meio ambiente”.
Segundo BASTOS (2001, p.3), responsabilidade social empresarial é a “conduta ética e
responsável adotada por uma empresa e toda a sua rede de relações, incluindo consumidores,
fornecedores, funcionários, acionistas, governo, meio ambiente e comunidade”.
A empresa do sistema capitalista comporta-se de forma responsável quando sua sobrevivência
está ameaçada, ou quando alguma atitude que adote possa gerar valor. Corroborando com esta
afirmativa, MAIMON (1996, p. 52) salienta que os fatores determinantes da responsabilidade
ambiental das empresas são “a pressão dos órgãos de controle e da comunidade local, a origem do
capital (nacional/privado, multinacional ou público) e o grau de inserção da empresa no mercado
internacional.”
Assim, SOUR apud NOGUEIRA (2000, p.70) através do seu livro “Ética Empresarial” fala
que:
Em um ambiente competitivo, as empresas têm uma imagem a resguardar, uma reputação, uma marca.
E, em países que desfrutam de estados de direito, a sociedade civil reúne condições para se mobilizar e
retaliar as empresas socialmente irresponsáveis ou inidôneas. Os clientes, em particular, ao exercitar
seu direito de escolha e ao migrar simplesmente para os concorrentes, dispõem de uma indiscutível
capacidade de dissuasão, uma espécie de arsenal nuclear.
Juntamente com a ameaça de retaliação por parte dos consumidores, a legislação ambiental
mais rigorosa é elemento básico para que muitas empresas percebam a inadiável necessidade de
cumprir seu papel social, sob o aspecto de proteção e preservação do meio ambiente.
A Contabilidade, enquanto ciência que estuda a situação patrimonial, através do Balanço
patrimonial, e o desempenho econômico-financeiro das entidades, evidenciado pela demonstração do
resultado do exercício, e também o fato causador dessas mutações sejam através da demonstração das
mutações do patrimônio líquido ou demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados e a
demonstração das origens e aplicações de recursos, possui os instrumentos necessários para contribuir
na identificação do nível de responsabilidade social dos agentes econômicos através de informações
econômico-sociais demonstradas em relatórios como: o balanço social, a demonstração do valor
adicionado e o balanço ambiental.
A legislação brasileira aborda de forma exaustiva a área ambiental. Dessa forma, o Brasil
apresenta instrumentos legais em grande quantidade para a defesa do meio ambiente.
A Constituição Federal de 1988 reserva o capítulo VI, que trata do meio ambiente, para
disciplinar e delegar funções ao poder público e a sociedade civil em geral, onde em seu artigo 225
apresenta que:
Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e
essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-
lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
...
§3.º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas
físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os
danos causados.
Assim, a adoção de um Sistema de Gestão Ambiental – SGA é importante, pois é a partir dele
que se obtém informações sobre a interação da empresa com o meio ambiente, a fim de garantir sua
responsabilidade em atender as exigências das leis ambientais e demonstrar o compromisso com a
questão ambiental.
2 INFORMAÇAO CONTABIL
Este capítulo tem como finalidade permitir um contorno mais preciso e fundamentado sobre o
tema da pesquisa. Desse modo, primeiramente são apresentados os principais grupos de usuários da
informação contábil e os tipos de informações contábeis de que eles necessitam.
Ciência Contábil
Administradores
Fornecedores Financiadores
Ciência Contábil
Governo Investidor
Clientes externos Clientes internos
Público em geral
FONTE: Elaborado pela autora.
Com o explosivo desenvolvimento econômico e os problemas dele resultantes, o nível de
informação exigido pelos diversos grupos de usuários ampliou-se. Informações de cunho econômico-
social passaram a ser de grande interesse. Os clientes internos representados pelos funcionários e os
sindicatos têm grande interesse em conhecer a política de recursos humanos que as organizações vem
adotando.
As questões ambientais têm destaque amplo, pois o número de interessados é crescente pelas
informações ambientais das empresas. Expandiu-se o horizonte de usuários desse tipo de informação
que abrange os acionistas, os consumidores, funcionários, instituições financeiras, público em geral,
governo, grupos formadores de opinião (principalmente a mídia), os fornecedores, entre outros. O
governo vem agindo em favor do meio ambiente através da regulamentação de leis que reprimem
empresas que tenham atividades potencialmente poluidoras do meio ambiente.
