O documento discute o figurino no cinema sob três perspectivas: 1) A distinção entre Língua e Fala do figurino, analogamente à teoria de Barthes; 2) Estilos de figurino (realista, simbólico, ultrarrealista); 3) Elementos do figurino (cores, texturas, volume) e como eles contribuem para a caracterização das personagens.
O documento discute o figurino no cinema sob três perspectivas: 1) A distinção entre Língua e Fala do figurino, analogamente à teoria de Barthes; 2) Estilos de figurino (realista, simbólico, ultrarrealista); 3) Elementos do figurino (cores, texturas, volume) e como eles contribuem para a caracterização das personagens.
O documento discute o figurino no cinema sob três perspectivas: 1) A distinção entre Língua e Fala do figurino, analogamente à teoria de Barthes; 2) Estilos de figurino (realista, simbólico, ultrarrealista); 3) Elementos do figurino (cores, texturas, volume) e como eles contribuem para a caracterização das personagens.
fala fora da língua; é nessa troca que se situa a verdadeira práxis linguística.” Barthes • A Língua se apresenta como um sistema linguístico, uma instituição social e, a Fala, em contrapartida, como individual e particular. No entanto, ambas estão emaranhadas e interdependentes uma da outra; • “Língua é uma instituição, um corpo abstrato de coerções; fala é a parte momentânea dessa instituição, que o indivíduo extrai e atualiza para atender às necessidades da comunicação; a língua é oriunda da massa de falas emitidas, no entanto toda fala é extraída da língua: em história, essa dialética é a dialética entre estrutura e acontecimento; em teoria da comunicação, dialética entre código e mensagem.” Barthes Vestuário, indumentária e figurino • Vestuário/traje: conjunto de roupas e acessórios utilizados por uma pessoa ou um grupo social.
• Indumentária: história do vestuário ou de
hábitos relacionados com o traje em determinada época, local, cultura etc.
• Figurino: traje usado por um personagem
de uma produção artística Imagem: a representação do real (ideia) • Em analogia às estruturas descritas por Barthes, é possível aproximar o figurino ao vestuário-imagem e, consequentemente, ao vestuário-real, onde um irá representar o outro. • O figurino enquanto vestuário-imagem parte de um modelo, o do vestuário-real, e que tem sua origem na concepção do diretor do filme. • O figurino, no entanto, não é somente um modelo que copia o real, mas atua ele próprio como produtor de sentido. • Enquanto vestuário-imagem, o figurino apresenta duas possibilidades estruturais importantes: sua dimensão enquanto Língua e sua dimensão enquanto Fala das personagens. • A Língua do figurino é entendida como aquilo que é constituído por um conjunto de formas, relações e estruturas. • É uma estrutura que se baseia no vestuário-real, na indumentária propriamente dita, sendo, portanto, uma manifestação das coerções institucionais: a saia foi convencionada como um artigo feminino, o preto no ocidente, dá sentido ao luto, o hábito é usado por freiras, e assim por diante. • A Fala do figurino dará conta de algo individualizado, escolhido, que responde a um estilo, a uma proposta intencional, deliberada e particular. • Refere-se à parte unicamente individual da personagem, com vistas a exprimir suas características e particularidades. Através do aspecto combinatório de códigos da Língua do figurino, a Fala será a manifestação externa da personalidade de cada personagem. • Convencionou-se que saia, vestido, decote e acessórios brincos, colares e bolsa pertencem ao universo feminino. São sinais que dão sentido às roupas, portanto estamos tratando em Língua.
• Cores, estampas, corte das roupas, estilos e
estética, referem-se à Fala do figurino da personagem. Trata-se aqui de uma mulher alegre, vaidosa, cuidadosa, sensual, pois é o que a roupa da personagem nos fala. A Fala é formada aqui por variações impressas pela personagem. Possivelmente a Fala do figurino de outra personagem terá outras particularidades, ainda que esta personagem seja uma mulher que vista saia, blusa, colares e bolsas. • Uma vez que o signo indumentário se coloca à leitura, por meio de imagens que o transformam em função (esta blusa serve para designar sensualidade à personagem), podemos supor que o figurino (ou vestuário imagem), comporta uma relevante relação de significação.
• A personagem Raimunda é uma mulher forte e
determinada, porém sofrida e com uma marca terrível de dor familiar. No entanto ela é vaidosa, tem esmero ao se arrumar, transparece capricho e cuidados pessoais. De acordo com o diretor do filme, Pedro Almodóvar, ele buscou na personagem exatamente esta marca da beleza e sensualidade ao vestir a personagem Raimunda; • “O significado tem caráter conceitual, ele é uma ideia; existe na memória do espectador, e o significante apenas o atualiza, tem sobre o significado um poder de apelo, não de definição (...) (Barthes, 2005:43).
• “Embora meu filme espire-se no neo-realismo,
com alguns toques de surrealismo, não hesitei em dar a Penélope uma imagem que recorresse a todos os artifícios puramente cinematográficos. Se eu tivesse mantido rigorosamente o registro neo- realista, ela teria sido menos maquilada, e vestida com menos esmero. Mas eu queria descobrir a imagem da mulher, da mãe de família em todo o seu esplendor, tal como existe no cinema italiano. (...) No cinema italiano, as mulheres do lar também são ancoradas na realidade, mas continuam desejáveis.” Almodóvar Estilos: realistas ou estilizados: • Realistas: comportando todos os figurinos que retratam o vestuário da época retratada pelo filme com precisão histórica; • Simbólicos: quando a exatidão histórica perde completamente a importância e cede espaço para a função de traduzir simbolicamente caracteres, estados de alma, ou, ainda, de criar efeitos dramáticos ou psicológicos. • Ultrarrealistas: O figurinista inspira-se na moda da época para realizar seu trabalho, mas procedendo de uma estilização onde a preocupação com o estilo e a beleza prevalece sobre a exatidão pura e simples; Cores
• Cores expressam sensações e podem
definir um contexto com muitos significados. Através das cores pode-se detectar o estado de espírito (se está alegre, triste, de luto, se é recatada, clean, rebelde, etc) e o gênero no qual a peça/filme está inserido (drama, comédia etc).
• “Empregada de maneira inteligente pelo
produtor e pelo designer, a cor pode dirigir a atenção da plateia e apontar ações importantes e, é claro, em uma primeira vista pode melhorar a figura do palco e dar prazer aos olhos. A cor em figurinos individuais pode ajudar um ator a estabelecer e sublinhar sua personagem e sua importância na peça” Volume
• Produções estilizadas pode ser
utilizadas de formas exageradas ou pequenas demais para enfatizar uma cena. Pode se utilizar para ressaltar aspectos do corpo do ator como, por exemplo, uma barriga saliente numa personagem com caráter cômico. Texturas
• É o aspecto de uma superfície ou seja, a
"pele" de uma forma, que permite identificá-la e distingui-la de outras formas. Quando tocamos ou olhamos para um objeto ou uma superfície sentimos se a sua pele é lisa, rugosa, macia, áspera ou ondulada. A textura é, por isso, uma sensação visual ou tocável. Texturas de certos objetos ajudam em sua identificação. • Através das texturas pode se demonstrar algo sobre a personagem no relacionamento dele com os outros personagens, ou de determinados grupos. A demonstração de classes sociais menos favorecidas geralmente é visualizada fortemente em tecidos mais rústicos e sujos. Contexto e ambiente
• “Muitas vezes a escolha do vestuário muda de
significado segundo o contexto em que se insere por exemplo, usar camisola para dormir tem um significado, mas sair na rua com ela tem outro bem diferente. E todas estas significações auxiliam na personificação de uma personagem.” • É de suma importância notar o figurino corresponde ao contexto pedido na cena, assim como observar a ambientação culturalmente, temporalmente, se não há conflito entre o figurino, a cenografia e a iluminação para que não haja uma descaracterização, ou sobreposição de sentidos que faça o figurino perder em conceito. Elemento de Destaque
• Para a construção da personagem muitas
vezes se escolhe um elemento de destaque a ser priorizado na construção do figurino, seja ele inerente à personalidade da personagem, a sua história ou seu contexto cultural. Contraste
• O contraste pode ser entre cores, cenário,
personagens, elementos antagônicos e muito discrepantes; Exagero • O excesso de frequência de certo elemento específico, excesso de volume, de uso de uma determinada cor. Ordem de aparição • Diz respeito ao primeiro conjunto de roupas a ser notado pelo público; Ausência • A falta de certo elemento, como peças de roupa essenciais — a exemplo de nus — faz o público sentir a estranheza pela quebra da convenção social e portanto notar a falta desse elemento; Deslocamento
• Colocar um objeto do figurino que em
condições normais, ou seja, na realidade, não estaria presente nesse determinado local do ator, ou ele não o manejaria desta forma. Referências • KWITKO, Ana Paula. O sistema do figurino no cinema: uma abordagem semiológica., In: http://www.revistas.univerciencia.o rg/index.php/comtempo/article/vie wFile/7096/6494 • https://pt.wikipedia.org/wiki/Figuri no
Fashion Law: buscando estruturas jurídicas protetivas para os artesãos brasileiros, criadores de moda no cenário internacional e sujeitos à contrafação