MARTINS e RIBEIRO (1995, p.11) afirmam que em países como os Estados Unidos “os
bancos têm restringido a concessão de empréstimos, principalmente às pequenas empresas que
apresentem qualquer risco ambiental potencial.” Este fato se deve a co-responsabilidade das
instituições financeiras quando financiam empresas poluentes. Exemplo disso, o jornal Gazeta
Mercantil apud MARTINS e RIBEIRO (1995, p.11) cita um caso acontecido no estado da Geórgia
nos Estados Unidos onde:
uma instituição financeira – Fleet Factors – concedeu um empréstimo para uma estamparia de tecidos,
tomando como garantia as instalações de produção e os equipamentos. Algum tempo depois, tendo esta
empresa falido, a Flett beneficiou-se da venda de alguns de seus bens como compensação pelo
empréstimo concedido. Foi, então, considerada responsável pelos rejeitos poluentes deixados pela
empresa, sendo processada pela Agência de Proteção Ambiental (EPA) dos Estados Unidos, a qual
requeria a cobertura dos custos de remoção de amianto e outros processos de limpeza nas instalações.
De acordo com entendimento da EPA, a instituição financeira tinha condições de influenciar na
administração da empresa.
a maior parte das informações contidas nas demonstrações emanadas do sistema de informação contábil
se refere a aspectos do patrimônio da entidade objeto de contabilização e observa dimensões
econômicas e de rentabilidade (principalmente na Demonstração de Resultado do Exercício),
financeiras (principalmente no Balanço Patrimonial) e, às vezes, físicas e de produtividade nos sistemas
modernos mais avançados, bem como de natureza social e ambiental (nos países em que tais
informações são requeridas pela sociedade ou por lei).
Um dado para se tornar uma informação contábil precisa preencher determinados requisitos,
denominados de qualidade da informação que são utilizados, principalmente, para a verificação da
utilidade dessa informação para o usuário.
Conforme HENDRIKSEN e BREDA (1999, p.90) enfatizam, a informação contábil possui
características qualitativas, definindo essas características como “atributos de informações contábeis
que tendem a ampliar sua utilidade”. Argumentam expondo as três características qualitativas da
informação contábil: duração, generalidade, viabilidade.
A qualidade da duração está relacionada a tempestividade e oportunidade da informação e,
também, ao tempo que ela irá trazer benefícios quando da sua evidenciação, ou seja, deve ser
divulgada em tempo hábil para que os usuários possam usufruir dessa informação por mais tempo
possível para a tomada de decisão.
A característica da generalidade está relacionada a aplicabilidade dos procedimentos contábeis
a todas as entidades contábeis. A terceira característica, a viabilidade, enfatiza a capacidade de
aplicação e possibilidade de verificação objetiva.
Na mesma linha de pensamento, a Resolução n. 785/95 do Conselho Federal de Contabilidade
(2000, p.103), apresenta que a informação contábil “deve ser, em geral e antes de tudo, veraz e
eqüitativa, de forma a satisfazer as necessidades comuns a um grande número de diferentes usuários,
não podendo privilegiar deliberadamente a nenhum deles, considerando o fato de que os interesses
destes nem sempre são coincidentes.” Complementa citando os atributos indispensáveis que a
informação contábil deve possuir para facilitar a concretização dos propósitos do usuário: a
confiabilidade, a tempestividade, a compreensibilidade e a comparabilidade.
A principal diferença existente entre a Resolução n. 785/95 do CFC e a posição de Hendriksen
e Breda consiste em que o primeiro não hierarquiza as qualidades da informação, já o segundo além
de hierarquizar apresenta de forma mais detalhada essas qualidades com algumas ramificações. De
maneira analítica, a figura a seguir, apresenta as várias características qualitativas da informação
contábil e a maneira como estão relacionadas.
Elementos
das qualidades Fidelidade de
Oportunidade Verificabilidade
principais representação
Qualidades
secundárias e
interdependentes Neutralidade
Comparabilidade
(incluindo consistência)
Limite de
Reconhecimento Materialidade
FONTE: HENDRIKSEN, Eldon S.; BREDA, Michael F. Van. Traduzido por Antonio Zoratto Sanvicente. Teoria da
Contabilidade. São Paulo: Atlas, 1999. p. 96.
2.2.1.2 Compreensibilidade
2.2.1.3 Confiabilidade
O atributo da confiabilidade representa que o usuário precisa confiar nos dados que estão
sendo demonstrado para que possa utilizar como base de decisões. A Resolução n. 785/95 do CFC
(2000, p.103) enfatiza que “A confiabilidade da informação fundamenta-se na veracidade, completeza
e pertinência do seu conteúdo.”
Também definida pelo Financial Accounting Standards Board - Fasb apud HENDRIKSEN e
BREDA (1999, p.99) como a “qualidade da informação que garante que a informação seja
razoavelmente livre de erro e viés e represente fielmente o que visa representar.”
Observa-se no quadro 1, que este atributo foi dividido em dois elementos: a fidelidade de
representação e a verificabilidade. O primeiro expressa que as informações devem traduzir fielmente
os fenômenos apreendidos pela contabilidade e, o segundo consiste na possibilidade de verificação se
a informação é verdadeira ou não.
2.2.1.4 Relevância
Está denominação é conceituada pelo Fasb apud HENDRIKSEN e BREDA (1999, p.97) como
sendo “a capacidade que a informação teria de ‘fazer a diferença’ numa decisão”.
O quadro 1 apresenta uma subdivisão desse atributo em: oportunidade, valor preditivo e valor
como feedback. O conceito de oportunidade para o Fasb tem o mesmo sentido do expressado pelo
Conselho Federal de Contabilidade através da Resolução n. 785/95 através do atributo da
tempestividade.
A tempestividade, segundo a Resolução n. 785/95 do CFC (2000, p.104), refere-se “ ao fato de
a informação contábil deve chegar ao conhecimento do usuário em tempo hábil, a fim de que este
possa utiliza-la para seus fins.” Isto significa dizer que a informação deve ser oportuna. A respeito
disso, HENDRIKSEN e BREDA afirmam que “A informação não pode ser relevante quando não é
oportuna, ou seja, deve estar disponível a um indivíduo que deseja tomar uma decisão antes de perder
sua capacidade de influenciar a decisão.”
IUDÍCIBUS e MARION (1999, p.67) complementam enfatizando que a “relevância,
principalmente, é afetada pela tempestividade, no sentido de que muito pouco adianta ter informação
relevante e fidedigna se ela ‘passou do ponto’”.
O valor preditivo é definido pelo Fasb apud HENDRIKSEN e BREDA (1999, p.97) como “A
qualidade da informação que ajuda os usuários a aumentarem a probabilidade de prever corretamente
o resultado de eventos passados ou presentes.”
Já o valor como feedback tem importante papel em termos de confirmação ou correção de
expectativas. Uma decisão depende, muitas vezes, de informações passadas para se verificar o seu
comportamento ao longo do tempo e auxiliar na tomada de decisão futura.
2.2.1.5 Comparabilidade
2.2.3.1 Mensuração
A Ciência Contábil tem uma posição conservadora quanto à valoração dos itens patrimoniais.
Isto se deve a complexibilidade e subjetividade da mensuração de determinados bens como, por
exemplo, o ativo intangível. A contabilidade busca a imparcialidade através da observação a
convenção da objetividade. A respeito disso, IUDÍCIBUS e MARION (1999, p. 121) argumentam que
“os registros contábeis deverão ter suporte, sempre que possível, em documentação gerada nas
transações ou evidência que possibilite (além do registro) a avaliação.”
Os Princípios Fundamentais de Contabilidade – PFC apresentam o princípio do registro pelo
valor original como forma básica de mensuração do patrimônio das entidades, assim, de acordo com o
art. 7 da Resolução 750/93 do CFC (2000, p.24) “Os componentes do patrimônio devem ser
registrados pelos valores originais das transações com o mundo exterior, expressos a valor presente na
moeda do País, que serão mantidos na avaliação das variações patrimoniais posteriores, inclusive
quando configurarem agregações ou decomposições no interior da Entidade.”
Já o princípio da prudência aparece na literatura contábil como suporte quando da existência
de dúvida entre possíveis valores. A instrução, de tal princípio, é que seja reconhecido o valor que
resultar menor Patrimônio Líquido, tendo dessa forma uma posição conservadora em relação ao
resultado.
A mensuração dos itens patrimoniais é objeto de estudos e controvérsias, principalmente no
que diz respeito aos itens ambientais, que além de não serem ainda muito difundidos alguns de seus
componentes representam elementos patrimoniais intangíveis, como por exemplo, o benefício trazido
pela certificação ISO 14000 nas empresas e seu potencial de influência no aumento do faturamento
e/ou redução de custos.
Poucas são as empresas que transmitem informações aos usuários da sua relação com o meio
ambiente. As que o fazem, na maioria dos casos, é por intermédio do relatório da administração, ou do
balanço social, sendo que este apresenta pouca abrangência sobre esse aspecto.
O modelo de evidenciação escolhido neste trabalho é o que apresenta as informações através
das demonstrações contábeis já existentes. Pois, entende-se que a fase mais trabalhosa para a empresa
que optar por essa forma de evidenciação é a fase de adaptação (inicial), pelo fato da exigência de um
estudo ambiental preliminar na empresa, a fim da percepção e inclusão de contas ambientais no plano
de contas e a adequação do sistema de informações da empresa.
Também as notas explicativas juntamente com os quadros e/ou demonstrativos suplementares
são outras excelentes maneiras de evidenciação associada aos elementos integrantes dos
demonstrativos. No modelo proposto, estes apresentam ser fator indispensável como informação
qualitativa ou quantitativa das demonstrações contábeis, e de esclarecimento de informações.
No relatório da administração, como algumas empresas já fazem, as empresas evidenciam as
políticas voltadas ao meio ambiente referentes ao tempo passado, presente e futuro. Esse tipo de
informação aliada a evidenciação destacada nos demonstrativos e seus esclarecimentos nas notas
explicativas e quadros e/ou demonstrativos suplementares, formam um conjunto amplo e completo de
informações básicas necessárias aos usuários interessados nesse tipo de informação.
Esta evidenciação destaca quais são os itens consumidos durante o exercício que auxiliaram
para a formação do resultado do exercício e, se a empresa tem uma política de controle e preservação
ambiental ,como por exemplo, a existência de profissionais qualificados que atuem diretamente no
processo de gestão ambiental da empresa, da existência de custos devido ao consumo de insumos que
tem como objetivo amenizar os problemas ambientais decorrentes da atividade da empresa. Também,
evidencia as penalidades sofridas através de ‘multas e indenizações ambientais’ decorrentes de
problemas causados ao meio ambiente, como por exemplo os desastres ecológicos.
Além desses modelos propostos de evidenciação, deve-se destacar a utilização das notas
explicativas, quando necessário, para o esclarecimento de itens que precisem ser mais bem
explicitados para o entendimento dos dados transmitidos pelas demonstrações aos usuários e, se
necessário, a opção de demonstrar através dos quadros de demonstrativos suplementares dados físicos
referentes a questões ambientais, tais como nível de poluição (praticado x permitido), área de
reflorestamentos, entre outros detectados junto aos diferentes grupos de usuários, como sendo
importantes para a tomada de decisão.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as sociedades por ações. Manuais
de Legislação Atlas, São Paulo, 6.ed. , 1999.
HENDRIKSEN, Eldon S.; BREDA, Michael F. Van. Traduzido pro Antonio Zoratto Sanvicente.
Teoria da Contabilidade. São Paulo: Atlas, 1999.
IUDÍCIBUS, Sérgio de; MARION, José Carlos. Introdução à teoria da contabilidade. São Paulo:
Atlas, 1999.
KROETZ, Cesar Eduardo Stevens. Balanço social: uma demonstração da responsabilidade social,
ecológica e gestorial das entidades. Revista Brasileira de Contabilidade. Brasília, n. 113, p.42-51,
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MELO, Leonel Itaussu A.; COSTA, Luís César Amad. História moderna e contemporânea. 4.ed.
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NOGUEIRA, Nemércio. Empresa Transparente? Exame, São Paulo, v. 726, n.22, p. 70, 01/nov./2000.
RIBEIRO, Maisa de Souza; MARTINS, Eliseu. Ações das empresas para a preservação do meio
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SÁ, Antonio Lopes de. Introdução à contabilidade aplicada ao meio ambiente natural. IOB -
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____________. Balanço social. IOB - Informações objetivas. Temática Contábil e Balanços. n.15,
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